REVISTA APM #31

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ANO 06 N°31 DEZEMBRO 2023/JANEIRO 2024

Diretoria APM-Mogi (Triênio 2020/2023) Presidente: Carlos Eduardo Godoi Marins Vice - Presidente: Alex Sander José Miguel 1º Tesoureiro: Zeno Morrone Junior 2º Tesoureiro: Thiago Veras Pinto Pires 1º Secretário: José Shiro Higashi 2º Secretário: André Luiz Pupo Diretora da Sede Associativa: Pwa Tjioe K. Tjim Diretor Científico: Antonio dos Santos Taveira Filho Diretor Cultural: José Carlos Melo Novaes Diretor de Comunicação: Guilherme Augusto Rodrigues do Prado Diretor Associativo: Pwa Kiong Ping Diretor Defesa Profissional: Carlos Eduardo Amaral Gennari Delegado: Abdul Kader El Hayek Delegado: Péricles Ramalho Bauab Conselho Fiscal 1º Conselheiro: Julio Batista Cota Pacheco 2º Conselheiro: Alexandre Netto 3º Conselheiro: Anderson Wei Y Pwa Suplentes: Flávio Isaías Rodrigues, Fabricio Issamu Mochiduky e Carlos Alberto Gallo

Todo conteúdo opinativo da revista Plantão é de responsabilidade de seus autores, devidamente identificados nos artigos.

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LUTA CONTRA A AIDS: SAIBA ATÉ ONDE A APÓS MAIS DE 40 ANOS DOS PRIMEIROS CASOS, EXISTEM DIVERSOS MEDICAMENTOS PARA QUEM VIVE COM O VÍRUS, EVITANDO O DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA epois de mais de 40 anos do D início da pandemia de HIV no mundo, a tecnologia e a ciência

avançaram ao ponto de assegurar diversas formas de prevenção ao vírus e tratamentos eficazes, que impedem o desenvolvimento da Aids. Além disso, os tratamentos disponíveis hoje garantem o fim da transmissão do vírus pela pessoa que vive com HIV. Veja o que já foi feito: MEDICAÇÕES E SEUS RESULTADOS

Existem no Brasil 22 medicamentos antirretrovirais, em 38 apresentações farmacêuticas diferentes, que podem ser utilizados por pessoas que vivem com HIV. Esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e, consequentemente, o desenvolvimento da Aids, que é a doença que o vírus HIV pode provocar. Quando tomados corretamente pelas pessoas que vivem com o vírus, é comum que eles façam elas atingirem o nível de “indetectável”, quando os exames não conseguem mais detectar o HIV no organismo delas. Ao se tornarem indetectáveis, essas pessoas deixam de transmitir o vírus. Para manter a condição é necessário manter o tratamento em dia. VACINAÇÃO?

Muitos estudos e testes em animais e seres humanos vêm sendo feitos nas últimas décadas em prol da criação de uma vacina contra o HIV.

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A empresa Moderna, por exemplo, anunciou em janeiro de 2022 que os primeiros participantes de um ensaio clínico de Fase 1 de uma vacina experimental contra HIV foram vacinados. Em agosto deste ano, um ensaio científico prometeu a criação do novo imunizante. Chamado PrEPVacc, o ensaio está testando duas vacinas juntamente

com duas formas de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP). PRIMEIROS CASOS DE CURA

Nesse meio tempo, tratamentos alternativos já garantiram a cura de pelo menos seis pessoas em todo o mundo. Em julho deste ano, um homem na Suíça, apelidado de “Paciente


CIÊNCIA JÁ AVANÇOU NO COMBATE AO HIV de Genebra”, apresentou remissão do vírus HIV após a realização de um transplante de medula óssea. Antes dele, outros cinco pacientes tiveram resultados semelhantes após transplantes anteriormente. Em maio, cientistas já haviam conseguido eliminar o HIV do organismo de animais combinando terapias antirretrovirais de ação prolongada e uma nova técnica de edição genética. MEIOS DE PREVENÇÃO À INFECÇÃO PELO HIV E À AIDS TESTAGEM

Realizar a testagem com frequência (de seis meses a um ano) é uma forma de prevenir o avanço de várias infecções sexualmente transmissíveis. Isso porque, saber seu estado de saúde significa poder ser encaminhado(a) o mais rápido possível para o tratamento adequado.

