Portimão Jornal nº 9 | 08.10.2020

Quinta-feira • 8 outubro 2020 • 1.00€

JOSÉ CAÇORINO

“O executivo tarda em lançar obras há muito prometidas” P10-11

Quinzenário • Ano 1 • Nº9 Diretor: Rui Pires Santos

As origens do Museu de Portimão Conheça alguns dos episódios e das histórias que conduziram à construção deste equipamento cultural considerado o melhor da Europa em 2010. P8-9

POLÍTICA

Ivo Nicolau: do futebol à churrasqueira Ex-jogador do Portimonense, dedica-se agora ao negócio da família, depois de ter ‘pendurado as botas’ em março deste ano.

P12-13

250 milhões para urbanizar ‘Mata da Rocha’

Autarquia tenta autorização para baixar impostos P4

SOCIEDADE Centros de Convívio Sénior abrem portas em breve P9

DESPORTO

Projeto para 26 hectares é do Novo Banco, prevê a construção de 652 fogos junto à Marina e está em consulta pública até final de outubro. P3

Prova de Fórmula 1 já tem programa definido P15 PUB

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

ATUALIDADE

Workshop ‘Velhas Bonitonas’ é um dos destaques

Outubro dedicado aos seniores Na sequência do Dia Mundial do Idoso, assinalado no passado dia 1, a autarquia preparou um conjunto de ações que irão decorrer ao longo do mês.

CM PORTIMÃO

D

Mostra comtempla fotos de idosos residentes no concelho

OUT / DEZ 2020

epois da comemoração do Dia Mundial do Idoso, com a inauguração da exposição fotográfica ‘Sorrisos – Um olhar sobre o envelhecimento’, na Casa Manuel Teixeira Gomes, que ficará patente até 31 de outubro, a Câmara de Portimão dedica este mês aos seniores e valoriza esta faixa etária da população com algumas atividades, que incluem propostas que celebram o envelhecimento de forma inovadora e intergeracional.

A mostra apresenta uma recolha fotográfica de rostos de mulheres e homens de idade que residem no concelho, a que se juntam fotos de idosos com 100 ou mais anos.

Esse conjunto de imagens cruza-se com o olhar de crianças e jovens da Casa Nossa Senhora da Conceição, Catraia, Lar Bom

Samaritano e Lar da Criança de Portimão.

A 14 de outubro decorre uma conversa intergeracional que vai reunir na Casa Manuel Teixeira Gomes, a partir das 15h00, alguns dos seniores que mostraram o seu rosto na exposição e várias crianças e jovens que também contribuíram com o seu olhar para as legendas da mesma. A proposta é que todos participem numa troca de ideias e perspetivas sobre o processo de envelhecimento e a relevância do seu papel na vida de todos.

O workshop ‘Velhas Bonitonas’, agendado para 15 de outubro, às 10h00, na Casa Manuel Teixeira Gomes, é outra iniciativa e pretende sensibilizar e consciencializar as participantes para encararem a passagem dos anos de forma consciente e positiva.

Dirigido a mulheres entre os 30 e os 50 anos, serão propostos exercícios de desenvolvimento pessoal, dinamizados em parceria com a Associação Cabelos Brancos e a artista plástica Maria Seruya, recorrendo à pintura, à colagem, à escrita criativa e ao humor.

Com um máximo de 15 participantes, as interessadas no workshop podem inscrever-se gratuitamente através do email rede. social@cm-portimao.pt Fundadora do projeto ‘Velhas Bonitonas’, Maria Seruya pretende com esta iniciativa abordar temáticas como a força das mulheres na velhice e a sua liberdade de espírito, o que também se traduzirá na exposição de pinturas assinadas pela artista e que vai ficar patente até ao final do mês de outubro na Casa Manuel Teixeira Gomes.

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OUT / DEZ 2020 10 OUT. | DANÇA LAST

24 OUT. | STAND-UP COMEDY MOCE DUM CABRESTE

de SÃO CASTRO E ANTÓNIO M CABRITA /

VOU FICAR

31 OUT. | MÚSICA

COMPANHIA PAULO RIBEIRO

16 OUT. | LIVE PERFORMANCE DIZ-ME ANTÓNIO ARMANDO CORREIA, CAROLINA CANTINHO E PEDRO PINTO

CONCERTO DE HALLOWEEN

CLUB MAKUMBA

4.º FESTIVAL INTER. DE PIANO DO ALGARVE

20 NOV. | STAND-UP COMEDY ANA ARREBENTINHA COISAS DE MULHERES

06 NOV. | TEATRO FAKE REDE EUNICE / TNDMII

17 OUT. | MÚSICA KRISTINA MILLER

INÊS BARAHONA E MIGUEL FRAGATA/FORMIGA ATÓMICA

4.º FESTIVAL INTER. DE PIANO DO ALGARVE

12 NOV. | TEATRO

23 OUT. | STAND-UP COMEDY IMPERFECTHUS MAL PASSADO

15 NOV. | MÚSICA ARTUR PIZARRO

ARDENTE: MEMORIAL PARA PEDRO E INÊS

ACTA – A COMPANHIA DE TEATRO DO ALGARVE

21 NOV. | STAND-UP COMEDY JOVEM CONSERVADOR DE DIREITA SUPREMACISTA CULTURAL

ANTÓNIO CALVÁRIO, NATALINA JOSÉ,

ISABEL DAMATTA, RICARDO FIGUEIRA, RAQUEL CANECA, RICARDO MIGUEL, SARA INÊS

12 DEZ. | MÚSICA ANDRÉ ROSINHA TRIO 19 DEZ. | MÚSICA ESPECTÁCULO DE NATAL

05 DEZ. | MÚSICA 26.º FESTIVAL TERMÓMETRO

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10 DEZ. | TEATRO VOLTA A PORTUGAL EM REVISTA

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

ATUALIDADE Projeto para 26 hectares está em consulta pública até final de outubro

Novo Banco quer construir 652 fogos junto à Marina Promotor prevê a criação de lotes de uso turístico e outros residenciais na zona da ‘Mata da Rocha’, num investimento global que ascende aos 250 milhões de euros.

ANA SOFIA VARELA

Ana Sofia Varela

O

projeto previsto para a zona adjacente à Marina de Portimão tem como objetivo a criação de um espaço habitacional, comercial e de serviços e está em consulta pública até 29 de outubro no portal online ‘Participa’, para a emissão da Declaração de Impacte Ambiental (DIA). Chama-se ‘Loteamento ATR1 Foz do Arade’ e tem como promotor o Novo Banco.

No total, são 26 hectares de intervenção, entre a rotunda da Estrada da Rocha, a do hotel Tivoli, junto à Marina, e a do Porto Comercial de Portimão. Segundo o Estudo de Impacte Ambiental (EIA), disponibilizado online e datado de março deste ano, o que está pensado para a zona da ‘Mata da Rocha’, são 652 fogos de habitação e turísticos, estabelecimentos comerciais e serviços, com capacidade para 2664 residentes, e alguns espaços verdes de utilização coletiva, incluindo um parque urbano e uma praça de eventos.

Segundo ainda o mesmo documento, o terreno está integrado no Plano de Urbanização (PU) da UP 5 de Portimão, e será um plano a executar em dez anos, dividido em quatro fases, sendo a primeira a mais longa, com a previsão de duração de dois anos. As três restantes devem ser executadas cada uma em um ano.

⇨ 250 milhões Investimento global do projeto ⇨ 652 Fogos para habitação e turismo ⇨ 4 Número de fases para concretização ⇨ 10 Anos para a execução das obras

O projeto ainda nem está aprovado e já ganhou um prémio de arquitetura internacional nagem e saneamento, de eletricidade, de telecomunicações e de gás natural. É também nesta fase que estão previstas as cedências de espaços à Câmara Municipal de Portimão e a criação de um parque urbano e de uma praça de eventos.

O parque urbano terá cerca de 3,3 hectares e cria uma ligação com o loteamento que deverá surgir a norte (ATR2 e ATR3), de outro proponente, em frente ao Porto Comercial de Portimão, bem

Estão previstas cedências de espaços à Câmara Municipal de Portimão e a criação de um parque urbano e de uma praça de eventos A primeira etapa prevê assim a construção de alojamento turístico junto ao Tivoli, a execução das principais infraestruturas e ligação às já existentes, onde se incluem as vias rodoviárias internas e de acesso à cidade, as redes de abastecimento de água, de dre-

NÚMEROS

como com a zona ribeirinha. Nas três fases seguintes serão desenvolvidas as vias de distribuição e de infraestruturas secundárias, bem como a construção dos lotes.

