Revista APÊ ZERO 1 - ed: jul/ago 2015

Page 1

No seu condomínio. Na sua mão.

Distribuição dirigida Ano 13 . Nº 115 Jul/Ago de 2015

Centro Budista Kadampa Vajrayogini, em Jundiaí

Treinar a mente Conheça histórias de pessoas que buscaram a evolução pessoal no Budismo



editorial

Histórias reais para você

E

m nossa reportagem de capa uma frase da monja Kelsang Chime representa bem a atual edição da revista APÊ ZERO 1: “...se você muda seu modo de pensar para melhor, como resultado se relaciona melhor com seus problemas, ajuda quem precisa, se torna confiável...”. Há 13 anos estamos no mercado editorial e sabemos da necessidade de inovar. O meio impresso é visto como algo ultrapassado. Uma mídia com os dias contatos. Nós já fomos jornal mensal. Já fomos focados 100% em notícias para condomínios. Já fomos chamados por diversos outros nomes. Mas soubemos a hora de mudar. E mudamos, para melhor. Durante toda a história da APÊ ZERO 1, avaliamos o que seria um problema e equilibramos com o que o nosso público busca como entretenimento e informação dentro de casa. Entendemos que você, leitor, se identifica com histórias. Histórias reais. E não uma simples reprodução do que é possível encontrar no Google. Prova disso é o resultado do nosso conteúdo editorial, com mais de 20 pessoas sendo entrevistadas diretamente. Pessoas essas que separaram um espaço na sua agenda para compartilhar histórias para um revista com quase 20 editorias, 10 mil exemplares impressos e que atinge mais de 140 condomínios na cidade de Jundiaí, sem contar os milhares de acessos em seu site.

Não deixamos de ser uma revista de condomínios. Somos uma revista entregue realmente nos condomínios via mala direta, com conteúdo produzido durante mais de 60 dias, com qualidade, variedade e em constante inovação. Inovação esta que se vê em um projeto gráfico reformulado, criado por uma equipe em constante atualização no mercado publicitário. Inovação refletida também nos meios virtuais, com a criação de um novo portal de notícias para a cidade de Jundiaí. Nesta nova edição da revista APÊ ZERO 1 você encontrará conteúdos diferentes, editorias novas. Em “Mão na Massa” daremos dicas de produtos fáceis de se criar dentro de casa, assim como a editoria de “Plante e Colha”, sendo esta com foco em alimentação. Por falar em gastronomia, abrimos um novo espaço para Chefs da cidade compartilharem sua experiência oferecendo uma receita que marcou a carreira. Convidamos a participar com uma editoria fixa o pessoal do Movimento Voto Consciente, que vem fazendo um trabalho sério de cidadania, sem vínculos partidários. Queremos aproveitar para agradecer os articulistas Carlos Eduardo Quadratti e José Miguel Simão, que oferecem aos leitores informações jurídicas sobre condomínios e contam causos engraçados da vida condominial, respectivamente. Seja bem-vindo a nova-velha-atual Revista dos Condomínios APÊ ZERO 1: no Seu Condomínio, na Sua Mão.

Rodrigo Góes, jornalista responsável


Expediente

Índice

A revista APÊ ZERO 1 é distribuida em condomínios em Jundiaí - SP e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42. Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, Jundiaí - SP CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy Redação: Renata Susigan Redes Sociais: Rafael Godoy e Mônica Bacelar Web: Adrian Medeiros Estagiários: Emiliana Marini, João Carvalho, Madeleine Barbi e Matheus Oliveira Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista. Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1. com.br ou ligue: 11 4521-3670 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam o pensamento da revista.

06 Decoração Ladrilhos hidráulicos

10 Bem-estar Benefícios do mel

14 Plante e colha Aipo

18 Capa

28 Radar Apê

44 Gastronomia

Penhora por dívida de condomínio

Tire suas dúvidas

30 Pet

36 Crianças Educação bilíngue

Associado:

40 Curiosidades da Terrinha Mausoléu da baronesa Para Anunciar 11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br

Prateleira invisível para livros

16 Viver em Condomínio

Hidroterapia Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1

08 Mão na Massa

46 Turismo Toronto

Budismo como filosofia de vida

Chef Jaderson Coimbra

26 cidadania Conheça o Voto Consciente

38 Para os pequenos Brincadeiras com matemática e história

42 Multiplicadores Comando Biruta

50 Crônica Bafão em Jundiaí


Publieditorial

Vai reformar seu apartamento? Então você precisa da NBR 16280

E

m abril de 2014, entrou em vigor a NBR 16.280:2014, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa norma tem como objetivo regulamentar e orientar sobre todos os tipos de reformas em edificações, tanto nas unidades autônomas quanto nas áreas comuns, criando regras rigorosas em todas as fases de execução da reforma. De acordo com a Norma, qualquer tipo de reforma que possa comprometer a estrutura e segurança da edificação deverá ser submetida a uma análise técnica. A NBR 16.280 foi criada para coibir que várias obras de reforma em unidades sejam executadas sem nenhum critério, sem profissionais qualificados, colocando em risco a segurança dos moradores do edifício e vizinhos. Portanto, o condômino que pretende fazer uma reforma em sua unidade, será obrigado a informar o síndico, apresentar um laudo assinado por responsável técnico (engenheiro ou arquiteto) com registro no CREA e/ou CAU, com devida documentação de responsabilidade técnica recolhida junto ao Conselho Regional pertinente. Assim, o síndico deve ficar atento a sua responsabilidade, pois caberá a ele autorizar ou não a reforma, baseado na avaliação do parecer técnico elaborado por profissional contratado pelo condômino. Apesar de não ser uma lei, seu cumprimento é obrigatório dentro dos condomínios. Caso haja algum litígio oriundo de uma reforma ocorrida após 18/04/2014, mês de entrada em vigor da nova norma, provas técnicas e/ou periciais solicitadas pela justiça terão a norma como parâmetro. Entre as principais obrigações do síndico, previstas na NBR 16.280, pode-se destacar: 1. Antes de qualquer reforma em área comum ou privativa, o síndico deverá receber o plano de reforma e documentação pertinente. O mesmo deverá fazer a análise técnica ou encaminhar a um profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto),

podendo aprovar ou reprovar a reforma, justificando os motivos; 2. O síndico é o responsável por autorizar ou não a entrada de materiais e mão de obra contratados para a execução da reforma; 3. O síndico deverá arquivar a documentação oriunda de qualquer tipo de reforma que venha a ocorrer no condomínio, incluindo o termo de encerramento, transferindo-a ao sucessor. E dentre as principais obrigações dos proprietários, previstas na NBR 16.280, pode-se destacar: 1. Possuir parecer de um responsável técnico (engenheiro ou arquiteto), com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no caso de engenheiro ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), no caso de arquiteto, sobre alterações na estrutura, alvenaria ou qualquer outro sistema da área privativa ou comum; 2. Garantir que a reforma seja executada dentro do planejado, nos preceitos de segurança, atendendo todos os regulamentos do condomínio. As obras que não representam risco a segurança, como pintura, deverão seguir apenas as regras internas do condomínio, não sendo necessário a apresentação de parecer e/ou responsável técnico. Embora ainda não muito divulgada, a NBR 16.280 não tem o intuito de burocratizar as reformas em condomínios. Ela é uma guardiã contra as reformas irregulares, Telefone: 11 3492-6652 pois busca a segurança na execucontato@s4cconstrucoes.com.br ção dos serviços, inibindo problewww.s4cconstrucoes.com.br mas técnicos e acidentes, como o ocorrido no Edifício Liberdade, no Rio de Janeiro, em 2012, ocorrido em razão de reformas realizadas sem o devido estudo técnico.


Decoração

Acesse: apezero1.com. br/decoracao e confira fotos dos ladrilhos originais, além do porcelanato e adesivo que reproduzem o estilo dos ladrilhos hidráulicos. Confira também os detalhes do processo de produção do revestimento. 6

www.apezero1.com.br


Tenha um revestimento personalizado com o ladrilho hidráulico Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz Um molde em bronze, uma mistura à base de cimento e água e o talento de um artesão para harmonizar formas geométricas, folhas e flores em diversas cores: estes são os principais ingredientes do ladrilho hidráulico, um tipo de revestimento rústico produzido manualmente, característica que o torna único. Desenvolvido na Europa no final do século XIX, o ladrilho hidráulico foi usado como alternativa ao mármore, como uma cerâmica que não necessita cozimento, principalmente em países mediterrâneos, na Inglaterra e Rússia. Sua produção consiste em um molde de bronze feito para cada desenho, com os espaços para as diferentes cores separados. O molde é preenchido com uma mistura líquida à base de pó de mármore branco, cimento branco, água e pigmentos. A peça é prensada e submersa em água. Posteriormente, os ladrilhos descansam por semanas em ambiente úmido. O ladrilho hidráulico pode ser aplicado em ambientes externos ou internos, em qualquer ambiente, desde “tapetes” – pequenas áreas em meio a outro tipo de piso -, faixas ou paredes e pisos inteiros. A designer de interiores da L-Arki Arquitetura e Design, Fernanda Torricelli, sugere que os interessados no revestimento compareçam aos lugares que produzem o ladrilho, a fim de escolherem o desenho e as cores para personalizar o material. “O ladrilho hidráulico fica muito bonito em cômodos rústicos, mas pode ser usado com outros tipos de decoração, depende do gosto da pessoa e da disposição dele, que deve ser feita de modo que o desenho não ‘brigue’ com outras estampas e texturas”, explica Fernanda. Versátil, o revestimento combina com madeira, cimento queimado e até porcelanato liso, desde que trabalhado em bases neutras. A designer explica que, por ser de cimento, o ladrilho tende a desgastar um pouco, principalmente se for usado em pisos ou áreas externas, mas esse desgaste faz parte de sua natureza. “Ele fica mais bonito com o passar do tempo”, opina. “No entanto, uma manutenção periódica com hidrofugante é indicada.” Este produto é um líquido que, quando aplicado sobre o ladrilho, mantém sua coloração. Segundo Fernanda, por ser artesanal e oferecer a possibilidade de ser personalizado para cada cliente, o metro quadrado do ladrilho hidráulico custa, em média, de R$ 300 a R$ 400. Porém, existe um tipo de porcelanato que reproduz seu modelo e pode ser encontrado por R$ 180 o metro quadrado. Há também adesivos estampados com desenhos que imitam a decoração do ladrilho, e podem ser encontrados por R$ 0,75 (tamanho 10 x 10 centímetros). Mai/Jun 2015

7


mão na massa

Prateleira invisível para livros Você tem muitos livros, mas está ficando sem espaço para eles? Que tal usá-los na decoração de uma maneira super bacana e simples, ideal para quem gosta de literatura? Fotos: Divulgação

Primeiro, encontre a parede onde a prateleira vai ficar e escolha um livro antigo, que você já leu, de preferência de capa dura; 1. use os furos da cantoneira como referência e marque com um lápis onde a prateleira será instalada; 2. faça os furos na parede; 3. encaixe as buchas na parede e parafuse as cantoneiras;

vai isível, você v in a ir le e er a prat Para faz : precisar de ); a; • furadeir r de 10 cm s (pode se a ir e n o t n • 2 ca usos; • 4 paraf s; a • 4 buch • 1 livro; la face. • fita dup

4. cole a fita dupla face na parte de baixo da cantoneira; 5. para dar o efeito de que o livro está flutuando, coloque-o em cima da cantoneira, mas deixe a contracapa para fora e cole-a à fita; 6. aperte bastante para não descolar e o livro cair; 7. depois, empilhe alguns livros de maneira que a prateleira não fique muito pesada. 8

www.apezero1.com.br

Agora, é só usar a criatividade para criar várias prateleiras, formando um efeito legal na parede, dividir os livros por cores, temas ou deixar tudo misturado mesmo. Fica lindo.



