Revista APÊ ZERO 1 - ed: set/out 2015

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No seu condomínio. Na sua mão.

ELAS VENCERAM

Distribuição dirigida Ano 13 . Nº 116 Set/Out de 2015

Conheça a história de quatro mulheres que superaram o câncer de mama e saiba como a vida delas mudou após a doença.




editorial

Outubro Rosa

D

e repente percebemos quantas histórias podemos compartilhar. “De repente”, talvez, não seja o termo correto, afinal estamos na edição de número 116 da revista APÊ ZERO 1, mas ultimamente temos conseguido extrair cada vez mais sentimentos, emoções, vivências e experiências de pessoas comuns, que refletem o nosso dia a dia. A reportagem de capa desta edição foi escolhida a dedo, em referência à Campanha Outubro Rosa de prevenção ao câncer de mama. Encontrar as pessoas certas para entrevistar não foi tarefa das mais fáceis, pois a doença ainda traz consigo um certo tabu e representa um terrível medo na vida de quem já foi (ou não) diagnosticado com ela. Por isso é compreensível que há quem não queira falar sobre o tema. Apesar disso, acreditamos na informação que leva à prevenção e salva vidas. Quando encontramos as mulheres para entrevistar – duas de Jundiaí, uma de Campinas e uma de Patos, na Paraíba -, elas se mostraram receptivas e dispostas a falar sobre o assunto abertamente. Elas são apenas quatro personagens, mas representam muitas vidas impactadas. São quatro histórias de superação e exemplos para acreditar na vida, acreditar que devemos ter esperança todos os dias.

*** Nesta edição também abordamos a importância da vitamina D3 e como a falta dela pode desregular o organismo; falamos sobre os vários tipos de “erva-cidreira” e suas propriedades curativas; e trazemos dois exemplos de como a cromoterapia ajuda a curar diversos problemas de saúde. A Apê “deu um pulo” em Lugano, uma cidade que, na verdade, é um pedaço da Itália na Suíça. Conversamos com uma professora que imigrou para lá junto com o marido e as filhas. Ela contou sua experiência de viver em um lugar belo, descontraído e organizado. A Itália foi o tema da coluna de Gastronomia, desta vez, escrita por Gilli Lima. O chef ensina a fazer um spaghetti alla carbonara e conta porque esta receita é importante para ele: além de ser uma das primeiras que descobriu e pela qual se apaixonou devido à complexidade e surpreendente riqueza de sabores, foi o tal espaguete que o ajudou a conquistar a esposa. Mas vocês terão que ler o depoimento dele para saber como foi, combinado? Espero que gostem desta edição, que, assim como as outras, foi preparada com muito carinho. Boa leitura!

Rodrigo Góes, jornalista responsável


Expediente

Índice

A revista APÊ ZERO 1 é distribuida em condomínios em Jundiaí - SP e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42. Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, Jundiaí - SP CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy Redação: Renata Susigan Redes Sociais: Rafael Godoy e Mônica Bacelar Web: Adrian Medeiros Estagiários: Emiliana Marini, João Carvalho, Madeleine Barbi e Matheus Oliveira Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista. Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1. com.br ou ligue: 11 4521-3670 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam o pensamento da revista.

06 Decoração Jardim de inverno

10 Bem-estar Vitamina D3

Associado:

14 Plante e colha Erva-cidreira

18 Capa

28 cidadania

42 Multiplicadores

Eu, Cidadonos

Grupo Caminho da Alegria

30 Radar Apê

44 Gastronomia

Equilibrando as contas em tempos de crise

32 Pets Areias para gatos

38 Para os pequenos Brincando de “Correio dos estados” e “Leões e leopardos”

Para Anunciar 11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br

Decoração de mesa com rolha

16 Viver em Condomínio

Atualize-se! Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1

08 Mão na Massa

46 Turismo Lugano

Mulheres que superaram o câncer de mama

Chef Gilli Lima

36 Crianças Cromoterapia

40 Curiosidades da Terrinha Cinemas de rua de Jundiaí

50 Crônica Insônia


Decoração

Confira dicas de plantas indicadas para os jardins de inverno e como cuidar delas em www.apezero1.com.br/ decoracao 6

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Ambiente para relaxar em meio à natureza Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz Ter um jardim de inverno é uma opção para quem gosta do contato com a natureza e quer levá-la para dentro de casa. Local ideal para relaxar, ler um livro, escutar música, apreciar as plantas ou até receber visitas, o jardim de inverno pode ser adaptado ao espaço e condições de qualquer residência com um mínimo de 500 reais. Se houver um ambiente próprio para abrigá-lo é indicado deixá-lo na terra, colocar grama, pedras, decks, pequenos lagos, fontes e cascatas. No entanto, uma alternativa para quem não tem um espaço específico é usar o vão embaixo da escada ou pequenos locais próximos à áreas de lazer. Neste caso, se possível, um piso cerâmico combina mais com a proposta do jardim de inverno do que um modelo de piso frio. O engenheiro agrônomo e paisagista, André Camargo, explica que qualquer residência pode comportar um jardim de inverno, por menor que seja o lugar destinado a ele. “O que importa é o conceito de levar o verde para dentro de casa e desfrutar do conforto térmico, do frescor que as plantas proporcionam, não apenas ter vários vasos”, comenta. O jardim de inverno pode ter ou não teto. Se houver a alternativa de deixá-lo sem cobertura, as plantas receberão iluminação direta e água da chuva. Mas quem precisa de mais segurança, pode optar pelo teto de vidro, que permite a entrada da luz. Neste caso, é necessário regá-lo com maior frequência. As plantas que compõem o jardim devem ser resistentes e de fácil manutenção, sem raízes muito profundas e não muito volumosas. “Deve-se tomar cuidado para não escolher plantas tóxicas para dentro de casa nem que tenham espinhos, para evitar problemas; as mais indicadas são as que se adaptam à sombra ou meia-luz, como palmeiras, arbustos, suculentas, cactos e folhagens de diversas cores e texturas.” Para fazer a manutenção do local, basta mantê-lo limpo, retirar as folhas mortas, aplicar fungicidas e usar adubo, de acordo com as características das plantas. A depender do gosto do proprietário e do estilo da casa, o jardim de inverno pode ser rústico, étnico, minimalista ou moderno. “Pode ser decorado com pedras ornamentais, vasos, bancos, sofás, luminárias e outros objetos e enfeites”, sugere o paisagista. Set/Out 2015

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mão na massa

Como decorar com rolha Fotos: Divulgação

cores e fitas com Dica: use s para diferent e s a p m a st e relaidado. Em v n o c a d em ca el, apost e p a p o a ção e com ais firmes modelos m t exturas.

Com a faca, corte as rolhas ao meio. Se quiser fazer um descanso de copo, cole as rolhas em um pedaço de feltro de 7 x 7 cm aprox. Para deixá-las do tamanho certo, use a faca para tirar as sobras. Dica 1: você pode cortar o descanso de copo no formato que preferir: quadrado, retângulo, círculo. Utilize a medida acima como referência. Dica 2: se preferir fazer um descanso de panela, aumente o tamanho do feltro (de acordo com o tamanho da panela – aprox. 27 x 20 cm) e cubra-o com as rolhas cortadas ao meio. Se precisar, tire as sobras com a faca.

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Testamos algumas dicas de decoração de mesa no estilo “faça você mesmo”. Usando a criatividade e gastando pouco é possível fazer um marcador de local para convidados e descanso de copo ou panela. Confira:

Para fazer o marcador, você vai precisar de: - duas rolhas; - uma fita; - papel; - caneta. Una a duas rolhas e amarre-as com a fita. Se quiser, passe um pouco de cola quente entre elas para ficar mais firme. Corte o papel em pedaços de 5 x 5 cm aproximadamente. Escreva os nomes dos convidados e coloque o papel entre as rolhas. Fica super charmoso.



Bem-estar

Vitamina D3: fonte de saúde Reportagem: Renata Susigan Fotos: Renata Susigan

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na Elisi começou a andar com um ano e três meses; em seguida, seus pais, os empresários Renata e Cláudio Borin, perceberam que as pernas da filha estavam arqueadas, principalmente a do lado direito. Prontamente, eles levaram a menina a um ortopedista que, após realizar uma bateria de exames clínicos e de sangue e fazer radiografias, a diagnosticou com deficiência de vitamina D3 no organismo. Renata estranhou, pois a menina sempre foi saudável, alimentou-se bem, tomou sol e foi amamentada até um ano e sete meses de idade. “Pensei que a deficiência, talvez, tivesse relação com o fato dela não tomar leite, pois é intolerante à lactose”, lembra Renata. Preocupados com o conforto da menina e a possibilidade dela sentir dor nas perninhas, os pais logo iniciaram o tratamento indicado pelo médico de confiança, que incluía tomar sol, comer de maneira saudável e tomar a suplementação, ou seja, a própria vitamina D3

Renata Borin e a filha Ana Elisi 10

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em gotas. “Começamos o tratamento há um ano; no início, ela tomava cinco gotas e sol todos os dias, entre as 8 e 10 horas, sem filtro”, explica. “Hoje, ela toma três gotinhas, mas continua tomando sol diariamente e se alimentando bem.” Renata lembra que na época do primeiro exame específico, realizado em agosto de 2014, Ana Elisi tinha 9,8 ng/mL (nanograma por mililitro) de vitamina D3 no organismo. “Nosso médico falou que o ideal é que o valor seja maior que 30 e que a deficiência já pode ser detectada com um número menor que 20”, conta a mãe. “No entanto, em janeiro deste ano já estava em 32,6 e, em maio, 33,7. O aspecto físico da perninha mudou bastante e, até os quatro anos, a tendência é que continue a melhorar até ficar ‘normal’.” Coincidentemente, Renata descobriu que também está com o mesmo problema que a filha. Há menos de dois meses, ela passou 20 dias acamada, com fraque-


za e tontura. Ao realizar os exames, descobriu uma alteração na tireoide. “Essa alteração desregulou meu organismo; estou com anemia e falta de vitamina D3. Desde então, tenho feito o mesmo tratamento que a minha filha”, conta.

Hormônio, não vitamina Bianca Buani, médica nutróloga, explica que há uma confusão em relação à nomenclatura da vitamina D3. “Na verdade, a vitamina D3 não é uma vitamina, mas um hormônio, já que a produção é feita pelo próprio organismo, enquanto as vitaminas não. Como sempre foi chamada de vitamina, até hoje nos referimos ao hormônio desta maneira.” [Por este motivo, a reportagem da Apê Zero 1 decidiu continuar usando o mesmo termo que as pessoas conhecem: vitamina D3.] Segundo Bianca, o raquitismo – forma mais grave da deficiência da vitamina D3 – é raro hoje em dia, mas o número de pessoas com insuficiência e deficiência é enorme. “A causa deste problema é o exagero em relação à proteção solar; é claro que usar filtro é importante, mas em algum momento deve haver exposição ao sol”, opina. Bianca ressalta que não adianta estar apenas com o rosto de fora, é necessário que 40% do corpo (braços e pernas) estejam expostos, no mínimo, três vezes por semana. A nutricionista Lorella Barbi concorda e afirma que há diversos fatores capazes de induzir a deficiência de vitamina D3 além do uso ininterrupto do protetor so-

Níveis da dosagem de 25 hidroxiVitamina D3 no sangue: - Deficiente: menor que 32 ng/ml - Insuficiente: 32-50 ng/ml - Ótimo: 50-80 ng/ml - Excessivo: maior que 100 ng/ml

Alimentos que contém a forma inativa da vitamina D3: - peixes - óleo de fígado de bacalhau - ovo - leite e derivados

* eles suprem apenas 20% da quantidade que as pessoas precisam

Tomando sol com consciência

Para aumentar a produção do hormônio conhecido como vitamina D3, deve-se: - tomar sol, no mínimo, três vezes por semana sem filtro solar; - os horários mais indicados são: até as 10h e após as 16h; - 40% do corpo deve estar exposto, o que equivale aos braços e pernas; - quem tem a pele clara, deve tomar sol de 15 a 20 minutos por dia; quem tem a pele escura, 30 minutos.