Saúde como método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

A PrEP reduz em mais de 90% as chances de uma pessoa se infectar pelo HIV quando exposta ao vírus.

Existem dois modelos, um para cobrir o pênis antes do ato sexual e outro para ser usado internamente na vagina. Eles não devem ser usados ao mesmo tempo.

A medicação, que combina dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir + entricitabina), pode ser tomada de algumas formas:

A proteção ocorre ao impedir o contato direto da pele, de fluidos corporais e microfissuras. PEP

Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma medida de urgência para evitar a infecção pelo HIV que pode ser usada após exposições de risco. A PEP são dois comprimidos (um com tenofovir e lamivudina e o outro com dolutegravir — todos chamados de antirretrovirais) que devem ser tomados por 28 dias, sem interrupção, sob orientação e avaliação médica.

Os testes para diagnosticar uma eventual infecção pelo HIV podem ser feitos por fluido oral ou coleta sanguínea.

O início do tratamento deve ser iniciado, preferencialmente, nas primeiras duas horas após a exposição de risco e no máximo após 72 horas

No Brasil, existem dois tipos:

São entendidas como situações de risco:

• testagem rápida (feitos pelo SUS ou com teste de farmácia, que pode ser feito em casa);

• violência sexual;

• exames laboratoriais. Eles detectam a presença de anticorpos que atuam contra o HIV em cerca de 30 minutos. PRESERVATIVOS

As populares camisinhas são classificadas pelo Ministério da

• oral regular (um comprido por dia); • oral sob demanda ou intermitente (dois comprimidos entre duas e 24 horas antes do sexo previsto e, em caso de haver a relação sexual, mais uma pílula até 24 horas após o ato e mais uma no dia seguinte); • injetável (com injeções administradas pelo SUS a cada dois meses). PREVENÇÃO COMBINADA

Profissionais e agências de saúde indicam ser possível aumentar a proteção contra o HIV, e também outras ISTs, ao combinar mais de uma tecnologia de prevenção. O uso de PrEP e preservativos, por exemplo. As combinações possíveis são variadas e dependem das características individuais e do momento de vida de cada pessoa.

• relação sexual desprotegida; • acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico). PrEP

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), por sua vez, deve ser utilizadas antes que surjam situações de risco para infecções pelo HIV. DEZEMBRO 2023 /JANEIRO 2024

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CÂNCER DE TIREOIDE: NOVO MEDICAMENTO AUMENTA SOBREVIDA EM CASOS AVANÇADOS, DIZ ESTUDO cientes com câncer de tireoide avançado ou metastático após um ano de tratamento”, destaca Ana Hoff, pesquisadora do IDOR, chefe da área de endocronologia do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo) e uma das autoras da pesquisa. Segundo ela, além de melhor redução tumoral, os pacientes tratados com selpercatinibe se sentem bem pois possuem melhor controle dos sintomas da doença e menos sintomas decorrentes de efeitos colaterais.

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m novo medicamento se mostrou eficaz no tratamento de câncer de tireoide avançado. De acordo com estudo publicado recentemente na revista científica New England Journal of Medicine, o selpercatinibe aumentou a sobrevida e melhorou o controle dos sintomas de pacientes com câncer medular de tireoide avançado com mutação do gene RET. O estudo multicêntrico global contou com a participação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), braço acadêmico e científico da Rede D’Or, e de outras instituições de saúde brasileiras. No ensaio clínico fase 3, que tem como objetivo atestar a eficácia do tratamento, os pesquisadores comparam o selpercatinibe como outros dois medicamentos, o cabozantinibe ou vandetanibe, que são considerados a primeira linha terapêutica contra esse tipo de tumor. No total, 291 pacientes foram incluídos. Todos tinham doença avançada ou metastática.