Bem-estar

Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

U

ma caixa com vários potes de mel deixada como herança: esta é uma das melhores lembranças que o empresário Gabriel de Sousa tem do apicultor José Ignácio, seu avô. A recordação mais remota que o rapaz guarda do nobre produto das abelhas é quando tinha oito anos, estava no sítio da família, em Minas Gerais, e teve uma crise de asma, bronquite e sinusite. “Não usávamos muito a casa do sítio, então, quando chegávamos, os colchões e cobertas eram batidos, o que gerava muito pó e atacava tudo o que eu tinha”, lembra. “Naquele dia, meu avô falou para eu tomar um chá de mel com limão. E funcionou! Melhorei rapidamente. Foi aí que comecei a consumir muito mel.” A partir daquele dia, o mel entrou na vida de Gabriel não apenas como um produto saboroso e que faz bem para a saúde, mas como um elo entre ele e seu avô, que adorava mel, mas principalmente as abelhas.

10

www.apezero1.com.br

Entre os variados tipos de mel, o preferido de Gabriel é o silvestre para consumo com frutas, bolos e puro. Já o mel de eucalipto, Gabriel usa para curar tosse, dor de garganta e gripe, pois é mais forte e rápido de fazer efeito. “Lembro que minha mãe fazia os chás para mim e falava para eu inalar a fumaça antes, porque também ajudava a desobstruir as vias aéreas”, comenta. “Quando pequeno, eu consumia mais do que hoje, mas cerca de três vezes por semana ainda faço questão de tomar, pois faz bem para o sistema imunológico.” Gabriel inseriu o produto na dieta do filho Nicolas, de cinco anos, e tão logo o mais novo, Leonardo, de um ano, cresça mais um pouco, começará a tomar mel também. “É como uma tradição na minha família: o costume passou do meu avô para meu pai, José Inácio, para mim e hoje passo para meus filhos.”


“Quando estou com dor de garganta ou tosse, costumo degustar uma colher de mel quando vou dormir e quando acordo também. Ou então faço uma receita que ajuda a passar rapidamente o desconforto: fervo meio copo de água e suco de meio limão. Depois, adiciono duas colheres de mel, mexo até dissolver, inalo a fumaça e tomo o líquido. Se quiser, dá pra adicionar canela, fica mais forte.” Início com o Sr. José Ignácio Leonardo conta que o avô tratava as abelhas com carinho e respeito e que ansiava para ver o resultado final do trabalho delas. “Ele acompanhava e admirava a fabricação do mel, do própolis, tinha um respeito muito grande por elas, principalmente porque elas fazem um produto que traz tantos benefícios para as pessoas”. O avô sempre contava algumas passagens envolvendo sua rotina com as abelhas. “Lembro muito de uma cena em que ele estava com o braço cheio delas e eu, preocupado, perguntei se elas não o picariam”, descreve. “Meu avô só respondeu que não, ao contrário, elas cuidariam dele.” Foi assim que Gabriel aprendeu a respeitá-las. José Ignácio faleceu há quatro anos e deixou,

como de costume, uma caixa de mel com os últimos produtos que havia colhido. “A caixa que meu avô me deu acabou há um ano, o que é muito triste porque fica cada vez mais difícil encontrar mel puro para comprar”, revela. Talvez seja difícil porque ele jamais encontrará um mel feito com o mesmo carinho que seu avô fazia.

O mel Ademir Vanini, proprietário do apiário Nona Emília há 34 anos, como muitos apicultores, é um grande admirador da organização e maneira como as abelhas trabalham. “A colmeia é a comunidade perfeita, pois cada abelha tem sua função e a executa corretamente, respeitando a hierarquia”, afirma. Ele, que possui cerca de 700 colmeias divididas entre Cabreúva, Araras e a Reserva Natural da Serra Mai/Jun 2015

11


do Japi, explica que existem diferentes tipos de mel e que cada um é indicado para determinadas finalidades. “As diferenças no mel ocorrem devido à florada”, comenta. Segundo Ademir, é necessário que mais de 80% da produção seja da mesma florada para ser caracterizado como mel de laranjeira ou de eucalipto, de assa-peixe ou capixingui, entre outros. Se o mel for produzido por meio de floradas diferentes ele é classificado como silvestre. O farmacêutico e apiterapeuta do apiário, Thomaz Vanini, explica que o mel é um alimento rico em vitaminas e energéticos, que aumenta a imunidade. Os tipos mais escuros apresentam maior concentração de sais minerais. “O mel de eucalipto é expectorante; o de assa-peixe é anti-inflamatório; o silvestre é um ótimo composto vitamínico”, afirma. “ Uma das poucas contraindicações do mel é que ele não deve ser ingerido por crianças com menos de um ano, pois ele tem origem animal e elas ainda não têm sua flora intestinal completamente desenvolvida.”

O apicultor Ademir informa que o apiário Nona Emília é fiscalizado pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) e alerta as pessoas para que não consumam mel falsificado. “Hoje em dia está muito difícil de se encontrar um mel de qualidade, que seja realmente puro”, opina. Ele conta que existem, pelo menos, quatro maneiras de se falsificar mel: quando é feita uma mistura de água e açúcar em tacho; quando os produtores dão xarope para incentivar a produção pelas abelhas; quando as próprias abelhas, que estão instaladas próximas a áreas urbanas “falsificam” seu mel, produzindo outro produto por meio de substâncias que não o néctar, como doces que foram para o lixo; e ainda quando tentam vender mel substituído por glicose. “Todo mel feito por abelhas, ao contrário do que algumas pessoas pensam, cristaliza”, revela. “Isso ocorre quando o produto atinge a temperatura de 22 graus. Ele pode mudar de cor, sabor, cheiro, densidade e formato de cristalização” (confira abaixo uma receita para testar o mel que você comprou).

Fabricação do produto Ademir descreve que o processo de fabricação do mel começa com a coleta do néctar pelas abelhas diretamente das flores. Estas abelhas, chamadas operárias campeiras, entregam o néctar, com 50% de umidade, para as operárias de quarta semana de vida, que o desidratam. Depois, o produto é armazenado no favo, que é lacrado com cera. A partir deste momento, o mel já está maduro e pode ser consumido tanto pelas abelhas, para estoque em épocas de seca, frio, chuva ou falta de alimento mesmo, ou já pode ser destinado para consumo humano. Posteriormente, vem as etapas de filtragem, decantação (cada uma com uma determinada duração) e envasamento.

Saiba se o mel que você comprou é mesmo puro! Thomaz Vanini, do apiário Nona Emília, ensina que, para saber se o mel que você comprou é mesmo puro, basta fazer o seguinte teste: - misture uma colher de sopa de mel em 40 ml de água e dissolva. Depois, pingue de oito a 10 gotas de tintura de iodo. - resultado: se a mistura escurecer, o mel não é puro. “Quanto mais escuro, mais falso. Alguns chegam a ficar completamente pretos”, afirma.

12

www.apezero1.com.br


Mai/Jun 2015

13


Plante e Colha

T

Aipo

Saboreie

ambém conhecido como salsão, o aipo é um legume que se colhe anualmente. Crocante, ele é ligeiramente salgado e picante. Pode ser utilizado em sopas, saladas, sucos e como condimento. Tanto as folhas quanto os talos e raiz são comestíveis. Ele é rico em vitaminas C e A, minerais, e é um antioxidante natural. O aipo tem baixa quantidade de calorias e é rico em fibras, portanto, é um bom aliado para quem quer Ingredientes: • Um talo de aipo • Uma maçã (com ou sem casca) • Suco de meia laranja ou um kiwi

Modo de preparo: bata tudo no liquidificador ou passe os ingredientes na centrífuga. Depois é só saborear.

Para plantar

O aipo tem uma lista gigante de benefícios ao organismo. Conheça alguns: Protege o sistema imunológico; reduz sintomas de resfriado e dores de inflamações, como da artrite reumatoide; é expectorante; aumenta a produção de saliva e sucos gástricos; facilita a digestão; atua como laxante; reforça o sistema autoimune; melho-

14

www.apezero1.com.br

perder peso, pois ajuda a diminuir a retenção líquida e, consequentemente, o inchaço do corpo todo, principalmente pés e mãos. Uma dica para quem quer perder peso com o aipo é fazer um suco super saboroso, que deve ser bebido 20 minutos antes da primeira refeição do dia ou, ainda, antes de se fazer exercícios no período da manhã. Mas é importante lembrar que depois da atividade física, é bom tomar café da manhã.

Se você quiser plantar o seu próprio aipo, saiba que precisará de um espaço com terra bem fértil, rica em matéria orgânica. Se você não tem um espaço no seu quintal, ou se mora em apartamento, é possível plantar o legume em vasos com, pelo menos, 30 cm de profundidade. O aipo precisa de luz solar direta algumas horas por dia e o solo deve estar sempre úmido, porém, não encharcado. As sementes não devem ser cobertas com muita terra, pois precisam da luz do Sol; o ideal é que

ra o aspecto da acne, pois depura o sangue e tem propriedades antibacterianas; ajuda na cicatrização de feridas e queimaduras; é bom para a pele e ossos; diminui os sintomas da fadiga crônica; combate o nervosismo e dores de cabeça; reduz o risco de câncer; alivia doenças cardiovasculares e hipertensão; protege da osteoporose, além de muitos outros. fiquem na superfície do solo úmido ou sob uma fina camada de terra peneirada. As sementes devem ficar a uma distância média de 30 cm entre uma e outra. A colheita ocorre de 75 a 150 dias após o plantio. O legume pode ser colhido inteiro, sendo cortado rente ao solo, ou as folhas podem ser extraídas individualmente, quando necessário. Como as sementes do aipo demorar para germinar, você pode colocá-las na água por 24 horas para ajudar no processo.


