O Vale do Neiva - Edição 103 novembro 2022

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novembro 2022 edição 103 Propriedade:

A MÓ • Associação do Vale do Neiva (Cultural, Património e Ambiente) Barroselas Mensal Gratuito Versão digital

Viana Taurino Clube Parte I pág. 4

Tradição e muita animação popular no Moinho do Inácio pág. 3 Crónica

Viana do Castelo e o OE2023 | pág. 6

Crónica

As IPSS’s no Alto Minho | pág. 7

Mitos e Lendas

A praça de Monção | pág.15


Literatura Três leituras para agarrar em novembro página 10

destaques

Plantas Sansevieria

edição 103 novembro 2022

ficha técnica

Sugestão ao leitor: Filmes LGBT

página 8

página 16

página 12

Crónica O trintão página 14

redação:

editorial

edição:

Cemitério: local de Eternidade para ricos e pobres

diretoria e administração:

Direção de “A Mó” José Miranda Manuel Pinheiro Estela Maria António Cruz

103 – novembro 2022 colaboradores:

Alcino Pereira Américo Manuel Santos Andreia Castro Carlos Gomes Daniela Maciel Fernando Fernandes Filipe Macedo Francisco P. Ribeiro Geovana Mascarenhas J. F. Vila de Punhe José Händel de Oliveira José Maria Miranda Mota Leite Pedro Tilheiro design gráfico:

Mário Pereira paginação:

Cristiano Maciel supervisor:

Pe. Manuel de Passos contacto da redação:

Avenida S. Paulo da Cruz, Edifício Brasília, 3, Fração F 4905-335 Barroselas e-mail:

redacaojornalvaledoneiva@gmail.com periodicidade:

Mensal

formato:

Digital

distribuição:

Gratuita

Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores, podendo ou não estar de acordo com as linhas editoriais desta publicação.

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Vamos conhecer os nossos autores: Paulo de Passos Figueiras

edição 103 • novembro 2022

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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o dia dois de novembro, foi o dia dos fiéis defuntos. A população com menos posses, deslocou-se ao cemitério para lavar as campas e só depois é que colocou as flores (colhidas no jardim lá de casa) em jarras ou em outro tipo de recipientes. Entretanto, o familiar do Sr. Eng. Fagundes (homem de posses) encomendou o serviço a uma empresa especializada em limpeza e arte floral. A campa dos restos mortais do

senhor Eng. Fagundes, ficou um “brinquinho”, eram tantas as flores que até cobriam a campa. Curiosamente, a referida empresa, não se ficou por aqui e falou com o Reverendo Pároco, para encomendar um Trintário Gregoriano (30 missas seguidas), pela alma do “Sr. Engenheiro”. Tudo preparado conforme manda a etiqueta, o familiar do Sr. Engenheiro, pagou a avultada despesa e ainda puxou por mais uma nota suplementar, porque um primo lhe telefonou, a confirmar que o serviço ficou um brinquinho. Conclusão: O familiar do Sr. Engenheiro não pôs os pés no cemitério,

e nem tão pouco ouviu as trinta missas pelo seu parente. A finalizar: É minha opinião que o cemitério, não deve ser usado como local de vaidade. Com base neste pensamento, anexo duas fotos: a primeira, de um cemitério atual e a segunda, de outro (também atual) mas mais humilde. Este, contém uma pequena lápide sobre a campa em terra, ornamentada com flores naturais e envolta em verdura silvestre. Esta imagem parece-me mais consensual porque está em conformidade com a seguinte passagem Bíblica: “Lembra-te ó homem que és pó, e ao pó hás-de voltar!”