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Bianca Buani,

Lorella Barbi,

lar, como a cor da pele, a idade e até a estação do ano. “Algumas situações patológicas como queimaduras graves, fibrose cística, doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, obesidade, problemas renais, falência hepática, síndromes genéticas e alguns tipos de tumores também podem causar deficiência do micronutriente”, comenta. “É importante monitorar os níveis da vitamina em indivíduos que utilizam medicamentos anticonvulsivos, corticoides e coquetel para o tratamento da AIDS, pois essas drogas também induzem a deficiência.” A nutróloga ensina que a produção do hormônio é feita pela pele e depende apenas da radiação ultravioleta. “A pele produz, mas a vitamina se torna ativa nos rins e fígado”, conta Bianca. “Ela depende da ação da gordura contida nos alimentos e dos sais biliares para ser devidamente absorvida.” Apesar de ser produzida na pele, alguns alimentos contém a forma inativa da vitamina D3. De acordo com a nutricionista, tais alimentos são principalmente de origem animal, como salmão, sardinha, atum, cavala, óleo de fígado de bacalhau e gema de ovo. “A vitamina D3 modula genes responsáveis por diversos mecanismos fisiológicos e patológicos do corpo, participa ativamente da absorção do cálcio e fósforo, fundamentais para os ossos, fortalece o sistema imunológico e aumenta a

força muscular”, enumera. “Indivíduos com níveis adequados têm menor risco de desenvolver em câncer de próstata, cólon e mama, linfoma, melanoma, esclerose, osteoartrite, artrite reumatoide, resistência à insulina, depressão e esquizofrenia. As gestantes devem ficar atentas, pois o bebê pode sofrer má formação do esqueleto se a dose da vitamina estiver insuficiente.” Para Bianca, a principal função da vitamina D3 é a manutenção da saúde óssea, regulando os níveis de cálcio e fósforo, e consequentemente evitar o aparecimento de doenças como o raquitismo. Além disso, combate a fadiga crônica e depressão e previne doenças autoimunes, como diabetes e as reumatológicas. “Detectamos a falta da vitamina D no organismo por meio de um exame de sangue de dosagem de 25 hidroxiVitamina D3”, alerta. “O tratamento ocorre por meio da exposição solar, alimentação e suplementação. Quando a pessoa tem uma insuficiência leve, dá para reverter a situação; quando há uma doença instalada, como a osteoporose ou o raquitismo, o tratamento ajuda e a situação tende a melhorar”, avisa. O tempo de tratamento depende do organismo e da gravidade da condição do paciente, mas a média dura cerca de seis meses. Depois disso, é importante continuar monitorando os níveis de vitamina D3 no sangue nos exames de rotina.

nutróloga

nutricionista

Quantidade de vitamina D3 que deve ser ingerida por dia: - crianças: 400 unidades; - adultos: 300 unidades; - idosos: 600 unidades – neste público, a absorção é mais difícil. Veja alguns exemplos de quantias aproximadas de alimentos e sua equivalência em unidades 12

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de vitamina D3: - 100 cubos de queijo cheddar de 2,5 cm: cada cubo contém 2 UI (unidade internacional) - 500 ml de leite: 206 UI - 12,5 ovos grandes de galinha: 200 UI * não é recomendado ingerir apenas um tipo de alimento


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Plante e Colha

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Erva-cidreira

uitas pessoas confundem, mas erva-cidreira não é a mesma coisa que capim-limão. Na verdade, existem três tipos de “erva-cidreira”: a verdadeira, a brasileira e o capim-limão. As três têm propriedades parecidas e fazem um ótimo chá. Erva-cidreira verdadeira: Originária da Europa e Ásia, ela tem o aspecto parecido com o da hortelã e também é conhecida como Melissa. Não gosta muito de frio, é rasteira (cresce até 60 cm), então, deve ser plantada em vasos pequenos. Pode ser preparada como chá, banho e tintura e ser usada na aromaterapia e tempero de comida. Ela ajuda a tratar a ansiedade, nervosismo, agitação, distúrbios do sono, palpitações e dores em geral, principalmente de cabeça e de dente. Pode causar sonolência, abaixar a pressão e diminuir a frequência cardíaca. Erva-cidreira brasileira: Gosta do clima tropical, forma arbustos de até três metros de altura com flores

Saboreie

Como plantar:

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lilases. Ela precisa de um vaso grande para crescer bem. Também pode ser usada para combater dores em geral, diarreia, insônia e tosse, além de ser calmante. Capim-limão: Esta é a erva que todo mundo chama de cidreira, mas na verdade se chama capim-cidró, capim-limão ou capim-santo. Veio da Ásia, gosta de sol e cresce até 80 centímetros em forma de touceira densa. É digestiva e calmante; trata inchaços, depressão, estresse, tosse, dor de cabeça, febre, reumatismo e muitas outras doenças. Fica ótima na versão suco, como chá e pode ainda ser usada como compressa quando o chá é aplicado na parte dolorida do corpo dolorida. Neste caso, é indicado que se lave a área onde houve a aplicação, pois, se exposta ao sol, pode queimar. O capim-limão é contraindicado em casos de dor abdominal e gastrite, pode baixar a pressão, causar desmaios e, durante a gravidez, aborto.

No fundo de um vaso, coloque bolinhas de argila e um pouco de areia, pois elas gostam de terra bem drenada. Não molhe demais.

Apesar de ter um sabor sutil, o capim-limão pode ser usado em diversas receitas. Veja como preparar um sorvete da planta: Ingredientes: - 1 maço de capim-limão - 400 ml de água - 500g de leite condensado - 500g de creme de leite - 300 ml de leite integral - 8 a 10 colheres de leite em pó integral Modo de preparo: Pique o capim-limão e bata no liquidificador com a água. Coe. Em outro recipiente, misture o leite conden-

sado, o creme de leite e o leite. A este preparo, adicione o suco de capim-limão e misture bem. Coloque o leite em pó por último para dar consistência. Leve no congelador por duas horas. Depois, bata com uma batedeira até ficar cremoso. É refrescante.


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Viver em Condomínio

Na crise, o síndico precisa equilibrar as contas

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contribuição condominial, erroneamente chamada de “taxa de condomínio”, tem sido um item pesado no orçamento familiar, mas pagar o condomínio em dia é uma obrigação legal que deve ser cumprida mesmo que a Convenção de Condomínio não esteja registrada ou ainda que a posse do imóvel seja exercida a título precário, ou seja, o possuidor ou promissário comprador ainda tenha registrado seu domínio no cartório de imóveis.¹ Segundo o economista Mauro Halfeld²: “A despesa de condomínio é fixa e tende a aumentar com o passar do tempo. Geralmente prédios com elevadores e poucos moradores são os que têm maiores contribuições de condomínio.” Prédios com grandes áreas de lazer com piscinas, academias e os famosos “club house” também contribuem para uma alta contribuição de condomínio, afinal esta visa bancar as despesas de administração, seguro, tributos, manutenção, conservação, segurança e muitas outras. Para Halfeld, o ideal é não comprometer mais do que 10% da sua renda mensal com a despesa de condomínio. Para saber se o condomínio está muito caro, ele sugere a conta: compare a despesa mensal de condomínio com 0,20% do valor atual do imóvel. Assim um imóvel de R$250.000,00 deveria ter uma de R$500,00. Claro que esse cálculo é um parâmetro, pois devemos considerar o perfil de cada imóvel e o tamanho da inadimplência. As despesas de condomínio são determinadas na Assembleia Geral Ordinária realizada anualmente e é nesse momento que se define o orçamento do condomínio, fixando o valor da contribuição condominial para o ano.³ Geralmente a maioria adota o rateio de despesas, causando assim uma variação da contribuição condominial que acaba por surpreender com valores diferentes todos os meses. Para evitar pagar altas contribuições é importante que o condômino conheça a natureza de cada despesa e participe efetivamente da administração do condomínio comparecendo nas assembleias. A doutrina jurídica divide as despesas Carlos Eduardo Quadratti é advogado de condomínio em ordinárias, extraordiespecializado em direito condominial e de nárias e individualizadas, para efeito desta vizinhança e jornalista articulista inscrito no matéria vamos tratar as despesas apenas MTB 0062156SP. como fixas e variáveis: Despesas fixas: Todo o condomínio tem suas despesas fixas, geralmente a mais impactante é com o quadro de empregados ou terceirizados que gira entre 55% a 64% dos gastos totais. 16

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Nestes custos estão inseridos encargos como o INSS e FGTS e os benefícios, como alimentação, transporte, cesta básica e décimo terceiro. Existem também encargos envolvidos em serviços prestados ao condomínio, como o ISS (Imposto sobre Serviço). Logo em seguida vem as despesas com água, gás e energia. Também temos os gastos com a manutenção do prédio, que pode incluir custos mensais de conservação de elevadores, piscinas, revisão de para-raios, material de limpeza, seguro do prédio etc. Estas despesas são os maiores desafios dos síndicos, pois são de natureza essencial para o funcionamento do condomínio e barateá-las pode implicar em sucatear os serviços ou até correr riscos judiciais em indenizações futuras. A individualização das contas de água, gás e energia elétrica tem contribuído para a redução da contribuição, uma vez que elas deixam de constar do boleto do condomínio e passam a ser cobradas de forma separada e individual. Temos ainda a recarga de extintores, manutenção do sistema de combate a incêndio e renovação do AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Despesas variáveis: São todas aquelas que ocorrem eventualmente, tais como os gastos eventuais e gerais. Os gerais seriam gastos destinados a cartório, correio e despesas administrativas. E nos eventuais entram gastos com imprevistos, como o conserto de um portão quebrado ou uma reforma necessária naquele mês e ainda indenizações judiciais. Também temos as despesas com inovações, como novos equipamentos para o parquinho, academia ou até mesmo itens de segurança como câmeras. Destas, algumas são eletivas, ou seja, podemos escolher quando o condomínio vai realizá-las. A escolha deve ocorrer em assembleia. Para as despesas eventuais é importante manter sempre um fundo de reserva. Vale lembrar também da pintura predial, serviço que deve ser executado periodicamente e que tem um custo alto. Para suportar esta elevada despesa é recomendável manter uma arrecadação fixa para juntar um saldo separado em conta do condomínio. Inadimplência: A inadimplência também deve ser encarada como um “custo” do condomínio, pois é sabido por todos que aqueles que pagam em dia estão em certa proporção bancando aqueles que deixam de pagar. Acompanhe de perto a inadimplência buscando, se for o caso, o apoio de profissionais especializados que possam agir com foco no combate a esta despesa, utilizando meios extrajudiciais e judiciais quando a questão assim exigir. ¹Art. 1336 inciso I do Código Civil. ²http://cbn.globoradio.globo.com/comentaristas/mauro-halfeld/MAURO-HALFELD.htm#ixzz2eKnwHdFn. ³Art. 1350 caput do Código Civil


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capa

Elas sobreviveram ao câncer de mama

Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz, Divulgação, Madeleine Barbi e Renata Susigan 18

