A Notícia Por Quem Vive 7ª edição

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Cidade de Deus

Ano V

Fevereiro 2014

Edição nº 7

1° Festival UNIFICARTE – Unindo Habilidades e Criatividades

Evento reuniu crianças e jovens de várias instituições da CDD, Gardênia Azul e Rocinha em diversas apresentações, mostrando o quanto são talentosos os artistas das comunidades. Confira na página 6.

A primeira edição da FLIZO foi marcada pelas repercussões de um tiroteio no Fórum de Bangu. Cilene Vieira relata o episódio na página 4.

E mais...

FLIZO - Território de Jacarepaguá A Cidade de Deus entrou no combate à violência contra as mulheres Projeto Rede de Proteção da Criança e do Adolescente O aniversário do sarau Poesia de Esquina Semana Paulo Freire na Casa de Cultura Cidade de Deus Entrevistando Maria de Lourdes Braz Vieira da Casa de Santa Ana Jovem moradora e voluntária conectada à comunidade Sobre mim Como amenizar as tempestades Quadrinhos

Na inauguração da Casa de Direitos, o palco armado não foi sequer utilizado pelas autoridades. Saiba mais na página 8.

página 3 página 5 página 7 página 9 página 11 página 12 página 13 página 14 página 15 página 16

Nosso jornal faz parte do Portal da Cidade de Deus. Acesse www.cidadededeus.org.br


Editorial

por A Notícia Por Quem Vive

O jornal A Notícia Por Quem Vive está comemorando três anos de existência, sempre priorizando ações que legitimem o desenvolvimento da comunidade e que valorizem o protagonismo do morador da Cidade de Deus. Para celebrar este momento, convidamos pessoas e instituições que fazem a diferença na comunidade e você nesta viagem de informações. É importante que o morador saiba o recurso que tem em seu bairro para que possa recorrer quando necessário. Por isso, fizemos uma entrevista interessante com a Maria de Lourdes Braz, coordenadora da Casa de Santa Ana e Casa de Geralda. Desde sua fundação em 1990, as Casas atendem principalmente as necessidades de pessoa idosa e família visando melhoras na qualidade de vida. Comprove a beleza do 1° Festival de dança UNIFICARTE – Unindo Habilidades e Criatividades, que aconteceu no SESI de Jacarepaguá e

reuniu várias crianças e jovens de várias instituições da Cidade de Deus, Gardênia Azul e Rocinha em uma grande variedade de apresentações, mostrando o quanto são talentosos os artistas das comunidades. Vocês sabiam que temos uma jovem moradora e voluntária que com o seu trabalho oferece a oportunidade de crianças, jovens e idosos se conectarem com o mundo? Você sabe onde encontra-la? É fácil, basta ler a matéria de Julcinara Vilela na página 13. Vale conferir a matéria Projeto Rede de Proteção da Criança e do Adolescente já atuando com a Jornada de Informação à Promoção a Saúde nas escolas municipais da Cidade de Deus, na página 7. ANPQV esteve presente na inauguração da Casa de Direitos, no lançamento da Cartilha de Prevenção e Enfrentamento à Violência Doméstica contra mulheres, promovido pela Igreja

Anglicana; fez questão de comemorar o 2° aniversário do Sarau Poesia de Esquina. Também participou da Mostra Paulo Freire no Centro Cultural da Cidade de Deus. Você poderá comprovar a importância destas ações e ainda conhecer estes espaços e tudo o que eles oferecem. Você já ajudou uma nuvem a parir chuva? Parece impossível, na página 15 você saberá como é possível o nascimento da água. A FLIZO, 1ª Festa Literária da Zona Oeste aconteceu na Cidade de Deus, Gardênia Azul, Barra da Tijuca, Freguesia e outros bairros da Zona Oeste. Vários poetas, escritores, e artistas participaram deste momento e você poderá participar na próxima edição, basta ficar antenado. Estamos em festa, festa de informação, de cultura, do surgimento de novos recursos. Então vamos comemorar, leiam os quadrinhos e participem nos trazendo sugestões.

Expediente Fevereiro 2014 Fundadores: Ariana Apolinário, Celso Alexandre Alvear, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Julcinara Vilela, Landerson Soares, Leila Martiniano, Maria Angélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosa da Silva Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Cilene Vieira, Felipe Brum, Julcinara Vilela, Rosalina Brito, Valéria Barbosa 2

Colaboradores: Adani Lima, Ana de Almeida Ribeiro, Fabrício Jefferson, JessycaAves, Lucio Santos, Magali Chuquer, Maria Luiza Tavares Benício e Maria do Socorro de Melo Brandão Revisão de textos: Camille Perissé, Isis Reis, Marília Gonçalves e Renata Melo. Agradecimentos: Aos diagramadores deste jornal: Isis Reis, nesta edição, Diana Helene, Alan Tygel e César Campos nas demais. Apoio: CDD, SOLTEC/UFRJ, Farmanguinhos/Fiocruz e ASVI. Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres: Scribus, Gimp, LibreOffice e Ubuntu.


