A Notícia por Quem Vive 9ª edição

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Cidade de Deus

Setembro - Outubro de 2014

Ano IV

Edição nº 9

Aniversário da ASVI: há 12 anos transformando

Saiba quais são as atividades da Associação Semente e Vida da Cidade de Deus, e como foi a comemoração de seu décimo segundo aniversário. A foto acima mostra a apresentação de dança das crianças do Projeto Rei. Leia mais a partir da página 10.

Cia. de Dança Trevo

O transporte coletivo na cidade nunca foi eficiente. Com os eventos esportivos no Rio, o BRT surgiu para beneficiar quem? A CDD perdeu várias linhas de ônibus esse ano. Leia mais na página 3.

Dia 29 de novembro, o SESC Madureira receberá, das 14h às 18h, o Festival Unific'arte, que já está em sua segunda edição! Saiba mais sobre esse evento na matéria das páginas 4 e 5.

E mais...

Arte na Praça Seção Literária: O Mário que não era de Andrade A importância das cotas Poesia: Pé de que patente Farmanguinhos: podemos transformar Poesia: Já chega disso

O Banco Comunitário está realizando uma campanha muito interessante junto à comunidade: o concurso de histórias em quadrinhos sobre as caras da nossa moeda social, o CDD. Confira na página 14. página 6 e 7 página 8 página 9 página 9 página 13 página16


Editorial

por SOLTEC/UFRJ

É com imenso orgulho que anunciamos a 9ª edição do jornal A Notícia Por Quem Vive! Nesta edição, vamos falar de assuntos de dentro da comunidade, como por exemplo, o Banco Comunitário da Cidade de Deus, que está promovendo um concurso de histórias em quadrinhos com os personagens da Moeda Social. E, também, a comemoração do 12° aniversário da ASVI. Vamos refletir sobre o BRT que, ao invés de facilitar a vida dos moradores, está complicando a locomoção dos mesmos. A importância das

cotas como instrumento de inclusão também é pauta do nosso jornal. Cultura, arte, literatura e meio ambiente são elementos que compõem as matérias do jornal. Eventos que aconteceram como o projeto “Podemos Transformar” organizado pelo Núcleo de Gestão Social Farmanguinhos (NGS) com o objetivo de transformar locais onde havia lixo em lugares limpos, com a substituição de lixos por plantas. Arte na Praça foi outro evento que aconteceu na CDD para colorir e despertar a criatividade dos moradores. No quesito

literatura, ficamos com a resenha do livro “Mário que não era de Andrade” feito por Letícia Vieira, e poesias que marcam sempre presença por aqui. O Festival Unifc’art é a nossa dica cultural que vai ocorrer no dia 29 de novembro, vale à pena dar uma conferida na matéria sobre essa mostra de dança. Boa leitura.

Expediente Setembro a Outubro 2014 Fundadores: Ariana Apolinário, Celso Alexandre Alvear, Cilene Vieira, Dara Bandeira, Dayse Vieira, Felipe Brum, Joana da Conceição Campos, João Carlos Souza, José Alberto, Julcinara Vilela, Landerson Soares, Leila Martiniano, Maria Angélica Ponciano, Marília Gonçalves, Mônica Rocha, Rita de Cássia, Rosalina Brito, Valéria Barbosa da Silva Membros do jornal: Maria Angélica Ponciano, Maria de Melo Brandão, Cilene Vieira, Felipe Brum, Julcinara Vilela, Rosalina Brito e Valéria Barbosa da Silva.

Colaboradores: Aline Silva de Souza, Fabrício Jéferson, Letícia Vieira e Maria Cristina Neves Costa. Revisão de textos: Camille Perissé, Clara Sthel e Renata Melo. Diagramação: Camille Perissé Agradecimentos: Ao Bairro Educador e, especialmente, aos diagramadores deste jornal: Camille Perissé, nesta edição, Isis Reis, Diana Helene, Alan Tygel e César Campos nas demais. Apoio: CDD, SOLTEC/UFRJ, Farmanguinhos/Fiocruz e ASVI Este jornal foi diagramado utilizando somente programas de computador livres: Scribus, Gimp, LibreOffice e Ubuntu. Use software livre!

