Revista Supere nº 20

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REVISTA

SUPERE JULHO/AGOSTO DE 2009 R$ 14,50 - Nº 20

UMA PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS

Copa do Mundo

Arrumar a casa vai custar R$ 36 bilhões

Sem ressaca

bares e restaurantes crescem 12% ao ano AC_0011-REVISTA SUPERE 20.indd 1

Belini

FIAT mantém investimentos de R$ 5 bilhões no país

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A palavra do presidente

Expediente Charles Lotfi, Presidente da ACMinas

Crise, sucesso e Copa Se há um segmento econômico que em Minas Gerais – e, mais particularmente, em Belo Horizonte – que pouco ou nada viu da crise financeira internacional é, sem dúvida, o de bares e restaurantes. Isto fica muito claro numa saborosa matéria desta edição da revista Supere sobre o já de muito enraizado hábito do belorizontino de frequentar bares. “Capital Mundial dos Botecos”, por fato e por lei, a capital mineira tem mais de 12 mil bares (um para cada 166 habitantes) que, na maioria, vão muito bem, obrigado: nenhum deles precisou fazer demissões por causa da crise, há uma expectativa de crescimento da ordem de 12% para este ano e os investimentos, como mostra a reportagem, continuam a toda. E por falar em vencer a crise, como estão fazendo com êxito os botecos de BH, esta edição traz também uma ótima entrevista com o presidente da Fiat América Latina, Cledorvino Belini, que comanda de Betim todos os negócios do grupo no continente. Na matéria, fica claro o papel da indústria automobilística, sem dúvida capitaneada pela Fiat, que detém a maior parcela do mercado, no combate aos efeitos da recessão mundial. Belini, aliás, tem uma explicação para o fato de o Brasil estar se saindo bem: ele afirma que o país se descolou dos mercados contagiados por ela e que os instrumentos utilizados pelo governo federal e por alguns Estados – notadamente a redução da carga tributária sobre alguns setores – funcionaram bem e conseguiram sustentar a demanda e evitar demissões, que sem dúvida constituem o maior fantasma da crise. A confiança do presidente da Fiat manifesta-se também na sua afirmação de que o atual ciclo de investimentos do grupo no Brasil, iniciado em 2008, está mantido: R$ 5 bilhões até 2010. Outra matéria de grande interesse aborda as oportunidades de investimentos públicos e privados que surgirão em Belo Horizonte, e também em outros municípios da Região Metropolitana, com a escolha da capital para sediar jogos da Copa de Mundo de 2014. Historicamente, nos países que o fizeram, a economia recebeu fortes estímulos, principalmente nos setores de turismo, comércio e serviços. É portanto previsível que também aqui isto aconteça. Aliás, estes efeitos positivos já se fazem sentir, com o próximo início de uma série de obras de infraestrutura, que gerarão milhares de empregos – e que, se não fosse a Copa, seriam certamente postergados. Há expectativa até mesmo de que o metrô de Belo Horizonte, empreitada que já se arrasta há 20 anos, seja finalmente concluído ou que, pelo menos, avance em mais algumas linhas. Há muito mais, porém, nesta edição: um acurado perfil do bairro Escarpas do Lago, às margens da represa de Furnas, no sudoeste mineiro, que atrai turistas de diversos países e que responde por 70% do Imposto Predial e Territorial Urbano de Capitólio, município onde está sediado. E também uma matéria de extrema utilidade que mostra a importância da reciclagem profissional, não apenas para pessoas que buscam uma recolocação no mercado de trabalho mas, igualmente, para aquelas que querem se manter atualizadas em seu trabalho.

Diretor / Editor responsável Ângelo Roberto de Lima Reg. Profissional: 3033/MG Coordenador Editorial João Henrique Faria Reg. Profissional: 3546/MG Editora Bianca Alves Reg. Profissional: MG 3466t JP Diretor de Criação Pablo T. Quezada Diretor de Arte Daniel Carneiro Arte Final Luciano Garbazza Produção Gráfica Raquel Pacheco Coordenação Wagner Sá / Marcelo Valadares Colaboradores Dinorá Oliveira / Luciana Sampaio Selma Tomé / Regiane Santos Atendimento Cláudia Simões claudia@verobrasil.com.br Projetos Especiais Paulo Henrique Costa Gerência Jurídica José Nonato Costa de Lima Gerência Administrativa Cátia Cilene Publicidade Vero Brasil Comunicação Periodicidade Bimestral Impressão / Tiragem Gráfica e Editora Lastro / 10.000 exemplares Atendimento ao Leitor supere@verobrasil.com.br / 55 31 3344-2844 A revista Supere não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios e artigos assinados. As pessoas que constam no expediente não têm autorização para falar em nome da Revista Supere ou de retirar qualquer tipo de material se não tiver em seu poder autorização formal do editor responsável constante do expediente. A revista Supere é uma publicação da ACMinas, localizada à Av. Afonso Pena, 372 - 2º andar +55 31 3048 9555. Editada e produzida por Vero Brasil Comunicação. Av. Prudente de Morais, 44 3º andar, Tel.: +55 31 3344 2844 20123 Milão - Via Maurizio Gonzaga, 5, Tel.: +39 02.89 09 88 61

Boa leitura.

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REVISTA

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Sumário

Foto: Agência Minas

UMA PUBLICAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MINAS

JULHO/AGOSTO DE 2009 R$ 14,50 - Nº 20

Copa do Mundo

Arrumar a casa vai custar R$ 36 bilhões

Belini

Sem ressaca

bares e restaurantes crescem 12% ao ano

Um ensaio que desvenda os mistérios das relações entre o dólar e as moedas de outros paises, em especial o nosso real. Saiba tudo sobre câmbio flutuante, âncora cambial, over shooting, entre outros conceitos.

Competição interna é um processo de eficácia comprovada desde os primóridos da humanidade. Medida polêmica, se bem gerida, traz benefícios para a empresa e para os profissionais.

Perfil Presidente da Fiat Automóveis para a América Latina e da Fiat do Brasil, Cledorvino Belini fala de crise, investimentos e mercado automobilístico. Pág 30

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ACMinas cria regional em Venda Nova, como estratégia de descentralização de seus serviços e atendimento a novos polos de desenvolvimento comercial e industrial. Bairro tem hoje cerca de 11 mil empresas.

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O condomínio de luxo localizado em Capitólio, no sudoeste mineiro, se transformou, nas últimas três décadas, em um dos maiores empreendimentos turísticos do estado.

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Mais 06 08 10 16 22 26 50 62

Capa

FIAT mantém investimentos de R$ 5 bilhões

Cartas Antena ACMinas Novos Rumos RH - Recursos Humanos Oportunidade Gestão Mercado Sommelier Supere

Artigos Tom Coelho Sónia Jordão Prof. Alexandre Miserani Fátima Ferreira Dominic de Souza

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Coluna Mário Mateus

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Cartas

Valorização Com fidelidade e competência jornalística, a revista Supere traduziu o que representam o Jardim Zoológico, Botânico, o Parque Ecológico da Pampulha e o recém inaugurado Jardim Japonês para o lazer, entretenimento e educação ambiental na nossa capital. Estes espaços passaram por transformações nos últimos anos para atender os visitantes com mais carinho e informação. Recebemos anualmente um milhão de pessoas, que compartilham do amor à natureza. Nos Jardins e Parque, além da interação com o meio ambiente, aprendemos a necessidade de respeitar a diversidade. Parabéns pela matéria, que sensibiliza os leitores para a importância da preservação e conservação da nossa biodiversidade. Artigos como este valorizam a nossa cidade e fazem da revista um importante espaço de informação e opinião.

muito conteúdo, o que certamente aumenta o nível das publicações mineiras. O mercado de comunicação ganha muito com ela, em especial o publicitário, retratado com fidelidade na edição de número 19. Marcílio Soares Virtual Cinema e Vídeo Fiquei muito orgulhoso com a capa e a matéria “Minas faz o melhor correio do país”, publicada na edição de nº 18 da Revista SUPERE. Na entrevista, o Diretor dos Correios em Minas, Dr. Fernando Miranda, além de mostrar sua competência, valoriza os funcionários que nela trabalham e, como um dos onze mil que fazem parte do quadro de funcionários no Estado de Minas Gerais, sinto-me lisonjeado. Parabéns ao Diretor Fernando Miranda pelo grande trabalho que vem sendo realizado e à Revista SUPERE pelas fabulosas matérias publicadas.

Evandro Xavier Gomes Presidente da Fundação Zoo-Botanica de Belo Horizonte

Relevância Gostaria de parabenizar a revista SUPERE, pelos assuntos atuais e relevantes que tem abordado em suas edições. Trata-se de uma revista atual e moderna, com bela paginação e

Paulo César Vannucci Junior Funcionário dos Correios Uberaba-MG

Diferença Parabéns pelo perfil do vice-governador Anastasia. Além de imprimir um novo modelo de gestão e planejamento ao Estado, que colhe

Charge

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os louros da boa administração do governador Aécio Neves, ele tem qualidades que faltam à maioria dos nossos políticos e fará diferença, tenho certeza, na arena eleitoral. Marcos A. Souza Belo Horizonte Por e-mail

Vocação O sul e o sudoeste de Minas estão sempre confirmando sua vocação empreendedora. O mercado de confecções em Juruaia, Alpinópolis, Passos e outras cidades confirma mais uma vez o profissionalismo e a criatividade do empreendedor da região, que se destaca em Minas, no país e até no exterior. Márcia Campos Rio de Janeiro Por e-mail

Zoológico A matéria do Zoológico está simplesmente linda. Eu, que não vou lá desde a infância, fiquei morrendo de vontade de voltar, coisa que vou fazer logo. O interessante é que a reportagem não é saudosista. Ao contrário, situa a Fundação na modernidade através de conceitos como sustentabilidade e preservação ambiental, além de ter uma apresentação graficamente perfeita. Parabéns. Maria de Fátima Souza Belo Horizonte Por e-mail

Envie suas críticas e sugestões para esta coluna. End.: Av. Prudente de Morais, 44 - 3º andar Cidade Jardim - CEP 30380-000 - BH - MG ou para o e-mail: supere@verobrasil.com.br

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Antena ACMinas

Ferrovias e

energia renovável Ilustração: Pablo T. Quezada

A Associação Comercial de Minas (ACMinas) realizou no primeiro semestre dois grandes seminários para discutir e apresentar novas propostas para os setores de ferrovias e produção de energia de Minas Gerais. Os dois eventos foram oportunidades para que governo, empresas e sociedade debatessem temas que refletem diretamente no desenvolvimento de uma economia mais forte e sustentável no Estado. O seminário “A importância da ferrovia na infraestrutura de transportes e na logística de Minas Gerais” abriu espaço para a exposição de palestras técnicas, assinaturas de contratos e acordos entre a União e o Estado que viabilizem a melhoria do transporte tanto de passageiros quanto de cargas. O objetivo foi propor uma alternativa para que os mais de 5 mil quilômetros de malha ferroviária, cuja utilização é apenas parcial e direcionada para o transporte de cargas, fossem também aproveitados para o transporte de passageiros. Já o seminário de Energias Renováveis (SEMER/2009) destacou questões referentes ao potencial de Minas Gerais em criar uma matriz energética mais limpa, baseada em alternativas renováveis, e, ao mesmo tempo, fomentar novas oportunidades de negócios e estimular o desenvolvimento da indústria no Estado. Foram discutidos também aspectos tecnológicos, regulatórios, ambientais, de incentivos públicos e de atração de investimentos para que a geração de eletricidade a partir das chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), da biomassa da cana de açúcar e de fontes eólica e solar passem a ter uma maior inserção na matriz energética brasileira.

O que fazer quando sua empresa está em dificuldades. Com o objetivo de orientar o empresário, em especial o micro e o pequeno sobre a nova Lei de recuperação judicial e extrajudicial das empresas, a ACMinas lançou, no dia 20 de maio, a Cartilha ‘Recuperação de Empresas’. O projeto foi desenvolvido por todos os membros do Conselho Empresarial de Assuntos Jurídicos da entidade, em especial das advogadas Marcília Duarte Costa de Avelar e Juliana Ferreira Morais. “Essa Lei veio substituir a antiga Lei de Falências e Concordatas e traz, como novidade, um foco diferente: a preservação da empresa”, explica o presidente do Conselho, Carlos Henrique de Magalhães Marques.

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Foto: iStockphoto

Cartilha de Apoio

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Antena ACMinas

Café Parlamentar O embaixador de Portugal, João Manuel Guerra Salgueiro, reuniu-se com empresários mineiros no Café Parlamentar realizado pela ACMinas no dia 9 de julho. As relações comerciais entre empresas mineiras e portuguesas foram o tema do encontro, no qual o embaixador reforçou a importância de fomentar os negócios e ampliar as parcerias entre Minas e Portugal, como forma de driblar os efeitos da recessão econômica global. De acordo com Salgueiro, em momentos de crise financeira o diálogo se torna necessário para a busca de alternativas capazes de promover novos investimentos, dando, assim, mais fôlego ao processo produtivo.

Foto: ArquivoVero Brasil

Especialização em comércio O curso de pós-graduação em Gestão Empresarial do Comércio e Serviços, único nesta área oferecido na capital, é resultado de um esforço conjunto da Associação Comercial de Minas e do Centro Universitário Newton Paiva para incentivar a capacitação dos profissionais que atuam neste segmento, em especial a classe empresarial. “Certamente esta iniciativa trará grandes benefícios às empresas, empresários e gestores do setor de comércio”, avaliou o presidente da ACMinas, Charles Lotfi. As disciplinas do curso irão aliar teoria e prática, proporcionando uma nova e importante ferramenta, capaz de tornar o profissional mais criativo e inovador. O início está previsto para setembro, com aulas às segundas e terças-feiras, das 19h às 22h40, na sede da ACMinas, e será coordenado pelo professor Sérgio Lana, especialista em gestão de marketing e mestre em administração. As inscrições podem ser feitas pela internet ou na sede da Associação Comercial de Minas.

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Novos Rumos

Luciana Sampaio

O importante ĂŠ competir

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Foto: iStockphoto

Destacar-se individualmente é bom para o profissional e para a empresa, mas cooperar é muito melhor para todos

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Novos Rumos

Quem aprender a competir de forma saudável, vai usar estratégias também saudáveis para atingir suas metas e alavancar a própria carreira. Empresa, Paulo Maia, para quem a competição tem a função de manter os empregados desafiados e motivados. Algo imprescindível para os tempos atuais, em que competitividade é palavra de ordem para se manter afastado dos efeitos negativos da crise ou enfraquecê-los. “Querer ser melhor e diferente é algo saudável”, afirma. No entanto, quando os gestores não definem limites e regras para essa espécie de “jogo” de ganho, a competição pode gerar perdas de diversos graus para as pessoas envolvidas e, na sequência, para a organização. Cada pro-

Aqueles que, ao contrário, focam nos resultados finais, sem avaliar os meios empregados para alcançá-los, podem se deixar levar pelo mais perigoso estilo de relacionamento, movido a interesses e vaidades. Nele, para vencer, vale tudo, até mesmo prejudicar os colegas e chefes. Nesse contexto, há pessoas que apostam no aprimoramento técnico ou no desenvolvimento de habilidades e competências comportamentais para conseguir uma promoção de cargo ou um novo projeto. Outras, entretanto, preferem reduzir a capacidade

empresa e também para os profissionais envolvidos, por meio de um sistema de cooperação. Essa é a opinião do consultor empresarial, professor associado da Fundação Dom Cabral (FDC) e diretor da Labor – Inovação Humana na

fissional leva para o ambiente corporativo, valores e objetivos pessoais. Quem aprender a competir de forma saudável, vai usar estratégias também saudáveis para atingir suas metas e alavancar a própria carreira.

do colega da mesa ao lado para se tornarem visíveis aos olhos do chefe. Quem é quem? Essa é uma resposta que o gestor da equipe deve saber responder prontamente, pois é ele que deve criar a ambiência para que a com-

Foto: Polyana Inácio Rezende

A crise financeira mundial tem propiciado às empresas brasileiras uma oportunidade para rever conceitos de negócios, processos e modelos de gestão, sobretudo no que se refere às pessoas. No afã de enfrentar a concorrência com a devida energia, os líderes têm incentivado a prática da competição interna, seja entre os membros de um mesmo grupo de trabalho ou entre setores. Apesar da polêmica que ronda o tema, essa é uma medida que tem eficácia comprovada desde os primórdios da humanidade e, bem gerida, traz benefícios para a

Jaqueline Mascarenhas: deslealdade deteriora o ambiente de trabalho

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petição seja uma ferramenta de resultado positivo.

É preciso ser intolerante na hora de admitir alguém que não se adapte ou fira os valores e conceitos importantes para o grupo e para a empresa. Entretanto, essa é uma recomendação que poucas organizações se dispõem a seguir De acordo com Paulo Maia, o líder necessita desenvolver “faro” poderoso como o dos cães, para saber em que momento precisa atuar – e como fazê-lo - para acabar com um conflito declarado ou em processo de “gestação”. Cabe a ele, também, a função nem sempre confortável de chamar os profissionais envolvidos à verdade e prevení-los quanto a uma conduta duvidosa. “É preciso ser intolerante na hora de admitir alguém que não se adapte ou fira os valores e conceitos importantes para o grupo e para a empresa. Entretanto, essa é uma recomendação que poucas organizações se dispõem a seguir”, aponta. Se a conversa não surtir o efeito desejado, é preciso avaliar o risco de manter, na equipe, uma pessoa na qual não se pode con-

fiar e que não mede esforços para “contaminar” os colegas.