“Está também prevista a demolição de um conjunto de estruturas que se encontram no

interior do terreno, bem como a remoção dos entulhos aí despejados ilegalmente. Para a execução das infraestruturas, prevêem-se a implantação do estaleiro de apoio à obra, dentro da área do projeto, a demolição das atuais estruturas construídas existentes no terreno e remoção do material sobrante, a execução das terraplanagens para regularização e preparação do terreno e a execução das redes de infraestruturas e das redes rodoviárias”, refere o documento.

O mesmo Estudo de Impacte Ambiental menciona como mais valia a empregabilidade de centenas de pessoas, ainda que de forma temporária, criada com estas intervenções. “O emprego direto previsto para a fase de exploração estima-se em 300 postos de trabalho, orientados sobretudo para a ocupação turística, de comércio e serviços prevista no loteamento e, secundariamente, nos serviços de limpeza e manutenção das habitações. O investimento estimado para o projeto, incluindo edifícios, é de cerca de 250 milhões de euros”, lê-se no documento.

que seja um eixo de desenvolvimento de todo o empreendimento. Ficará junto aos limites da propriedade da Marina de Portimão, perto do hotel Tivoli, e ligará com as intervenções que estão pensadas a norte, em frente ao Porto Comercial de Portimão, junto ao Convento de São Francisco.

“O principal objetivo é criar um corredor de forma a potenciar um percurso em modos suaves do centro da cidade de Portimão ao longo da zona ribeirinha até à Praia da Rocha. O Parque Urbano culmina numa praça aberta sobre a Marina de Portimão, destinada à realização de eventos relacionados com o desporto e cultura”, esclarece o Estudo de Impacte Ambiental. Este será o maior espaço verde, ainda que haja outros núcleos distribuídos por diversas zonas nestes 26 hectares.

O promotor encara o Parque Urbano como um espaço multifuncional, com um plano de água, flora autóctone, zonas desportivas semiformais, parque infantil, zona de merendas, interpretação ambiental.

Parque Urbano é compensação O ‘Loteamento ATR1 Foz do Arade’ quer criar um parque urbano

EIA assinala prós e contras O Estudo de Impacte Ambiental menciona diversos impactes sig-

nificativos, quer negativos, quer positivos. Assim, é destacada como vantagem a melhoria da circulação naquele espaço, a criação de emprego, a requalificação urbana, a dinamização da economia devido à aquisição de bens e serviços ou a acessibilidade a um espaço verde urbano de qualidade.

A alteração estrutural e visual da paisagem, o aumento da pressão humana, sobretudo na época balnear são apontados como desvantagens. No EIA são ainda analisados os impactes esperados, sendo a principal conclusão “que a zona se encontra artificializada e que a urbanização, juntamente com a zona a norte (ATR2 e ATR3), trará um acréscimo de residentes e de turistas, bem como do tráfego rodoviário. Esta situação traduz-se num potencial aumento da pressão sobre os serviços públicos do concelho e da região”, sobretudo nas áreas da saúde e escolares”, acrescenta.

Para minimizar e compensar os efeitos negativos, são propostas diversas medidas, como a concertação com a Câmara Municipal de Portimão para a identificação e utilização de áreas alternativas de estacionamento automóvel, a reformulação do sistema de drenagem pluvial, um estudo de soluções para o armazenamento de água para a rega dos espaços verdes, um projeto de integração paisagística e o acompanhamento arqueológico.

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

POLÍTICA A autarquia terá de negociar com o Fundo de Apoio Municipal

Câmara vai tentar obter autorização para baixar taxas e impostos A bancada do Servir Portimão apresentou a proposta e Isilda Gomes aceitou o repto de negociar a possibilidade de baixar as taxas de IMI, IMT e a sua participação no IRS. JORGE EUSÉBIO

Duas saídas da bancada Servir Portimão O início da sessão da Assembleia Municipal realizada em 28 de setembro foi marcado pela informação de que dois dos elementos da bancada Servir Portimão deixaram de fazer parte dela. O deputado municipal Pedro Pereira desvinculou-se daquele grupo e assume-se agora como independente, enquanto Hugo Mariano renunciou ao mandato e foi substituído por João Caetano.

Autarquia portimonense quer ter ‘luz verde’ para baixar a carga fiscal aos munícipes Jorge Eusébio

A

Câmara de Portimão vai negociar com a comissão executiva do Fundo de Apoio Municipal (FAM) a possibilidade de poder reduzir taxas e impostos municipais no próximo ano.

O compromisso foi assumido pela presidente da Câmara, Isilda Gomes, em sessão da Assembleia Municipal, no decorrer da discussão de uma proposta que, com esse objetivo, foi apresentada

pela bancada municipal do Servir Portimão (SP), a qual foi aprovada por unanimidade.

Aquela autarquia recorreu, em 2016, a um empréstimo do FAM para converter em longo prazo a enorme dívida de curto prazo que tinha, muita da qual até já vencida. Essa circunstância levou a que ficasse obrigada a seguir determinadas regras, entre as quais as de manter as taxas e impostos municipais no patamar mais elevado.

No entanto, defendeu o deputado municipal João Caetano

(SP), a Câmara tem alguns argumentos que pode usar para convencer a comissão executiva daquele fundo a deixá-la “dar uma folga aos munícipes e empresas do concelho”.

Por um lado, pode apresentar os “bons resultados financeiros dos últimos anos” e, por outro, argumentar que, com o aparecimento da covid-19, as circunstâncias mudaram substancialmente, há uma grande camada da população a precisar de ajuda, pelo que faz todo o sentido que o

FAM flexibilize as suas regras.

Nas intervenções que fizeram, Pedro Mota, do Bloco de Esquerda, Carlos Martins (PSD), Lurdes Melo (CDU) e a deputada independente Cristina Velha assumiram apoio à medida, pois consideram ser essencial que, pelo menos, a Câmara tente negociar esta forma de desonerar os portimonenses.

Fernando Imaginário e Joaquim Catarino, da bancada socialista, também sinalizaram apoio de princípio à proposta.

No entanto, este último deputado recomendou prudência, pois a medida irá ter consequências negativas para as finanças camarárias, que, devido à situação que atravessamos, tem tido mais despesas e menos receitas do que o previsto.

Na sua intervenção, Isilda Gomes acabou por assumir o compromisso de levar a cabo essa negociação, pois “ninguém mais do que este executivo quer baixar impostos”.

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

RAIO X

A foto

CM PORTIMÃO

ASSEMBLEIA MUNICIPAL Os deputados municipais aprovaram por unanimidade um documento através do qual propõem que a Câmara de Portimão tente negociar a possibilidade de baixar impostos e taxas municipais como forma de ajudar os cidadãos e as empresas nesta fase crítica.

ISILDA GOMES O executivo camarário por si liderado tem atuado com rapidez sempre que surge um surto de covid-19 no concelho. Não lhe competindo tomar decisões em matéria de combate sanitário, tem feito questão em disponibilizar todos os meios e condições para que as entidades competentes evitem males maiores.

AUTOCARRO NOVO • A Câmara de Portimão investiu 200 mil euros na aquisição de um novo autocarro de 40 lugares. A viatura já está ao serviço da comunidade do concelho, sendo prioritariamente destinada ao transporte de crianças. Este foi o primeiro passo no processo de renovação da frota automóvel da autarquia que se encontra muito envelhecida.

A frase Não podemos continuar a aceitar mega-projetos imobiliários que representam mais betão, mais massificação do turismo e a destruição de largas áreas do nosso concelho” José Pedro Caçorino

PORTIMONENSE A equipa comandada por Paulo Sérgio começou da pior maneira a sua participação em mais um campeonato nacional de futebol. Ao fim de três jornadas ainda não conseguiu uma vitória e está num dos últimos lugares com apenas um ponto amealhado. Mas ainda tem muito tempo para recuperar deste falso arranque.