Nosso jornal faz parte do Portal da Cidade de Deus. Acesse www.cidadededeus.org.br. 2


BRT: Solução que dificulta as comunidades que não têm estação

por Cilene Vieira

A Cidade de Deus existe há aproximadamente meio século. Tudo começou com as enchentes dos anos 60, que deixaram vários desabrigados. Logo, muitos foram para o estádio do Maracanã, já que haviam perdido sua moradia. Então o governo Lacerda estava construindo a Cidade de Deus para moradia dos servidores públicos, mas teve que mudar seus planos e receber os sobreviventes de várias favelas: Cordovil, Providência, Rocinha, Praia do Pinto, Vidigal, Cruzada de São Sebastião, Esqueleto, entre Outras. A comunidade foi crescendo e, para os moradores se locomoverem, sempre precisou de transporte coletivo, que nunca foi eficiente, devido ao monopólio da viação local (REDENTOR S/A). Os anos se passaram e os problemas com os transportes coletivos, em especial os ônibus vêm piorando, devido você não saber mais o itinerário do coletivo. A numeração muda o transeunte se perde. Com todas essas mudanças o usuário sai perdendo, porque na Cidade de Deus não passa mais 803

Foto: divulgação/internet

- Senador Camará/ Alvorada,889 -Sulacap / Barra da Tijuca,889 – Sulacap/ Recreio dos Bandeirantes, 690 –Méier / Alvorada,701 –Madureira/ Alvorada. Os moradores da Cidade de Deus precisam fazer um manifesto, fechando as vias principais, para chamarem a atenção da mídia e mostras aos governantes que o BRT não resolverá o problema do transporte coletivo. A leitura que é faço é que, com o BRT os números de acidentes cresceram com óbitos

e os usuários que não têm uma estação próxima a sua residência, gastarão mais dinheiro para sair de casa, logo desestruturarão o seu orçamento. Será que o BRT surgiu para beneficiar os turistas que vieram para a Copa de 2014? Para as olimpíadas de 2016 que estão por vir? Ou para aumentar o lucro do empresariado? População, precisamos reverter essa situação o mais rápido possível.

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Unific'Arte 2014 – Unindo Habilidades e Criatividades por Fabrício Jeferson e Julcinara Vilela

Companhia de Dança Trevo

No ano passado, a ASVI Associação Semente da Vida, Cia Trevo e Projeto Movimentos transformaram em realidade a primeira edição do Festival Unific’Art 2013 recebendo 10 grupos, entre eles estavam: escolas municipais, projetos sociais, Ongs e companhias de dança, num total 247 bailarinos.Nessa edição estavam presentes grupos da Cidade de Deus, Freguesia, Pechincha, Gardênia Azul e Rocinha. O festival recebeu uma plateia de 322 pessoas, o limite do Teatro SESI. A primeira edição foi realizada no dia 17 de novembro de 2013. O Festival Unific’Arte é uma mostra de dança realizado com o intuito de unificar a arte de quem trabalha com dança no Rio de 4

Janeiro. Sem barreiras para localidade, estilo, raça, sexualidade e religião. Cada grupo teve um vídeo institucional gravado pela equipe do festival e exibido antes de sua apresentação, falando um pouco do trabalho que é realizado em seu território. Os mesmo tiveram 10 minutos para executar suas apresentações. Em 2014 o festival caminha para sua segunda edição, que vai acontecer no SESC de Madureira, dia 29 de novembro, das 14:00 às 18:00 horas. Dessa vez irá receber 20 grupos, que terão todo o suporte técnico oferecido no primeiro festival, mas com uma extensão maior de tempo para se apresentar, passou de 10 minutos para 15 minutos. Alguns grupos retornarão

para a 2° edição, tais como: Projeto Social No ritmo da Juventude, Ong Ação Querer Bem, Companhia Sonhos de Uma Noite, Escola Municipal José Clemente entre outros. E também novos grupos como: Ong Casa de Sant’ana, Escola Municipal Pio X e com a ilustre presença de três grupos da própria unidade SESC e muitos outros. Nossa expectativa com relação a plateia nessa edição é de 1.500 pessoas para que possamos unir as diversas habilidades e criatividades de todos os grupos.