Equipe X Indivíduo O bom resultado alcançado pela equipe não pode destruir a individualidade de seus membros. No entanto, eles precisam saber, de forma clara, que têm uma função a cumprir e que, por menor que seja ou pareça, têm seu grau de importância para o todo. “Na minha visão, o time é a desarmonia conduzida para dois resultados: vencer ou vencer”, destacou Maia. Talvez não haja um exemplo melhor de trabalho em grupo que a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) e também de liderança, na figura do maestro. No último dia 28 de junho, os 60 músicos, sob a batuta de Charles Roussin, se apresentaram no Parque Municipal Renné Gianetti, no centro de Belo Horizonte, como parte da programação do projeto Concertos no Parque da Fundação Clovis Salgado (FCS). A sintonia e a harmonia do grupo são instrumentos fundamentais para executar peças de autores mundialmente consagrados. Elas transformam a competição interna em energia, mais do que necessária na rotina média de dez horas de estudos e ensaios para o aprimoramento contínuo individual e coletivo. Quem gerencia esse ambiente de profissionais altamente qualificados e de sensibilidade aguçada é o líder. De acordo com o maestro Roussin, a qualidade da orquestra depende do conhecimento da psicologia do grupo e de cada um de seus membros. “O relacionamento é mais humano que técnico. Geralmente, as obras clássicas podem ser apresentadas de diversas formas e é preciso definir uma, em conjunto com

os músicos”, destaca. Em outras palavras, o poder de decisão não está na mão do gestor, pois é compartilhado por todos.

Competição com limites A competição move os profissionais e também as empresas. Para a coordenadora do Ibmec Carreira, Jaqueline Silveira Mascarenhas, há companhias que oferecem bônus extras e possibilidade de reconhecimento para incentivar os empregados a contribuírem com ideias e melhorias as mais diversas, seja para reduzir custos, incrementar ou reformular processos. Nesse contexto, a prática é saudável. O que não pode acontecer é a deterioração do ambiente interno devido à competição conduzida de forma desleal entre colegas, que utilizam argumentos como boicotes e intrigas em seus relacionamentos. “Quando a competição passa do limite, nem sempre a chefia e o departamento de Recursos Humanos (RH) conseguem controlar a situação. Muitas vezes, o fato só é descoberto na entrevista de desligamento de um funcionário, quando acontece a perda de um talento”, avalia.

Paulo Maia: competir de forma saudável

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Mário Mateus

Coluna

Matur Contabilidade

DOUTOR SABE-TUDO Nesta era em que a informação – nunca é demais repetir – muda os rumos e as técnicas de nossos negócios, obrigando-nos consequentemente à constante modernização da estrutura organizacional, sob pena de vê-la antiquada e impotente diante do mercado, nesta era não se pode esquecer – também nunca é demais repetir – a importância do conhecimento e da reciclagem do conhecimento.

iStockphoto

A moderna gestão de empresas se dá no plano da horizontalização da pirâmide administrativa, isto é, o conhecimento circula dentro da organização e faz de cada colaborador um indivíduo comprometido com os objetivos traçados e a missão da empresa. Se assim não for, perde-se de vista o todo organizacional e as ações, muito mais frequentemente do que se supõe, ficam restritas a decisões compartimentalizadas, sem que os efeitos desejados passem de limites departamentais.

Disposição para aprender e disposição para ensinar – este é o lema.

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A horizontalização da pirâmide requer consciência da importância do conhecimento compartilhado. Se se têm idéias inovadoras e úteis ao crescimento empresarial, mister se faz que a organização se inteire de tais idéias. Disposição para aprender e disposição para ensinar – este é o lema. Modernamente, é isso que se concebe e se admite dentro de uma organização estruturada para vencer. Conhecimento estanque é coisa do passado. E bota passado nisso. Os fenícios, povos da Antiguidade, por exemplo, podem ser aqui evocados para comprovar o que se disse. Eles detinham a técnica de fabricação de um tecido belíssimo, de cor púrpura, comercializado no mundo antigo a preços elevados. A tintura empregada na produção do tecido era extraída de um molusco, o múrice, cuja carne segregava um líquido que, em dosagens apropriadas, era aplicado sobre tecidos brancos, dando-lhes tons diversos, desde o rosa ao violeta-escuro. Os fenícios guardavam zelosamente o conhecimento da técnica empregada na fabricação desses famosos tecidos púrpuros. Diz

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a lenda que, para não revelá-la, chegavam ao extremo de fundear navios. Permitiam apenas que uns poucos tivessem acesso ao grande segredo. O conhecimento, pois, era estanque. De lá para cá, muita coisa mudou, o que se pode avaliar apenas imaginando o que ocorreria com tal técnica exclusiva de produção se isso se desse nos dias de hoje...

A educação continuada do adulto fez – ou deveria fazer – de cada um de nós um eterno aprendiz. Abrir-se para o mundo e para o que há de novo no mundo. Questionar e questionar-se – fazer da crítica e da autocrítica elemento preponderante na evolução não só de nossas vidas profissionais mas também de nossas vidas pessoais.

Um exemplo no extremo oposto é o da criação do e-mail, uns 3000 anos depois do apogeu fenício. O engenheiro norte-americano Ray Tomlinson não tinha nenhum interesse em guardar debaixo de sete chaves aquilo que sabia. Tampouco não lhe passou pela cabeça fundear navios. Pelo contrário, o norteamericano empenhou-se em difundir o conhecimento e a técnica, gerando resultados para si e para o mundo.

Conta William Somerset Maugham, escritor inglês, que Max Kelada inspirava antipatia à primeira vista. Era fluente, mas de uma fluência irritante. Discutia todos os assuntos, sabia de tudo, tinha a palavra final em absolutamente tudo, ainda que o assunto lhe fosse desconhecido. Por todos esses traços de personalidade, era o homem mais odiado do navio. Mas, por ser carente de autocrítica, “nunca lhe ocorria a possibilidade de que pudesse estar errado”. Era o doutor sabe-tudo, o que conhecia tudo, aquele que sustentava ferrenhos debates sobre todos os assuntos. Citando as palavras de Somerset Maugham, Max Kelada “sabia tudo melhor do que qualquer outra pessoa”. Era o homem que sabia – e encarava como afronta quem dele ousasse discordar.

Disposição para aprender e disposição para ensinar, dissemos acima. Quem quer aprender não se aferra ao que leu ou ouviu no passado, pois o que se leu – ou o que se ouviu – pode estar superado, inteiramente inadequado ao mundo moderno. O que se diz para aquele que quer aprender vale, é claro, para aquele que quer ensinar. Ensinar e aprender são duas faces da mesma moeda.

Devemos ter cuidado com as atitudes onipotentes e oniscientes, semelhantes às da personagem criada por Somerset Maugham no conto o Doutor sabe-tudo, um tal Max Kelada, com quem o escritor, por infelicidade, teve de dividir um camarote em viagem pelo mar.

Um tipo como Kelada, além de se fazer antipático, nada acrescenta e crê firmemente ser o centro do universo. O doutor sabe-tudo de Maugham carecia de um mínimo de habilidade para viver em sociedade. Uma criatura dessas seria a negação do conhecimento e da prosperidade em qualquer meio e em qualquer organização. Felizmente, indivíduos desse naipe são raros, porque o mercado – e a própria vida – não admite homens como Max Kelada, o doutor sabe-tudo.

Mário Mateus Sócio da MATUR Organização Contábil, Diretor da ACMinas, Conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade, Contabilista,

Advogado, Contrariamente à personagem de Somerset Maugham, lutemos para que as nossas certezas se ajustem às certezas do mercado, pós-graduado em e lutemos ainda para que a nossa sabedoria se finde quando fatos Ciências Contábeis contrários às nossas convicções apontarem rumos diferentes para e membro do Forum os nossos negócios. de Líderes da Gazeta Mercantil. mariomateus@matur.com.br SUPERE

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RH

Requalificar é preciso! Dinorá Oliveira

“Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender”

Foto: stockxpert

Blaise Pascal

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Mercado competitivo e empresas exigentes impõem demanda por profissionais cada vez mais preparados, ecléticos e em dia com as inovações da sociedade contemporânea Há um dito popular que afirma: ”conhecimento não ocupa espaço”. O indivíduo que compreende isso, sempre buscando formas de ampliar seu “banco de dados”, só tem a ganhar. No (cada vez mais) competitivo mercado de trabalho, então, a sobreposição de saberes é fator decisivo para o sucesso. Nesse universo, reciclar-se constantemente faz, mesmo, toda a diferença. Especialistas de diversas partes do Globo ratificam tal certeza. Também não faltam livros, testemunhos e histórias pessoais a confirmar a importância do aprendizado contínuo para o sucesso profissional. A psicóloga Cibele Ventura Satuf, pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos (RH), conhece bem essa realidade. Atualmente, Satuf é analista de RH em uma grande empresa de software. A experiência dela na área, entretanto, está perto de chegar a uma década. Tempo suficiente para compreender bem a realidade do universo corporativo e a importância da formação continuada (leia entrevista no Box). Baseada na bagagem acadêmica, aliada à sua atuação empírica, a especialista afirma que, ao buscar desenvolvimento constante, o indivíduo mostra “ser ‘antenado’ às novidades e exigências de sua área”. Para Cibele, na hora de um recrutamento, por exemplo, a formação continuada do candidato tem peso substancial: “o fato de procurar constante atualização

mostra interesse em se aperfeiçoar. O conhecimento teórico complementa a experiência e dá mais respaldo ao profissional”, assevera ela. A busca contínua por reciclagem ainda auxilia àqueles que desejam incrementar pequenos negócios. E, de acordo com especialistas, a maioria deles está no Brasil: o país que mais apresenta iniciativas empreendedoras. Em tempos de crise, essa demonstração de interesse tem ainda mais valor. Afinal, o desemprego ronda, enquanto as empresas querem enxugar custos e agilizar produção. Para tanto, precisam se cercar de pessoas capazes, que estejam em sintonia com inovações cada vez mais constantes. Para se manter “em dia” com tantas e tão requintadas novidades, só mesmo com muita reciclagem. Ao buscar preparo para enfrentar o cotidiano corporativo é essencial, contudo, que se tenha foco. É preciso se conhecer bem, a fim de saber em que área seus conhecimentos necessitam de uma “recarga”. Além disso, é importante verificar onde e como fazê-lo, com o propósito de atender às expectativas da empresa e/ou área, bem como aos projetos pessoais, harmonizando-os às demandas do mercado.

Gente que faz A história da jovem Carolina Ribeiro exemplifica isso. Quando tinha 25 anos, ela deixou o emprego formal por três anos. O afastamento foi voluntário. Carolina queria se dedicar mais aos dois filhos, sobretudo à filha recém-nascida. Assim que a criança ficou mais independente, ela achou que estava na hora de retomar a carreira, mas sabia que não seria fácil. Afinal, estava em casa há um “bom tempo”, não tinha formação superior ou uma profissão definida. Além disso, percebia que havia alterações constantes, inovações tecnológicas e novos fatores interferindo na realidade do mundo corporativo. Pouca coisa era igual ao que ela tinha vivido 30 meses antes. Segundo Carolina, na busca pelo retorno, o primeiro passo foi avaliar aquele momento específico: “setores que se mostravam promissores, áreas que despertavam interesse e ofereciam oportunidades de crescimento”. Após analisar tudo isso, ela iniciou um curso, focando-o num objetivo que traçara. O resultado foi satisfatório: concluído o curso, Carolina teve uma oportunidade e a aproveitou. “Não foi o melhor emprego do mundo”, ela ressalta, mas garantiu a volta

O conhecimento teórico complementa a experiência e dá mais respaldo ao profissional

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à ativa. Hoje, aos 28 anos, e atuante no universo comercial, a jovem traça novos planos, como concluir uma faculdade. Esse, aliás, foi o caminho seguido pela estudante de psicologia Miriam Márcia Pinto, depois de ter passado “um belo período à disposição do mercado”. Diferentemente de Carolina, o afastamento de Miriam não foi desejado. Após quase duas décadas numa mesma empresa, ela viu o escritório fechar as portas. Na época, então com 30 anos, temia não conseguir dar continuidade à carreira, uma vez que também não tinha formação superior. Os temores se confirmaram. A vasta experiência em setores como finanças, RH e administrativo não foi suficiente. Mas Miriam não cruzou os braços. Enquanto continuava a buscar oportunidades, fez cursos e trabalhou por conta própria durante algum tempo. Apesar do amplo conhecimento profissional, ela não conseguia deixar a informalidade. Quando isso ocorria, ocupava postos aquém de seu preparo e experiência, geralmente com remuneração inferior à que se habituara a receber. Com isso, viu seu aporte financeiro decrescer e percebeu que as perspectivas não eram boas. Ao disputar uma vaga numa empresa transnacional, por exemplo, Miriam chegou a ouvir que tinha o exato perfil desejado pela companhia; havia se saído muito bem nos testes e em outras etapas do processo seletivo. Entretanto, não poderia assumir o cargo por não possuir formação universi-

tária. Em vez de se acomodar ou praguejar, ela decidiu agir. Achou que deveria voltar à sala de aula. E assim o fez. Quando já

tico: buscou cursos, reciclagens e fez duas pós-graduações. Antes de voltar para o universo dos empregados, ele montou um pequeno negócio. Paulo quase faliu, e também quase desistiu. Hoje, além de ter um “bom emprego” numa multinacional, o economista comemora o sucesso da pequena empresa, que já emprega oito pessoas. Quando ficou desempregado, o rapaz estava recém-casado e em vias de se tornar pai. “Fiquei apavorado. Passei a primeira noite em claro. Eu não sabia o que pensar ou fazer. Só me vinha à mente que já estava com mais de 30 anos; tinha prestação da casa para pagar; uma outra boca estava para chegar e eu não possuía mais o nosso ‘ganha pão’. Foi uma loucura, um desespero só”, recorda ele. A despeito desse momento de pânico, Paulo traçou, com o apoio da mulher e de um irmão, um plano para gerenciar e aplicar o dinheiro que receberia. Ele também estabeleceu estratégias para utilizar o tempo livre. Assim, nasceu a pequena loja de comercialização e recarga de tonner para impressão, que, naquele começo, contava apenas com o trabalho dele. Da mesma forma, teve início uma série de cursos no Sebrae; constante acompanhamento de palestras, workshops e eventos promovidos pela AC Minas, pelo Sesc, pela Fiemg e afins. Na seqüência, vieram os cursos de pós-graduação. Para Paulo Rodrigues, esses encontros de formação foram essenciais.

Há um considerável contingente de profissionais que precisam de “uma forcinha” para retomar, ou mesmo iniciar, a carreira chegava à casa dos 40 anos, ela prestou vestibular e retornou à escola. Em razão disso, também garantiu uma satisfatória reentrada no mercado de trabalho. Hoje, Miram Márcia está quase concluindo o curso de Psicologia, na PUC Minas, mesma entidade na qual conseguiu emprego condizente com sua capacidade, cultura e experiência. “Sei que estar na faculdade foi essencial para obter essa colocação. Mas não é nada fácil, a essa altura da vida, tendo criança para cuidar, ainda precisar trabalhar e estudar. Mesmo ciente das dificuldades, não pretendo parar. Depois de me formar, quero fazer pós-graduação e intenciono continuar me aperfeiçoando sempre. Agora, consigo enxergar melhor o quanto a teoria é importante: ela complementa a experiência”, sentencia a futura psicóloga. A história de Paulo Rodrigues é similar às das duas moças. Formado em economia, ele também se viu desempregado e quis voltar ao “mundo da carteira assinada”. Assim como elas, Rodrigues encontrou empecilhos, mas não ficou apá-

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Neles, “além de aprender muito, de ficar atualizado, o sujeito faz importantes contatos. Conheci muita gente culta e bem relacionada em diversos setores. Aprendi não apenas com as aulas, mas também com a troca de idéias e experiências e ampliei muito minha rede de relacionamentos”, festeja o, hoje, bemempregado e bom empregador. Gente que incentiva Assim como os reais personagens das histórias narradas até aqui, no Brasil e no mundo há um considerável contingente de profissionais que precisam de “uma forcinha” para retomar, ou mesmo iniciar, a carreira. Nesse sentido, vale seguir a orientação de especialistas, tão abençoada pela voz do povo e dos sábios: reciclem-se! O valor dessa busca pelo aperfeiçoamento constante está bem evidente nos testemunhos apresentados neste texto, assim como nas afirmações da especialista entrevistada. Mas quando, como e onde fazê-lo? Quando? Sempre, independentemente do objetivo, quer aprender algo novo? Deseja trocar experiências? Almeja ampliar contatos? Intenciona redimensionar e/ ou redirecionar a carreira? Tem como meta montar um negócio ou simplesmente incrementar sua empresa? Então, participe de workshops; frequente eventos de negócios; acompanhe palestras e seminários. Enfim, volte para a sala de aula, renove saberes constantemente. Como? Com foco em seus objetivos; visão para as oportunidades e

necessidades do momento; seriedade na empreitada e cuidado na escolha de cursos e atividades nos quais pretende investir tempo e dinheiro. Onde? Uma unanimidade entre especialistas e consultores é a importância dessa escolha. Conheça bem a empresa que organiza o evento, curso ou atividade. Prefira seguir quem já está estabelecido e tem “um nome a zelar”. Ou então, opte por uma empresa ou profissional cuja indicação foi feita por alguém de confiança. Evite se arriscar. Isso é totalmente desnecessário. Afinal, há, em todo o País, entidades sérias e estáveis, cuja expertise na organização e implementação de reciclagens bem-sucedidas tem feito história. Um bom exemplo disso são as associações comerciais, como a ACMinas; as empresas do chamado Sistema S: como Sesc, Sebrae, Senai e Senac;

(FJP). Todas essas entidades têm trajetórias conhecidas e são conceituadas. Elas oferecem um amplo leque de possibilidades a quem queira dar uma revigorada em seus conhecimentos. Na ACMinas, por exemplo, os empresários e demais profissionais podem participar do Proce; das Rodadas de Negócios, do evento Supere (leia quadro), entre outras atividades – como seminários, cursos e palestras – todas propostas num vasto calendário anual. Da mesma forma, seguindo a programação do Sebrae, do Sesc ou da Fiemg, é possível acompanhar palestras e seminários; além de fazer variados cursos. E, o mais importante, essas organizações se programam com foco nas necessidades do mercado. Para tanto, costumam oferecer um abrangente cardápio de opções. Praticamente toda área (ou setor) é lembrada. Mas não são apenas as entidades de classe, ou aquelas historicamente consolidadas, que podem oferecer exatamente aquele “plus” que o profissional ou a companhia necessitam. Existem outras possibilidades. O importante é ter certeza da qualificação e da seriedade da empresa ou do “professor/ instrutor”. Depois disso, é mergulhar, com coragem e entusiasmo, no mar de conhecimento e atualização oferecidos. Na sequência desse empreendimento, é provável que se consiga mais sucesso na carreira. Mas se

Nos encontros e atividades de formação, além de aprender muito e se atualizar, o profissional faz importantes contatos: conhece gente culta e bem relacionada; troca experiências e amplia sua rede de relacionamentos os Sindicatos e as Federações, como a Fiemg. Isso sem falar nas instituições de formação superior que organizam especializações e MBAs com foco nos negócios, como as Fundações Getúlio Vargas (FGV) e a João Pinheiro

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RH

a vitória esperada não chegar com a rapidez que se anseia, é bom ter em mente que o estudo nunca é em vão. Afinal, como um sábio disse: “sempre há algo

a ser aprendido”. Blaise Pascal não o convenceu, leitor? Então, lembre-se de que (dizem por aí) “a voz do povo é a voz de Deus”. E é ela quem afirma: “conhe-

cimento não ocupa espaço”! E parece mesmo haver mais razões para ratificar tal assertiva do que para negá-la.