FLIZO – Território de Jacarepaguá

por Valéria Barbosa

FLIZO significa Festa Literária da Zona Oeste. O circuito iniciou no dia 30 de setembro no Espaço Ser Cidadão em Santa Cruz e terminou no dia 1º de novembro, no Bangu Atlético Clube. Por mais de um mês diariamente escritores da Zona Oeste eram recebidos em espaços de educação, clubes e Ongs para falarem sobre suas obras. Abrangeu 10 bairros da Zona Oeste, catalogou mais de 70 escritores com livros publicados, 100 com livros prontos para serem editados, vários talentos de teatro, música, artesanato e artes plásticas. Binho Cultura é o grande idealizador da FLIZO e nos fala um pouco de sua primeira edição: “A Festa Literária da Zona Oeste do Rio de Janeiro, em sua primeira edição, foi uma grande programação cultural realizada em dez mais populosos bairros da região entre Sepetiba, Guaratiba, Santa Cruz, Campo Grande, Senador Camará, Bangu e Jacarepaguá e levou escritores e artistas de outros segmentos para dentro das escolas públicas e universidades que atuam com cursos nas áreas humanas (Letras, Pedagogia, História, etc). A comissão organizadora foi composta por pessoas que atuam em projetos culturais e moram na região, teve como coordenador de área especificamente uma pessoa de cada bairro, buscando facilitar e manter o relacionamento com as unidades de educação. Muito embora seja grande o desafio de promover e agregar as forças visando o desenvolvimento da região a partir da cultura e educação, acreditamos na

existência dessa possibilidade através da parceria entre as partes interessadas que atuam para fazê-lo acontecer e tornar as ações culturais em agenda permanente, democratizando e viabilizando o acesso de quem mora na Zona Oeste e que, portanto, está distante da maioria das ofertas da cidade.” Foi com grande alegria que aceitei o convite do Binho Cultura para participar como coordenadora da FLIZO responsável pelo Território de Jacarepaguá. Ao fazer as escolhas dos lugares que deveriam receber a Feira Literária, procurei espaços acadêmicos que tivessem graduações pertinentes à expressão das artes. Não foi um caminho fácil, primeiro por ser um evento inédito onde a comunidade de um determinado território se achega ao universo da educação e diz: olha estamos aqui, moramos pertinho do seu espaço, fazemos artes, temos valor, viemos prestar as nossas expressões artísticas mais genuínas de forma gratuita para vocês. Escolhi a Universidade Internacional Signorelli por ter em sua nomenclatura a palavra INTERNACIONAL, movimento de desejo para a FLIZO desde o primeiro instante. Levamos um tempo entre firmar o conhecimento com a equipe do espaço e a parceria do evento. FLIZO na Universidade Internacional Signorelli – 17 de outubro de 2013 A Universidade, com sua equipe, nos deu uma recepção perfeita, digna do talento de todos que se apresentaram. Contamos

com uma mesa de apresentação que foi aberta ao debate. Dela, eu, Valéria Barbosa, tive a felicidade participar junto com o escritor Alexander Macnun. Neste evento, tivemos também a docilidade da flauta transversa da musicista Gisele Mascarenhas e a forte e bela voz de Nego Vagner que conseguiu acompanhamento de um coral de alunos e professores, generosamente eles dividiram o palco com a Rose, que mostrou o seu talento vocal agradando aos espectadores. E não acabou por aí: um sarau foi aberto e vários poemas foram declamados, o poeta Vinícius de Moraes em seu centenário foi lembrado, bem como o grande homenageado José Mauro de Vasconcelos. Tivemos a participação de 150 pessoas entre corpo discentes e docentes, convidados, artistas e escritores. O Diretor Acadêmico da Universidade Internacional Signorelli deixou o seu depoimento: “Destacamos a importância da FLIZO, realizada na Faculdade Internacional Signorelli, em consonância as nossas Políticas Educacionais enquanto Instituição Socializadora, promovendo o conhecimento da riqueza representada pela diversidade cultural que compõe o patrimônio sociocultural da sociedade, disponibilizando aos estudantes do ensino superior o conhecimento, o diálogo de aprender a conviver, vivenciando a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural”, disse o Professor Luiz Annunziata. 3


Onde está a segurança pública? por Cilene Vieira

A localização do Fórum de Bangu é no centro do bairro, próximo a supermercados, áreas comerciais, escolas públicas, estação de trem e calçadão. Local onde há forte concentração de vendedores ambulantes com um grande número de transeuntes. No último dia 31/10/2013 aconteceu neste Fórum de Bangu, (Zona Oeste do Rio) o julgamento de alguns detentos de alta periculosidade. Bandidos tentaram resgatar um comparsa, o que ocasionou intenso tiroteio onde um menino de apenas oito anos de idade foi atingido, tendo morte instantânea. Será que para ter julgamentos deste porte em locais de grandes movimentações, medidas de proteção às pessoas não teriam que ser garantidas? Por que esse tipo de evento não acontece nos próprios presídios por tele julgamentos, 4

evitando assim que a população fique vulnerável a falta de aparato de segurança da região? Ou será que os juízes, desembargadores e advogados não se sentiriam seguros ao dividir espaço com os penitenciários dentro de um presídio? Até para um leigo fica claro que aquele Fórum não comporta este tipo de ação, pela quantidade de armas que foram vistas nas ruas, tiros cortando o ar e pessoas desesperadas correndo, devemos agradecer a Deus não termos tido mais vítimas. O ideal seria que houvesse uma guarda redobrada do CORE, BOPE, Polícia Federal e Exército para que a população naquela área não estivesse tão vulnerável. São muitas as perguntas sem resposta. E nosso Secretário de Segurança Beltrame informa: “Podemos andar com segurança nas

ruas do Rio!” Neste mesmo dia, 31/10, aconteceu a FLIZO – Festival Literário da Zona Oeste, no Bangu Atlético Clube. Esse evento tem como objetivo mostrar a riqueza da área que muitos desconhecem em: escritores, artistas plásticos, poetas, grupos de dança etc. As apresentações foram maravilhosas, sentíamos que os participantes estavam ingerindo cultura, lazer e cidadania. Assistimos a palestras informando a importância da leitura para o desenvolvimento do ser. Tomamos ciência da Biblioteca de Manguinhos que atende a população de Jacaré, Jacarezinho, Maria da Graça, Benfica, Maré, entre outros. E o número de leitores cresce a cada semana. Isso é ótimo para o nosso desenvolvimento. Mas o evento sofreu o reflexo do tiroteio que acontecia a poucos metros, na Rua 12 de Fevereiro durante a tentativa de resgate, por bandidos, de dois detentos que estavam em julgamento. O menino Kayo da Silva Costa que passava com a avó pela rua e treinava no Clube foi atingindo mortalmente por tiros. Passamos parte de um dia maravilhoso com a beleza da poesia e programação terminando com muita dor e indignação com essa tragédia. Governantes, cadê a segurança pública?