Grupo Movimentos

Projeto Rei

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Arte na Praça: tintas que fazem sonhar Por Valéria Barbosa

O As praças da Cidade de Deus estão se vestindo de cores que se misturam fazendo formas e enfeitam o dia a dia das crianças e moradores. Este projeto surge da idealização e dedicação dos artistas Gilmar Ferreira e Roberto Senna, mais conhecido como Cabral. Cabral pegou para si produzir os trabalhos de Gilmar e suas ações voluntárias na área das artes plásticas. Nesta parceria há muito respeito e amizade fortalecendo a ação e a arte do artista plástico Gilmar bem como favorecendo o surgimento de outros artistas dentro da comunidade da Cidade de Deus. Gilmar foi o responsável por parte da arte que ornamenta as laterais da via expressa LAMSA. É o Gilmar que semanalmente se desloca e presta serviço voluntário à Casa Emilien Lacay/Cruzada do Menor, que está presente em diversas atividades comunitárias como, por exemplo, contribuindo com o Bazar da Igreja Episcopal. Porém, a sua grande obra de arte é o projeto ARTE NA PRAÇA. A Cidade de Deus possui 32 praças e 20 delas já receberam este projeto. Essas praças tiveram a oportunidade de ter esta ação que ultrapassa o compromisso de seus responsáveis. A comunidade é convidada a participar, moradores cedem lugar para guardarem mesas e material para serem utilizados nas oficinas, oferecem água fresca para os participantes, desta forma aumentando o valor solidário deste projeto. O projeto oferece: oficina de pintura e reciclagem monitorada por Gilmar Ferreira e Roberto Senna, o Cabral. As oficinas acontecem em sábados alternados 6


de 10:00 às 12:00 horas e podem participar crianças, adolescentes e adultos. Praças que já pintaram arte: Praça do AP Gabinal Margarida, localizada na Rua Daniel; Praça Zipora; Praça Habor, na Bariri; Praça Tobias no Caraté; Praça Cleóprata, perto da FIA; Praça dos Profetas, Praça do Garimpeiro; Praça Moloque no Novo Mundo, Caraté; Praça do 15, Travessa Tirze; Praça Marsena no Caraté; Praça Hazarel; Praça Quirino; Praça da Páscoa; Praça Jacó, Praça Magadan, Luar de Prata; Praça Ageu; Praça Adão; Praça Demétrio. O Projeto Arte na Praça encerrou sua caminhada no dia 19 de outubro de 2014 na Praça Padre Júlio Groten – Praça Principal, localizada na Rua Edgard Wernecek em frente a UPA. Este projeto contou com vários colaboradores, instituições que cederam material para as oficinas e que merecem o agradecimento de todos: Farmanguinhos, Cruzada do Menor, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Jornal Abaixo assinado de Jacarepaguá, Associação Semente da Vida(ASVI), Casa de Cultura, Korporativa, Ong Resgate Social, Casa de Santa Ana, Ponto de Cultura Itinerante da Cidade de Deus, Julio Fotoshow, Leo Info, Bazar Aliança, Monica Festas e Bruno Correa. Cabe ressaltar que ambos os artistas - Gilmar Ferreira e Roberto Senna - fizeram este trabalho voluntariamente, ou seja, sem receber nenhum centavo. A comunidade precisa desta ação e conta com a segunda edição da Arte na Praça. 7


SEÇÃO LITERÁRIA

O Mário que não era de Andrade

Por Letícia Vieira (tenho 16 anos e curso o 1° ano do ensino médioEm 2013. No 9° ano, estudei na Escola Municipal Pedro Aleixo, na qual fui solicitada ler o livro “O Mário que não é de Andrade”, da autora Luciana Sandroni). O resumo se encontra a seguir:

Mário é um menino que gosta de tocar piano, passear, viajar, brincar com os amigos como qualquer outro menino. Ele mora com sua mãe em São Paulo, a cidade mais populosa, cheia de automóveis do Brasil. Ele estava de Férias e sua mãe fazia uma tese sobre o poeta e escritor Mário de Andrade. Enquanto isso, seu pai, mora na Alemanha com esposa e filhos, que o menino ainda não conhecia. Sua mãe estava tão envolvida com a tese, que acabada comparando o filho com uma das histórias do escritor, o “Macunaíma”, que era a história de um índio que era tão preguiçoso que demorou 6 anos para falar e quando falou, a frase que mais falava era “Ai que preguiça!”, e também reclamava toda hora que ninguém o levava para passear. A mãe também lhe contava a toda hora que ele se chamava Mário em homenagem ao poeta. O menino sempre queria passear, mas sua mãe estava sempre ocupada, e ele insistia tanto que a mãe acabava levandoo, e mesmo assim a mãe não parava de pensar na tese. A caminho do parque, a mãe continuou a lhe contar a história do índio, mas o menino não achava graça e já nem prestava mais atenção. Chegando ao parque eles se divertiram muito. Na volta eles passaram por uma Avenida com o nome do poeta, despertando a curiosidade do menino sobre o mesmo. Sua 8