A voz da especialista Cibele Ventura Satuf é graduada em Psicologia e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos (RH). Atuando na área há oito anos, no momento, ela ocupa a posição de Analista de RH em uma empresa de liderança no setor de softwares. Veja o que a especialista tem a dizer sobre a reciclagem de conhecimentos: SUPERE: Em tempos de crise e desemprego, em que medida a reciclagem de conhecimentos pode contribuir para o retorno de uma pessoa ao mercado de trabalho? Cibele Satuf: “Ao se contratar um profissional que está afastado do mercado por muito tempo, uma das maiores preocupações é em relação à sua atualização, principalmente em áreas que sofrem constantes mudanças, como a de tecnologia, por exemplo. A reciclagem de conhecimentos pode propiciar ao profissional a oportunidade de se manter em dia com as inovações, ainda que apenas na teoria. Com isso, ao retornar ao mercado, ele terá mais chances de se adaptar às mudanças, conseguindo trazer para a prática os conceitos que desenvolveu”. SUPERE: Como escolher o tipo de curso a se fazer? C.S.: “A escolha pelo tipo de curso deve ser baseada nos interesses e talentos do indivíduo. A pessoa deve definir seus

objetivos e buscar cursos que a ajudem a atingilos. O profissional pode até buscar se especializar em determinada área simplesmente pelo fato de ser grande geradora de ofertas, mas se não tiver gosto pela atividade não será feliz e, consequentemente, poderá demorar mais para conseguir sucesso”. SUPERE: Quais são os locais mais adequados para fazer esse tipo de reciclagem? C.S.: “Aqueles que garantem confiabilidade em relação ao curso oferecido. Antes de se matricular, é importante que o profissional busque referências da instituição, pesquise sobre sua aceitação no mercado, visite instalações, pesquise sobre o tipo de conteúdo e credibilidade que os professores ou instrutores possuem em sua área de conhecimento. SUPERE: Como você avalia a formação continuada dos profissionais que recruta? Ela interfere na seleção?

C.S.: “A formação continuada de um profissional influencia na escolha, sim. Afinal, o fato de buscar constante atualização mostra a preocupação do profissional em estar “antenado” às novidades e exigências de sua área de atuação”.

contrário, seus esforços deixam de transmitir o desejo de ser um profissional de destaque e mostram despreparo e falta de planejamento. Quem sabe o que quer tem mais chances de definir seu caminho sem se perder nas curvas.

SUPERE: Como o mercado interpreta profissionais que fazem constantes reciclagens? C.S.: “Acredito que, de maneira geral, o mercado recebe bem as pessoas que se reciclam. O conhecimento teórico complementa a experiência e dá respaldo ao profissional. Profissões que exijam conhecimento da legislação são ótimos exemplos desta necessidade. Não há como imaginar um contador, advogado ou analista de Departamento Pessoal que não se recicle, já que a legislação sofre constantes atualizações. Mas é importante ressaltar que não adianta atirar para todos os lados. A atualização é importante, sem dúvida, mas o profissional deve ter foco. Caso

SUPERE: Há um tipo de reciclagem que você consideraria essencial para qualquer profissão? C.S.: Certamente cursos de línguas são importantes, principalmente o Português que, muitas vezes, é deixado de lado. Hoje, vivenciamos uma reforma ortográfica. Então, é fundamental que o profissional esteja atento às novas normas para que possa escrever bem. Já me deparei com pós-graduados que não conseguiam concatenar ideias para formular uma redação. Por maior que seja a experiência profissional dessa pessoa, sua credibilidade vai ‘por água abaixo’ se ela não souber se expressar, até mesmo porque não conseguirá ‘vender’ sua visão”.

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Caminhos de sabedoria Programa de Capacitação e Empreendedorismo (Proce): programa dirigido a associado da ACMinas que funciona como “uma caixa de ferramentas”. O Proce oferece soluções personalizadas de acordo a necessidade da empresa: treinamentos, palestras e encontros de negócios, que procuram ampliar a interação da entidade com seus filiados. Mais informações em acminastelemarketing@acminas.com.br. Rodada de Negócios: Evento fechado que a ACMinas realiza para um grupo de empresas. Normalmente são 49 empresas/profissionais em cada Rodada, que são distribuídos em sete mesas para realização dos negócios (compra, venda ou troca de informações e experiências, desenvolvimento de rede de contatos). Todo o processo é controlado por um sistema informatizado para garantir que cada participante tenha o mesmo tempo. Supere – Com feira, palestras e encontros de atualização profissional em Gestão de Negócios, o evento Supere é promovido pela ACMinas anualmente. O Supere é um evento aberto voltado para gestores. Nele, consultores, empresários e especialistas de todo o Brasil - e também de outros países – trazem novidades a empresários e administradores, a fim de deixá-los por dentro das mais relevantes mudanças no universo da gestão empresarial. Mais informações em www.acminas.com.br.

A cidade que tem o quinto maior PIB do país não podia deixar de ter uma empresa líder em BPO para atender ao seu mercado econômico. PRAÇA SETE

PAMPULHA

Palco de grandes manifestações públicas que mudaram o destino do país

Um ícone da arquitetura nacional Empresa mais admirada na área da Contabilidade (Prêmio Jornal DCI)

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Oportunidade Luciana Sampaio

Copa do Mundo A ordem é arrumar a casa Ainda não há qualquer informação sobre a escalação da Seleção Brasileira que vai disputar a Copa de 2014. Do nome do técnico, também não se tem a menor idéia, apesar

das últimas (boas) performances de Dunga. Para compensar, a lista de projetos e obras que devem ser executados até 2013, quando o país vai sediar a Copa das Confederações, competição

que antecede o torneio mundial, é composta por itens os mais diversos e todos prioritários. Sim, a Copa do Mundo de 2014 é um grande desafio. Mais que festa, gols e arenas lotadas

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Foto: divulgação

de apaixonados pelo esporte bretão que é marca registrada do Brasil, esse evento, pela importância e visibilidade que conferem ao país e às cidades que vão sediá-lo – Belo Horizonte é uma delas e está na disputa pela abertura do torneio - constitui-se como oportunidade ímpar de desenvolvimento socioeconômico. Assim como os órgãos públicos que se comprometem em atender às exigências da Federação Internacional de

Foto: Pedro Vilela

Futebol de Arena (Fifa), a classe empresarial também vê-se às voltas com a necessidade de promover melhorias para atender aos visitantes e, na outra ponta, chamar a atenção dos investidores internacionais interessados no país. Para se ter ideia do que isso representa, em 2006, a Alemanha, responsável pela última edição do torneio, registrou aumento de 3% no seu Produto Interno Bruto (PIB) graças ao torneio. A África do Sul, que responde pela Copa de 2010, também já recebeu diversos investimentos internacionais. A próxima parada é o Brasil. Lógico que estabilidade econômica e mercado interno de peso são fatores que ajudam no processo. Mas não é só isso... Quando foi escolhido para sediar a Copa de 2014, o país comprometeu-se a realizar diversas obras que terão reflexos diretos sobre a economia nacional. O montante previsto é de R$ 36 bilhões, para receber 500 mil turistas. O retorno, segundo analistas de mercado, é de R$ 115 bilhões, com geração de 18 milhões de empregos. No caso de Belo Horizonte, há muito o que fazer além da reforma do complexo Mineirão/ Mineirinho, que tem projeto assinado pelo arquiteto Gustavo Penna e vai demandar investimentos de R$ 300 milhões, para sediar uma das chaves da competição. E se ganhar a enquete pública realizada pelo governo federal, o jogo de abertura do torneio. O campo será rebaixado, ganhará nova cobertura, cadeiras nas gerais e 74,3 mil lugares para torcedores. O estacionamento também será ampliado e passará a atender dois mil carros.

Obras viárias como a revitalização do Anel Rodoviário estão na lista das essenciais para a otimização do tráfego na cidade. A Avenida Pedro I deve ser duplicada e ligada à MG-10. Outras vias de trânsito rápido como Avenida Pedro II, Cristiano Machado e Avenida Carlos Luz serão “equipadas” com um modelo de transporte público mais eficiente. Embora o município de Belo Horizonte esteja arrecadando menos em função da crise financeira mundial, as intervenções estão mantidas. Apenas neste ano, a administração municipal pretende investir R$ 951 milhões e a meta, para os próximos cinco anos, é de chegar a R$ 6 bilhões. O foco principal é a Copa de 2014. Há quem aposte, inclusive, que a Copa do Mundo é a grande oportunidade do município para a conclusão das obras do metrô, iniciadas há 20 anos. O vice-presidente da Associação Comercial de Minas (ACMinas), Roberto Luciano Fagundes, é otimista em relação a essa possibilidade. “A Copa do Mundo vai demandar investimentos estruturais por parte do poder público

Roberto Noronha: lançar BH entre os principais roteiros de passeio do país

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Oportunidade

Trade municipal Se depender do trade turístico municipal, a Copa do Mundo de 2014 vai ser um sucesso. O presidente do BH Convention Bureau, Roberto Noronha, aponta que o ganho político gerado pelo evento, para o país e para

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o Estado só vai se efetivar, na prática, se o plano de intervenções necessárias se tornar realidade, o que passa pela atuação estreita junto aos órgãos públicos e, também, pela mobilização das empresas da atividade. A rede hoteleira, por exemplo, tem como um de seus focos, neste momento, a classificação dos estabelecimentos. Essa estratégia é parte do projeto “BH espera por você”, que reúne, além do BH Convention Bureau, outras 14 representações públicas e setoriais do município, em uma das maiores e mais bem confeccionadas campanhas turísticas do país. Segundo Noronha, a proposta central é lançar a capital mineira entre os principais roteiros de passeio do país, a partir da divulgação de atrativos nas áreas de cultura, turismo, gastronomia, compras e negócios. A primeira edição, realizada entre janeiro e fevereiro deste ano, rendeu bons dividendos. Turismo no Estado A secretária de Estado de Turismo, Érica Drumond, conta que, desde 2007, teve início no Estado um processo estratégico de planejamento que busca a descentralização da gestão e dos recursos, para incrementar a agilidade e os resultados para o setor, o que passa pela adoção de melhores práticas pelas empresas e, ainda, por parcerias com instituições do trade turísti-

Érica Drumond estratégia de planejamento

co. A porta de entrada para essa nova cultura são as 42 associações dos circuitos turísticos já constituídos, para um total de 71 destinos oferecidos ao mercado. A criação do Conselho Estadual de Turismo também terá papel fundamental na formulação e discussão de políticas públicas direcionadas para a atividade. “Em 2009, vamos ampliar para 15 nossos destinos indutores. Queremos também em Minas 10 destinos, que serão referência para recepção do turista brasileiro”, ressaltou. Atualmente, o Estado possui quatro destinos considerados como indutores do turismo nacional. São eles: Belo Horizonte, Ouro Preto, Tiradentes e Diamantina. A Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur) desenvolveu uma política agressiva para atrair mais turistas para a capital, mesmo antes da competição. Entre os benefícios incluídos nesse pacote estão isenção de impostos, reorganização e articulação dos produtos turísticos já disponíveis, como o

Foto: acervo SETUR MG

estadual e federal, em um prazo de cinco anos. Essa é a nossa grande chance de transformar Belo Horizonte em vitrine para o mundo”, projeta. O governo federal, através do Ministério das Cidades, assegurou recursos para as capitais que tiverem projetos e cronogramas já desenvolvidos. Talvez seja a hora de apresentar um para a revitalização da Linha 1, entre as estações Eldorado e Vilarinho, o da conclusão e operação do ramal Barreiro-Calafate e, ainda, a implantação da Linha 3, que vai ligar a Savassi à Lagoinha. Além da iniciativa pública e da capacitação das empresas do setor turístico e dos trabalhadores do setor, a Copa do Mundo também deverá envolver a população local. “Um evento do gênero demanda voluntários bem capacitados, pessoas preparadas para ajudar os visitantes no que for possível. Uma experiência igual aconteceu na Alemanha e foi case de sucesso”, explica Fagundes. Para tanto, é preciso que a população compreenda a real dimensão do evento e que ela será a grande beneficiada pelas obras realizadas.

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Ilustração: Pablo T. Quezada

complexo da Pampulha e criação de novos, como os Circuitos de Jóias e Gemas, da Moda, da Cachaça e do Artesanato. O presidente, Júlio Ribeiro Pires, acredita que esse é o caminho para inserir, de forma definitiva, a capital mineira entre os principais destinos turísticos do país. De acordo com a analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Minas Gerais (Sebrae-MG), Kennya Barboza Portugal, muitos são os desafios que Belo Horizonte, assim com as outras capitais, terão que enfrentar até o início da competição. Melhorias na hotelaria, infraestrutura, sinalização turística, transporte e segurança são a parte que cabe ao setor público. Há que se considerar que, também os empresários que atuam nessa atividade terão que dar a sua

cota de contribuição. “Os investimentos já estão sendo feitos desde agora, porque o Brasil deverá estar preparado para a Copa das Confederações de 2013”, enfatiza Kennya. Ganhos de infraestrutura Dados de mercado dão conta de que, para cada pessoa que assiste aos jogos de futebol nos estádios, durante a Copa do Mundo, outras três estão passeando pelas cidades onde se realiza a competição, ou no entorno. Por isso, as obras de infraestrutura para aumentar a qualidade das vias de acesso, bem como o transporte público, estão diretamente ligadas à atividade do Turismo. Com estradas pavimentadas, os serviços de aluguel de veículos serão mais demandados pelos visitantes. A capacitação

Apesar do seu caráter esportivo, a Copa do Mundo de 2014 é um evento turístico por excelência. Por isso, o segmento estará no “centro do universo”. A atividade representa 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e cerca de 5,6% do faturamento total do setor de Serviços mas, de acordo com pesquisa realizada em parceria entre o Ministério do Turismo e o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE) , o segmento ainda não “encontrou” o seu modelo sustentável de desenvolvimento. Na lista de problemas a serem solucionados estão a informalidade que caracteriza o setor e o baixo nível de capacitação dos trabalhadores, algo em torno de 5,7 milhões de pessoas no país. As conseqüências tomam a forma de baixos salários, concorrência desleal

de taxistas, pessoal do setor hoteleiro, comerciários e de Serviços, sobretudo no segundo idioma, também vai facilitar a vida dos turistas e colocar a experiência turística no Brasil em lugar de destaque, a ponto de ser indicada para amigos. A principal vantagem dessa “revolução” anunciada é que, passada a competição, a cidade e seus moradores tomarão posse de todas as obras e melhorias públicas realizadas. Da mesma forma, o setor privado também adquirirá expertise única, que poderá ser consolidada em desafios futuros que, embora menores que uma Copa do Mundo, servirão de aprimoramento constante para a qualidade dos serviços prestados e da gestão das empresas que atuam no setor de turismo.

e perda de qualidade. E esse dado não tem qualquer ligação com a complexidade do setor, composto por sete atividades características, por 19 subatividades e 96 tipos distintos e, ao mesmo tempo, complementares de produtos. A pesquisa aponta, ainda, que falta ao Turismo o dinamismo necessário para se organizar de forma profissional e ocupar a posição de direito e vocação na economia nacional, o que lhe garantiria lugar de destaque na escolha de visitantes internos e estrangeiros. Em outras palavras, lado a lado com o profissionalismo de multinacionais e de empresas nacionais de médio e grande porte, há micro e pequenas que ainda apostam em soluções rudimentares para se manterem em funcionamento a cada mês.

