Eficiência e eficácia
1) Eficiência é: fazer certo; o meio para se atingir um resultado; é a
Palestrante do Evento SUPERE 2008
atividade, ou, aquilo que se faz.
Bernardo Leite Moreira é psicólogo com pós-graduação em Administração de Empresas, atua em consultoria desde 1980. Professor em nível de Pós-Graduação em diversas universidades
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Fotos: arquivo pessoal
Artigo
Bernardo Leite Moreira
2) Eficácia é: a coisa certa; o resultado; o objetivo: aquilo para que se faz, isto é, a sua Missão! Esses são dois conceitos muitos antigos, mas implacavelmente atuais. Principalmente nos dias de hoje. Não compreendê-los ou, o que é muito pior, confundi-los provoca, sem dúvida, grandes danos à performance e aos resultados. As diferenças entre esses dois conceitos podem até parecer sutis, mas realmente são extremamente importantes. Peter Drucker, que dispensa apresentações, é enfático em afirmar: eficiência é fazer certo as coisas, eficácia são as coisas certas. E complementa: o resultado depende de “fazer certo as coisas certas”. Permita-me apresentar cada um desses conceitos com alguns detalhes a mais: Eficiência é: fazer certo; é o meio para se atingir um resultado; é a atividade, ou, aquilo que se faz. Eficácia é: a coisa certa; é o resultado; o objetivo: é aquilo para que se faz, isto é, a sua Missão. Considerando-se o exposto, vamos checar algumas percepções organizacionais muito naturais e... erradas! Iniciando: qual é a Missão da área de Treinamento? A resposta natural poderia ser: treinar pessoas; reciclar; desenvolver ou algo parecido. Certo? Não, errado! Percebam que as respostas estão representadas por verbos e se dirigem à ação. Portanto, referem-se àquilo que se faz, ou à atividade, ou o MEIO para se atingir o resultado. Esse resultado, ou a chamada Missão poderia ser consignado como: PESSOAS APTAS às necessidades da organização! Esse é o objetivo. A área de treinamento treina, ou desenvolve suas atividades para alcançar esse resultado. Porém, na prática, utiliza-se, com freqüência, o indicador de “homens/horas/treinamento” para medir o resultado de treinamento, quando se está medindo, apenas, o seu esforço. Ou seja, a sua eficiência no desenvolvimento da ação, mas não a sua eficácia. Afinal, qual foi o resultado desse esforço em treinamento? Para ficar mais claro, vamos a outro exemplo: qual é a Missão da área de manutenção de ar condicionado? Mais uma vez, a resposta natural seria: consertar ar condicionado, que é uma resposta também errada. Consertar ar condicionado é o que a área de manutenção faz para alcançar a sua Missão que é:
Ar condicionado funcionando! O que isso quer dizer? Quer dizer que se provoca um grande desvio na qualidade da contribuição das pessoas, fortalecendose a atividade muitas vezes distanciada do objetivo. Freqüentemente, a área de manutenção de ar condicionado é medida pelo tempo que gasta consertando ar condicionado, quando deveria ser medida pelo tempo que não gasta consertando. Ou seja, pelo tempo de funcionamento do equipamento. Essa é a medida da sua eficácia. Percebam, então, o enorme dano que essa situação causa nos resultados individuais e globais das organizações. Ao se privilegiar as medidas que acompanham o esforço da realização, pode-se perder a relação com o resultado desse esforço. Em nome disso, muitas realizações, dentro das organizações, são o que costumamos chamar de “olhar o próprio umbigo”, perdendo-se a avaliação do nível de agregação de valor aos objetivos da organização. E o que conta, cada vez mais, é exatamente o nível de agregação de valor de cada profissional, de cada departamento, de cada organização. Para isso, é fundamental se trabalhar com indicadores! E esse viés, infelizmente, ocorre em diversas áreas das empresas, provocando um enorme desvio nos resultados e na agregação de valor dessas áreas, e das pessoas que se esforçam para atender as expectativas para o desenvolvimento dos negócios. Preciso reforçar que essa preocupação é função indelegável dos níveis de chefia das empresas! Apenas como lembrete: novos conceitos são importantes para a modernização e o desenvolvimento dos negócios, mas de nada adiantam se não praticamos (ou entendemos) nem sequer os antigos. Até mais.•