A Cidade de Deus entrou no combate à violência doméstica contra mulheres por Valéria Barbosa

A Igreja Anglicana do Brasil, tendo à frente como líder o Padre Nicholas, no dia 30 de novembro de 2013 lançou a cartilha produzida pela Diaconia Social e Política da IEAB para a Prevenção e o Enfrentamento à Violência Doméstica contra as Mulheres (Brasília, Editora Fonte Editorial, 2013) em apoio ao Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Mulher, comemorado em 25 de novembro. A cartilha possui uma linguagem simples e clara e foi dividida pedagogicamente para ser utilizada por qualquer espaço que queira aderir a este enfrentamento. É composta por 10 encontros, e tem uma funcionalidade dinâmica onde há indicações de vídeo e discussão sobre o tema. Cada participante do lançamento ganhou um exemplar e outros materiais relacionados ao tema.

Estiveram presentes no encontro o Bispo da Igreja Anglicana, alguns religiosos, lideranças local e um representante do jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá, que na edição de novembro de 2013 – Ano 9 – Número 64, traz uma matéria interessante do jornalista Júlio César que aborda este fenômeno com respaldos estatísticos: “Cresce violência contra a mulher em Jacarepaguá. Pasmem: o bairro com maior índice de Violência contra a Mulher em Jacarepaguá é o Rio das Pedras, em segundo lugar, Curicica e em 3° lugar está a Cidade de Deus. Estes dados foram levantados na Delegacia de Atendimento a Mulher de Jacarepaguá (DEAM), onde de Janeiro a outubro deste ano foram feitos 3.270 registros.” Vários cartazes homenageando mulheres do Brasil e do Mundo foram colocados aos pés do altar. A cada entrada de um cartaz, o nome da mulher era lido, a forma do

assassinato e o motivo... Momentos de conter a respiração por conta da covardia. Um grupo de jovens bailarinas da Igreja Nossa Senhora da Pena dançaram em homenagem às mulheres. O nosso jornal, A Notícia Por Quem Vive, também participou deste evento. A Assistente Social Cilene Regina Vieira falou sobre a sua monografia de graduação com o foco na Violência Doméstica contra jovens; Valéria Barbosa fez um poema no decorrer do evento falando sobre o silêncio descompromissado com a dor das mulheres vitimadas em seus lares.

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1° Festival UNIFICARTE – Unindo Habilidades e Criatividades Por Maria do Socorro Brandão

com a colaboração de Lucio Santos (CIA TREVO) e Adani Lima , Fabrício Jefferson e Jessyca Aves (Projetos Movimentos)

O professor Lucio Santos da CIA TREVO tinha o sonho de unir manifestações de dança feitas pelas instituições da Cidade de Deus e outras convidadas. Sonho esse que compartilhado com Adani Lima, Fabrício Jefferson, do Projeto Movimentos, e Maria do Socorro, da Associação Semente da Vida – ASVI CDD, levou a descoberta de que todos tinham sonhos parecidos, de realizar um grande evento de integração. Foram meses de organização 6

com reuniões para fechar a equipe de produção, mas o primeiro passo foi fechar parceria com o Teatro SESI Freguesia que cedeu o espaço para um domingo, dia 17 de Novembro de 2013. Lucio ficou encarregado de contactar os grupos e expor a proposta. Ele aprendeu e desenvolveu o material gráfico de logo para banner e demais materiais com a ajuda de Márcio Gomes, também voluntário da ASVI CDD. Foi tudo muito cuidadosamente

organizado e a ASVI arcou com alguns recursos que foram necessários para o evento. Vieram dois grupos da Rocinha: Grupo de Valsa Sonhos de Uma Noite e Yolanda Espaço Aberto; Espaço de Dança Leonardo Bonilla da Freguesia; Ação Querer Bem do Pechincha, que atende crianças da Cidade de Deus; Projeto No Ritmo da Juventude da Gardênia Azul; e da Cidade de Deus foram; Projeto REI da ASVI CDD, Cia de Dança Trevo, Projeto Movimentos e


estudantes do Mais Educação da Escola Municipal Alberto Rangel. Além disso, pudemos contar com outros parceiros como Litoral Transporte, Gestão Social de Farmanguinhos, Circuito Itinerante de Cultura e 7ª CAS – CRAS Elis Regina. Foi um evento rico, pois teve uma grande variedade de apresentações mostrando o que os artistas das comunidades fazem de mais bonito com seus movimentos coloridos. Grupos de Jovens com sonhos de mostrar que a cultura faz parte de suas vidas. Agradecemos a todos que se doaram como voluntários na equipe Yuri Samico, Thiago Dantas e Pedro Nobrega, da Vostok

da organização do evento, pois sem eles não teríamos conseguido realizá-lo. Abaixo, depoimentos dos jovens do Projeto Movimentos: “Inesquecível, é o que nós definimos com apenas uma palavra. Estávamos muito concentrados e focados em oferecer um evento técnico, divertido e marcante para a toda plateia. Muito do que planejamos e prevemos foi extremamente tratado com muito carinho e dedicação. Nós da equipe do Projeto Movimentos, estávamos nos preparando há meses para este festival, os jovens deixaram para trás até os feriados para se dedicar

aos ensaios. Muito do que foi ensaiado foi modificado e remodificado pelos jovens até ficar satisfatório para oferecer uma apresentação de qualidade, e no final depois de muitos ensaios, ideias e modificações apresentamos uma performance inesquecível. Inesquecivel pois muitos ali nunca tinham pisado no palco como dançarinos. Foi lindo, foi perfeito, e o melhor de tudo, foi inesquecível. Obrigado ASVI CDD, CIA Trevo, SESI e muito obrigado a todos os envolvidos neste sonho, e por este lindo festival, que será o primeiro de muitos”.