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Gest達o

Procura-se um patrocinador 26SUPERE AC_0011-REVISTA SUPERE 20.indd 26

Texto e fotos:

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Foto: arquivo Mackenzie (foto com interferência digiral)

nado pela Companhia do Terno e forma um time competitivo. Disputa a Superliga, o campeonato brasileiro da modalidade, com atuação discreta, mas, no ano seguinte, chega aos play-offs e termina a disputa como um dos seis melhores times do país. O patrocínio de R$ 80 mil durante dez meses permitiu ao time ter atletas com salários de até R$ 18 mil e, inclusive, importar uma cubana, Indira Mestre. 2009 chegou às quadras como um bloqueio quase intransponível, levantado pela crise financeira mundial. A Cia do Terno recua diante do cenário incerto, seguindo o exemplo de várias outras empresas, que patrocinavam times como o Finasa, Brusque, Banespa e

Até 2006, o Mackenzie, clube há 65 anos instalado em meia quadra do bairro Santo Antonio, na capital mineira, era um formador de atletas em várias modalidades esportivas. O destaque era para o voleibol feminino: em suas quadras, cresceram estrelas do esporte como Erica, Suellen

ou Sheila, campeã olímpica pela seleção brasileira. O time do Mackenzie disputava, no máximo, a categoria infanto-juvenil, pois, a partir daí, suas atletas eram “pescadas” pelos grandes times nacionais. Em 2007, porém, o Mackenzie passa a ser patroci-

“2009 chegou às quadras como um bloqueio quase intransponível, levantado pela crise financeira mundial” o próprio Minas Tênis Clube, que disputou a Superliga em 2008 sem patrocinador. E também sem resultados: terminou a competição em oitavo lugar, perdendo duas vezes para o Mackenzie. Classificado para o certame deste ano, o time do Santo Antonio, porém, corre o risco de não disputá-lo. Sem patrocinador que os retenha, volta a ceder seus talentos para outras agremiações: duas de suas atletas. Tássia e Fernanda, já estão no Minas que, até agora, conseguiu apenas um copatrocinador, a rede Habibs. O Mackenzie tem até outubro

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Gestão Foto: arquivo pessoal

para conseguir um financiador, se quiser levantar a bola na próxima temporada. “É como se um time de futebol fosse classificado para disputar o campeonato brasileiro na Série A e não pudesse jogar por falta de jogadores, técnico e uniforme”, compara o presidente

Para Durval Guimarães, investimento em patrocínio não é alto e dá retorno

do Mackenzie, Durval Guimarães. Segundo Guimarães, existem três padrões financeiros para se montar um time de vôlei. Com R$ 40 mil por mês, diz ele, fazendo uma analogia com o futebol, reúne-se uma equipe como o Guarani de Divinópolis ou o Tupi de Juiz de Fora, que vai disputar o campeonato sem almejar grandes

“A exposição realmente vale a pena: os jogos são transmitidos pela TV por assinatura e têm um público fiel” vôos, a não ser permanecer na divisão. Com R$ 60 mil, a coisa melhora e o time pode ambicionar um lugar nos play-offs. R$ 80 mil é cacife para chegar entre os quatro primeiros. Passados os efeitos – ou pelo menos o medo – da crise, é hora de procurar um novo patrocinador e a grande tarefa, aponta o presidente do Mackenzie, é desmistificar o custo do patrocínio. “Nós vamos mostrar às empresas que o investimento não é tão alto assim. Com R$ 40 mil por mês, elas podem ter uma visibilidade fantástica”, garante Guimarães. A exposição realmente vale a pena: os jogos são transmitidos pela TV por assinatura e têm um público fiel. O vôlei brasileiro é o segundo esporte nacional e, no caso do feminino, a única categoria coletiva a ser campeã olímpica. “Quem assiste um jogo de vôlei entre equipes brasileiras,

sabe que está vendo o melhor vôlei do mundo”, afirma o presidente. “O patrocinador, por sua vez, vai identificar sua marca com juventude, esporte e, principalmente, com um time vencedor. Uma estratégia inegavelmente facilitadora para o planejamento de marketing e propaganda da empresa”, conclui. Soluções criativas Para o Mackenzie, foi um ótimo negócio estar na categoria mais alta do vôlei – vendeu mais cotas, fortaleceu a autoestima dos associados e a própria imagem do clube. Há quatro anos, seus 530 sócios não cobriam as despesas e o clube corria o risco de fechar as portas. Depois de dois anos na Superliga, o corpo de associados está completo e foi preciso criar 100 cotas adicionais, para atender à procura. “Passamos a estar diariamente nos jornais, na cobertura pré, durante e pós-jogo”, conta o presidente do clube, Durval Guimarães. Enquanto o patrocinador não vem, o Mackenzie tenta garantir sua vaga na Superliga deste ano com criatividade. Entre outras idéias para enfrentar a situação, está a de criar a figura do sócio patrocinador e vender cotas a preço maior, entre outras estratégias para obter recursos. Um tie-break desafiador, mas o clube aprendeu a explorar bloqueios para garantir a vitória no final.

Bola na rede Ao contrário do que acontece no futebol, no vôlei a TV não paga os direitos de transmissão aos times e sim para a confederação. Com um detalhe, ela não os repassa aos times. Mas como a TV já pagou, ela se dá o direito de não divulgar o nome do patrocinador. E, em vez de Fiat-Minas ou Mackenzie-Cia do Terno, os times são chamados mesmo é de Minas e Mackenzie. O que acabou criando um situação curiosa. A Universidade Mackenzie, de São Paulo, passou a patrocinar o Pinheiros, que, obviamente continuou a ser chamado de Pinheiros pelos cronistas da TV. E para não fazer merchandising da universidade, eles rebatizaram o nome do Mackenzie como Belo Horizonte. Uma solução felizmente temporária, já que valeu por apenas uma semana, tempo suficiente para arrepiar os cabelos dos responsáveis pela sexagenária agremiação.

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Artigo

Fotos: arquivo pessoal

Tom Coelho

O Mundo Perfeito Você é encarregado de preparar um determinado projeto. Em verdade, você mesmo candidatou-se a esta tarefa, pois conhece o assunto como poucos e está certo de que poderá contribuir com sua equipe. Assim, bastariam algumas horas de transpiração diante da tela do computador para produzir uma primeira versão do documento que seria apresentada aos seus pares, propiciando debates e a elaboração de uma versão posterior, mais densa e melhor estruturada. Todavia, seu nível pessoal de exigência impede-o de redigir uma proposta sem antes promover todo um trabalho de pesquisa para embasar sua tese. Mas pesquisa demanda tempo e o tempo é a matéria-prima mais escassa do mundo moderno. Passa-se uma semana, duas, um mês. O projeto não sai de seu pensamento e não vai para o papel. Você se angustia, perde o prazo e a credibilidade com seus colegas. E consigo mesmo.

Busque a alta qualidade, não a perfeição. H. Jackson Brown Jr.

O exemplo acima pode representar um projeto profissional. Pode também ilustrar um trabalho acadêmico ou mesmo uma ação filantrópica. O fato é que em qualquer um dos casos, o desejo de fazer o ótimo dilacerou a possibilidade de fazer o bom. E, no final das contas, nada foi concretizado, o que significa um resultado péssimo. Convido você a fazer igual analogia com outros sonhos que já visitaram suas noites em vigília. Livros que não foram escritos, músicas que não foram compostas, poesias que não foram declamadas. Uma intervenção necessária durante uma reunião que foi contida por falta de ousadia. Uma declaração de amor reprimida porque você ainda não se sentia preparado.

Temos o mau hábito de esperar pelo mundo perfeito para tomar decisões. É como se decidíssemos cruzar a pé uma movimentada autoestrada apenas quando todos os veículos parassem para permitir nossa passagem, sem a existência de qualquer sinalização que os obrigasse a tal ação.

Enquanto buscamos e ansiamos por este mundo perfeito, outras pessoas fazem o que é possível, com os recursos de que dispõem, dentro do tempo que lhes é concedido. E não raro acabam sendo bem-sucedidas. Então, ao observarmos o conteúdo de suas produções, colocamonos imediatamente a criticá-las, certos de que poderíamos ter alcançado um resultado muito mais satisfatório. Nós pensamos; elas agiram. Observe como muito pode ser feito usando de pouco tempo e de muita simplicidade. Muitas vezes basta um telefonema de alguns minutos para dirimir uma dúvida, prestar um esclarecimento, obter uma dilação de prazo. De igual maneira, um e-mail redigido em uma fração de segundos pode aquietar o espírito de seu interlocutor e sepultar o risco de um desentendimento. Agradecimentos, por sua vez, devem ser prestados o quanto antes, ou tornam-se inócuos e desprovidos de sensibilidade. Um livro pode ser escrito de uma só sentada ou capítulo a capítulo, dia após dia. Uma música pode ser composta num guardanapo de papel na mesa de um bar ou nas bordas de uma folha de jornal que repousa em seu colo dentro de um ônibus. Um poema pode ser oferecido em meio a um jantar ou dentro de um elevador que se desloca do terceiro piso para o subsolo. O tempo certo para agir é agora. Não de qualquer jeito, não com mediocridade, mas com o máximo empenho possível. Amanhã, como diriam os espanhóis, é sempre o dia mais ocupado da semana.

Tom Coelho é escritor, autor de “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional”, pela Editora Saraiva, além de professor universitário e palestrante. Contatos: tomcoelho@tomcoelho.com.br. www.tomcoelho.com.br.

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Cledorvino Belini

Fotos: Studio Cerri

Presidente da Fiat

Vencemos o Primeiro Semestre Para o presidente da Fiat, está cada vez mais evidente que o Brasil se descolou dos mercados fortemente contagiados pela crise e terá condições de alcançar a recuperação com maior rapidez

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Cledorvino Belini é presidente da Fiat Automóveis para a América Latina e presidente da Fiat do Brasil. Com mais de 35 anos de atuação no setor automotivo, Cledorvino Belini reúne duas características marcantes em sua trajetória profissional: a vivência em praticamente todos os segmentos da cadeia produtiva – da indústria de autopeças à de tratores, passando pelos automóveis – e a liderança com que cumpre as responsabilidades dos diversos cargos que exerceu em sua carreira. Daí a sucessão de atribuições, sempre em escala ascendente, em todas as empresas às quais se dedicou. Administrador por formação e excelência, Belini tem um estilo decisório ágil e simples, a partir de fatos e dados. À racionalidade dos números, Belini acrescenta uma forte dose de sensibilidade para as sutilezas do mercado e para o comportamento do cliente, o que lhe dá apuro especial na definição das estratégias decisivas do grande jogo da competição que é o mercado automobilístico, com um foco preciso no acompanhamento do dia-a-dia do mercado e a necessária determinação na projeção do futuro, antecipando tendências, investindo em desenvolvimento e inovação. Belini é formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e pós-graduado na USP na área de Finanças. Possui também MBA pelo INSEAD/FDC (França), obtido em 2002. Como o Sr. define o atual cenário econômico? A crise já passou? A crise financeira internacional se manifesta de maneira distinta nos vários países. O Brasil sofre os efeitos da crise em menor escala do que os países mais desenvolvidos. Aqui no Brasil, já vencemos o primeiro semestre, sem que a catástrofe tenha se instalado. Está cada vez mais evidente que o Brasil se descolou dos mercados fortemente contagiados pela crise e terá condições de alcançar a recuperação com maior rapidez. A crise se manifesta sobre a economia brasileira na forma de um V – com um declínio acentuado do nível de atividade e a imediata retomada que já

estamos vivenciando. Estamos, ao que tudo indica, na rampa ascendente do V. Em outros países, a crise está se manifestando como um U ou mesmo como um L – um declínio acentuado, seguido de um período mais ou menos longo de baixo nível de atividade antes da retomada. Por que o Brasil conseguiu combater a crise com mais rapidez? Os instrumentos anticíclicos adotados pelo Governo Federal e por alguns governos estaduais tiveram sucesso na sustentação da demanda, ao estimular setores com poder multiplicador de demanda industrial, como a construção civil e a indústria automobilística. Estes são setores normalmente estimulados por governos em momentos de crise devido à sua capacidade de geração de empregos. A indústria automo-

A Fiat mantém o seu plano original de investimentos, no valor de R$ 5 bilhões no triênio 2008-2010

bilística tem um efeito importante na multiplicação de empregos por ser uma cadeia longa de produção, que envolve cerca de 200 mil empresas no Brasil. A cadeia se inicia com os fabricantes de insumos, como aço, petroquímica, vidros, etc, passa pelos fabricantes de autopeças e montadoras, envolve os distribuidores e também abrange todo o setor de serviços gerados pela indústria, como combustíveis, seguros, manutenção, bancos, infraestrutura de circulação. Este fenômeno também se observa em outros países. Na Europa, a indústria automobilística responde por um terço dos empregos no setor de manufatura da região. Em sua avaliação, quais as perspectivas para o Brasil? O País apresenta muitas vantagens competitivas e comparativas. Os fundamentos econômicos estão sólidos, os agentes econômicos estão ativos e são capazes de conduzir o país a índices mais acelerados de crescimento econômico a partir do segundo semestre

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Foto: Studio Cerri

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produtiva, melhoria dos processos e desenvolvimento de novos produtos e tecnologias. Além de ampliada, nossa fábrica em Betim recebeu também vultosos investimentos no Pólo de

Com a crise, houve recuo no volume de investimentos projetados para 2008/2009? E quais as perspectivas para o segundo semestre de 2009 e 2010? A Fiat mantém o seu plano original de investimentos, no valor de R$ 5 bilhões no triênio 20082010, destinados ao aumento da capacidade

volvimento do design, além de outras inovações nos diversos laboratórios de experimentação de veículos. Nosso plano de lançamentos está preservado e em pleno andamento. A

Significativas parcelas da população ascendem socialmente e entram no mercado de consumo, ativando a economia.

Desenvolvimento Giovanni Agnelli, como uma nova sala virtual no Centro Estilo, para o desen-

linhas de prensas, importadas do Japão, já chegaram a Betim e as obras de instalação já se iniciaram. Também a logística interna recebeu diversas melhorias, com novas vias e pátios. Este ano, já temos feito em média um lançamento por mês, começando com o Novo Palio Economy, com um motor mais econômico, até o Punto T-Jet, com a potência do turbo. Vemos o Brasil e o mercado automobilístico do País com otimismo, razão pela qual a Fiat reafirma a sua expectativa de crescimento.

deste ano. Há também no Brasil um estoque de demanda a ser explorado, representado pelo nosso mercado interno. Significativas parcelas da população ascendem socialmente e entram no mercado de consumo, ativando a economia.

fábrica já recebeu novos galpões para a expansão A Fiat já voltou aos das áreas de prensas e patamares anteriores funilaria. As duas novas de produção?

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Minas representa cerca de 10% do mercado nacional de veículos e a ampla liderança da Fiat no mercado mineiro mostra que há excelente aceitação da marca.

Quais fatores explicam a liderança da Fiat no mercado doméstico? Costumo dizer sempre que a força da Fiat no mercado tem um conjunto de razões principais, a começar pela capacidade de entender as expectativas dos nossos clientes e de desenvolver produtos com altos índices de qualidade e de inovação. Destaco ainda a forte parceria existente entre a Fiat e os seus fornecedores, de um lado, e os concessionários, de outro, além do excelente time que temos na fábrica. Devemos considerar também nossa agilidade e flexibilidade na adaptação às condições do mercado. Esta liderança se repete também em Minas Gerais? Em Minas, além de concentrarmos nossa produção de auto-

Em relação à produção, estamos atualmente muito próximos do patamar médio do ano passado de 3 mil veículos/dia. Felizmente, a recuperação do mercado interno tem mantido bons índices de ocupação da indústria, embora insuficiente para compensar a queda dos volumes de produção para as exportações.

móveis e comerciais leves, temos uma participação de mercado muito superior à média nacional. A participação de mercado da Fiat é de 40%. Minas representa cerca de 10% do mercado nacional de veículos e a ampla liderança da Fiat no mercado mineiro mostra que há excelente aceitação da marca. Acho que, além dos atributos de qualidade da marca, podemos entender também como um reconhecimento proporcional à importância que a Fiat tem para a desenvolvimento socioeconômico do estado.

setores de atividades do Grupo no Brasil, como máquinas agrícolas e de construção, componentes automotivos e caminhões, o que dá cerca de 17% do faturamento global. Conte-nos sobre a aliança Fiat Chrysler. Trata-se de uma aliança que permitirá à Chrysler renovar sua oferta de produtos no mercado americano, com veículos menores e mais econômicos, ao mesmo tempo em que oferecerá à Fiat a oportunidade de entrar no mercado norte-americano. A aliança está em fase de implementação. O CEO da Fiat, Sergio Marchionne, já deu início à reestruturação da empresa, na perspectiva de fazêla crescer e ganhar participação de mercado e rentabilidade.

A rede de concessionários é expressiva em Minas Gerais? Dos mais de 500 pontos de vendas da Fiat no País, cerca de 75 estão em Minas Gerais. Além do excelente desempenho de vendas, destacam-se também pela qualidade nos serviços de atendimento em vendas e pós-vendas. Qual a representatividade da Fiat do Brasil para o Grupo? O quanto o mercado brasileiro representa para o Grupo? Em termos de produção, a Fiat Automóveis responde por cerca de 30% dos volumes globais da Fiat. Em termos de faturamento, consideramos também os demais

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Foto: arquivo pessoal

Artigo

Sonia Jordão

Supere-se

profissionalmente O que a neurociência vem comprovando cientificamente hoje e os psicólogos estudam há anos, já era verdade a mais de milanos em outras culturas: somos o resultado do que pensamos! Em tempos de vacas magras, as organizações demitem alguns de seus profissionais. Porém, há alguns que sempre ficam. Esses não correm riscos, passam por várias crises e só saem se quiserem, não porque são demitidos. São aqueles talentos considerados como estrelas na Organização. A empresa depende mais desse profissional do que ele dela. E o que diferencia esses dos outros, daqueles que são demitidos? Normalmente é o famoso CHA – Conhecimentos, habilidades e atitudes, que determina as competências em suas atividades. E como se superar profissionalmente? Como ser um vencedor nesse mundo de extrema competitividade? Acredito que se entendermos o que as organizações esperam, é possível melhorar a empregabilidade e ser um profissional vencedor.

A empresa espera que o profissional tenha envolvimento e comprometimento com o trabalho.

As Organizações querem que as pessoas apresentem um nível de conhecimento sobre os procedimentos, normas e padrões internos necessários para exercer suas atividades. Também esperam que o profissional se desenvolva, tome para si a responsabilidade de manter-se atualizado. Que procure prover os meios de preencher as lacunas de competências técnico-funcionais solicitando, quando necessário, apoio institucional. Enfim, que tenha conhecimento. São várias as habilidades que todos precisam ter. Algumas, porém são comuns à maioria dos profissionais. A primeira habilidade que relaciono é ter responsabilidade. A empresa espera que o profissional tenha envolvimento e comprometimento com o trabalho. Espera também que se empenhe em manter organizado e em bom estado equipamentos, ferramentas, instrumentos e o local de trabalho.