Mai/Jun 2015

15


Viver em Condomínio

A penhora da unidade condominial por dívida de condomínio

M

uitos operadores do direito, em defesa do inadimplente, tem evocado a Lei nº 8.009 de 29 de março de 1.990, a chamada “LEI SARNEY”, que dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de família, contudo, o legislador disciplinou várias exceções à regra da impenhorabilidade do imóvel, sendo uma delas “em virtude de cobrança de impostos, prediais ou territoriais, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar”. Ao passo disso, esta lei permitiu a possibilidade da penhora da unidade condominial em virtude do não pagamento das despesas de condomínio. A obrigação quanto ao pagamento da despesa condominial é chamada em direito de obrigação “propter rem”, ou seja, é uma obrigação em que o devedor, por ser titular de um direito sobre a coisa, fica sujeito a uma determinada prestação. Vale dizer: o pagamento da despesa condominial se estabelece não com uma pessoa, mas com quer que seja o proprietário ou possuidor do imóvel. Assim, analisando esta Lei e o caráter da obrigação de pagamento da despesa condominial, os operadores do direito entendem pela não aplicação da impenhorabilidade da “LEI SARNEY” com o intuito de excluir da penhora o bem imóvel utilizado como unidade familiar dentro do condomínio, caso contrário, o condomínio não teria meios para compelir o devedor a pagar a sua dívida e estaria sendo premiada e estimulada a inadimplência. Os tribunais vêm entendendo sobre a possibilidade de penhora do imóvel em razão da dívida de condomínio: “Processual civil. Despesas condominiais. Bem de família. Penhorabilidade. Lei n. 8.009/90. Exegese. A jurisprudência das Turmas integrantes da 2ª Seção do STJ pacificou-se no sentido da possibilidade da penhora de imóvel que serve de residência à família do devedor para assegurar pagamento de dívida oriunda de Carlos Eduardo Quadratti é advogado despesas condominiais do próprio especializado em direito condominial e de bem. II. Agravo improvido. Incidênvizinhança e jornalista articulista inscrito no cia da Súmula n. 83 do STJ.” (STJ. MTB 0062156SP. AgRg no Ag 355145/SP - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2000/0138601-8; Quarta Turma; Min. Rel. Aldir Passarinho Junior; j. 19.11.2001 p. 286; LEXSTJ vol. 150 p. 16). 16

www.apezero1.com.br

“Penhora - lei nº 8.009/90 - Crédito executado que consiste em despesas de condomínio - excluída a impenhorabilidade do imóvel - despesas ou taxas de condomínio que não estão sob a proteção legal, sendo decorrentes da obrigação compulsória estabelecida pela lei de forma expressa, nos termos do artigo 12 da lei nº 4.591/64 - inteligência do artigo 3º daquele diploma legal. As despesas condominiais, em face da obrigatoriedade do artigo 12 da Lei nº 4.591/64, não estão amparadas pelas benesses da Lei nº 8.009/90, ficando sujeitos à penhora o imóvel e os bens que o guarnecem” (1º TACIVIL/SP; Ap. nº 604.042-6-SP; Rel. Juiz Ademir de Carvalho Benedito; j. 14.08.95; v.u., Bol. AASP nº 1.964/p. 65-e).” À luz do novo Código Civil, podemos encontrar no subtítulo que trata do bem de família o artigo 1.715 que, ao permitir a penhora de imóvel instituído como sendo “bem de família”, veio então eliminar toda a velha controvérsia sobre o tema. Vale aqui reproduzir o texto legal uma vez que se trata de legislação nova e, por estar deslocada do capítulo que aborda os condomínios, poucos puderam se atentar sobre a existência de tal preceito legal, até mesmo os mais iniciados nas questões condominiais não se aperceberam da nova legislação que ora reproduzimos: “Art. 1.715 O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. (grifamos)” Entendemos também que por serem consideradas “propter rem”, as despesas condominiais justificam a penhora da unidade devedora mesmo quando esta esteja gravada com as cláusulas de impenhorabilidade e inalienabilidade, pois seria social e moralmente inaceitável que o condômino inadimplente ficasse na confortável posição de não honrar o dever de pagar as despesas do condomínio, as quais seriam suportadas pelos demais condôminos que pagam pontualmente as despesas condominiais. Dessa forma, pensamos que é possível a penhora da unidade que se encontra devedora das quotas condominiais, não sendo meio de defesa do devedor as restrições impostas pela “LEI SARNEY”, sob a alegação de impenhorabilidade do bem de família. Assim, o devedor de condomínio pode vir a perder seu apartamento ainda que seja o único imóvel que possui e que abriga sua família, fato que traz ao débito condominial relevante importância perante os demais débitos da vida cotidiana.


Mai/Jun 2015

17


capa

Evolução pessoal Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz, Rafael Godoy Renato Amoroso e divulgação

R

eligião não se discute! Então, a equipe da Apê Zero 1 acertou em escolher o tema Budismo para tratar na capa desta edição. Erroneamente conhecido por muitas pessoas como uma religião, o budismo – geralmente representado pela figura gordinha de Buda sentado, sorridente, um tanto quanto simpático –, é uma filosofia de vida não teísta, que busca o treino da mente, sublimação dos sofrimentos e conexão com pensamentos e sentimentos positivos. Ao falar sobre budismo, a Apê objetiva contar a história de indivíduos que se identificaram com a filosofia. Para cada um dos cinco entrevistados (uma monja e quatro praticantes), os ensinamentos de Buda chegaram em momentos específicos de suas vidas, de maneiras e por motivos diferentes: superação de traumas e problemas físicos, encontro da felicidade sem prazo de validade, treino do desapego e, até, lógica (!) A seguir, exemplos que podem ajudar quem ainda está em busca de um caminho. Tenha a mente aberta e seja bem-vindo a um novo mundo. 18

www.apezero1.com.br


Retomada de um desejo de infância A monja Kelsang Chime (que significa alegre mantenedora de longa vida) nasceu em 1956 em Jundiaí, trabalhou em laboratório de química, com massagem terapêutica e acupressura. De origem católica, sempre gostou dos ensinamentos que recebeu nesta religião, a ponto de acreditar que Jesus pode ser considerado um buda, ou seja, um ser iluminado. “A vida espiritual, interior, sempre foi algo que me acompanhou e que teve importância para mim. Além disso, posso dizer que sou também uma grande questionadora: sempre estou buscando entender o real significado da vida”, conta. Kelsang explica que o budismo entrou em sua vida em 1995, quando ela esteve no norte da Índia e visitou diversos mosteiros. Ela lembra que no começo de sua trajetória não se dizia budista, apenas estudava para conhecer melhor a filosofia. “Porém, não demorou muito para descobrir que os lugares e pessoas em quem buscava refúgio invariavelmente me decepcionavam, porque a felicidade que eu conhecia não durava e acho que é assim com todas as pessoas.” Ela é praticante do Budismo Kadampa - que não possui rituais de passagem – e se considerou budista quando finalmente encontrou refúgio no Dharma e nos ensinamentos de Buda. “O Dharma é o método budista que protege do sofrimento e, desde então, não tenho mais necessidade de procurar outros métodos de encontrar a paz”, comenta. “Me senti completa e realizada.” Kelsang aprendeu que, independentemente de religião, não é possível ter um caminho espiritual sem um guia. Para ela, qualquer pessoa (leiga ou ordenada) que ensine ao seu seguidor métodos especiais do treino da mente até que este alcance a plena iluminação pode ser um guia espiritual. “É interessante pensar que não precisamos treinar para sentir raiva, inveja e apego”, pondera. “Isso ocorre por causa da familiaridade que temos com esses sentimentos. O que precisamos, portanto, é treinar para mantê-los longe de nós. Este é o grande segredo!” Sobre ser monja, Kelsang lembra que desde criança tinha vontade de ser religiosa, mas com o passar dos anos e acontecimentos (como casamento e filhos), deixou sua antiga vocação adormecida. “Quando encontrei o budismo, aquela vontade voltou. Acho que quando você deseja algo de verdade aquilo se torna realidade”, reflete. “Ordenar-se significa mudar o estilo de vida e, para isso, trocamos nossa forma de vestir, nossos nomes e cortamos o cabelo, que são um símbolo de vaidade.” Para serem professores de Dharma são necessários cursos, autorização e anos de estudo e dedicação.

Kelsang Chime Monja | 59 anos Jundiaí / SP

Há 12 anos, Kelsang é monja Kadampa e professora no Centro Budista Kadampa Vajrayogini, em Jundiaí. Ela escolheu esta vertente do budismo para seguir, também conhecido como Budismo Moderno, pela simplicidade do treino. “Ele melhora nossas qualidades humanas por meio do aumento da nossa capacidade mental”, ressalta. “Minha função como professora e monja é ensinar o método do treino da mente para o maior número possível de pessoas. Sabemos que ele funciona e proporciona uma mente mais feliz a todos que o seguem.” A monja explica que o budismo não é uma religião, pois nele não há deus. Ele está mais relacionado a uma filosofia de vida, em que tudo está dentro da pessoa. Para ela, o estilo de vida budista é simples e baseia-se no treino da mente. Este treino ocorre por meio de exercícios de meditação para mudar estados de sofrimento, aumentar a paciência, diminuir a raiva e controlar o apego. “O maior ensinamento de Buda é nos livrar do sofrimento, o que é muito útil nos dias de hoje. Sem ele, a vida se torna realmente significativa, nossos relacionamentos ficam harmoniosos e nossa felicidade aumenta.” Quando questionada sobre como o budismo se “encaixa” no mundo atual – repleto de conflitos, mudanças e incertezas -, ela afirma: “O budismo é simples: se você muda seu modo de pensar para melhor, como resultado se relaciona melhor com seus problemas, ajuda quem precisa, se torna confiável. É assim que a prática muda o praticante. Isso deveria ser nas religiões também: em todas elas, quanto maior o comprometimento real com os ensinamentos, mais o mundo muda. O que falta para as pessoas hoje, porém, é exatamente esse comprometimento, seja com uma filosofia, com uma ética ou com o outro”, reflete. Mai/Jun 2015

19


capa

Bel Cesar

Psicoterapeuta | 58 anos São Paulo / SP

Lama Michel Rinpoche Seu filho

Proximidade com a filosofia Isabel Villares Lens Cesar, mais conhecida com Bel Cesar, nasceu em São Paulo e tem 58 anos. Ela é psicóloga e trabalha como psicoterapeuta há 26. Bel teve educação presbiteriana, frequentou a Escola Dominical, seu pai foi presbítero, mas sempre gostou de conversar sobre religião e filosofia. “Minha avó paterna costumava responder as minhas inacabáveis perguntas religiosas”, recorda. Quando adolescente, passou a se interessar pela filosofia taoísta e, aos 19 anos, foi estudar musicoterapia em Salzburg, na Áustria. Durante os três anos em que morou na Europa, ficou cinco meses em Hong Kong para aprender Tai Chi. “Foi em 1978: durante um workshop terapêutico percebi que desenhar flores de lótus me acalmava. Ao mostrar os desenhos à minha professora de Tai Chi, ela me questionou por que eu não ia atrás das flores de lótus e me disse que nos templos budistas de Hong Kong havia plantas iguais às que eu desenhava.” O conselho de sua professora fez sentido. Entre as práticas diárias de Tai Chi, Bel começou a visitar templos budistas. “Foi no templo de Po Lin, situado no interior da ilha de Lantau, que tive uma sensação muito clara de que havia encontrado o que buscava. Uma alegria inexplicável”, lembra. No entanto, quando voltou ao Brasil, demorou sete anos para retomar o contato com aquele sentimento que havia tido em Lantau. A reaproximação ocorreu somente quando foi convidada a ajudar um casal a trazer o Lama Gangchen Rinpoche para o Brasil. Bel aceitou o convite e passou a se dedicar à vinda do lama. Porém, a organização do evento durou apenas um mês e ela não teve tempo para pesquisar profundamente o budismo tibetano. “Pensei que só depois de encontrar com o lama poderia pensar melhor se gostaria de conhecer o budismo tibetano”, comenta. “Eu mal sabia que minha vida estava prestes a mudar.” Quando encontrou o lama pela primeira vez, os dois tiveram uma crise de riso antes de poderem se cumpri20