mãe lhe convenceu a visitar a casa do poeta, que era logo ali. Um senhor os atendeu e os levou para conhecer a casa. Começou a lhes contar tudo referente ao poeta. O menino achou o poeta estranho. Então, o senhor os chamou para conhecer o quarto do escritor, e contava as manias do poeta. De repente o menino ouviu um bebê chorar, foi ver e se assustou, pois 5 minutos atrás não havia bebê nenhum; quando entrou, se deparou com figuras mitológicas fazendo oferendas, abençoando o bebê. Quando todos foram embora o menino correu para contar à mãe, mas ela não acreditou. O senhor terminou de apresentar a casa e o convidou para lhe visitar mais vezes e para faz e para faz um curso de piano, o menino aceitou sem pensar. Depois de um tempo visitando o quarto do escritor diariamente, ele descobriu diversas histórias da vida do poeta, e confirmava e descobria mais detalhes com sua mãe. Ele presenciou histórias importantes da história do Brasil e do mundo. O menino conversava muito com Mário e recebia conselhos também, principalmente sobre seu pai, com quem ele pouco falava. Ele chegou a presenciar a morte do poeta e percebeu a ignorância da população ao perguntar a uma senhora quem foi o poeta, romancista e pesquisador. Até que ele tomou coragem

de abrir uma das dezenas de cartas que seu pai havia mandado e percebeu o quão importante era seu pai, que ele tanto rejeitava. No fim percebeu o quanto a amizade de Mário de Andrade foi importante para sua vida.

Mário de Andrade por Ramon Muniz


A importância das cotas por Cilene Vieira

Este tema é bastante polêmico (Cotas), devido a alguns serem contra e outros a favor. A escravidão no Brasil se consolidou como uma experiência de longa duração (1530 a 1888) que marcou diversos aspectos da cultura e da sociedade brasileira. Mais que uma simples relação de trabalho, a existência da mão de obra escrava africana fixou um conjunto de valores da sociedade brasileira em relação ao trabalho, aos homens e às instituições. Nessa trajetória podemos ver a ocorrência do problema do preconceito racial e social. Segundo a Constituição Brasileira, todos são iguais, independente da etnia, sexo, religião, classe social e preferência sexual. Mas, na prática percebemos

Pé de que patente

que as coisas não são assim. Com a Abolição da Escravatura, os escravizados saíram das chibatas e ganharam a liberdade. Sem nenhuma qualificação profissional, moradia digna, vestimentas adequadas,alfabetização,acompanh amento médico, entre outros. Enquanto a família colonial estudava nas melhores escolas, desde a infância até o ensino superior e iam estudar nos países do Primeiro mundo, para voltarem com mais conhecimento e comandar os negócios da família. Pergunto aos leitores, cadê a equidade (igualdade) entre as classes sociais no Brasil? Os oriundos do ensino público podem competir com os do ensino privado? Analisando os 358 anos de escravidão, as universidades

Por Valéria Barbosa

As sementes nasceram na terra do tem vinil , CDs e computadores meu jardim. para fazer pensar, Nutri, cuidei e podei os seus deve ser um pé de Jacarandá, espinhos será??? alimentei uma a uma com o néctar do amor, regrando em regas os seus Tem uma porta no tronco para caminhos. entrar os amores. Dizem que quem começou o Que planta mais bonita, plantio desta espécie quem ousa qualificar? sequer sabia ver letras, mas É pé de cocada mole, entendia do canto do sábia Laranjeira. é jaqueira de boi tatá? Acho que é uma Palmeira da É bambuzal em balé, marca Maria mole, ou será que é mangueira de a avó diz que é uma macieira com Cartola no verde e rosa de uma cheiro de arruda e dende. escola? É pé de maternidade, Quem fica embaixo das folhas tem ninho de honestidade buscando a sombra não acha, tem copa de livros, há luz desde a raiz e pelo tronco se