local » vila de punhe

Moinho do Inácio foi palco de tradição e muita animação popular

por José Maria Miranda Presidente da Direção d’A Mó

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o passado dia dezoito de setembro, a junta de freguesia de Vila de Punhe, promoveu a tradicional “Desfolhada” junto ao Moinho do Inácio. No recinto, estavam espalhados três tratores de milho que. ia sendo desfolhado pelos presentes. A animar esta tradição secular, os dois agrupamentos musicais presentes (cada um a seu tempo), entoaram lindas cantigas de outros

tempos. Também estiveram presentes neste evento, O Sr. Presidente da Junta, António Costa, Sr. Ricardo Rêgo do Pelouro do desporto da Câmara Municipal de Viana e o Reverendo Pároco da Vila de Punhe Sr. Domingos Meira. Realça-se que o espaço contíguo ao moinho do Inácio tem potencialidades

que podem ser exploradas pela Autarquia para a realização de eventos de vária ordem como por exemplo: a envolvência do meio associativo local. Iniciativas deste género, são sempre bem-vindas porque, para além da sua divulgação, têm o efeito lúdico e pedagógico nas camadas mais jovens que, num futuro próximo, serão

as correntes de transmissão. Finalmente e depois de muito trabalho despendido, chegou a hora de retemperar o estômago com um lanche suculento e bebidas refrescantes. As famílias juntaram-se e confraternizaram com o momento. E assim, terminou mais uma atividade que, envolveu gente laboriosa e amante das tradições. Bem hajam!

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crónica » viana tourino clube

Viana Taurino Clube – Parte I

1910 – 1974

por Carlos Gomes carlosmmpgomes@gmail.com

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Viana Taurino Clube nasceu a 10 de Agosto de 1910, com a realização da primeira reunião, na sede provisória da rua de S.Sebastião, sendo 15 os sócios fundadores. Nesta reunião, presidida por João D’Alpuim D’Agorreta, foi decidido transformar o “Grupo Taurino de Viana do Castelo” em “Viana Taurino Club”, tendo sido votada a proposta dos estatutos, sendo posteriormente apresentados a aprovação do Governador Civil. Para organizar a sede, aprovar os estatutos e admitir sócios, foi eleita a primeira Direcção, presidida por João D’Alpuim D’Agorreta .

A inauguração do clube, foi a 17 de Agosto de 1910, na sua nova sede, sita na rua da Bandeira. A primeira iniciativa do Viana Taurino Club, aconteceu em Agosto de 1910, com a organização de uma garraiada dedicada à Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários, com a participação de sócios do clube e o grupo de amadores Lisbonenses. Até 1911, foi o período de organização do clube, que por dificuldades financeiras, recorreu à ajuda dos sócios, que ofereceram mobiliário e quadros, para apetrechar a sede, novamente na rua S. Sebastião. Em 1912, foi eleito José D´Alpuim D´Agorreta, tendo sucedido ao seu irmão, havendo o registo de acções marcantes, como a organização do Cortejo Carnavalesco, o pedido à Associação Comercial de uma subscrição para construção de uma praça de touros em madeira no Campo do Castelo, uma Garraiada a favor da Santa Casa da Mi-

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sericórdia e a criação do Grupo de Presidentas das garraiadas, composto por ilustres damas da sociedade vianense. Em 1913, foi eleito Miguel D´Alpuim D´Agorreta, também ele irmão dos antecessores, e que liderou o clube até 1925, tendo como iniciativas marcantes, a aprovação do Regímen Interno do Viana Taurino Club, o Regulamento e a criação da Secção Náutica, o Regulamento da Secção Tauromáquica, dinamização da Natação, organização de provas de Ciclismo e atividades culturais, como foi o caso da exposição de cerâmica da fábrica Bordalo Pinheiro. Em 1915, como reconhecimento da importância social, foi atribuída ao Viana Taurino Clube a medalha de 2º classe da Cruz Vermelha Portuguesa, pela República Portuguesa. O ano de 1915 ficou marcado pela decisão do Taurino em organizar as Festas de Nossa Senhora da Agonia e ainda pela tentati-

