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Festa de DEBUTANTES
Em 2019 o Plumas & Paetês chega a sua 15ª edição. Para celebrar, convidamos alguns dos maiores premiados em todo este tempo para compartilhar um pouco das suas trajetórias e entendermos a importância da premiação para os artistas da folia. Alguns recordistas foram selecionados para representar os mais de 933 premiados: os carnavalescos Fábio Ricardo, João vitor, Edson Pereira, Alexandre Lousada e Jack vasconcelos, além do maquiador Jorge Abreu e do casal de coreógrafos Rodrigo Negri e Priscilla Motta.
O primeiro deles é Alexandre Louzada, recordista do prêmio de melhor carnavalesco do Grupo Especial, vencendo em 2006, pela vila isabel, em 2007, pela Beija-Flor, e 2017, pela Mocidade. Ele, que estreou na Portela em 1985, possui seis títulos de campeão do Grupo Especial do Rio de Janeiro e dois em são Paulo. Com uma trajetória de dar inveja, Louzada já trabalhou em dezenas de agremiações, com desfiles marcantes, que lhe renderam mais dois troféus do Plumas & Paetês Cultural: Melhor Figurinista, em 2005, pela Porto da Pedra, e Melhor Pesquisador do Grupo Especial, pelo enredo sobre Portinari, na Mocidade, em 2012.
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Entre os carnavalescos da nova geração destacamos Fábio Ricardo, dono de sete troféus do Plumas. sua estreia em nosso palco foi em 2006, como Melhor Figurinista do Grupo Especial, ano em que era assistente de Max Lopes, na Mangueira – parceria que durou oitos anos: “Foi o meu primeiro prêmio no carnaval. Uma surpresa. Nunca tinha imaginado que as pessoas me observavam atrás dos bastidores, então para mim foi um marco, um incentivo para continuar a fazer a arte popular do carnaval”.
Fabinho, como é conhecido, já trabalhou ao lado de outros grandes mestres, como Joãosinho trinta, mas seria em 2008 que sua carreira como carnavalesco começaria, pela Acadêmicos da Rocinha, numa estreia muito premiada: “cada enredo é como filhos que criamos e nos emocionamos. Mesmo aqueles encomendados, patrocinados, amamos do mesmo jeito e o carinho é igual. O primeiro enredo, desfile e filho a gente nunca esquece”, garante o carnavalesco, afirmando que o desfile de 2008 ficará sempre em sua lembrança.
Apaixonado pela arte e pelo carnaval, ele atribui a paixão à presença marcante de sua mãe, que sempre o incentivou – e o levou às lágrimas ao assistir o seu primeiro desfile, em 2008. Fábio Ricardo, que já recebeu os troféus de Melhor Carnavalesco do Grupo Especial, em 2014, pela Grande Rio, e do Acesso, em 2009 e 2010, pela Rocinha, já faturou também os prêmios de Melhor Figurinista do Grupo Especial em 2012 e 2013, pela são Clemente, e Revelação do Carnaval em 2008. Sobre estas homenagens afirma: “Hoje poucos são conscientes em agradecer ao carnavalesco, ao figurinista, ao ferreiro, aos aderecistas, às costureiras. Eles são essenciais, pois sem eles não fazemos carnaval. Às vezes essas pessoas só querem um ‘muito obrigado’, um aperto de mão, um abraço de coração. Como dizem: a gratidão é o único tesouro dos humildes. Por isso esse reconhecimento feito pelo prêmio Plumas & Paetês é muito importante” Recém contratado pela Paraíso do tuiuti, para o carnaval 2020, João vitor é dono de cinco troféus do Plumas & Paetês Cultural. O carnavalesco, que considera 2017 como seu ano de