Outra habilidade fundamental nos dias de hoje é a capacidade de trabalhar em equipe e de ter bom relacionamento interpessoal: é preciso interagir com os demais membros da equipe e saber ouvir posições contrárias. É preciso ter espírito de cooperação, ter habilidade no relacionamento com seus pares, superiores e subordinados (se houver). Também ter a capacidade de aceitar a diversidade que existe dentro da Organização. Flexibilidade, participação, criatividade e iniciativa também são habilidades que têm valor no mundo globalizado. O profissional precisa ter facilidade para utilizar novos métodos, procedimentos e ferramentas, reagir bem às mudanças, adaptando-se rapidamente às novas rotinas em seu trabalho. Precisa também demonstrar interesse, entusiasmo e determinação na execução de suas atividades. Ser proativo, contribuir com idéias e sugestões; não levar somente problemas para seus líderes. Para ser competente, além do conhecimento e das habilidades, é preciso ter atitude, é preciso agir. As Organizações também esperam que seus profissionais ajam com disciplina. Um profissional vencedor segue programações, observa as determinações de superiores hierárquicos, não recusa tarefas e aceita as normas e regras da organização. Também são pontuais e assíduos. Pontual no início das atividades do dia e após os intervalos. Chega no horário combinado para reuniões e treinamentos. Entrega suas tarefas no tempo previsto. Além disso, está presente nos dias e horá-

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rios combinados. Não saem para resolver problemas particulares em horários que a empresa necessita de seu trabalho. Sabem que suas atividades são importantes e que se faltar com suas obrigações, pode prejudicar seus colegas, sobrecarregando-os. Outra atitude que é muito observada é a ética. E isso nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. Ser ético é também agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade em itens como: integridade, sigilo, discrição, respeito, cortesia, discernimento entre questões profissionais e pessoais. Profissionais éticos assumem seus erros, respeitam seus colegas e seus superiores. Também não dão prejuízo para a empresa, valorizam seu horário de trabalho como sendo um tempo que a empresa está pagando por ele e, portanto, deve ser usado para assuntos profissionais. Além do CHA, as organizações esperam que o profissional tenha produtividade, que se concentre nos resultados, assumindo compromissos com as metas. Que saiba administrar prazos e solicitações apresentando resultados satisfatórios mesmo diante de demandas excessivas. Claro que isso inclui ter capacidade de trabalhar sob pressão, para conseguir obter a produtividade necessária. Por último, e não menos importante, é fundamental trabalhar com qualidade. Fazer bem feito, realizar as atividades de forma completa, precisa e criteriosa. atendendo aos padrões de qualidade esperados.

É claro que existem diversas outras habilidades e atitudes que os bons profissionais podem desenvolver. Algumas funções, inclusive, exigem outras. Entre elas podemos citar a habilidade de liderar, a capacidade de concentrar-se, ser assertivo, ter empatia e agir com objetividade. As habilidades que listei nesse artigo são aquelas que eu considero comuns a muitas profissões e em diversas funções. É importante lembrar que o profissional que reúne as características acima vale ouro no mercado de trabalho. Superar-se profissionalmente não é fácil, por isso os profissionais estrelas são poucos. O ideal é buscar o autoconhecimento e saber o que você precisa trabalhar em suas características, fortalecer seus pontos fortes e minimizar os fracos.

Sonia Jordão é especialista em liderança, palestrante e consultora empresarial. Autora dos livros “A Arte de liderar – Vivenciando mudanças num mundo globalizado”, “E agora, Venceslau? Como deixar de ser um livro explosivo” e “E agora, Lívia? Desafios da liderança”. Portal: www.soniajordao.com.br

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Foto: Pablo T. Quezada

Cidades

ACMinas vai a Venda Nova

A tradicional entidade, há 108 anos instalada na avenida Afonso Pena, quer descentralizar suas atividades para atender novos polos de desenvolvimento comercial e industrial. Com uma população que pode chegar a 500 mil pessoas – mesmo que o Censo de 2000 registre exatos 245.334 habitantes - a região administrativa de Venda Nova, em Belo Horizonte, tem hoje, segundo a Secretaria adjunta de Regulação Urbana, cerca de 11 mil empresas. É uma verdadeira cidade, talvez maior do que Juiz de Fora, na qual a vocação comercial, presente desde suas origens, se mantém e se fortalece. O comércio é forte e competitivo, com várias lojas de empreendedores locais e filiais de grande lojas, concentradas na rua Padre Pedro Pinto e em importantes corredores dos diversos bairros da região. O mais antigo documento conhecido sobre Venda Nova é a solicitação de licença para funcionamento de uma “venda” em 1781, marcando as atividades originais do distrito, que eram o comércio, a agricultura e pecuária. A tradição oral conta que um comerciante construiu uma

“venda” maior e mais bem feita e, diante dela, os viajantes falavam: “Vamos parar naquela venda nova” e o nome pegou. Até 1948, quando se tornou definitivamente parte da capital – antes pertencia a Santa Luzia, como várias localidades da região - Venda Nova manteve estrutura semelhante à que possuía no início do século. A ocupação sem planejamento, em loteamentos desmembrados de antigas fazendas, fez surgir construções de forma indiscriminada e até irregular. Ao longo do tempo, a região desenvolveu-se e cresceu, fazendo surgir uma outra cidade dentro da capital. Vários bairros foram criados e Venda Nova se definiu como cidade dormitório, da qual grande parte da população saía para trabalhar no Centro ou em outras localidades da região metropolitana. Na década de 90, obras estruturantes como o alargamento e melhorias da Rua Padre Pedro Pinto, a aprovação do centro

urbano de Venda Nova, a canalização do córrego do Vilarinho e a modernização da MG-10, alem da estação Vilarinho do metrô, fortaleceram a estrutura urbana e estimularam o surgimento de um forte setor comercial da região. No início do século XXI, a construção da Linha Verde e a transferência do Centro Administrativo do Estado para o bairro Serra Verde, trazem para Venda Nova novas e esperadas oportunidades, que prometem uma mudança radical na economia da região. Descentralização “Os investimentos já estão chegando. Um grupo hoteleiro comprou 97 mil m2 de terrenos e vai investir R$ 1 bilhão. Há a perspectiva de mais shoppings e um grupo de faculdades de São Paulo, o Mackenzie, também vai se instalar lá”, anuncia o superintendente da Associação Comercial de Minas, Gilson Elesbão. Nesse contexto é que, estrategicamente, a ACMinas ins-

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talou, há cinco anos, uma unidade regional em Venda Nova. “Estamos seguindo o modelo de São Paulo que, enquanto funcionava em Santa Efigênia, no centro da capital paulista, tinha sete mil associados. Quando decidiu descentralizar, a Associação paulistana atingiu, em pouco tempo, 27 mil empresas”, explica Elesbão. “Hoje, ela tem umas dez regionais nos bairros, com diretorias distritais e certa autonomia. Alem de oferecer serviços, elas apóiam atividades comunitárias, eventos esportivos e culturais”, completa. A ACMinas, que completou 108 anos, sempre funcionou na avenida Afonso Pena e procura agora estender sua ação para

outras regiões da cidade que estão em franco crescimento, como Buritis e Cidade Nova. Esta é a maneira a estar mais próxima de seus atuais associados e daqueles que estão por vir. “Temos que acompanhar o ritmo desses polos de desenvolvimento comercial e industrial. Nossa expectativa é de que, estruturando a sede da regional de Venda Nova, podemos ampliar consideravelmente o número de associados”, explica o superintendente da ACMinas. Em 2009, a Associação irá promover palestras e seminários, para discutir temas como o impacto do Centro Administrativo, que está com seu cronograma de obras rigorosamente em dia e será entregue à

Uma associação local

população em dezembro. Prevêse que a transferência da sede do governo, suas secretarias e autarquias, levará junto um contingente diário de mais de 20 mil pessoas que trabalham, prestam ou demandam serviços da administração estadual. “Se os empresários de Venda Nova não se organizarem, vão ficar a ver navios diante de negócios de fora que irão se transferir para lá, em busca desse novo público”, alerta Elebão. Um dos primeiros impactos pode ser sentido na especulação imobiliária. Lotes que valiam R$ 60 o metro quadrado, hoje estão sendo vendidos a R$ 180 e o preço de um apartamento simples no Serra Verde saltou de R$ 40 mil para R$ 140 mil. Agmar Alves, diretor da ACMinas regional

mercado de trabalho.A regional dispõe para os associados e

diretoria é tornar a regional Venda Nova referência e parceira do

associados prospects de vários

empreendedor, na busca constante de informações que possam

cursos e treinamentos, além

contribuir e alavancar o desenvolvimento empresarial da região”,

de disponibilizar uma sala com

diz seu diretor Agmar Alves de Souza, empresário da Tecidos Renatec. A diretoria da regional é um retrato fiel do universo de negócios da região ao reunir empresários do comércio, indústria e prestadores de serviços de saúde, alimentação, informática, entre outros.

Foto: arquivo pessoal

Fundada em 2004, a regional da ACMinas em Venda Nova está localizada na avenida Vilarinho, 1560. “O maior desafio desta

recursos áudiovisuais para turmas com até 25 pessoas. Atenta

à

responsabili-

dade social que começa na Associação, a Casa se transformou em cenário de grandes dis-

“Desde a sua implantação, a regional focou seu processo de

cussões nas áreas de segurança, educação e saúde. “Fomos

afiliações ao comércio e serviços, mas nosso objetivo é buscar

interlocutores junto ao governo das reivindicações de empresários

novos parceiros no setor da indústria, acompanhando o desenvol-

e comunidade na desativação da unidade carcerária da delegacia

vimento da região, que se dá em vários segmentos, inclusive no

de Venda Nova, palco de constantes fugas e rebeliões e verdadeiro

comércio exterior”, explica o diretor. Hoje, a regional de Venda Nova

trauma para população”, conta Souza.

tem 47 empresas filiadas e está pronta para crescer. “Nossa meta

Na área de educação, a regional Venda Nova realizou audi-

de crescimento tem como objetivo principal a divulgação das ações

ência pública nas dependências do colégio Padre Lebret, reivin-

da regional, demonstrando assim sua participação e envolvimento

dicando a construção de um novo prédio, devido às precárias

nos interesses da classe empreendedora e social da comunidade”,

condições em que se encontravam suas dependências. Além

afirma Souza.

disso, a associação promove eventos variados, como festas e

Nesse contexto, ela desenvolve vários projetos de parcerias

bingos, com o objetivo de arrecadar recursos para necessidades

com instituições financeiras e educacionais na disponibilização de

diversas da comunidade. “Nossa maior conquista é a credibilida-

linhas de créditos e descontos de duplicatas com taxas compe-

de que a regional Venda Nova adquiriu nas ações desenvolvidas

titivas. Qualificação da mão de obra local é prioridade: cursos e

junto aos diversos setores dos poderes públicos Federal, Estadual

treinamentos com profissionais altamente qualificados comprovam

e Municipal, sempre tendo em mente o lema dessa casa, que é

sua eficácia com o alto grau de aproveitamento dos capacitados no

“Desenvolvimento com justiça social”, conclui.

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Economia

Tudo que você queria saber sobre câmbio e não tinha a quem perguntar 38SUPERE AC_0011-REVISTA SUPERE 20.indd 38

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Ilustração: Pablo T. Quezada

No último dia 1º de julho, o dólar experimentou sua maior desvalorização desde que o país adotou o câmbio flutuante, em 1999. Dez anos depois, é hora de saber: por que o país optou por isso? Quais seriam as opções? Como funciona o câmbio flutuante, quais as vantagens e desvantagens, quem ganha e quem perde. Quando é que o Banco Central intervém? Como é que juntamos tantas reservas em dólar? Em um trabalho de fôlego, o economista Paulo Ângelo Carvalho de Castro desvenda os mistérios das relações entre o dólar e as moedas dos vários países, em especial o nosso real.

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Economia

Uma definição para Mercado de Câmbio: é o mercado no qual a moeda de um país é trocada pela moeda de outro país. Poucas moedas são utilizadas e respondem pela maior parte do volume de negociação: Dólar americano (US$); marco alemão ($DM); libra esterlina ($£); iene japonês ($¥), franco suíço (SFr) e o franco francês ($Ff). Taxa de câmbio é o preço da moeda de um país em termos da moeda de outro país, embora de modo geral se dê em termos do Dólar americano. Por exemplo, a Taxa de Câmbio entre o Dólar e o Real é de 2,014 cotado em 08 de julho. Significa que, com 1 Dólar (US$ 1) se pode comprar R$ 2,014 (dois reais e quatorze milésimos). Se uma pessoa necessita adquirir US$ 1.000.000,00 terá que despender naquela data R$ 2.014.000,00. Quando a taxa de câmbio “sobe”, significa uma desvalorização do Real frente ao Dólar. Será necessário um número maior de Reais para se comprar o mesmo número de Dólares. Com a mesma quantidade de Dólares compra-se uma quantidade maior de Reais. Diz-se que o Real depreciou-se perante o Dólar. Nitidamente trata-se de uma situação que é favorável a quem possui Dólar ou aplicações em Dólar e ao exportador. Quando a taxa de câmbio “desce”, significa uma valorização do Real frente ao Dólar. Diz-se que o Real apreciou-se perante o Dólar. Nessa situação será necessário um número menor de Reais para se comprar o mesmo número de Dólares. Com a mesma quantidade de Dólares compra-se uma quantidade menor de Reais. Trata-se de uma situação que é favorável

a quem não possui Dólar, porque nessa situação ficará mais caro comprar o Real. Ela nitidamente favorece ao importador que, com a mesma quantidade de Reais, poderá adquirir mais quantidade de mercadorias em Dólar. Fica mais barato importar. O exportador perde competitividade, já que o produto brasileiro ficará mais caro para o estrangeiro que pagará em Dólar.

“Quando a taxa de câmbio “desce”, significa uma valorização do Real frente ao Dólar. Diz-se que o Real apreciouse perante o Dóla.” Modelos de câmbio Dos diversos modelos de Política Cambial, cabe destacar duas: câmbio fixo e câmbio flutuante.Qual modelo é o melhor? São temas recorrentes e sempre voltam à pauta de discussão. Os diversos debates a respeito levam a algumas conclusões:

• Não existe modelo perfeito. Todos têm pontos positivos e pontos negativos. Depende, ainda, do objetivo da política cambial que se pretende adotar. • A âncora cambial, defendida por muitos, pode ser muito útil em programas de estabilização. Sua manutenção por prazos maiores pode não ser conveniente. • O câmbio flutuante amortece crises externas e nessas opor-

tunidades exige taxas de juros menores. Deixa o mercado mais livre e mais equilibrado em economias estabilizadas. • O câmbio fixo pode ser útil em determinadas circunstâncias, mas pode fragilizar o país em situações de ataque especulativo à moeda. Além disso, qual seria a taxa de câmbio fixo que atenderia aos diversos agentes econômicos? • O câmbio flutuante fica à mercê das forças de mercado. Se a oferta de venda do Dólar, por exemplo, for maior que a oferta de compra, o ajuste se dá pelo preço, fazendo com que o Real se aprecie, ou seja, o Real se valorize frente ao Dólar. Quando há entrada forte de investidor estrangeiro (comprando Real), a moeda brasileira se valoriza perante o Dólar. Quando há grande saída de Dólar (investidor estrangeiro comprando Dólar) o Real desvaloriza perante o Dólar. Devido a essas pressões do mercado, o Banco Central acaba intervindo e, nos últimos anos, assistimos o Banco Central na ponta compradora para não permitir apreciação (valorização) exagerada do Real perante o Dólar. Essas operações acabaram gerando uma ação colateral, que foi a de elevar as reservas cambiais do Brasil. Risco de câmbio é a decorrência natural das operações internacionais em função da variação do valor das moedas (desvalorização e valorização). Toda transação internacional implica em algum tipo de risco cambial, podendo exigir uma operação de Hedge com a finalidade de oferecer proteção contra as oscilações cambiais.

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Ataque especulativo é um fenômeno diferente de desvalorização cambial. Embora um ataque especulativo bem sucedido leve a uma desvalorização cambial, o primeiro pode ocorrer sem que haja o segundo. Sem ater-se academicamente a conceitos e definições teóricas a respeito de um ataque especulativo, sabe-se, por experiência, que mais usualmente o fenômeno ocorre quando agentes de mercado iniciam forte pressão de venda na moeda local, obrigando o Banco Central a proceder a forte ajuste no câmbio (desvalorização), muitas vezes acompanhado de medidas como elevação relevante nas taxas de juros e utilização de reservas internacionais, antes de se decidir pela flutuação cambial. Estudiosos têm dedicado um tempo precioso para avaliar os fenômenos como a crise de dívida externa em 1985, o ataque especulativo de 1997 e a crise cambial de 1999. Casos mais recentes ocorridos no Brasil e que podem ser citados são: a crise cambial no México em dezembro/1994 provocou uma variação nas reservas internacionais no mês de – 7,5%; a adoção de BALANÇA COMERCIAL 2000 – 2009 – US$ bilhões

“Quando há entrada forte de investidor estrangeiro, a moeda brasileira se valoriza perante o Dólar. Quando há grande saída de Dólar,o Real desvaloriza perante o Dólar” bandas cambiais em março/1995 provocou uma variação de – 11,2% nas reservas cambiais e uma variação na taxa de câmbio de 5,2% no mês; em outubro de 1997, a crise dos Tigres Asiáticos repercutiu numa variação de – 13,3% nas reservas cambiais e 0,6% na taxa de câmbio; na crise cambial russa (quebra da Rússia) em setembro/1998, uma variação nas reservas cambiais de – 32,0% e no câmbio de 0,6%; em janeiro de 1995, o Brasil flutuou o câmbio com uma variação de – 18,9% nas reservas

44,924

46,456 50,000

Crises e câmbio

40,028

33,842

24,759 13,908

24,912

Ilustração: Pablo T. Quezada

13,199 -0,751

2000

2,651

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e uma variação no cambio de 65%; e agora, na crise global de 2008, em setembro, no auge da crise (quebra do Banco Lehman Brothers), o cambio sofreu uma variação de cerca de 50%, mas as reservas apresentaram pouca variação. Observa-se que o Brasil, já trilhando um caminho mais virtuoso em termos de política econômica, sobretudo após adoção do Plano Real em 1994, percebeu, com as crises de 1997 e 1998, que teria que ajustar mais profundamente suas reformas. Em 15 de janeiro de 1999, foi adotado o câmbio flutuante, ou seja, a oscilação de moeda em função das forças de mercado. O fato é que o chamado “Over Shooting” do Dólar, se assustou por um lado, de outro fortaleceu muito fortemente a posição dos produtos brasileiros no mercado internacional. Ou seja, com uma taxa de câmbio acima de R$2,00, as exportações brasileiras cresceram, gerando expressivos saldos na Balança Comercial. Balança Comercial A partir da adoção de uma política cambial mais adequada aos interesses nacionais, assim como uma maior profissionalização dos investidores brasileiros, além da modernização e competitividade dos produtos brasileiros, foi possível estruturar novas bases para uma abertura da economia brasileira e uma inserção do Brasil no comércio global. Entre 1995 e 1999, a balança comercial colecionou, ano a ano, saldos negativos: - US$ 3,353 bi; - US$5,538 bi; - US$8,375 bi; - US$6,590 bi; - US$1,237 bi, totalizando um déficit de US$ 25,093 bilhões. Nos anos seguintes, exceto 2000, que ainda apre-

Fonte: BACEN

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INVESTIMENTO DIRETO ESTRANGEIRO 2000 – 2009 – US$ bilhões

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Ilustração: Pablo T. Quezada

Investimento Direto Tomando-se a introdução do Plano Real como marco zero, ou seja, limite entre o País atrasado e o País em busca de sua modernidade, há que se dizer que o plano mostrou ser o plano de estabilização econômica mais eficaz da história, reduzindo a inflação, ampliando o poder de compra da população e remodelando os setores econômicos nacionais. Seu início oficial se deu com a publicação da Medida Provisória nº. 434, em 27 de fevereiro de 1994, que instituiu a Unidade Real de Valor – URV, estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou a desindexação da economia e determinou o lançamento do Real (nova moeda). Estava aberto, a partir daí, um longo caminho de ajuste e modernização da economia brasileira, ajustes cambiais; adoção de regras estáveis e respeito ao ato jurídico perfeito; programa de metas de inflação; amplo programa de privatização; disciplina fiscal com metas estabelecidas; superávit fiscal; saneamento financeiro; agencias reguladoras; modernização e eficiência do parque industrial; modernização e maior formalização dos sistemas financeiros e do mercado de capitais e, em destaque a Lei de Responsabilidade Fiscal, LC. 101 de 04/05/2000, que estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, buscando o equilíbrio das contas públicas, com destaque para o planejamento, o controle, a transparência e a res-

50,000

Economia

sentou um déficit de US$751 milhões, o saldo da Balança Comercial passa a apresentar resultados positivos consistentes.