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va de fusão do S.C. Vianense e do Clube de Ténis, com o Viana Taurino Clube. A Fusão deu-se só com o Clube de Ténis, pois S.C. Vianense não aceitou abdicar das iniciais clube. Assim, o Taurino, para além das garraiadas e organização das festas de Nossa Senhora da Agonia, passou a ter o remo, natação e ténis, como atividades principais, continuando a ser um clube de jogos de salão, agora com a prática do bilhar. Em Janeiro de 1916, foi criada a secção de Futebol, juntando-se assim às coletividades existentes, UFECUnião Futebol Empregados do Comércio, GSV – Grupo Sportivo Vianense e o RCV – Racing Clube de Viana. 1917, fica marcado pela inauguração de nova infraestrutura desportiva, dedicada ao Ténis, com a inauguração dos courts de ténis, nos terrenos das antigas oficinas de S.José. Este ano, fica também na história social do clube, pois, a pedido da Delegação de Viana do Castelo da As-


crónica » viana tourino clube

sistência das Portuguesas às Vítimas da Guerra, foi autorizada uma visita ao clube, no dia da Flor a 1 de junho, com a finalidade de proceder a um peditório, tendo o Taurino concorrido com um donativo. Neste ano, o Governo Português, volta a distinguir o Viana Taurino Clube, com a Cruz Vermelha de Mérito, pelos altos serviços prestados. O Futebol chega em força em 1921, sendo os treinos efetuados no velódromo do campo do castelo. O primeiro jogo foi disputado com o Sporting Club de Braga, seguindo-se vários jogos, pelo que o entusiasmo cresceu de tal forma, que em 1922, foi alugado o espaço da Quinta de Monserrate, ao Comando Geral da Guarda Nacional Republicana, para aí construir o campo de futebol, que viria a ser inaugurada em 1923, tornando o Taurino o clube mais representativo da região. Por pressão do Vianen-

se, o Taurino decidiu em 14 de Novembro de 1923, ceder a utilização do campo de jogos pelo valor de dezoito contos. Em 1936, foram suspensas as garraiadas, por divergência com o Vianense, assim como o ténis e o futebol, sendo que no ano

seguinte, voltaram as garraiadas, em colaboração com o Viana Futebol Club. Em 1946, o clube foi encerrado por ordem da PVDE, Polícia de Vigilância do Estado, reabrindo em 1947, com uma comissão administrativa nomeada pelo Governo Civil.

Foram vários os Presidentes do Clube, até ao 25 de Abril de 1974, tendo mantido as garraiadas e reforçado os jogos de salão, para entretenimento dos associados.

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crónica » orçamento de estado

Viana do Castelo e o OE2023

por Francisco P. Ribeiro fportoribeiro@hotmail.com

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om a Proposta de Lei n.º 38/XV/1.ª, de Orçamento de Estado para 2023 (OE2023), entregue na Assembleia da República, para apreciação na generalidade e na especialidade (informação no site da AR) às 27 freguesias do município de Viana do Castelo irão receber 2.166.930 € (dois milhões, cento e sessenta e sete mil euros), distribuído da seguinte forma (páginas 343 e 344 da proposta de OE2023): De acordo com os valores ordenados alfabeticamente, a União de Freguesias de Viana do Castelo (onde se inscrevem Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, leva a maior fatia de verbas. Por sua vez, para as freguesias de Castelo de Neiva o peso percentual é apenas de 2,9% do

total, e de São Romão de Neiva com um peso percentual de 2,1% do total. É óbvio que estes são valores iniciais para apreciação e discussão do OE2023, na generalidade, podendo ser ajustados ou corrigidos. Para tal, depende “força” dos políticos locais, representantes dos eleitores na Assembleia da República, revelando a agilidade e capacidade de lutarem pelos interesses locais, para incremento de rúbricas. Eventualmente, esse incremento depende de projectos que se pretendam desenvolver nas localidades respetivas, cabendo-nos a responsabilidade de avaliar esse trabalho de retaguarda. Acresce, a este valor, o correspondente ao Fundo de Financiamento de Descentralização (FED), previsto no n.º 2 do artigo 58.º da proposta de OE2023, de 9.652.334 € (nove milhões, seiscentos e cinquenta e dois mil euros), representando 0,8% do FED. Conforme a tabela abaixo, esse valor insignificante representa o somatório de verbas de ação social, 592.326€ (quinhentos e

noventa e dois euros), representando 1,1% do “bolo” do FED, e educação, 9.060.008€ (nove milhões e sessenta mil euros), representando 0,9% (menos de 1%) do “bolo” do FED. Regista-se que a proposta de OE2023 é omissa na distribuição de verbas, para Viana do Castelo, das rubricas correspondentes à saúde e cultura, contribuindo assim para o empobrecimento da população local.