renascimento, após o sucesso de seu trabalho na Acadêmicos da Rocinha, conta que a premiação é um incentivo para pensar e buscar realizar um trabalho sempre melhor que do ano anterior: “Ganhar o carnaval de 2014 pela viradouro foi uma das melhores sensações da minha vida. Mas retornar à sapucaí desacreditado, em uma escola que passava por uma situação financeira complicada, buscando fazer um carnaval para se manter no grupo, e chegar na hora, deixar toda Avenida boquiaberta, realmente não tem preço. O carnaval de 2017 me emociona até hoje. Foi o meu renascimento em todos os sentidos. Disseram que eu não conseguiria fazer mais nada e eu provei o contrário”. sua trajetória começou na Portela, no ano 2000, quando entrou num barracão pela primeira vez, aos 15 anos: “Era período de férias escolares e tudo o que eu queria era trabalhar para levantar uma grana extra para comprar os meus livros. Fui levado por um amigo que me disse que a escola estava um pouco atrasada e estava precisando de aderecistas. Eu já era apaixonado por carnaval e já desfilava, mas não fazia ideia de como era feito tudo aquilo que eu admirava”. Depois dessa experiência, João vitor passou cinco carnavais como aderecista na Mangueira, viradouro e Rocinha. Nesta última, sua carreira deu uma grande virada: “passei a exercer a função de carnavalesco da escola mirim da Rocinha (Borboleta Encantada) e a direção artística da ‘escola mãe’ até o início do processo de criação para o carnaval de 2013, que foi o ano do ‘tudo ou nada’ para mim”. Depois de uma experiência frustrada no Grupo Especial, em 2015, pela viradouro, João vitor está de volta à elite da festa já de olho no sexto troféu do Plumas: “O mais bacana disso tudo é que fui premiado em todas as escolas em que eu trabalhei. tenho todos eles expostos na estante do meu escritório. Eu me sinto muito honrado por ter sido premiado cinco vezes. Até hoje me lembro da sensação que senti em todas as edições do Plumas & Paetês de que eu participei. O prêmio é de extrema importância! Essa valorização do profissional que trabalha nos bastidores é necessária, afinal, carnavalesco não trabalha sozinho. Nossa lista de colaboradores é extensa. Quem ganha um ano, quer ganhar sempre! É uma felicidade fazer parte deste ranking luxuoso!”.
Provando que no carnaval não se faz nada sozinho, destacamos agora uma dupla, Priscilla Motta e Rodrigo Negri, pentacampeões da categoria Melhor Coreógrafo do Grupo Especial (2010, 2011, 2012 e 2014, pela Unidos da tijuca, e 2015, pela Grande Rio). Ela começou como componente da comissão de frente da tradição em 2005 e se tornou assistente de coreografia da Unidos da Tijuca no ano seguinte, antes de assumir a abertura da escola. Ele foi assistente na ção em 2005, dançou no salgueiro em 2006, assinou como um dos coreógra fos na Portela em 2007 e só em 2008, na escola tijucana, iniciou a parceria que dura até hoje.
Casados há 12 anos, Rodrigo e Priscilla alcançaram a atenção do grande público em 2010, com a famosa comissão que trocava de rou pas em segundos, no enredo “É do”. A comoção foi tanta que o grupo realizou mais de 300 apresentações extras, no Brasil e em países como Canadá, itália e Angola. Dedicando todos os seus prêmios aos seus bai larinos, o par afirma: “É uma honra pra nós figurar ao lado de tantos artistas competentes e justamente premiados”.