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Fonte: BACEN

ponsabilidade como premissas básicas.

“Desde janeiro de 2008, o Brasil passou à categoria de credor externo líquido, quando seus ativos no exterior superaram seus passivos em US$4 bilhões” Aos poucos e de forma consistente, o Brasil passou a ser um pólo de atração para os investidores estrangeiros. No período de 1995 a 2008, o investimento direto estrangeiro representou um volume de US$ 305,264 bilhões, com expressiva média de US$ 21,804 bilhões por ano. No período de 2000 a 2008, o Investimento Direto Estrangeiro totalizou US$ 213,640 bilhões, com média anual de US$ 23,737 bilhões. Movimento do câmbio Todos se lembram, ainda,

da palavra “over shooting” do Dólar quando, em 29 de janeiro de 1999, o Governo promoveu a flutuação do cambio, mudando o regime fixo (com bandas) para o atual câmbio flutuante. Observouse naquela época uma desvalorização do Real em relação ao Dólar de cerca de 65%. Na atual crise dos mercados financeiros, a chamada crise do sub prime, novamente pudemos observar um “over shooting” do Dólar de mais ou menos 50%. Nessa recente crise, o que se destaca de forma relevante é que apenas o câmbio foi impactado, já que ao contrário de 1999 e em outras crises cambiais, não houve perda de reserva cambial, não houve elevação da taxa de juros para reter capital e não houve pressão inflacionária. Depois, o câmbio tomou seu próprio rumo, retornando a patamares mais racionais. Ao longo dos anos 2000, o câmbio de fechamento apresenta-se com oscilações mais ou menos previsíveis, inclusive com as intervenções do Banco Central. Reservas Cambiais As reservas cambiais são constituídas pelas moedas estrangeiras (Dólar) que entram

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ativos no exterior superaram seus passivos em US$4 bilhões. As reservas internacionais, em 2002, registravam US$16,3 bilhões e, em julho de 2009, já totalizam US$208,876 bilhões. Mercado de Cambio O Mercado de Câmbio é de fundamental importância para o País e assume papel extremamente relevante no mundo globalizado. De modo geral, as operações de câmbio são efetuadas por intermédio de insti-

tuições autorizadas (tratam do câmbio livre) e por instituições credenciadas (tratam do câmbio flutuante). São constituídas principalmente pelas operações de financiamento às exportações e, também, por intermediação cambial. Já as transações de comercio internacional são realizadas por operações de câmbio contratadas por bancos autorizados a operar no mercado de câmbio livre (cobrando taxa de administração pelos serviços e riscos do negócio). Foto: iStockxpert

no país por intermédio de investimentos diretos, empréstimos, financiamentos e captações de recursos externos. Nos últimos anos, em função de todas as mudanças havidas no País, o novo modelo de gestão pública e, sobretudo, a forma dinâmica de atuação do Banco Central, que rompeu com os modelos antigos e conservadores, vêm propiciando a acumulação de uma reserva cambial relevante, que torna o País mais seguro e mais respeitado. Em 2007, o Brasil registrou o quinto ano consecutivo de superávit em transações correntes. Trata-se de uma série inédita e expressiva, que decorreu, basicamente, dos expressivos saldos da balança comercial, que superaram - em 2005/2006 e 2007 - o nível de US$ 40 bilhões. Desde janeiro de 2008, o Brasil passou a categoria de credor externo líquido, quando seus

Principais operações financeiras com câmbio: • • • • •

Compra e venda de moeda estrangeira. Adiantamento sobre contrato de câmbio (ACC). Cobrança no exterior. Valores em moedas estrangeiras a receber e a pagar. Financiamento a exportação ou importação.

• • • •

Transferências com o exterior. Arbitragem em moeda estrangeira. Garantias Prestadas e Recebidas. Depósito em moeda estrangeira no Brasil.

Diversos instrumentos são disponibilizados aos empresários envolvidos com o mercado de cambio, utilizando para tal, operações realizadas no BM&F Bovespa. A estratégia do aplicador/investidor pode ser a de proteger seu investimento em função de exposição em moeda estrangeira (Hedge) ou utilizar os mesmos instrumentos como “Trader”, para maximizar os seus ganhos, nesse caso, envolvendo-se em situações de riscos, sujeitas a perdas. As principais oportunidades são: • ACC – adiantamento sobre contrato de câmbio. • SWAP – trocar a exposição em Dólar pela exposição de taxa de juros. • BNDES – • Cambio Pronto • Empréstimo OFF – Shore

• • • • •

Export Note Operação Financeira Pré – pagamento de exportação Proex Trava

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Foto: arquivo pessoal

Artigo

Alexandre Miserani

Negócios internacionais:

profissionalismo, sustentabilidade e oportunidades O colapso financeiro mundial, despertado pela crise de 2008, finalmente começa a ser debelado com as boas noticias vindas do norte, onde temos o restabelecimento do caminho ao lucro do Banco Goldman Sachs e também, nem que seja de forma parcial, dos níveis de consumo na Europa e Estados Unidos. Além da forte atuação da China como importante compradora internacional. Este panorama nos mostra o esforço global, unindo vários países e governos no foco do restabelecimento urgente da economia mundial. Muitos acreditaram se tratar de uma retomada da crise de 1929, outros a comparam a um verdadeiro tsunami financeiro. Por outro lado, alguns a alcunharam como mera marolinha, mas o importante é que, independente do posicionamento políticoeconômico dos diferentes perfis de governos/países, o esforço foi grande e focado no restabelecimento da economia e na volta da atividade comercial entre os países.

Este cenário de inconstância econômica nos apresentou um diagnostico da ainda forte dependência do Brasil com os fluxos comerciais com países estrangeiros e, conseqüentemente, a movimentação de capitais, o que nos leva a mais uma vez considerar a importância dos Negócios Internacionais como locomotiva da sustentabilidade financeira em qualquer parte do planeta. Não se sustenta um país alheio à roda que gira a comercialização mundial, e principalmente não se permite amadorismos no trato da questão. Os profissionais em Negócios internacionais são hoje bastante disputados

...profissionais em Negócios internacionais são hoje bastante disputados pelas empresas e não somente as grandes e as trading companies, mas por qualquer empresa com um mínimo de percepção de longevidade e competitividade dos seus produtos...

Os negócios internacionais, como não poderia ser diferente, também se viram afetados pela crise, com forte diminuição em negociações e troca comerciais, apresentando um cenário de queda nas exportações e importações, comprometimento de embarques, desembarques e logísticas e principalmente o temor de novos investimentos em negociações com outros países. No Brasil, a certeira decisão do governo em reduzir impostos sobre produtos industrializados de diversos produtos que contam com uma significativa cadeia produtiva, aqueceu a economia e deu novo impulso à nau dos negócios internacionais, provocando maior movimentação nos mercados estrangeiros seja na importação ou exportação, ainda que pouco suficiente para retomada dos índices pré-crise.

pelas empresas e não somente as grandes e as trading companies, mas por qualquer empresa com um mínimo de percepção de longevidade e competitividade dos seus produtos, sempre com foco nas oscilações mundiais que fatalmente irão refletir na gestão destas empresas. Entretanto, estes profissionais não surgem apenas da mera vontade e curiosidade em participar deste processo, mas principalmente de profundos conhecimentos em geopolítica internacional, legislação em comércio exterior (principalmente num país como o Brasil de

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fortes oscilações e alterações nas decisões político-econômicas), diplomacia empresarial, estudos da sistemática de exportação e importação, entre outras tantas áreas que complementam esta formação. Enfim, é importante que os candidatos a esta desafiante profissão busquem cursos superiores de formação na área, com credibilidade bastante para incentivá-los a dar continuidade a seus estudos na área, preparando-os a enfrentar os desafios que lhes reserva o cotidiano da profissão, que nada tem de rotina ou enfadonho. Muito antes pelo contrário, ele traz dinamismo e emoção suficientes para que cada dia seja uma nova oportunidade de descobrir o prazer de saber que o mundo é uma verdadeira aldeia global, onde, apesar das idiossincrasias, buscamos sempre o bem comum.

Prof. Alexandre Miserani Centro Universitário Newton Paiva - Belo Horizonte , Coordenação Curso Comércio Exterior, Coordenação Curso Negócios Internacionais, Coordenação Geral Cursos Seqüenciais e Tecnológicos

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Turismo

Escarpas do Lago

Paraíso de beleza e suntuosidade

Selma Tomé e Luciana Ricardino

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Foto: Edgar Rodrigues

O empreendimento imobiliário que começou com um loteamento e se tornou um dos maiores pontos turísticos de Minas Gerais 47

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Foto: Edgar Rodrigues

Turismo

Valle Mendes, então diretor da empresa, deu início às obras, cujo projeto havia sido concebido dois anos antes. Os serviços iniciais para a construção do “Complexo Integrado de Residência Campestre Lazer e Recreação” consistiam apenas em urbaniza-

do imobiliário na região. Segundo o corretor de imóveis, Elei José da Silva, que há nove anos trabalha em Escarpas do Lago, as residências variam de R$200mil até R$5 milhões. “O preço varia muito porque 95% das casas são vendidas com todos os móveis, utensílios, veículos e até embarcações. Além disso, a variação pode ocorrer também em virtude da localização”, explica o corretor. Ter um imóvel para alugar nas férias, finais de semanas ou feriados também é uma ótima opção de investimentos em Capitólio. Segundo o corretor, o aluguel de uma casa para fim de semana custa em torno de R$5mil em dias comuns. Nos feriados prolongados, este número pode ultrapassar R$30mil. “Semana santa, carnaval, natal. Nestas épocas os preços sobem mesmo, o feriado já virou tradição, vem gente de Recife, Montevidéu, Londres, de todos os cantos. As ruas ficam cheias de Lamborghinis e Ferraris”, comenta Silva, referindo-se a alguns dos carros mais desejados do mundo.

Escarpas do Lago é um bairro com ares de condomínio de luxo, que em três décadas se transformou em um dos maiores empreendimentos turísticos de Minas Gerais. Localizado no município de Capitólio, na região sudoeste do Estado, o loteamento de casas de campo, às margens do Lago de Furnas, atende ao seleto público de turistas de segunda residência que agitam a cidade durante feriados e fins de semana e movimentam a economia regional. É verdade que os “atrativos” do município de Capitólio estão além dos limites de Escarpas do Lago. As cachoeiras, lagos e canyons lhe renderam até o título de “Cidade Rainha dos Lagos”, mas é Escarpas do Lago que movimenta a cidade e é de lá também que vem a maior fonte de arrecadação com turismo no município. O balneário surgiu com o grupo Mendes Júnior, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Furnas. Na década de 80, o empresário Marcos

70% do IPTU arrecadado em Capitólio vêm de Escarpas

ção, construção de barragens para contenção de nascentes e construção de estações de piscicultura. Hoje a estrutura conta com uma invejável e sofisticada rede de serviços que emprega mais de 1300 pessoas e caracterizam um estilo de vida. Mercado imobiliário As mais de 700 casas do balneário competem na beleza e suntuosidade e movimentam o merca-

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Tudo isso contribui para que o metro quadrado de Escarpas do Lago esteja entre os mais valorizados do Estado. “Um lote de mil metros quadrados pode variar de R$100mil a R$ 1,5milhão”, conta o corretor.

município, devido às melhores condições de trabalho criadas com o balneário. De acordo com dados analisados pelo turismólogo, no período entre 1980 e 1991, a população cresceu 30,63%, o dobro do índice apresentado em todo o Estado. De acordo com o Departamento Municipal de Turismo de Capitólio, o balneário estimula também o turismo fora do bairro. “Os turistas de Escarpas frequentam também as festas e atrativos naturais da cidade, além disso, movimentam também o comércio”, afirma a diretora do departamento Fabiana de Melo Silva Batista. Para se ter uma idéia da importância econômica de Escarpas do Lago para o município, em 2004, dos cerca de R$ 635 mil arrecadados com o Imposto Territorial e Predial Urbano (IPTU), mais de R$465 mil vieram do balneário e a margem de 70% permanece nos dias de hoje.

Foto: divulgação

Importância econômica Apesar de ser apenas um bairro, Escarpas do Lago possui uma estrutura semelhante à de um Condomínio, com administração própria e acesso controlado. Uma guarita verifica durante as 24 horas do dia a entrada e saída de todos que passam pelo balneário. A área de lazer comum aos moradores compreende um clube campestre com sede náutica de mais de 700 metros quadrados de área construída, oferecendo aos turistas restaurantes, lanchonetes, piscinas, saunas, vestiários, salões de jogos, quadras para várias modalidades esportivas, ginásio coberto e playground. Com o Lago de Furnas, a prática de esportes náuticos é

uma das principais atrações de Escarpas e também uma grande fonte de serviços. Mais de 600 embarcações de pequeno, médio e grande porte circulam pelas águas cristalinas da represa do Rio Grande. Os turistas podem contar com garagens cobertas e descobertas para as embarcações, guincho náutico, oficina completa para reparos e manutenção, ancoradouros e bombas de abastecimento para estas embarcações. Para manter toda esta estrutura, milhares de empregos diretos e indiretos, empreendimentos náuticos e de serviços turísticos, o município atrai um número cada vez maior de pessoas em busca de trabalho. A dissertação de mestrado “O Turista de Segunda Residência e os Impactos da atividade turística: O Caso do Balneário Escarpas do Lago em Capitólio-MG”, de Luiz Neves de Souza, aponta Escarpas como o principal responsável pelo crescimento populacional do

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Mercado

Dinorá Oliveira

Lar, doce lar! Sonhos concretizados: famílias menos abastadas e setores ligados à construção civil celebram os incentivos - assim como os resultados - do pacote de financiamento habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. Nesses tempos de anormalidade e medo, não raro, surgem boas idéias e soluções promissoras. No primeiro semestre de 2009, nascido sob a intimidação da crise financeira internacional, houve, no Brasil, algumas mostras disso. Uma das proposições estimulantes é o pacote de financiamento habitacional apresentado pelo governo federal, que recebeu o sugestivo nome de “Minha Casa, Minha Vida”. Em entrevista coletiva

concedida em junho, o ministro Marcio Fortes (das Cidades) falou sobre o programa, que foi aprovado em 13 de abril, por meio da Medida Provisória (MP) 459. O ministro fez questão de ressaltar a meta do “Minha Casa, Minha Vida”: efetivar a construção de um milhão de moradias para famílias com renda mensal de, no máximo, dez salários mínimos. O pacote de medidas favorece construtoras e incorporadoras, mas

estende os braços a todo o setor, ajudando a reduzir, por exemplo, o preço de materiais para construção, de impostos, de taxas para registro de imóveis e também o custo de seguros, uma vez que acaba com a venda casada de seguro e financiamento imobiliário. Com os incentivos e facilidades do programa, o Ministério das Cidades almeja reduzir em 14% o déficit habitacional brasileiro, hoje estimado em mais de

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Situada na faixa salarial mais baixa, e também mais beneficiada pelos incentivos propostos no programa, a trabalhadora diz que esta é a melhor oportunidade que já teve para conquistar um teto seu e garantir um futuro mais tranquilo para as três filhas. “Estou de dedos cruzados. Assim que ouvi falar, corri para pegar a ficha e me inscrever. Tenho muita esperança, como nunca tive antes. Para mim, comprar uma casa sempre pareceu um sonho quase impossível (só se eu ganhasse na loteria). Mas, agora, com esta chance, acho que vou conseguir, se Deus quiser”, anima-se. O programa ainda oferece vantagens para quem ganha de três a seis salários e também àqueles que têm renda entre seis e dez. Nesses casos, porém, existem

Foto: Matheus Vilhena

Programa de família Com investimento federal da ordem de R$ 34 bi, o “Minha Casa, Minha Vida” visa, primordialmente, àqueles que ganham até três salários mínimos. A eles serão destinadas 400 mil moradias. Nesse segmento, por dez anos, a prestação mínima será de R$ 50 e a maior não pode ultrapassar 10% da renda do trabalhador. O restante será subsidiado pelo Governo Federal (R$ 16 bi de subsídios). Outra boa nova é a isenção do seguro.

outras condições de financiamento. Mas também com subsídios governamentais. As famílias que têm renda de até seis salários mínimos, por exemplo, terão R$ 2,5 bilhões do Governo Federal e R$ 7,5 bilhões do FGTS. Para elas, a prestação pode chegar a 20% da renda do beneficiário. Além disso, o subsídio individual vai depender da localização do imóvel. Os financiamentos destinados aos que estão na faixa mais alta de ganhos (de seis a dez salários) terão estímulos com o Fundo Garantidor e a redução do seguro.

sete milhões de moradias. Essa falta de teto atinge, sobretudo, a camada da sociedade que ganha até seis salários mínimos. Tal grupo representa mais de 90% dos “sem casa”. A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias de Construção de Minas (SindusconMG), Walter Bernardes de Castro, que é economista e advogado. Para ele, diante dessa realidade, o “Minha Casa, Minha Vida” acertou em cheio, uma vez que “ataca” primordialmente a faixa social onde há maior concentração do déficit de moradias.

