Revista Condomínios - ed: nov/dez 2015

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No seu condomínio. Na sua mão.

Distribuição dirigida Ano 13 . Nº 117 Nov/Dez de 2015

Mudar, do latim mutare, verbo: 1.Deslocar, dispor de outro modo, remover para outro lugar. 2.Tomar outra direção. 3.Instalar (-se), transferir(-se) para outro prédio, local ou cidade. 4.Apresentar sob outro aspecto. 5.Converter, transformar.




editorial

Mudanças

V

ocê já mudou? Independentemente da circunstância ou motivo, é possível afirmar que as

história: do momento da decisão ao momento do acontecimento. Cada um encarou a tarefa de mudar de uma maneira diferente.

pessoas já tenham mudado alguma coisa, pelo

É importante lembrar que, apesar de termos

menos uma vez na vida. Interessante é que nem

escolhido um momento específico para falar de

sempre se muda aquilo que não está dando certo.

mudanças – final de um ano difícil para o Brasil

Às vezes, as pessoas mudam porque querem se

e para o mundo –, o que vale é o processo.

desafiar, sair do lugar comum, arriscar.

Nem sempre as pessoas percebem, mas a

Não importa a motivação: mudar não é

mudança acontece quando se está preparando

fácil. Este pequeno verbo tem um enorme

para ela, não quando ela, de fato, ocorre. Antes

significado, um peso de responsabilidade que

de mudar de país, de casa ou de profissão, elas

intimida. Por isso, para mudar é necessário, no

já eram diferentes.

mínimo, uma análise, um plano e um amuleto. Na falta deste, alguém que empurre a pessoa

Nas outras editorias, confira como lidar com

para frente já ajuda. Se não tiver alguém, tem

a ansiedade, como fazer uma pizza de pera,

que ter coragem mesmo.

os lugares para se visitar em Arlignton (EUA), a

Mudança é a razão que une nossos entrevistados de capa: seja para um país diferente

história do Viaduto da Ponte São João, um guia para condôminos e síndicos sobre gás e muito mais!

ao encontro do marido; seja de casa, para esperar o novo bebê; seja de profissão, para colocar em

Para você, leitor, a equipe da redação da Apê

prática um hobby ou simplesmente porque é

Zero 1 deseja um Feliz Natal e que o próximo ano

possível. Cada um dos personagens dividiu sua

venha cheio de boas surpresas...

Renata Susigan, jornalista


Expediente

Índice

A revista APÊ ZERO 1 é distribuida em condomínios em Jundiaí - SP e é editada pela Io Comunicação Integrada Ltda, inscrita no CNPJ 06.539.018/0001-42. Redação: Rua das Pitangueiras, 652, Jd. Pitangueiras, Jundiaí - SP CEP: 13206-716. Tel.: 11 4521-3670 Email: falecom@apezero1.com.br Jornalista Responsável: Rodrigo Góes (MTB: 41654) Diretora de Arte: Paloma Cremonesi Designer Gráfico: Camila Godoy Redação: Renata Susigan Redes Sociais: Rafael Godoy e Mônica Bacelar Web: Adrian Medeiros Estagiários: Emiliana Marini, João Carvalho, Madeleine Barbi e Matheus Oliveira Tiragem: 10.000 exemplares Entrega: Mala Direta etiquetada e direto em caixa de correspondência, mediante protocolo para moradores de condomínios constantes em cadastro da revista. Quer seu exemplar? Caso ainda não receba, solicite para o seu condominio: falecom@apezero1. com.br ou ligue: 11 4521-3670 Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam o pensamento da revista.

06 Decoração Quarto de casal

Álbum de fotografias

10 Bem-estar Ansiedade

14 Plante e colha Rosa

16 Viver em Condomínio STJ reconhece possibilidade de aumentar multa para condômino inadimplente

18 Capa Época de mudanças

28 cidadania

42 Multiplicadores

2016 é ano de ficha pública

Karina Martinelli

30 Radar Apê Especial Guia Gás

Acesse na internet Site: www.apezero1.com.br Twitter: @apezero1 Facebook: Apê Zero 1

08 Mão na Massa

32 Pets Identificação de animais de estimação

44 Gastronomia Chef pizzaiolo Xororó

36 Crianças Má postura

Associado:

38 Para os pequenos Brincadeiras: “Quem é o cacique?” e “Índios” Para Anunciar 11 4521-3670 atendimento@apezero1.com.br

46 Turismo Arlington (EUA)

40 Curiosidades da Terrinha Viaduto São João Batista

50 Crônica O vovô e a netinha


Decoração

Acesse www.apezero1.com. br/decoracao e confira fotos de outros ângulos deste amplo quarto de casal, que possui um grande closet integrado e uma banheira instalada em frente à cama. 6

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Aconchegante quarto de casal Reportagem: Renata Susigan Fotos: Wanderley Franco Ter um closet grande, banheira e uma cama com “cara” de cama foram as necessidades apresentadas pelos clientes de Ligia Carreiras, designer de interiores, e Juliana Kondrat, arquiteta, da Regua Arquitetura, em Jundiaí. Como solução, as profissionais projetaram um ambiente com 52 m², divididos entre quarto, closet e banheiro. Ligia conta que é importante ouvir a demanda do cliente e saber traduzir suas preferências para o projeto. “No início do trabalho fazemos um briefing, que deve conter informações como o estilo que o proprietário da casa gosta, idade dos moradores e para qual finalidade o cômodo será usado”, comenta Ligia. No quarto em questão, o casal deixou claro que queria um espaço ideal para descansar, ler um livro e assistir a um show de dentro de banheira. Para atender ao pedido, Ligia e Juliana deram atenção especial à iluminação. As luminárias de todo o cômodo abrigam duas lâmpadas: uma de luz branca e outra de luz amarela. “A luz amarela, ou quente, é mais intimista, relaxante, por isso, indicada para ser usada em quartos. Já a luz branca, ou fria, foi instalada para ser usada nos momentos de limpeza e organização”, afirma Ligia. Com relação às cores, nas paredes predomina o off white, pois na decoração foram usados o bege, marrom e vermelho queimado. “Pensamos nesta alternativa para que a identidade da casa ficasse por conta da decoração, que ficou moderna, mas clássica, atemporal.” Tapetes, cortinas e roupa de cama são os itens que não podem faltar, pois eles dão o acabamento awo projeto. Em relação à mobília, além da cama, nos quartos pode-se colocar sofá ou poltrona, para ser usado durante uma leitura; criado-mudo para apoiar um abajur, livro, água ou celular; painéis com fotos do casal e quadros. O closet tem que ser funcional: deve ter um apoio – que pode ser um sofá - para a pessoa poder se sentar para se vestir e calçar os sapatos; um espelho; e iluminação com lâmpadas dicroicas, que possuem quase 100% de fidelidade na reprodução da cor. Os armários devem ser planejados de acordo com a quantidade e tipos de roupas, calçados e acessórios que os proprietários têm. No banheiro, Ligia sugere que a bancada seja o mais clean possível, para que a peça – no caso, pia de nanoglass esculpida – seja a protagonista, o que dá um toque de sofisticação no ambiente. O chuveiro de teto fica separado da banheira em um box de 1,50 x 1,85 m, equipado com prateleiras de vidro para apoio. Já a banheira fica instalada em um deck, em frente à cama, com algumas plantas para ajudar na decoração. Na parede, castelato etrusco, parecido com pedra rústica, finaliza a arquitetura do lugar e recebe a tevê, a pedido do casal. O vaso sanitário fica em uma área reservada, de 1,85 x 1,24 m, separada por uma porta. Nov/Dez 2015

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mão na massa

Álbum de fotografias Aproveite que o Natal está chegando e presenteie seu (sua) parceiro (a), familiares ou amigos com um álbum de fotos diferente, que você mesmo fez, com imagens de momentos especiais que vocês dividiram.

Fotos: Divulgação

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foto: ara cada p a d n e g ue uma le ar em q 1. Escreva car o lug lo o c á e t d n e rio eça algum com e não esqu a t a d vam, a vocês esta omento; fotos sobre o m caixa com em, a r e z a viag pode f de uma s 2. Você a ic íf c e nco. ou esp reto e bra p aleatórias m e o até mesm festa ou

Você vai precisar de: - papel cartão; - lápis e régua; - cola quente; - cola spray; - tesoura; - cinco ou mais fotos no tamanho 8 x 8 cm; - caixa de madeira: pode ter 12 x 12 cm de área ou você pode levar o papel cartão na hora da compra para escolher uma caixa que fique ajustada às fotos da maneira que você desejar; Instruções: - com ajuda de uma régua, marque com o lápis medidas de 10 x 10 cm no papel cartão, de acordo com o número de fotos que você tem; - corte somente a parte externa dos quadrados, mantendo-os unidos por um dos lados; - a cada quadrado, dobre o papel cartão: faça a primeira dobra para um lado e a seguinte para o lado oposto. Repita o processo até o fim como se fosse uma “sanfona”; - corte as fotos no tamanho 8 x 8 cm; - centralize cada foto em um quadrado no papel cartão e cole-a com a cola spray; - para dar um melhor acabamento, você pode fazer um contorno com caneta nas fotos; espere a tinta secar; - com a cola quente, cole o quadrado da base na parte de dentro da caixa de madeira e arrume a “sanfona” de fotos; - corte um pedaço de fita e cole-a no primeiro cartão com foto, assim, ficará mais fácil puxar a “sanfona”; - decore a caixa de madeira da maneira que quiser, mas se preferir deixá-la rústica, também fica bom. Finalize o presente passando uma fita e fazendo um laço por fora da caixa.



Bem-estar

Reportagem e Fotos: Renata Susigan

“A

nsiedade é tempero, combustível para o indivíduo se envolver com sua própria vida, se preocupar, se conhecer e não se tornar uma pessoa alienada”. Após lerem esta afirmação, do psicólogo Rogério João Vassoler, os ansiosos podem respirar com mais tranquilidade. O profissional é formado em Psicologia há 24 anos, mestre em Saúde Mental pela Unicamp, professor universitário e psicólogo clínico e institucional. Em seus atendimentos, utiliza a abordagem psicanalítica. Vassoler explica que a ansiedade é inerente ao ser humano, caracterizada pelo sentimento de desamparo, insegurança, incerteza, tensão e medo. É a incapacidade de viver o presente com tranquilidade. Ele faz uma comparação para exemplificar melhor o que é ansiedade: “O medo, por si só, é concreto, pois quando se tem medo, sabe-se qual é a ameaça. No caso da ansiedade, não se sabe qual é a ameaça, só se sabe que alguma coisa pode acontecer.” Se sentir ansiedade é natural, pode-se dizer que todas as pessoas são ansiosas, mas nem todas têm o transtorno de ansiedade ou pânico. “Quan10

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do não faz sofrer, a ansiedade pode ser positiva, pois causa inquietude, faz a pessoa questionar sua vida, sua qualidade de vida, trabalho, vínculos emocionais”, comenta. No entando, Vassoler afirma que quem não tem ansiedade dificilmente entrará em contato com os questionamentos normais dos indivíduos. O psicólogo explica que uma das vertentes da ansiedade é a expectativa, que significa pensar mais no futuro do que no presente. “Para uma pessoa que está planejando a viagem dos sonhos é natural que sinta ansiedade e que ela se manifeste na forma de expectativa, que é pensar em como será a experiência, se imaginar no local, traçar roteiros”, afirma. Outra vertente importante, e talvez a pior, é a insegurança: sensação de ameaça e medo. Vassoler ressalta que a principal causa da ansiedade é a certeza da finitude; ela passa a ocorrer quando o indivíduo percebe que ninguém tem controle total dos acontecimentos. “Se uma pessoa é assaltada à mão armada ou passa por qualquer outra situação de perigo, ocorre um pico de tensão que faz seu corpo se armar de defesas; se


precisar fugir ou reagir, a pessoa tem mais força e agilidade”, descreve. Ter um pico de tensão é natural em uma situação de ameaça real, quando se sabe o motivo causador do medo. A partir do momento que a pessoa se sente desta maneira o tempo todo, mesmo quando não está sob ameaça, a ansiedade passa a ser prejudicial. Para ele, os motivos que levam as pessoas a se sentirem desta maneira são variados, dependem de cada um: pode ser medo da morte, de não ser amado, de amadurecer. A ansiedade pode ser provocada por vários fatores e, em alguns casos, o ansioso não sabe ou demora a descobrir qual é sua origem. “Os sintomas também dependem de cada pessoa, mas podem ser falta de concentração, tensão excessiva e constante, rigidez muscular, irritabilidade, impulsividade, taquicardia, insônia, desequilíbrios alimentares e muitos outros.” A ansiedade pode vir acompanhada de outras doenças ou transtornos, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada, a síndrome do pânico, depressão, fobia social, fobias específicas, Transtorno ObsessivoCompulsivo, mas esta associação não é regra.

