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cONsulTórIO da fé

Mark Renders

tos como qualquer outra pessoa. Um cientista sério sabe que não dispõe de acesso privilegiado às definitivas respostas. Nenhum historiador ao vasculhar um arquivo, nenhum botânico ao perambular por um ecossistema, nenhum astrônomo ao perscrutar a Via Láctea vai subitamente encontrar Deus.

Quem faz da ciência uma Weltanschauung (cosmovisão) vai mais cedo ou mais tarde se deparar com alguém que tem a sensibilidade de perceber que essa forma de encarar o mundo e a vida não abarca todo o nosso horizonte, pois a ciência, na realidade, explica muito pouco – pelo contrário, a cada resposta faz emergirem mais perguntas. Tenho dó daqueles que defendem o míope ponto de vista sintetizado por Gagarin na tristemente famosa frase “Estive no espaço sideral e não encontrei Deus”, assim como tenho dó daqueles que expressaram sua decepção com a palestra de Richard Dawkins em Porto Alegre. N

DANKWART BERNSMÜLLER é professor e tradutor em São Leopoldo (RS)

“Papai Noel” ou “Papai do Céu”?

por Jaime Jung

Diz-se que o bispo Nicolau De MiRa, que viveu na Turquia no século IV, presenteava de forma anônima pessoas em dificuldades financeiras. Recebeu o título de santo e fama em todo o Ocidente. A partir de São Nicolau surge Papai Noel. Esse foi redesenhado, reciclado e, no início do século 20, tornou-se garoto-propaganda do maior fabricante mundial de refrigerantes. Com isso o “bom velhinho” atingiu o auge de sua popularidade, que dura até hoje. De barbas brancas e trajando pesadas roupas vermelhas de inverno (mesmo em nosso verão), Noel troca presentes por bom comportamento.

Hoje ele tem a obrigação de atender uma lista de desejos de crianças pequenas e grandes e não ousa decepcionar ninguém. Estrategicamente convocado, Papai Noel é um personagem que catapulta os lucros da indústria e do comércio. Ele simboliza também prosperidade, festa, paz... mas isso é apenas adereço e maquiagem. É preciso desempacotar: Papai Noel é uma invenção humana, um ser fictício que tomou um lugar que não é seu e que recebe uma importância que não merece.

Para as pessoas cristãs, o centro do Natal é e sempre será a celebração do nascimento de Jesus Cristo, sua vinda para junto dos pecadores, oferecendo-lhes a salvação apesar de seu “mau comportamento”. No Natal, o próprio Jesus é o presente: Deus tornou-se gente como nós, por amor ao ser humano perdido. Essa ação divina não tem nada de fantasia ou lenda.

No Natal, somos convidados a redescobrir que, “seja rico ou seja pobre”, o amor de Deus e seu perdão são oferecidos a todas as pessoas. Cabe-lhes aceitar esse presente de amor, pela fé, desembrulhá-lo e fazer uso dele em proveito próprio e dos outros. Deus – o nosso “Papai do Céu” – pode e quer preencher o “sapatinho vazio” com vida em abundância. Ele está pronto para acolher os pedidos e a gratidão de seus filhos e filhas todos os dias do ano. Esclarecer isso também aos pequeninos é ensiná-los o caminho em que devem andar para que não se desviem dele – mesmo em meio a todos os apelos comerciais do Papai Noel. N

JAIME JUNG é teólogo, mestre em Teologia e ministro da IECLB em Novo Hamburgo (RS)