públicas e multinacionais só podem nos mostrar a face europeia. Segundo a Lei nº 12.711/2012, alunos que estudaram todo o ensino médio em escolas públicas terão direito a ¼ , ou seja 25% das vagas em todas as universidades e institutos federais. Metade delas será reservada para estudantes com renda mensal familiar de até um salário mínimo e meio. Critérios raciais (índios, negros) também serão levados em consideração. Leitor, precisamos que você veja a política de cotas como algo que inclua e não exclua. Embora nosso país seja miscigenado, a realidade é que, segundo pesquisas do IBGE, os cargos com melhores salários e o ingresso nas Universidades são em maior quantidade dos não negros.

alastra... Não tem praga, nem mandinga que estrague os frutos deste plantar. A verdadeira mandingueira é a dona deste pomar! Seus frutos foram escolhidos Vieram predestinados a conviver com a bonança. São filhos do amor que surgiram como uma flor para enfeitar e alegrar os seus dias como criança. Pé de que será? É apenas um pé de gente escolhida para amar! 9


ASVI CDD: há 12 anos transformando na Cidade de Deus Por Maria de Melo Brandão

A ASVI – Associação Semente da Vida iniciou suas atividades a 26 de Agosto de 2002 através do CEAR – Centro Ecumênico de Ação e Reflexão – com um inter-relacionamento de várias entidades e igrejas da Cidade de Deus visando o bem comum de seus habitantes. Começou a princípio com um trabalho mais voltado para mulheres, capacitando-as na área de geração de renda, e jovens encaminhando-os para o mercado de trabalho. No entanto, com o tempo descobriu também a necessidade de a criança ter uma atividade, já que muitas mães traziam as crianças consigo para o trabalho porque não tinham onde as deixar. Então, a ASVI iniciou um projeto voltado para a faixa etária mais infantil complementan-

do o seu horário escolar. Para além disso, a ASVI faz parte do Portal Comunitário da Cidade de Deus, e participa do Jornal A Notícia Por Quem Vive. A ASVI promove o desenvolvimento da Cidadania plena de crianças e adolescentes pertencentes a famílias em situação de vulnerabilidade permitindo uma formação integral, que socialmente lhes é negada, possibilitando sua futura inserção na sociedade de forma igualitária. Como? -Capacitando adolescentes para o mercado de trabalho através de cursos de informática, inglês, audiovisual e fotografia; -Contribuindo num melhor desenvolvimento acadêmico de crianças com atividades lúdicas, como dança, informática, reforço escolar, artes marciais esportivas;

Aulas de cidadania do CRAS, para crianças e adolescentes. À esquerda: prof. Luana

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ASVI-CDD é uma ONG - Organização Não Governamental Sem Fins Lucrativos cuja missão é promover o desenvolvimento humano e social de toda a Comunidade da Cidade de Deus, através de atividades socioeducativas e criativas, de forma a promover o trabalho em equipa e a aprendizagem, contando com o comprometimento dos colaboradores voluntários. Nossa Visão é: Atingir uma maior participação do público da ASVI nas conversas e decisões que promovam impactos positivos para o desenvolvimento local. Nossos valores são: Respeito Seriedade Transparência Solidariedade Ética Competência

Reunião de pais de crianças da ASVI


Atividades Diárias da ASVI Programa Jovens em Desenvolvimento para a Vida para adolescentes de 12 a 16 anos Projeto REI – Restituição Educacional Interativa para crianças de 8 a 11 anos Programa de Reforço Escolar para crianças que estejam no 1° e 2° ano. Espaço Criativo Florescer (atividades diversas para os responsáveis) Informática - CDI Comunidade ASVI (Inclusão digital para os moradores em geral) As nossas atividades são de 2ª a 6ª feira com o objetivo de ampliar os horizontes das crianças/adolescentes contribuindo para que criem uma consciência crítica. Além de contarmos com o apoio de voluntários, atualmente estamos realizando o Projeto Jovens sem Amarras que está tendo o a apoio do Instituto Rio e ainda contamos com diversos parceiros: voluntários de Inglês, SESI CIDADANIA, CRAS ELIS REGINA e Projeto Orquestra de Batuque.