Diagnóstico e tratamentos Vassoler afirma que, por questões éticas, somente o psiquiatra pode dar um diagnóstico de ansiedade para o paciente, mas que o tratamento deve ser um trabalho conjunto entre psicólogopaciente-psiquiatra. “É fundamental que os dois profissionais acompanhem o paciente.” Para tratar algum transtorno de ansiedade diagnosticado é necessário ter uma avaliação do psiquiatra, que pode prescrever medicamentos ou não, e o tratamento psicológico, independentemente da abordagem do profissional, para tratar questões afetivas e emocionais. “O tratamento ajuda a pessoa a reelaborar certos conceitos. A ansiedade não vai deixar de existir, mas pode diminuir”, comenta. “Além da análise e eventualmente do uso de medicamentos, é importante que o paciente tenha um hobby e faça atividades que tragam alívio, como artes, esportes, espiritualidade.” Para ele, é importante o indivíduo se conhecer e buscar recursos para viver uma vida mais intensa, porém, tranquila. Nov/Dez 2015

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Rogério João Vassoler,

psicólogo que usa em seus atendimentos a abordagem psicanalítica

Alternativas que ajudam a diminuir a ansiedade Caso você seja uma pessoa excessivamente ansiosa, busque ajuda de profissionais de sua confiança para receber o tratamento mais adequado para seu caso. Mas existem algumas dicas que você pode colocar em prática que podem ajudar a diminuir sua ansiedade. Confira: Não se esqueça de você. Apesar da correria do cotidiano, separe um tempo só para você, para que possa fazer aquilo que mais gosta, como pintar, praticar um esporte, fazer artesanato, ouvir música ou ler. Qualquer coisa que traga alívio ajuda! Seja organizado. Planejar as tarefas do seu dia pode ajudar a diminuir a angústia e tensão. Faça exercícios. Caminhada ou academia. Faça uma avaliação de sua saúde primeiro e siga as orientações de profissionais sobre qual o tipo de exercício físico você pode fazer sem prejudicar seu corpo. Atividades físicas liberam endorfina e hormônios que causam bem-estar. Não desconte na comida! Algumas pessoas tentam se sentir bem comendo, na tentativa de preencherem um vazio que não está no estômago. Tente se controlar. Coloque pimenta na alimentação. As pimentas têm substâncias que estimulam a produção de endorfina, que ajuda a combater a ansiedade.

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Tipos de ansiedade Agorafobia Medo de estar em espaços abertos ou em locais e situações difíceis de escapar, quando se está em meio a multidões ou sozinho. Estresse pós-traumático Presenciar evento traumático e permanecer revivendo o medo passado. Generalizada Quando há preocupação excessiva e incontrolável durante horas, dias e meses. Pode vir associada a rigidez muscular, insônia, irritabilidade. Fobias específicas Sentir medo excessivo e irracional causado pela presença ou pela antecipação da presença de algo que cause pavor. Pode ser de animais, altura, espaços fechados, doenças, sangue. Fobia social Medo de se expor e estar sujeito a avaliação das outras pessoas ou medo de se comportar de maneira vergonhosa. Transtorno de pânico Crises súbitas e repetitivas de mal-estar sem existir um fato importante que as desencadeiem. A pessoa pode apresentar mudança de comportamento e medo de ter novas crises.

Contatos. Encontre pessoas queridas – podem ser amigos, familiares - e converse com elas, convide-as para um passeio, troque experiências.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo Ter pensamentos obsessivos e a compulsão de realizar alguns rituais na tentativa de parar de ter tais pensamentos. Exemplo: checar se a porta está fechada várias vezes ou lavar as mãos constantemente.

Boa noite! É difícil dormir bem sendo ansioso, então tente colocar em prática algumas técnicas que podem ajudar a diminuir o ritmo, como fazer um relaxamento ou ler um livro.

Ansiedade induzida por substâncias Desencadeada pelo uso de substâncias que podem causar ansiedade.

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Plante e Colha

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tradição conta que a rosa é a rainha das flores, simboliza o amor, a paixão e a beleza. Imortalizada na literatura, existem registros de fósseis de espécies selvagens desta flor há 35 milhões de anos. Além da decoração, a rosa é usada na produção de cosméticos, remédios, infusões e até na culinária. Apesar de ter apenas duas espécies mais comuns de rosas no Brasil – a tradicional e a mini - há uma enorme variedade desta flor, com tamanhos, cores e formatos diferentes. No Brasil, a melhor variedade é cultivada na Serra de Ibiapaba, entre o Ceará e Piauí. No entanto, a colombiana tem chamado cada vez mais atenção por ser de um vermelho intenso, ter as pétalas aveludadas e o tamanho superior ao das tradicionais brasileiras. Tais características são adquiridas por ser cultivada em uma altura de mais de 2600 metros, em locais iluminados e com temperatura média de 15º C.

Coquetel de rosas Para fazer um coquetel de rosas, você vai precisar dos seguintes ingredientes: • 4 gotas de água de rosas • 8 amoras • 4 colheres (sopa) de vodca • 4 colheres (sopa) de vermute seco • suco de dois limões • 1 xícara de suco de abacaxi natural • 8 cubos de gelo • gelo picado e pétalas de rosa comestíveis para decorar Preparar é muito simples: Basta bater todos os ingredientes - exceto o gelo picado e as pétalas - no liquidificador e coar. Coloque o gelo no fundo de taças, acrescente a bebida e decore com as pétalas de rosas. 14

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Cultivo Por ter beleza e aroma característicos, o ideal é plantá-la no jardim de sua casa, em local arejado, longe de correntes de ar, que receba luz do sol diretamente durante seis a sete horas por dia. A rosa se desenvolve bem em qualquer tipo de solo, mas é preferível que a terra seja mais argilosa, com boa drenagem. Ela também gosta de temperaturas entre 20º e 30º C. Utilize substratos de qualidade e aplicação de fertilizantes a cada 60 dias. A irrigação deve ser feita todos os dias no verão e alternadamente no inverno. Com relação a adubagem, faça três aplicações de adubo orgânico por ano. A poda é indicada para os meses de junho, julho e agosto, pois garante flores na primavera. Atente para aparecimento de fungos e insetos. Se isso ocorrer, pode ser por excesso de umidade, então, diminua a rega. Em arranjos, deixe os botões de rosa longe da luz do sol direta, em ambientes arejados; retire as pétalas velhas do vaso, troque a água a cada três dias, mantenha as folhas e flores bem irrigadas e as pontas das hastes cortadas na diagonal (cerca de dois centímetros).

Acesse nosso site e saiba como fazer a água de rosas em casa e a simbologia de suas cores! www.apezero1.com.br/faca-voce-mesmo


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Viver em Condomínio

Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconhece possibilidade de aumentar multa para condômino inadimplente

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m tempos de crise na economia, os síndicos estão buscando diversas saídas para manter as contas em dia, e uma delas é o combate à inadimplência. Segundo dados do SECOVI-SP, as ações judiciais para cobrança das contribuições de condomínio cresceram 32,9% se comparado o período de janeiro a agosto de 2015 com igual período de 2014. Na esteira desta situação, a grande mídia fez muito barulho no final de outubro deste ano ao divulgar de forma inadvertida a decisão do STJ que reconheceu, ao apreciar o recurso de um processo de 2007, a possibilidade de cobrar do condômino inadimplente uma multa extra de 10%. Em situações normais, o devedor que deixa de pagar sua contribuição condominial deve suportar uma multa de 2% mais juros e correção monetária do valor devido, tudo com estribo no artigo 1.336 do Código Civil. Se comparada com outras obrigações, tais como plano de saúde, escolas e cartões de crédito, a multa pelo atraso no condomínio é muito baixa; daí nesse momento de arroxo nas contas domésticas as pessoas acabam optando por atrasar as contas de menor punibilidade, pois dívidas bancárias podem chegar até 400% ao ano em encargos. Então a notícia amplamente divulgada sobre a possibilidade de aumentar a punição ao condômino inadimplente foi de grande interesse dos síndicos e trouxe grande audiência aos meios de comunicação que se serviram do fato. Mas é preciso explicar como tudo ocorreu para que não se fique achando que todo condomínio pode passar a cobrar uma multa de 10% logo amanhã. Carlos Eduardo Quadratti é advogado O que houve nos autos do especializado em direito condominial e de processo 2007.01.1.114280-3 vizinhança e jornalista articulista inscrito no que tramitou no TJ/DF é que o MTB 0062156SP. condômino inadimplente (que é uma construtora) foi enquadrado no artigo 1.337 do Código Civil que permite uma multa de até cinco vezes a contribuição condomi16

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nial vigente. O artigo 1.337 trata do chamado “condômino antissocial”, ou seja, no dizer da lei, aquele que “não cumpre reiteradamente com seus deveres perante o condomínio”. O artigo em exame não existia na Lei dos Condomínios e nem no Código Civil de 1916 que vigorou até o ano 2002. Este novo artigo abrange todos os deveres do condômino para com o condomínio, estejam eles previstos na lei, convenção ou regimento interno, incluindo o pagamento da contribuição condominial. E qual o maior dever perante o condomínio senão o de manter a contribuição condominial em dia? No caso em tela foi realizada uma assembleia onde compareceram mais de três quartos dos condôminos que aprovaram a imposição daquilo que chamaram de “penalidade pecuniária reparatória” para “constrangimento ao inadimplente reiterado”. Esta penalidade consistiu em multa 10% sobre o débito além dos 2% e correções já comentadas. O reconhecimento da validade desta “solução” adotada pelo condomínio pode abrir o caminho para que outros condomínios possam adotar resolução semelhante, uma vez que as demais instâncias da Justiça podem começar a acompanhar esta decisão. Contudo, vale lembrar que ainda no momento em que escrevemos esta coluna ainda cabe recurso por parte do devedor e, portanto, o assunto está longe de ser considerado pacificado. Vale também alertar que a multa de 10% só foi considerada válida, pois já fazia parte dos normativos do condomínio, tendo sido aprovada e registrada em ata de assembleia subscrita por mais de três quartos dos condôminos. Outra condição para a validade da aplicação da punição é que o condômino deixe de pagar reiteradamente, ou seja, não se pode aplicar a punição ao condômino que por uma única vez se torna inadimplente e sim contra aquele definido como inadimplente contumaz. Assim, antes de sair disparando a punição a qualquer inadimplente é preciso observar os devidos procedimentos exigidos pela legislação para que o condomínio não acabe sofrendo uma decisão invertida na justiça.


