O Vale do Neiva - Edição 98 junho 2022

junho 2022 edição 98 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Primeiro jogo da mãe solidário pág. 5

Grupo Modilhas nas Rusgas ao Sr. da Cruz pág.

3

Mó em movimento

Grupo TeatroNeiva: Formação de atrizes e atores | pág. 3

Barcelos

Agenda Pela Nossa Terra – Minho 2022 | pág. 4

Informação autárquica

Mais de 600 pessoas na Queimada do Moinho | pág. 8

Crónica Ilha do Corvo página 10

índice edição 98 junho 2022

Literatura Três leituras para viver em junho Podemos ser felizes a pagar impostos?

Podemos!

Dicas de saúde para quem vai viajar

página 6

página 12

página 11

Mitos e lendas O bilho página 14

ficha técnica diretoria e administração:

Direção de “A Mó” redação:

José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

A análise do Palhaço

edição:

por José Maria Miranda

98 – junho 2022 colaboradores:

Alcino Pereira Américo Manuel Santos Ana Sofia Portela Daniela Maciel Fernando Fernandes Francisco P. Ribeiro J. F. Vila de Punhe José Händel de Oliveira José Maria Miranda Liliana Ivone da Silva Pereira Pedro Tilheiro design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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editorial

edição 98 • junho 2022

Presidente da Direção d’A Mó

O

mês de junho é o mês dedicado às crianças de todo o mundo. Entristeço-me quando acompanho o desenvolvimento da guerra na Ucrânia e reparo naquelas crianças que sofrem sem perceberem o porquê de tanta crueldade. Sim, são pequeninos, mas já sofrem ao verem seus pais chorarem com tanto horror e sofrimento, causado pelos bombardeamentos, mandados executar por uma pessoa sem coração, ou se o tem, está totalmente empedernido. Tanto ódio para quê? Tantos quilómetros de tanques para quê? As meninas e os meninos Ucranianos nunca mais esquecerão quem no presente os está a atacar com o objetivo de os exterminar.

Até aqui todo o sofrimento destas crianças teve como origem numa guerra estúpida e brutal, indigna do século em que vivemos perpetrada pelo camarada Vladimir Putin.

Passemos agora à guerra

nas nossas ex-Províncias Ultramarinas que, para mantê-la, a ditadura Salazarista sugava-nos até ao tutano. Então quais as consequências nas nossas crianças nesse período em Portugal? Ora vejam: A exploração infantil era comum em qualquer atividade, usavam roupa remendada, andavam pés descalços, passavam fome, dormiam em colchões de palha com o penico por baixo, os abusos sexuais, a porrada em casa, a porrada na escola, a chapada na igreja quando olhavam para trás e levar com a cana na catequese. Não existia aquecimento nas escolas, nem transportes

para a mesma, o percurso era feito a pé quer chovesse (punham um saco pela cabeça), quer caísse neve ou fizesse sol. Na escola, havia dois artigos que estavam sempre presentes, a régua com olhinhos e uma cana. Para terminar, os sanatórios estavam no limite, pudera! Com tanta fome!!!

Duas situações distintas é um facto, mas, ambas na sua época, causaram terrível sofrimento em muitas crianças, deixando sequelas e traumas para toda a vida.

Palhaço também sofre, quando sente que um pequenino coração está acelerado por motivo de sofrimento.

Envio um abraço muito carinhoso para todos, mas em especial, para todas as meninas e meninos que neste momento estão a sofrer.

Um grande xi-coração!

local » mó em movimento

Grupo Modilhas das Terras do Neiva d’A Mó

Rusgas ao Sr. da Cruz

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

N

o dia 24 de abril, o Grupo Modilhas das Terras do Neiva deslocou-se a Barcelos para participar nas Rusgas ao Sr. da Cruz. Iniciaram o espetáculo com uma cantiga alusiva aos Romeiros e finalizaram com “O amor da costureira”. O espetáculo decorreu conforme o previsto. No final da atuação, a Câmara Municipal de Barcelos presenteou-nos com um presunto, boroa e um garrafão

de vinho. No regresso a casa, os elementos do Grupo sentiam-se felizes, pelo bom desempenho durante o decor-

rer do espetáculo. A Direção d’A Mó agradece a todos os elementos e faz votos, para que o Grupo continue a pres-

tigiar a Associação a que pertence. Cantar as cantigas do Vale do Neiva é dar alma ao passado.

Grupo TeatroNeiva d’A Mó

Formação de atrizes e atores

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

A

Direção d’A Mó Associação do Vale do Neiva contratou o Jovem Miguel, formador na arte de representar, para orientar os atores e atrizes da Secção de

Teatro. O conjunto de quatro sketches “Só me aparecem Duques”, “As Confessadas”, “A vinda do Canalizador a casa” e “O lavar da roupa no rio Neiva” fazem parte da programação para o ano 2022. Estes quatro sketches, estão a ser monitorizados pelo referido técnico, com o objetivo de imprimir aos atores a ação desejada, para que se tornem mais atrativos aos olhos dos espectadores.

Fazer rir com fartura é o lema do Grupo TeatroNeiva. jornal

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local » barcelos

Agenda Pela Nossa Terra – Minho 2022

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

S

ua Ex.ª o Sr. Presidente da Câmara de Barcelos Dr. Mário Constantino, convidou o Jornal O Vale do Neiva, para estar presente na apresentação da “Agenda Pela Nossa Terra – Minho 2022”. A cerimónia realizou-se no passado dia 9 de maio pelas 18:30 horas no Salão Nobre dos Paços do Concelho. A “Agenda Pela Nossa Terra” é da autoria do Sr. José Manuel Ferreira Fernandes, deputado ao Parlamento Europeu desde 2009 e foi apresentado pelo empresário João Miranda.

Estiveram presentes autarcas do Minho bem como figuras ligadas a outras áreas.

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edição 98 • junho 2022

O Jornal O Vale do Neiva fez-se representar por José Miranda que procurou fazer a cobertura possível do acontecimento e aos mesmo tempo, divulgar o nosso Jornal entre os órgãos de comunicação social presentes.

Jornal O Vale do Neiva na vanguarda da informação local.