FICHA TÉCNICA • DIRETOR Rui Pires Santos • REDAÇÃO Ana Sofia Varela, Hélio Nascimento e Jorge Eusébio • DESIGN E PAGINAÇÃO Vanessa Correia FOTOGRAFIA Eduardo Jacinto e Kátia Viola • DEPART. COMERCIAL Hélder Marques, 914 935 351 • PROPRIEDADE E EDITOR PressRoma, Edição de Publicações Periódicas, Unip. Lda., Rua Dr. João António Silva Vieira, Lote 3, 3º Dto, 8400-417 Lagoa • CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Rui Pires Santos • DETENTOR DO CAPITAL 100% Rui Pires Santos • NIF 508 134 595 Nº REGISTO ERC 127433 • DEPÓSITO LEGAL Nº 470747/20 • SEDE DE REDAÇÃO Rua Dr. João António Silva Vieira, Lote 3, 3º Dto., 8400-417 Lagoa EMAIL portimaojornal@gmail.com • TELEFONE 282 381 546 | 967 823 648 IMPRESSÃO LUSOIBÉRIA, Av. da República, nº 6, 1.º Esq. 1050-191 Lisboa TIRAGEM 3.500 exemplares • PERIODICIDADE Quinzenal ESTATUTO EDITORIAL: https://algarvevivo.pt/sobre-nos/

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

CENTRAIS O velho mercado que existia na Alameda da Praça da República esteve para ser a sua ‘casa’

As histórias que levaram à criação do Museu de Portimão José Gameiro recorda alguns dos episódios e histórias do percurso que acabou por levar à construção deste importante equipamento cultural.

FOTOS: JORGE EUSÉBIO

Júlio Bernardo, que através do seu olhar fotográfico me permitiu o reencontro com a identidade das gentes deste mar e desta terra”.

Todos eles manifestavam grande preocupação por haver o risco de se perder muito do património e da documentação industrial, social e cultural do concelho.

Isto porque se assistia ao “encerramento das últimas fábricas de conserva, a que se juntava o impressionante espólio arqueológico subaquático que, desde o fundo do Rio Arade, em resultado das dragagens em curso, enchia as nossas praias, com séculos de história associados aos milhares de artefactos e moedas a serem lançados pela tubagem das dragas”.

Numa das alas recorda-se a forma como funcionavam as fábricas de conserva

Jorge Eusébio

O

Museu de Portimão era para ser instalado no antigo mercado da cidade, que existia na Alameda da Praça da República.

Essa foi a ‘morada’ inicialmente pensada pela comissão instaladora, diz José Gameiro, que esteve envolvido em todo o processo e que viria a dirigir aquele equipa-

sociais mais relevantes do nosso território e da nossa identidade”.

Aquele espaço acabaria, contudo, por ser demolido, pelo que houve necessidade de se encontrar um local alternativo, tendo-se optado por uma fábrica de conservas.

A primeira a ser considerada “foi a do Severo Ramos, situada entre pontes, junto aos antigos estaleiros”. Essa possibilidade não

Património do concelho em risco José Gameiro, que continua ligado ao museu, mas agora em regime pro-bono, como diretor científico, recorda que a necessidade da sua criação começou a fazer-se sentir no início da década de 1980.

Por essa altura pertencia ao

Grupo dos Amigos de Portimão, uma associação que tinha “gente inspiradora, como, entre muitos outros, o arquiteto Vicente de Castro, o meu colega professor Jaime Palhinha, entusiasta do nosso património histórico e arqueológico, o João Tavares, grande bibliófilo camoniano, e o

Presidente decide na rua Havia, portanto, necessidade de salvar e guardar todo esse património e para isso nada melhor do que ser criado um museu. Foi isso mesmo que José Gameiro disse ao então presidente da autarquia, Martim Gracias, em 1983, “numa altura em que, por acaso, o encontrei em frente ao edifício da Câmara”.

Ele ouviu e respondeu-lhe, de imediato: “está bem, Gameiro, então ficas encarregado de arranjar uma comissão instaladora”. Em abril desse ano, tal decisão foi formalmente tomada pelo executivo

Na altura assistia-se ao encerramento das últimas fábricas de conserva e corria-se o risco de se perder um impressionante espólio arqueológico subaquático mento cultural até 2014.

A razão para isso prende-se com o facto de o mercado se situar no centro da cidade e “ser representativo dos cruzamentos

se concretizou, pelo que a Câmara avançou, então, para o edifício da antiga fábrica Feu Hermanos, que acabaria por ser adquirido em 1996.

Alguns dos objetos pertencentes a Manuel Teixeira Gomes estão em exposição

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

CENTRAIS ANA SOFIA VARELA

autárquico e deu-se a constituição da comissão, a qual “era coordenada por mim e composta por Jaime Palhinha e Alberto Piscarreta, em regime de voluntariado”.

Os três tinham à sua frente “uma espécie de quadro em branco e era um grande desafio desenhá-lo”, ou seja, decidir o que seria o museu.

Numa primeira fase, “as reuniões decorriam no 1º andar de um edifício localizado perto das piscinas”. Mais tarde, a sede da comissão passaria para a cave de um prédio situado junto ao mercado 25 de Abril, onde a equipa começou a crescer e ficou instalado, durante muitos anos, o centro de documentação.

O processo foi-se desenvolvendo, o ‘desenho’ do que seria o museu foi ficando cada vez mais nítido e, cerca de um ano após a compra da antiga fábrica Feu Hermanos, a autarquia criou, então, uma Divisão de Museus, Património e Arquivo Histórico, designando José Gameiro como seu principal responsável, agora a tempo inteiro.

Investimento de 10 milhões A cerimónia de consignação e lançamento da obra que haveria

Portimão e Aldeia das Sobreiras

Centros de convívio sénior devem abrir em breve Após largos meses de portas fechadas, a Câmara de Portimão anunciou que está prevista para breve a reabertura dos Centros de Convívio Sénior de Portimão e da Aldeia das Sobreiras, uma vez que os considera fundamentais para a comunidade idosa. Os dois centros de convívio sénior existentes no concelho visam estimular a vida ativa dos mais idosos e disponibilizam uma oferta de animação diversificada, constituindo pontos de encontro privilegiados para os frequentadores, que confraternizam com pessoas da sua geração e se sentem em casa. Apesar do distanciamento físico a que foram sujeitas, as animadoras dos centros têm vindo a assegurar um contacto telefónico diário, num acompanhamento permanente aos munícipes que usufruíam destes espaços.

Protocolo assinado a 7 de outubro

O Museu foi inaugurado em 2008 de tornar a velha fábrica no museu teve lugar em 27 de agosto de 2004 e a sua inauguração deu-se cerca de quatro anos mais tarde, em 17 de maio de 2008.

O investimento necessário ascendeu a praticamente 10,5 milhões de euros, metade dos quais resultantes de uma candidatura ao Programa Operacional da Cultura.

Daí para cá, aquele espaço

museológico transformou-se num sucesso, sendo um dos mais visitados do país e recebendo distinções importantes, como a de Melhor Museu Português 2008 e Museu Europeu do Ano 2010.

Valeu, portanto, a pena este longo percurso, que, faz questão de frisar José Gameiro, teve origem no “espírito voluntário e desinteressado de cidadãos”.

Escola de Hotelaria muda-se para centro da cidade A Escola de Hotelaria e Turismo de Portimão terá os ‘dias contados’ na Pedra Mourinha e será instalada no edifício da antiga cadeia, junto ao Estádio Municipal. A assinatura do protocolo de cedência das novas instalações terá decorrido esta quarta-feira, 7 de outubro, após o fecho desta edição do Portimão Jornal, numa cerimónia no Teatro Municipal da cidade. A sessão terá contado com a participação de Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, e Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal.

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

ENTREVISTA José Pedro Caçorino representa Servir Portimão e é o rosto do CDS no Algarve

“Existem problemas graves que não têm sido combatidos” Trânsito, inflação dos preços no mercado imobiliário e resposta pós-covid-19 foram alguns dos assuntos abordados pelo representante do movimento de cidadãos em entrevista ao Portimão Jornal.