O ministro fez questão Sem este, as prestações podem de ressaltar a meta cair em até 35%. Líndia Ferreira Lima é auxiliar do “Minha Casa, de serviços, e garante um “extra” trabalhando como diarista nos Minha Vida”: efetivar “dias de folga”. Tão logo o pacote foi anunciado, a trabalhadora se a construção de um inscreveu para o financiamento da (tão sonhada) casa própria. milhão de moradias

Agradar a gregos e troianos? O microempresário René Lemos é um dos que podem usufruir desses estímulos, mas não está totalmente satisfeito com eles. Embora tenha adquirido seu primeiro apartamento, ele confessa que não financiou exatamente o que desejava, em razão de não poder ultrapassar o valor de R$ 100 mil. Ele acaba de completar 30 anos e se presenteou com o imóvel. “Na verdade, eu queria comprar um dois quartos, para ter mais espaço para receber a família, que mora no interior. Mas, para me encaixar na faixa financiada pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’, tive de optar pelo apartamento de apenas um quarto. Mesmo assim, estou muito contente: o apartamento é novinho e fica num local muito bom, perto de tudo”, alegra-se o novo proprietário. A meta é um milhão de novas moradias: mais casas, empregos, geração de renda e negócios

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Foto: Alessandra Amaral

Mercado

Para Bernardes, o programa acertou em focar as camadas menos favorecidas, nas quais o déficit habitacional é enorme

Histórias similares à de René são uma das fontes geradoras das poucas críticas que o pacote tem recebido. Este é o caso da enfermeira Carmem Lúcia Paula “Eu queria financiar um apartamento no bairro em que sempre morei, na região Noroeste de BH. No entanto, não é possível achar um três quartos de até R$ 100 mil ali naquele bairro. E eu tenho três

filhos. Preciso de algum espaço. Não quero luxo, quero tranquilidade para minha família. Morar lá “onde Judas perdeu as botas” não dá. Acho que os financiamentos deveriam levar em conta, além da renda familiar, os custos dos imóveis, lembrando-se também da classe média”, reclama. A reclamação de Carmem esbarra na convicção do presidente do Sinduscon-MG, Walter Bernardes. Para ele, a classe média já se beneficiou em outros momentos da História. Além disso, ele esclarece que há outras linhas de financiamento, inclusive de bancos privados, e que teriam taxas bastante competitivas, visando ao financiamento de imóveis acima de R$ 80 mil. Ou seja, a classe média também tem como se satisfazer, mas fora do “Minha Casa ...”. Por outro lado, a queixa da enfermeira encontra eco nas palavras do presidente

do Creci-SP, José Augusto Viana Neto. Durante um congresso imobiliário, realizado em Gramado (RS), após o lançamento do pacote, Viana teria sentenciado que “o Governo errou no foco, ao se preocupar somente com a questão econômica do País, esquecendose da ordem estrutural e social”. Para Viana, uma boa solução seria ampliar o valor destinado ao programa, abarcando também o financiamento de imóveis usados. Com isso, poderia se gerar economia, devido à movimentação das indústrias periféricas da construção civil. No mesmo evento, o exgovernador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (um dos palestrantes), mostrou visão mais otimista. Rigotto teria saudado o programa como um ótimo estímulo ao setor de construção e à economia do País, elogiando ainda a desoneração dos custos de setores

Primeiros impactos do pacote imobiliário (levantamento referente ao primeiro semestre)

• R$ 17,5 bilhões – é o montante que a CEF já aplicou neste 2009 • R$ 1,5 bilhão do total é referente ao “Minha Casa, Minha Vida” • 351 mil contratos foram fechados (recorte na História da Caixa) • 75% é o aumento do número de contratos, em relação ao mesmo período de 2008 Outras boas novas:

• Propostas para a redução da burocracia e agilização dos processos nos bancos estatais • Redução/isenção de seguros • Entre 75 a 90% de redução nos custos cartoriais para empreendedores • Cartório gratuito para mutuários com renda entre 3 e 6 Salários Mínimos • R$ 5 bilhões de recursos da União para as construtoras do setor privado • Desoneração de setores da economia ligados à cadeia produtiva da construção • Redução do déficit habitacional do País • Geração de empregos • Expectativas de crescimento de setores ligados à construção Fechando o cenário positivo:

• R$ 22 bilhões é o total previsto pela Caixa para crédito à micro e pequena empresa em 2009 • R$ 90 bilhões é o total previsto pela Caixa para crédito geral neste 2009 • Atualmente, a CEF está com a menor taxa de inadimplência d e sua História, resultando em mais segurança, credibilidade e negócios.

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Programa de empresários Insatisfações à parte, é fato que o pacote garante ao “brasileiro comum”, sobretudo de camadas menos favorecidas, como Líndia Ferreira, possibilidades mais plausíveis de ver edificado seu “lar, doce

lar”. Mas não é só a eles que os incentivos e vantagens chegam. Embora existam reclamações, a maioria em razão da restrição do custo dos imóveis (R$ 100 mil em BH e R$ 130 mil em São Paulo)

mo nos preços (cerca de 8%): afinal, grande procura valoriza o bem almejado. E se há algo inegável é o aumento da busca pelo financiamento da casa própria. O simulador de financiamento habitacional

a serem financiados pelo “Minha Casa, Minha Vida”, existem também benefícios que decorrem do lançamento do pacote. A redução nos custos dos insumos da construção, por exemplo. Afinal, produtos mais em conta resultam em edificações mais baratas. O aumento da demanda, além de alegrar o empresariado da área, estimula projeções positivas. “Este é um daqueles momentos históricos para a indústria da construção e o mercado imobiliário”, declarou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, em discurso no Palácio do Itamaraty, falando sobre o lançamento do pacote de financiamento habitacional. Talvez, neste início, ainda sob os “primeiros calores” do programa, tenha ocorrido certo acrésci-

da Caixa, por exemplo, passou de 74 mil para 450 mil acessos por dia, com mais de 1 milhão de simulações de novos financiamentos da casa própria. Os empreendedores imobiliários também têm se surpreendido com o aumento na procura e com o crescimento de visitantes em estandes de vendas e apartamentos-padrão. Além desse empurrão no entusiasmo popular, o “Minha Casa...” trouxe uma linha especial de financiamento (R$ 5 bi) para as construtoras, a fim de estimular investimentos em infraestrutura. Nesse caso, os arquitetos terão até 36 meses para saldar o empréstimo, com carência de 18 meses (prazo de conclusão da obra). Há mais: dentro das propostas do pacote, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Foto: arquivo pessoal

periféricos, como o de materiais de construção. No entanto, o palestrante se mostrou condescendente com a visão de Viana, sobre a extensão do programa aos imóveis usados, afirmando que “uma coisa não inviabiliza a outra”. O presidente do Sinduscon-MG, por seu turno, destaca que a maior geração de empregos e negócios está mesmo é nas novas construções. Além disso, de acordo com Bernardes, não existe número suficiente de imóveis prontos para saldar a demanda da faixa social que mais precisa de casa. A despeito das críticas, em entrevistas recentes, Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) - principal agente financeiro do setor imobiliário - tem reiterado que o banco tem feito estudos permanentes, todos visando à redução de juros para o crédito em geral. Ela afirma ainda que as “taxas para micro e pequenas empresas chegaram a cair de 6% para 2,44%, ao ano, para operações com o fundo garantidor”. A queda das taxas de juros permitirá mais fluxo de recursos também para a poupança (outra fonte de verbas para financiamento da habitação, principalmente para classe média). Aliando-se a isso o aumento da demanda, a desburocratização prevista para futuros financiamentos na CEF (ainda em médio prazo) e novas modalidades de financiamento, o resultado deve ser uma “carona” para classe média.

Esperança: Líndia e as filhas têm fé na concretização do sonho da casa própria

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Mercado

Social (BNDES) também oferece linhas de crédito. Estas visam atender à cadeia produtiva do setor de construção civil, a fim de ampliar a qualidade. O BNDES pretende, ainda, dar estímulos a propostas que garantam menores prazos de entrega e também àquelas que se propuserem a

reduzir custos e minimizar impactos ambientais. Portanto, diante de tantos prós e tão poucos contras, é possível supor que o novo programa de financiamento habitacional brasileiro ainda deve garantir bons ventos para a construção civil (e setores “adjacentes”). E a brisa de otimismo tem

se aproximado, cada vez mais, da grande fatia da sociedade que sonha em ter o próprio chão. Para completar a beleza do cenário, ainda há a “força extra” do BNDES, que ajudará a garantir que, ao construir a casa de cada um, não seja esquecida a casa de todos nós.

A escritura que falta na hora do crédito Além da escassez de “tetos”, vale lembrar que a ilegalidade em que muitas construções se encontram é outro empecilho ao aquecimento de negócios imobiliários. Em Minas Gerais, por exemplo, segundo estimativa da Secretaria O Secretário Estadual de Reforma Agrária, Manoel Costa, entrega título de propriedade Extraordinária Estadual para Assuntos de Reforma Agrária (Seara), existem cerca de 250 mil famílias sem o titulo de propriedade na área rural. Na zona urbana, são cerca de 700 mil propriedades sem escritura. Realidade que dificulta novas construções, reformas ou outros investimentos imobiliários. “A regularização permite acesso a financiamentos urbanos e rurais, com conseqüente aquecimento dos negócios no mercado da construção civil. Ou seja, com mais moradias e regularizadas, ganham a população, os construtores, a indústria, o comércio, seja ele de moradias, materiais de construção ou outros insumos”, explica o Secretário Estadual para Assuntos de Reforma Agrária, Manoel Costa. O Título de Propriedade, devidamente registrado no cartório de registro de imóveis, confere ao titular a segurança jurídica, pela qual ele poderá acessar linhas de crédito em bancos oficiais e privados, além de programas de governo, como o Pronaf, no caso rural. Na área urbana, essas famílias poderão se candidatar a linhas de crédito junto à Caixa Econômica Federal e bancos privados para reforma do imóvel. Em ambos os casos, isso significa dinamizar a economia das comunidades, pois o dinheiro fica no município, gerando emprego e renda. A Seara faz um trabalho consistente, cujo foco principal são os municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB), onde naturalmente também são mais baixos os índices de regularização de terras. Manoel Costa defende que a experiência mineira seja expandida por todo o país. Segundo ele, esse modelo já é uma referência nacional tanto pelo fato de ter adotado uma nova metodologia quanto com a preocupação de resgatar a cidadania dos pequenos produtores rurais e de agricultores familiares. O secretário afirma que, para um município se desenvolver, tem que ter basicamente mercado comprador e matéria-prima. Se não há terreno regularizado, as empresas não se interessam pelo município. Conforme o titular da Seara, o ideal seria que os prefeitos, vereadores e a comunidade se preocupassem com a regularização fundiária, aproveitando o momento e facilidades que o governo estadual está oferecendo.

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Foto: arquivo pessoal

Artigo

Fátima Ferreira

Desenvolvimento dos diferentes O crescente número de faculdades e cursos profissionalizantes não se mostra suficiente para atender à demanda do mercado, que sofre com a falta de profissionais mais qualificados, com o turn over e comprometimento da competitividade. A solução para um mundo melhor exige de nós situar no futuro, os efeitos das ações presentes. O que espera uma sociedade que ainda negligencia a educação integral, que oferece aos seus “clientes” - os alunos - apenas os conhecimentos academicistas, desconectados da visão contextualizada em que aprender e ensinar são faces do mesmo objetivo de desenvolver? O que esperar de homens e mulheres que ainda veem o trabalho como algo sacrificial e desvinculado de seus projetos de vida pessoal? O que esperar das organizações que contratam pessoas sem considerar o estilo cultural que rege suas relações e que implantam programas de desenvolvimento sem uma análise profunda do perfil dos homens e mulheres que serão submetidos a tais iniciativas, afim de estabelecer o alinhamento entre as expectativas do grupo com os objetivos da empresa? Respeito à diversidade pressupõe também o favorecimento da compreensão e o acolhimento do diferente. Deveríamos nos empenhar em analisar a geração de trabalhadores que ora ingressa no mercado, a fim de criarmos as condições indispensáveis para que eles consigam, além de integrar-se ao mundo do trabalho, encontrar clima propício para se desenvolverem de modo a liderar equipes para enfrentar os desafios de uma realidade cada vez mais imprecisa.

A educação ministrada nas instituições brasileiras ainda privilegia conteúdos, fragmentos de especialização, com olvido de que o aluno carece de orientação e preparo para a vida, para a convivência e desenvolvimento de habilidades e atitudes. As organizações, por sua vez, trazem o foco nas próprias necessidades, marcadas por prazos encolhidos e buscam então, no estagiário, a mão de obra que representa a continuidade para os seus processos, projetando nesta parceria a esperança na aquisição de novos talentos para compor seus quadros. Os jovens que hoje ingressam nos programas de estágio, diferem em muito dos profissionais que fizeram “carreira” nas empresas ao longo dos últimos vinte anos. Seus valores são outros, pois seguem suas consciências em detrimento da obediência hierárquica, condição presente em muitas das grandes empresas brasileiras. São informais por natureza, tendo dificuldade em respeitar a hierarquia, sem que isto constitua desrespeito. Quando necessitam de uma permissão e sabem de onde ela virá, não hesitam em ir direta-

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objetivos, por vezes se aproximam da agressividade, quando não se acanham na passividade pelo medo de errar. Exatamente por isso não podem compreender o comportamento tão comum da geração dos boomers, que dizem uma coisa quando a bem da verdade desejariam dizer outra, mas é regido pelo modelo mental da obediência à hierarquia e às normas e convenções. Estes jovens profissionais não suportam os discursos moralistas, mas costumam atender aos bons exemplos. Nós, os profissionais de recursos humanos, os sociólogos e demais profissionais afinizados com o comportamento humano, imbuídos do propósito de compreender para melhor contribuir com a melhoria da qualidade de vida no mundo corporativo, precisamos compartilhar idéias que viabilizem a construção de ambiência capaz de, por um lado, albergar a explosão de energia, otimismo e criatividade que o novo contingente de pessoas, esses construtores do nosso futuro, têm para oferecer, e de outro, ajudar a desconstruir a resistência natural que eles encontram, por parte das demais gerações, com suas próprias expectativas, necessidades e modelos mentais.

Fátima Ferreira é consultora de

RH, especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, Master Coach pelo ICI e presidente da Fator Estratégico

Consultoria, em Belo Horizonte.

Foto: iStockxpert

mente, passando “por cima” dos cargos e papéis, a titulo de agilidade na resolução de problemas. Eles são fruto de um movimento educacional em que a sociedade os protegeu de tal modo, para preservarem-nos da ausência dos pais, dos cuidados urbanos, que se viram dispensados de galgar os degraus ascencionais que nos conduzem ao nível posterior, na pirâmide de Maslov... simplesmente foram situados no topo e passaram a se orientar por sentido, pela busca de significado. Este salto de etapas, contudo teve um preço. Protegidos das necessidades fisiológicas e de segurança pelos pais superprotetores, não tiverem de se esforçar, muitas das vezes, nem em construir um espaço para serem aceitos nos grupos. Os professores tiveram de atuar como cuidadores, passando a interferir para que fossem aceitos nos grupos, a partir de “combinados”, que depois não encontraram ressonância no mundo dos adultos, ainda regido por normas, frequentemente bastante inflexíveis. Para muitos, a tecnologia não se constitui de uma ferramenta, mas de um estilo de viver, em que o planejamento, o pré-estabelecido, cedem lugar à descoberta, ao novo e imediato, que invalida, sem preâmbulos, a realidade anterior. Isto reflete na rebeldia com que, às vezes, ele reage às regras, aos resultados de longo prazo, que para ele são algo distante e desestimulante. Assim, promessas de carreira, promoções futuras e projetos de longo prazo são fatores de falta de motivação que provocam o turn over. Não costuma criar laços afetivos profundos nas relações profissionais, embora sejam capazes de atender demandas, movidos mais pelo desejo de agradar os vínculos pessoais estabelecidos do que pela pretensão de conquistar cargos. Uma das maiores dificuldades dessa geração é a falta de alinhamento entre o discurso e a prática. São diretos e

Os jovens que hoje ingressam nos programas de estágio, diferem em muito dos profissionais que fizeram “carreira” nas empresas ao longo dos últimos vinte anos.

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Mercado Regiane Santos

Praia mineira com dias ensolarados Bares e restaurantes de BH estão imunes à ressaca provocada pela crise mundial. Setor cresce 12% ao ano “BH não tem mar, mas tem bar”. A máxima que motiva os freqüentadores de bares e restaurantes na capital mineira proporciona, mesmo em tempos de crise econômica mundial, dias ensolarados com um límpido céu azul na “praia” preferida pelos mineiros.