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local » informação autárquica

Primeiro jogo da mãe solidário

por Junta de Freguesia de Vila de Punhe junta.vilapunhe@gmail.com

N

o dia 30 de abril de 2022 pelas 15h realizou-se no polidesportivo de Vila de Punhe o primeiro torneio de futebol feminino.

Este torneio foi organizado pelo Centro Social e Paroquial de Vila de Punhe contando com a participação da Catequese da Paróquia de Vila de Punhe e colaboração da Junta de Freguesia de Vila de Punhe e Câmara Municipal de Viana do Castelo.

Foi um torneio solidário e comemorativo do Dia da Mãe. Foram angariados bens alimentares e não alimentares para entregar na Igreja Ortodoxa de Viana do Castelo a fim de dar apoio aos cidadãos ucranianos a viver na nossa cidade.

A organização não pode deixar de agradecer a Câmara Municipal que no contexto da Cidade Europeia do Desporto para 2023 apoia estas iniciativas locais tornando as atividades mais belas.

Foram angariados inúmeros bens não alimentares, nomeadamente roupas de cama, cortinas, roupas de senhora, roupas de senhor, roupas de criança, calçado variado, lenços, brinquedos e peluches. Foram também angariados produtos de higiene, nomeadamente um pack e meio de fraldas, 4

embalagens de toalhitas, 1 embalagem de papel higiénico húmido, 4 embalagens de pensos higiénicos, 2 gel de banho, 1 embalagem de tampões e 1 sabonete.

Já a nível alimentar foram angariados os seguintes bens: ●● 20kg de massa; ●● 22kg de arroz; ●● 12 latas de salsichas; ●● 4 garrafas de azeite; ●● 12 frascos de feijão; ●● 1kg feijão; ●● 4 frascos de grão-de-bico; ●● 500gr grão-de-bico;

●● ●● ●● ●● ●●

15kg açúcar; 1 Chocolate; 1 marmelada; 4 frascos ervilha; 10 embalagens de bolachas variadas; ●● 1 leite de coco; ●● 1 sumo; ●● 13 latas de atum; ●● 9 latas de sardinha; ●● 1 conserva de pêssego;

●● 3 embalagens de cereais; ●● 1 papa; ●● 6 litros de leite.

Todos os bens foram entregues, no dia 02 de maio de 2022 ao início da tarde, em Viana do Castelo à responsabilidade da Sra. Anastasiia (cidadã ucraniana).

jornal

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crónica » impostos

Podemos ser felizes a pagar impostos? Podemos!

por Liliana Ivone da Silva Pereira ipereira@ipca.pt Professora na ESG-IPCA

E

stá a decorrer neste momento, e até ao final de junho, o prazo para entrega das declarações modelo 3 de IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares). Com o envio desta declaração, as pessoas singulares apresentam ao Estado os seus rendimentos algumas despesas relativos ao ano 2021 e, através desta entrega, a AT (Autoridade Tributária e Aduaneira) apura o imposto devido. Como ao longo do ano, através das chamadas retenções na fonte, muitos de nós já fomos suportando algum imposto, pode acontecer que agora, com a entrega daquela declaração, não tenhamos mais nada a pagar ou possamos até obter reembolso (o Estado devolve-nos o imposto que pagamos a mais ao longo do ano). Mas o objetivo deste artigo não é fazer uma explicação técnica sobre o funcionamento do IRS mas sim fazer refletir sobre a importância dos impostos para o bom funcionamento da sociedade e para o bem-estar comum.

Pagar impostos representa o custo que cada um de nós tem que assumir para vivermos e convivermos

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edição 98 • junho 2022

numa sociedade civilizada.

Para além de uma função quantitativa, de arrecadação de receita necessária à satisfação das necessidades públicas (como a educação, a saúde, a justiça, a segurança,…), os impostos têm também uma função qualitativa e social, constituindo-se como instrumentos que devem ser utilizados para reduzir as desigualdades sociais e promover uma justa redistribuição da riqueza. Por isso, todos os cidadãos devem estar conscientes das funções dos impostos tornando-se atentos e participativos no que diz respeito à sua cobrança, ao cumprimento da lei que enquadra e regula os diversos impostos e no combate à fraude e evasão fiscais.

Pagar impostos, para além de uma imposição legal constitui um dever moral, um exercício de cidadania

que deve fazer parte de uma consciência fiscal global.

Torna-se, assim, imperativo consciencializar a sociedade para a função socioeconómica dos impostos e despertar a consciência para o bom cumprimento da lei fiscal tendo em vista o benefício geral.

A consciência fiscal é, em larga medida, influenciada pela confiança dos contribuintes, que esperam do Estado uma boa gestão das receitas fiscais. O pagamento de impostos implica uma diminuição do património individual de cada contribuinte a favor do bem geral público. Assim, os contribuintes exigem do Estado um compromisso no sentido de ser um bom utilizador do dinheiro que por estes lhe é confiado.

Num contexto de crise como o que fomos experienciando nos últimos anos, a

necessidade de aumentar a arrecadação de impostos é um dos principais objetivos para conseguir o retorno do crescimento. O combate à fraude e evasão fiscais deve ser inserido num plano de comunicação e informação à população, de forma que contribua para a sua consciencialização, permitindo que os contribuintes compreendam que os infratores estão a prejudicar todos os cidadãos e o bem-estar comum e que o preço a pagar pelas condutas fraudulentas é uma sociedade menos organizada e com menos e mais fracos serviços públicos e uma pressão fiscal cada vez maior sobre os cumpridores.

Numa sociedade onde se verificam elevados níveis de evasão fiscal, a necessidade de criação de uma consciência fiscal responsável torna-se uma medida urgente.

crónica » impostos

Nesse sentido, a educação fiscal apresenta-se com um processo necessário à mudança de atitude face ao sistema fiscal: que deixe de se valorizar os incumpridores e se formem adultos que cumpram e exijam dos outros o cumprimento das obrigações fiscais, exercendo uma cidadania fiscal baseada na ética e no bem-estar comum.