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capa

Mudar

Reportagem: Renata Susigan Fotos: Renata Susigan e André Luiz

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transição entre um ano e outro geralmente é marcada pelo espírito de renovação. Seja um novo carro, emprego, estilo de vida, relacionamento, uma nova cidade ou casa, muita gente termina o ano refletindo sobre o que poderia ter feito de diferente e o que fará para que o próximo período seja melhor, mais feliz, traga mais sucesso. Fazer o balanço da vida pessoal e profissional, da relação com as outras pessoas, da relação consigo mesmo não é tarefa das mais fáceis. Mudar é difícil, enfrentar desafios pode ser amedrontador, mas para cada pessoa acontece de uma maneira. É preciso ter coragem para encarar os próprios defeitos e erros, planejar, trabalhar, exercitar o despren18

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dimento e ter fé de que tudo, no final, dará certo! A reportagem da revista Apê Zero 1 conversou com algumas pessoas que deixaram o conforto de lado e se desafiaram: uma delas reviverá a mesma experiência de uma década atrás; a outra deixará a vida que conhece para viver em um país cuja cultura é totalmente diferente da brasileira; a terceira decidiu colocar em prática algo que leu em um texto, numa viagem de volta para casa; e a outra está passando por uma segunda grande mudança profissional e anseia pelo que está por vir. Conheça a história das empresárias Priscila Gomes e Gisele Moraes, da gerente de negócios Cássia Dantas e do empresário Marcelo Carvalho a seguir:


Bebê e casa

Priscila Gomes tem 36 anos, é empresária, casada com Paulo e mãe de Ana Luíza. Quando 2015 começou, ela planejou como ele seria e, bem, pode-se dizer que ela conseguiu realizar seus planos. Priscila e Paulo, pais de Ana Luiza, de 11 anos, pensavam em ter outro filho, em seguida desistiram, depois ficaram confusos até que, em maio deste ano, ela descobriu que estava grávida. A previsão é que o novo integrante da família, que chamará João Pedro, chegue entre 26 de dezembro e 5 de janeiro de 2016. “Apesar de ter sido planejado, levei um susto quando descobri que estava grávida novamente”, comenta. “Fui mãe pela primeira vez com 24 anos e, de repente, me descobri grávida e construindo uma casa com meu marido. A história está se repetindo 11 anos depois.” Como contou, Priscila estava nos seus vinte e poucos anos quando teve a primeira experiência com a maternidade. Recém-formada em Hotelaria e com emprego, ela planejava vida nova na badalada Londres, mas a pequena Ana Luíza deu sinal de que estava a caminho. “Foi um susto também, ficamos muito felizes e decidimos construir uma casa para estabelecermos a nossa família”, lembra. Eles moraram na casa durante 10 anos

e, agora, estão em período de transição. O casal decidiu enfrentar o desafio de construir uma casa do zero, após uma longa jornada de buscas por uma que já estivesse pronta. “Visitamos muitas casas antes de começarmos a construir, mas os preços eram absurdos, os terrenos eram pequenos e os acabamentos não eram bons”, afirma. “Quando encontramos uma de que gostamos, meu irmão, que é engenheiro, não aprovou a compra e nos incentivou a construir uma porque ficaria mais barato e poderíamos fazer tudo do nosso jeito.” Eles toparam, ainda que a missão causasse certo transtorno. Começaram em abril e a previsão é que a obra termine em março do ano que vem. “Construir hoje em dia dá uma certa insegurança por causa do momento que o País está passando; os preços dos materiais estão subindo”, afirma. “Ainda bem que já está na etapa de colocar telhado e fazer acabamento.” Enquanto a casa nova não fica pronta, a família improvisou o quarto do bebê no lugar onde está morando. “Ser mãe agora, para mim, será mais tranquilo. Eu já sei o que virá pela frente, tenho experiência, não ficarei com tanto medo de algumas coisas”, diz. “Com certeza, será uma experiência ótima para toda a família.” Nov/Dez 2015

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capa

Endereรงo novo (do outro lado do mundo)

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A gerente de negócios Cássia Dantas, 29 anos, e o marido, Rafael, sempre tiveram o sonho de morar fora do Brasil, especialmente na Califórnia, nos Estados Unidos. Entretanto, há pouco mais de um ano, o marido teve a oportunidade de ir para Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, para participar de um programa de trainee na empresa que administra o Ferrari World, o parque temático da Ferrari. Ele foi efetivado e, hoje, é gerente de alimentos e bebidas. Cássia conta que o marido se adaptou fácil e rapidamente ao local. Por isso, ela também está de malas prontas – na verdade, quando você estiver lendo esta matéria ela já terá desembarcado no novo país. Em novembro deste ano ela saiu do emprego e foi tentar uma nova vida em um local bem diferente do Brasil. “Eu passei o Réveillon deste ano com ele em Abu Dhabi, então, pude conhecer um pouco da cidade e comprovar que a cultura deles realmente é muito diferente da nossa”, conta. “Lá, as pessoas têm um espírito de coletivo, uma consciência de sociedade incrível. Se você precisa de ajuda, não precisa nem pedir, eles se oferecem para te ajudar. No entanto, são unidos para manter a ordem também.” Ela se refere a alguns casos que presenciou ou ficou sabendo pelo marido que ocorreram em Abu Dhabi com pessoas conhecidas. “Um amigo dele ficou preso durante 15 dias porque atravessou fora da faixa de pedestres e se desentendeu com o guarda que o repreendeu; sei que algumas pessoas que pegaram o táxi quando exageraram na bebida acabaram sendo deixadas em delegacias ao invés do hotel; quando fui visitar meu marido pela primeira vez, havíamos ficado seis meses sem nos ver e, no aeroporto, só pudemos nos cumprimentar dando as mãos, pois eles não gostam de demonstrações públicas de afeto.”

Estas são apenas algumas das diferenças que os brasileiros estranham: em Abu Dhabi, cidade predominantemente muçulmana, o beijo público entre homens e mulheres é proibido; as bebidas alcoólicas só podem ser consumidas pelos não muçulmanos nos lugares certos, licenciados; as mulheres ocidentais devem procurar cobrir os ombros e joelhos; é considerada falta de educação usar a mão esquerda para fazer qualquer coisa, pois ela é considerada impura, usada apenas para se fazer a higiene pessoal. Quando decidiu mudar-se, Cássia começou a fazer curso para adquirir fluência em inglês. Formada em Turismo, ela pretende começar a trabalhar logo em janeiro de 2016, fazendo turismo receptivo de brasileiros. “Estou me informando e me planejando para saber que tipo de licença devo ter para abrir minha própria empresa”, revela. Apesar de estar animada para encarar o novo desafio, Cássia precisou deixar seu emprego, a família, amigos, a cachorrinha de estimação. “Eu gosto da vida agitada, e sei que lá será diferente, terei que me acostumar também às restrições”, afirma. “A parte boa: a cidade tem uma infraestrutura excelente, os serviços são de alta qualidade, a criminalidade é zero, é tudo muito limpo, o povo é educado e receptivo, eles gostam de brasileiros, não se paga impostos, não se paga por serviços, como hospital e consultas médicas”, enumera. Cássia afirma que o pai Edmilson está mais conformado com sua mudança do que a mãe, Iraci, apesar de ambos torcerem pela filha para que dê tudo certo. “Pretendemos ficar por lá”, avisa. “Quero aproveitar esta oportunidade de conhecer e viver em um país cuja cultura é totalmente diferente da minha; será desafiador, mas estou animada e ansiosa para aprender muito e adquirir experiência de vida.” Nov/Dez 2015

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capa

Trabalhar com alma, criatividade e amor

Foi durante um voo de volta ao Brasil, ao ler um texto que falava que as pessoas deveriam tentar ganhar dinheiro para se sustentar ao fazerem as atividades que elas fazem nas horas vagas, que Gisele Moraes, empresária de 36 anos, nascida em Porto Alegre, começou a pensar mais seriamente em como poderia transformar o artesanato – seu hobby – em trabalho. Casada há 17 anos com Roberto e mãe de Daniele, Gisele teve uma vida marcada por experiências desafiadoras e enriquecedoras. Precoce, com 13 anos já trabalhava como secretária para ajudar no sustento da casa. Percebeu logo cedo que se fizesse um curso técnico – no caso, Secretariado – poderia fazer estágio, já que ainda não tinha idade para entrar no mercado de trabalho. Com 15 anos, formada no Ensino Médio, tinha dois e, em alguns períodos, até três empregos. Foi nesta época que teve a filha. Aos 17, cursava Relações Públicas, trabalhava em Recursos Humanos e ajudava seus professores com 22

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eventos, já que a área de comunicação, principalmente endomarketing, eram sua grande paixão e exemplificavam seu gosto por trabalhar com pessoas. Seus planos foram interrompidos quando, aos 19, descobriu um tumor na cabeça, época em que precisou trancar a matrícula na faculdade. “Depois de superar esta fase, mantive dois empregos e me formei com 28 anos.” Logo depois, o marido, que passara vários meses desempregado, foi chamado para trabalhar em Jundiaí. “Eu estava no meu melhor momento profissional, como gerente executiva”, lembra. “Apesar de adorar minha terra, sempre sonhei em viajar, conhecer pessoas e lugares diferentes.” Por isso, em 2009, ela decidiu acompanhar o esposo enquanto sua filha permaneceu no Rio Grande do Sul até o casal se estabelecer. Em Jundiaí, Gisele se deparou com uma dificuldade: o desemprego. “Conversei com uma consultora de RH que trabalhava com recolocação de profis-


sionais no mercado de trabalho e ela sugeriu que eu organizasse meu currículo, dando um foco para ele, já que minhas experiências foram variadas, em RH, Marketing, Eventos”, comenta. “Depois de três meses procurando, fui trabalhar como assistente de diretoria em um parque aquático. O presidente da organização viu meu potencial e me promoveu a assessora de Presidência, posição na qual eu pude colocar em prática muito do conhecimento que havia acumulado durante minha vida profissional.” Depois de um ano e meio, pediu demissão, pois não tinha tempo livre, nem aos finais de semana, para passar com a família. Trabalhou três meses em uma empresa, um ano e meio em uma consultoria e foi chamada para ser coordenadora de RH em uma organização em São Paulo. “Nesta fase, me senti fortemente realizada profissionalmente, pois, depois que vim do Sul para cá, precisei recomeçar, mas consegui atingir uma posição elevada, como a que tinha na minha terra natal.” No entanto, trabalhar em São Paulo tinha suas desvantagens: passava a semana inteira na Capital, só voltava para casa nos finais de semana, vivia cansada e estressada, até que, devido à crise, foi demitida em 2014. Gisele conta que a demissão fez bem para ela, pois foi a partir dali que ela decidiu fazer, pela primeira vez, algo pensando exclusivamente nela. “Desde muito jovem precisei trabalhar, então, decidi que era hora de fazer um intercâmbio para melhorar meu inglês.” Ela passou dois meses em Washington D.C., nos Estados Unidos. Ela conta que levou uma quantia em dinheiro para comprar roupas de executiva, já que teria que batalhar uma nova colocação no mercado. “Quando me vi olhando lojas de roupa social, percebi que não era aquele estilo que gostava”, recorda. Ou seja, ela acabou economizando este dinheiro. Ao voltar para o Brasil, leu o texto inspirador que a fez refletir seriamente se gostaria de continuar na área corporativa. No dia seguinte ao retorno, Gisele teve uma entrevista, marcada pelo marido durante sua viagem.