Basta passear pelas ruas da capital mineira após o pôr-do-sol para deparar-se com bares e restaurantes lotados. Nas descontraídas e animadas conversas em mesas espalhadas pelas calçadas ou em ambientes mais sofisticados, o mineiro não se importa de gastar

para se divertir nas mesas de bar. O setor passa longe da ressaca e não para de crescer. O harmonioso ritual que contribui para aliviar o estresse do dia a dia movimenta a economia do Estado, mensalmente, com R$ 900 milhões. A Associação Brasileira de Bares e

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Foto: Daniel Carneiro

crescimento de 8% em relação a 2007. O tão temido fantasma do desemprego não assolou os bares e restaurantes de Belo Horizonte, que empregam 72 mil pessoas em Belo Horizonte - 300 mil no Estado – e não registraram, até o momento, demissões motivadas pela crise econômica mundial. Minas Gerais tem 50 mil bares, sendo que a capital mineira concentra mais de 25% deste diversificado universo de lazer e entretenimento. São quase 12 mil estabelecimentos, ou seja, um bar para cada 166 habitantes. Não surpreende então que o prefeito Márcio Lacerda tenha sancionado, em maio deste ano, a lei 9.714, que institui Belo Horizonte como a Capital Mundial dos Botecos, confirmando, oficialmente, a prática a qual os belo-horizontinos são prazerosamente afetos.

Sem preocupação

Foto: istockphoto

O empresário Edmar Roque tem cinco casas em Belo Horizonte, algumas delas mais novas, como o Pomodoro e o Butecando e outras que se perfilam entre as mais antigas da cidade, como a Cantina do Lucas, um restaurante a “la carte” de farta crônica histórica, que resis-

Restaurantes (Abrasel) em Minas Gerais estima um crescimento de 12% para o segmento em 2009, com expansão de R$ 108 milhões na receita. A “maré está para peixe” deste o ano passado, quando, de acordo com a entidade, o setor teve um Edmar Roque: bares e restaurantes não foram afetados pela crise

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Foto: Daniel Carneiro

Mercado

Pedro Martins da Costa: padrão de excelência

te há 47 anos. Roque também é proprietário da Casa dos Contos, na Savassi, que existe há mais de 25 anos e ainda é o preferido de jornalistas, sociólogos, arquitetos e outros pensadores da política e das artes. Juntos, esses estabelecimentos recebem cerca de 22 mil pessoas por mês. “Quem está no mercado há muito anos”, diz Roque, “já atravessou várias crises e conhece seus efeitos. Nos turbulentos anos 80 e 90, o setor viu o fechamento de casas pelos mais diversos motivos – empresários despreparados, aventureiros ou até mesmo alguns mais equilibrados fecharam suas portas. Normalmente, o setor sente os efeitos de crises, porque quando o dinheiro fica curto, uma das primeiras providências é cortar o jantar fora de casa”. O que não é o caso agora, diz o empresário, que viu suas vendas crescerem 12% nos últimos 12 meses. “Hoje eu acho que nós não estamos em crise. É claro que, em um primeiro momento, houve uma expectativa, uma certa insegurança, mas a economia brasileira, mais madura, nos trouxe mais segurança e bares e restaurantes

não chegaram a ser afetados”. As casas de Roque empregam 200 funcionários e ele não demitiu ninguém. Pelo contrário, está investindo na expansão da rede. Prova disso é a abertura, para breve, de uma nova casa: a Casa dos Contos do Jardim Canadá, com 360 lugares.

Novos horizontes “Nadando de braçada” neste próspero mar mineiro também está o Porcão. Inaugurada no ano de 2003 em Belo Horizonte, a churrascaria carioca que integra uma das maiores cadeias de restaurantes em sistema rodízio do país, faturou, em 2008, R$ 12 milhões somente em sua unidade localizada na capital. Com seus negócios em Belo Horizonte indo de vento em popa, o Porcão BH pretende concluir, no segundo semestre deste ano, a revitalização de seu bar. O projeto denominado “Buteco Chic” almeja agregar ainda mais glamour à refinada churrascaria, dividida em requintados salões com decoração exclusiva e vista privilegiada para a Serra do Curral. Com a reforma, o Grupo Porcão pretende elevar ainda

mais as cifras de seu faturamento, ampliando sua clientela junto ao público A e B. “Será feito um trabalho direcionado para a captação de clientes da rede hoteleira e aeroportos, divulgando o restaurante como opção gastronômica e de entretenimento na capital mineira. Apostamos no aquecimento do setor turístico neste ano, devido à instabilidade externa”, afirma o gerente geral do Porcão BH, Ronaldo Serpa. Atualmente com 145 funcionários, a unidade Belo Horizonte vai ampliar ainda mais seu quadro de colaboradores. “Vários setores serão reformulados no Porcão. Até dezembro, devemos contratar mais pessoas para atuar na área comercial de BH”, observa Serpa.

Padrão de atendimento Enquanto empresas de fora também fincam sua barraca na praia mineira, os empreendedores daqui vão buscar, na fonte, a melhor maneira de trabalhar. “O empresário mineiro trouxe de São Paulo um padrão de excelência, tanto no atendimento quanto na gastronomia. O resultado é que temos hoje um dos serviços com mais qualidade no país”, acredita o empresário Pedro Martins da Costa, da rede Gourmet, à qual está ligado um mix variadíssimo de casas, que inclui choperia, pizzaria e restaurantes de comida internacional. Juntos, eles empregam mais do que muitas grandes empresas: são cerca de 300 funcionários. Santa Fé, Vila Madalena, Germano, Udom e Pizzaria Olegário são endereços aos quais acorrem 1.800 pessoas por dia, cada vez mais fiéis. Uma das estratégias para que isso aconteça é o cartão fidelidade, parceria da rede Gourmet com

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a Mastercard, Johnny Walker e Melissa. Com ele, o cliente assíduo acumula pontos e ganha

prêmios como camisas, mochilas, copos ou baldes de gelo. “Está dando tão certo que várias

empresas estão querendo aderir e patrocinar o cartão”, garante Martins da Costa.

“Vamos Butecar” Todos os anos, o Comida di Buteco lota os bares participantes do já tradicional – completou 10 anos em 2009 - festival gastronômico. A maratona em busca do mais saboroso tira-gosto e a cerveja mais gelada levou este ano, segundo o Vox Populi, 400 mil pessoas a percorrerem os 41 estabelecimentos participantes do circuito. “A Saideira”, festa que marca o encerramento e a premiação do concurso, reuniu um público estimado em mais de 40 mil pessoas.

O festival gastronômico proporciona não só o fomento da economia local, mas também o aperfeiçoamento na gestão dos negócios de bares e restaurantes. “Este evento é uma vitrine para o setor. O público se sente motivado a freqüentar os bares que, conseqüentemente, vendem mais, fidelizam clientes e realizam melhorias no estabelecimento com os lucros gerados, criando, assim, um círculo virtuoso”, argumenta o presidente da Abrasel Minas, Paulo Nonaka.

Bares em números Seis milhões de vagas. O expressivo número equivale à quantidade de postos de trabalho gerados por bares e restaurantes no Brasil. Minas Gerais concentra 300 mil vagas de emprego e Belo Horizonte, 72 mil. No ano passado, a Abrasel registrou a existência de 780 mil bares e restaurantes em todo país, que são responsáveis por 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Alimentar-se fora de casa em função da rotina da vida moderna também motiva a grande concentração de receitas no setor. Daqui a uma década, estima-se que 40% dos brasileiros irão passar a comer fora, elevando consideravelmente o faturamento do segmento, que poderá atingir o equivalente a 4% do PIB.

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Sommelier Supere

Vinhos

O país de vários estilos de vinhos Por Arilton Soares*

Para vermos uma bela tourada, temos que ir a Madri, Mas para degustar um bom vinho espanhol, as opções são inúmeras, mesmo sem ir à Espanha. Terceiro maior produtor de vinhos e o maior em área cultivada com uvas, a Espanha já produzia vinhos com os fenícios por volta de 1900 a.C. As primeiras evidências, porém, foram deixadas pelos romanos, que fermentavam o mosto em tanque talhado nas rochas, o que pode ser visto ainda hoje na região de Rioja. Os vinhos tintos, que no passado eram um pouco desequilibrados com madeira excessiva – às vezes eram encontrados vinhos com aroma e gosto de madeira podre – ganharam investimentos nos vinhedos e nas bodegas e passaram a ter um estilo mais vibrante, vigoroso, com a fruta mais valorizada. Eles continuam passando por madeira (na maioria das vezes carvalho americano), mas na medida certa. A uva Tempranillo (tem vários sinônimos, Ull de Llebre, Tinto Fino, tinto Del País, Tinto Del Toro, Cencibel entre outros e dois em Portugal, Aragonez no Alentejo e Tinta Roriz no Douro) é a principal uva tinta da Espanha e produz vários estilos de vinhos, dependendo do terroir. Podem ser mais tânicos como os da região de Toro, ou mais leves; podem variar de aromas de tabaco, especiarias e couro a aromas de frutas frescas. Os brancos, que não eram muito apreciados por serem amarelos e oxidados, hoje têm frescor e elegância, principalmente os produzidos na região noroeste com a uva Albariño. A legislação está sendo mudada e algumas novas regras estão sendo implantadas. Os vinhos espanhóis são bem claros mesmo envelhecidos. Quando o rótulo mostrar a expressão Vino Joven ou Sin Crianza, este é um vinho que não passou por barrica ou permaneceu menos de seis meses. Crianza é o vinho que permaneceu pelo menos dois anos na vinícola, dos quais pelo menos um ano em barril de carvalho. Na maioria dos países produtores de vinho, a menção reserva ou gran reserva nos faz entender que aquele é o melhor vinho daquele produtor, mas não existe uma lei para estas categorias. Na Espanha, o reserva indica que o vinho permaneceu no mínimo três anos na cantina, dos quais pelo menos um

ano em barril e dois na garrafa. Os gran reserva passam cinco anos na bodega, dos quais pelo menos dois em barril. Os vinhos brancos e rosès têm um tempo na cantina mais curto, varia de um ano para o crianza a quatro anos para um gran reserva. Mas em qualquer uma das categorias, a passagem por madeira é de no mínimo seis meses. O sistema de denominação, DO (Denominación de Origen) e DOCa (Denominación de Origen Calificada) exige atenção, já que são mais de 60 regiões demarcadas e elas não apresentam a mesma qualidade. Não daria para mencionar as melhores já que são várias, mas vamos falar de algumas como a Rioja: foi promovida de DO a DOCa em 1991, é dividida em Rija Alta, Rioja Baja e Rioja Alavessa. Produz principalmente tintos de vários estilos. Ribera sel Duero: produz poucos brancos e rosès. Seus tintos disputam a hegemonia com os da Rioja, são vinhos maravilhosos com boa estrutura para envelhecer. O vinho mais famoso e caro da Espanha está nesta região, é o Veja-Sicilia. Priorato: esta região está dentro da Catalunha, onde as cooperativas predominam, mas algumas vinícolas modernas usam mais o carvalho francês que o americano, produz vinhos de primeira classe. Penedés: também na Catalunha, produz tintos potentes, mas o destaque da região é a cava (nome dos espumantes espanhóis), usando as uvas Macabeo, Xarel-lo, Parellada e a francesa Chardonnay. Até a próxima, TIM, TIM.

* Professor da ABS-Minas e Sommelier da PIZZARIA OLEGÁRIO: Av. Olegário Maciel, 1748 Lourdes - BH - MG - Tel.: 31 3292 4692 - ariltonsommelier@pizzariaolegario.com.br

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S

ommelier upere Indica Indica

Crescendo - 2005 Tipo: Tinto País: Portugal Região: Alentejo Produtor: Altas Quintas Castas: 80% Aragonez e 20% Trincadeira Graduação Alcoólica: 14º GL

EQ - 2006 Tipo: Tinto País: Chile Região: Valle do Maipo ( San Antonío) Produtor: Matetic Castas: Syrah Graduação Alcoólica: 14º GL

Ontañón Crianza - 2005 Tipo: Tinto País: Espanha Região: Rioja Produtor: Bodegas Ontañón Castas: 90% Tempranillo e 10% Garnacha Graduação Alcoólica: 13º GL

Maria de Molina – 2006 El Huique Reserva – 2002 Tipo: Tinto País: Chile Região: Colchagua Produtor: El Huique Castas: Cabernet Sauvignon Graduação Alcoólica: 14º GL

Tipo: Branco País: Espanha Região: Rueda Produtor: Bodegas Frutos Villar Castas: Verdejo Graduação Alcoólica: 13º GL

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Fotos: arquivo pessoal

Na ausência do Líder,

exercite palavras Quando ocorrem eventos importantes, percebemos nossa enorme necessidade de líderes. Recentemente, presenciamos a morte de um Rei. Para os fãs, morreu um ícone, mas para todos que trabalhavam ao redor ou para este ícone, morreu um líder. Tudo parou, o líder se ausentou. Uma quantidade grande de líderes está tentando se reorganizar para substituir este ícone neste momento tão delicado, mas será que estavam realmente preparados para uma ausência desta magnitude? Mas o que estamos fazendo para que isto não ocorra na nossa vida profissional? Será que estamos preparados para caminharmos sozinhos, sermos um líder? Quero que pense e se questione sobre estas palavras e se praticá-las todos os dias, tenho a certeza que nunca sofrerá na ausência do seu líder. Resiliência, Comunicação, Disciplina, Confiança, Congruência e Resultado são as palavras que devemos exercitar como exercícios físicos diários e tenho certeza que você já os pratica hoje! Como está a nossa capacidade de sermos resilientes, de voltarmos à forma original depois de uma ocorrência, sermos como uma esponja que por mais que a deformemos, sempre retorna à forma original como se nada tivesse ocorrido? De quantas quedas já nos levantamos, das broncas ou brigas que engolimos e seguimos em frente? Daquele projeto que não deu certo e rapidamente estávamos prontos para outro, novos em folha como quando o iniciamos? Com qual freqüência exercitamos a palavra resiliência? Nossa disciplina faz com que estejamos atualizados e ‘ligados” no que acontece ao nosso redor, praticamos exercícios físicos para manter a mente oxigenada e pronta para ser mais ágil em um momento de decisão. De fazer o que deve ser feito por mais chato que seja lidar com as dificuldades todos os dias sem postergá-las, de buscar estar por dentro das estratégias da sua empresa e estar a par dos projetos que nossos líderes estão envolvidos. A comunicação hoje é a principal qualidade dos grandes líderes. Qual foi a última vez que realizou uma apresentação

ou liderou uma reunião? As pessoas te entendem quando você fala? Está sempre clara sua mensagem, as pessoas executam o que você pediu? Você consegue ouvir o outro ou apenas a sua própria voz? Sempre esquecemos o principio da comunicação, ele somente existe quando os dois lados estão se entendendo. Qual o seu nível de confiança? Acredita que tem a capacidade para entregar o que lhe pedem? Está feliz no seu trabalho, sua família te respeita, a mensagem que transmite é positiva? Confiança nasce e se desenvolve conforme a sua capacidade de cumprir com o prometido. Não apenas com os outros, as promessas que fez para com você mesmo contam e muito! Realizar as promessas pequenas e grandes é a forma mais eficaz de construir uma confiança, aquela confiança que as pessoas percebem de longe. Como uma conta corrente, cada promessa realizada credita um ponto a mais na sua confiança. Não prometa o que não consegue realizar que sua conta corrente ficará negativa.

Artigo

Dominic de Souza

A comunicação hoje é a principal qualidade dos grandes líderes

Congruência, Ah! Congruência, palavra simples, mas tão difícil de ser seguida à risca. Reclamamos que a cidade está um lixo e jogamos lixo no chão.

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Desperdiçamos água e dizemos que estamos preocupados com a ecologia, reclamamos do condomínio e não seguimos as regras, chamamos o elevador de serviço e o social ao mesmo tempo para subir no que chegar primeiro e nas reuniões de condomínio reclamamos que a conta de energia é alta! Xingamos porque alguém quebrou uma lei do trânsito quando temos muitas multas a pagar. Proibimos nossos filhos de ver televisão quando não desgrudamos do aparelho e proibimos palavrões quando... não preciso dizer. Quanta incongruência! FAZER o que você FALA! É a frase que traduz em 100% a congruência! Difícil, mas de uma enorme força para conquistar a liberdade. Quando somos congruentes não existem acusações ou desconfortos. Ser líder se torna muito simples quando somos congruentes. Estamos fazendo o que falamos? Por fim resultados. Os americanos usam duas palavras, Track Record, Histórico de Resultados. Nossas ações sempre falarão mais do que nossas palavras. Feitos e posturas construirão históricos que darão sustentação para sermos líderes e que todos seguirão independentemente de conhecer pessoalmente. Mais importante ainda, darão a confiança de que precisamos para entregar o que prometemos. Comece hoje a prestar atenção nas suas conquistas, celebre as vitórias, relembre e anote feitos do passado. Crie um currículo, um track record de conquistas

simples e grandiosas. Desde conseguir ensinar o seu filho a andar de bicicleta até aquela onde realizou 400% dos objetivos definidos. Tudo que fazemos para nós mesmos volta e reflete nos outros. Para aqueles que já possuem um histórico enorme, elenque os mais expressivos e deixe como legado para contribuir com aqueles que sonham em conquistar o que você já conquistou! Um verdadeiro manual de motivação! Sempre acredito que toda matéria deve terminar bem, assim, não fiquem tão preocupados se não praticam estas palavras ou se ainda não se sentem preparados para substituir o seu líder. Precisaremos de um líder em todos os momentos e em todas as fases das nossas vidas, é uma das necessidades inerentes ao ser humano. O que precisamos é estar suficientemente preparados para, na ausência do líder, nos reposicionarmos no menor prazo de tempo possível para continuar a nossa trajetória de sucesso.

Dominic de Souza Senior Sales Specialist - IBM Tivoli Automation ITIL Foundations Certified dominics@br.ibm.com

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Plano Decenal de Educação. Escrito a muitas mãos. Com o objetivo de garantir um futuro melhor para a educação de todos os mineiros, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou o Fórum Técnico Plano Decenal de Educação, uma oportunidade que a sociedade teve de apresentar propostas relacionadas ao ensino em Minas, para os próximos dez anos. Com o apoio de mais de 30 entidades e da Secretaria de Estado de Educação, foram realizadas reuniões, na capital e no interior, e consultas pela internet. Mais de mil propostas foram discutidas e 250 delas, aprovadas, podendo ser incorporadas ao projeto do Governo do Estado e transformadas em lei. Saiba mais no www.almg.gov.br

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