Yuri Samico, Thiago Dantas e Pedro Nobrega, da Vostok, gravam cenas para o vídeo com Mestre Miúdo

Projeto Rede de Proteção da Criança e do Adolescente

Por Magali Chuquer (coordenadora Gestão Social de Farmanguinhos)

No dia 25 de outubro de 2013 teve início a Jornada de Informação e Promoção à Saúde em escolas municipais. A primeira jornada aconteceu na Escola Municipal Frederico Eyer e atendeu a 03 turmas, com estudantes na faixa etária proposta pelo projeto, de 12 a 17 anos. A iniciativa é parte do projeto

fortalecendo a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente, de Autoria do Núcleo de Gestão Social de Farmanguinhos executado em parceria com o Instituto Projetar Brasil e Instituto HSBC. O projeto irá realizar uma jornada de educação e prevenção à saúde em 12 escolas integrantes da Rede de Proteção da Criança e do

Adolescente. Trata-se de uma abordagem direcionada ao público escolar, no qual serão abordados através de atividades lúdicas e pedagógicas temas relacionados a abuso e violência contra a criança e ao adolescente, sexualidade, DSTs, gravidez na adolescência e gênero. O principal objetivo é ampliar para toda a comunidade escolar o que foi trabalhado durante todo o ano de 2012 nas escolas, estimulando os jovens a exercerem o papel de multiplicador da informação. Participe do projeto através do núcleo de Educação e Saúde da CAP 4.0, Museu da Vida, Associação Semente da Vida – ASVI CDD, PROINAPE e a Companhia de Teatro Centrífuga. No dia 2 de dezembro de 2013, a escola que recebeu o projeto foi a E.M. Professoranda Leila Barcellos de Carvalho, e ao longo de 2014 outras escolas serão contempladas. 7


Inauguração da Casa de Direitos Por Valéria Barbosa

Cercas protegendo o que ou quem? Homens altos e vistosos de terno preto para todos os lados, algumas mulheres na função de segurança pedindo-nos para sair da frente, muita polícia. Um palco armado, um bom equipamento de som, a música tocando e nada do evento começar. Fotógrafos, autoridades chegando e o povo? Gatos pingados. O povo não respondeu ao empenho da divulgação, o carro de som gritou em alto e bom tom que teria a inauguração da Casa de Direitos. Não foi suficiente. No dia 23 de novembro de 2013 foi inaugurada a Casa de Direitos. O governador não veio, o lindo palco armado não foi sequer utilizado pelas autoridades. Nem mesmo pelas crianças que treinaram com os seus instrumentos para se apresentar no evento. Estiveram presentes o vicegovernador Pezão; Zaqueu Teixeira, chefe da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, à qual projeto está subordinado; o Subsecretário de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos, Eloi Ferreira de Araújo; o 8

Secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, Flávio Crocce Caetano; Olga Lucía Perez da representante da Internacional Development Law Organization (IDLO); Nilson Bruno, Defensor Geral do Estado do Rio e outras autoridades. A inauguração aconteceu dentro do prédio onde funciona o Projeto Justiça Comunitária. O espaço não comportava os presentes sobrando gente pelos corredores. O povo não escutou as promessas. Nem nós. E só conseguimos uma foto desfocada, na sorte. O importante é a conquista de um espaço que funcione e traga para comunidade formas de utilizar seus direitos de cidadã. Na casa de direito funcionarão Cartório, Detran, Procon, Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, “Justiça Itinerante” e acompanhamento jurídico, Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e o Terminal de Autoatendimento da Caixa Econômica Federal. O Projeto Justiça Comunitária, que tem feito um trabalho de fortalecimento de Rede, e as agentes

comunitárias estarão interagindo neste mesmo espaço. Neste evento, o projeto Justiça comunitária entregou ao ViceGovernador Pezão um documento produzido coletivamente tendo como objetivo o 1° Espaço de Referência para a pessoa idosa. A deputada Myrian Rios esteve presente na inauguração. Segue abaixo o registro obtido com Assessor Parlamentar da Myrian Rios, Sr. Reynaldo Campos. “A deputada visitou todas as dependências da Casa, que é muito bem estruturada e conversou com vários representantes das instituições que a compõem, assim como manteve contato com várias auxiliares e representantes de segmento da comunidade , onde tomou conhecimento de diversas demandas. Manteve um longo contato com as agente comunitárias que atuam na Justiça Comunitária, intermediada pela coordenadora Rute Noemi Souza. O segmento da Justiça Comunitária formalizou um documento, que descreve a necessidade de implantação do


espaço de referência do idoso na comunidade Cidade de Deus, acompanhado de cerca de 1.800 assinatura que foi entregue ao ViceGovernador. Cabe destacar, que essa reivindicação já esta contemplada por lei (Lei nº 6486/13) originária de Projeto de Lei da Deputada Myrian Rios; portanto bastando o Estado implementar esse espaço, que é o Centro Dia que objetiva atender a população dos idosos, com vulnerabilidade social.” Neste mesmo dia bem próximo ao local da inauguração, na pracinha em frente à Casa de Direitos, o artista plástico Gilmar fazia oficina com as crianças e familiares. As