Enquanto aguardava, começou a observar as pessoas trabalhando como loucas, atendendo telefonemas, andando de um lado para outro, vestindo roupas sociais monocromáticas. “Fiz a entrevista, fui bem, mas saí de lá correndo, com taquicardia.” Gisele entendeu naquele momento que, apesar de ter sido bem sucedida e já ter gostado do universo corporativo, ela havia mudado. O marido apoiou. Ela passou então a fazer cucas – tradicional doce do Sul – para vender. E fez sucesso mais uma vez. Além de vender o doce, se tornou sócia de uma amiga que fazia scrapbooks, mas tinha o desejo de ter sua própria marca. Em agosto deste ano, nasceu a Meraki, palavra grega que significa fazer algo com a alma, criatividade e amor. Hoje, Gisele faz painéis, convites de casamento, eventos, presentes personalizados, decoração e todo tipo de arte e artesanato sob medida. “Aprendi um conceito muito legal durante minha estadia nos EUA: make money!”, diz. “Aqui, temos o costume de ganhar dinheiro, o que pode ser muito passivo. Lá, as pessoas fazem dinheiro e, para isso, têm que desenvolver a criatividade. Mas dá certo.” Para ela, 2016 será o ano da profissionalização: sua iniciativa vai virar empresa, apesar de ela já estar trabalhando e estar colhendo os frutos. Hoje, seu espaço de trabalho é a sala de casa, mas quando se mudar de residência terá o próprio ateliê. Ela é responsável pela contabilidade, pelas compras de materiais e por todo o serviço. “Me imagino fazendo tudo sozinha, mas acredito que parcerias são fundamentais e pode ser que no futuro eu tenha pessoas trabalhando comigo”, avalia. “No começo, senti medo; as pessoas sempre têm alguma coisa negativa para falar, para desmotivar. O trabalho artesanal não é o que me restou para fazer, é o que escolhi e gosto. As pessoas se assustam porque o normal é trabalhar em uma empresa, ter horário, marcar ponto, ter o salário garantido no final do mês. Fazer o caminho inverso do que a maioria faz não é fácil, mas é gratificante.” Nov/Dez 2015

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capa

Voo solo

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Depois de trabalhar durante 21 anos na área corporativa, Marcelo de Carvalho, de 51 anos, decidiu que seria dono do próprio negócio. Ele é casado com Daniela e tem dois filhos: João e Nicolas. O empresário começou a trabalhar em uma empresa multinacional americana – que terceiriza e vende sistemas de processamento de folhas de pagamento - como estagiário e saiu de lá, 18 anos depois, como membro da diretoria, responsável por Alianças e Parcerias. Em seguida, durante três anos foi diretor nacional de Vendas em uma empresa que terceiriza restaurantes. Ele passava a semana toda viajando, de aeroporto em aeroporto, e tinha pouco tempo livre. Ao perceber o volume de experiências e conhecimento que havia somado, se uniu a um sócio para abrir uma empresa de recrutamento e seleção de executivos e desenvolvimento gerencial. “A área de prospecção era na região metropolitana de Campinas, mas tinha clientes em todo o País”, conta. Ele manteve a sociedade por oito anos. Como sempre trabalhou no segmento de serviços com foco no público de Recursos Humanos, Marcelo desenvolveu expertise para atender e fidelizar clientes, formou uma grande rede de relacionamento com profissionais de RH, aprendeu metodologia e procedimentos que embasaram sua atuação. Há dois meses, decidiu que abriria uma nova empresa, a Artturo Executive Search, mas, desta vez, sozinho. “Para mim, a atual situação do mercado é propícia, pois, apresar de o País estar passando por um momento de crise, eu busco oportunidades; as empresas podem ter cortado investimentos, mas

o dia a dia delas de manejar profissionais e funções continua”, analisa. “A economia pouco aquecida me deu tempo para me dedicar à formatação e abertura da nova empresa.” A segurança que ele sente hoje é muito maior do que há oito anos, quando abriu seu primeiro negócio. “Naquela época, me senti inseguro, pois a mudança foi radical”, lembra. “Precisei exercitar o desprendimento de todas as vantagens que existem quando se trabalha para alguém: carro, assessoria, bônus, plano de saúde, especializações, cursos, check ups anuais, previdência privada”, detalha. “Hoje, já com experiência como proprietário, me sinto muito seguro para analisar o cenário atual, me planejar e arriscar mais uma vez.” Marcelo comenta que, para ele, para ter sucesso não basta apenas acreditar. É preciso ter planejamento e se reciclar, que foi o que ele fez por meio de cursos de pós-graduação. “Mas ainda considero a prática como minha melhor capacitação”, afirma. “A experiência me preparou.” “Conversar com quem fez o mesmo movimento que você pretende fazer” é o conselho que ele oferece a quem tem o desejo de empreender. De acordo com Marcelo, quem tem experiência pode falar sobre dificuldades, vantagens de ser proprietário, mercado e economia. Desde quando tornou-se dono da própria empresa, Marcelo percebeu uma mudança radical em sua qualidade de vida: hoje, ele tem flexibilidade de tempo e espaço para trabalhar e pode passar mais tempo em família, cujos membros apoiam sua iniciativa.


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cidadania

2016 é ano de Ficha Pública

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izemos e ouvimos dizer que política se faz todo dia, e não somente a cada quatro anos quando temos eleições. Consideramos, oficialmente, que um ano tem 365 dias. Para o poder legislativo municipal – e estamos nos referindo aos nossos 19 vereadores -, em pelo menos 44 dias do ano, decisões são tomadas e importantes discussões sobre o presente e o futuro da nossa cidade são realizadas. Sabe por quê? 44 é o número que geralmente temos de sessões ordinárias na Câmara Municipal de Jundiaí todo ano. E os voluntários do Movimento Voto Consciente Jundiaí acompanham essas 44 sessões, toda terça-feira. Sessão ordinária é um dos tipos de sessões que a Câmara Municipal realiza para a atividade de discussão de projetos e de propostas feitos pelo prefeito e pelos vereadores. Outros tipos de sessão são: audiência pública, sessão comemorativa, sessão extraordinária, sessão especial e sessão solene. Essas outras sessões podem ser realizadas em qualquer dia da semana, pois a Câmara Municipal não funciona só às terças-feiras. Por exemplo, os vereadores também devem ser atuantes nas Comissões da Câmara Municipal, e para isso fazem reuniões em outros dias da semana. Entender sobre o funcionamento das sessões e das comissões é entender um pouco sobre o que chamamos de processo legislativo, que é um conjunto de orientações e ações do Congresso, das Assembleias e das Câmaras Municipais para realizarem as suas atividades. Ano que vem, com as informações das mais de 130 sessões ordinárias dos anos de 2013, 2014 e 2015, será lançada a terceira edição da Ficha Pública*, material produzido pelo nosso Grupo de Acompanhamento de Sessões. Nele, iremos publicar o ranking dos vereadores eleitos em 2012. Este ranking é uma avaliação construída com base em cinco critérios relacionados às atividades dos Thuany Teixeira de Figueiredo é cientista parlamentares: projetos relevantes, social e educadora. É uma das coordenadoras fiscalização do Executivo, presença do Movimento Voto Consciente Jundiaí, do qual nas sessões, presença na internet, participa desde 2011. presença nas comissões temáticas. Os três primeiros critérios, por exemplo, são verificados através de informações das sessões ordinárias. Todos os cinco são extraídos de informações oficiais disponibilizadas. 28

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Já neste ano de 2015, lançamos uma prévia do que pode vir a ser o ranking 2016. Fazendo um levantamento do critério de presença nas sessões, tivemos o resultado prévio de que, de 2013 para 2014, aumentou de 13 para 14 o número de vereadores presentes em todo início de votação dos projetos; por outro lado, de um ano para o outro, o número de vereadores que não ficam até o final em metade das sessões no ano subiu de 7 para 11. Estes são números de um critério apenas, porém, já nos apresentam um cenário que, de alguma forma, promove um progressivo esvaziamento da Câmara, inclusive pelos próprios vereadores. Isto nos mostra que problemas continuam sendo identificados nas atividades da Câmara Municipal, e é previsível que isto aconteça, assim como é recomendável que os cidadãos continuem cobrando melhorias, mesmo que alguns avanços já tenham sido alcançados. O processo de mudança e aperfeiçoamento é contínuo para a gestão pública. As sessões, especificamente, devem continuar sendo avaliadas para que mudanças aconteçam. Outro ponto importante diz respeito às constantes suspensões realizadas durante as sessões. Realizar suspensões é regimentalmente permitido. Contudo, o que se observa é que cada vez mais tem ocorrido mais suspensões de média e longa duração. Em 2014, fizemos um levantamento sobre o assunto: das 87 sessões realizadas entre 2013 e 2014, selecionamos 29; do total de duração destas sessões, 27% tinham sido para suspensões. Este é um índice alto, e a indicação parece ser de que ele tenha aumentado em 2015. Fica bastante complicado para todos que querem acompanhar os trabalhos dos vereadores, com sessões de 4 horas, se em praticamente toda sessão podem ocorrer suspensões de 40 minutos, 1 hora ou até 2 horas. Trazer essas informações foi uma forma de exemplificar o que faz parte do trabalho de um vereador – representante do poder legislativo no nível municipal –, e mostrar como é possível entender e fiscalizar o que ele faz. A Ficha Pública é um material que traz informações, cobra compromissos e promove discussões. O trabalho do Movimento Voto Consciente Jundiaí é uma forma, dentre outras, para trabalhar com política na nossa cidade. Espero que você, leitor, sinta-se estimulado a pensar novas formas de atuação em prol da cidadania e da política, para todos os dias do ano. * As versões digitais dos nossos materiais estão em: http://issuu.com/votoconscientejundiai.


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Radar Apê

Especial Guia Gás

Tipos de gás

Na madrugada do dia 19 de outubro, uma explosão no bairro São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, afetou 40 imóveis comerciais e residenciais, destruiu completamente 14 e deixou oito feridos, entre eles, uma criança. A suspeita é de que um vazamento de gás – provavelmente um botijão irregular – tenha provocado a explosão. Esta notícia é apenas um exemplo de várias situações semelhantes que já aconteceram no País envolvendo vazamento de gás. Por sugestão de uma leitora, elaboramos este guia para ajudar condôminos e síndicos a evitarem problemas com o produto.

Natural Cada unidade é abastecida por meio da rede da rua continuamente. Quando o condomínio opta por este sistema é necessário que se retirem botijões e cilindros dos imóveis. Liquefeito de petróleo (GLP) Quando este sistema é escolhido deve haver a instalação de cilindros de gás, geralmente no piso térreo. O abastecimento é feito periodicamente.

Botijão de gás Neste caso, também é usado o GLP, mas engarrafado. Ainda se permitem botijões de gás em apartamentos antigos de Jundiaí. Ao contrário do município de São Paulo, que possui legislação desde 1987 (Decreto 24.714), em Jundiaí não há legislação específica. A restrição fica por conta do manual instrutivo do Corpo de Bombeiros e também por dispositivos inseridos nas convenções de condomínio.