Este processo deve ser o mais abrangente possível, envolvendo vários atores da sociedade e começando na base da formação da personalidade e dos valores dos cidadãos. Como tal, o processo de educação fiscal deve ter início nos mais jovens, envolver os educadores, pais e professores, comunicação social, não esquecendo o papel fundamental da AT, cujo principal objetivo deverá ser o de induzir os contribuin-

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tes ao cumprimento voluntário das suas obrigações. A educação fiscal contribuirá para a formação de uma consciência fiscal responsável, em que os cidadãos compreendem a necessidade do pagamento de impostos para o financiamento dos bens e serviços públicos e se sintam motivados a um comportamento cumpridor, de forma espontânea.

O Estado deverá responder com uma atitude de transparência e com a construção de um sistema fiscal o mais justo possível. Cada vez mais, os Estados estão convencidos de que um alto nível de ética ou moral tributária é um elemento-chave da boa governança e da boa cidadania.

E tudo isto tem a ver com felicidade! Esta ideia de felicidade e pagar impostos não é irreal. Notícias e

estudos demonstram bem esta ligação em alguns países europeus onde vivem os povos mais felizes: Dinamarca e Suécia, por exemplo. Nestes países, os cidadãos dizem-se orgulhosos em pagar impostos. Podemos encontrar aqui basicamente três razões para este sentimento: por um lado, são países onde os cidadãos sentem que as coisas funcionam, e funcionam bem: o sistema de saúde pública de qualidade, educação gratuita e de alto nível, cidades limpas, redes de transportes organizadas e eficientes; em segundo lugar, porque os cidadãos sentem confiança na Autoridade Tributária que veem como uma instituição amiga do contribuinte em que há confiança mútua; por fim, a compreensão do sentimento de humanidade e solidariedade que molda

o pensamento dos cidadãos destes países e que se constrói a partir da educação para uma moral e consciência fiscal elevadas.

A moral, em geral, e a moral fiscal, em particular, devem fazer parte da educação dos cidadãos. E quando falamos de moral também devemos falar de felicidade, que é o verdadeiro fim da vida humana. Porque, como escreveu o professor espanhol García-Fresneda Gea, quando cumprimos com todas as nossas responsabilidades, e uma delas, muito importante, é contribuir para o financiamento dos gastos do Estado, estamos a mostrar solidariedade para com os outros e isso, só por si, deveria ser um motivo para fazer com que nos sintamos mais felizes, porque estamos a preocupar-nos também com os demais.

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jornal

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local » informação autárquica

Mais de 600 pessoas na Queimada no Moinho

por Junta de Freguesia de Vila de Punhe junta.vilapunhe@gmail.com

O

cenário, com o céu estrelado e a temperatura amena, já a pronunciar a chegada do solstício de junho, engalanou-se a preceito para receber a única sexta-feira’13 de 2022. Adiada em 2020 e com interregno de perto de dois anos, regressou a Caminhada Noturna Sexta-feira’13 com a Queimada no Moinho. E de que forma! Foram mais de 600 pessoas que, por entre as ruas da freguesia de Vila de Punhe, se divertiram e conviveram.

A caminhada noturna, que ironiza o espírito de misticismo que envolve a sexta-feira’13, teve como destino o Moinho do Inácio.

Situado no lugar dos Regos, o Moinho, que já existia pelo menos em 1837, localiza-se junto ao monte da Infia (Barreiras), na margem esquerda do ribeiro do Roques (Bacia hidrográfica do Neiva), com uma envolvência soberba que conta com uma área arborizada, um lavadouro, uma eira e um espigueiro em pedra.

Com o ponto de partida do adro da igreja paroquial de Vila de Punhe, os participantes caminharam até ao Moinho do Inácio.

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edição 98 • junho 2022

Com variada animação ao longo do percurso (a cargo dos jovens), a caminhada terminou com uma exibição popular que incluiu mezinhas, a cargo das Cantadeiras do Vale do Neiva, coreografias, esconjuro e queimada galega. Num ambiente arrebatador, e já depois atravessar a freguesia, de norte para sul e de uma ponta à outra, fez-se finalmente o esconjuro, pela voz de Joaquim Castro, que acreditamos ter afugentado os novos augúrios e os infortúnios do Covid-19.

Já a degustar a queimada galega, os participantes manifestaram a sua satisfação com a atividade. Segundo eles, “valeu a pena saírem do conforto das suas casas” para participarem numa atividade carregada de convívio, misticismo, aventura e cultura.

A autarquia de Vila de Punhe e o Núcleo Promotor do Auto da Floripes 5 de Agosto, bem como os demais parceiros, revelaram que é viável melhorar a oferta cultural, trabalhar

em cooperação e promover a participação das pessoas e das instituições. Manifestou-se, também, que a cultura popular está viva, faz falta e mobiliza as pessoas.

O “Luar’13”, liderado pela

Adriana Morgado, voltou, com o mesmo empenho e num cruzamento de gerações, a participar na animação e na coreografia.

crónica » caminho de santiago

Caminho Português da Costa com ligação fluvial em Caminha

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

O

tema do presente artigo tem relevância para os amantes do Caminho de Santiago, nomeadamente, Caminho Português da Costa, com a variante Caminha A Guarda. Isto porque, a Galiza (Portugal e Espanha) acabam de criar uma ligação fluvial para peregrinos de Santiago, desde que comprovem com a credencial de peregrino. Dessa forma, podem atravessa o rio Minho de barco, tratando de um novo serviço de transporte náutico. As ligações previstas são de Caminha e A Guarda, vice-versa, fica a opção.

Conforme explica Manuel Soliño, “São duas embarcações, uma delas elétrica, para transportar peregrinos entre a estação marítima A Pasaxe, em Camposancos, A Guarda, e, em parceria com a Câmara de Caminha e o Sporting Clube Caminhense, para a utilização do seu cais de atracagem”. Este serviço designa-se como Xacobeo Transfer, inicia-se às 08h00 em A Guarda (hora espanhola) e às 07h30 em Caminha (hora portuguesa). O primeiro evento teve lugar no passado dia 09 de abril, pelas 11h00 (hora portuguesa), na zona exterior da Estação Marítima A Pa-

Serviço de transporte Xacobeo Transfer

saxe em Camposancos (A Guarda), tendo participado o Primeiro Vice-Presidente e Conselheiro da Presidência, Justiça e Turismo, Alfonso Rueda Valenzuela, contando com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Caminha, Rui Lages.