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egundo tipo mais frequente no mundo, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Mastologista da Casa da Mama, Rodrigo Gregório Brandão, explica que o câncer de mama é uma célula que não respeita o ciclo de vida, ou seja, se divide em várias e tem um crescimento desenfreado. “Todo câncer de mama é genético”, ressalta. “Ele ocorre devido a uma mutação do DNA. Essa mutação pode ser herdada do pai, da mãe ou adquirida durante a vida.” De acordo com o mastologista, apenas 15% dos casos de câncer de mama são hereditários. A grande maioria é chamada de câncer ocasional, que se desenvolve ao longo da vida, que é gerado por causa de uma mutação. “As mutações ocorrem porque são falhas no processo de divisão celular.” Rodrigo esclarece que a maioria dos nódulos é benigna. Quando suspeito, o nódulo é irregular e tem as margens espiculadas (com pontas). “É mais comum de aparecer a partir dos 40 anos, mas a faixa etária mais afetada é a de 50 a 60 anos”, comenta. O mastologista informa que não há praticamente nenhum fator de risco. “Algumas pesquisas apontam que obesidade na pós-menopausa e etilismo podem ser alguns fatores, mas há que se levar em consideração a informação de que o câncer é uma doença ocasional gerado por uma mutação, uma falha na divisão celular.” Os sintomas aos quais as pessoas devem se atentar são: nódulos palpáveis, endurecidos, indolores e de aparecimento recente. “A maioria das pacientes é assintomática; muitas não apresentam os sintomas e descobrem a doença em exames de rotina.” O diagnóstico depende de três exames para que se tenha certeza: exame clínico, radiológico e patológico. Os tratamentos são basicamente a cirurgia e a quimioterapia. “Há dois tipos de cirurgia: a radical, em que a mama é toda tirada, e a conservadora, em que se remove o tumor com uma margem de segurança”, comenta. “Cada vez menos vemos casos de mastectomias radicais. Antigamente também era mais comum tirar o quadrante do seio em que o tumor estava, mas hoje em dia sabe-se que tirá-lo com a margem de segurança já é o suficiente.” Ele explica que cada caso exige um tratamento diferente, o que quer dizer que nem sempre a paciente fará a cirurgia e a quimioterapia. “No caso de se fazer quimioterapia, os medicamentos são administrados via oral ou endovenosa, em ciclos (mensais ou semanais), de quatro a seis meses, em média.” Os efeitos colaterais também dependem do organismo de cada pessoa, mas podem ser náuseas, alteração da sensibilidade,

perda de paladar e queda de cabelo e pelos do corpo, que, de acordo com o mastologista, é uma situação temporária. “A quimioterapia está ficando cada vez melhor. Há estudos avançados relacionados ao desenvolvimento de medicações mais específicas e com menos efeitos colaterais.” A radioterapia, ele informa, é um complemento do tratamento local. “Deve ocorrer em 100% dos casos em que se preserva a mama, pois ela aniquila qualquer foco da doença que ainda possa existir.” Já a hormonoterapia é caracterizada pela ação de moduladores da atividade hormonal na mama, diminuindo o risco de o problema voltar. Rodrigo sugere que a prevenção seja feita a partir dos 40 anos, por meio da mamografia, que, segundo ele, é um exame que já diminuiu a mortalidade em 30%. “No caso de reparação, toda mulher, seja ela atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou particularmente, tem o direito à reconstrução da mama.” Com relação às sequelas, ele afirma que o médico deve avaliar as axilas e, caso haja necessidade de fazer algum procedimento nelas, é possível que haja alterações sensitivas, motoras e linfática. “É importante cada mulher conversar com o seu médico para saber as possíveis sequelas e o que fazer para amenizá-las.” Muitas pessoas não sabem, mas há possibilidade de os homens terem câncer de mama. “É uma situação rara: proporção de um homem para 100 mulheres, mas o tratamento é semelhante.” Rodrigo garante que o câncer não tem origem emocional e que a pessoa que já teve nunca terá a certeza da cura. “Os primeiros cinco anos são o período em que a reincidência ocorre mais”, ressalta. “Por isso, a pessoa que não tem mais o problema hoje deve sempre fazer os exames preventivos.” Ele lembra que os especialistas esperam classificar o câncer geneticamente de maneira individual e identificar as pessoas suscetíveis ao desenvolvimento da doença para propor medidas mais eficazes. “Há muito avanços nesta área; é importante que a pessoa que recebeu um diagnóstico de câncer de mama saiba que essa doença não é um atestado de óbito, a maioria das pessoas se cura e a taxa de mortalidade tem caído a cada ano.”

Rodrigo Brandão, mastologista Jundiaí / SP

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Mônica Gropelo, jornalista, 50 anos Jundiaí / SP

Preparação para enfrentar a doença Ser guia de pessoas com deficiência visual em corridas pelo Peama (Programa de Esportes e Atividades Motoras Adaptadas) foi o que ajudou a jornalista de 50 anos, Mônica Gropelo, a se “preparar” para o câncer de mama que enfrentaria há 10 anos. Conviver com pessoas que lidam com dificuldades – muitas delas, durante a vida inteira – serviu de exemplo para ela encarar a fase mais difícil que passou com coragem e esperança em ser curada. “Tive um carinho especial de todos do Peama; eles me fizeram ver que é possível você encaixar um problema na sua vida, lidar com ele e continuar tendo esperança e alegria.”

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Em 2005, ao chegar de uma corrida, sentiu uma forte dor e um caroço no seio. Ela estranhou, pois desde os 35 anos fazia exames anualmente. No dia seguinte tratou de fazer exame. O resultado foi favorável; o médico atestou que ela não tinha problema algum. “Fiquei cismada com o resultado, pois achei que o médico não fez um bom exame em mim”, lembra. Ela decidiu, então, tentar em outro laboratório para tirar a dúvida. O resultado: altamente suspeito. “Primeiro fui a uma ginecologista que nem era a minha, mas aceitou me atender em caráter de urgência. Ela viu o exame e me indicou alguns mastologistas, foi ativa e profissional, assim como o médico do


segundo laboratório, que me orientou e tirou todas as minhas dúvidas.” Ela consultou sete mastologistas, mas foi o último que conquistou sua confiança, pois prestou atenção ao escapulário que ela carregava no pescoço. “Ele me perguntou se eu era católica e me contou a história da santa protetora das mamas, Santa Águeda”, recorda. Para ela, tal atitude foi importante, pois mostrou que aquele médico a via “além das mamas”, como ela diz. Para complementar o diagnóstico, Mônica fez ultrassom de mama e biópsia. Em um mês e meio, fez todos os exames, consultou os mastologistas e fez a cirurgia no Hospital do Câncer, em São Paulo. Os exames tinham apontado que o câncer estava na mama esquerda, mas durante a cirurgia, por causa do perfil da paciente (idade, estilo de vida, tipo de pele e mama densa), o mastologista decidiu abrir a mama direita também e encontrou nela outro câncer, que não havia aparecido nos exames anteriores. Foi necessário tirar um quadrante de cada mama e o linfonodo sentinela das duas axilas para evitar que houvesse metástase. Como tratamento, ela fez quimioterapia, sessões de radioterapia e, durante cinco anos, hormonoterapia. Ela conta que os efeitos colaterais da quimioterapia foram difíceis de superar: vômitos, baixa imunidade, fraqueza, perda de paladar e dormência nos braços foram algumas das consequências com as quais ela teve que lidar. “Depois de cada ciclo de quimio, ficava uma semana passando mal; tanto que achei que não fosse aguentar.” Ao todo, ela fez quatro ciclos. Perdeu todo o cabelo e confessa que em alguns momentos teve um pouco de sua vaidade afetada. “No entanto, nada era mais importante que a minha vida e minha fé que o tratamento daria certo.” A jornalista conta que, quando soube do diagnóstico, teve medo de morrer, pois não sabia quanto tempo de vida tinha e temia que tivesse metástase, mas, ao invés de se desesperar, tentou perceber como o problema poderia “caber” em seu cotidiano. “Percebi que a resposta era aceitar, assumir em casa, no trabalho, na academia, para todos que conhecia; tentei deixar o mais leve possível e me mantive aberta para as pessoas me perguntarem o que quisessem”, comenta. “Era emocionante falar, mas achei que a melhor maneira de encarar o problema era justamente falando sobre ele; isso me ajudou a permanecer forte.” Durante o período de tratamento (cerca de um ano), Mônica voltou a morar com a mãe (Adelaide) e irmãos. “Minha mãe ficou muito preocupada, cuidou de mim, da minha alimentação, me deu muita força”, afirma. “No trabalho também me apoiaram. Sei que nem todo mundo tem a mesma sorte que eu, mas eu tive

boas condições para me dedicar ao tratamento.” A única consequência de todos os procedimentos que Mônica enfrenta até hoje é a neuropatia periférica (dormência no braço direito). No entanto, ela conta que uma sequela comum entre as mulheres que tiveram câncer de mama é o linfedema, causado pela falta de alguns cuidados necessários, mas que muitas pessoas operadas ignoram. “O meu médico me orientou, no entanto, alguns não o fazem com seus pacientes. Conheço várias pessoas que carregaram peso em excesso, por exemplo, e hoje tem o braço inchado.” Na época, ela adiou alguns projetos que pensou que fossem importantes. “Percebi que não eram tão importantes assim, pois a única coisa que não dá pra adiar é a vida”, atesta. Depois do tratamento, ela realizou todos: fez o mestrado que queria, a viagem e correu uma maratona de 42 quilômetros. “Fiquei mais tolerante e resiliente, passei a aproveitar mais o momento. Minha fé só aumentou, mudei minhas prioridades e passei a respeitar mais ainda as outras pessoas, a avaliar melhor meus problemas e a perder menos tempo com coisas pequenas.” Depois de Mônica, todos os seus irmãos tiveram o mesmo problema: dois tiveram câncer na próstata, um desenvolveu uma leucemia e o outro teve no esôfago. Este último foi o único que não conseguiu vencer a doença e faleceu há cinco anos. Mônica não tinha muitas informações a respeito do câncer de mama quando foi diagnosticada com a doença; ela sabia que era grave, que poderia haver metástase e tinha amigas com o mesmo problema. “Acho que as pessoas precisariam ter mais acesso a informações sobre a doença; o poder público deveria investir mais em campanhas, deveria tornar o assunto algo natural nas escolas, para que as pessoas se mantenham alertas, façam o autoexame, se cuidem cada vez mais cedo para terem mais chances de cura e para que possam ajudar quem elas sabem que tem a doença.” Para contribuir com a sociedade neste sentido, ela pretende formar um grupo e oferecer informações às pessoas sobre seus direitos em relação a planos de saúde, mercado de trabalho, sequelas, medicamentos e todo tido de orientação que possa ajudar. “Ao mesmo tempo, o grupo cobrará do poder público um atendimento melhor e ações mais efetivas; proporá que, além das tradicionais campanhas pontuais de mamografia, tenha soluções mais assertivas”, comenta. “As pessoas deixam de fazer exames porque têm medo do resultado. Elas precisam entender que, quanto mais cedo o diagnóstico é feito, mais chances elas têm. E é somente através da informação constante que esse cenário pode mudar.” Set/Out 2015

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Vanessa e o marido Alex

Apoio da família e dos amigos Quando descobriu que tinha câncer de mama, Vanessa Carvalho, publicitária e analista de logística de 35 anos, só conseguia pensar em como dar a notícias aos pais. Ela conta que havia escolhido lutar, então, tinha certeza que daria tudo certo, porém, sua preocupação em como seria a reação dos pais e como ela poderia dar força para eles superarem o susto. Com 28 anos, Vanessa estava assistindo tevê quando viu uma propaganda da campanha contra câncer de mama da Hering (alvo). “Vi um modelo de uma camiseta que adorei, liguei para meu namorado (Alex) que estava no shopping e pedi para ele trazer uma camiseta para mim”, recorda. “Estava deitada no chão e decidi fazer o autoexame pela primeira vez para ver como era.” Naquele momento, Vanessa colocou a mão exatamente no local onde o nódulo aparecera, na lateral da mama direita. Ela estranhou, pois há quatro meses havia feito todos os exames ginecológicos de rotina. Mas o nódulo era grande (tinha cerca de três centímetros), bem definido e visível. No dia seguinte, foi a um hospital e o médico que a examinou acreditou que fosse um nódulo de gordura. Ele considerou improvável que ela, com menos de 30 anos, pudesse ter a doença e avaliou que o hospital não autorizaria a realização de uma mamografia em um caso como o dela. “Ele me deu um anti-inflamatório e me liberou”, lembra. “No outro dia, consegui uma consulta de emergência com um ginecologista, que pediu um ultrassom de mama e o resultado foi nódulo suspeito.” Vanessa rapidamente procurou um mastologista e, em menos de três semanas, já tinha a mamografia, ultrassom e uma biópsia em suas mãos que indicavam a doença. Quando o diagnóstico foi decisivo, Vanessa ficou 22