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Os voluntários foram divididos aleatoriamente para receber o selpercatinibe ou um dos tratamentos padrão - cabozantinibe ou vandetanibe. Os resultados mostraram que entre aqueles que receberam o novo tratamento, a sobrevida livre de progressão da doença após 12 meses foi de 86,8%, contra 65,7% entre os que tomaram cabozantinibe ou vandetanibe. Além disso, a resposta completa ou parcial ao tratamento também foi superior no grupo que recebeu o selpercatinibe: 69,4% versus 38,8% no grupo tratado com as outras duas medicações. Ou seja, cerca de 70% dos pacientes tratados com selpercatinibe tiveram diminuição do volume do tumor. Houve redução de 72% no risco de progressão tumoral nos pacientes tratados com selpercatinibe e menor necessidade de redução da dose devido a eventos adversos. “Quando comparado aos dois outros dois medicamentos, o Selpercatinibe se mostra mais eficaz e seguro, proporcionando maior sobrevida livre de progressão dos pa-

O selpercatinibe é uma terapia-alvo oral desenvolvida pela farmacêutica Eli Lilly. O novo tratamento está em estudo para o tratamento de câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP), câncer de tireoide avançado ou metastático e qualquer tumor sólido metastático que tenham fusão ou mutação no gene RET. CÂNCER DE TIREOIDE No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 4.820 novos casos de câncer de tireoide em 2022, sendo 760 em homens e 4.060 em mulheres. O câncer medular da tireoide é responsável por 5% dos cânceres de tireoide nos EUA. Esse é um tumor raro, mas mais agressivo do que a maioria dos outros subtipos. O estágio do câncer é um forte preditor prognóstico. Para fator de comparação, a sobrevida relativa em cinco anos para os estágios I a III é de 93% versus 29% para o estágio IV. Sua mutação indutora mais comum é justamente a no gene RET, onde age o novo medicamento. Essas mutações encontradas em até 50% dos cânceres medular da tireoide esporádicos e em mais de 90% dos hereditários.


DELEGADOS APROVAM PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA PARA 2024 EM ASSEMBLEIA ORDINÁRIA O DIRETOR DE PATRIMÔNIO E FINANÇAS DA APM, FLORISVAL MEINÃO, FOI O RESPONSÁVEL PELA APRESENTAÇÃO AOS DELEGADOS lém da cerimônia de pos- APM Estadual para 2024 – O diretor de Patrimônio A se dos novos dirigentes o que representa um valor e Finanças destacou que da Associação Paulista de acumulado desde 2020 de nos últimos anos, apesar Medicina, a Assembleia Ordinária de Delegados do último dia 25 de novembro, também aprovou a previsão orçamentária para 2024. A reunião foi conduzida pelo presidente da Assembleia de Delegados da APM, Adnan Neser, e pelos secretários Ana Cristina Ribeiro Zolner e Walter Rodrigo Miyamoto. O diretor de Patrimônio e Finanças da APM, Florisval Meinão, foi o responsável pela apresentação aos delegados. “Quero ressaltar que todos os cálculos e previsões que irei apresentar são elaborados de forma minuciosa, analisando o contexto do associativismo, político e econômico”, iniciou. Foi aprovado um reajuste de 4,69% na contribuição associativa referente à

13,56%, bem abaixo do IPCA acumulado do período, que foi de 27,69%. Ao valor da APM Estadual, são somadas as contribuições das Regionais e da Associação Médica Brasileira para compor o valor mensal pago pelos médicos associados.

