Case UFSJr - Projeto elo

PROJETO ELO

Categoria: Responsabilidade Social

Temática: Direitos Humanos, Práticas Trabalhistas, Meio Ambiente , Envolvimento e Desenvolvimento da Comunidade.

Resumo O Projeto ELO teve início em setembro de 2014, segue o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social, norma ABNT NBR 16001 e ISO 26000, por isso, abrange quatro temas centrais: direitos humanos, práticas trabalhistas, meio ambiente, e envolvimento e desenvolvimento da comunidade. Elaborou-se um plano de ensino multidisciplinar. Implantou-se uma horta orgânica na APAC – Associação de Proteção e Assistência ao Condenado, a fim de promover a saúde, bem estar e segurança alimentar dos recuperandos, capacitá-los profissionalmente, com mais uma opção de inserção mercadológica e social de egressos desse sistema prisional, e ainda, servir de atividade laboral contribuindo para a terapia ocupacional, impactando diretamente a vida de todos os envolvidos. Sendo bastante aclamado na microrregião, conseguiu-se instituições parceiras que arcam com os custos e insumos necessários para o desenvolvimento do projeto.

Introdução A EJAGRO - Empresa Júnior de Agronomia da Universidade Federal de São João del Rei – Campus Sete Lagoas, fundada em 2011 a fim de oferecer conhecimento e capacitação prática aos seus 24 membros, prestando serviços de qualidade a um preço abaixo do mercado aos produtores do estado de Minas Gerais, em prol do desenvolvimento sustentável.

A APAC - Associação de Proteção e Assistência aos Condenados - APAC é um sistema criado em 1973, e é presente em vários estados brasileiros e até no exterior. O objetivo é humanizar as prisões, melhorando as condições dos presídios e da vida dos encarcerados. A valorização humana é a base do método de recuperação. No Brasil, são 43 Apacs. Dessas, 36 estão em MG. É uma entidade civil de direito privado, sem fins lucrativos, bastante respeitada pela justiça brasileira, o índice de reincidência está em torno de 10%, enquanto o sistema convencional tem em torno de 80%.

Em razão do exposto, e prezando pelos valores da Ejagro, este projeto promove uma ligação entre universidade e sociedade. Instruindo os recuperandos sobre técnicas teóricas e práticas de manejo de hortaliças orgânicas; utilizando o cultivo das hortas como atividade laboral; propiciando aos membros da Ejagro uma experiência integrada, científica, extensionista e social; e transformando a Apac em um espaço de produção agrossustentável, zelando pelo desenvolvimento sustentável, saúde, segurança alimentar e bem estar.

Assim, alinhada a sua essência, e almejando auxiliar um grupo de vulnerabilidade social, a Ejagro implantou uma horta orgânica na Apac, visando diversos benefícios, dentre eles, melhores condições de vida do recuperando e de sua família. Esta melhoria, social e nutricional, ainda facilita a reinserção no mercado de trabalho e na sociedade após o cumprimento da pena, já que esta capacitação envolve além do aprendizado agrícola para cultivo orgânico, uma série de aprendizados ligados à uma consciência mais social e ética.

Metodologia O projeto está sendo desenvolvido no município de Sete Lagoas-MG, localizado à aproximadamente 70 quilômetros de Belo Horizonte, capital do estado, com condução nas áreas internas da APAC, situada à Av. Dr. Renato Azeredo, nº 3500, bairro Jardim Amélia. A unidade possui atividades de suinocultura, avicultura e fábrica de blocos. As áreas a serem utilizadas, conforme verificação in loco (Fig.1), totalizam 1.175 m2.