crianças de um lado produzindo, criando e se expressando com a arte na praça, e do outro lado as crianças do evento saindo sem se apresentar. Se o palco foi armado apenas para o governador, as autoridades fecharam os olhos para um futuro presidente da nação que estava ali tocando o seu tambor sem conseguir atingir a atenção devida. Falta de sensibilidade para o óbvio? Falta de conhecimento de comunidade? Ou falta de arquibancada para aplaudir um dever? Ou será que foi a chuva miúda e escassa que afugentou as nossas autoridades para dentro do espaço coberto? Acabou o discurso e a eficácia no

desmanche do palanque foi imediata. Desperdício de dinheiro público. Uma pessoa apenas para escutar seria suficiente para que o discurso fosse lançado ao vento na área preparada para tal.

A Casa de Direitos fica na Rua Daniel, 84 – Cidade de Deus. Funciona de segunda a sexta-feira de 9:00h às 17:00 horas. Quem desejar maiores informações, basta ligar para (21) 2333-6616.

Aniversário do sarau Poesia de Esquina Por Maria Angélica Ponciano

Os dois anos de poesia de esquina se completaram no dia vinte e seis de novembro de 2013, no Bar Tonzé, às 20 horas. A parte principal da festa, para os convidados, era ouvir alguns poetas recitarem versos. Veja aqui os amantes da poesia:

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Semana Paulo Freire na Casa de Cultura Cidade de Deus

Por Ana de Almeida Ribeiro e Maria Luiza Tavares Benício (NEAd Rio/Casa de Cultura CDD)

A Casa de Cultura Cidade de Deus abriu suas portas entre os dias 25 a 28 de novembro de 2013 para realizar a Semana Paulo Freire. Um destaque desse evento foi a “Mostra Paulo Freire – Educar para Transformar”, uma exposição composta por 18 banners coloridos e ilustrados, apresentando aspectos do pensamento, da vida e obra deste cidadão do mundo. Freire foi um de nossos mais importantes educadores. No Brasil e no mundo deixou um legado de esperança e luta pela justiça social e pela humanização de homens e mulheres. Sua grande contribuição talvez tenha sido reconhecer o saber do povo e fazer uma educação com o povo para transformar a realidade de injustiça e opressão. O pensamento de Paulo Freire nos anima a buscar maior clareza sobre as realidades e desafios vividos hoje. Nos ajuda a pensar e projetar o mundo que precisamos construir para as gerações futuras. Nos faz ver o quanto a ação micro de cada homem e de cada mulher, nos seus diversos espaços de convivência, são condições indispensáveis para que a transformação tão sonhada possa acontecer. A transformação precisa começar dentro de cada um de nós e na ação junto com os que nos são próximos – “Gente pequena, em lugares pequenos, realizando coisas pequenas, transformará o mundo”, provérbio africano que nossa querida Roma, uma liderança na Cidade de Deus e coordenadora da Casa de Cultura, costuma repetir. O objetivo maior da Semana Paulo Freire foi refletir sobre a contemporaneidade do pensamento

de Paulo Freire, as oportunidades de concretizá-lo no contexto da Cidade de Deus e expressar essas reflexões/ações nas diversas formas de arte. Como público da Semana Paulo Freire tivemos as escolas da Rede Pública da Cidade de Deus, instituições locais e comunidade em geral, por entendermos que o pensamento deste grande educador, não se aplica somente ao trabalho da educação formal, mas a todos os grupos dos movimentos sociais e pessoas individuais, que no seu fazer cotidiano se educam e são educadas. Na programação, além das visitas guiadas para as escolas, tivemos duas oficinas pedagógicas para educadores sobre o Almanaque Histórico Paulo Freire – Educar para Transformar, coordenadas pelo Prof. Renato Pontes Costa do NEAd PUC Rio. Outras oficinas como “Retratando Paulo Freire”, dinamizada pela artista plástica Gigi Dolzanes e “Bordando com Paulo Freire”, dinamizada por Tia Wilma, fizeram desse evento um momento de expressão da cultura e da arte. A bonita apresentação do grupo de Karatê da Casa de Cultura, coordenada pelo Sensei Wellington França, professor e poeta, foi uma demonstração de como os valores e princípios ali cultivados podem contribuir para a transformação da vida de nossas crianças e jovens. O encerramento da Semana contou com a presença de uma turma de Educação de Jovens e Adultos, além de representantes de instituições que atuam na Cidade de Deus, todos participando de uma Roda de Conversa sobre o tema da Semana, atividade que no dizer de Paulo

PUC-

Freire, poderíamos chamar de “Círculo de Cultura”. O lançamento e distribuição da Série “Realidade Brasileira”, uma publicação composta de vídeos e cadernos sobre seis personalidades brasileiras que contribuíram para o processo de democratização no Brasil, onde Paulo Freire é um deles, fechou a noite. Esta coleção foi ilustrada pelo artista plástico Anderson Augusto de Souza Pereira, presidente da Casa de Cultura. A Semana Paulo Freire foi uma realização da Casa de Cultura Cidade de Deus com o apoio do NEAd PUC Rio e da Fundação Banco do Brasil. A Casa de Cultura registra e agradece a colaboração voluntária dos organizadores, bem como a participação das seguintes instituições que estiveram representadas na Semana Paulo Freire: CIEP João Batista dos Santos, Escola Municipal Professoranda Leila Barcellos de Carvalho, Escola Municipal Frederico Eyer, Escola Municipal Avertano Rocha, Escola Municipal José Clemente, ALFAZENDO – ECO REDE, Cidade de Deus e Maré, CRAS Elis Regina, Paróquia Anglicana Cristo Reis, Paróquia Pai Eterno e São José, Raiz da Liberdade , Ação Social pela Música do Brasil, Jornal A Notícia Por quem Vive, Farmanguinhos- Gestão Social, Rede CDD de Economia Solidária/Agência CDD, Igreja Pentecostal Evangélica Cristã, Irmãs de Belém e Comitê ELOS. Um público de mais de 200 pessoas visitaram a Mostra e/ou participaram das atividades da Semana Paulo Freire. 11