De acordo com Meinão, a previsão para 2024 é de R$ 26,9 milhões de receitas operacionais e R$ 26,7 milhões de despesas operacionais, com resultado operacional de R$ 206 mil. “Para o próximo ano, pretendemos aumentar a nossa receita e reduziremos algumas despesas. Sempre trabalhamos com uma previsão orçamentária de gastar 80% daquilo que nós arrecadamos, mas no próximo ano, que será um período de ajustes, isto não será possível”, esclareceu.

da crise que a pandemia de Covid-19 trouxe, é possível destacar alguns projetos que deram muito certo, como os webinars da APM; a transformação do Clube de Campo em Hotel Fazenda; e a criação do Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina (IESAPM). Por fim, Florival Meinão também relembrou o projeto de construção de um resort em parte do terreno do Hotel Fazenda APM, que está prestes a ser lançado. “Estamos com esse projeto há um tempo, apenas finalizando as questões relacionadas à delimitação do espaço, mas neste ano que virá, pretendemos oficializar”, concluiu.

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NOVO ESTUDO PODE AJUDAR A MELHORAR TRATAMENTO DE PACIENTES COM PARKINSON

m novo estudo, publicado analisou a atividade elétrica no equipamentos pouco inU na revista científica Sensors cérebro dos pacientes. vasivos pode, sem dúvida, e realizado por um grupo forcontribuir para que novos mado por pesquisadores brasileiros e britânicos do Instituto de Biociências (IB) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em parceria com um colega do Departamento de Materiais e Produção da Aalborg University (Dinamarca), localizou uma região cerebral que pode estar ligada à forma como o Parkinson afeta a caminhada em pacientes que sofrem da doença através de técnicas não invasivas. O estudo analisou 29 adultos de 70 anos, 14 deles eram saudáveis e 15 sofriam com Parkinson, todos conseguiam andar sem ajuda de terceiros e realizaram alguns testes motores enquanto eram monitorados por sensores de pressão em um tapete e com o uso de 64 eletrodos através de uma eletroencefalografia que 8

De acordo com os resultados, foi demonstrado que, nos pacientes com Parkinson, enquanto caminhavam apresentavam reduções em alguns tipos específicos de ondas cerebrais em certas regiões do cérebro, como o córtex sensório-motor, o que levanta a hipótese de que o uso de medicamentos dopaminérgicos ajude a corrigir o padrão da doença. De acordo com o neurocirurgião Bruno Burjaili, o estudo pode ajudar a aprimorar o uso dos tratamentos já existentes para Parkinson, ajudando a melhorar a qualidade da caminhada dos pacientes. “O que queremos é que as pessoas consigam andar melhor na doença de Parkinson. Então, um estudo que consegue captar alterações cerebrais com

aparelhos com o objetivo de melhorar essa caminhada sejam desenvolvidos”.

“Além disso, conseguimos vislumbrar a possibilidade de aliarmos equipamentos assim com os recursos que já conseguimos oferecer, como a Estimulação Cerebral Profunda e, quem sabe, a estimulação do sistema nervoso no interior da coluna”, ressalta. “Esse último tipo de estimulação é um forte candidato para superar problemas desafiadores como o congelamento (“freezing”) da caminhada no Parkinson. A captação de sinais neurais, em tempo real, conforme proposto pelo grupo, poderia otimizar essa estimulação”, afirma Burjaili.


por exemplo, há 6.1 profissionais para cada mil habitantes, embora o ideal estabelecido pela OMS seja de 2.2. Enquanto isso, cidades do Norte têm 1.6.” EXPECTATIVAS As lideranças médicas esperam contribuir para uma decisão sensível aos interesses da formação profissional de qualidade e, por conseguinte, ao bem-estar dos brasileiros e brasileiras. Diante do delicado panorama atual, os representantes reiteraram seu apoio a um exame de proficiência para as escolas médicas, esclarecendo que não se opõem a todas as novas instituições, mas sim àquelas de qualidade questionável.