ANA SOFIA VARELA

Ana Sofia Varela

J

osé Pedro Caçorino foi o cabeça de lista à Câmara Municipal de Portimão nas últimas eleições autárquicas. É também, desde há vários anos, o rosto da distrital do CDS do Algarve, mas na cidade onde vive tem dado forma ao Servir Portimão, um movimento que junta cidadãos independentes e que pretende dar conta das preocupações que têm em relação ao concelho.

Arrancaram algumas obras por iniciativa da Câmara Municipal.

Acha que são as importantes ou teria outras prioridades?

Sinceramente não sei a que obras (no plural) se refere, pois a única obra relevante que este executivo promoveu foi a requalificação da Avenida Afonso Henriques, em conjunto com a EMARP e, ainda assim, depois de estar agendada há muitos meses, leva um atraso relevante. Existem muitas outras pequenas empreitadas que tocam a cada um dos munícipes, mas por não serem visíveis acabam por ser preteridas em favor das que têm maior visibilidade.

Temos problemas noutras vias rodoviárias que não estão feitas ou sequer projetadas, pelo menos que nós tenhamos conhecimento.

São exemplos o prolongamento da Avenida Paul Harris até à zona da Forportil e vias que estão em avançado estado de degradação, representando um perigo diário para quem lá circula, como a EM 531-1, entre os Montes de Alvor e a Igreja da Penina ou a antiga EN 125, entre o Cabeço do Mocho e a zona do Chão das Donas.

Ficaram projetos pelo caminho?

Falando de outro tipo de equipamentos, o executivo tarda em apostar no lançamento de obras há muito prometidas. Destaco a Casa da Juventude, a nova piscina municipal e um equipamento desportivo digno desse nome para a prática do atletismo! O problema do concelho é que não existe uma estratégia de desenvolvimento de médio/longo prazo e tudo o que se vai fazendo é pura navegação à

Vereador não executivo na Câmara apresenta algumas soluções para o que considera serem problemas prioritários

vista. Não existe uma visão global de futuro. Ninguém sabe que concelho será Portimão no futuro.

Qual acha que deve ser o foco da autarquia neste momento?

Estamos a viver um período atípico, pois a problemática que envolve a covid-19 obriga-nos a uma atenção especial e específica sobre este tema, que não estava nos horizontes de ninguém. Devo referir que, na questão particular da gestão da covid-19 o executivo esteve bem nas ações que levaram ao controlo da pandemia, na primeira fase, durante o confinamento. Não estiveram tão bem ao recusarem algumas das nossas propostas no apoio às famílias e empresas de Portimão. Posteriormente acabaram por implementar muito do que o CDS propôs...

Neste momento, creio que, além das medidas de apoio que têm sido anunciadas, há que ponderar e discutir publicamente de

que forma a Câmara Municipal de Portimão pode ser um agente catalisador da recuperação económica que temos que empreender a partir do pós-pandemia. É preciso ter respostas efetivas para os próximos meses, de apoio às famílias e às empresas do concelho, pois vamos ter um Inverno muito difícil, com desemprego e muitos portimonenses a passarem dificuldades. Há que olhar, desde já, para o futuro, tentando estimular o relançamento da economia local, promovendo a diversificação do ponto de vista económico e a resiliência a fenómenos conjunturais ou sazonais.

Em que áreas concretas?

O foco deve continuar a ser o de promover uma melhor qualidade de vida dos cidadãos, seja pelo apoio à dinamização da economia, seja pela intervenção direta nas áreas do ordenamento do território, urbanismo, vias de comu-

nicação, recuperação e manutenção do espaço público e criação de áreas verdes. Há ainda um problema gravíssimo no concelho,

combater esse flagelo. Por outro lado, devia promover-se o concelho no mercado internacional, procurando atrair investimento

“O problema do concelho é que não existe uma estratégia de desenvolvimento de médio/ longo prazo e tudo o que se vai fazendo é pura navegação à vista.

Não existe uma visão global de futuro. Ninguém sabe que concelho será Portimão no futuro” que se prende com as enormes dificuldades de acesso à habitação e, em relação ao qual, tardam as medidas efetivas que permitam

diversificado. Um território, que tem mar, rio, ria e serra, tem quase tudo, ao nível de recursos naturais, do que necessita para se

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

ENTREVISTA promover. Falta claramente criar e trabalhar uma ‘marca identitária’, citando, a título de exemplo, a contínua perda da referência a Portimão como sendo a terra das ‘sardinhas debaixo da ponte’.

Qual é o maior problema que identifica em Portimão?

Em Portimão existem vários problemas graves, diria que de caráter estrutural, que não têm sido devidamente combatidos. Destacaria a grave dificuldade de acesso à habitação, cujos preços, quer no segmento de arrendamento, quer de aquisição, estão bastante inflacionados. O executivo do Partido Socialista não apresenta soluções integradas e abrangentes para este problema, parecendo estar apenas preocupado com a habitação social, que é apenas uma parte do problema. Não existem soluções para criação de habitação a custos controlados, para autoconstrução e, muito menos, a criação de bolsas de terrenos municipais, vocacionados para a edificação de fogos com tipologias das que não há muita oferta (T3 e T4), com preços máximos fixados pela autarquia. Uma medida deste tipo permitiria regular os preços de venda, tentando baixá-los. Por outro lado, continuamos a ter um problema muito grande com o trânsito. As principais artérias, nas horas mais críticas, ao longo de todo o ano e em períodos de férias, ficam um caos. Não podemos tratar os nossos concidadãos e quem nos visita, desta maneira.

O espaço urbano está igualmen-

“Falta claramente criar e trabalhar uma ‘marca identitária’, citando, a título de exemplo, a contínua perda da referência a Portimão como sendo a terra das ‘sardinhas debaixo da ponte’” ma requalificar urbanisticamente a freguesia (Mexilhoeira Grande e Figueira), de forma a dotá-la de vias de comunicação condignas com a sua parte rural (a sua essência sociológica), que permita manter essa identidade, muitas vezes mantida só pela tenacidade de Associações Culturais e Recreativas.

Quais sente serem as preocupações dos munícipes?

A qualidade de vida, nas várias vertentes. Acesso a habitação condigna, a preços comportáveis, existência de oferta laboral e qualificada, que permita elevar o nível de rendimento das famílias, trânsito ordenado, zonas verdes de utilização coletiva dignas desse nome e criação de condições para o investimento privado.

O que ficou por fazer para apoiar as pessoas nesta pandemia?

Chegados ao momento atual, creio que muitas das falhas foram, pouco a pouco, corrigidas.

“Não podemos continuar a aceitar mega-projetos imobiliários. Como já disse a doutora Isilda Gomes – mas não pôs em prática! – há que virar a página!” te muito descuidado e não existe uma visão integrada e global da mobilidade urbana.

E nas outras freguesias?

Em Alvor, além da questão da mobilidade, começa a existir uma pressão urbanística muito forte, que carece de um correto ordenamento, onde a população residente possa conviver bem, com os seus hábitos e costumes, em interação com o turismo. Não devemos deixar degradar Alvor, como fizemos com a Praia da Rocha. Quanto à freguesia da Mexilhoeira Grande, urge de igual for-

Após um início sofrível e devido à força das circunstâncias, entendo que há que procurar aliviar a carga fiscal que depende da Câmara Municipal (IMI, Derrama, participação variável no IRS e taxas municipais), de forma a permitir às famílias e empresas algum alívio nesta fase tão difícil. Bem sei que tais medidas dependem de uma negociação com a Comissão Executiva do FAM, mas defendo que é neste momento que o executivo tem que tomar esta iniciativa.

Não faz qualquer sentido nesta fase, que se antevê tão difícil, continuar a onerar as famílias e as

empresas com impostos e taxas no máximo!

Foi sempre bastante crítico em relação a algumas decisões da autarquia. O que é que considera grave não ter sido feito ainda?

Considero urgentes as medidas que referi no domínio da habitação, do trânsito, dos espaços verdes e da criação de uma verdadeira estratégia de desenvolvimento local, a médio/longo prazo. A revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) tarda em avançar e, como já disse algumas vezes, penso que esse documento seria um contributo muito importante na criação e implementação dessa estratégia.

Por outro lado, é urgente uma nova abordagem no domínio do ordenamento do território e da própria gestão urbanística. Não podemos continuar a aceitar mega-projetos imobiliários, que representam mais betão, mais massificação do turismo e a destruição de largas áreas do nosso concelho. Como já disse a doutora Isilda Gomes – mas não pôs em prática! – há que virar a página!