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“anestesiada”, parecia não ser com ela. Ela pensou em contar aos pais pessoalmente, mas falou para a irmã (Gláucia) por telefone primeiro. Naquele momento, ela chorou pela primeira vez. “Enquanto eu dirigia até a casa da minha família, minha irmã contou ao meu pai sem querer”, comenta. “A única coisa que ele conseguiu fazer foi falar para minha mãe e saiu para andar pelo bairro, enquanto minha mãe esperava por ele, chorando, no portão.” Ela conta que conseguiu ser tão forte por causa da maneira como os médicos deram a notícia. “Eles foram muito atenciosos, me deixaram tranquila, me explicaram tudo e falaram que a cura está 50% na cirurgia e 50% na cabeça do paciente”, revela. A partir daí, ela acreditou que o sucesso de seu tratamento estava na maneira com lidaria com a situação. De acordo com o mastologista de Vanessa, ao contrário do que as pessoas podem imaginar, quanto mais jovem é o paciente, mais agressivo e com mais rapidez o câncer pode se alastrar. Então, o primeiro procedimento a fazer foi a cirurgia; foi tirado o quadrante da mama afetada. Depois, ela complementou o tratamento com ciclos de quimioterapia e sessões de radioterapia. “Além da minha família, uma outra pessoa que foi de extrema importância e me ajudou a superar tudo foi meu namorado”, comenta. “Mas conheço mulheres que, ao serem diagnosticadas com câncer de mama, foram deixadas pelos namorados e noivos.” Na época, Vanessa e Alex pensavam em se casar e ter filhos, mas precisaram adiar por algum tempo a decisão. Durante os seis ciclos de quimioterapia e 33 sessões de radioterapia (em dias consecutivos), ela passou mal. “No meu caso, meu médico me autorizava tomar Dramim para me fazer dormir; era a única coisa que me ajudava a superar a quimio”, conta. Foi assim nas três primeiras sessões. Nas últimas, sua sogra, que era psicóloga e faleceu em decorrência de um câncer sarcoma, fazia


Vanessa Carvalho, sessões de relaxamento e hipnose com Vanessa. “Nas três últimas sessões não sofri tanto.” Naquela época, começou a perder o cabelo. Para acostumar, ela cortou o cabelo ao estilo joãozinho e doou para uma senhora que faz perucas e as doa também em hospitais e instituições de apoio a pessoas com câncer. “Nunca fui muito vaidosa; fiquei tão preocupada com a cura que nem me preocupei com meu cabelo. O difícil não era estar careca, mas me olhar no espelho e lembrar, por estar careca, que eu estava doente”, explica. “Quando raspei o cabelo, minha cabeleireira fechou o salão para eu, meu namorado, duas primas e uma tia fazermos uma festa. Meu namorado me acompanhou e raspou a cabeça também. Na verdade, primeiro fizemos um moicano e registramos tudo com fotos. Depois, ele raspou minha cabeça e eu raspei a dele.” Vanessa conta que o apoio incondicional de Alex ajudou de muitas maneiras. “Ele saía comigo, me levava para ver gente, me distrair e não me deixava desanimar, mesmo nos dias em que eu estava mais propícia a isso.” Durante cinco anos, ela precisou tomar remédio para parar a produção de hormônio em seu organismo e entrar na menopausa, pois seu nódulo era do tipo que se “alimenta” de hormônios. Um de seus sonhos era ser mãe, então, seu médico ofereceu uma alternativa a este tratamento, que era necessário. Ela tomaria injeções que a fariam correr o risco de entrar na menopausa, mas havia uma chance de conseguir voltar a ovular.

Ela tomou as injeções, mas depois de dois anos, continuava estéril. Seu médico, sabendo do sonho dela de ser mãe, falou para ela ter fé, pois a medicina não podia explicar algumas coisas. Como frequenta a religião espírita, Vanessa decidiu passar por uma cirurgia espiritual e, depois de três dias, voltou a menstruar. Em seguida, ela voltou ao médico, fez os exames e ele atestou que ela poderia engravidar. “Mesmo com tudo que passei, o pior dia foi quando meu médico me disse que eu estava estéril e o melhor, quando falou que eu poderia ter filhos.” Ela se casou em 2011 e planeja ter filhos com Alex. Para passar melhor pelo período, Vanessa diz que se apegou à espiritualidade e sugere que as pessoas que estiverem passando pelo mesmo que ela façam isso também. Ela afirma que não importa no que a pessoa acredita, manter a fé, aceitar e não se revoltar são fatores que ajudam na cura. “Hoje, sou uma pessoa bem melhor, tenho uma visão mais ampla do mundo e da vida”, descreve. Ela também recomenda que as pessoas façam o autoexame e não tenham medo de falar sobre o assunto, pois quanto maior for o número de informações verdadeiras circulando, principalmente na internet, melhor. “Se procurar na rede, você encontra dados falsos e verdadeiros, então, é importante se informar, comparar informações, fazer o autoexame – que foi o que me salvou – e pedir par seu médico solicitar os exames (ultrassom de mama e mamografia) preventivamente.”

publicitária e anaslita de logística, 35 anos Campinas / SP

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Após a cura, trabalho voluntário Gerúsia Medeiros tinha 42 anos quando recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Ela conta que sentiu medo de morrer, pois foi como ter recebido um atestado de óbito. Preocupada com sua saúde, ela realizava check-ups anuais e sempre fazia o autoexame. “Precisei fazer a mastectomia radical na mama direita e reconstrução muscular instantaneamente”, lembra. “Na época, este tipo de cirurgia era nova no meu estado, a Paraíba; a minha durou 10 horas.” Depois, ela fez nove ciclos de quimioterapia e 25 sessões de radioterapia. Os efeitos colaterais, segundo Gerúsia, não foram muitos. “Não perdi o cabelo e o resto [mal estar] deu para superar e esquecer.” Seu tratamento durou um ano e, até hoje, ela faz avaliação anual. Gerúsia afirma que tinha pouca fé na época da doença, mas que passar por situações que ela considera como sinais, só fez aumentar sua crença. “Uma noite sonhei que estava perto de uma gruta com palmeiras verdes e avistava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, que me dizia que eu seria curada, e eu contava para minha filha Gleide no sonho que daria tudo certo.” No dia 12 de outubro de 1998, ela foi celebrar o dia da Padroeira do Brasil na cidade de Aparecida. De lá, ela levou para casa uma imagem do mesmo tamanho da santa que ela vira em seu sonho e fez um santuário para ela no jardim de casa. Além deste, Gerúsia teve outros sonhos, inclusive com pessoas que haviam falecido, mas que apareciam para trazer uma mensagem de esperança para ela. Além da fé, o que ajudou Gerúsia a se recuperar foi o fato de ter tido apoio incondicional da família e amigos. “Todos que me conheciam me visitavam, rezavam por mim, nunca me deixaram sozinha”, recorda. “Meus quatro filhos e meu esposo assumiram

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a missão de cuidar de mim por um ano. Até hoje, meu esposo é quem me dá força sempre, meu grande companheiro.” Hoje com 62 anos, Gerúsia lembra que culpou o estresse na época em que recebeu o diagnóstico, pois trabalhava em três lugares e ainda tinha um comércio próprio. Ela decidiu que diminuiria o ritmo e foi o que fez: parou de trabalhar para escrever o livro “As lágrimas do câncer de mama e um fio de esperança”. Ela ofereceu um capítulo para escrever para cada um dos médicos que trataram-na (patologista, ginecologista, mastologista, cirurgião plástico, oncologista e radiologista) e contou como foi sua história de dificuldade e superação. “Foi nessa época que decidi que, se eu fosse curada, trabalharia como voluntária em grupos de apoio ou instituições que atendem pessoas com câncer de mama.” Curada, Gerúsia passou a fazer visitas e participar de palestras realizadas em escolas e demais instituições que solicitassem. Ela mudou-se para João Pessoa, onde ficou por sete anos e integrou o grupo Amigas do Peito. Há oito anos, retornou para Patos (PB) e fundou a ONG Grupo de Voluntárias Amigas Viva a Vida, em 2007. O grupo trabalha com prevenção, mas sua força tem sido reivindicar os direitos dos cidadãos da cidade em relação à área da Saúde. “Fazemos passeatas e manifestações quando necessário; com isso, conseguimos um mamógrafo e três mastologistas para atender a cidade, pois antes não havia”, revela. “Construímos a Casa de Apoio ao Portador de Câncer de Patos Amigas Viva a Vida e, durante um bom tempo, tentamos junto aos governos federal e estadual um Centro de Oncologia, que será inaugurado em dezembro deste ano. Conseguimos!”


GerĂşsia Medeiros, voluntĂĄria, 62 anos Patos / PB


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Patrícia Nivoloni,

pedagoga hospitalar e psicopedagoga, 47 anos Jundiaí / SP

Enfrentamento sem perder o senso de humor O mantra – estou doente, não sou doente – e a formação de uma rede de apoio ajudaram a pedagoga hospitalar e psicopedagoga Patrícia Nivoloni, de 47 anos, a superar o câncer de mama. Sua família não tinha histórico da doença, mas ela, com 32 anos na época e dois filhos pequenos descobriu o câncer. Certo dia, ela brincava com os filhos (Vinícius, na época com quatro anos, e Giovani com dois) e acaba-

ra de amamentar o mais novo, quando deitou na cama e decidiu, sem motivo aparente, fazer o autoexame. Ela percebeu uma alteração na mama esquerda. Três dias depois, ela já estava com os exames em mãos e o diagnóstico fechado. “A princípio, o médico falou que não era nada, que tinha a ver com o fato de eu ter acabado de amamentar”, conta. “Mesmo assim, fizemos a mamografia e o ultrassom; os exames duraram mais tempo Set/Out 2015

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para fazer do que eu esperava. Quando terminaram, o médico do laboratório disse que meu médico mastologista já estava me esperando.” A única coisa que ela conseguiu pensar foi na sua família. Quando o mastologista a atendeu, sugeriu que ela formasse uma rede de apoio, envolvendo religião, família, amigos, música, atividades e momentos a sós, para obter bastante autoconhecimento. “Ele me falou que manter a mente ocupada ajudaria muito e foi isso o que eu fiz.” Ela fez a cirurgia, precisou tirar toda a mama esquerda, não precisou fazer radioterapia, mas enfrentou quatro ciclos de quimioterapia, que para ela foram bem agressivos. “Nem todo mundo tem o que eu tive durante o tratamento, então, sou muito grata por ter podido me dedicar à minha cura e ter tido ajuda de pessoas como meu marido (Gustavo) e minha mãe (Lurdes).” A quimioterapia ocorria a cada 22 dias. Na primeira, ela passou mal, mas a partir da segunda, ela entrava no banheiro à meia noite e saía às 6 horas. “Vomitava esse tempo todo”, revela. Depois de alguns dias, quando melhorava, ela não deixava de sair com os filhos, marido, passeava com a mãe, começou a fazer trabalhos manuais. “Meu marido foi um porto seguro, pois ficou do meu lado o tempo todo; já a minha mãe se propôs e cuidava dos meus filhos nos dias em que eu estava pior por causa dos efeitos da quimio.” Ela conta que fazia o tratamento junto com sua melhor amiga na época, a Rosângela, que faleceu devido ao câncer. “Quando entrávamos naquela sala, a sensação era horrível porque é um local estigmatizado, então, nós quisemos mudar isso”, conta. “Enquanto estávamos lá, recebendo os medicamentos, conversávamos, não só entre nós, mas com todos, gargalhávamos, fazíamos uma bagunça”, lembra. Para ela, encarar a situação de uma maneira mais positiva contribuiu, pois se tivesse se deixado levar pelo ambiente pesado e triste, teria sido mais difícil. “Os médicos até estranhavam nossa atitude.” Ela conta que sente orgulho da postura que teve durante os 10 meses de tratamento, pois acredita que não se pode perder o senso de humor. Devido à quimioterapia, ela ficou seis meses careca.