Agora, para os aventureiros que estejam interessados no Caminho da Costa, vindo por Castelo de Neiva, até Viana do Castelo e Caminha, têm esta opção segura, “desenhada” para satisfazer as nossas necessidades.

A sugestão será reservar previamente e verificar o valor (custo) de transporte, garantindo assim uma passagem segura e tranquila.

Para segurança de todos, foram colocadas duas embarcações de seis metros de comprimento, com uma capacidade para transportar até ao limite máximo de 7 peregrinos. Segundo o presidente da GAN, “Com a uti-

lização deste barco elétrico mais pequeno, vamos estudar e dimensionar a futura embarcação para em caso de mau tempo, e, se for necessária mais potência de motor, estar preparada para responder a essa situação”, explicou. Futuramente, o novo barco terá capacidade para transportar 12 pessoas e seis bicicletas, para os peregrinos que percorram o Caminho de Santiago de Compostela com aquele meio de transporte.

O Caminho Português da Costa atravessa concelhos do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende (Castelo de Neiva), Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença.

Ainda em Ano Jacobeu, em fevereiro passado, o Governo português certificou (com a publicação da Portaria n.º 67/2022, a 02 de fevereiro, certificando o itinerário do Caminho Por-

tuguês de Santiago, Caminho da Costa) valorizando este percurso pelo “elevado valor patrimonial dos traçados históricos entre o Porto e Viana do Castelo”, e pela “autenticidade e integridade do itinerário, densidade do património edificado e beleza paisagística da envolvente”. De acordo com Manuel Soliño, o serviço não se esgota no transporte de peregrino servindo, também, para garantir a mobilidade entre localidades fronteiriças. Esse aspecto irá ser sentido pelo(a)s amantes das bicicletas, dinamizando a utilização das ciclovias dos dois países.

Assim sendo, estima-se que a futura estação de mobilidade terrestre terá lugar para quem pretende fazer a travessia a pé, de bicicletas, patins e para a generalidade dos turistas, evitando a utilização de meios e transporte com recurso a combustíveis fósseis. Fica a partilha, na esperança que se concretize. jornal

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crónica » literatura

Ilha do Corvo

por José Händel de Oliveira jhandeloliveira@gmail.com

E

m 1832, quando no decorrer da guerra entre os liberais e os absolutistas, D. Pedro, ex-Imperador do Brasil, instituiu o Governo nos Açores, nomeando José Xavier Mouzinho da Silveira, Ministro da Justiça e da Fazenda. Como este ilustre político que viveu de 1780 a 1849, era um homem que nada decidia sem ter absoluto conhecimento das realidades, como, aliás, deveriam ser todos, ao ser informado que na ilha do Corvo, os seus cerca de 300 habitantes, viviam nas maiores dificuldades, quis ir ver o que se passava na mais pequena das nove ilhas dos Açores, a quem muitos até chamavam de ilhéu.

O navio em que se fez transportar, teve que fundear ao largo, pois não havia porto a que pudesse atracar.

Entrando num batel, apro-

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ximou-se da praia de areia negra, onde o esperava quase toda a população, sendo levado para terra aos ombros de dois hercúleos corvinos. Mouzinho da Silveira ficou impressionado com o que viu. Os habitantes encontravam-se esfarrapados ou cobriam-se com peles de animais. A maioria das casas não passavam de cabanas cobertas de colmo.

No semblante dos que ali viviam, transparecia a vida difícil que levavam. Contristado, Mouzinho da Silveira perguntou, bem alto, o que podia fazer de imediato por eles.

Avançou, então, um ancião de longas barbas bran-

cas, que falando em nome de todos, disse: Senhor, o que mais queríamos, era uma Bandeira Nacional, para que os tripulantes dos barcos que passam ao largo, soubessem que aqui também é Portugal!

Comovido, Mouzinho da Silveira imediatamente mandou que os marinheiros que o aguardavam no batel, fossem ao navio buscar a bandeira pretendida, e logo ali tomou medidas que os libertassem do quase estado de servidão em que viviam, pois a maioria dos proprietários das terras cultiváveis da ilha, estavam na vizinha ilha das Flores e limitavam-se a arrecadar as rendas dos que faziam aquelas terras.

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Foi tal a emoção sentida com o profundo patriotismo daqueles açorianos que deixou escrito no seu testamento que quando morresse queria ser enterrado na ilha do Corvo.

Os corvinos não esqueceram Mouzinho da Silveira e deram o seu nome à Escola Secundária da Ilha do Corvo.

crónica » literatura

Três leituras para viver em junho

ste mês trago-lhe a sugestão de três livros cujas histórias se vão agarrar a si.

Embora muito diferentes, são três histórias para viver.

pente, se vê envolvida numa investigação. Enquanto descobre segredos que a deixam cada vez mais perto do perigo, Daunis ensina-nos sobre a sua cultura e as suas raízes, a história e as tradições do povo nativo americano.

Na minha opinião como leitora, diria que não é um thriller na verdadeira aceção do termo. É uma história com mistério, de leitura compulsiva, cheia de reviravoltas e que facilmente cativará os leitores. Vale a pena!

“A Filha do Guardião do Fogo” Angeline Boulley 2022

“O Ano da Dançarina” Carla M. Soares 2017

«A Filha do Guardião do Fogo», de Angeline Boulley, dá-nos a conhecer Daunis Fontaine, uma jovem de dezoito anos, filha de pai indígena e mãe branca, que sempre se sentiu deslocada, quer na sua cidade natal, quer na sua reserva indígena Ojibwe.

Ambiciona uma oportunidade para começar tudo de novo na Universidade do Michigan.

Contudo, um acontecimento terrível vai mudar a vida de Daunis que, de re-

«O Ano da Dançarina», de Carla M. Soares, é um romance histórico situado em Portugal, em 1918, e que acompanha a família Lopes Moreira.