Recomendações: É responsabilidade do condomínio fazer a instalação, manutenção e reparos dos abrigos de medidores e reguladores e dos canos, pois é necessário que uma empresa especializada, com técnico responsável, faça o serviço. Neste caso, os gastos devem ser arcados e rateados por todos os condôminos, conforme previsto na Convenção. No caso de uso de gás natural ou GLP encanado, o encanamento pode ser embutido ou aparente. Ambas opções permitem medição e cobrança individualizadas. É recomendável que a tubulação que transporta o gás até o ponto de consumo (fogão e aquecedor) seja a aparente, uma vez que facilita a manutenção e, em caso de vazamento, oferece menos risco aos condôminos. É importante que as recomendações da Associação Brasileira de

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Normas Técnicas (ABNT) sejam seguidas durante a instalação das tubulações, para oferecer segurança aos moradores. A instalação do encanamento de gás deve ser feita por empresa especializada, com técnico responsável. Antes, durante e após a instalação deve ser realizada a avaliação técnica por um profissional habilitado, que deve vistoriar o local da obra. O encanamento de gás deve ser vistoriado também pelos Bombeiros, que deverão emitir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), com validade de três anos. Apesar de cada unidade ter o seu encanamento para receber o gás, o item é considerado comum a todos os condôminos, devido ao perigo que apresenta e pelo fato de a tubulação ser instalada em áreas coletivas.


Dicas de

se gu ran ça

- Mantenha os aparelhos a gás limpos e regulados; - Faça a revisão dos aparelhos periodicamente; - Mantenha o sistema elétrico do fogão em perfeitas condições de uso; - Para limpar a mangueira flexível do fogão, use pano e detergente neutro, nunca palha de aço nem produtos químicos agressivos; - Atente para a chama do fogão: ela deve ser estável, estar na cor certa e não pode apagar sozinha; - Consulte a concessionária para saber quais são as empresas credenciadas que podem prestar serviços; - Os aquecedores a gás devem ter chaminé ou terminal para expelir resíduos; - Não é permitido instalar aquecedor a gás em forros, armários embutidos, nichos internos e outros locais sem ventilação permanente; - Não coloque quaisquer objetos, como gaiolas de pássaros e roupas, em cima dos aquecedores a gás; - Mantenha produtos e objetos inflamáveis longe dos aquecedores; - Atente para perfurações em paredes do imóvel, para evitar que a tubulação de gás seja danificada; - Mantenha aparelhos a gás longe do contato com crianças; - Instale um detector de vazamento de gás nas proximidades dos aparelhos; - Não é normal sentir cheiro de gás no ambiente, então, preste atenção se há vazamentos. Em caso positivo, não acenda ou apague luzes e aparelhos que possam soltar faíscas; não acenda fósforos; verifique de onde vem o cheiro; não ligue aparelhos na tomada; feche registros e válvulas próximos aos aparelhos e verifique durante 20 minutos se está havendo consumo; passe esponja com água e sabão nas conexões para verificar o aparecimento de bolhas (se houver é porque há vazamento); mantenha o local ventilado; ligue imediatamente para a concessionária fornecedora do gás; - Normalmente as concessionárias de gás têm suas próprias dicas de segurança. Procure manter-se informado em relação a tais informações específicas; - Mantenha sempre o contato da sua concessionária de gás e de um profissional especializado em fácil acesso e nunca tente resolver os problemas relacionados a gás sozinho. Dicas de segurança – fontes: www.comgas.com.br; www.ultragaz.com.br Colaborou nesta seção o advogado condominial Carlos Eduardo Quadratti.

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pets

Reportagem e Fotos: Renata Susigan

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Fernanda Zambon veterinária

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o tamanho de um grão de arroz, os microchips são uma alternativa eficaz de identificação de animais de estimação ainda pouco usada. Eles possuem diversas funções importantes, como comprovar quem é o guardião de determinado pet e guardar informações relacionadas a sua saúde, como as alergias que o peludo possui ou as vacinas que já tomou. A veterinária Fernanda Zambon, da Clínica Univet, explica que o microchip é encapsulado em biovidro, mesmo material usado na fabricação de marca-passos, que comprovadamente não causa rejeição. “Ele é envolto por Parylene, uma substância anti-migratória que mantém o microchip próximo ao local da aplicação, entre as escápulas - região dorsal próxima ao pescoço”, comenta. “A aplicação é subcutânea, muito simples, parecida com uma vacina; não há necessidade de anestesia ou sedação e pode ser realizada a partir de 10 dias, porém, normalmente se faz com dois ou três meses.” Existem microchips de diversas marcas; estas disponibilizam um banco de dados em seus sites para que o guardião preencha-o com as informações que julgar necessárias. O preço já implantado no animal varia entre 80 e 200 reais. “O chip é o RG do bichinho”, afirma. “Ele contém um número de identificação, que pode ser lido com a ajuda de um scanner portátil, que as clínicas veterinárias podem adquirir.” Nem todas têm o aparelho, então, para facilitar, pode-se gravar o número do chip na placa de identificação do pet. Em poder do número, basta inseri-lo no banco de dados para acessar o cadastro. Este pode conter os dados do guardião, como nome e contatos, e as principais informações sobre o animal, como a data de nascimento e idade, raça, doenças crônicas, alergias, vacinas. É importante lembrar de sempre manter o cadastro atu-

alizado com mudanças de telefone, endereço e até de proprietário, se for o caso. Como não há histórico de rejeição ao microchip, Fernanda afirma que ele pode ser implantado em qualquer animal, desde que seja levado em consideração o tamanho do chip e do pet. “Não há desconforto”, garante. “Apesar de não ser obrigatório em todo o território nacional, canis conceituados já aplicam o chip, pois, em casos de roubo ou quando o animal se perde, ele facilita a identificação e, consequentemente, o contato com o guardião”, diz. Mesmo que a coleira não tenha a placa com o número do chip, quem eventualmente encontrar um animal e puder tentar encontrar o seu dono, pode levá-lo a qualquer clínica que tenha o scanner universal.

GPS Além do microchip, existe outra alternativa que ajuda a localizar o animal: os equipamentos de GPS (Global Positioning System), que podem ser coleiras com o aparelho já embutido ou aparelhos que podem ser acoplados a qualquer coleira. “Os aparelhos de GPS são importados; alguns já estão disponíveis para venda no Brasil e têm um custo elevado ainda, cerca de 1.000 reais”, conta Fernanda. “Um dos modelos exige que se pague uma mensalidade pelo uso do banco de dados; outro exemplar cobra uma taxa cada vez que o animal é rastreado e uma mensagem de texto é enviada ao celular do guardião cadastrado.” Apesar de o aparelho GPS oferecer certa tranquilidade, Fernanda lembra que tanto o aparelho quanto a coleira podem ser facilmente retirados do animal. “A ideia do GPS é boa, mas ele não é muito seguro, pois, Nov/Dez 2015

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pets

caso o animal fuja, pode ser derrubado ou até retirado em caso de roubo ou furto”, opina. “O ideal seria um microchip com a tecnologia do GPS já empregada nele; isso garantiria a identificação e a localização certeiras do pet.” Adepta A comerciante Marilene Olaf tem uma buldogue francês de três meses chamada Aimeè. Quando tinha dois, a cachorrinha recebeu a aplicação do microchip na mesma consulta ao veterinário em que tomou as vacinas de praxe. Marilene sempre teve animais de estimação e nunca teve problemas com fuga ou roubo, mas afirma que atualmente há um onda de assaltos sendo praticados contra

animais de raças visadas, como a da Aimeè. “A minha cachorrinha é muito dócil, então, não teriam dificuldade alguma em levá-la embora. Preferi prevenir, pois ela é um membro da minha família”, conta. “No chip estão os meus contatos, as vacinas e o histórico de saúde dela.” Com relação ao GPS, Marilene afirma que a facilidade de ser descartado não a incentivou a colocar na coleira de Aimeè. Para ela, apesar de o microchip ser importante, ele ainda está apenas começando a ser usado. “Quando acolho um animal de rua, tenho o costume de levar em clínicas veterinárias para verificar se ele tem o chip; muitos não tem, ainda estamos no início do uso desta alternativa, o que é uma pena porque ainda há muitas pessoas que roubam ou abandonam seus animais.”

Marilene Olaf e sua buldogue francês Aimeè.

O que fazer se o seu pet se perdeu? - Use as redes sociais para divulgar e peça ajuda para familiares e amigos na divulgação; - É importante disponibilizar: contatos do guardião, foto do animal, nome dele, local onde estava quando foi visto pela última vez, se estava de roupa, raça, cor, qualquer característica que possa facilitar encontrá-lo deve ser lembrada. Faça publicações nas redes e cartazes que, se impressos, “viram” panfletos para serem distribuídos. Nos cartazes, colocar no topo “Cão (ou gato) perdido” 34

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em tamanho grande sempre ajuda a chamar mais atenção; - Se for oferecer recompensa, nunca divulgue a quantia. Isso pode atrair até você pessoas mal intencionadas. Quem encontra um animal de estimação o devolve porque é o certo a fazer, não pela recompensa; - Procure-o em lugares próximos de onde ele se perdeu. A cada tentativa frustrada, aumente um pouco mais o raio de busca; - Peça ajuda de vizinhos, familiares, amigos, ligue em clínicas veterinárias, pet shops e ONGs para saber se alguém o encontrou e o levou até estes lugares.


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Encontrou um pet perdido? - Verifique se há identificação: se sim, ótimo! Se não, comece a procurar. Não se esqueça que ele pode ter um microchip. Para saber o número de identificação, basta levá-lo a uma clínica que tenha o leitor; - Faça cartazes com: foto, informações do local onde foi encontrado, características dele. Divulgue nas redes sociais, principalmente naquelas cujo objetivo é ajudar a encontrar animais perdidos e seus donos. Cole os cartazes em escolas, comércio, distribua panfletos; - Visite clinicas, pet shops e ONGs para verificar se alguém conhece o animal. Deixe seus contatos nestes locais, que são os prováveis onde os donos irão procurar.