Área 1

Área 2

Figura 1 – Áreas internas da APAC Sete Lagoas onde será desenvolvido o projeto de extensão. Imagem: Google Earth

Através das atividades laborais, o recuperando, durante sua pena, tem a possibilidade de se capacitar, facilitando seu retorno à sociedade. Esta metodologia aumenta a chance que o recuperando retorne a sociedade sem traumas e sem preconceitos, podendo ter uma vida normal (SHECAIRA e CORRÊA JUNIOR, 2002). Segundo Castro (2004) as hortas colocam os recuperandos em contato com as características do ambiente, despertando-as para a crítica dos valores econômicos e sociais, além de propiciar aos mesmos o acesso a tecnologias simples de produção de alimentos.

Inicialmente, foi desenvolvido um diagnóstico, através de um questionário para identificação das potencialidades, perfis e expectativas dos envolvidos, para possibilitar a avaliação dos indicadores de desempenho. A seleção dos recuperandos é feita pela administração da Apac, considerando-se as aptidões de acordo com a progressão de regime interno dos mesmos.

Sob tutoria, elaborou-se um plano de ensino multidisciplinar, com o conteúdo programático de todas as atividades. Os recuperandos são instruídos pelos membros da EJ através de palestras e treinamentos teórico-práticos, nos quais são abordados temas pertinentes á horticultura. As atividades práticas acontecem quinzenalmente, são desenvolvidas pelos recuperandos, com orientação dos membros.

Os recursos financeiros, assim como insumos necessários para o desenvolvimento e execução do projeto, são adquiridos através de doações captadas pela EJ, a fim de viabilizar o mesmo. Os produtos oriundos da atividade hortícola são destinados para o consumo interno dos recuperandos, e quando a produção excede o consumo, estes são doados para as famílias.

Devido à alta rotatividade de recuperandos, a cada semestre o questionário é reaplicado para aferir o impacto e o alcance dos objetivos. Para validar toda a experiência, a EJ solicitou uma psicóloga, que faz um acompanhamento geral e individual de todos os envolvidos, para consolidar os resultados alcançados.

Conclusão Os resultados já obtidos nas temáticas que o projeto se propõe, tem-se em Direitos Humanos: o fomento aos direitos econômicos, sociais e culturais, princípios e direitos fundamentais do trabalho, e inclusão de grupos vulneráveis. Em práticas trabalhistas: promoção das condições e relações de trabalho, proteção e diálogo social, saúde e segurança, desenvolvimento humano e treinamento. Meio ambiente: Por se tratar de práticas orgânicas, inclui-se a prevenção da poluição, uso sustentável de recursos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, proteção do meio ambiente e da biodiversidade. E envolvimento e desenvolvimento da comunidade: refere-se ao envolvimento das famílias, geração de emprego e capacitação, geração de renda, saúde e empoderamento.

E ainda, os resultados gerais, tem-se o aumento da diversidade nutricional,

segurança

alimentar

e

bem

estar

dos

recuperandos,

compartilhamento de conhecimentos e experiências, solidificação da Apac, interação e apoio da sociedade universidade nas ações de ressocialização.

Para os membros da Ejagro, vivência prática e extensionista, e para todos os envolvidos, desenvolvimento humano, empatia, oportunidade de auxiliar o próximo, disseminando seus conhecimentos e habilidades, através de ações sociais.

Referências Bibliográficas CASTRO, O.G. A ressocialização de detentos da prisão provisória de Curitiba estimulada pela arte-educação: relato de experiência. Curitiba, Faculdade de Artes do Paraná. Monografia de Especialização. 2004, 174p.

SCHECARIA, Sérgio Salomão; JUNIOR, Alceu Corrêa. Teoria da pena. São Paulo: Editora revista dos Tribunais, 2002.

Anexos

Prática: Primeiro plantio de olerícolas – Recuperandos e Érika Carvalho, consultora técnica da EMATER.

Palestra: Hortaliças não convencionais – Marinalva Woods.

Parceiros Prof. Me. Flávio Tófani Coordenador de Pós Graduação - PUC/MG. Tutora: Prof. Dra. Nádia Nardelly Parrela Coordenadora de Engenharia Agronômica – UFSJ. Psicóloga: Kelsylene Nether