Formado em Belas Artes, o carnavalesco Edson Pereira iniciou sua carreira artística na década de 90, na equipe de cenografia da Rede Globo, onde conheceu Chico Espinosa, que o levou para trabalhar na União da ilha do Governador. Mas seria em 2005 que assinaria seu primeiro carnaval, na Unidos de Padre Miguel. Depois ainda passaria pela União de Jacarepaguá, viradouro, Renascer de Jacarepaguá, Mocidade independente, até chegar na vila isabel, onde já se prepara para o carnaval 2020. “Em todas estas agremiações eu aprendi algo que me enriqueceu como artista e trago um carinho muito grande por esses pavilhões”.
Atual vencedor da categoria Melhor Carnavalesco do Grupo Especial, pela vila isabel, em 2019, Edson possui mais cinco troféus do Plumas: tricampeão como Melhor Carnavalesco do Acesso A, em


2015 e 2017, pela Unidos de Padre Miguel, e em 2018, pela viradouro; Melhor Carnavalesco do Acesso B, em 2008, e Melhor Desenhista do Acesso A, em 2014, ambos pela Unidos de Padre Miguel. Mas lembra que não fez nada disso sozinho: “Aquilo que eu penso para a plástica de um desfile precisa ser executado e o Plumas & Paetês mostra que os profissionais que sonham junto comigo têm talento para levar isso para a Avenida. Quando passo minhas ideias para o papel, preciso de pessoas que caminhem junto comigo e que façam aquilo ser possível. É uma extensão total do meu trabalho e eu não faço nada sem eles. vê-los recebendo prêmios por executarem seus ofícios em prol da minha arte é um reconhecimento muito gratificante”.

Entre estes artistas mais presentes nos bastidores da festa destaca-se Jorge Abreu, pentacampeão do Plumas como Melhor Maquiador Artístico, quatro delas pelo Grupo Especial (2014, 2015, 2016 e 2018) e outra pelo Acesso A (2018), por escolas como viradouro, Estácio de sá, Unidos da tijuca, União da ilha e vila isabel. “sem dúvida esse reconhecimento me trouxe notoriedade e muito mais respeito, principalmente no meio do carnaval, nos bastidores do povo que faz carnaval. isso é de uma importância sem tamanho”, ressalta Jorge, que foi várias vezes considerado um dos cinco melhores maquiadores artísticos do Brasil pelo Prêmio Avon.

Artista plástico de formação, com atuação em vários segmentos como cenografia, adereços e figurinos, Jorge relembra seu início: “Comecei minha vida no carnaval com os concursos de fantasias do Hotel Glória. Daí para a Sapucaí foi um pulo. Através do carnavalesco Jaime Cesário embarquei nas grandes escolas do Grupo Especial e de Acesso”.


Recordista em sua categoria, Jorge Abreu lembra com carinho sua estreia no Plumas: “Acho que foi uma das maiores emoções que eu tive. ser reconhecido pelo meu trabalho, independente de qualquer outra coisa, era um prêmio. Acho que nunca esquecerei isso” e completa: “O Plumas & Paetês mudou a minha história dentro do carnaval. A visibilidade, a credibilidade no meu trabalho, que foi atestado como um dos melhores, me avalia como um profissional que deve ser respeitado. isso é o que todos buscam em suas áreas de atuação. O prêmio é como se ganhássemos um carimbo de qualidade, de respeito, de credibilidade. São profissionais sendo reconhecidos pela excelência apresentada. Para mim, esse é o maior reconhecimento do nosso trabalho”.
Por fim, mas não menos importante, ele que é o maior premiado da história do Plumas & Paetês Cultural, com o impressionante número de 12 troféus, Jack vasconcelos. Formado na Escola de Belas Artes, fez sua estreia como carnavalesco no império da tijuca, em 2005, pelo então Grupo B. De lá pra cá foi campeão duas vezes no Acesso A (2009 pela União da ilha e 2016 pela tuiuti) e vice-campeão do Grupo Especial em 2018, também pela tuiuti, num desfile histórico.
Recém contratado pela Mocidade para desenvolver o carnaval 2020 sobre a cantora Elza soares, Jack vasconcelos, mostrou ao longo dos 15 anos do Plumas o seu caráter polivalente, sagrando-se vencedor nas categorias Carnavalesco do Grupo Especial, em 2018,
Pesquisador do Grupo Especial, em 2017 e 2018, Pesquisador do Acesso A, em 2010, 2015 e 2016, Figurinista do Acesso A, em 2010, 2014 e 2016, e Desenhista do Acesso A, em 2013, 2015 e 2016. Diante de tantos louros, Jack lembra mesmo é da alegria de estar junto dos seus: “Na mesma premiação tem o carpinteiro que trabalhou comigo, a costureira que eu vi trabalhando desde que eu era assistente, e ver ela subindo no palco recebendo o prêmio é sensacional! É uma premiação que olha pro profissional do barracão e que, muitas vezes, o público não tem acesso àquele nome. Quem faz realmente esse sonho acontecer são esses profissionais e o Plumas nasceu olhando pra eles”.