Mudando de assunto, como está a preparar a próxima campanha autárquica?

Neste momento, estamos a fazer algumas auscultações, fora do partido, de forma a definirmos quais as linhas concretas que queremos apresentar aos eleitores e quais serão os melhores protagonistas para dar a cara ao projeto.

Não queremos ir a votos fechados sobre nós mesmos, apenas para marcar presença e mantermos os eleitos que temos. Consideramos que é fundamental procurar protagonistas, equipas de trabalho e um projeto que respondam à necessidade, sentida por largos setores da sociedade portimonense, de uma verdadeira alternativa de futuro, que mobilize toda a sociedade, para construirmos o futuro de Portimão. Em breve, estaremos em condições de apresentar este projeto e os protagonistas.

Manterá o modelo de movimento de cidadãos nas próximas autárquicas?

Sempre que os meus companheiros concordarem, sim. Não vejo outra forma de estar na dedicação pelo trabalho autárquico que não seja de mente aberta e recetivo a todos os contributos. Os partidos são pequenos demais e, algumas vezes, sem se aperceberem acabam por ‘cortar a raiz ao pensamento’. Qual o partido que abertamente debate a questão da água? Que a elege como luta política? Nenhum. São os cidadãos que trazem para o debate os temas que lhes são mais sensíveis e pertinentes. Não integrar independentes genuinamente é desperdiçar um ativo fundamental para a vida em sociedade.

Haverá um acordo com o PSD como nas últimas autárquicas? É prematuro falar nisso, mas sendo o PSD um aliado natural do CDS, creio que é inevitável que existam conversas nesse sentido.

Ainda não está nada definido.

Há em Portimão sucessivas eleições do PS. Acredita que é possível alguma vez os socialistas perderem o domínio?

No dia em que não acreditar, talvez seja melhor dedicar-me a outra atividade! Embora consciente das dificuldades, que decorrem de quase 44 anos de poder ininterrupto do Partido Socialista na Câmara Municipal e da teia de dependências que foi criada nesse período, sei que é possível haver uma mudança e dar lugar a outras forças políticas e a outros protagonistas. É que há largos setores da sociedade portimonense que não se reveem no PS, na sua gestão e uma larga faixa de abstencionistas. Sei que se formos capazes de mobilizar essas pessoas, apresentando-lhes propostas e um modelo credível que possa ser alternativo para o desenvolvimento de Portimão, será possível arredar o Partido Socialista do poder.

“Os autarcas em funções executivas só não ouvem a população se não quiserem” Como entrou na política?

Não me lembro já quando foi, mas recordo-me bem que foi por convite da minha querida amiga Ester Coelho, senhora muito íntegra e de fortes convicções.

Teme o populismo? Quais os maiores perigos para a política?

Temer, não temo. Na minha opinião, apesar de dizermos que a Democracia ainda é jovem, o país já aprendeu bastante e não acredito que na Europa do século XXI, alguém possa ter devaneios anti-democráticos. O povo corrigiria qualquer ação deste género. No limite, senão fosse a população, seriam as organizações internacionais a fazê-lo. O que começámos a constatar foi que tudo o que não é esquerda ou extrema esquerda, passou a ser apelidado de fascismo, xenofobia, homofobia... São estes exageros, de quem tem uma agenda própria e específica para pôr em causa os cânones da sociedade ocidental, que levam ao aparecimento de movimentos de ordem contrária, cujo futuro antevejo similar ao de outros movimentos anteriores.

Acumula as funções políticas com a vida profissional. É complicado ou é benéfico para ouvir a população? É muito difícil conciliar. O tempo não chega para tudo e, por vezes, o estudo e a preparação de temas não é compatível com a disponibilidade que colocamos neles. Os autarcas em funções executivas só não ouvem a população se não quiserem. Basta sair dos gabinetes e andar a pé ou de bicicleta pela nossa cidade e freguesias. Tudo está à vista de todos, para aqueles que queiram ver. É presidente da distrital do CDS, que tem vindo a perder votantes nas últimas eleições. Qual a estratégia a seguir? Está a mudar alguma coisa nas estruturas locais?

Neste momento é prematuro responder-lhe diretamente a essa questão, embora tenha as minhas ideias sobre aquilo que o CDS deve fazer para recuperar o seu espaço e aumentar as intenções de voto. E digo que é prematuro, porque teremos eleições para a distrital a breve prazo e caberá à nova equipa da Distrital que vier a ser eleita propor esses caminhos aos militantes e aos algarvios.

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

DESPORTO Antigo defesa central do Portimonense trabalha agora no negócio da família

Ivo Nicolau: Dos relvados para a churrasqueira Falecimento do pai precipitou a mudança de rumo na vida do ex-jogador, que não consegue evitar as lágrimas ao recordar o triste momento. Mas a vida segue e não há mãos a medir.

FOTOS: EDUARDO JACINTO

Hélio Nascimento

F

ui feito na Praia da Rocha, nasci em Coimbra e sou de Vila Nova de Foz Côa”. É assim, de modo engraçado, que Ivo Nicolau se apresenta aos leitores do Portimão Jornal. O ex-jogador, contudo, apressa-se a dizer que se considera um portimonense dos sete costados. “Até aos dois anos vivi com a minha avó, porque os meus pais, na altura, tinham muito trabalho, mas depois vim cá para baixo e sou mais algarvio e portimonense do que outra coisa”.

Hoje, aos 37 anos, deixou o futebol e pegou no negócio da família, uma churrasqueira, devido ao falecimento do pai. Um tema que levou Ivo Nicolau às lágrimas…

“Como surgiu esta ocupação?

Infelizmente, foi devido ao falecimento do meu pai, no passado O ex-jogador recorda ao Portimão Jornal alguns momentos da carreira futebolística dia 15 de março. A casa era dele e da minha mãe, mas depois tive de da, costeletas, febras, salsichas e antigo defesa central, mais uma de muitos ex-colegas. “O Jadson, dar seguimento e prosseguir com os habituais acompanhamentos, vez, a emocionar-se, não conse- por exemplo, vem cá com muita o trabalho”, explica, dando conta como o arroz e a salada. guindo evitar que as lágrimas lhe frequência buscar frangos e co“Os meus pais começaram por escorram pela face. “Os senti- mida”, assinala, referindo-se ao de que a Churrasqueira Valagar já funciona há 15 anos e é, desde ter um restaurante na Praia da mentos são, para mim, ainda algo atual capitão da equipa do Porentão, o negócio da família. Ivo Rocha e compraram depois esta de muito complicado. Não era isto timonense, com quem chegou a Nicolau faz precisamente o que churrasqueira, que estava então que eu queria. Preferia ter conti- dividir o balneário. “Há muitas o pai tinha em mãos, cortando os fechada e já se chamava Valagar, nuado a jogar à bola, era muito pessoas que me associam ao fufrangos, pesando-os e colocando- porventura porque a zona, aqui, mais fácil, mas, face a todas estas tebol e começaram a vir cá mais chama-se Vale de Lagar”. A folga circunstâncias, tive de me adap-os a assar.

Depois, uma vez que a chur- é à quinta-feira, dia de descanso tar. É uma realidade diferente. rasqueira é apenas de take away, para Ivo e para a mãe, também Antes tinha tempo livre, sobrefaz as contas e as entregas às sempre presente na labuta prati- tudo depois dos treinos, agora é pessoas. Além do frango, que é camente diária. basicamente o contrário, descano produto de excelência do estaso umas duas horas e de resto é belecimento, a Valagar também Obrigado a deixar o futebol sempre a trabalhar”. confeciona entrecosto, entremea- O desenrolar da conversa leva o Ivo Nicolau confessa, inclusive, que não pensava deixar o futebol. “Não estava a preparar a minha saída. De modo nenhum.