PRESIDENTE DA APM PARTICIPA DE NOVO DEBATE EM BRASÍLIA SOBRE A ABERTURA DE ESCOLAS MÉDICAS ANTONIO JOSÉ GONÇALVES ESTEVE NO STF EM REUNIÃO COM OS MINISTROS, PARA FALAR SOBRE O PROBLEMA DA FORMAÇÃO

A preocupação central é assegurar que as futuras gerações receberão uma formação sólida e que estejam aptas a oferecer serviços de Saúde dignos à população. “Devemos lutar por corpos docentes qualificados – algo difícil, sabendo que o número de escolas dobrou nos últimos 15 anos e que não é possível formar tantos professores neste espaço de tempo”, complementa o presidente da APM.

o final de novembro, o presidente Alexandre de Moraes e Luiz Fux. DiN da Associação Paulista de Medici- vergências entre os membros do STF na, Antonio José Gonçalves, se reuniu marcam a votação sobre a abertura De acordo com ele, também é com ministros no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para discutir a abertura de 95 novas escolas no âmbito do programa Mais Médicos. O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran da Silva Gallo; o os representantes da Academia Nacional de Medicina (ANM), Raul Cutait, e da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), Aristides Augusto Palhares Neto, também participaram do encontro.

Gonçalves, em nome das entidades, destacou a importância da reunião, solicitada em resposta às ações sobre o assunto em votação no STF: a Ação Declaratória De Constitucionalidade (ADC) 81 e a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7187, ambas relatadas pelo ministro Gilmar Mendes. Atualmente, o julgamento da ADC 81 transcorre com solicitação de vistas do processo pelo ministro André Mendonça, que dialogou com os médicos. Além de André Mendonça, ainda se encontraram com os médicos os ministros Dias Toffoli, Cristiano Zanin,

das 95 escolas, que está em andamento e empatada. Luiz Fux e Gilmar Mendes são favoráveis; Luiz Fachin e Rosa Weber, contrários. Durante o encontro, os representantes dos médicos expuseram sua preocupação quanto à qualidade da formação oferecida pelas novas instituições. Os futuros profissionais não seriam bem treinados, o que impactaria negativamente os serviços de Saúde prestados à população. “A falta de qualidade nessas escolas médicas é o nosso principal óbice à abertura. Faculdades serão inauguradas em locais onde não existem médicos e onde não haverá hospitais de ensino com os requisitos essenciais para a formação de um bom profissional”, enfatizou o presidente da APM. Antonio Gonçalves também lembrou que a distribuição dos médicos pelo País é desigual – a concentração de 63% deles em apenas 29% do território nacional levanta preocupações relacionadas ao acesso à Saúde em regiões mais remotas. “Em Brasília,

preciso discutir o problema das mensalidades extremamente elevadas, entre 10 e 15 mil reais por mês: “Os alunos buscam financiamentos, e assim que se formam, correm para entrar no mercado de trabalho e quitar a dívida. Muitas vezes, vão parar em prontos-socorros, onde caem os casos mais graves, que demandam melhor formação. Ora, esses jovens profissionais não têm a melhor formação, não fazem residência, não estão aptos a lidar com os desafios que se apresentam”. Finalizando, Gonçalves reforça que “os donos das faculdades enxergam em tudo uma chance para ganhar mais dinheiro, mas nós encaramos essa conjuntura como uma afronta aos pacientes, que acabarão submetidos a erros médicos. E erros médicos, vale sublinhar, oneram o sistema de Saúde com diagnósticos errados e doenças agravadas. Portanto, precisamos acompanhar a situação de perto”.

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VAI VIAJAR? MEDICINA DO VIAJANTE Medicina do Viajante é uma A subespecialidade médica relativamente nova, que busca reduzir e prevenir a circulação ou reintrodução de doenças entre os países. No Brasil, o atendimento especializado existe desde 1977. Nele, os viajantes recebem orientação individualizada para identificar formas eficazes de prevenção, principalmente por meio da imunização. Conheça mais sobre os cuidados indicados por essa área. Além de permitir ao médico mostrar o seu trabalho, a nova resolução também autoriza a divulgação dos preços das consultas, a realização de campanhas promocionais, o uso das imagens dos pacientes, investimentos em negócios não relacionados à área de prescrição do médico, além de outras permissões.