Reunião de pais com prof. Magnólia (á esquerda)

Escritores internacionais David Trueba (à esquerda) e Malcolm Barral (à direita)

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Alguns depoimentos “Acredito que, se não fosse este projeto CAMP na ASVI, eu não seria capaz de chegar aonde me encontro agora. Absorvi valores como a lealdade, a cumplicidade, integridade, valores esses que carregarei para sempre. Nos próximos anos, anseio alçar grandes voos, tanto na minha vida pessoal, como na profissional.” – Angélica Batista, participante do projeto CAMP e atualmente estudando Letras na UERJ.

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“A ASVI, nesses 12 anos de existência na Comunidade da Cidade de Deus aprendeu muito, igual "uma criança no seu caminhar", passou por muitas situações que a aprimoraram: tristezas, conquistas, pessoas chegando ou indo, mas sempre buscamos captar o que poderíamos aprender com o que foi vivido. Hoje, nos consideramos "adolescentes". Não sabemos nada, estamos nos redescobrindo. É um amadurecimento que nos impulsiona para o crescimento, com a certeza de que não podemos tudo, mas com uma consciência de que já contribuímos na transformação de muitas pessoas.

“O mais importante desses projetos sociais é a oportunidade que eles dão aos jovens de sair das ruas, ocupar seu tempo com algo produtivo, que lhe proporcione conhecimento para levar na sua vida. Quando a gente não nasce em berço de ouro, sabe qual o caminho? Estudo, perseverança e força de vontade.“ - Ana Caroline Carlos, participante do projeto CAMP, Guia Cívico, entre outros. Queremos nos próximos anos continuar agradecendo cada aprendizado, cada conquista e também cada perda, pois se acontece, é para que aprendamos algo, e assim nos tornamos uma instituição que realiza com amor e gratidão, um trabalho de transformação.”


Podemos Transformar

Por Aline Silva de Souza

O Núcleo de Gestão Social de Farmanguinhos (NGS) promoveu, no dia 3 de julho, mais uma etapa do projeto “Podemos Transformar”. A equipe do NGS, crianças e alguns voluntários do Núcleo Social de Apoio às Comunidades (Nusac Quilombo) se reuniram na Travessa Ilírico, na Cidade de Deus, para transformar um depósito de lixo em um ambiente mais atrativo e saudável aos moradores da região. O objetivo do projeto é promover ações integradas com a

A iniciativa já havia sido realizada em um espaço próximo à Creche Municipal Sempre Vida Nise da Silveira. Desta vez, o local escolhido foi a Creche Luar da Prata. No dia 2 de julho foi feita a retirada de todo o lixo que estava depositado no local, bem próximo ao espaço destinado à recreação da creche. Na quinta-feira seguinte, a equipe do NGS reuniu algumas crianças e membros da ONG Nusac e pintaram diversos pneus que receberão mudas doadas pela

comunidade da Cidade de Deus e algumas instituições, visando a conscientização quanto às inúmeras consequências negativas causadas pela acumulação de lixo. Através de atitudes simples mas efetivas, o NGS busca sensibilizar a população local, mobilizando diversas pessoas através de um mutirão de limpeza.

Fundação Parques e Jardins, parceira da iniciativa. Empolgada com o projeto, Magali Portela, do NGS, disse que as ações realizadas buscam um posicionamento mais efetivo dos órgãos públicos. “O que fazemos aqui é uma provocação para que sejam adotadas medidas

preventivas em relação ao lixo que é produzido aqui”, disse. Além de manter a limpeza do local, Magali ressalta que o trabalho tem um objetivo mais amplo. “O importante é levar uma reeducação sobre o cuidado que os moradores precisam ter com o lixo e o meio ambiente, ao mesmo tempo, combater a imagem negativa que os moradores têm do bairro onde moram. Queremos espalhar essas ações por toda a comunidade e transformar o lugar com a união dos moradores”, finalizou.

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Moeda Social e a participação coletiva Por Valéria Barbosa

O Banco de desenvolvimento local está produzindo o seu 1° Concurso da Moeda Social da comunidade, o público alvo são os alunos da comunidade e as pessoas atendidas nas Instituições locais. O Objetivo deste Concurso é dar maior visibilidade ao Banco Comunitário e a Moeda Social. Serão feitas 3 oficinas de criação onde o tema central são os personagens que compõem a Moeda Social. A história da Moeda e dos personagens terá destaque em historia em quadrinhos. Esta proposta é muito interessante por ter como personagens centrais personalidades locais importantes para a comunidade da Cidade de Deus. Estes moradores impressos nas moedas foram escolhidos pela comunidade quando na idealização das moedas. O nome da moeda e a distri-

Legenda..........