www.apezero1.com.br

mentar. Com o passar dos dias e da convivência com ele, Bel experimentou uma profunda paz, que considerou ser nova em sua vida. “Três dias depois, Lama Gangchen Rinpoche me disse que eu abriria seu primeiro Centro de Budismo Tibetano no Ocidente”, revela. “Fui tomada por uma emoção em que medo e alegria se mesclaram e, naquele momento, eu já sabia o que este convite evidenciava: minha vida ia passar por uma mudança radical.” Depois de um ano da visita, o Lama Rinpoche estava novamente em São Paulo para fundar o Centro Dharma da Paz Shi de Chöe Tsog, mesma época em que Bel formava-se em Psicologia. “Eu já havia compreendido que a filosofia budista seria a base do meu trabalho.” O que ela ainda não sabia, entretanto, era que seu filho Michel teria um laço forte e importante com o budismo e que ajudaria a expandir os ensinamentos de Buda no Brasil. Enquanto recebia o lama pela primeira vez e abria o centro, ela já estava sendo preparada para receber a nova filosofia em sua vida. “Quanto aos princípios do budismo e a conexão com meu mestre Lama Gangchen Rinpoche nunca tive dúvidas, nem mesmo de aceitar o seu pedido de fundar seu primeiro centro budista no Ocidente”, esclarece. “Sempre me senti familiar à filosofia. Não tive um ritual de passagem na forma tradicional, pois ‘mergulhei’ direto na fonte, o budismo passou a ser a minha vida.” Ela compreendeu que a filosofia é capaz de ser sofisticada e profunda ao mesmo tempo em que é simples e direta. O que mais chamou sua atenção nesta maneira de viver foi o processo interior que ela desencadeou em sua vida naturalmente. “Passei a ter uma visão mais correta da realidade, a buscar mais amor, generosidade, paciência. Compreendi e aceitei a impermanência e a interdependência das causas e condições.” Bel segue a linhagem Gelugpa e seu mestre continua sendo o Lama Gangchen Rinpoche. O budismo alterou sua vida de diversas maneiras, mas talvez a mudança mais radical tenha sido em relação a seu filho: com 12 anos, o garoto foi morar em um monastério no sul da Índia, pois foi reconhecido como lama no Brasil. Hoje, ele é Lama Michel Rinpoche e tem 34 anos.


Entender

a própria energia

Karina Moraes

Empresária | 27 anos Jundiaí / SP Karina Moraes, empresária de 27 anos, nasceu em Piracicaba, mas mora há três anos em Jundiaí. Ela sempre se interessou pelo tema religião e conta que já praticou e conheceu várias, como a católica, evangélica e espírita. Em 2008, quando estava em Americana, uma amiga a apresentou ao budismo e ela decidiu, por impulso, conhecer com maior profundidade aquela novidade. “Eu queria entender a energia que havia dentro de mim. Me encontrei no budismo, foi aí que as coisas começaram a fazer sentido na minha vida.” A jovem passou a ir em centros e ler a respeito da filosofia. Sua preparação para ser budista, que ainda está em andamento, consiste em frequentar aulas sobre os ensinamentos de Buda, aprender métodos de meditação, como alcançar diferentes estados mentais e participar de retiros. “Depois de quatro anos me dedicando a este novo conhecimento, passei por uma espécie de batismo”, conta. Integrante do Budismo Kadampa - em que rituais de passagem não são realizados -, ela afirma que, em 2012, sentiu-se oficialmente budista no final de um curso sobre a filosofia. Ela explica que o processo para tornar-se budista é difícil e exige disciplina. “É um processo natural: você lê livros, recebe lições, faz provas, aprende a meditar e treina a prática”, descreve. “Buda é um estado mental. Existe o Buda da Purificação, o da Sabedoria, que são representações de estados mentais. No budismo,

treinamos como nos livrar das chamadas mentes negativas de apego, ignorância e tentamos nos conectar com as mentes positivas da paciência, compaixão.” Ela resume: “Nosso objetivo é superar o sofrimento e encontrar a felicidade verdadeira, a paz.” Foi o budismo que ajudou Karina em um momento de provação. Em 2011, ela sofreu um acidente de carro gravíssimo que quase lhe roubou a vida. Até hoje, ela se recupera do ocorrido. “Estava em Minas Gerais e perdi o controle do carro. Quase morri. Tive que usar cadeira de rodas, muletas, machuquei a coluna, precisei fazer várias cirurgias”, lembra. Ela buscou apoio no budismo e encontrou, pois entendeu que precisava mudar sua mente para obter e perceber mudanças na prática. “Como você cria sua própria realidade, se você purifica sua mente, as pessoas e os acontecimentos ao seu redor também serão purificados, então, me recuperei do acidente porque soube lidar com o fato de uma maneira mais pura; o budismo me deu mais paciência.” Sobre o aspecto material da vida, a busca do conforto e da realização, Karina é segura ao afirmar: “Por exemplo, ter dinheiro é bom porque proporciona a oportunidade da pessoa estudar, fazer cursos, se aperfeiçoar, ter uma vida confortável. Mas como budista, busco uma vida simples. Para mim, o importante é ter a felicidade e uma vida plena. O resto é consequência.” Mai/Jun 2015

21


capa

Filosofia

baseada na lógica

O empresário Rogério Cavalcante, de 38 anos, é nascido em Santo André e mora em Jundiaí desde os três anos. Sua busca espiritual começou cedo, estudando o espiritismo. “Sempre tive ligação com o lado espiritual, com o que vai além do material”, afirma. “Não me interessava pelo lado místico das coisas, mas sempre quis saber como me tornar uma pessoa melhor.” Em 2011, ele conheceu o budismo por meio de uma palestra do Lama Michel Rinpoche e o que o atraiu foi exatamente o lado filosófico que o budismo evidencia. “Comecei a ler a respeito e tudo fez sentido”, conta. “Depois de apenas três meses em contato, fui para o Nepal e fiquei 10 dias em um monastério. Nossa rotina era baseada em meditação.” Rogério revela que, a princípio, o ensinamento budista que fez mais sentido para ele foi em relação ao refúgio. “Cada um tem o seu: as pessoas buscam refúgio em suas próprias religiões, na comida, em bebidas, em drogas. Como budista, você aprende a tomar refúgio nas Três Joias, que são o Buda, o Dharma e a Sangha.” Para ele, a prova de que a pessoa é realmente budista ocorre 22

www.apezero1.com.br

quando ela busca refúgio nas Três Joias nos momentos de maior dificuldade e provação. Foi assim que percebeu que havia mudado. Seguidor do Budismo Tibetano, ele confirma que a filosofia deve ser aplicada e vivida no cotidiano, por isso, a meditação é uma importante ferramenta de treino da mente. “Certa ocasião, fiz um retiro em que fiquei 10 dias em silêncio, meditando 14 horas por dia.” Rogério realmente “mergulha” nos ensinamentos e oferece uma explicação capaz de fazer a mais cética das pessoas entender como a ferramenta meditação funciona. No método tradicional, a meditação é a concentração na respiração e o estágio de atenção plena. “Não existe meditação em que não se pensa, como muitas pessoas falam ou acreditam. Por exemplo: entendo que a raiva é um estado mental que preciso mudar em mim. Quando medito, sento confortavelmente em uma posição que não me leve facilmente à distração ou que não cause sono, trago meu objeto de raiva em minha mente e começo a refletir sobre aquilo. Passo a indagar porque sinto aquela raiva, o que ela causa em mim, o que a libera, então, começo a desconstruir o objeto de raiva (seja uma pessoa ou situação). Se faço isso durante tempo suficiente, que varia para cada pessoa, consigo me libertar daquele tipo de pensamento.” Segundo Rogério, a filosofia budista acredita que não há início nem fim, apenas continuidade. Daí a necessidade de se corrigir pensamentos e sentimentos negativos. “Somos livres para fazer nossas escolhas, só não somos livres para escolher as consequências.” Após começar a praticar o budismo, o empresário tornou-se uma mais tolerante e menos apegado a coisas materiais. Seus mestres são o Lama Michel Rinpoche e Lama Gangchen Rinpoche. Ele participa de encontros com eles cerca de três vezes por ano e ressalta: “O budista depende de uma mudança interior. Você deve buscar o conhecimento e aprender a colocá-lo em prática. Nossa mente está condicionada a fazer sempre as mesmas coisas, então, ela precisa ser treinada para mudar o padrão”, diz. “É importante tentar diminuir o apego, a ignorância, raiva e inveja para dar lugar aos pensamentos e sentimentos positivos de sabedoria, paciência, entre outros.” Para Rogério, uma importante questão trabalhada no budismo é a morte. Acredita-se que o estado do indivíduo no momento em que morre contribui para a condição do renascimento. “Como acreditamos na continuidade, é importante saber como lidar com o momento da morte da melhor maneira possível. É a única certeza que temos; por que não nos prepararmos para ela?”


Rogério Cavalcante Empresário | 38 anos Jundiaí / SP

Mai/Jun 2015

23


capa

Superação

de angústias

Thomaz Hernandes tem 31 anos, nasceu em Curitiba, mora em Campinas há menos de um ano e trabalha como vendedor. Ele sempre foi ateu e chegou a ter aversão a qualquer coisa que tivesse relação com religião. “Não me interessava pelo assunto, tinha uma visão mais prática da vida e me orgulhava disso.” Entretanto, logo após fazer 20 anos, Thomaz percebeu uma crescente angústia dentro de si: passou a questionar sua vida, por que as coisas que fazia não davam certo e começou a encontrar obstáculos no meio do caminho de seus objetivos. “Esses questionamentos mexeram comigo. Aos poucos, comecei a ler livros de autoajuda, depois fui para os de filosofia, passei a ler muitos trabalhos de Osho e, quando percebi, estava praticando ioga”, recorda. “Por causa da ioga, passei a ler livros sobre budismo e tive uma sensação boa, como se finalmente tivesse chegado em casa.” Entre o início na faculdade e a prática de budismo passaram cerca de dois anos que ele afirma terem sido vividos plenamente. “Não fui relutante; na verdade, a transição para me tornar budista foi bem tranquila, a filosofia conseguia se comunicar com o meu lado mais cético.” Em 2007, com 20 e poucos anos, ele conheceu o proprietário de um espaço holístico em Curitiba, que também era seu professor de Tai Chi e budista. “Na época, tinha uma quantia em dinheiro e resolvi que iria para a Índia ficar um tempo sozinho, longe de tudo, pensando.” Seu professor sugeriu que, ao invés da viagem, ele fizesse um retiro de um mês pelo Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) no Rio Grande do Sul. “Lá, minha rotina era meditação, discussões em grupos e ensinamentos.” Quando voltou para Curitiba, passou a frequentar o centro do Lama Samten, onde os frequentadores se encontravam para discutir ideais. Após alguns meses, ele

24

www.apezero1.com.br

encontrou outro centro: o de Dordje Ling, pertencente à linhagem Chagdud Gonpa, da tradição Nyingma, do Budismo Tibetano. “Pratiquei durante dois anos, até terminar a faculdade”, comenta. “Lá, ao contrário de alguns centros, tínhamos orientação de um professor, que nos auxiliava nas práticas de meditação.” Ele se identificou tanto com a filosofia que decidiu morar em um templo budista para melhorar sua prática, ler mais a respeito e ficar imerso naquela cultura. “Me tornei residente do templo da professora Lama Tsering, em São Paulo”, conta. “No período da manhã, estudava e no da tarde, trabalhava voluntariamente. Fazíamos treinamentos para a mente, meditações silenciosas, guiadas, ioga.” Quando questionado sobre meditação, Thomaz prefere não oferecer detalhes, pois afirma que cada pessoa tem um método próprio. “Isso é muito íntimo. Cada professor passa técnicas para seus alunos de acordo com a personalidade e necessidades deles.” Hoje, Thomaz diz ser uma pessoa mais madura, equilibrada, leve. “Me tornei mais sensível ao sofrimento alheio e a determinados valores, pois o budismo estimula o olhar para o próximo, além de não ter mais aquela sensação de angústia dentro de mim.” Como os outros entrevistados, ele não teve um ritual de passagem, apenas sente que tem um compromisso com o budismo desde 2007. Atualmente, frequenta o Centro Odsal Ling, em Cotia (SP).