Confira algumas dicas que ajudam a evitar a fuga de seu pet: - Um pet seguro, que recebe carinho e amor não costuma querer fugir de casa. Manifeste seu sentimento para ele e não o deixe sozinho; desta maneira, ele se sentirá bem no lugar onde vive; - O cantinho de pet deve ser só dele: encontre um local arejado, protegido da chuva, do frio e do calor intenso. Como geralmente os cães conseguem abrir portas e portões que estejam apenas encostados, feche as saídas com trincos; - leve-o para passear: animais criados soltos geralmente conseguem voltar para casa sozinhos, pois estão acostumados a farejar e seguir rastros. Já os criados em casas ou apartamentos não têm o costume de usar o faro com a mesma frequência e intensidade. Para estes, é mais difícil farejar um rastro, por isso, se perdem com maior facilidade; - normalmente, os animais que fogem o fazem quando estão assustados: muitos têm medo de barulhos, principalmente de fogos de artifício e trovões. Quando o pet estiver assustado, deixe-o dentro de casa ou em um local seguro, protegido e tranquilo, que ofereça a ele acesso ao

seu esconderijo; - você também pode tentar acostumá-lo com os barulhos. Por exemplo: se seu pet tem medo de rojões, procure saber quando será o próximo dia de jogo. No dia, ligue o rádio ou a tevê com volume normal, antes do início da partida, e vá aumentando a altura gradativamente; - adestramento: para os cães, é importante aprender limites e conhecer as posições hierárquicas. Tente esta alternativa, desde que o adestrador respeite das características do animal, como o tempo que ele leva para aprender, e utilize apenas as recompensas positivas, nunca a disciplina punitiva; - calmantes naturais, se prescritos por um veterinário qualificado, podem ajudá-lo. Neste caso, comece o tratamento com algumas semanas de antecedência; - coloque na coleira dele uma plaquinha com seu nome (guardião) e telefone de contato; o melhor é o celular, pois é mais seguro. Gravar o nome do animal pode ajudar ou atrapalhar, pois se a pessoa que encontrou o animal perdido não for bem intencionada ou, pior, se o roubou, poderá usar o próprio nome dele para ganhar mais confiança; - no caso de seu pet ser um gatinho, saiba que ele irá escalar muros e árvores para tentar escapar: se sua gata estiver no cio, ou se houver alguma gata no cio nas redondezas, mantenha seu pet dentro de casa, com portas, janelas e outras aberturas fechadas. Nov/Dez 2015

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crianças

Eduardo Carvalho Nogueira, fisioterapeuta especializado em osteopatia e terapia craniossacral

Problemas na coluna: sinal de má postura Reportagem e fotos: Renata Susigan

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má postura é a principal causa de grande parte dos problemas relacionados a coluna nas crianças. Junto com ela estão o jeito errado de sentar, a falta de atividade física e de brincadeiras (ou seja, de movimento) e a mochila da escola. Eduardo Carvalho Nogueira, fisioterapeuta especializado em osteopatia e terapia craniossacral, afirma que ele recebe cada vez mais crianças em seu consultório e que tem dois pacientes, de sete e nove anos, com hérnia de disco, uma das doenças mais graves da coluna e que, quando ocorre, geralmente é em adultos depois dos 40 anos. “A Organização Mundial da Saúde estima que 85% da população mundial tenha problemas de coluna”, revela Eduardo. Para prevenir a ocorrência dessas doenças, é necessário que os pais estejam sempre em alerta em relação aos filhos. “Como nem sempre as crianças sentem e reclamam de dor ou desconforto, mesmo que estejam com algum problema, os pais precisam ensiná-los a ter uma postura correta”, diz. “É importante verificar o jeito que sentam, se um ombro não está mais caído que outro, se eles não estão desenvolvendo uma corcunda, o ângulo de abertura dos braços quando estão paralelamente ao corpo.” O fisioterapeuta explica que os problemas mais comuns em crianças causados pela má postura são escoliose, quando a coluna forma um “S” ou “C” e os ombros

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ficam caídos, com alturas diferentes; hipercifose (corcunda) e hiperlordose (quando o bumbum empina para trás). “Ter cifose e lordose é até normal e comum às pessoas, mas o problema surge quando a situação é bastante acentuada”, explica. “Estes sintomas podem ou não causar dor.” Caso a postura da criança não seja corrigida ainda na infância, é provável que ela cresça e se torne um adulto com problemas de coluna agravados, como a hérnia de disco. “A má postura pode ser prejudicial inclusive ao convívio social das crianças, pois elas podem se sentir incomodadas se tiverem alguma parte do corpo diferente das outras, como os ombros em alturas diferentes.” O tratamento com a osteopatia – método que, através da terapia manual, detecta alterações no corpo e as trata, sem recorrer à cirurgia – é eficaz. “Mesmo que a pessoa reclame de dor no ombro, primeiro analiso a coluna, depois todo o corpo, já que a osteopatia trata a causa, não a consequência”, conta. “O sucesso do tratamento também depende do paciente, que precisa fazer as mudanças necessárias, mudar seu estilo de vida e fazer exercícios físicos.” Geralmente, ele recomenda que as pessoas façam uma atividade física. Para as crianças, a mais indicada é natação, pois é um esporte que trabalha o corpo como um todo: braços, pernas, postura, respiração, coordenação. “Sugiro


Confira, a seguir, algumas dicas do Dr. Fernando para se ter uma postura correta e evitar ter problemas na coluna:

Escola

As carteiras têm que seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e serem compatíveis com o tamanho dos alunos. Com a coluna reta, a criança deve sentar sobre os ísquios (osso de cada nádega feito para sentar). De outra maneira, a pessoa estará “sentada” sobre a coluna, forçando-a. Os braços e joelhos devem estar a 90º e os pés, apoiados no chão, nunca pendurados ou dobrados. O ideal é que a criança se levante a cada 50 minutos para se movimentar, pois isso facilita que ela mantenha sempre a postura correta. É importante lembrar: não importa se a postura está certa ou errada, a criança não consegue ficar muito tempo na mesma posição, ela precisa se movimentar.

Mochila

O peso da mochila não deve ultrapassar 10% do peso da criança, deve estar “colada” às costas, estar com as duas tiras vestidas e não pode ultrapassar a cintura. Se a mochila tiver rodinhas, também não pode passar os 10% do peso da criança e o suporte usado para puxá-la deve ficar na altura do quadril.

Sentada no chão

Se a criança estiver brincando, se movimentando, não tem problema que suas costas não estejam retas. É recomendável que elas se sentem com as pernas cruzadas (“posição de índio”) ou com as pernas abertas. Nunca devem se sentar em “W”, isto é, sobre as pernas cruzadas para trás, pois esta posição força o quadril e os joelhos.

No sofá

Se a criança quiser relaxar no sofá, deixe que ela deite. É melhor do que ficar “esparramada” e torta. Uma boa solução é ter aqueles sofás e poltronas com apoio para as pernas e pés.

também que elas brinquem, se movimentem para ajudar no seu desenvolvimento, já que cada vez mais elas ficam dentro de casa e suas brincadeiras são paradas, jogando videogame, por exemplo.” O peso não é um grande causador de problemas na coluna em crianças. Para Eduardo, é pior se elas forem sedentárias, pois poderão forçar os joelhos e os pés. “Se uma criança tiver sobrepeso, mas for ativa, não tem tanto problema”, avisa. “Já no adulto é diferente: o peso da barriga tende a puxar a pessoa para frente, o que afeta sua coluna.” Um fator que ajuda as crianças a desenvolverem corretamente a coluna é respeitar todas as fases de desenvolvimento: rastejar, engatinhar e, depois, andar. “Não é recomendável usar andador, pois ele força a musculatura da criança, sobrecarrega seu corpo que ainda não está pronto para andar. O ato de engatinhar primeiro ajuda a formar a curvatura certa na coluna da criança.” Outra sugestão que Eduardo faz é em relação a andar descalço. “Desde que a criança começa a andar até os 18 anos, é importe andar descalço para ajudar a desenvolver os músculos e formato do pé, que deve ter a curva característica”, comenta. Se a pessoa nunca andar descalça pode ficar com o pé chato e que desequilibra todo o organismo.

Na cama

O ideal é sempre deitar de lado, com um travesseiro que ocupe o espaço entre o ombro e a cama e com um outro travesseiro no meio das pernas para dar equilíbrio. Dormir de barriga para baixo e para cima não é aconselhável. Para cima ainda é pior porque, quando a pessoa deita nesta posição, forma um vão entre a coluna e a cama. Para deitar com o corpo virado para cima, só se as pernas estiverem flexionadas; desta maneira, o vão não se forma. Em qualquer posição, o corpo precisa de apoio.

Computador, tablete, celular, videogame

Usar a mesma posição da escola, mas em casa, se possível, é bom ter cadeiras que tenham os braços para que a pessoa possa relaxar e apoiar os cotovelos. O teclado deve ser inclinado e ter o apoio de punho, para que a mão não fique pendurada, e somente os dedos trabalhem. O centro da tela deve estar na altura dos olhos. Nesta posição, o ideal é ficar, no máximo, 20 minutos. É importante se movimentar e mudar de posição pelo tempo equivalente. Exemplo: se a criança ficou 20 minutos sentada jogando videogame, deve ficar 20 minutos em outra posição, levantada, se movimentando, mesmo que volte a jogar depois. No computador, as pessoas geralmente ficam com a cabeça para frente, pendurada, o que pode causar, além de problemas na coluna, enxaqueca.


Para os pequenos anos Proibido para maiores de 18

Quem é o cacique?

As crianças devem formar um círculo. Uma criança deve ser mantida à distância, enquanto as demais e um adulto indicam um cacique. Ao cacique cabe inici ar os gestos que todos devem imitar. Por exemplo: bater com a mão na coxa ou balançar a cab eça. A criança que estava isolada chamada para que observe as é demais e tente adivinhar quem é o cacique. Os gestos devem ser discretos para que a tarefa seja difícil mes mo. O adulto que acompanha o jogo pode interagir, perguntand o: “Quem é o cacique?” Se a cria nça acertar quem é o cacique, ela é inserida no grupo e o anti go cacique é o próximo a tent ar adivinhar. Se errar, o jogo con tinua. Esta brincadeira ajuda a desenv olver a atenção e observação.

Índios

(por exemnsar em outra palavra pe de po o ult ad o nd para as crianças, ficar em pé, forma ou carro) para falar ro ssa As crianças devem pá , plo “ín ar jeto, enquanto vez que o adulto fal imitar o animal ou ob rão ve de e uma meia lua. Toda qu a am a outras que vam as mãos, coloc ra a palavra escolhida stu mi o ult ad dios”, as crianças ele o a, ert boca e a esquerda ab a mesma sílaba. direita em concha na em comecem com faz e a eç cab da ás s, atr como se fossem pena é estimular reselhança dos índios. sem à !”, uh , ivo desta brincadeira jet ob O “uh, uh, uh co is. alquer outra palavra a estímulos sensoria Se o adulto falar qu ó- postas motoras im ar fic m ve de ças crian meçando por “in”, as ta. sen ar, err veis. Quem o, : hindus, indústria, hin Sugestões de palavras ar, tal r, indicar, inflar, ins independência, indaga iano, ind r, olo inc r, lui so, inc índigo, Inácia, incen infeliz, icar, infância, infarto, indício, indagar, ind egro, r, insone, impulso, ínt infinito, injusto, injeta inclusão. , o adeira mais divertida Para deixar a brinc

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Curiosidades da Terrinha

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Viaduto São João Batista Reportagem: Renata Susigan Fotos: Acervo de Maurício Ferreira (Sebo Jundiaí)

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atado da década de 1950, o Viaduto São João Batista faz parte de um conjunto de obras da primeira gestão do prefeito e arquiteto modernista Vasco Antônio Venchiarutti. Foi construído com o objetivo de melhorar o acesso da população do bairro Ponte São João ao centro de Jundiaí. A construção, que durou cerca de seis meses para ser concluída, foi projetada pelo próprio prefeito e só foi possível porque ele emprestou recursos particulares de comerciantes, empresários, industriais e da população em geral. Tais empréstimos foram registrados em um livro de adesões e quitados oportunamente. A tradição oral conta que a maioria das pessoas que tinham emprestado o dinheiro se recusaram a receber o pagamento. O viaduto tem 300 metros de extensão, 10 metros de largura e 6,30 metros de altura. Foi construído em concreto armado, sem vigas, com fundações e estacas de concreto de 15 metros de comprimento. Executado sobre as linhas de trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e da Sorocabana, foi o primeiro da cidade e responsável pela vinda de comércio e indústrias para a Ponte São João. A obra, que liga a rua Dr. Torres Neves à avenida São João, trouxe um grande avanço: do ponto de vista técnico, o viaduto elevado, com a transposição da linha de trem, formou um conjunto arquitetônico com duas escadas helicoidais (em forma de molas) até duas plataformas da estação da Companhia Paulista, o que relacionou as


duas obras, a de 1950 com a outra, da década de 1870. O viaduto não é tombado, mas, desde 2008, integra o IPPAC (Inventário de Proteção ao Patrimônio Artístico e Cultural), o que garante sua preservação até que o Compac (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural) decida sobre o tombamento. São João Batista O viaduto recebeu este nome em referência à Ponte São João, bairro em que está localizado. A história do bairro está relacionada à presença de imigrantes italianos na cidade. A ponte era feita de madeira acima do Rio Jundiaí – local de lazer das crianças - e originou o bairro. O nome do bairro e do viaduto tem origem no caminho que ligava Jundiaí a São João de Atibaia, como esta cidade foi conhecida até 1905.