O jovem tenente-médico Nicolau regressa da Frente Francesa. Ferido e traumatizado, vem para junto da família para recuperar com mais conforto.

Naquela altura, Portugal está marcado pelo esforço da 1.ª Guerra Mundial, pela eleição de Sidónio Pais e

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

E

pela agitação social. Nicolau estará também em conflito com uma antiga amante que muita dor lhe provocou e que regressa agora para o atormentar.

A escrita da Carla M. Soares não tem igual e talvez este tenha sido o livro que mais prazer me proporcionou nesse aspeto. É uma escrita trabalhada e cuidada, que cativa o leitor; embora o texto possa parecer denso, Carla torna a história apelativa e dá realmente vontade de ler sempre mais um bocadinho.

Nota-se que este livro teve um enorme trabalho de pesquisa. A autora transpôs para o papel o contexto social, económico e político.

Transportou-nos para a Lisboa de 1918, e fê-lo muito bem.

Recomendo vivamente esta história a qualquer leitor que deseje conhecer um bocadinho dos acontecimentos que marcaram a história do nosso país.

“Se Fosse Perfeito” Colleen Hoover 2022

«Se Fosse Perfeito», de Colleen Hoover, traz-nos a história de Quinn e Graham, que se conheceram numa situação péssima na vida de ambos. Não foi o início que qualquer um deles desejaria, mas o que os uniu foi mais forte do que o desgosto que haviam partilhado.

Alguns anos mais tarde, o amor que sentem um pelo outro é abalado pelos momentos menos perfeitos da vida a dois. Será o amor realmente capaz de superar tudo?

Sem querer dar muitas pistas sobre este livro, tenho apenas de referir a sua temática principal: a infertilidade.

Neste romance que nos agarra desde a primeira página, vamos acompanhando dois espaços temporais: o passado, quando Quinn e Graham se conheceram e começaram a namorar; e o presente, após alguns anos de casados e em que sentem o seu casamento em crise. É impossível ficar indiferente à história destes dois e ao sofrimento que partilham devido à infertilidade. Colleen retrata na perfeição as angústias e o desespero de uma mulher que quer a todo o custo ser mãe e, mês após mês, falha.

Colleen é excelente a escrever sobre emoções. Apesar de triste, este livro é também muito bonito. Vai deixar o leitor de coração destroçado e a seguir vai voltar a unir todos os pedaços.

Espero que estas sugestões de leitura o/a tenham cativado. Desejo-lhe um mês recheado de livros! jornal

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saúde » em viagem

Dicas de saúde para quem vai viajar

por Ana Sofia Portela enf.anasofia@gmail.com Enfermeira especialista em Enfermagem Comunitária USF Aqueduto – ACES Vila do Conde/Póvoa do Varzim

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sta altura do ano e as férias convidam a viajar e passear. Por isso, é importante preparar estas atividades também do ponto de vista da saúde! O destino da viagem/passeio, a duração, o alojamento ou o tipo de ocupações que vai ter durante esse período condicionam a mala que deve preparar. Assim, é necessário ter em atenção alguns conselhos: Consulta do Viajante: Se o seu destino for fora da Europa, nomeadamente para destinos tropicais, é conveniente ir à Consulta do Viajante, cerca de um a dois meses antes da partida. Esta consulta existe no Serviço Nacional de Saúde, questione na Unidade de Saúde onde é utente como proceder para agendar esta consulta. Esta consulta é importante para viagens de lazer, mas é crucial para quem viaja por motivos profissionais.

Cartão Europeu de Seguro de Doença: É fundamental possuir este documento. É um cartão de modelo único, comum

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a todo o espaço da União Europeia, Islândia, Listenstaine, Noruega e Suíça, concebido para simplificar a identificação do seu titular e da instituição que financeiramente é responsável pelos custos dos cuidados de saúde de que este possa vir a necessitar. É gratuito, sendo necessário apenas solicitar a sua emissão na Segurança Social com alguma antecedência.

O que levar na “farmácia de viagem”?

A preparação da “farmácia de viagem” deve ser feita tendo em conta o local para onde se vai, o acesso aos serviços de saúde disponíveis, as condições particulares de cada pessoa e o tipo de ocupações que vai ter. Por isso, a lista que se segue é geral, contudo cada pessoa deve avaliar a necessidade do tipo e quantidade a levar. Embora muitos dos medicamentos mencionados sejam de venda livre, convém aconselhar-se previamente com profissionais de saúde, principalmente, se tiver algum doença e/ ou medicações crónicas. ●● Medicação que toma habitualmente: levar as doses consoante os dias que estiver fora, mas também doses extra na eventualidade de haver algum imprevisto; é fundamental falar com os profissionais de saúde que o acompanham sobre a viagem que vai fazer, pois determinadas doenças e medicações tem algumas especificidades que devem ser

tidas em conta; ●● Analgésico/antipirético: para a febre e alívio de dores (como por exemplo dores de cabeça, ouvidos, dentes) de preferência medicamentos à base de paracetamol; ●● Antieméticos: para enjoos ou vómitos; ●● Antidiarreicos: para diarreia aquosa sem febre; ●● Anti-histamínico e/ou corticoide tópico: sobretudo para quem tenha história de reações alérgicas (como, por exemplo, à picada de mosquito); ●● Repelente de insetos: para proteção contra a picada de mosquitos; ●● Protetor solar: adequado ao grau de exposição solar e tipo de pele; ●● Creme hidratante e com zinco: para reparação de lesões e irritações cutâneas; ●● Unidoses de Soro Fisiológico: para lavagem ocular, descongestionar o nariz ou limpeza de feridas; ●● Pomada anti-inflamatória: para dores musculares e entorses.

●● Solução desinfetante, compressas, adesivo, pensos rápidos e ligadura para curar pequenos cortes.

Cuidados a ter no transporte de medicamentos: ●● Para quem toma medicação crónica deve levar uma lista com toda a medicação que está a tomar. Pode ser necessária uma declaração médica que ateste a necessidade dos medicamentos ou seringas que transporta, para eventual apresentação às autoridades. ●● Para as viagens de avião é importante informar-se corretamente dos procedimentos a ter e das normas internacionais de segurança.