Patrícia achou que seria difícil ficar sem o cabelo, mas foi mais fácil do que imaginava. Primeiro, ela cortou curto para seus filhos acostumarem e depois passou a usar lenço. “O que me incomodou um pouco foi a maneira como as pessoas me olhavam, não é fácil ser alvo de olhares de dó”, diz. “Acho que, junto com a prevenção à doença, deve haver uma educação sobre como lidar socialmente com isso, como olhar para uma pessoa careca, mutilada; as pessoas têm que saber lidar com isso para que o paciente não se sinta mal. Mesmo que você esteja bem, o olhar das pessoas machuca.” Ela, que trabalha no Hospital Universitário, afirma que lida com crianças doentes e com necessidades especiais o tempo todo. “Muitas pessoas passam por situações bem piores, algumas sem apoio algum, entram em uma fila antes de poderem começar um tratamento, então, valorizo o fato de ter tido apoio e ter conseguido superar a doença.” Para ela, sua rede de apoio a ajudou na cura, que incluiu terapia com uma psico-oncologista. “Ela me ensinou a não questionar por que aquilo estava acontecendo comigo, pelo contrário, ela me ajudou a entender que se acontecia com os outros, por que comigo não?”, reflete. “Na minha opinião, a doença vem por dois motivos: ou porque chegou a hora da pessoa se despedir deste mundo ou porque ela precisa passar por uma mudança; é um recomeço, um momento de purificação.” Para Patrícia, enfrentar o câncer de mama a fez ser quem ela é hoje, ou seja, uma pessoa mais positiva, que se gosta e se cuida mais, que encara a vida com mais leveza e deixou de perder tempo com coisas pequenas. Hoje, ela não abre mão de almoçar com sua família, passear com os filhos e marido, ouvir mais e procurar conhecer as pessoas um pouco melhor. “Antes, eu era rígida comigo mesma, exigente demais, me preocupava com o que os outros pensavam, mas percebi que depois de passar pelo que passei, você tem que mudar a sua vida, separar o que vai sair e o que vai ficar.” Sua experiência resultou na implantação do Projeto de Acompanhamento Pedagógico para Crianças Hospitalizadas na cidade.

Estes sites têm informações importantes para quem quer saber mais sobre o câncer de mama. Eles servem apenas como fonte de pesquisa, então, lembre-se: nada substitui a consulta a um médico de confiança! - www.inca.gov.br - www.institutosetoque.org.br - www.casadamama.com

- www.ocancerdemamanoalvodamoda.com.br - www.ibcc.org.br

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cidadania

Eu, Cidadonos

E

ram quase seis horas da tarde quando perdi o ônibus no terminal central e desisti de esperar o próximo por conta da demora. Pensei no motivo daquele terminal ser tão cheio e daqueles ônibus serem todos da mesma cor dificultando diferenciar qual seria o certo. Resolvi ir a pé. E ao andar pelas ruas mais movimentadas da cidade quis fotografar o último instante que restava de pôr-do-sol. Tive dificuldade de achar um bom ângulo, pois os postes cheios de fios emaranhados tiravam minha visão do horizonte. Pensei no motivo daqueles fios não estarem por baixo da terra. Mas a saída era simples: precisava atravessar o cruzamento em que eu estava para ter um cenário diferente. Não foi. Os minutos em que aguardei a luz verde piscar para mim em dois momentos distintos e dois ônibus amarelos de linha parados sobre a faixa de pedestres por conta do trânsito foram suficientes para o sol ir embora. Percebi que um deles era o ônibus que eu aguardei por algum tempo no terminal. Pensei no motivo de eu não poder atravessar diretamente para o outro lado do cruzamento, numa espécie de “X”, e no motivo daqueles ônibus não terem uma faixa própria pra eles para chegarem mais rápido no terminal. Mas tudo bem, me culpei por ter olhado para o céu tarde demais. Não foi tão tarde assim. Consegui perceber o quanto a cidade estava diferente de décadas atrás. A cidade me pareceu densa demais e pensei no motivo de a especulação imobiliária ter transformado tanto o cenário onde eu estava. Vou explicar: o céu já não era o mesmo céu porque os prédios não deixavam. Deixei a minha imaginação me contar o quanto Jundiaí ainda precisava melhorar seu planejamento urbano. Pensei no motivo de não termos mais espaços para as bicicletas, para os skates, entre outros transportes menos agressiAlberto Matenhauer Urbinatti é mestrando vos ao meio ambiente. Então me em Sociologia pela Unicamp e um dos coordeaprofundei em um velho questionadores do Movimento Voto Consciente Jundiaí. namento: a culpa dos problemas Atua como voluntário desde 2008. da minha cidade é do governo ou de nós. cidadãos? A resposta veio pronta pra confundir: dos dois. Sem culpa, inverti a lógica e resolvi pensar menos em problemas e mais em soluções. Minha equação era 28

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simples: para solucionar problemas eu precisaria de conhecimentos e para ter conhecimentos eu precisaria de educação. Pois bem, pareceu tão óbvio quanto animador. Imaginei que poderíamos ter escolas mais capazes de ensinar a resolver problemas. Pensei no motivo de ainda não resolvermos o problema do lixo fazendo a compostagem, no motivo de não resolvermos conflitos mudando a forma de se fazer justiça, no motivo de não dar mais atenção àqueles que têm dificuldade de aprendizagem, entre tantos outros motivos. Além disso, pensei no motivo de não preservarmos a memória da cidade e de aprender com ela para fortalecer a cultura local. Tive certeza de que todas essas ideias deveriam ser pensadas em rede e seria necessário ocupar os espaços disponíveis pelo poder público para conseguir dar um passo adiante. Por qual motivo ainda não fizemos? Imaginei um movimento de cidadãos transformando esses motivos em melhorias para a cidade a partir da mobilização dos seus familiares, amigos e também desconhecidos. Imaginei que elas mesmas fiscalizariam o governo para que suas ideias ganhassem espaço nas agendas políticas da cidade. Cheguei a uma conclusão própria depois de muito imaginar: entre tantos motivos, eu me motivo. Voltei meu pensamento ao cruzamento onde eu estava, dei alguns passos pela calçada e resolvi fotografar a lua com a mesma animação de antes. Naquele momento, o dia não era mais dia, era noite. A cidade não era mais problema, era solução. Eu não era mais eu, era vários. Eu era Luana Durante, Marina Duarte, Felipe Cereser, Liso Pride, Carmem Lúcia da Silva, Geane Barbosa, Rodrigo Mendes Pereira, Jean Camoleze, Henrique Parra Parra Filho, Situ da Depressão, Instituto de Arquitetos do Brasil (Núcleo do Aglomerado Urbano de Jundiaí), Rede de Proteção Integral da Criança e do Adolescente de Jundiaí e Rede Social Jundiaí. Eu era Voto Consciente Jundiaí. Eu era Cidadonos. Este artigo foi motivado pelo aniversário de nove anos de Voto Consciente Jundiaí e pelas doze propostas vencedoras do 3º Concurso Cidadonos. Os nomes citados ao final são os autores vencedores que criaram as ideias apresentadas ao longo do texto. Convido os leitores a comemorarem esta data importante conhecendo as propostas do concurso através do link: http://www. cidadedemocratica.org.br/competitions/8-cidadonos2015-qual-sonho-voce-deseja-construir-na-nossa-cidade


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Radar Apê

O condomínio pode se recusar a receber correspondências que não sejam dos moradores? Sim, pois o condomínio não tem responsabilidade de guardar correspondências de ex-moradores ou pessoas que não morem no condomínio, mas conheçam alguém que mora. É recomendado que o ex-morador que se mudou troque o endereço de suas correspondências. Também é de bom tom que o condomínio guarde as correspondências até, pelo menos, 20 dias pós a mudança de determinado morador até que o mesmo tenha a situação de suas correspondências regularizada. Após este tempo – que pode ser diferente, de acordo com o entendimento de cada condomínio – é aconselhável devolver as correspondências para os Correios.

Como síndico, é possível proibir o tráfego de carros pelas vagas de garagem vazias para “cortar caminho”? Onde encontra-se argumento legal para multar o infrator? O síndico pode usar as imagens das câmeras de segurança para provar a prática de alguns condôminos e multar? É recomendável que se faça uma assembleia extraordinária para discutir o assunto e prever, na regimento interno, as condições para se realizar advertências e multas.

Existe alguma lei relacionada à disposição de lixo nos edifícios? Não existe. No entanto, o assunto pode ser abordado no regimento interno do condomínio. É importante que haja lixeiras de fácil acesso para os moradores e que a ordem seja mantida. Do contrário, a Vigilância Sanitária pode ser acionada.

Colaborou nesta seção o advogado condominial Carlos Eduardo Quadratti 30

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pets

Areia certa

e banheiro limpo para

um gato mais feliz Reportagem: Renata Susigan Fotos: Renata Susigan,Rafael Godoy e Divulgação

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Q

uem tem um bichano em casa sabe que ele é exigente e leal a seus hábitos. Apesar de ter apenas seis meses, Julieta, a gatinha de Daniele Sousa, vendedora interna, acostumou a ter a sílica em sua caixa e ficou sem ir ao banheiro por três dias quando teve a areia preferida trocada por outra. Daniele conta que escolheu a sílica para colocar no

banheiro de Julieta porque ela ameniza o odor e suas bolinhas mudam de cor, indicando o momento certo de trocar o produto. No entanto, em uma das consultas de rotina ao veterinário, o profissional sugeriu que a guardiã trocasse a sílica por serragem ou pela areia de argila, pois a primeira opção poderia ser prejudicial à saúde do felino devido ao pó que tem. “Troquei a sílica pela serragem, mas ela usou o banheiro apenas

Daniele Sousa, Guardiã de Julieta

uma vez”, lembra. “Ela miava muito e ficou um dia e meio sem usar a caixinha.” A vendedora conta que resolveu trocar mais uma vez e optou pela areia de argila. A situação piorou, pois Julieta ficou três dias sem ir ao banheiro. “Ela estava comendo e bebendo normalmente”, comenta. “Como eu demorei para encontrar a sílica para comprar, quando a Julieta não aguentou mais, fez as necessidades debaixo de um móvel do quarto e outra vez dentro do guarda-roupa.” Depois do incidente, a gata tem usado apenas a sílica. Mas Daniele planeja trocar de areia novamente depois que ela for castrada. O melhor para seu pet A situação pela qual Julieta está passando é parecida

com a de muitos outros gatos. Os veterinários Renan da Silva e Letícia Bereoff, da SOS Clínica Veterinária, em Campo Limpo Paulista, explicam que há vários tipos de areia para os gatos e que cada uma tem vantagens e pontos negativos também. Segundo Renan, a areia de argila, aquela que quando o gato faz xixi fica sólida, é a mais econômica, pode ter perfume ou não, mas precisa ser trocada com frequência para evitar que o animal entre em contato com a parte sólida. A sílica é um tipo de pedra, tem boa absorção, rende mais, não dá cheiro, mas solta um pó que pode ser prejudicial à saúde do felino. Já a serragem é feita com pó de madeira compactado, também tem poeira (que pode dar alergia), cheiro forte, precisa ser trocada várias vezes pois não absorve muito bem a urina, mas é a única que pode ser descartada no vaso sanitário sem provocar danos ao encanamento. Set/Out 2015

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pets

Renan da Silva e Letícia Bereoff, veterinários

Ambos recomendam a areia de argila, pois é antialérgica e a mais higiênica. “A sílica é muito procurada porque as bolinhas mudam de cor quando está na hora de trocá-la, mas muitos gatos desenvolvem alergia por causa do pó que ela solta e há várias pesquisas que apontam que ela pode contribuir para o desenvolvimento de doenças graves, como câncer”, alerta Renan. “Quando o animal inala o pó da sílica, o organismo detecta que aquele é um corpo estranho, então isso pode causar nódulos pulmonares, além de alergia de contato e outros problemas.” Mais do que o tipo de areia que revestirá a caixa, os gatos esperam que os guardiões prezem pela higiene de seu banheiro. “É recomendado que cada gato tenha duas caixas, uma para a urina e outro para as fezes. Se tiver apenas uma caixa, depois de usar uma única vez, ele espera que a areia seja trocada e o recipiente, limpo”, afirma Letícia. “Os gatos são animais higiênicos, então o ideal é que a caixa seja apresentada ao bichano quando este ainda é