Thomaz Hernandes Vendedor | 31 anos Campinas / SP


cidadania

Sejam bem-vindos ao Movimento Voto Consciente!

S

e a cidade precisa melhorar, como você vai melhorar a cidade? Se a política está ruim, como você pretende melhorar a política? Se precisamos de uma cultura política melhor, como você trabalha para construir essa cultura política melhor? Essas três perguntas resumem a missão dos voluntários do Movimento Voto Consciente Jundiaí, que desde 2006 acompanham as sessões da Câmara Municipal para monitorar o trabalho dos vereadores e que já realizou oficinas e palestras de cidadania com quase 10 mil jovens desde então. Um grupo que já realizou 3 concursos de ideias (estamos finalizando o terceiro) para que todos os jundiaienses possam apontar propostas e se engajar por soluções que melhorem a cidade. Desde então, leis foram mudadas ou criadas. Milhões de reais destinados a implementar propostas apontadas por cidadãos. Nunca mais um prefeito foi eleito sem ser sabatinado. Em todas as eleições, as pessoas têm um mínimo de informações e dos compromissos dos candidatos através da Ficha Pública, jornal que é impresso a partir de doações da própria comunidade. E além dos milhares de jovens que participaram das oficinas ou dos concursos, temos dezenas que viraram voluntários ou que, hoje, lideram o movimento ou formaram outros coletivos na cidade. Muitos passaram a participar de conselhos municipais, de audiências públicas e acompanhar mais as questões coletivas da cidade. Somos um grupo voluntário, não uma ONG. No grupo, todos têm outras ocupações e dedicam seu tempo livre para despertar a cidadania jundiaiense. No começo, nosso trabalho era apenas de monitorar a Câmara e produzir um “ranking” avaliando os trabalhos dos vereadores. Mas desde logo cedo percebemos que isso é muito pouco. Henrique Parra Parra Filho é jundiaiense, cienExplico: é algo fundamental e imtista social, voluntário desde 2006 do Movimento portante, tanto é que mantemos Voto Consciente, cofundador do Cidade Democráa ação como um dos nossos printica e ajudou a idealizar o Concurso Cidadonos. cipais projetos, mas é pouco se realmente queremos promover um impacto na cultura política da cidade e na participação social. Desde cedo percebemos que tínhamos de ir aos bairros e principalmente escolas. 26

www.apezero1.com.br

Desde cedo, percebemos que não basta existir um grupo que reúna pessoas muito dedicadas e que a gente estimule outras pessoas dedicadas a somar força conosco. O acompanhamento da Câmara é apenas uma das ações necessárias para que a cidade, a política e a cultura de participação melhorem em Jundiaí. Não basta pedirmos que as pessoas apontem ideias, como se os governos fossem os únicos responsáveis por sua implementação, ou pior, nos colocando como “representantes” dessa pauta. Não basta produzir ótimos indicadores e informações, sem estimular que outros movimentos e o próprio Poder Público desenvolva indicadores também. Em outras palavras, nosso foco não está em fortalecer a nós mesmos, mas em distribuir conhecimento e competências na cidade. Precisamos estimular a participação direta das pessoas. Precisamos envolver outras entidades e movimentos para que também fiscalizem e mobilizem. Precisamos semear novos movimentos e coletivos para discutir assuntos que ainda não são debatidos. Precisamos construir um grande concurso de ideias que sirva como mote para todos os professores e escolas que, assim como matemática, redação ou física, acreditam na importância em desenvolverem competências socioemocionais de negociação, mediação, arbitragem, decisão etc. Por isso, somos um movimento. Deixamos há muito tempo de ser e pensar enquanto organização. Todos aqueles que se identificam com nossos objetivos e atuam de alguma forma, de muitas formas, são parceiros, amigos e de alguma forma estão ligados a nós. Desde os professores que trabalham questões de cidadania em suas aulas, passando pelas pessoas que apontam ideias nos concursos Cidadonos e mobilizam seus amigos, até as entidades que realizam sabatinas, debates e fortalecem a cobrança aos governantes. E também, por que não, os políticos que se dedicam verdadeiramente a dialogar, ouvir e responder a estas centenas de pessoas que têm se engajado. Assim, é com alegria que dou o pontapé neste espaço que pretende ser uma conversa com os leitores da Apê Zero1. E como somos um movimento que não se personaliza, tentaremos que cada coluna seja escrita por um voluntário ou voluntária diferente! E quem sabe, em algum mês futuro, por você que nos lê e decidir “fazer acontecer” na cidade!


Mai/Jun 2015

27


Radar Apê

Quem é responsável pela quitação da dívida de inadimplência: o proprietário ou inquilino? Legalmente, a relação ocorre entre condomínio e condômino. Então, é o proprietário (condômino) quem deve ser acionado judicialmente em caso de inadimplência, mesmo que a responsabilidade de pagar as taxas condominiais seja do inquilino. Caso ele não pague nem o proprietário, o próprio bem, ou seja, o condomínio (imóvel) deve ser usado para quitar a dívida. O mesmo princípio vale para o pagamento de IPTU. Portanto, é aconselhável que o próprio condômino fique responsável pelo pagamento da taxa de condomínio, pois, desta maneira, evita que o inquilino deixe de pagar.

O que deve ser feito caso o inquilino seja multado? O síndico deve seguir o regulamento interno/convenção. A multa deve ser sempre endereçada ao condômino (proprietário), que tem a chance de contestar e se defender em relação à situação que ocasionou a multa. Depois de quitar a dívida, o proprietário pode conversar com o inquilino para que este o devolva o valor da multa paga. Se o inquilino se recusar a pagar, a responsabilidade será do condômino.

Como os moradores podem agir diante de irregularidades cometidas pelos síndicos, como falta de balancete e prestação de contas? A prestação de contas deve ser anual ou ocorrer quando exigido em assembleia. Para se convocar tal assembleia, deve-se fazer um abaixo-assinado com assinatura de, pelo menos, um quarto do total dos condôminos concordando com sua realização. O síndico também deve ser convocado para a assembleia, se for condômino, e ter a chance de explicar as atitudes que levaram os condôminos a exigirem a realização de uma assembleia ou, ainda, ser destituído.

Colaborou nesta seção o advogado condominial Carlos Eduardo Quadratti 28

www.apezero1.com.br


Mai/Jun 2015

29


Hidro

pets

terapia e suas várias aplicações Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

30

www.apezero1.com.br


C

larinha, uma cadela da raça buldogue inglês, tem cinco anos e está gordinha. O físico robusto, típico de sua raça, somado à displasia de quadril e ao sobrepeso fizeram-na precisar emagrecer para ter mais qualidade de vida. Em busca do melhor para a pet, a guardiã Sharira Rios procurou a hidroterapia (terapia na água), um tipo de exercício físico de baixo impacto, indicado para perda de peso, tratamento de dores ou reabilitação em casos de pós-operatório. Sharira conta que Clarinha começou a fazer o exercício – realizado em uma esteira dentro de um tanque com água – em novembro de 2013. Logo no primeiro mês, o treinamento já fez diferença. “Ela emagreceu, ficou mais ágil, brincalhona e animada”, comenta. “Mas foi necessário também fazer uma reeducação alimentar para ajudar a melhorar a saúde dela.” Quem recomendou a técnica para Sharira foi o veterinário de Clara. No início, ela fazia duas sessões por semana, depois passou para uma e hoje faz uma a cada

15 dias. “No começo foi difícil para ela se acostumar, pois não consegue se movimentar por muito tempo”, conta. “Mas as pessoas têm que ter paciência e seguir a recomendação dos especialistas. O tratamento é longo, então, tem que ter disciplina.” Clara faz hidroterapia com a médica veterinária Viviane Rossi, da Spaço Vet. Ela afirma que a prática é mais usada em pets que precisam emagrecer, pois a maioria dos animais com sobrepeso desenvolve problemas de articulação. “Como os exercícios são feitos na água, não há impacto nem dor, os bichinhos conseguem executá-los sem problema”, explica. “Além disso, na água, há uma diminuição de até 75% do peso deles.” Além desta finalidade, a hidroterapia também é eficiente em animais paralisados ou que estão em processo de reabilitação depois de uma cirurgia. “Os exercícios ajudam no equilíbrio de animais com sequelas neurológicas e idosos”, informa. “Os atletas também podem fazer como forma de manter o condicionamento físico.” Mai/Jun 2015

31


pets

Viviane Rossi Veterinária

Sharira Rios

Guardiã de Clarinha Viviane esclarece que as aves não podem fazer este tipo de terapia e que existem algumas contraindicações. “Os animais não podem ter feridas abertas, epilepsia, estar com pontos ou ter medo de água”, diz. Ela ressalta que alguns, em um primeiro momento, não querem ter contato com a água, mas depois gostam da experiência, enquanto outros não, então, é preciso respeitar esse limite. “Com relação à idade não há problemas, desde que o procedimento seja sempre acompanhado por um veterinário que conheça o histórico do animal e saiba se ele é cardíaco, por exemplo. Neste caso, deve-se tomar cuidado e não forçar.” Hidroterapia O tempo de exercícios depende da saúde de cada pet, mas não deve ultrapassar 20 minutos, que só podem ser realizados se o animal tiver um bom condicionamento físico. “Cada minuto na esteira corresponde a três minutos no solo”, orienta. “Por isso, os animais ficam poucos minutos dentro da água.” Entre os movimentos realizados estão os de declive, aclive e camiHidroterapia é uma terapia dentro da água, que pode ser dividida em duas categorias: hidroesteira ou natação. Hidroesteira: exercícios de baixo impacto realizados em uma esteira dentro de um tanque com água, que diminui em até 75% o peso do animal. Indicada para: perda de peso, reabilitação em pós-operatório, tratamento de dores, problemas de articulação, paralisia, equilíbrio em casos de sequelas neurológicas, condicionamento para animais atletas ou para animais idosos. Quais animais podem fazer? Quaisquer animais, 32

www.apezero1.com.br

nhada. São utilizados materiais como prancha, boia e colete, a depender do exercício que o veterinário julga ser melhor para o animal. O tanque em que Clarinha faz esteira tem capacidade para mil litros de água, que, segundo Viviane, é filtrada e tratada com ozônio. “Este produto não causa alergia e a água pode ser bebida.” A temperatura também depende da finalidade da hidroterapia, mas geralmente fica entre 27 e 30 graus. “Água mais fria é usada para condicionamento físico e quente, para aliviar dores e relaxamento.” A veterinária afirma que a periodicidade do tratamento depende do animal e da condição física dele. Em casos de reabilitação são indicadas, pelo menos, 10 sessões. Já para perda de peso são necessários meses. Sharira, a guardiã de Clarinha, está feliz com o resultado da técnica. Ela ressalta que a cadelinha passou a ter uma rotina e sofre menos com as dores da displasia; tem horário para dormir, come apenas o indicado (exceto quando, às vezes, alguém a faz sair da dieta oferecendo algum petisco), está muito mais saudável e teve um aumento em sua expectativa de vida. exceto aves e aqueles que se enquadram em alguma das contraindicações: feridas abertas, epilepsia, pontos e medo. Os cardíacos devem ser observados e todos devem ser sempre acompanhados por um veterinário para verificar o andamento do exercício. Tempo: depende do animal e da finalidade da terapia, mas não pode ultrapassar 20 minutos. Este tempo é indicado apenas para animais atletas, com acompanhamento. Geralmente, os animais ficam bem menos, pois um minuto na água equivale a três minutos de exercício no solo. Fonte: Viviane Rossi, médica veterinária da Spaço Vet.