Planear com tempo e aconselhar-se junto dos profissionais de saúde que o acompanham são fundamentais para o sucesso! Coloque na sua mala a “farmácia de viagem”! Não descure destes cuidados mesmo que seja apenas um passeio de uma tarde e… desfrute ao máximo!!

cinema » sugestão ao leitor

A Guerra Fria

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

C

om a invasão da Rússia á Ucrânia, subitamente lembrei-me do período da Guerra Fria, protagonizado pelo confronto latente entre E.U.A e a desmembrada U.R.S.S, que lideravam os respetivos blocos militares, designadamente a Nato (Ocidente) e o Pacto de Varsóvia (Leste).

Com essa atmosfera de Guerra Fria, as artes cénicas desenvolveram produções de envergadura, escudadas nessa acrimónia geopolítica, demonstrando os intensos conflitos regionais, com a participação ínsita de Russos e Americanos, em cada lado da barricada, como também a patente espionagem, bastante ramificada, devido ao clima de crispação, além das notórias ameaças e crises, que quase carrearam numa trágica terceira guerra mundial, não fosse o bom senso a prevalecer, nas circunstâncias mais periclitantes.

Assim sendo, recomendo alguns filmes, que interiorizam essa idiossincrasia, sublinhando diversos géneros de narrativas ficcionais, e outros baseados em acontecimentos verídicos.

Vem aí os Russos (1966) é um filme entretido de índole satírica, que evidencia a paranóia generalizada, que a sociedade americana padecia, na década de 60, com

Sean Connery e Sam Neill em Caça ao Outubro Vermelho (1990)

receios de enfrentar numa guerra, o temível adversário, nomeadamente, os Russos.

Na linha deste registo, um submarino com tripulantes russos, ao navegar perto de águas americanas, acaba encalhado numa pacata ilha de Massachussets. Atrapalhados com o incidente em solo inimigo, o comandante, envia com intenções apaziguadoras, uma missiva de 8 homens, para arranjar forma de rebocar o submarino.

Contudo os conterrâneos ao aperceberem-se que aqueles sujeitos são russos, reagem de maneira desproporcional, julgando tratar-se de um eminente ataque, em larga escala.

O Inferno Vermelho (1988) é uma longa-metragem paradigmática, porque revela uma parceria inusitada entre as autoridades policiais russas e americanas, com o objetivo comum de deterem um perigoso traficante russo, que escapuliu para a América. Juntamente com as acutilantes cenas de ação, a história realça o caráter distinto e os aspetos endémicos, dos dois heróis da contenda. Enquanto o agente Russo Ivan Danko é frio,

calculista e tenaz, ao invés, o polícia americano que o coadjuva nessa empreitada, é nitidamente maniqueísta, desleixado e espampanante, tornando a relação mútua, mais complicada, ao que era suposto existir, pela forte rivalidade associada aos seus países.

Caça ao Outubro Vermelho (1990): este filme reflete uma das caraterísticas unívocas da guerra fria, nomeadamente a fuga de inúmeros russos, que se catapultou para ocidente, derivado ao declínio da ditadura do proletariado. No caso concreto do enredo, o filme glosa as movimentações sinuosas, do portentoso submarino russo, “outubro Vermelho”, comandado pelo carismático Markus Ramius. Porém, um submarino americano, ao indagar nas redondezas, acha que o “outubro Vermelho”, dirige-se sorrateiramente, até aos Estados Unidos, munido dum arsenal balístico devastador, e com francas possibilidades de lançar um ataque maciço. Contudo, o analista da CIA, Jack Ryan contraria essa tese, asseverando que Markus, almeja uma deser-

ção, tendo em conta o seu estado de espírito atual. Não obstante essas previsões, os cenários não auguram nada de bom, podendo descambar numa guerra de proporções inomináveis.

O Espião Inglês (2020): esta história retracta um facto real, claramente ilustrativo dos meandros da espionagem, usado como atributo para evitar e conter, qualquer atitude beligerante, omnipresente nessa conspurcação dual. O Argumento do filme, conta, o momento em que o empresário britânico, Greville Wynne, em 1962, é desafiado por MI6 e CIA, para encarnar num espião, nas suas deslocações a Moscovo, aproveitando a faceta de vendedor, para ludibriar a implacável KGB. Executando primorosamente a sua tarefa, Greville conhece o dirigente do Kremlin, Oleg Penkovsky, com quem mantêm um entendimento frutuoso. A determinada altura, Oleg começa-lhe a facultar imensos documentos secretos, sempre que Greville viaja até a Rússia, concretizando-se, através de um ambiente inóspito, extremamente pernicioso, para a vida deles. jornal

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crónica » mitos e lendas

O brilho

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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534. Após a conquista do Império Inca por parte dos Espanhóis, foi fundada a cidade de San Francisco de Quito (Equador atual). Sabendo de antemão do poderio militar dos hispânicos, o rei de uma tribo deslocou-se à cidade para pedir ajuda na guerra que travavam contra os Muíscas. Segundo ele, na terra dos Muíscas havia muito ouro e esmeraldas e descreveu pela primeira vez aos Europeus uma cerimónia que, durante séculos, despertará a cobiça dos conquistadores; a lenda do El Dorado.

Este povo tinha como costume religioso o de untar o corpo do rei, provavelmente quando subia ao trono ou antes de ações guerreiras, com uma substância aderente, talvez resina, sobre a qual era soprado finíssimo pó de ouro. Completamente dourado, o rei dirigia-se para o meio da lagoa Guatavita, numa embarcação, e banhava-se nas águas, depois de ter lançado, para o fundo, joias, vários objetos de ouro, pedras preciosas bem como as mais variadas oferendas ao seu Deus. Gonzalo Jimenez de Quesada, foi o primeiro dos conquistadores a chegar à terra dos Muíscas e a subjugá-los.