Tipos de areia para colocar na caixa do seu gato de estimação: - areia de argila: mais econômica, fica sólida conforme é usada, pode ter perfume ou não, precisa ser trocada com a frequência necessária para que esteja sempre limpa. A embalagem com 4 kg custa, em média, oito reais. Esta é a areia recomendada pelos veterinários, pois é antialérgica, tem boa absorção e é a mais higiênica! - sílica: bolinhas feitas da pedra, tem boa absorção, rende mais, combate o cheiro forte, mas tem um pó que pode causar alergia aos animais e nódulos pulmonares. Existem pesquisas que já relacionam o acúmulo do pó da sílica no organismo do animal ao aparecimento de doenças graves, como o câncer. O pacote com 1,8 kg sai por cerca de 20 reais. - serragem: pó de madeira compactado, também tem poeira e cheiro forte. Deve ser trocada mais vezes do que as outras, pois não tem boa absorção. A embalagem custa aproximadamente 10 reais. 34

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filhote. Basta mostrar uma ou duas vezes para ele entender que ali é o local onde deve fazer as necessidades.” Caso o gato não esteja usando a caixa é recomendável levá-lo ao veterinário para que o motivo seja verificado. Pode ser que o animal não esteja se acostumando com a areia ou esteja incomodado com a limpeza. “Se o problema for a areia, o gato pode ficar até uns quatro dias sem ir ao banheiro”, afirma Renan. “Se isso acontecer, dependendo do acúmulo de fezes, ele pode ter obstrução, ficar ressecado. É possível que desenvolva também uma infecção de urina. Depende de cada caso, mas há situações em que é preciso fazer lavagem e, às vezes, até cirurgia.” No entanto, Letícia lembra que se o bichano comer uma ração de qualidade, tiver acesso à água fresca (se possível, corrente), for vermifugado a cada seis meses, acostumado com uma areia boa (de preferência a de argila) e tiver a caixa limpa periodicamente, ele terá uma vida saudável.

Caixas: - as caixas devem ter um tamanho de 30 x 20 cm e serem feitas de material lavável. O plástico é o melhor; - se possível, é bom que cada animal tenha duas caixas: uma para as fezes e outra para a urina; - depende da ingestão de água e da alimentação, mas os gatos vão ao banheiro de uma a duas vezes para fazer cocô e de três a quatro para fazer xixi, por dia – e eles gostam que sua caixa seja limpa após fazerem suas necessidades; - é aconselhável que a cada vez que o gato usar a caixa o guardião limpe-a, tirando o excesso de urina e fezes; - pelo menos uma vez por semana a caixa deve ser lavada com água e sabão. Depois, misture um litro de água para quatro colheres de sopa de água sanitária, coloque a caixa dentro e deixe de molho por 15 minutos. Enxágue e seque.


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crianças

Miguel 4 anos

Tratar com cores para colorir a vida Reportagem: Renata Susigan Fotos: Rodrigo Góes

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édico da luzinha colorida” é como Miguel, de quatro anos, conhece o terapeuta que aplicou nele sessões de cromoterapia. Luana Carnio, a mãe do garoto, recorreu à alternativa na tentativa de melhorar o temperamento do filho. “O Miguel é explosivo, agressivo comigo e com o pai e não gosta de dormir”, comenta. “Acredito que pelo fato de eu trabalhar e ficar muito tempo longe dele, este ano seu comportamento tenha piorado, mas com relação ao sono, ele sempre teve dificuldades.” Luana conheceu a cromoterapia na pré-adolescência, quando sofria com dores de garganta, resfriados, laringite e sinusite com frequência. Na época, ela perdia aulas na escola constantemente. “Tratei com medicamentos tradicionais, vacinas, alopatia e fisioterapia respiratória”, explica. “Mas foi por causa da cromoterapia que melhorei muito.” Após ter obtido sucesso quando era criança, Luana decidiu tentar a mesma opção com o filho porque, desde

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bebê, ele trata com homeopatia para dormir melhor, mas a técnica nunca deu certo. Ela conta que, na primeira sessão, o cromoterapeuta fez uma avaliação do Miguel e verificou onde a energia dele estava em desequilíbrio. “Ele descreveu meu filho com precisão: explosivo, com personalidade e opinião fortes, alguns medos e muito suscetível às mudanças de ambiente”, comenta. A criança passou por sete sessões e, como complemento à terapia, tomou florais de Bach para ajudá-lo a dormir melhor, perder os medos e ficar mais calmo. A mãe conta que logo no primeiro dia de terapia já percebeu uma mudança no filho. “Ele quis dormir na hora certa, o que foi uma evolução grande, pois o Miguel sempre brigou, resistiu ao sono”, afirma. “Desde que terminou a cromoterapia, ele está mais calmo, não dá mais trabalho para ir dormir e, quando percebe que exagerou na agressividade, pede desculpas.” Assim como o tratamento deu certo para ela, para o filho também. “Recomendo”, diz.


Cromoterapia Worney Albiero Filho dirige o Centro de Estudos e Terapias Alternativas, em Jundiaí – fundado pelo pai, Worney Albiero, em 1990 – desde 2007. Ele explica que cromoterapia significa cura pelas cores. Os pacientes geralmente chegam ao centro com queixas diversas e, por meio da radiestesia, Worney avalia o paciente. “Percorro os principais órgãos com o auxílio do pêndulo e, em função da indicação do mesmo, estabeleço a sequência das cores”, ensina. “Todas as pessoas recebem oito cores, variando a sequência e principalmente os tempos por cor que aplico de acordo com a queixa e aquilo que observo.” As cores são o vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil, violeta e rosa. Cada cor refere-se a um chacra, que, por sua vez, relaciona-se com diferentes órgãos e glândulas do corpo. Ele esclarece: “Não se trata somente o corpo físico, mas também o corpo sutil ou corpo espiritual; como somos constituídos de corpo físico e corpos espirituais (etérico, astral, mental, átmico, búdico, monádico e divino), baseamos o tratamento neste aspecto.” Segundo Worney, os corpos etérico, astral e mental são os que influenciam diretamente na vida das pessoas, pois os outros são de formação espiritual. “Me preocupo com os possíveis bloqueios do corpo etérico, pois é ele que sofre todas as consequências das desarmonias dos corpos mental e astral, por causa da vida que levamos na sociedade em que vivemos.” As sessões de cromoterapia duram, em média, 15 minutos. Ele explica que a pessoa se deita na cama, sem roupa. Baseado nas queixas e na avaliação prévia que fez, ele aciona o temporizador e as lâmpadas começam a piscar na sequência e durante o tempo que ele programou. “Como a maioria das pessoas apresenta sintomas que revelam desarmonia no campo do ‘eu emocional’, sempre procuro dar mais tempo para a cor azul”, exemplifica. “Quem apresenta diabetes

Um pouco sobre os chacras Chacra é uma palavra originária do sânscrito, que significa roda. Segundo a tradição esotérica do Oriente, os chacras captam energia cósmica: para os hindus é chamada de prana; os rosacruzes a chamam de nous; os hunas conhecem-na por mana; os antigos ocultistas denominam de energia vital; no reich é chamada de orgone. Cada chacra tem correspondência com uma ou mais glândulas físicas, ou seja, cada vez que uma pessoa tem um mal físico, como por exemplo disfunção tireoidiana, o problema tem relação com o chacra correspondente; neste caso, o laríngeo.

receberá uma aplicação mais longa da cor amarela, pois esta é a cor que falta na pessoa; quem tem câncer precisa mais da verde, então o tempo de exposição a esta cor é maior.” A cromoterapia não é indicada para mulheres grávidas e pessoas com doenças transmissíveis. Como é uma técnica holística, o tratamento é efetuado em todo o corpo. De acordo com o terapeuta, as principais queixas são relacionadas ao aspecto emocional, ou seja, depressão, angústia e neuroses. “Os resultados são muito bons. As cores atuam diretamente no corpo emocional, possibilitando uma recuperação muito rápida destes estados depressivos”, conta. “Como apoio, costumo indicar Florais de Bach.” Outras doenças que, de acordo com Worney, também apresentam boa resposta são sinusite, bronquite, rinite e alergias. Ele afirma que a cromoterapia também tem dado resultados positivos quando aplicada em pessoas com doenças psicossomáticas, como o câncer. Ele acredita que tais doenças têm origem em um forte desequilíbrio emocional. “Quando uma pessoa se depara com um forte choque motivado por um revés que resulta no desejo de morrer, esta situação pode desencadear o início de um sério ataque ao seu sistema imunológico, com a grave consequência do câncer”, opina. “Aliás, de acordo com minha prática, sempre que uma pessoa portadora deste terrível mal me procura, costumo perguntar se nos últimos oito anos ela teve algum desequilíbrio emocional que a levou a querer morrer; a resposta em 100% dos casos é sim.” Ele complementa: “Estes são fatos reconhecidos pela Medicina, que, na busca da cura deste e de outros males (inclusive a AIDS), está aos poucos reconhecendo a importância de nossa situação emocional aliada às condições de vida. Portanto é importante regrar nossos pensamentos e ter a mente sempre ocupada com projetos de vida úteis em consonância com os ditames de nossa consciência.”

Veja a quais chacras, órgãos e glândulas as cores estão relacionadas: - vermelha: chacra básico - coluna vertebral, rins, bexiga e glândula suprarrenal; - laranja: chacra do sacro – glândulas sexuais (testículos e ovários) e útero; - amarelo: chacra do plexo solar - sistema baço - pâncreas; - verde: chacra do coração - coração e timo; - azul: chacra laríngeo ou da garganta - glândula tireoide; - anil ou índigo: chacra da testa - glândula pituitária; - violeta: chacra da coroa – glândula pineal; - rosa: corpo astral. Fonte: Worney Albiero Filho, cromoterapeuta.


Para os pequenos anos Proibido para maiores de 18

Correio dos estados

Os participantes devem fazer um círculo e cada um deve rece ber o nome de um estado bra ro. No centro do círculo sob sileira uma criança. Um adulto dev e fala r “correio entre Minas e Bahia”, exemplo. Os representantes por destes estados têm que trocar de lugar antes que o centro ocu dois lugares vagos. Se o cen pe um dos tro conseguir, passa a represe ntar o estado enquanto aquele círculo vai para o meio. que saiu do Esta brincadeira promove ráp idas respostas motoras a estí mulos sensoriais e ativa as gran ções, além de reforçar os con des funhecimentos em Geografia.

s o d r a p o e l e s e Leõ e leoparformar pares (leões As crianças devem e demara áre a culo. Delimita-se dos) e correr em cír “leões”, de o nd o pique. Ao coma ca-se um local para a leão cad to an para o pique enqu os leopardos fogem “lede o nd ma pectivo par. Ao co tenta pegar o seu res te, en tem an nst ento é inverso. Co opardos”, o procedim do o tid sen o e r ajudando invert o um adulto que estive leã era em qu o, udar”. Neste cas o jogo comandando “m m da mu to an e vice-versa, enqu passa a ser leopardo sentido da corrida. ativadas, grandes funções são Nesta brincadeira, as ímulos est s ao as s respostas motor há estímulo de rápida de é aguçada. sensoriais e a vivacida