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buição das personalidades nos valores da moeda, também foi uma escolha dos moradores. Na Cidade de Deus a moeda é CDD. O Câmbio da moeda é feito no Banco comunitário. Para cada R$1,00 a equivalência é de 1,00 CDD A equipe da Agencia de Desenvolvimento Local está empenhada neste Concurso, Já visitaram mais de vinte quatro Instituições e nove escolas municipais para fazer o convite de participação no concurso e falar sobre o Banco Comunitário e sobre a Moeda Social. O ganhador do concurso receberá 500 CDDs e terá a sua história em quadrinhos compartilhada por toda a comunidade. Venha fazer parte deste momento? A grande festa de encerramento deste Concurso será no mês de Dezembro 2014 com uma linda festa na comunidade. No dia 15 de setembro de 2011 é inaugurado o Banco Comunitário da Cidade de Deus. O que é um Banco Comunitário? É um Banco criado e gerido pela própria comunidade e atua com duas linhas de crédito: uma em real e a outra em moeda circulante. A moeda local é a "CDD". Quer saber um pouco mais? Procure a Agencia de Desenvolvimento Local da Cidade de Deus e fale com a Maria Cristina Neves Costa e/ou Felipe José Z. Brum eles são colaboradores do Banco estão no local de 2ª a 6 feira no horário comercial.


O Banco Comunitário está realizando uma campanha muito interessante junto à comunidade. Foi pensado pelos seus gestores, uma forma de tornar a moeda local mais conhecida e utilizada pelos moradores. A Moeda Social é uma ferramenta especial, estimula o desenvolvimento local, oferece serviço financeiro comunitário apoia iniciativas empreendedoras, estimula a gestão de negócios. Propicia que a economia circule no próprio território, fortalecendo desta forma os micro empresários locais e a comunidade já que os

preços são menores do que nas empresas externas à comunidade, além de oferecer mão de obra. Segundo Maria Cristina Neves Costa, professora, funcionária do Banco Comunitário da Cidade de Deus desde o dia de sua fundação “ A finalidade de um Banco Comunitário é fomentar o comercio e trazer o desenvolvimento local principalmente na parte econômica. Numa comunidade com mais de 60 mil habitantes, sabemos que é muito mais que isto. Há uma riqueza muito grande, as pessoas consomem muito. Se a metade

desses valores ficassem dentro da própria comunidade seria um ganho para o comércio porque ele poderia absorver a uma maior mão de obra, principalmente a mão de obra ociosa da comunidade. Seria o aumento dessa malha comercial, esse tecido sócio produtivo teria uma visibilidade pra fora porque a produção não seria só interna, os ganhos são muitos”.

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Já chega disso

Por Maria Cristina Neves Costa

Somos seres invisíveis Fazendo o país crescer Aumentando o tal do PIB Sem nem mesmo o conhecer Entramos nas estatísticas De um país que desenvolve Que diz baixar vários índices Da engrenagem que o move Para onde foi a miséria? Para onde foi a fome? E o analfabetismo? Como magia, some Tá parecendo falácia De quem só pensa enganar Um povo que não se engana Mas deixa os tolos pensar! Pois esse povo elefante Sabe a força que tem Cuidado seus governantes Com que por aí vem!

Apoio 16

Ao escrever o poema, não me preocupei com a métrica, lembrei apenas da plateia que assiste à entrada da gloriosa “Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Brasil”. Nem ensaiaram para o desfile, vestiram a fantasia e entraram na avenida sem se preocupar se o povo que assistia estava ou não se divertindo. A ala dos acumuladores não teme nada, se acha acima do bem e do mal, acumulam poder, maldade, o tesouro do outro, a liberdade de muitos e, sempre sem culpa, somando o dinheiro que deveria ser dividido, diminuindo as possibilidades de igualdade, multiplicando o ódio, a corrupção, a violência, a falta de moradia, de emprego, de educação, que é direito de todos está na Constituição. Que gente é essa? Sem juízo, sem razão, cega de percepção. São os acumuladores pobres de espírito, os coitados ainda não perceberam o óbvio. E vocês, já viram caminhão de mudança na porta do cemitério?


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