Sentia-me bem e estava pronto Que sejam felizes! para jogar mais duas épocas, e, curiosamente, o Esperança de LaIvo Nicolau aproveitou a oportunidade para, através do Portigos também fazia pressão para eu mão Jornal, enviar uma mensagem para os seus antigos comcontinuar”. Os planos, porém, saípanheiros. “Desejo-lhes o mesmo que quero para mim. Muitas ram “todos ao contrário”. Na altufelicidades para o futuro, sucesso desportivo e que tenham uma ra, influenciado por uns amigos, época positiva e tranquila. Que consigam ajudar o PortimonenIvo estava até a pensar em fazer se a construir uma imagem cada vez mais sólida no nosso desa formação da Uber para avançar vezes, outras nem por isso. Tamporto. E que sejam felizes”. A título de curiosidade, no plantel para um negócio seu, a par do bém não é de admirar: tinha bardos alvinegros são vários os elementos que repartiram o balfutebol, “mas tive de deixar tudo ba grande e uma crista e agora teneário com o antigo defesa central, a saber: Ricardo Ferreira, para trás porque não disponho de nho o cabelo diferente e a barba Dener, Lucas Possignolo, Jadson, Maurício, Fabrício e Pedro Sá, tempo para mais nada”. pequena”, comenta, como que a bem como Pedro Silva, Ricardo Pessoa e Jorge Pires, hoje eleNestes meses em que “virou ganhar mais alento para prossementos das equipas técnicas do clube. empresário”, tem recebido visitas guir a conversa.

De resto, a churrasqueira é “casa feita e tem muita clientela certa”. Aos domingos, que é o dia “mais forte” e de maior trabalho, “vendemos entre 150 a 160 frangos aos almoços”.

Uma carreira subida a pulso Na sua longa carreira de fute-

“Preferia ter continuado a jogar à bola, era muito mais fácil, mas, face a todas estas circunstâncias, tive de me adaptar. É uma realidade diferente. Antes tinha tempo livre, sobretudo depois dos treinos, agora é basicamente o contrário” bolista, Ivo Nicolau passou por grandes momentos, destacando a subida à I Liga, em 2016/17, com as cores do Portimonense. “Tenho um percurso do qual me orgulho, até porque foi construído à base do meu trabalho e do meu

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

DESPORTO esforço. Nunca tive empresários, tudo o que fiz e consegui foi à custa do meu suor. Um momento marcante? Quando subi à I Liga.

Era capitão e um símbolo da cidade, um produto da formação,

so mesmo a acabar”, atira, com um sorriso já revelador de alguma saudade. Dos inúmeros jogos em que participou, destaca uma vitória, ainda nessa temporada, obtida no Seixal, perante o Ben-

A churrasqueira é “casa feita e tem muita clientela certa”.

Aos domingos, que é o dia “mais forte” e de maior trabalho, “vendemos entre 150 a 160 frangos aos almoços” visto que comecei a jogar quando tinha 11 anos”. Paradoxalmente, essa época ficou também assinalada com um epílogo triste.

“Custou-me muito saber que não ia continuar no clube. Era um sonho, jogar com o Portimonense no campeonato principal, ainda mais na minha terra”, desabafa.

Embora alinhando na posição de defesa, Ivo Nicolau tinha o bom hábito de ‘descer’ à área contrária e fazer golos. “Lembro-me de um, nessa época da

fica B. “Estivemos a perder 2-0 e acabámos por vencer 3-2. Foi um jogo aberto, bonito e que proporcionou um grande espetáculo”.

Nesta sequência de recordações, Ivo Nicolau fala ainda dos muitos avançados que teve de marcar durante a sua carreira. “O Rambé, do Farense, foi dos mais difíceis. Estava emprestado pelo Belenenses e era muito forte fisicamente. Quando jogava contra ele, levava mais pancada do que dava, apesar de ser central. Aliás, ele quase parecia um central a jo-

“ Tenho um percurso do qual me orgulho, até porque foi construído à base do meu trabalho e do meu esforço. Nunca tive empresários, tudo o que fiz e consegui foi à custa do meu suor” subida, logo à 1.ª jornada, contra o Penafiel. Ganhámos 3-2 e fiz o primeiro golo. Depois, fui expul-

gar a avançado”, graceja.

Outro adversário a justificar uma chamada de atenção, dos

Futebol só dentro das quatro linhas e como jogador Ivo Nicolau lamenta ter abandonado a carreira, mais a mais devido às circunstâncias ditadas pelo falecimento do pai, garantindo, todavia, que não quer nem lhe passa pela cabeça voltar ao futebol. “Isto ainda é tudo novo para mim, depois de a minha vida ter dado uma volta de 180 graus, mas vou-me adaptando.

Gosto de ver os jogos e de acompanhar a modalidade, mas nada como antes. Nem tenho tempo para isso”. Depois, confrontado com a tal hipótese de, um dia, ter outras funções no futebol, como fazem muitos jogadores após o final de carreira, ‘dispara’ de pronto: “Voltar? Não, acabou. Gostava de jogar e de treinar, estar dentro das quatro linhas era um prazer imenso, mas acabou. Não me vejo a ter outros cargos e nem me identifico com alguns interesses e confusões que às vezes grassam no futebol.

Ser jogador, sim, disso é que gostava”.

mais conhecidos de agora, até porque atua no Real Madrid, é o sérvio Luka Jovic. “É um avançado muito móvel, que dava imenso trabalho e provocava muitas dores de cabeça. Estava no Benfica quando joguei contra ele”.

Portimonense desde sempre “O Portimonense é o meu clube”, sustenta Ivo Nicolau, orgulhoso com a escolha pelo emblema onde chegou com 11 anos. “Um senhor que estava então nos escalões de formação, chamado Amílcar, viu-me a jogar na praia e pediu ao meu pai que o deixasse levar-me aos treinos. Um dia mais tarde, fui mesmo. Fiquei no Portimonense até aos 21 anos”, ou seja, passou por todos os escalões, infantis, iniciados, juvenis e juniores, até chegar aos seniores. Seguiu-se um período longe de casa, jogando no Marco e no Tourizense, depois surgiram ainda o Lagoa e o Louletano, até que, em 2012, regressa a casa e ao Portimonense.

“Ainda joguei no Olhanense, Louletano e Esperança de Lagos, nas três últimas épocas. No Algarve, só me faltou jogar no Farense e esteve perto de acontecer, mas, na altura, já tinha dado a minha palavra ao Olhanense.

Acabei em Lagos e gostei imenso: gente muito simpática, sempre atenta à realidade do clube, e, também, por isso, custou-me pendurar as chuteiras nestas circunstâncias. Podia ter jogado mais”, reconhece Ivo Nicolau, agora com um esgar de alguma tristeza.

As últimas palavras vão ainda para os alvinegros de Portimão, analisando os defesas centrais que agora integram o plantel às ordens do treinador Paulo Sérgio. “São todos excelentes centrais, quer os que já estavam na época passada, quer os que chegaram agora. O Lucas e o Jadson jogaram comigo, bem como o Maurício, que saiu depois para o FC Porto e regressou neste defeso. O Wyllian, que já vi atuar, também me parece um ótimo jogador. São todos fortes. Aliás, o eixo defensivo está muito bem preenchido e não é por aí que a equipa vai ter problemas”, opina Ivo Nicolau, confiante numa temporada sem sobressaltos.

“Os outros reforços são igualmente boas escolhas e alguns têm a vantagem de estarem identificados com o futebol português, o que é sempre positivo. E já li que há uns jovens do futebol asiático que podem aumentar as soluções e a qualidade”, argumenta, convicto de que estão reunidas as condições para uma caminhada tranquila.

Ivo Nicolau diz ter agora uma vida muito mais ocupada

A churrasqueira situada na Urbanização Coosofi, no Vale de Lagar PUB

www.abracadabra.pt

282 070 772 Avenida São João de Deus, lote1, loja 1 - Portimão Junto ao Mercado Municipal de Portimão

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

OPINIÃO

Presidenciais 2021, um guia prático Óscar Sardinha Mestre em etiqueta e protocolo

Como se não fosse suficiente devastador termos que levar com a pandemia, nos últimos tempos começámos também a ser fustigados com o folclore eleitoral das presidenciais cujo desfecho, já se sabe, não passa de uma crónica de um vencedor anunciado.

Para quem não quer saber de política ou tenciona votar no Tino de Rans, proponho um guião de debate e reflexão o qual permitirá formular uma opinião fundamentada sobre o assunto sem que tal implique deixar de ver o Big Brother e/ou acompanhar as redes sociais.