Mai/Jun 2015

33


34

www.apezero1.com.br


Mai/Jun 2015

35


crianças

Marizilda Martins Diretora pedagógica

Educação bilíngue: benefícios imediatos e a longo prazo Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

E

ducação bilíngue: você já deve ter ouvido este termo acompanhado de muita polêmica. No entanto, pesquisas têm mostrado cada vez mais que ensinar as crianças em duas línguas pode ser mais favorável do que se imaginava. Adepta desta vertente educacional, a diretora pedagógica da Maple Bear Jundiaí, Marizilda Martins, afirma que a maioria dos pais busca escolas bilíngues pensando principalmente no segundo idioma e nas facilidades que o filho poderá ter no decorrer da vida - principalmente no mercado de trabalho - sendo fluente em inglês. “Falar uma segunda língua, ainda mais o inglês que é universal, é importante, sim, para o mercado de trabalho, pois a criança cresce fluente”, afirma. “Mas há outros benefícios, como o exercício do cérebro, que leva ao raciocínio mais rápido.” Para ela, a criança bilíngue não é mais inteligente nem mais esperta que a monolíngue, porém, por usar dois códigos linguísticos, a pessoa que fala duas línguas recebe mais estímulos. “A renomada psicóloga canadense, Ellen Bialystok, pesquisou e concluiu que idosos bilíngues pre-

36

www.apezero1.com.br

coces apresentam menor incidência de desenvolvimento de doenças senis, como o Mal de Alzheimer, em comparação com os idosos que falam apenas um idioma.” Marizilda comenta que pessoas que se posicionavam contra ou com restrições à educação bilíngue acreditavam que o code switch (troca de código) era algo negativo para o desenvolvimento da criança. “Os alunos podem fazer algumas ‘confusões’ quando estão aprendendo dois idiomas e misturar, na mesma frase, palavras pertencentes às duas línguas, o que não é ruim, pois isso mostra que o aluno consegue formar uma frase, com sentido, utilizando os códigos que conhece”, explica. “Alguns falam ‘miss, por favor, amarra meu shoes? Este tipo de confusão mostra que o cérebro está sendo exercitado em um nível muito favorável e que a criança é capaz de usar os códigos que reconhece em cada língua.” Com o tempo, estas situações deixam de acontecer naturalmente. Segundo a profissional, as crianças conseguem aprender até três línguas simultaneamente, pois quando as pessoas nascem, têm capacidade de reproduzir os fonemas


de todos os idiomas existentes. “No entanto, com o passar do tempo, audição e prática de apenas uma língua, esta habilidade natural é inibida.” Na escola onde Marizilda é diretora, a metodologia usada é a canadense, ou seja, de imersão no inglês, já que os alunos de dois a quatro anos aprendem exclusivamente o idioma, por meio de práticas como linguagem oral, conhecimento de mundo, movimentos, música e matemática. “Quando têm cinco anos, os estudantes passam a ter 75% de inglês, pois introduzimos o português durante uma hora diária, que é quando começa a ocorrer a alfabetização na língua materna”, conta. A partir dos seis anos, há 10 matérias na grade curricular e as duas línguas são utilizadas igualmente: inglês, ciências, matemática, robótica e música são trabalhadas na segunda língua; português, história, geografia, educação física e artes, na língua materna. Outro ponto que já foi considerado negativo é o fato de alguns especialistas acreditarem que a educação bilíngue causa a perda do contato com a cultura brasileira. “Isso não ocorre porque todas as datas comemorativas e folclore brasileiro são celebramos o folclore e todas as datas comemorativas, ensinamos a história e geografia do país, assim como a cultura canadense”, informa. “Nossa metodologia de ensino segue todos os Parâmetros Curriculares Nacionais, do Ministério da Educação. Também temos um controle de qualidade e certificação feitos pela Maple Bear matriz, do Canadá.” Português primeiro Fernandina Menezes, coordenadora bilíngue e psicopedagoga na The Joy School, outra profissional favorável à educação bilíngue, afirma que o método utilizado na escola em que trabalha prioriza o desenvolvimento natural da criança: compreensão, reprodução, leitura e escrita. Com ajuda dos recursos usados nas aulas o aluno passa por testes para que a professora saiba se ele está ou não assimilando as informações – no caso, em inglês - que tem recebido. “Não há tradução; o que acontece é simplesmente a estimulação e interação com recursos audiovisuais, como desenhos e brinquedos”, comenta. A coordenadora explica que os alunos aprendem primeiro o idioma materno (português) e só depois começam a ter contato com a segunda língua (inglês). “Nossa metodologia consiste em ensinarmos em inglês somente o que os alunos já sabem em português, pois eles também aprendem por associação”, afirma. “Quando as professoras falam algo em inglês, fazem os movimentos correspondentes (como abrir a porta), mostram quem são os boys e as girls. Como ainda não sabem ler e escrever, as crianças entendem que em alguns momentos o termo correto a ser usado é o black e, em outros, é o preto, por exemplo.” A associação e, consequentemente, o aprendizado ocorrem

Fernandina Menezes Coordenadora bilíngue e psicopedagoga com facilidade, pois o aluno não está preocupado em traduzir, apenas se comunicar e, para isso, naturalmente sabe e entende os momentos em que deve usar cada língua. Os pais que pensam em educação bilíngue para seus filhos devem considerar colocá-los na escola o mais cedo possível. “Eles começam com 50 minutos de inglês, tempo que aumenta conforme a idade e a série”, diz Fernandina. “A partir do Ensino Fundamental, nas aulas de inglês os estudantes têm um conteúdo misto, aprendem em inglês a história, geografia, artes e literatura americanas.” Para ela, os benefícios da educação bilíngue se dão a longo prazo, pois a pessoa fluente em uma segunda língua tem boas chances de colocação no mercado de trabalho. “Além disso, conforme desenvolve-se, a criança que aprende dois idiomas têm acesso a uma cultura diferente da sua, fica com o raciocínio mais rápido e aprende a ter postura, sai da escola preparada para a vida em sociedade”, ressalta. Fernandina informa que a escola possui dois calendários (nacional e internacional) e que as celebrações importantes para cada cultura são comemoradas, como por exemplo, o Dia dos Namorados e o Valentine’s Day, datas correspondentes. “Eles aprendem que, no Brasil, o Dia dos Namorados enaltece o lado afetivo, o casal, enquanto nos Estados Unidos o dia tem um significado mais fraterno.” Além das aulas, Fernandina revela que a escola realiza eventos em que o idioma falado é o inglês e que os profissionais que têm contato com as crianças falam, pelo menos, o básico da língua; desta maneira, elas são constantemente estimuladas. Ela avalia que as escolas bilíngues preparam o aluno para prestar vestibular no Brasil e para ser fluente na segunda língua, independentemente do objetivo dele de estudar ou trabalhar fora do País. Já as escolas internacionais funcionam de maneira diferente, pois seguem conteúdo do exterior, ensinam as disciplinas no segundo idioma e preparam o aluno para prestar vestibular em uma universidade estrangeira, não sendo este conteúdo compatível com o exigido nas faculdades daqui. Mai/Jun 2015

37


Para os pequenos anos Proibido para maiores de 18

Brincando com a matemática

Junte um grupo com várias cria nças e ofereça a elas a oportun idade de brincar de uma maneira Elas devem correr à vontade, diferente. em direções variadas. Um adu lto (pais ou professores) falam, em uma operação matemática. Pod voz alta, e-se delimitar que os resultad os sejam até o algarismo 5 ou preferir. As crianças têm que reso 9, do jeito que lver a operação mentalmente e, após chegarem a um resultad juntar a outras, de acordo com o, devem se o número encontrado. Os que sobrarem devem pagar uma pre nda.

a i r ó t s i h a o d Reven r ajoelhadas em forAs crianças devem fica de da uma recebe o nome mato de meia lua. Ca sil Bra do ia nagem da histór um importante perso tre en nt, mo eta, Santos Du (Cabral, Pedro I, Anchi ia, falar: “Revendo a histór ve de outros). O adulto ta en res rep e A criança qu vi que faltava Cabral.” á est a, falt er: “Cabral não Cabral deve respond E, I.” dro Pe quem falta é descobrindo o Brasil, até A criança pode errar . nte me assim, sucessiva en e o jog do is vezes, sai duas vezes; se errar ma . tra na próxima rodada

Estas brincadeiras estimulam rápidas respostas motoras aos estímulos sensoriais e reforçam os conhecimentos em matemática e história do Brasil. 38

www.apezero1.com.br


Mai/Jun 2015

39


Curiosidades da Terrinha

Mausoléu da Segunda Baronesa de Jundiaí Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

O

mais alto mausoléu do Cemitério Nossa Senhora do Desterro, localizado no Centro de Jundiaí, pertence à segunda baronesa da cidade, Anna Joaquina do Prado Fonseca, filha do sargentomor Antônio de Queiroz Telles, Barão de Jundiaí, e da baronesa consorte, Ana Leduina de Morais Jordão. O mausoléu fica na quadra 28 e tem estilo neoclássico francês. É todo construído em mármore de Carrara, tem formato retangular e fica disposto de maneira contrária às outras sepulturas do local, o que confere a ele um maior espaço frontal. Tal característica se assemelha aos túmulos abrigados por igrejas da Europa, que ficavam encostados nas laterais das construções. Por isso, a parte de trás do mausoléu da baronesa é simples, sem elementos, pois foi feito como o modelo europeu, o que quer dizer que poderia ter sido instalado de modo que ficasse encostado em alguma parede: daí o destaque todo na frente e nas laterais. O túmulo é ornamentado com a imagem de um anjo, o Anjo da Desolação – um dos tipos encontrados em cemitérios -, caracterizado pelas mãos dadas, olhando para cima, com um semblante triste e asas abertas, como se estivesse prestes a voar. Acima dele há uma cruz, sem detalhes. Nas laterais, o símbolo da baronesa (um tipo de coroa) vem acompanhado de dois ramos de café e um laço. Abaixo do anjo há o monograma “PX” (cujo significado é Jesus Cristo) e, mais para baixo, vem a tampa da sepultura com o epitáfio: “A memória de Anna Joaquina do Prado Fonseca/Baroneza de Jundiahy/Nascida em 04 de maio de 1821 e falecida em 28 de fevereiro de 1906/Saudade de seus netos.” Acima, um brasão e ramos esculpidos no mármore.