Esta reportagem foi redigida com base em informações da Prefeitura de Jundiaí, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Cultura, e material do pesquisador jundiaiense João Borin. Nov/Dez 2015

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multiplicadores

Como enfrentar uma grave doença com leveza Reportagem e fotos: Renata Susigan

Karina Martinelli é publicitária, consultora de marketing, produtora, professora e escritora. Há nove anos, quando tinha 25, descobriu um linfoma e que tinha apenas três meses de vida, segundo o prognóstico de seus médicos. Ao invés de se lamentar, Karina lidou muito bem com a situação. Apesar de sentir fortes dores devido ao tratamento, nada a abalava: nem as duas biópsias que precisou fazer nem os quatro procedimentos cirúrgicos ou os 10 ciclos de quimioterapia. Da experiência com a doença, Karina – escritora desde sempre – escreveu o livro “Não era primeiro de abril – O diário de uma expaciente”, lançado em 2008 pela editora InHouse. Em 2007 já havia participado da antologia “Palavras de amor” e, em 2010 e 2012, integrou outras coletâneas: “Interiores” e “Pelas ruas da cidade”, respectivamente. 42

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entir dor era algo normal para Karina Martinelli, devido ao treinamento de taekwondo. Tão normal a ponto dela não perceber os sintomas do linfoma que havia aparecido em seu organismo. Foi durante um passeio com um amigo que ela percebeu um caroço em seu pescoço, notado primeiramente por ele. Durante a primeira biópsia que fez, foram descobertos vários nódulos. Ela tinha 25 anos e estava passando por um momento de grandes mudanças em sua vida: de cidade, residência e no trabalho. Entre o momento de descoberta do problema e o diagnóstico, pouco tempo passou. Karina conta que só ficou sabendo que tinha um linfoma no terceiro dia após a primeira cirurgia. Até então, os médicos acreditavam que podia ser tanto um câncer quanto um problema no coração, devido à raridade do seu caso. Sem tempo de absorver a informação, Karina precisou iniciar o tratamento. “Como os médicos não sabiam o que eu tinha até o momento da cirurgia, eu só fiquei sabendo o que era depois do procedimento”, lembra. “Foi tudo tão rápido que não tive tempo de ficar em choque, triste ou com medo.” Como foi descobrir que você, com 25 anos, tinha um linfoma e apenas três meses de vida? Como tudo ocorreu tão rapidamente, não tive tempo de reagir direito. A única coisa que senti de diferente foi mau humor, pois as dores eram muito intensas. Me apeguei à minha família e amigos. Até hoje não sei como eles lidaram com a notícia e com toda aquela situação porque eles não demonstravam, apenas me davam bastante apoio. Meu pensamento não era lutar contra a morte, mas a favor da vida. Acreditava que se quisesse continuar a viver, continuaria. Me sentia forte, muito confiante; pensava no sofrimento que minha família poderia estar passando, mas que eu mesma não experimentava. Como foi o tratamento? Precisei fazer duas biópsias, uma cirurgia geral, quatro procedimentos cirúrgicos locais e, pelo menos, 10 ciclos de quimioterapia. Fiquei um ano em tratamento e um me recuperando. Como decidiu escrever um livro? Durante a estadia no hospital e as sessões de quimioterapia, percebi que, em muitos casos, a família e os especialistas “matam” o paciente antes mesmo dele morrer: olham para a pessoa com dó, desespero, tristeza. Minha família nunca deixou transparecer um sentimento negativo. E isso me fortaleceu muito. Sei que ter um câncer é uma coisa séria, grave, que é natural sentir medo, mas você tem que enfrentar, não tem outra coisa a ser feita, então, decidi fazer isso dando risada. Com relação ao livro, eu sempre escrevi muito, mas não pensava em contar minha experiência com a doença. Quem deu início a esse processo foi meu pai (João Carlos), que pegou meus textos e mostrou para um amigo editor. Tanto meu pai quanto este amigo conseguiram me convencer a fazer o livro usando como argumento a forma como eu lidei com o câncer. Como não me deixei abalar, eles acreditavam que minha reação pudesse inspirar

outras pessoas em situação semelhante. Qual era seu principal objetivo quando escreveu o livro? Queria tentar mudar o ponto de vista das pessoas em relação à doença. Acredito que se o paciente quiser sobreviver, ele sobrevive. Então, escrever o livro foi uma outra cura. Para mim, não foi difícil reviver os momentos, os insights que tive durante o tratamento. Mas também acredito que se não tivesse escrito, talvez não tivesse organizado meus pensamentos e sentimentos em relação à doença. Você disse que sempre escreveu. Por que você adotou esta forma de expressão? Escrevo porque é a maneira que consigo me expressar melhor. Depois de escrever, para mim fica mais fácil até de falar sobre determinados assuntos. Que tipos de experiências proporcionadas pelo livro você teve? Tive várias experiências que aconteceram por causa do livro. Depois de terminar a primeira fase do tratamento, decidi ir para a Irlanda, pois sempre tive vontade de conhecer o país. Fui para lá em 2010 para estudar e voltei em 2014. Fiz curso para me tornar professora, mudei completamente o rumo da minha carreira. Durante a minha estadia, fui convidada para palestrar em Munique (Alemanha) e Londres (Inglaterra). Nesta cidade, em 2012, recebi o prêmio Expressão, do Festival Focus Brasil, que naquele ano teve como tema a produção literária brasileira no exterior. Além de publicar o livro com o intuito de inspirar outras pessoas a lidar com o câncer da mesma maneira que você, quando e como você percebeu que ele poderia ser o início de um projeto maior? Eu frequentei o hospital até cinco anos depois de terminar o tratamento, pois os médicos decidiram manter o cateter em mim, então, precisava fazer a limpeza dele periodicamente, o que tomava bastante tempo. Como eu precisava ficar no hospital esperando a manutenção, comecei a visitar pacientes internados, pessoas que eu não conhecia mesmo, levava meu livro. Fazia naturalmente, mas isto começou a tomar uma proporção maior. Conhecidos meus passaram a pedir que eu visitasse pacientes que eles conheciam. O número de pessoas que eu visitava só aumentou. Alguns gostavam de falar sobre a doença comigo, porque sabiam que eu sobrevivera e passara pelo mesmo que eles. Outros gostavam de falar sobre outros assuntos, para “desligar” um pouco da doença. Alguns desabafavam e outros não queriam conversar, e eu respeitava isso, pois cada um reage de uma maneira diferente. Você ainda visita pessoas desconhecidas? Você tem algum projeto de continuar a fazer algo para pacientes com câncer? Como fiquei um tempo fora [do Brasil], interrompi este trabalho. Mas desde que voltei, sempre que me pedem, eu vou. Minha intenção agora é tornar este trabalho periódico e continuar com o objetivo de ouvir os pacientes de câncer: saber o que eles têm para falar, respeitar o tempo deles, dividir experiências... Nov/Dez 2015

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gastronomia

Pizza Do Chef Ingredientes Molho de tomate Muçarela Peras fatiadas Presunto Parma desfiado Grana padano Modo de preparo - abra a massa de pizza; - coloque o molho de tomate; - por cima, coloque a muçarela, as fatias de pera, o presunto e o grana padano; - leve ao forno até dourar.

Francisco Inácio Matias, o Xororó, é chef pizzaiolo há 20 anos e trabalha há cinco no Quintal Fratelli Pizzaria.

Minha história com o forno à lenha e as pizzas começou há 20 anos. Um tio da minha esposa, Nazilda, trabalhava na área e me convidou. Foi assim que me tornei chef pizzaiolo, gostei da experiência e nunca mais parei. Por causa da profissão, viajei por todo o País: da Paraíba, onde nasci na cidade de Bananeiras, a São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis e Jundiaí. Em cada um desses lugares adquiri mais experiência e aprendi muito sobre meu ofício. Aprendi inclusive que não faço somente pizzas para as pessoas; levo alegria para elas e participo, pelo menos por um tempo, de suas comemorações. Por isso, é gratificante quando sou reconhecido pelo meu trabalho por alguém. A pizza que escolhi é a Do Chef, de minha autoria. Foi criada quando eu testava combinações de sabores para elaborar o cardápio da pizzaria e os proprietários gostaram. Nela, vai muçarela, pera, presunto Parma desfiado e grana padano italiano. Faz bastante sucesso!

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Fotos: AndrĂŠ Luiz

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Arlington

turismo

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Reportagem: Renata Susigan Fotos: Divulgação

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m 2014, a administradora de empresas Juliana Garcia Oliveira, de 27 anos, decidiu que seria au pair nos Estados Unidos. Esta foi a maneira que ela encontrou para aprimorar seu inglês, requisito exigido em sua área profissional. “Comecei a fazer minhas economias, tirei meu passaporte e fui procurar alternativas que pudessem me atender”, comenta. “A mais convidativa e o fator determinante que me fez optar pelo programa foi o baixo investimento e os muitos benefícios que esse intercâmbio proporcionaria.” Ela mora há 11 meses no Condado de Arlington, no estado de Virginia. Juliana planejou sua viagem e, quando chegou naquele país, estava preparada para aproveitar a oportunidade. “Apesar de ter chegado no início do inverno, me adaptei mais rápido do que imaginava”, recorda. “Por ser tudo tão novo e por lembrar de todo o processo que passei para chegar até aqui, encarei com tranquilidade a nova cultura.” O único fator que a fez sentir um pouco de insegurança foi o idioma, pois quando chegou tinha dificuldade para entender as pessoas, mas ela afirma que, com o tempo, se acostumou. “Os americanos são super pacientes em ouvir e são atenciosos para entender e explicar”, diz. Se sentir à vontade na casa da família onde mora e para a qual trabalha também levou certo tempo, mas devido ao acolhimento que recebeu, logo se sentiu em casa. Apesar de estar adaptada à nova cultura, Juliana tem saudade da alegria do Brasil, das pessoas que ama, amigos, casa e da comida. Este “problema” ela resolve frequentando o mercadinho brasileiro que fica perto de sua casa, que a possibilita comer o tradicional arroz com feijão. “Me preparei psicologicamente para enfrentar possíveis situações de discriminação, mas até agora não passei por momentos desagradáveis”, revela. “Não me deparei com nenhum tipo de rejeição pelo fato de ser imigrante, pelo contrário, os americanos são muito educados e me tratam normalmente.” Ela afirma que, das pessoas que conhece, poucos sabem informações sobre o Brasil e acreditam que aqui se fala espanhol. No entanto, ela conta que os americanos que já estiveram no país sabem mais sobre a cultura brasileira, principalmente futebol e carnaval. “Os estados que eles mais conhecem são o Rio de Janeiro, São Paulo e Amazonas”, comenta. “Eles também admiram nossa culinária, por ser mais saborosa, saudável e menos processada. Infelizmente a parte negativa sobre o Brasil que é muito comentada é a violência, que causa insegurança nos americanos para visitar o país.” Sobre as diferenças, ela cita a alimentação, a sauda-