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Todavia, sem descobrir fosse o que fosse. A mais famosa crónica existente sobre este mito remonta a 1636 escrita por Juan Rodriguez Freyle para o seu amigo Don Juan, chefe de Guatavita. “...Naquele lago de Guatavita faziam uma grande balsa de juncos, e a enfeitavam até deixá-la tão vistosa quanto podiam…

A esta altura estava toda a lagoa cercada de índios e iluminada em toda sua circunferência, os índios e índias todos coroados de ouro, plumas e enfeites de nariz… Despiam o herdeiro (...) e o untavam com uma liga pegajosa, e cobriam tudo com ouro em pó, de maneira que ia todo coberto desse metal. Metiam-no na balsa, na qual ia de pé, e seus pés punham um monte de ouro e esmeraldas para que oferecesse a seu deus. Acompanhavam-no na barca quatro caciques, os mais importantes, enfeitados de plumas, coroas, braceletes, adereços de nariz e orelheiras de ouro, e também nus… O índio dourado fazia sua oferenda lançando no meio da lagoa todo o ouro e as esmeraldas que levava aos pés, e logo o imitavam os caciques que o acompanhavam. Concluída a cerimónia, batiam os estandartes... E partindo a balsa para terra, começavam a gritaria... dançando em círculos a seu modo. Com tal cerimónia ficava reconhecido o novo escolhido para senhor e príncipe.” (Wikipédia) Este mito conquistou de tal forma o imaginário dos séculos XV e XVI que

arrastou os Europeus para a busca do tesouro e para a descoberta de novas terras das Índias Ocidentais de forma tão frenética que a

localização mudou de lugar vezes sem conta. O que é certo, é que nunca tal figura ou vestigíos dela foram encontrados.

POEMA JUNHO

Para a minha vida fazer sentido Quando eu te vejo andar Com o teu andar descontraído Sinto muita vontade de te amar para a minha vida fazer sentido assim com a tua grande beleza e com teu sorriso tão querido eu quero amar-te de certeza para a minha vida fazer sentido e também com a tua bondade com experiências que tens vivido eu quero amar-te de verdade para a minha vida fazer sentido por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

crónica » caminho de fátima

Caminho de Fátima, Rota Carmelita

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

A

proposta de tema para o presente artigo passa por um desafio pessoal, afinal, a vida é isso, desafios.

Porque considero que, na vida, temos de ter objetivos e propósitos, para 2022 planeio fazer a Rota Carmelita, até Fátima. Esse percurso, de 111 quilómetros, inicia-se no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra (perto do histórico Penedo da Saudade, muito amado e estimado por estudantes) e finda no Santuário de Fátima. O início deste caminho tive a oportunidade de visitar com pessoas amigas muito queridas e a quem agradeço de coração e que irei levar sempre comigo. De resto, em caso de interesse sobre o caminho, recomendo a consulta do site do Centro

Nacional de Cultura, (CNC).

Agora, será legítimo, para quem lê este artigo, fazer a seguinte pergunta: porquê da Rota Carmelita?

Muito simples, o convento do Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, é um mosteiro de clausura e recolhimento, onde a Irmã Lúcia (a última dos pastorinhos de Fátima) refugiu-se, desde 1948, tendo feito, de forma incógnita, esse percurso até Fátima.

Agora, essa rota, longe de olhares curiosos, permite uma integração plena com a natureza, fauna e flora. O percurso passa por diversos concelhos, nomeadamente, Coimbra, Condeixa, Penela, Ansião, Alvaiázere e Ourém (Fátima). É um percurso alternativo aos grandes eixos rodoviários, sendo uma nova oportunidade para o caminhante ou ciclista, passando por troços mais seguros e confortáveis.

Considero que a opção de percurso, para 2022, neste novo troço que não conheço, permite uma maior relação de proximidade com a paisa-

gem e com o meu interior. É uma janela de oportunidade para uma maior introspeção, meditação e reflecção na vida, no que posso melhorar, pensar nas mudanças futuras e na vida, em geral, reservando um espaço para mim. De resto, pelo que tive oportunidade de “estudar”, este caminho é rico em aspectos culturais e, como não seria de esperar, especialidades gastronómicas (ver se na opção vegetariana, tenho escolha). Penso que seja, e estou confiante nisso, um caminho de inspiração e um motor para as mudanças que procuro na vida (pelo menos, tento), um passo para tentar ser uma pessoa melhor. Conforme refere a brochura do CNC, “para os crentes, é uma Rota que encontra na vida e obra da Irmã Lúcia inspiração (…).

Para todos, é um convite a uma caminhada interior em comunhão com os elementos que nos rodeiam”. Subscrevo esta ideia porque acredito que, nestes percursos, o mais importante não será

a chegada, mas aproveitar a caminhada.

A proposta de percurso do CNC é para 6 dias, mas penso conseguir fazer em 4, considerando que vou sozinho (em princípio), fazendo uma média de 28 quilómetros diários. Não será uma corrida, mas adequo às minhas necessidades e capacidades física. Com isto tudo, penso reduzir nos dias, mas não nos doces, note-se bem, até porque preciso de energia para o caminho, certo?

Pois então, penso iniciar o caminho, em Coimbra, com os famosos pasteis de santa clara, aproveitar as vistas e a beleza da vida, enquanto puder. Procuro unir os 16 km iniciais com os 13 kms do segundo dia, repousando em Ansião (num total de 29 kms). Ao passar por Conimbriga, vou procurar inspirar-me e seguir para o Rabaçal (e experimentar os queijos típicos). No meu segundo dia, penso unir os 19,5 kms estimados até Ansião com os 13,5 kms até Bofinho (num total de 33 kms) e aproveitar a beleza local. A partir daí, sigo o percurso marcado, até Seiça, perfazendo os 23 kms estimados. No último dia, de Seiça a Fátima, os 26 kms finais. O planeamento não fica feito sem uma data e estou a pensar iniciar a caminhada a 12 de agosto (Carmelo) e chegar a 15 (num total de 4 dias). O regresso será de autocarro, mas penso que de “alma” lavada. Vamos ver como corre, depois partilho a experiência. Será um excelente caminho, seguramente. jornal

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crónica » o pulsar da sociedade

O pulsar da sociedade

Um bom garfo

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

C

onsidero-me por natureza, um bom garfo, quando tenho o privilégio de comer uns pratos bem especiais, de maneira inopinada, designadamente quando chego á minha casa ou á residência da minha mãe, e sou contemplado, com ótimas refeições que aprecio, como um bacalhau á Brás, um cozido á Portuguesa ou um frango churrasco, sendo que ao mesmo tempo que sacio a fome, deleito-me com o delicioso paladar oriundo da portentosa confeção.