Baronesa de Jundiaí Anna Joaquina do Prado Fonseca foi casada com o Dr. José Manoel da Fonseca - o Senador Fonseca que dá nome à uma das principais ruas de Jundiaí. Ele era filho de Antônio Pacheco da Fonseca e Gertrudes Angélica Rodrigues de Almeida. O marido da baronesa era formado em Direito pela Universidade de Coimbra e exercia a profissão em Jundiaí. Foi procurador fiscal, vice-presidente de província, deputado e senador. Na cidade, era proprietário de fazendas de açúcar e café, além da Fazenda Monte Serrat, em Itupeva. Juntos, eles tiveram um filho: Antônio Leme da Fonseca. Memória Na época em que a Baronesa de Jundiaí faleceu era natural que a família ficasse com quadros que contivessem o cabelo do morto como lembrança. Neste caso, o Museu Paulista, da Universidade de São Paulo, guarda em seu acervo itens que pertenceram à baronesa, como um jogo de porcelana francesa com as iniciais do nome dela (AJPF), além de um quadro com seus cabelos e o monograma “BJ”, referência a seu título de Baronesa de Jundiaí, feito em Paris. Outras três peças assim, que pertenceram à família do Barão de Jundiaí, estão preservadas no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí Solar do Barão. Estes quadros com cabelos possuem molduras ovais pretas, vidros convexos, fundo em opalina, pinturas de túmulos e são adornados com os cabelos retirados dos mortos.

Fonte: Esta reportagem foi redigida com base em material de pesquisa e artigo do pesquisador jundiaiense João Borin. 40

www.apezero1.com.br


Mai/Jun 2015

41


Missão cumprida com alegria Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

L

eonardo fez parte do Garotos da Alegria, grupo similar aos Doutores da Alegria, que atuava em entidades e hospitais jundiaienses (Casa Transitória, Cidade Vicentina e Hospital São Vicente de Paulo), fazendo apresentações e performances como palhaços. O rapaz permaneceu no grupo dos 16 aos 20 anos e quando este foi para Americana, ele começou a trabalhar como motorista de caminhão. “Adorava visitar as crianças e idosos e levar alegria para eles”, comenta. “Mas quando o grupo foi para Americana, fiquei nove anos sem me apresentar, então, comecei a sentir muitas saudades daquela época.” Em setembro de 2014, Leonardo deixou de lado a profissão de caminhoneiro e voltou a fazer uma das coisas que mais gosta: promover a diferença na vida das pessoas que mais precisam. Ele criou, então, o Comando Biruta, um projeto baseado em campanhas pontuais e específicas, realizadas para diferentes entidades de Jundiaí. Ele explica que deu este nome porque o que faz representa “uma missão com alegria”, que já possui mais de mil seguidores em seu perfil no Facebook. O que o Comando Biruta faz? Meu maior objetivo na vida é ajudar crianças e idosos humildes, que moram em periferias ou asilos. Todos os dias, me pinto de palhaço, visto meu uniforme e percorro os ônibus da cidade pedindo que as pessoas me ajudem a ajudar entidades de Jundiaí. Peço atenção dos passageiros e entrego um cartão postal, que tem o número do meu celular impresso. Quem quer pode comprar o cartão por dois reais, pois é através da venda dele que sustento minha família. Quem não quer comprar, mas pode ajudar a entidade, anota meu telefone e eu busco as doações na casa da pessoa, no dia e horário que ela quiser. Nos ônibus, trabalho de terça-feira a sábado, das 9h às 18h. Entro em cerca de 25 ônibus por dia e falo para aproximadamente 500 pessoas. Como você ajuda as entidades? Eu trabalho com campanhas. A primeira que fiz foi o Natal Compartilhado no ano passado. Atualmente, estou arrecadando fraldas para a Casa Mãe Magnífica, que fica no bairro Castanho. O nome desta campanha é “1 + 1 é + Q 2”, começou em março e termina em agosto. Minha meta é arrecadar 3600 fraldas até o final do mês e entregar na Casa, que abriga 30 idosos. Até agora (início de julho), 45 pessoas doaram 1470 unidades de fraldas. Quantas pessoas você já ajudou? Até agora, 200 crianças do Natal Compartilhado, 30 crianças de orfanatos, 30 idosos e 10 famílias carentes. Você tem alguma campanha planejada para este final de ano? Sim, neste ano farei o Cadastrinho de Natal. Meu objetivo é ajudar 500 crianças do Núcleo Balsan, onde já morei. Em setembro, irei percorrer as ruas

42

www.apezero1.com.br


multiplicadores

do Balsan e entregarei uma folha para as crianças anotarem o número de calçado e roupa que usam e pedir um brinquedo. Depois de 15 dias, vou passar novamente para recolher. Em outubro, começo a correr atrás dos padrinhos. É neste momento que volto para dentro dos ônibus e faço aquele trabalho de divulgação do Comando Biruta, falo sobre as pessoas que irei ajudar e como será feita a campanha. Farei a entrega das roupas, sapatos e brinquedos no dia 24 de dezembro, que é quando a campanha termina e começo a fazer outra. Quais dificuldades você tem passado? Eu não tenho parceiros nem patrocinadores, então, faço o que faço porque acredito e gosto. Mas muita gente desconfia, não quer nem olhar para os cartões postais, sequer me ouvir. Outra coisa: eu busco as doações de fraldas e outros artigos nas casas das pessoas de ônibus, então, se tivesse um veículo seria mais fácil. E as conquistas? Desde que fundei o Comando Biruta em 2014 e fiz a primeira campanha estou conquistando coisas, atingindo meu objetivo de ajudar. Mesmo com algumas dificuldades, estou fazendo acontecer um projeto no qual acredito, estou fazendo algo que gosto muito e que, durante muitos anos, senti saudade. Você já inspirou alguém a fazer o mesmo que você? Alguém te ajuda? Minha esposa, Marilda, me ajuda muito, principalmente marcando os horários de buscar as doações. Com relação à inspiração, tenho um vizinho, o Fernandinho, que é um adolescente de 15 anos, conheceu o Comando Biruta e passou a ser meu aprendiz. Ele me acompanha nos ônibus, nas visitas que faço às entidades, estou ensinando a ele algumas técnicas para que saiba lidar com as pessoas que visitamos, olhar no olho,

respeitar os mais velhos. Ele virou o orgulho da bisavó dele. Acho que ele se interessou pelo meu trabalho por causa do exemplo, por ver meu trabalho. Você tem planos para o futuro? Gostaria de ter uma sede, aumentar sua área de atuação? Como? Meu próximo objetivo é conseguir fundar uma associação, depois comprar uma perua e, mais para frente, ter uma sede. Quando eu tiver minha perua, tenho a ideia de, nas tardes de sábado, visitar entidades de Jundiaí com pessoas que queiram fazer o mesmo que eu. Gostaria de ensiná-las as técnicas e levá-las para conhecer diferentes lugares de Jundiaí, conversar com os idosos que precisam tanto de atenção, brincar com as crianças. Meu sonho é ensinar outras pessoas e ter o apoio de profissionais de diferentes áreas, como dentistas, cabeleireiros, advogados, que possam me acompanhar e fazer um atendimento, ajudar de acordo com a área em que atuam. Cada sábado iríamos em uma entidade diferente. Depois, quero ter uma sede, formar um grupo e trazer profissionais para ensinar várias técnicas das artes cênicas, comunicação, como lidar com o público para aumentar o número de pessoas que ajudo. Tenho outro sonho que é voltar a visitar hospitais, pois adorava trocar experiências com as pessoas internadas, e principalmente desenvolver algum trabalho com o Grendacc (Grupo em Defesa da Criança com Câncer). Para ampliar sua ação, Leonardo precisa de parceiros, patrocinadores e pessoas que o ajudem de alguma maneira. Quem puder contribuir doando fraldas ou apadrinhando uma criança para a campanha Cadastrinho de Natal, deve entrar em contato com ele: 11 97166-9424 / comandobirutta@gmail.com / Facebook: Comando Biruta. Obs.: no email, a palavra biruta tem duas letras “t” mesmo.

Leonardo Alves Paim, de 30 anos, nasceu em São Paulo, mas mora em Jundiaí há quase 20 anos. Depois de ter residido em Porto Alegre, Buenos Aires (na Argentina) e na capital paulista, ele chegou com a mãe, dona Eva, e mais dois irmãos à cidade. Como a mãe não conseguia emprego, Leonardo e sua família foram morar no Núcleo Balsan, no Jardim Tamoio. Ao ver a situação difícil em que se encontravam, o rapaz – que desde os nove anos trabalhava e já tinha exercido diversas funções, como ajudante de costura e vendedor de produtos de limpeza – começou a vender cigarro e depois passou a guardar compras e “puxar carrinho” para clientes em supermercados. Ele integrou a primeira turma do projeto Menor Aprendiz, que oferecia oportunidades de emprego a menores de idade que já trabalhavam informalmente, como engraxates e flanelinhas. Neste período, ele pôde fazer um curso de Comunicação no Senac Jundiaí e, logo após, entrou para um grupo de teatro, onde descobriu sua verdadeira vocação. Hoje, Leonardo é casado com Marilda e tem um filho de quatro anos, o Giovani. Mai/Jun 2015

43


gastronomia

Filé de frango grelhado com molho de queijos, tomate seco e rúcula A partir desta edição, a Apê Zero 1 traz até você chefs de cozinha de Jundiaí e Região. A cada novo exemplar, um profissional da Gastronomia ensina o preparo de um prato que tenha um significado especial. Além de compartilhar a receita, o chef contará um pouco

44

www.apezero1.com.br

sobre sua vida, os motivos que o levaram a escolher a cozinha como local de trabalho e a importância da comida para as pessoas e a cultura de um povo. Esperamos que gostem da experiência. Boa leitura... e bom apetite!


Ingredientes 1 filé de peito de frango temperado 300 ml de creme de leite fresco 100g de queijo meia cura 50g de queijo parmesão 50g de requeijão tipo catupiry 50g de gorgonzola 50g de tomate seco em fatias 1 maço de rúcula higienizada

Modo de preparo Em uma panela adicione o creme de leite e todos os queijos ralados e mexa até virar um creme homogêneo. Se necessário, adicione um pouco mais de creme de leite para ele ficar cremoso. Grelhe o filé de frango. Em um prato disponha as folhas de rúcula, o filé de frango, adicione as tiras de tomate seco finalizando com o creme de queijos.