ção, a diversão e a educação que os pais oferecem aos filhos. “Me impressiona a educação dos americanos; eles são gentis em diversas situações, como no trânsito, no mercado, na academia. Eles são centrados e totalmente independentes”, ressalta. “Em relação à educação das crianças, na minha casa eles têm um limite de uma hora por dia para assistir TV, jogar games ou ficar no computador. Eles incentivam as crianças a se exercitarem fisicamente, e mentalmente com atividades extracurriculares.” Segundo Juliana, a leitura é parte integrante do cotidiano da população; tal costume é ensinado dentro de casa. “Conviver com uma família americana é aprender no dia a dia a ter responsabilidade, se programar, ser prestativo, flexível, respeitar o limite de cada um.” Na alimentação, o jantar é a refeição principal e o almoço, um lanche rápido. Em restaurantes, não é comum permanecer no local para conversar após terminar a refeição. “Outra diferença é que os brasileiros são mais calorosos; os americanos são muito reservados, não se vê entre eles abraço e beijo com frequência, portanto, um aperto de mão é formal e educado.” Apenas maiores de 21 anos podem entrar em bares, discotecas e consumir bebidas alcoólicas. “Em Arlington, as casas noturnas fecham à 1h30, sem exceções; as pessoas são educadamente convidadas a se retirarem pelos seguranças, enquanto todas as saídas dos clubes são monitoradas pela polícia local para evitar qualquer tipo de desordem.” Os menores de idade geralmente se divertem nas house parties, festas particulares, realizadas na casa de algum amigo. “Estas festas não têm horário para terminar, incluem bebidas, músicas e jogos”, afirma. “Aqui é proibido beber em qualquer lugar público, seja andando na calcada, na praia, em campos e até mesmo em frente à própria casa. Se a polícia flagrar, o indivíduo é multado.” Para dirigir, no caso de Juliana, que é intercambista, sua carta foi válida por três meses. Depois disso, foi necessário tirar a habilitação americana, que, segundo ela, é menos burocrática e mais barata do que no Brasil. Ela também afirma que os americanos são extremamente patriotas, não aceitam em hipótese alguma que alguém fale mal do país deles. A experiência de morar fora tem sido bastante positiva para Juliana, pois ela lida com situações diárias que a fazem superar seus medos e desenvolver suas habilidades. “Hoje, eu tenho uma nova visão de mundo e de vida. Aprendi que, mesmo sentindo saudades da família e dos amigos, consigo lidar com meus sentimentos. Amadureci muito”, avalia. Ela pretende ficar nos Estados Unidos por, pelo menos, mais seis meses. Durante este período ela fará um curso direcionado à sua profissão, como o inglês para trabalho e negócios. Quando voltar ao Brasil, irá procurar um emprego na área de administração de empresas.

Arlington O local é conhecido por abrigar o Pentágono - Departamento de Defesa dos Estados Unidos que abriga funcionários do Exército, da Marinha e da Aeronáutica – e o Cemitério Nacional de Arlington, onde estão enterradas mais de 300 mil pessoas, sendo a grande maioria formada por veteranos de guerras, astronautas e a família Kennedy. A população, em janeiro de 2015, foi estimada em 216.700, sendo 15% formada por hispânicos ou latinos. O condado possui cerca de 140 quilômetros de pistas de corrida e ciclovias, aproximadamente 150 parques públicos, 14 centros comunitários, sete teatros, oito bibliotecas e 652 restaurantes. “Posso descrever Arlington como um lugar tranquilo, seguro, acessível a outros estados e com um cenário maravilhoso, todo arborizado”, avalia. Confira as dicas de Juliana: Georgetown “Este bairro tradicional é um dos meus lugares preferidos em Washington D.C. É super agradável passar as tardes de domingo lá. Nas ruas você encontra butiques, restaurantes, bares e cafés. Os pontos turísticos ficam por conta de lugares como a Universidade de Georgetown e o Kreeger Museum. Vários filmes já foram gravados em Georgetown, como o Exorcista, na famosa escadaria que fica na rua 36. O cenário é composto de pequenas casinhas coloridas; na minha opinião, é muito romântico, traz tranquilidade, é todo arborizado, com pequenos restaurantes refinados. Em Georgetown você encontra lojas de cupcakes; a mais famosa é a Georgetown Cupcakes, que já virou reality show. Filas se formam por causa do famoso red velvet.” Georgetown Waterfront Park “Este parque, em Washington D.C., é uma espécie de calçadão que fica na beira do rio Potomac, de onde se vê o estado da Virginia. Tem uma área verde e uma vista muito linda, além de variedade de restaurantes para todos os gostos. Vale um passeio para quem for visitar Georgetown, pois dá pra ir andando para o calçadão. O lugar é badalado o ano todo, mas durante o verão é possível ver também as pessoas que praticam esportes aquáticos no rio e barcos de turismo. O pôrdo-sol é encantador, o cenário fica um charme.” Nick’s Riverside Grill “Nick’s Bar é um dos meus restaurantes preferidos no Waterfront Park. Um ambiente informal, agradável, com o serviço do bar completo e que oferece um menu bem elaborado com comidas deliciosas. Para Nov/Dez 2015

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Juliana Garcia Oliveira, au pair

The Winery at Bull Run

Arlington

National Harbor

quem gosta de comida mexicana é uma boa pedida. O restaurante fica localizado em uma área agradável com vista para o rio Potomac.” La Madeleine French Café “Restaurante francês La Madeleine oferece uma comida deliciosa e saborosa. Sempre que vou visitar Old Town, dou uma paradinha no restaurante para tomar o café maravilhoso que eles oferecem, além, claro, de saborear uma torta deliciosa.” Don Tito Restaurante “Localizado em Arlington, o restaurante fica no centro da cidade, com três andares, sendo o último um rooftop (cobertura), que oferece um serviço de bar completo. Inspirado na culinária mexicana com toque americano, Don Tito é um lugar super agradável para happy hour, mas também é ideal para um momento relaxante e admirar o pôr-do-sol no rooftop.” Old Town Alexandria “Visitar a histórica Old Town Alexandria é um dos valiosos passeios para quem está na capital da cidade repleta de encantos. Os prédios que datam dos séculos XVIII e XIX compõem um lindo cenário com as paredes vermelhas de tijolos aparentes. A vida por lá parece ser mais devagar, sem pressa ou sobressaltos. Alexandria viveu intensamente momentos importantes para a história dos EUA, como a Guerra Civil. À beira do rio Potomac, tem uma grande variedade de restaurantes e lojas. A rua mais famosa e movimentada é a King Street, que surpreende pela variedade de lojas e restaurantes.” The Winery at Bull Run “Para os amantes de vinho, The Winery at Bull Run é uma adega que oferece uma deliciosa degustação de vinhos finos da Virgínia. O visitante pode apreciar o rico 48

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Washington D.C.

patrimônio, com técnicas de vinificação da Virgínia da época da Guerra Civil, bem como edifícios históricos e artefatos. Destino para toda família, ambiente descontraído e com banda local.” National Harbor “National Harbor é um destino agradável para toda a família, fica no estado de Maryland. Além de ser uma marina, o local tem vários hotéis, lojas, restaurantes, apartamentos e escritórios; é um dos destinos mais procurados para quem vem visitar Washington D.C., pois fica localizado em Maryland, estado vizinho. Se a intenção for só visitar, indico experimentar o sorvete no Ben and Jerry. O que mais me encanta é o pôr-do-sol, o cenário fica muito lindo, pois o Harbor tem uma roda gigante e atrás encontra-se o rio Potomac. Os restaurantes são disputadíssimos, toda vez que vou visitar o National Harbor, principalmente nos finais de semana, todos os restaurantes estão lotados. Recomenda-se fazer reservas com antecedência. Os restaurantes que indico são o Potbelly, que vende um sanduíche em pão francês quentinho (o meu preferido), mas tem outro famoso, especializado em frutos do mar: McCormick and Schmick’s. Uma loucura de variedades, para todos os gostos e bolsos. Atrações para toda a família é o que não falta: tem cruzeiros pelo Rio Potomac e eventos, como a Oktoberfest em setembro, Festa de Halloween em Outubro e outros festivais e atividades ao ar livre durante o ano. O National Harbor também caprichou nas esculturas. Desde a “The Beckoning”, que recebe os visitantes na entrada, até a famosa “The Awakening”, que retrata um ‘homem levantando da areia’. A princípio é meio intimidante, uma das favoritas da criançada e dos adultos que adoram sentar na mão gigante.” Informações sobre Arlington - fonte: www.arlingtonva.us


restaurante

serviรงos

fotografia

academia

classificados

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Rafael Godoy

crônica

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ra uma linda jovem, estudante de fisioterapia, que todos os dias saía bem cedo para a faculdade toda de branco e só voltava no final de tarde. Tudo parecia normal. Saía muito pouco, não recebia amigos, muito menos promovia festas. Desde que mudou para aquele apartamento, ninguém notou nada de estranho, a não ser por um detalhe: seu avô, um senhor com aparência de uns setenta anos vinha visitá-la uma ou duas vezes por semana. Muito educado, bem vestido, com uma Mercedes preta, com vidros escuros. Chegava na portaria e anunciava que o vovô vinha visitar a netinha. Às vezes chegava com algumas sacolas e colocava tudo no carrinho e subia pelo elevador de serviço, nunca incomodava ninguém. Todo condomínio que se preze tem um “faz tudo”: troca lâmpada, faz extensões para telefone, instala o forno de microondas na parede da cozinha, troca torneiras, enfim, faz todo serviço que a gente não tem tempo, tampouco habilidade para tanto. Com isso, esta pessoa sempre fatura uma graninha. Seu Quinzinho é o nosso. Aposentado por invalidez, não pode mais trabalhar com carteira assinada. Quebra o galho de todo condomínio, basta ligar no celular que, em pouco tempo, está na portaria para resolver o problema, qualquer que seja: elé-

Na internet Leia outras crônicas do Dr. Simão Acesse: www.apezero1.com.br/artigos/simao

O Vovô e a Netinha trico ou hidráulico. Quando quer cobrar um pouco a mais, acaba pondo algum empecilho para valorizar o serviço. O bom é que ele mesmo compra o material, apresenta a nota e é só fazer o cheque, não tem sobra nem sujeira. Naquela tarde, seu Quinzinho foi solicitado pela universitária para a troca do chuveiro, que há dias soltava uma fumacinha e deixava todo o apartamento cheirando queimado. O único problema era o vovozinho, que não gostava de ser interrompido em suas visitas. Assim, pediu para que seu Quinzinho aguardasse no Hall do elevador e após a saída do vovô poderia consertar o chuveiro sem pressa. Mas, o destino... esse, às vezes, é cruel. Enquanto aguardava sua vez, houve uma grande explosão no apartamento da estudante. De lá de dentro saem correndo nus pela porta vovô e netinha, que juntos tomavam um banho bem demorado. Os vizinhos saíram correndo para ver o que havia acontecido e pegaram o casal como vieram ao mundo, desmascarando de vez o casal. O Velhinho se salvou com uma tolha de rosto, enquanto sua, já ex–neta, com a manta do sofá. Mesmo sem arrumar o chuveiro o casal se mudou, não se sabe se a netinha concluiu o curso ou continua estagiando com o vovô.

José Miguel Simão, além de síndico, leva diversão para a casa dos moradores com suas crônicas sobre condomínios.




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