Para mostrar quem manda, sugiro desde logo que se comece o debate com um convicto e veemente: “então é assim”!

E, então é assim: quem vai ganhar é o Marcelo! O detentor do título não vai dar hipóteses! A única incógnita é saber se vai, ou não, conseguir bater o record do Mário Soares. Na vossa prezada opinião não vai conseguir. Marcelo teve contra ele uma época de fogos fraquinha (felizmente) e a pandemia, para além de constituir uma tragédia que já não dá assim tantos votos, veio diminuir o negócio dos afetos e das selfies,

pelo que, ou aparece para aí um icebergue com duas focas a necessitar de salvamento, ou o Soares irá continuar a ser o mais fixe.

Para a disputa do segundo lugar são concorrentes a Ana Gomes e o André Ventura.

A Ana Gomes é uma comentadora da SIC que barafusta contra a falta de ética dos outros mas que, apesar de já ter anunciado a sua candidatura, continua a ser comentadora até apresentar a sua candidatura “formalmente”. O André Ventura é um ex-comentador desportivo da CMTV, fortemente ligado ao Benfica, que recentemente censurou o António Costa por estar na lista de honra da candidatura do atual presidente do Benfica. Complicado? Não, é simples!

Ambos seguem a doutrina de S. Tomás, faz o que ele diz e não faças o que ele faz! Para que não seja o diabo a escolher, a vossa douta opinião é o voto na Ana Gomes. Porquê? Porque o Ventura disse que se demitia se ficasse atrás da Ana Gomes, e nestas coisas é como S. Tomé: ver para crer!

Finalmente, há os outros candidatos que não passam disso mesmo, outros candidatos!

E porque estamos numa de santos, se quiserem dar uma de intelectual, podem sempre chamar à baila Saint-Simon (que era santo apenas de nome, como por exemplo a família Espírito Santo). Pois bem, Saint-Simon, um iluminista franciú que viveu entre o final do século XVIII e o início do século XIX, formulou a parábola dos tra-

balhadores e parasitas que assentava em duas suposições. Na primeira suposição, Saint-Simon dizia que, se de forma repentina morressem 3 mil dos maiores sábios, artistas, cientistas, médicos, arquitetos, banqueiros, pedreiros, agricultores, carpinteiros e militares, a França eclipsar-se-ia perante as nações rivais e seria uma nação sem alma, demorando mais de uma geração a recuperar o seu prestígio e poder.

Na segunda suposição, a França mantinha aqueles 3 mil profissionais mas, ao invés,

É claro que os franciús iriam ficar chorosos, mas isso apenas aconteceria porque são bonzinhos e não porque daí adviesse qualquer mal maior para o Estado.

Para quem se quiser meter por este caminho, pode sempre concluir com o popularmente correto de que esta parábola constitui, por um lado, uma voz contra a burocracia improdutiva do estado e contra os políticos de carreira e, por outro lado, um louvor ao povo trabalhador que desgraçadamente vê-se obrigado a labutar

Ambos seguem a doutrina de S. Tomás, faz o que ele diz e não faças o que ele faz! Para que não seja o diabo a escolher, a vossa douta opinião é o voto na Ana Gomes.

Porquê? Porque o Ventura disse que... no mesmo dia, perdia o irmão do Rei, duques e duquesas, os altos funcionários da coroa, todos os ministros e conselheiros de estado, todos os juízes e procuradores, cardeais, bispos e párocos bem como os 2 mil proprietários mais ricos que faziam parte da nobreza, num total de 30 mil indivíduos.

Nesta suposição, dizia Saint-Simon em síntese, não se perdia grande coisa, porque estas pessoas seriam facilmente substituíveis.

diariamente para enriquecer as classes privilegiadas.

Embora esta conversa possa atirar um pouco para o comunismo, fica sempre bem dizer mal dos políticos e, se se acrescentar um “resiliente”, um “sustentável” ou uma “cidadania”, sairão em ombros da discussão e já poderão votar no Tino de Rans com o sentimento de dever cumprido.

Turismo vs covid-19 Francisco Serra Loureiro Solicitador

Com as medidas restritivas implementadas pelo surgimento da pandemia da doença covid-19, muitas viagens e estadias foram canceladas, causando um severo transtorno não somente na organização de quem pretendia usufruir uns merecidos dias de descanso, mas também, e não menos importante, em questões financeiras pela dificuldade em ver os valores previamente pagos serem efetivamente ressarcidos.

No caso das viagens organizadas (viagem e estadia), numa tentativa de concertar os interesses de consumidores com a sustentabilidade das diversas agências de viagens, o Governo estabeleceu que o consumidor que tivesse agendado viagem entre o período de 13 de março e 30 de setembro do presente ano, observe agora um período alargado para usufruir de um vale de valor igual que lhe foi atribuído pela agência de viagens responsável. Assim, o consumidor, ou outro por ele designado, poderá usar esse mesmo vale até ao dia 31 de dezembro de 2021 e somente a partir dessa data, caso não tenha optado pelo uso do referido vale, é que pode pedir o reembolso desse mesmo valor, observando um curto prazo de 14 dias para o efeito. Estas medidas – que se aplicam também no caso das viagens de

finalistas, bem como no caso de reservas em empreendimento turístico efetuadas diretamente ou à distância pelo consumidor sem recurso a intermediário – foram criadas para proteger as agências de um eventual pedido de reembolso em massa por parte dos consumidores, o que poderia colocar em causa a própria sustentabilidade das empresas do setor. No entanto, verificamos que, neste caso, o consumidor acaba, salvo melhor opinião, por ficar prejudicado. De facto, caso não possa utilizar o voucher, somente será ressarcido desse valor no final do próximo ano, o que nos parece um prazo demasiado alargado. A única exceção admissível seria no caso de o consumidor se encontrasse em situação de desemprego, motivo suficiente para que pudesse pedir o reembolso do valor até ao passado dia 30 de setembro, o qual deveria ter sido efetuado no prazo máximo de 14 dias. Esgotada esta possibilidade, e porque as restrições derivadas da pandemia continuam a ser mais que recorrentes, resta agora esperar por eventuais novas medidas governamentais que possam auxiliar o consumidor que se encontre numa posição mais frágil, medidas essas já anunciadas e que ainda carecem de publicação e que aguardamos.

Já no que concerne às viagens de avião marcadas diretamente pelo consumidor junto da companhia aérea e cuja realização não se concretizou devido à referida pandemia, verificamos que, pese embora nenhuma legislação tenha sido produzida para esse efeito, a maior parte das companhias optou pela emissão de voucher de valor correspondente. Pelas mesmas razões referidas, quanto às viagens organizadas esta solução tem sido aceite genericamente pelos viajantes do espaço europeu, pese embora a legislação estipule que, em caso de cancelamento, o passageiro pode optar por ser reembolsado do valor da viagem no prazo de 7 dias após o pedido. Portanto, se for essa a sua vontade, nada impede que possa reclamar junto da companhia aérea em causa, de modo a ver o valor da sua viagem cancelada, integralmente reembolsado.

Para esta e outras matérias relacionadas com Direito do Consumo, como, por exemplo, compras efetuadas à distância ou fora do estabelecimento comercial ou ainda aplicação de garantias por compra de produtos defeituosos, não deixe de fazer valer os seus direitos enquanto consumidor, podendo para isso contar sempre com o auxílio do seu Solicitador.

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Portimão Jornal • 8 OUT 2020 • Nº9

ÚLTIMAS

Fórmula 1 e MotoGP estão cada vez mais na ordem do dia

Autódromo é a capital do desporto motorizado À medida que os programas vão sendo divulgados, cresce o entusiasmo para ver em ação campeões como Lewis Hamilton e o nosso Miguel Oliveira D.R.

PROGRAMA DA FÓRMULA 1

Hélio Nascimento

É

já este mês! O Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 está à porta e o Autódromo Internacional do Algarve, cada vez mais bonito e funcional, prepara-se para albergar perto de 40 mil pessoas, muito embora os números finais dependam dos pareceres e das recomendações da Direção Geral de Saúde. O asfalto está pronto, os bilhetes continuam a vender-se a bom ritmo e o programa foi já divulgado (ver quadro), com um cartaz de se lhe tirar o chapéu.