Entrevistando Maria de Lourdes Braz Vieira: fundadora, coordenadora geral / executiva responsável pela Casa de Santa Ana por A Notícia Por Quem Vive

A Cidade de Deus, assim como o Brasil e o mundo, está envelhecendo. É preciso que além de buscar informação sobre o envelhecimento, busquemos também conhecer lugares que acolhem a pessoa idosa. O jornal A Notícia Por Quem Vive teve a oportunidade de conhecer dois espaços: a Casa de Santa Ana e a Casa de Geralda, entrevistar a responsável pelas casas, a coordenadora Maria de Lourdes Braz e se informar sobre a dinâmica do local. Há quanto tempo a Casa de Santa Ana presta atendimento para as pessoas idosas da Cidade de Deus? Atuando efetivamente desde 1991, dentro da Cidade de Deus, de forma inovadora e pioneira no Brasil, a Casa implantou dois dos principais modelos de atendimento recomendados pela Lei 8.842/94 e das diretrizes da Política Nacional do Idoso: Centro de Convivência com ações preventivas através de atividades educativas, artísticas e culturais e o Centro Dia, com acolhimento diurno de idosos, no padrão das creches infantis. Todos os idosos são moradores da Cidade de Deus? Sim, todos os idosos são da Cidade de Deus. Quantos idosos frequentam o programa? Atualmente cerca de 120, mas eventualmente chega a atender de 140 a 150. Qual é o objetivo do programa destinado a pessoas idosas? Contribuir para o aumento da autonomia e qualidade de vida de 12

idosos da Cidade de Deus, através do atendimento integral, promoção da saúde e integração intergeracional, a partir da reconstrução dos valores familiares e comunitários, mediante o fortalecimento das identidades individuais e coletivas, melhorando a autoestima, a relação com a comunidade e os núcleos jovens - a inclusão de jovens e crianças, na rotina dos idosos, possibilita ações de continuidade, multiplicação e reprodução de uma consciência cidadã. É uma estratégia inovadora que valoriza o ser humano, amplia as redes de suporte financeiro públicos ou privados, voluntários, e as chances de futuro mais digno para todos. A partir de que idade a pessoa precisa ter para participar do programa? A partir de 60 anos, ou menor idade em casos excepcionais. Quais são as principais demandas que a pessoa idosa tem que enfrentar? A falta de alternativas adequadas de cuidados à saúde, ausência ou descaso da família, e ou do poder público, e limitações físicas e ou cognitivas. Fale um pouco sobre o trabalho desenvolvido na casa de Geralda: objetivo, clientela, corpo técnico, busca por sustentabilidade. A estrutura física da instituição é composta de dois núcleos: A Casa de SantaAna, que é cedida em regime de comodato pela Paróquia Pai Eterno e São José, da Cidade de Deus, e a Casa de Geralda, que foi construída por Geraldo Jordão Pereira da Editora Sextante, num terreno doado por uma idosa moradora da comunidade

– Geralda Pereira da Silva. Cada uma das casas tem um tipo de função social na comunidade, que são complementares a partir do Programa proposto e dos recursos alocados para este modelo de atenção. A Casa de Santa Ana propõe–se a acolher idosos no período diurno, visto que muitos deles ficavam sozinhos em suas residências sem suporte familiar. A partir desse momento a instituição oferece atividades, suporte psicossocial, alimentação e acompanhamento da equipe multidisciplinar. Neste espaço também são acolhidas crianças e jovens para aulas de ballet, canto, percussão, artesanato, palestras e atividades sócioeducativas e culturais. A Casa de Geralda propõe–se também a acolher idosos no período diurno, em horários pré-agendados, para realização de atendimentos de fisioterapia individual e em grupo, terapias alternativas (shiatsu, pranaterapia, e acupuntura), ginástica e dança para terceira idade, balé infantil, psicologia e curativos para portadores de úlceras varicosas e outros tipos de feridas. O Serviço Social atua como participante e coordena os serviços prestados. A integração das duas estruturas congrega a proposta comunitária de saúde e integração intergeracional da instituição. Papel social e comunitário Funcionando de 2ª a 6ª feira de 8 às 15h. e aos sábados de 9 às 13h. Atende diretamente cerca de 300 pessoas nas atividades listadas e beneficia indiretamente centenas de outras, dentro e fora da comunidade.