Jaderson Coimbra Chef de cozinha no Stock Brazil Café & Bistrô e professor no Senac Jundiaí

Pedir para um chef escolher um prato que realmente tenha um significado para ele é uma missão que pode ser difícil. Entre tantas criações, erros e acertos, você se arrisca muito no mundo das combinações. Tudo sempre com a finalidade de causar aquele sorriso após uma garfada ou colherada. Porém, para mim esta missão não foi tão difícil assim, já que o prato que escolhi tem mais que um significado, foi um marco em minha vida. Desde pequeno, mais ou menos aos 9 anos de idade, comecei a cozinhar, um pouco por curiosidade e também porque sempre amei comer. Mas aos 15 anos eu era um adolescente padrão, cheio de questões e incertezas, buscando respostas. Na cozinha via um mundo onde tudo fazia sentido: física, química, biologia e tantas outras matérias se misturando, me fazendo querer mais. Ao mesmo tempo, eu era apaixonado pela música, tinha uma certa destreza em meu violão. Poderia ser músico, por que não? Poderia também fazer engenharia mecatrônica, pois era fantástico poder montar e desmontar máquinas que poderiam resolver muitos problemas, e mudar o mundo. Então, no meio de tudo isto queria uma resposta, um sinal, algo que de alguma forma me mostrasse o caminho a ser seguido. Um dia, assistindo TV, vi uma chamada a respeito de um concurso de receitas e pensei: “ Por que não?”. Fiz minha inscrição e lembro que não sabia o que fazer, pensei em algo que realmente gostaria de comer e misturei. Na época, o tomate seco com rúcula e queijos era algo sofisticado e que muitos restaurantes faziam questão de ter em seus cardápios. Sem pensar muito, juntei tudo isto e coloquei um frango grelhado, afinal de contas, quem não come um delicioso e suculento frango grelhado? Mandei minha receita. Não acreditava que tinha chance de ganhar, afinal era um concurso para Chefs de cozinha, julgado por chefs de cozinha... Quando um adolescente teria chance??? Despretensiosamente o tempo passou, e foi então que aconteceu... Uma ligação do Rio de Janeiro me avisando que a minha receita tinha ficado entre as 10 melhores e que, na final, eu tinha sido o grande vencedor!!! Desde aquele telefonema eu entendi a mensagem e decidi entrar de corpo e alma no mundo das panelas. Hoje, 13 anos depois, vejo que valeu muito a pena ter seguido esse sinal e acreditado nele. Tanto tempo depois, ao refazer este prato, tenho outra visão, acho a combinação óbvia e “batida”, mas ao mesmo tempo, tenho um orgulho tremendo de ter tentado, de ter acreditado nele e de, através dele, poder estar aqui hoje contando esta história e dividindo esses sentimentos com vocês! A receita original pede uma guarnição e, já que vamos fazer do jeito que o “Jaderson adolescente” curtia, não poderiam faltar batatas fritas! Então, vejam a receita. Depois vocês colocam batatas e vamos ser felizes!

Mai/Jun 2015

45


turismo

Toronto multicultural e repleta de experiências Reportagem: Renata Susigan Fotos: Divulgação

46

www.apezero1.com.br


Jader Marassi

Engenheiro Mecânico

Giuliana Nadalin Contadora

Q

uem acompanhou os Jogos Pan-Americanos (ou irá assistir os Parapan-Americanos deste ano) em Toronto pôde ver um pouco das belezas da maior cidade canadense, que possui quase três milhões de habitantes e abriga uma variedade enorme de imigrantes e turistas de diversas partes do mundo. Toronto atrai cada vez mais pessoas por ser o principal polo econômico e cultural do país. Aos que desejam conhecer a cidade por meio do turismo não faltam opções: o Royal Ontario Museum, SkyDome (estádio Rogers Centre com teto móvel), a CNTower – uma das torres mais altas do mundo, com 553 metros de altura -, Casa Loma, Path (conhecida como “cidade subterrânea”) e os ringues de patinação no gelo durante o inverno são algumas das atrações mais procuradas. Com quem mora lá não é diferente: os nascidos em Toronto ou habitantes por opção também têm sua preferência. Locais muito, pouco ou nada turísticos são vistos sob uma perspectiva diferente dos que estão de passagem e são considerados um verdadeiro refúgio para os moradores. Para conhecer o lazer dessas pessoas, a Apê Zero 1 conversou com dois brasileiros que estão morando no Canadá há menos de um ano. A seguir, confira a experiências deles e dicas que não podem passar despercebidas.

Experiência de vida Giuliana Nadalin, contadora de 33 anos, e o marido Jader Marassi, engenheiro mecânico, desembarcaram em Toronto em 29 de setembro de 2014: ela para trabalhar, ele para estudar. Antes de o casal se mudar, a cidade já havia entrado na vida deles, quando ainda não se conheciam. Foi lá, em 2011, que Jader esteve para fazer um intercâmbio. Giuliana também havia pensado em cursar inglês no Canadá e chegou a fazer as malas e comprar uma passagem em 2013, ano em que conheceu o rapaz. O interesse de ambos pela cidade apareceu e, em poucos meses, decidiram passar uma semana em Toronto e conhecer o que o lugar oferecia de melhor no turismo. “Foi paixão à primeira vista”, comenta Giuliana. O casal nutria a vontade de ter uma experiência de vida internacional, então, a escolha acabou sendo fácil. “O planejamento e preparação da viagem, principalmente financeiro, contando com nosso casamento e emissão dos vistos, demorou praticamente um ano e meio pra acontecer.” Apesar de trabalhar durante a semana no setor contábil em um escritório de engenharia e como caixa de supermercado nos finais de semana, Giuliana e Jader (que cursa Marketing Business) fazem pequenas viagens e passeios para conhecer, cada vez mais, a cidade e seu entorno. Eles sugerem os seguintes locais para quem quer conhecer Toronto de verdade:

Distillery District “Este lugar é uma antiga destilaria de whisky que foi transformada em um complexo de lojinhas, restaurantes e cafeterias. Uma delas tem o café considerado mais espetacular de todo o Canadá: Balzac’s Coffee Roastery. Fora o café, a dica é tomar um chocolate quentinho, principalmente no inverno, na Chocolateria Soma e tirar muitas fotos, pois o lugar parece de cinema.” Saint Louis Bar and Grill “Descobrimos recentemente, pois é perto de casa. Atendimento nota dez, ambiente agradável, esporte nas TVs e rock como estilo musical. Neste bar tem o melhor sanduíche feito com waffle belga que já comemos: um mix de doce e salgado incrível.” Riverdale Park and Farm “Fomos no inverno, mas imagino que no verão tenha mais atrações ainda. O local é uma fazendinha com animais no meio da cidade. Tem uma descida onde as pessoas brincam de escorregar na grama ou na neve. É um passeio divertido pra fazer com a família e para os adultos virarem crianças.” Mount Pleasant, o cemitério de Davisville Village “A princípio, achamos que era um parque muito arborizado, pois víamos as pessoas indo até lá para caminhar, andar de bicicleta, patinar, correr, mas na verdade, o local é um cemitério bem bonito.” Mai/Jun 2015

47


Giovane Almeida

Jornalista e blogueiro

Crescimento pessoal e profissional O jornalista e blogueiro Giovane Almeida, de 21 anos, chegou em Toronto em janeiro deste ano e pretende voltar ao Brasil em dezembro. Durante a adolescência, seu sonho foi aperfeiçoar o inglês e conhecer uma nova cultura fora do País. Toronto chamou sua atenção pela diversidade cultural. “É uma cidade do Canadá, mas o mundo todo está aqui.” Segundo o rapaz, lá é possível ter contato com pessoas de vários lugares diferentes, como Europa, Ásia e África. Ele concluiu seu curso de inglês e, agora, aguarda o mês de setembro para cursar Estratégia em Mídia Social na Universidade de Toronto. Enquanto isso, mantém ativo seu canal no YouTube, “Tô Prá Lá do Canadá”. “Fazer intercâmbio é sair da sua zona de conforto e eu gosto dessas experiências, como sair da rotina e conhecer/ aprender novos costumes e religiões”, opina. Giovane está morando com uma família africana, com forte influência da cultura indiana, portanto, reconhece que o Canadá é o lugar propício para que a troca de costumes e tradições ocorra natural e livremente. Ele já morou com pessoas nascidas na Eslováquia, Suíça, México e afirma que é difícil encontrar quem tenha nascido lá, devido a diversidade da sociedade canadense. Recém-formado em Jornalismo, ele conta que seu objetivo maior não foi estudar inglês, mas amadurecer e crescer pessoal e profissionalmente. “Precisava de um tempo para me descobrir mais e também de um lugar que me trouxesse inspiração para traçar meus planos e metas daqui para frente. Na verdade, vim para ficar apenas seis meses, mas decidi estender minha estadia para poder estudar em uma das 20 melhores universidades do mundo, a Universidade de Toronto.”

48

www.apezero1.com.br

Giovane adora o Canadá, mas seu amor pelo Brasil é maior. Ele garante que, apesar dos problemas do país com corrupção, educação e falta de segurança, tem orgulho de dizer que nasceu aqui. Ele afirma que o Canadá é sua segunda casa e que “essa terra gelada sempre vai ser meu quintal.” Seus lugares preferidos são: CNTower “É a marca registrada de Toronto e deve ser obrigatoriamente o primeiro lugar a ser visitado. De lá é possível ver toda a cidade e, cá entre nós, a visão é incrível. Lá dentro também tem um restaurante giratório com um jantar maravilhoso.” Rogers Centre “Para os fãs de esporte, o Rogers Centre é a casa do Blue Jays, time de baseball de Toronto. Além de curtir um bom jogo e se sentir dentro de um filme, o teto do estádio abre durante a temporada de jogos e dias de calor. A visão é fantástica.” Niagara Falls “Quem não tem o sonho de conhecer as Cataratas do Niágara para saber se realmente as pessoas descem de barril como no desenho do Pica Pau? Foi um dos primeiros lugares que visitei e é realmente muito bonito. Não, não adianta levar seu barril porque é proibido”, brinca. Canada’s Wonderland “Para quem gosta de se divertir, esse é o endereço certo. O Canada’s Wonderland é um parque de diversões de Toronto repleto de atrações, como montanhas-russas gigantescas e muito velozes. Vale a pena a adrenalina.”


restaurante

fotografia

academia

classificados

Mai/Jun 2015

49


crônica

Rafael Godoy

Essa aconteceu aqui mesmo, em Jundiai

T

odos os dias pela manhã faziam xixi no elevador, sempre após a faxineira limpá-lo. Alguém usava o elevador social, justo o social, para transformá-lo em WC, mas um WC social. Depois de muito investigar e não achar o condômino “porcão”, a administração se reuniu: síndico, subsíndico e conselho fiscal. Juntos resolveram instalar uma câmera dentro do elevador e avisaram os moradores do motivo pelo qual o “Big Brother” estava sendo instalado. Depois de concluída toda a parafernália eletrônica, o síndico e subsíndico resolveram pôr em teste, dois dias antes do comunicado e, assim, pegar no flagra o condômino “mijão”.

Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Acesse: www.apezero1.com.br/artigos/simao

No final do segundo dia, síndico e subsíndico, mais uma vez juntos, pegaram a fita e foram assisti-la no apartamento do primeiro, cercado de maior suspense. Qual foi a maior surpresa: o “porcão” era o filho do próprio síndico, porém as imagens revelaram mais coisas. Dois membros do conselho fiscal foram flagrados em picantes cenas, aos beijos e amassos dentro do elevador, em um romance secreto. Detalhe: ambos eram casados. Moral da história: a fita foi rapidamente destruída, o elevador nunca mais foi usado como WC social e o romance secreto continuou trancado no elevador, não por muito tempo, e o segredo foi mantido para sempre.

José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para a casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.