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Publieditorial

Vai reformar seu apartamento? Então você precisa da NBR 16280

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m abril de 2014, entrou em vigor a NBR 16.280:2014, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Essa norma tem como objetivo regulamentar e orientar sobre todos os tipos de reformas em edificações, tanto nas unidades autônomas quanto nas áreas comuns, criando regras rigorosas em todas as fases de execução da reforma. De acordo com a Norma, qualquer tipo de reforma que possa comprometer a estrutura e segurança da edificação deverá ser submetida a uma análise técnica. A NBR 16.280 foi criada para coibir que várias obras de reforma em unidades sejam executadas sem nenhum critério, sem profissionais qualificados, colocando em risco a segurança dos moradores do edifício e vizinhos. Portanto, o condômino que pretende fazer uma reforma em sua unidade, será obrigado a informar o síndico, apresentar um laudo assinado por responsável técnico (engenheiro ou arquiteto) com registro no CREA e/ou CAU, com devida documentação de responsabilidade técnica recolhida junto ao Conselho Regional pertinente. Assim, o síndico deve ficar atento a sua responsabilidade, pois caberá a ele autorizar ou não a reforma, baseado na avaliação do parecer técnico elaborado por profissional contratado pelo condômino. Apesar de não ser uma lei, seu cumprimento é obrigatório dentro dos condomínios. Caso haja algum litígio oriundo de uma reforma ocorrida após 18/04/2014, mês de entrada em vigor da nova norma, provas técnicas e/ou periciais solicitadas pela justiça terão a norma como parâmetro. Entre as principais obrigações do síndico, previstas na NBR 16.280, pode-se destacar: 1. Antes de qualquer reforma em área comum ou privativa, o síndico deverá receber o plano de reforma e documentação pertinente. O mesmo deverá fazer a análise técnica ou encaminhar a um profissional habilitado (engenheiro ou arquiteto),

podendo aprovar ou reprovar a reforma, justificando os motivos; 2. O síndico é o responsável por autorizar ou não a entrada de materiais e mão de obra contratados para a execução da reforma; 3. O síndico deverá arquivar a documentação oriunda de qualquer tipo de reforma que venha a ocorrer no condomínio, incluindo o termo de encerramento, transferindo-a ao sucessor. E dentre as principais obrigações dos proprietários, previstas na NBR 16.280, pode-se destacar: 1. Possuir parecer de um responsável técnico (engenheiro ou arquiteto), com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), no caso de engenheiro ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), no caso de arquiteto, sobre alterações na estrutura, alvenaria ou qualquer outro sistema da área privativa ou comum; 2. Garantir que a reforma seja executada dentro do planejado, nos preceitos de segurança, atendendo todos os regulamentos do condomínio. As obras que não representam risco a segurança, como pintura, deverão seguir apenas as regras internas do condomínio, não sendo necessário a apresentação de parecer e/ou responsável técnico. Embora ainda não muito divulgada, a NBR 16.280 não tem o intuito de burocratizar as reformas em condomínios. Ela é uma guardiã contra as reformas irregulares, Telefone: 11 3492-6652 pois busca a segurança na execucontato@s4cconstrucoes.com.br ção dos serviços, inibindo problewww.s4cconstrucoes.com.br mas técnicos e acidentes, como o ocorrido no Edifício Liberdade, no Rio de Janeiro, em 2012, ocorrido em razão de reformas realizadas sem o devido estudo técnico.

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Curiosidades da Terrinha

Cinemas de Jundiaí Reportagem: Renata Susigan Fotos: Acervo de Maurício Ferreira (Sebo Jundiaí)

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Cine Marabá

ária de Morais Jordão, a Baronesa do Japi, irmã de Ana Leduína de Morais Jordão, primeira baronesa de Jundiaí. Depois de 30 anos em funcionamento, o Ipiranga foi reformado e reaberto em 1983, quando nas salas 1 e 2 foram exibidos o desenho animado “As aventuras da turma da Mônica” e o musical “Annie”. Foi o último cinema de rua a ser fechado em Jundiaí, em 1996.

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té o século passado, Jundiaí teve, pelo menos, 20 cinemas de rua. Muitos foram fundados antes mesmo dos anos 1950; depois de fechados, alguns deram lugar a fábricas, galpões industriais, estacionamento e diversos tipos de comércio. As salas jundiaienses acompanharam as diversas fases do cinema, desde o mudo até produções alternativas modernas, e projetaram películas independentes de cineastas amadores. Além de filmes, tais locais recebiam espetáculos de dança e teatro, apresentações musicais, exposições e até ringue de patinação. Confira, a seguir, a trajetória de três saudosos cinemas da cidade. Nas futuras edições da revista, mais histórias serão trazidas.

Cine Theatro República O prédio que hoje abriga uma agência do Banco do Estado de São Paulo na rua Barão do Rio Branco (antiga rua da Estação) já foi o Cine Theatro República, fundado em 1926. A casa funcionou até a década de 1970 e, além de filmes, recebeu shows de dança, musicais e até programas de auditório promovidos pelas rádios Difusora e Santos Dumont. Em 1931, o cinema contou com a presença ilustre do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos e da pianista Antonieta Rudge. Cine Marabá

Cine Ipiranga Inaugurado em 1952 por Archangelo e Ernesto Rappa, o Ipiranga ficava na rua Barão de Jundiaí, onde hoje, em seu lugar, está localizada uma loja de departamentos. Antes do cinema, o imóvel abrigou a casa de Maria Janu-

Antes do Marabá, o cinema localizado na rua do Rosário, no antigo prédio do salão paroquial Nossa Senhora do Desterro, também levava o nome de Rosário. Fundado em 1948, foi palco de peças de teatro, audições de canto e exposições. Teve o prédio reformado e, quando reabriu em 1954, foi nomeado como Marabá, que funcionou até 1987. O prédio foi demolido e, no lugar, hoje funciona um estacionamento. Em 2013, um grupo de jundiaienses entusiastas da cultura dos cinemas de rua organizou uma sessão especial, que ocorreu no próprio estacionamento. Na ocasião, foram exibidos curtas e um documentário sobre o Carlitos de Jundiaí, produzido por Tainan Franco.

Cine Ipiranga

Cine Theatro República

Fonte: Esta reportagem foi redigida com base em pesquisa realizada na Enciclopédia Cultural de Paula, do jornalista Celso de Paula. Set/Out 2015

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Silmara Leme do Prado, 41 anos, é formada em Educação Física e atualmente trabalha como professora de Educação Básica e coordenadora pedagógica. Há sete anos integra o Grupo Caminho da Alegria e, hoje, coordena o projeto. Esta é apenas uma das vertentes do Núcleo Assistencial Casa do Caminho que compreende, também o Caminho da Esperança, Caminho do Amor, Lembranças do Caminho e ICAD (Instituto da Criança e do Adolescente Diabéticos). Ela já havia realizado trabalhos voluntários em eventos para a igreja da qual faz parte, mas não sistematicamente como o que realiza hoje: Silmara é a palhaça Dra. Pimpolha Piolha, cuja marca registrada são os piolhos que moram em seu cabelo.

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Fazer rir para aliviar a dor Reportagem: Renata Susigan Fotos: André Luiz

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Caminho da Alegria teve início no dia 31 de julho de 2004, quando foi realizada a primeira visita (ou plantão, como os voluntários falam) ao Hospital São Vicente de Paulo. O grupo é formado atualmente por cerca de 90 voluntários registrados (destes, 50 atuantes), que fazem plantões em hospitais da cidade como palhaços. “A iniciativa foi de uma voluntária que acompanhou sua irmã durante uma estadia em um hospital”, explica Silmara Leme do Prado, a Dra. Pimpolha Piolha, coordenadora do grupo. “Ela analisou como o ambiente hospitalar era frio, triste e solitário; atentou para a dinâmica de trabalho dos médicos, enfermeiros e todos os profissionais que atuam dentro do local, então decidiu fazer alguma coisa para as pessoas, principalmente os pacientes e acompanhantes, conseguirem se ‘desligar’ daquela situação, mesmo que fosse por um momento.” Desta maneira, era criado o grupo. A princípio, eles visitavam apenas o São Vicente. Com roupas coloridas e maquiagem marcante, os palhaços entregavam balas para os profissionais e mensagens para os pacientes e acompanhantes. “No início éramos um grupo pequeno, tínhamos

boa vontade, mas estávamos aprendendo ainda”, comenta Silmara. “Há três anos, começamos a estudar a arte do palhaço de hospital e como ele é diferente do palhaço de rua ou de circo.” Como foi o processo de amadurecimento pelo qual vocês passaram? No início, levávamos muitos objetos e tínhamos uma abordagem mais cheia de energia; depois que começamos a aperfeiçoar nossa arte, a do palhaço que atua dentro do hospital, aprendemos que quanto menos, melhor. Hoje, nossas roupas são menos coloridas, mais vintage, e temos uma abordagem mais tranquila, damos mais importância para a interação entre os palhacinhos de plantão e os pacientes, usamos nosso corpo, nossa voz, nossos próprios recursos e tentamos tirar a brincadeira do paciente ou acompanhante. Qual o objetivo do Grupo Caminho da Alegria? Queremos que o paciente e acompanhante se desliguem, mesmo que por um curto período, daquela situação de dor, solidão, angústia e medo que estão passando. Tentamos neutralizar a situação porque, para o palhaço, não há


multiplicadores

dor, tristeza, certo, errado. Ele é inocente, ingênuo, verdadeiro. Recebemos retorno de algumas pessoas (acompanhantes, enfermeiros), que dizem que nosso trabalho realmente ajuda, leva esperança para a pessoa; o momento em que o paciente para de pensar na sua doença ou problema faz com que ele tenha sua esperança e ânimo renovados, e isso pode ajudar efetivamente na recuperação dele. Em quais hospitais vocês dão plantão hoje em dia? No São Vicente de Paulo, aos sábados à tarde e quartas-feiras à noite, e no Universitário e Paulo Sacramento, aos sábados à tarde. Respeitando as regras dos hospitais, visitamos todas as alas, UTIs (se tivermos autorização), laboratórios, pacientes e acompanhantes, auxiliares administrativos, enfermeiros e médicos. Em cada corredor vamos até o posto de enfermagem para obtermos orientações: há quartos em que não podemos entrar, outros que precisam de visita, de uma distração, em alguns só com máscara. É raro acontecer, mas se o paciente não quer receber nossa visita, não insistimos. Nossa moldura é a porta do quarto. Quando estão no hospital, os pacientes têm que fazer o que pedem a eles, não tem muito poder de escolha. Então, negar a nossa presença talvez seja o único não que eles podem falar. Temos que respeitar a vontade deles. Como vocês interagem com as pessoas? A primeira regra é pedir autorização. Se formos autorizados, entramos em dois, no mínimo, ou quatro, no máximo. Começamos interagindo apenas entre nós, palhaços, e no momento oportuno, inserimos o paciente na brincadeira. Nunca saímos do papel para não perder encanto. Enquanto palhaço, “posso tudo”, pois o palhaço é ingênuo, inocente. Tais características nos dão liberdade para criar. Muitas pessoas, além de entrarem na nossa interação, gostam de contar causos, histórias do passado, querem conversar. Às vezes, quando algum voluntário se emociona com uma história ou situação, pedimos para o parceiro continuar, saímos do quarto para nos recuperarmos e depois voltamos. Como vocês se caracterizam? Como somos palhaços de hospital, temos roupas menos coloridas e infantis. Hoje, elas são mais vintage. De acordo com as regras do hospital, temos que usar sapatos fechados. As mulheres sempre usam meias para não deixarem as pernas à mostra, saia e blusa ou vestido. Os homens usam calça social e camisa. Temos o jaleco e alguns acessórios no cabelo, como chapéus, bobes e tiaras; quem tem o cabelo comprido tem que prendê-lo. Reforçamos com os voluntários que a roupa que eles usam para dar plantão tem que ser especial, pois é a roupa do palhaço deles, não a que eles usam no dia-a-dia. A maquiagem é a mais neutra possível, porque acreditamos no poder do nariz do palhaço, que é a menor máscara que existe.