Jovem moradora e voluntária conectada à comunidade Por Julcinara Vilela

Mirian de Andrade tem 30 anos e faz parte do voluntariado da Associação Semente da Vida – ASVI CDD como educadora de informática. A trajetória como voluntária na ASVI CDD começou há cerca de 2 anos. Nesta mesma época, no ano de 2011, havia saído um edital da Prefeitura que tratava de Cultura Digital. Ela queria participar, mas não tinha noção de como estruturar o projeto, então buscou a Maria do Socorro, presidente da ASVI CDD, pois já conhecia o trabalho da ASVI CDD e sua receptividade na comunidade. Ambas escreveram o projeto, entraram no edital, mas não foram contempladas. Então, Maria do Socorro convidou Mirian para iniciar um trabalho na ASVI CDD com 3 públicos diferentes: crianças, jovens e adultos. Inicialmente, a educadora teve muita insegurança em trabalhar com os jovens e até solicitou ajuda, pois não sabia trabalhar com grupos nessa faixa etária. Agora em 2013, Mirian está trabalhando com os jovens no Projeto Jovens Comunicadores da Semente que, seguindo os passos do Jornal A Notícia por Quem Vive, também trabalha com um jornal

comunitário. Esse projeto está no seu segundo ano e é realizado pela ASVI com o apoio do Instituto Rio na sala de informática do Cdi Comunidade ASVI. Em 17 de Outubro de 2013 recebeu o 2° prêmio do Edital Instituto Rio – Prêmio Geraldo Jordão. Esse projeto conta com aulas de fotografia, vídeo, teatro, informática e suporte psicológico. Ele tem como objetivo, mais do que a elaboração de um Informativo, ser uma forma de tirar o jovem do lugar comum o incentivando a formar pensamento crítico não só sobre a sua comunidade, mas também sobre as notícias que repercutem no nosso país. Segundo Mirian, ele tem sido um desafio fantástico para ela e também para os outros educadores, pois vivemos sob um governo que tem a intenção de deixar os jovens cada vez mais inertes em relação ao seu país e a sua vital importância para a mudança dos rumos da nossa sociedade. O empoderamento desses jovens é o nosso principal foco e é algo que se pode comparar com o cultivo de uma planta: tem que ser regada todos os dias com persistência. O mais gratificante desse trabalho é ver como os jovens amadureceram

neste período, claro que uns mais e outro menos, porém todos têm um pouquinho pra contar das mudanças ocorridas desde que participam do projeto. Com as crianças o trabalho é diferente, a cobrança é bem menor, porque eles estão se ambientando ao mundo da informática. Neste período temos fortalecido as bases e as responsabilidades que surgem quando iniciamos a vida digital. Já com o público adulto é uma experiência totalmente diferente. É o pessoal que trabalha, ou, até mesmo, já está aposentado e que não teve a oportunidade de ter conhecimentos de informática ao longo da vida. Ninguém quer ficar de fora das novidades do mundo e pra isso esses conhecimentos são necessários. Em todos os públicos o conteúdo social é sempre aplicado, pois a missão da ASVI é promover o público que participa da instituição, o incentivando a ser protagonista nas tomadas de decisão da comunidade. Mirian busca sempre aprimorar os seus conhecimentos para oferecer atividades de qualidade aos educandos. Em dezembro de 2013 ela participou, junto com o educador de vídeo e fotografia Márcio Gomes, da 12° OID (Oficina de Inclusão Digital e Participação Social) em Brasília. Estará se reciclando e absorvendo conhecimentos para trazê-los para sala de aula. Para ela: “Ser educadora tem sido uma experiência muito importante pra minha vida. Tenho crescido muito como pessoa e como profissional. Sinto que estou contribuindo de verdade para a minha comunidade e para a sociedade.” 13


Sobre mim

Por Rosalina Brito

Hoje venho aqui não para falar de outros artistas, mas, sim, sobre mim e meus trabalhos. Para quem não me conhece sou Rosalina Brito e desde as primeiras enchentes que arrasaram com o Rio de Janeiro moro na CDD. Já vi e vivi de tudo neste lugar. Por falta de oportunidades e a dor que os problemas me causavam, me tornei uma dependente química. Às vezes, acordava fora de casa... Fora da cama... Fora do quarto... Fora de mim... Sofri muito nas drogas, comi o pão que o Diabo amassou. Vivia de bar em bar, não tinha estudos, meu pai dizia que mulher não precisava estudar. Cresci assim, sem oportunidades. Na CDD também não tinha nada. Passei anos procurando a mim mesma, não me reconhecia como pessoa... Era uma ninguém. Mas, hoje, livre por Deus, descobri a cultura. Conheci o teatro, cinema, artes plásticas, literatura, ilustração, jornalismo, e até o grafite. Não posso esquecer da poesia, do Poesia de Esquina, sarau que acontece uma vez no mês na Cidade de Deus e do qual sou produtora, juntamente com Viviane, Evandro, Welliton. Tudo isso já pulsava em minhas veias. A arte já havia me encontrado, 14

só eu não via. Portanto, quando peguei no lápis vi que podia construir um mundo novo pra mim, através de imagens pelas quais me encantei. Aprendi a desenhar sozinha e “com um pinguinho de tinta no papel ver uma linda gaivota voar no céu”. Encontrei meu caminho, parei de procurar, a arte me encontrou. Exerço profissionalmente a função de ilustradora, artista plástica e escritora, com livros de contos publicados na FLUPP. Venho aqui falar dos cinco livros infantis ilustrados por mim, da escritora Isa Colli. Foi uma alegria fazer, uma diversão, criar os personagens... Foi tudo uma brincadeira. O livro conta histórias de conservação da natureza, como manter os rios limpos, reciclar, etc... O escritor sueco Max Lundgren, autor de livros infantis, disse tudo em poucas palavras, quando explicou as três finalidades mais importantes dos livros ilustrados: - promover o encontro da criança com as ilustrações e com a arte; - promover o encontro da criança com a literatura; - promover o encontro da criança com seus pais.