A minha empírica degustação, só vem confirmar o óbvio, que um individuo apelidado de bom garfo, trata a vertente alimentar, a sinergia gastronómica, como uma arte, como algo feérico, proporcionando um clímax transcendental, no simples

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16 edição 98 • junho 2022

ato de comer. Portanto no meu ponto de vista, não pode ser considerado bom garfo, um sujeito que come qualquer refeição, por necessidade imperiosa, numa lógica “Tudo o que vem á rede é peixe”. Do mesmo modo, não pode estar conotado como bom garfo, quem fleumaticamente segue á risca, uma alimentação completa e equilibrada, baseando-se apenas na parcimónia roda dos alimentos, ou então resolve olhar escandalizado para os seus pneus, que compõe o seu depauperado corpo, e num ápice entende fazer uma drástica dieta. Por fim, também não está nesse lote, sujeitos argutos e capciosos, que por uma questão meramente economicista, comem os alimentos mais baratos no mercado, fazendo engenhocas triviais na cozinha, ou então, aproveitam qualquer aniversário de conhecidos, para irem enfardar á grande para a casa dos outros, digerindo qualquer coisa exígua e paupérrima, que os anfitriões lhes servem á mesa, e com o bandulho cheio, não

comerem nada em sua casa.

No que diz respeito, aos fidedignos bons garfos, existem duas espécies, que se destingem como as mais comuns, no adágio alimentar, no primeiro protótipo, imaginamos um grupo de amigos, a deslocar-se de propósito, á Mealhada, para irem jantar um apetitoso e vigoroso “Leitão assado no forno”, iniciando as hostilidades, como umas entradas a condizer “rissóis de Leitão”, “empadas de leitão” e outras iguarias, e já com o papo bem guarnecido, irem logo de seguida deliciar a ementa principal, e ainda tendo que enfrentar com a tenacidade de sempre, uma sobremesa avantajada, e no final de contas, faz se á jus ao aforismo “matar dois coelhos com uma cajadada”, comendo de maneira regalada e apetrechada.

No segundo caso, podemos invocar uma daquelas pessoas, que gosta de comer de maneira requintada, sendo um exímio apreciador, mas declinando certos pratos típicos, onde abunda muita gordura, e inclusive é muito minucioso da forma como compra os alimentos preferidos, não adquirindo qualquer marca, que desvirtue a excelência e a sublimidade, do sabor e preparo gastronómico.

Costuma se até dizer na gíria, por preceitos endémicos que os portugueses são considerados “bons garfos”, derivado á comida á farta, que é disponibilizada em catadupa, em festas de casamento, batizados e comunhões, para agudizar a bulimia comemorativa da ocasião. Essas firmas especializadas no ramo, empanturram os convidados com um cardápio de entradas denso, que põe em sentido qualquer estômago debilitado, seguido de dois pratos típicos da praxis, Bacalhau á moda de casa e o Bife do Vazio, mais as saborosas sobremesas e o bolo da apoteose, somando o acervo pungente de bebidas alcoólicas e sumos suculentos, que enxameiam o nosso periclitante organismo.

Apesar de ser um confesso bom garfo, sou apologista de uma alimentação lúcida e consciente, evitando exageros em quantidade, às refeições, fazendo uma gestão criteriosa, dos alimentos que proporcionam um sustento saudável, prestando atenção ao ato de comer, quando estamos em algum convívio ou por exemplo a ver televisão, que pode fazer descambar a intensificação do apetite insaciável.

agenda cultural » viana do castelo e barcelos

Perelhal, Mariz, Creixomil, Vilar do Monte, Feitos, Fragoso e Durrães

10, 11 e 12 de junho

Fim de semana do Pedestrianismo: Entre os rios Cávado e Neiva Organização: Câmara Municipal de Barcelos Inscrições obrigatórias e limitadas Esta iniciativa pretende ligar dois dos rios que atravessam o território de Barcelos e assim sensibilizar para a valorização deste património.

Centro Histórico Viana do Castelo

17 a 19 de junho

Feira Medieval Organização: VianaFestas Apoio: Câmara Municipal de Viana do Castelo Consultar programa específico em vianafestas.com A Feira Medieval pretende ser um espaço de animação e convívio e foi criada com o objetivo de dar a conhecer ao público residente e visitante hábitos e costumes característicos da Idade Média.

Theatro Gil Vicente Barcelos

10 de junho, 17h

Cuontas Mirandesas (Espetáculo em língua mirandesa) Alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro Este teatro tem a autoria de Bernardo Fernandes Monteiro, um escritor mirandês que escreveu os primeiros contos originais em língua mirandesa.

jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

92 anos

93 anos

61 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Bernardina da Cruz Féliz

Maria Amélia Maciel da Costa

António Faria Maciel

Fragoso – Barcelos

Durrães – Barcelos

Carvoeiro – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

A Família

85 anos

53 anos

93 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

António Amorim da Silva

Aurélio Meireles de Magalhães

Maria José Oliveira de Carvalho

Balugães – Barcelos

Balugães – Barcelos

Fragoso – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

18 edição 98 • junho 2022

necrologia

83 anos

96 anos

85 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

José de Sá Martins

Quitéria Fernandes da Costa

Maria Leonor Rodrigues da Cruz

Fragoso – Barcelos

Carvoeiro – Viana do Castelo

Alvarães – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

83 anos

54 anos

86 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Manuel Batista Leiras

Francisco Manuel da Silva Amaral

Aníbal Alves da Silva

Panque – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

91 anos

77 anos

68 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Sara do Nascimento da Costa Oliveira Araújo

Rosa da Costa Rodrigues Ribeiro

Maria Gracinda Martins da Silva Pinto

Tregosa – Barcelos

Balugães – Barcelos

Tregosa – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

jornal

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