Além dos treinos e da principal corrida, com 66 voltas, o programa terá duas provas de apoio: o GT Cup, que junta carros de várias categorias e que poderá ter Tiago Monteiro, ao volante de um Honda NSX GT3; e a Sports Prototype Cup, uma competição com protótipos de 440 cavalos, existindo vários portugueses interessados em participar.

Desconhecendo-se ainda se António Félix da Costa poderá fazer o primeiro treino livre num Fórmula 1 – o campeão de Fórmula E é apontado como um dos pilotos interessantes para as vagas ainda existentes –, o programa da prova algarvia terá alguns momentos pouco habituais para o público nacional, uma vez que, antes da corrida de domingo, dia 25, os pilotos darão uma volta à pista e terão, na reta da meta, uma cerimónia de luta contra o racismo. Para já, Lewis Hamil-

QUINTA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO 14h00/17h35 Fórmula 1: Conferência de imprensa SEXTA-FEIRA, 23 DE OUTUBRO 09h00/9h25 09h50/10h20 11h00/12h30

GT Cup Exhibition Race: treinos livres Sports Prototype Cup: treinos livres Fórmula 1: Treinos Livres 1

13h00/14h00 13h45/14h10 15h00/16h30 17h00/17h30

Fórmula 1: Conferência de imprensa GT Cup Exhibition Race: Qualificação Fórmula 1: Treinos Livres 2 Sports Prototype Cup: Qualificação

SÁBADO, 24 DE OUTUBRO

Cerca de 40 mil pessoas são esperadas para assistir à Fórmula 1 ton (Mercedes), quiçá a principal atração para o circuito portimonense, continua a dominar o Mundial, bem como a marca que representa. Tanto ele como o seu colega Valtteri Bottas têm justificado o domínio bem patente durante a época.

Por outro lado, as preocupações de segurança vão ser uma constante, com a criação de diversas bolhas, como Paulo Pinheiro, CEO do Autódromo, já explicou. “Todo o pessoal da corrida vai direto para os respetivos postos e sempre de máscara. Normalmente, usamos um autocarro para os colocar, desta vez vamos

usar cinco”. Esta é a bolha de pista, para lá de uma outra, independente e vedada, para a prova propriamente dita, e, ainda, da bolha da organização. “Cada um de nós fica adstrito a uma das bolhas, o que implica uma segmentação. Os jornalistas constituem uma outra bolha”, vincou Paulo Pinheiro.

Motos em ação!

Curiosamente, antes da Fórmula 1, o Autódromo recebe as MotoGP, que efetuam testes na precisa altura em que o Portimão Jornal chega às mãos dos seus leitores.

A este propósito, a corrida (20 a 22 de novembro) que terá PUB

08h20/09h00 10h25/10h45 11h20/12h00 14h00/15h00 15h00/15h00

Treino de “pit stop” GT Cup Exhibition Race: Corrida 1 Fórmula 1: Treinos Livres 3 Fórmula 1: Qualificação (Q1, Q2, Q3) Fórmula 1: Conferência de imprensa

15h45/16h25

Sports Prototype Cup: Corrida 1

DOMINGO, 25 DE OUTUBRO 09h15/09h40 10h20/11h00 11h20/12h00

GT Cup Exhibition Race: Corrida 2 Sports Prototype Cup: Corrida 2 Fórmula 1: Apresentação dos pilotos

12h53/12h54 Fórmula 1: Cerimónia “End Racism” 12h54/12h56 Fórmula 1: Hino Nacional 13h10/15h10 Fórmula 1: Grande Prémio (66 voltas)

Miguel Oliveira como cabeça de cartaz vai denominar-se Grande Prémio MEO de Portugal, um ‘naming’ oficializado por Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, e Pau Serranta, o manager da Dorna Sports, detentora dos direitos comerciais e televisivos do campeonato de MotoGP. “Antes de mais, quero agra-

decer a todas as entidades envolvidas por trazerem de volta o MotoGP a Portugal. É um grande motivo de orgulho ver esta aposta, que chega também às camadas mais jovens do motociclismo nacional. Espero que os portugueses tornem este Grande Prémio num grande prémio exemplar para todo o mundo”, disse Miguel Oliveira, numa mensagem em vídeo.

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A FECHAR

Quinta-feira • 8 outubro 2020

D.R.

Isilda Gomes diz que o alargamento é estruturante para o Algarve

Portimão quer coordenação com Lagoa nas dragagens A presidente da Câmara quer que o Aprofundamento do Canal de Navegação do Porto seja articulado com o concelho vizinho.

ANA SOFIA VARELA

365 Algarve e 'LAST' sobem ao palco do Teatro Municipal O Teatro Municipal de Portimão recebe três espetáculos nos próximos dias, sendo o primeiro a 10 de outubro, às 21h30, com ‘LAST’ a mais recente criação de São Castro e António Cabrita, diretores artísticos da Companhia Paulo Ribeiro. Nesta nova criação, os coreógrafos elegem a música de Ludwig van Beethoven como fio condutor do ato coreográfico, interpretada ao vivo pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos. Ainda em outubro, há duas propostas do 365 Algarve, uma no dia 16 de outubro, às 21h30, com ‘Diz-me António’, num tributo ao nascimento e obra do poeta António Aleixo. A outra iniciativa será no dia 17, às 21h30, no âmbito do 4º Festival Internacional de Piano do Algarve, com a interpretação da pianista Kristina Miller.

Arranque de época pouco auspicioso do Portimonense

Autarca portimonense quer proposta de consenso Jorge Eusébio

N

a sequência da notícia de que a Comissão de Avaliação de Impacto Ambiental deu parecer negativo ao projeto, Isilda Gomes diz que essa decisão ainda não é definitiva e que dependerá das alterações que a entidade promotora, a Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS), ainda pode apresentar.

No entanto, defende, essas modificações devem ser feitas em consonância com todas as entidades interessadas, nomeadamente, a autarquia que lidera, a Câmara de Lagoa e a Junta de Freguesia de Ferragudo.

Na opinião da autarca, a obra “é estruturante para o Algarve, uma vez que as pessoas que desembarcam no porto de Portimão vão visitar outros concelhos” e por isso faz sentido que haja consenso entre todos.

Para o efeito, ao que apurámos, está a ser preparada uma reunião que junte representantes dessas autarquias e da APS e na qual também possa, eventualmente, marcar presença o secretário de Estado responsável por aquela área.

Por nós contactado, o presidente da Câmara de Lagoa, Luís Encarnação, diz que a informação que recebeu verbalmente é que há a decisão chumbar o projeto, mas

que ainda decorre o prazo para a APS se pronunciar e, eventualmente, proceder a alterações. A sua posição é que o projeto apresentado “não é uma boa solução e foi por isso que lhe demos parecer negativo”.

Tornando-se definitivo o chumbo do documento, o que poderá acontecer é a APS avançar com um outro projeto. Se isso acontecer, e “como somos responsáveis e queremos estar do lado da solução”, o autarca admite participar nas reuniões para as quais for convidado, “ouvir o que as pessoas têm para nos dizer e depois estudaremos o assunto com os nossos técnicos”.

O Portimonense foi derrotado pelo Sporting (0-2) no domingo, 4 de outubro, em encontro da 3ª jornada da I Liga, e confirmou um início de época aquém das expetativas. Os leões entraram melhor na partida e só na segunda parte os alvinegros conseguiram reagir, mas sem sucesso. Assim, volvidos três jogos, a equipa está no 16º lugar da classificação com um ponto. Na próxima jornada, a disputar-se a 18 de outubro, o Portimonense desloca-se à Madeira para defrontar o Marítimo.

Surto de covid-19 obriga a testagem alargada A deteção de 30 casos do coronavírus covid-19, numa comunidade de etnia cigana em Portimão, levou à testagem de 321 pessoas, em cinco dias. Logo que o primeiro caso positivo foi assinalado, foram tomadas medidas pela Unidade de Saúde Pública de Portimão e pela Câmara Municipal para conter o surto. Essa rápida atuação identificou 37 casos positivos em quatro comunidades de um total de 14 existentes no concelho, tendo sido promovido o confinamento e isolamento profilático. Em paralelo, foram articuladas medidas mitigadoras com os Agrupamentos de Escolas, ficando quatro turmas em isolamento profilático por uma questão de prevenção.

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