As crianças se tornam leitoras no colo de seus pais, mesmo que os pais não saibam ler ou tenham dificuldades. A literatura infantil é fundamental para que as crianças travem contato com os livros e o seu universo de possibilidades. Dia 14 de dezembro, foi lançada uma coletânea de contos que ilustrei. Que o mundo ouça minha voz, tenho muito o que contar… Nesse blog, conto um pouco da história da CDD: http://cidadededeusrosalina.blogspot.com.br/. Mais aqui: http://www.youtube.com/watch?v= -u8cTkWBet0 e em https://www.facebook.com/rosalina .brito Chegar de dor, tristeza e sofrimento. É na superação de cada dia que vou colorindo minha vida e assim, com um novo olhar, contando a história da CDD em cores. Eu me senti na necessidade de mostrar a alegria de minha comunidade. Em breve minha primeira exposição na CDD, que será feita com o patrocínio da Farmanguinhos – Fiocruz. Aguardem.


Como amenizar as tempestades Por Felipe Brum

Essa matéria tem por objetivo fazer com que a sociedade civil se organize, se empodere e ponha em prática algumas ações para amenizar (suavizar) as tempestades. Conceito simples de tempestade: chuva forte com ventos fortes. Pode ser uma tormenta, um tornado, um tufão, ciclone ou furacão. Todos têm o mesmo principio: o acúmulo de energia na atmosfera. Na prática são milhões de toneladas de água “penduradas” a milhares de metros de altura sobre nós. São nuvens que vão se agrupando, virando uma massa concentrada e espessa, o céu fica escuro, pois a luz do sol não consegue atravessá-lo, a temperatura abaixo cai rapidamente dando origem ao vento, quando cai a água, chuva, o vento acelera, funciona como uma turbina de avião, quanto mais chuva mais forte o vento, quanto mais vento, mais chuva. A tempestade vai perdendo força conforme diminue a quantidade de água pendurada no céu. A tempestade se alimenta de nuvens, quando acabam as nuvens acaba a tempestade. Comparo a tempestade a um “trabalho de parto”, daqueles tão difíceis e tão violentos que no final morrem mãe e filho. Há milhares de anos, parteiras ajudam as mulheres a parirem filhos. Hoje em dia a

tecnologia está tão avançada que medicamentos induzem as contrações, se preciso for, obstetras fazem o parto um mês, dois meses antes do previsto naturalmente. Há várias décadas os seres humanos induzem as nuvens a parir água com o objetivo de irrigar plantações, são utilizados aviões agrícolas ou pequenos foguetes. Falando de maneira simples, basta pulverizar as nuvens com água salgada, que ela pari água, chove. Dessa maneira podemos fazer chover antes que se acumule água no céu, numa quantidade tão grande capaz de formar uma tempestade. Nos locais e épocas das tempestades, podemos fazer chover com mais frequência, assim não acumularia tanta energia capaz de formar uma tempestade. Como uma criança que acorda e quer brincar, correr, pular para gastar a energia acumulada, depois, cansada, sossega, fica serena e até dorme novamente, acumula energia, quando acorda recomeça tudo denovo, é a vida. A natureza é assim, quando está serena acumula energia, que deve ser dissipada (gasta) às vezes de forma violenta, em tempestades, depois volta a ficar serena. Nós não prestamos atenção nisso e olhamos apenas os estragos.

Solução (possível)

prática

viável

Os aeroclubes de forma associada podem tomar para si a parte operacional, capacitar, treinar, acompanhar o clima e assumir a ação prática de ajudar as nuvens a parirem água, no local e tempo mais adequados, a fim de amenizar as tempestades. Os aeroclubes unidos têm força para cobrar dos governos recursos para pôr em prática e manter em funcionamento esse serviço. Esse serviço é de grande importância para a aviação civil, pois pode minimizar tempestades e ventos fortes perto de aeroportos e nas rotas aéreas. Uma grande rede de informações climáticas será formada e as ações serão mais eficazes. Numa ação de ajudar as nuvens a parirem água, a decisão é tomada de seis a oito horas antes, porém as bases de apoio devem estar prontas e as pessoas capacitadas, meses antes. Vamos pensar positivo e tudo dará certo.

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Quadrinhos

Por Rosalina Brito

Os colaboradores de nossa campanha do Catarse Agradecemos a todos os que contribuíram com suas doações, pensamentos positivos e divulgação da nossa campanha pelo Catarse. Agência Pública, Alan Tygel, Alberto de Lima, Alexandra Braga, Anabela Paiva, Antonia Gama, Antonio, Bruno Souza, Camila Nogueira, Carolina Gavinho, Celso Alexandre Souza de Alvear, Celso Eugênio Breta Fontes, Clara Deak, Clarissa Nanchery, Claudinha Granja, Cris del Corsso, Davi Amorim, Dulce Mattoso, Eliane Figueiredo, Eliézer Figueiredo, Elis De Aquino, Elizabete Cerqueira, Felipe Addor, Fernanda Santos Araujo, Fernanda Turino, Flávio Chedid, Humberto Pereira Figueira, Isa Coutrinho, Jefferson Carrasco, João Horta, Jorge Azevedo, Leandro Capela, Leandro Assis, Livia, loluca, Lu Ricas, Luiza Prado, Marcelo Ernandez, Márcia Bogeá Juliani, Marcos Gonzalez, Maressa Tuponi Santos, Mariana Cotrim, Marianna Araujo, Marina Schneider, Michelle Antunes, Mickaël Orantin, Milla Mascarin, mrbeckbeck, Pedro Henriques, Pedro Mizukami, Paulo Mussoi, Priscilla Moraes, Raquel Velho, Renata Melo, Ricardo Mello, Ricardo Senra, Sandra Pedroso, Sebastião Ramos, Severino, Silmara, Silvia Noronha dos Santos, slvnrjj, Paula Fernandes, Suzi Barreto, Tereza Cristina Rocha, Thiago Moreno, Valéria Barbosa, Verseucht, Vitor Castro, Vitor Gomes, Vivian Langer e Yasmin Rodrigues.

Apoio

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