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO • As estratégias de prevenção podem variar de acordo com a origem, destino da viagem e histórico médico do paciente. Por isso, o acompanhamento é individualizado. • Em geral, a principal estratégia é a vacinação antecipada. • A orientação é aguardar 14 dias após a vacinação antes de se expor. • Quando são necessárias múltiplas doses, esse tempo pode ser estendido, como no caso do esquema vacinal da hepatite B, que dura seis meses. • Em viagens internacionais, a vacinação é comprovada pelo Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia.

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• O médico do viajante também é responsável por identificar casos suspeitos de doenças por meio de informações sobre o local onde o paciente esteve e registros de epidemias nessas regiões. • Esses dados são repassados à vigilância epidemiológica, que monitora a situação.

VACINAÇÃO: CASOS ESPECÍFICOS Para cada viagem, existem estratégias especificas de prevenção. Por exemplo, no sudeste asiático, não há circulação do vírus que causa a febre-amarela, mas existem os mosquitos transmissores. Para

viajar até lá, é preciso apresentar o comprovante de vacinação, evitando assim que o vírus seja introduzido na região. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lista os países que solicitam o documento de comprovação da vacina contra a febre-amarela. No caso de doenças como Covid-19 e influenza, que se espalham pelo ar, mesmo existindo vacinas, é mais difícil controlá-las. Testes em massa podem não ser suficientes para conter essas doenças em caso de surtos, devido a resultados falsos ou pessoas infectadas sem sin-


ORIENTA FORMAS DE PREVENIR DOENÇAS rage”, a raiva excessiva durante voos, é mais complexo do que simples desconforto. Especialistas explicam que a raiva surge de uma percepção de falta de controle, intensificada durante o voo, quando os passageiros confrontam a limitação de controle sobre a experiência de viagem. Atrasos e falta de espaço no compartimento de bagagem são exemplos que evidenciam essa falta de controle, desencadeando respostas de raiva em alguns passageiros. Mas os efeitos de voar podem ser sentidos também em nossos corpos. Voar pode causar problemas como desidratação, cansaço, dor de ouvido e enjoos. As mudanças de pressão dentro da cabine durante processo de pressurização servem para garantir que haja ar suficiente em pressão atmosférica próxima a da superfície. Causando um “estalo” no ouvido. Esse desconforto ocorre devido ao desequilíbrio da pressão entre o ambiente externo e o ouvido interno, onde o ar fica preso atrás do tímpano.

tomas. Por isso, a orientação é estar atento a condições epidemiológicas do destino da viagem. Quando a transmissão ocorre por mosquitos, como no caso da dengue, chikungunya e malária, há outras formas de prevenção, como o uso de repelentes, roupas adequadas e, em alguns casos, o uso de medicamentos preventivos. Especialmente para a malária, é crucial procurar ajuda médica se houver febre ao visitar áreas onde a doença é comum, como a Amazônia, África e Ásia. Independente do caso, se você vai viajar, certifique-se de que a vacinação esteja em dia, conforme o

calendário de vacinação para cada faixa etária.

EFEITOS DO VOO EM NOSSO CORPO

Embora seja uma forma eficiente e rápida de deslocamento, viajar de avião não é sempre uma experiência confortável. Voar pode desencadear uma série de desconfortos e dificuldades para o corpo humano, que podem começar já na preparação para a viagem. Para algumas pessoas, pode ser uma experiência estressante por envolver fatores que fogem do controle. O fenômeno conhecido como “air

Viajar para fusos horários diferentes, especialmente durante voos longos, frequentemente resulta em um fenômeno conhecido como jet lag. Esse desajuste no relógio biológico do corpo pode manifestar-se através de sintomas como cansaço, rotina de sono desregulada, náuseas e confusão: a trombose venosa profunda (TVP). Durante voos prolongados, a imobilidade prolongada pode contribuir para o desenvolvimento de coágulos sanguíneos nas veias das pernas, aumentando o risco de TVP. Especialmente para aqueles com predisposição a problemas circulatórios, como varizes ou obesidade, a atenção a medidas preventivas torna-se crucial.

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