A minha palhaça, a Dra. Piolha Pimpolha, usa saia preta, meia listrada preta e vermelha e uma blusa branca. No cabelo, moram os piolhos, que são a marca registrada dela. Vocês formam o voluntário do Caminho, certo? Como é o processo de formação? Todos os anos, em março e abril, abrimos as inscrições pelo Facebook. Os interessados têm que ter acima de 21 anos (os atuantes hoje têm de 25 a 40 anos) e disponibilidade para assumir o compromisso de dar plantão a cada 15 dias, no mínimo. Os inscritos recebem um questionário para responderem questões pessoais e opinativas. Nesta fase já há uma pré-seleção. Depois, temos uma integração, fazemos dinâmica de grupo entre os novos interessados no trabalho. A seguir, cada um passa por uma entrevista com nossa psicóloga; os inscritos ainda têm uma conversa com a fundadora e a coordenação do grupo; se passarem, estão prontos para fazerem o curso ministrado por dois voluntários que estão em constante treinamento. De agosto a dezembro são realizados 10 encontros. Neles, os voluntários resgatam sua infância e aprendem a encontrar o seu próprio palhaço. Eles têm módulos de técnica corporal, improvisação e triangulação, que é prestar atenção nas reações do parceiro (outro palhaço) e da plateia (paciente, acompanhantes) para não deixar o show acabar. Depois que se formam, em fevereiro do ano seguinte começam a dar os plantões. Mas em dezembro, no dia de Natal, os novos palhaços fazem a sua estreia: o grupo todo vai para o hospital, cada um fica em uma porta e cantamos. É muito emocionante! Você já falou sobre a importância do trabalho para quem está no hospital, mas e para vocês, voluntários, o que o trabalho provoca? Saímos de lá recarregados. É cansativo, exige muito de nós, mas quando tiro a máscara, que é o nariz de palhaço, a memória fica, então começo a pensar como indivíduo. Se a pessoa para de reclamar da vida, percebe que seus problemas são pequenos em relação aos das outras pessoas. Aprende a valorizar a vida que tem e o fato de ter saúde e aprende que o resto é consequência. Poder levar esperança, mudar um pouco o ambiente triste e aliviar um pouco da dor é extremamente gratificante. O Caminho da Alegria não tem patrocínio nem convênio. Portanto, quem quiser contribuir com o grupo ou com o Núcleo Assistencial Casa do Caminho pode entrar em contato: Rua Sérgio Cardoso, 197, Jardim do Trevo 11 3379-2665 | caminhodaalegria@terra.com.br Facebook: Caminho da Alegria / Núcleo Assistencial Casa do Caminho Bazar permanente: às quintas-feiras, das 14h às 16h. Set/Out 2015

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gastronomia

Spaghetti alla carbonara Ingredientes 200 gramas de espaguete 3 unidades de gema 150 gramas de guanciale 50 gramas de queijo parmesão ralado 50 gramas de queijo pecorino romano ralado Sal e pimenta do reino a gosto Modo de preparo - Coloque o espaguete para cozinhar em água abundante e salgada até que esteja al dente; - Escorra a massa e reserve um pouco da água onde foi cozida; - Em uma frigideira, leve o guanciale cortado em cubos pequenos e deixe-o dourar em sua própria gordura em fogo baixo; descarte o excesso de óleo se soltar muito; - Separadamente, tempere as gemas com o sal e a pimenta do reino; - Adicione a água da massa ainda quente para aquecer as gemas, misturando para que não coagule; - Envolva a massa escorrida aos cubos de guanciale na frigideira; - Abaixe o fogo e despeje as gemas batidas e pré-aquecidas com água aos poucos e mexendo sempre - é importante mexer para que os ovos não coagulem e as gemas cozinhem lentamente, engrossando o molho; - Adicione os queijos e misture até derretê-los; - Sirva imediatamente.

Gilli Lima Chef de cozinha há 10 anos; atualmente trabalha no Família Brunholi Restaurante

Quando eu dava ainda meus primeiros passos na cozinha, descobri uma joia, uma pérola da cozinha italiana pela qual sempre fui apaixonado, o carbonara! Prato de extrema complexidade e surpreendente riqueza de sabores, embora preparado com poucos ingredientes. O nome é derivado da palavra italiana carbone que significa carvão, surgiu após a Segunda Guerra Mundial, quando muitos italianos comiam ovos e toucinho fornecidos pelas tropas norte-americanas. O prato teria sido criado pelos trabalhadores das minas de carvão dos montes Apeninos, região montanhosa próxima à Roma, que precisavam de uma refeição mais calórica para recuperar as energias gastas no trabalho duro nas minas. A receita original de Roma é preparada com gema de ovo, queijo parmesão, queijo pecorino romano e guanciale (um tipo de bacon preparado com as bochechas do porco) e não é utilizado creme de leite ou nata. Além desse lado histórico, o carbonara tem para mim uma estória interessante. Muitos anos depois de descobri-lo, quando eu já atuava como chef, havia uma bela moça que frequentava o restaurante e que me causava palpitações e arrepios, mas nem me notava, até que um certo dia, depois de muito tempo desse sentimento preso em mim e sem nenhum sinal de correspondência, eu resolvi lhe preparar por conta própria um carbonara. Na primeira garfada o prato provocou na moça o que ela provocara em mim; de alguma forma ali se estabeleceu uma relação. O prato, que por sua vez, não fazia parte do cardápio e tem um preparo bastante delicado para que fique um molho cremoso e não coagule as gemas, portanto, era sempre preparado por mim e ela sempre voltava ao restaurante querendo que eu fizesse o carbonara para ela. Começou assim a conquista da bela moça que hoje é minha esposa (Myucha) e que continua a pedir o prato e a apreciá-lo como se fosse a primeira vez. 44

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turismo

Lugano: pedaço da Itália na Suíça Reportagem: Renata Susigan Fotos: Divulgação 46

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alvez a cidade seja mesmo um pedaço da Itália na Suíça porque, além do italiano ser o idioma oficial, o local tem características parecidas com eles: é descontraída e gosta de bons vinhos. Lugano está a uma hora de trem de distância de Milão; fica mais próxima da “Bota” do que da própria capital, Berna, cuja distância é de quase quatro horas; de Zurique está separada por três horas; e Genebra está a aproximadamente seis horas. A cidade tem cerca de 65 mil habitantes, clima ameno e foi desenvolvida no entorno do Lago de Lugano, passagem obrigatória nos dias quentes para quem quer nadar ou passear de vela e barco. Em um passeio pelo lago é possível conhecer dois vilarejos de pescadores que foram preservados: Grandia e Campione. No último, vivem cerca de 2500 pessoas e há um cassino que faz grande sucesso. Há ainda o Bré e San Salvatore, dois montes que emolduram a cidade. Os moradores de lá acham que o San Salvatore é parecido com o brasileiríssimo Pão de Açúcar.

Na Piazza Grande ficam a Prefeitura e restaurantes, cafés, bares e lojas. A cidade possui um centro histórico, museus, parques, diversas universidades, realiza festivais e tem uma catedral dedicada ao santo padroeiro, São Lourenço. Na primavera, as camélias e magnólias compões uma das paisagens mais belas na cidade que tem o terceiro mais importante centro financeiro da Suíça. Ou seja, é um lugar com estrutura de grande, mas com a beleza e tranquilidade de cidades pequenas. Por todos esse motivos, Luciana Brändli, professora de 40 anos, foi morar com a família por lá em junho deste ano. “Estou gostando bastante de morar aqui”, afirma. Ela conta que tem a cidadania suíça porque seus avós paternos são de Rüti, uma cidade próxima a Zurique. “Sempre tivemos vontade de morar na Suíça, então decidimos vir para cá por causa da situação atual do Brasil, tanto em relação à segurança quanto à economia, e meu marido teve uma oportunidade de Set/Out 2015

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Luciana Brändli, professora

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emprego aqui. Como temos duas filhas (uma com 16 e outra com 12 anos), entendemos que aqui a vida delas será mais tranquila.” Luciana comenta que a família ainda está se adaptando, mas até agora toda a experiência tem sido bastante positiva. “Pela proximidade com a Itália – estamos a 25 minutos da fronteira –, temos uma vida mais descontraída e relaxada em comparação a outras cidades suíças”, compara. “As pessoas são bastante educadas, alegres e receptivas.” Ela comenta que, apesar de ser imigrante, também é considerada cidadã suíça, então, nunca passou por uma situação desagradável. Contudo, ela comenta uma dificuldade curiosa que tem passado por lá. “Aqui, os banheiros não têm ralos. Morro de vontade de jogar um balde de água para lavar e não posso”, desabafa. “Aqui, é muito na base do paninho, mas acabo dando um jeito de lavar o que acho que precisa.” Para ela, o que mais tem chamado sua atenção até agora em relação às diferenças culturais é o fato de que, em Lugano, tudo funciona. Ela opina: “A seriedade em resolver coisas corriqueiras do dia a dia é surpreendente; aqui não se tem o jeitinho brasileiro e tudo funciona. Os transportes públicos são invejáveis, extremamente pontuais e limpos. A limpeza das vias públicas também é impecável. E sempre tem eventos culturais na cidade. Aqui se valoriza demais os talentos artísticos e musicais das pessoas. Em junho e julho houve o Festival de Verão de Lugano, em que pessoas com talentos diferentes se apresentaram ao ar livre em diversos pontos da cidade. A segurança em sair na rua sossegada, andar com o vidro do carro aberto, ver crianças pequenas indo sozinhas à escola e outras coisas mais não tem preço.” Luciana está aperfeiço-

ando seu italiano, quer encontrar um emprego em sua área de atuação e ficar com a família em Lugano para sempre. Como chegaram em época de férias escolares, Luciana, o marido e filhos não tiveram tempo suficiente para conhecer muitas pessoas, pois grande parte da população estava viajando. Eles aproveitaram para conhecer melhor a cidade. Confira as dicas que ela deu a quem quiser conhecer o lado italiano da Suíça: Monte Bré e Monte San Salvatore “Dois lindos cartões postais. Daqui se tem uma vista fantástica da cidade em torno do lago. É possível chegar até eles através dos funiculares e até mesmo de carro. Vale a pena, pois a paisagem é maravilhosa.” Piazza della Reforma “Fica no Centro de Lugano. Tem restaurantes e cafés com um ambiente muito agradável para ir com a família ou com amigos para se fazer um happy hour.” Lago de Lugano “É uma delícia passear por ele nos pedalinhos.” Monte Tamaro “A cerca de 15 km de Lugano, está a 1.962 metros acima do nível do mar. Fica situado entre Lugano, Bellinzona e Locarno. Vale a pena conhecer, subir em teleféricos até uma área onde tem um restaurante, uma pequena montanha-russa com vista para os Alpes, um lago, uma igreja e um lindo visual. E aos pés do monte há um parque aquático espetacular, limpíssimo e com algumas atrações para todas as idades: o Spa e Splash Tamaro.”


restaurante

Lâmpadas

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Set/Out 2015

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crônica

Rafael Godoy

D

Insônia

esta vez eu fui a vítima. Morava em um prédio no centro da cidade e, o andar de baixo, era ocupado por uma viúva que morava sozinha e sofria de insônia. Ao invés de contar carneirinhos durante a noite, contava travestis que frequentavam o centro de madrugada, nunca dormia. Como não tinha filhos e nem namorado, acabou por me eleger o fruto de sua insatisfação pela vida. Certa manhã, nos encontramos no elevador e a bruxa já foi questionando: - O senhor está com algum problema no intestino? Antes de responder, engoli a seco e, em pensamento, mandei para o conteúdo do intestino grosso, respirei fundo e mantendo a boa educação respondi: Não! Está tudo bem. - Bem, uma ova, o senhor foi ao

Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Acesse: www.apezero1.com.br/artigos/simao

banheiro às 1:15; às 2:10; às 3:50 e por fim às 5:10, emendou a senhora. - Como a Senhora sabe que sou eu?, questionei. - Seu chinelinho é inconfundível, mais parece um surdo de marcação na bateria de escola de samba. Mas fique tranquilo, ainda hoje vou resolver seu problema. Logo imaginei que a bruaca iria até a farmácia e me traria um remédio, já que me fiscalizou durante minha noite de rosa, ou seja, plantado no vaso. No final do dia, quando já havia melhorado e até esquecido do encontro com a vizinha, meu interfone tocou. Do outro lado o porteiro me informava que alguém havia deixado um par de pantufas na portaria com um bilhete para ser trocado com meu chinelinho.

José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para a casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.




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