Sendo este um artigo de opinião, considero que estes valores devem ser revistos e exigido aos nossos representantes legais, na AR, maior empenho na defesa dos nossos direitos, para uma maior equidade na distribuição de valores do OE2023. Fica a partilha.

Fonte: extraído da proposta de OE2023, pág.s 343 e 344

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crónica » as ipss

As IPSS’s no Alto Minho

por Filipe Macedo jfsmacedo0@gmail.com

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m Portugal, as entidades de economia social têm assumido uma função preponderante ao nível da coesão social através do combate às diferentes formas de exclusão social. O aumento da sua importância não é só consequência da necessidade de colmatar algumas lacunas da própria sociedade civil e às quais o Estado não consegue dar resposta, mas também surge da necessidade de responder aos novos problemas com que se defrontam as sociedades atuais, como o desemprego, a pobreza e a exclusão social. De acordo com o Estatuto das Instituições Particulares de Solidariedade Social , podem ser reconhecidas como IPSS´s todas as entidades constituídas por iniciativa de particulares sem o propósito de obterem lucro e com o objetivo de dar expressão organizada ao de-

ver moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos nomeadamente: apoio a crianças e jovens; apoio à família; apoio à integração social e comunitária; proteção dos cidadãos na velhice e invalidez; promoção e proteção da saúde; educação e formação profissional dos cidadãos; resolução dos problemas habitacionais das populações. No que respeita ao nível de envelhecimento e da dependência de idosos, a região do Alto Minho apresenta índices superiores à média nacional sendo que nenhum dos seus concelhos se encontra abaixo dessa média, conforme dados do INE (Instituto Nacional de Estatística) relativos ao ano de 2020. Verifica-se ainda que em dois dos seus concelhos (Arcos de Valdevez e Melgaço) os valores correspondem ao dobro da média nacional. Em termos de valor médio das pensões de reforma da segurança social recebidas, a população da região do Alto Minho apresentava em 2020 valores médios inferiores em cerca de 29% do que a média nacional. Em todos os 10 concelhos da região em estudo verifica-se

um valor inferior do que a média nacional, sendo que em metade dos concelhos, o valor representa cerca de 70% da média nacional. Segundo dados da Segurança Social, na região do Alto Minho existem as seguintes entidades registadas como IPSS´s: A recente pandemia que vivemos contribuiu em muito para a agudizar da situação que muitas IPSS já viviam, nomeadamente o enorme esforço que estas entidades vinham a desempenhar na colmatação das necessidades das populações mais vulneráveis. Se estas entidades já vinham a demonstrar situações de escassez crónica de recursos que levava em alguns casos a deixarem de dar resposta a

todas as solicitações, os momentos que vivemos e previsivelmente iremos viver, não afiguram espectativas de melhoria para todo o setor social. A isto acrescentamos que nestas entidades, os meios financeiros são oriundos na sua maioria de origem pública, origem essa cada vez menos disponível para assegurar o regular financiamento destas atividades socialmente imprescindíveis. Estas duas variáveis, o aumento da necessidade de resposta por um lado e a diminuição dos financiamentos públicos por outros, coloca estas entidades num cenário muito complicado em termos da sua própria sobrevivência. De forma que as IPSS consigam a curto prazo garantir a sua sustentabilidade é fundamental, alem do que alguns autores referem da necessidade de uma maior profissionalização, que estas entidades procurem uma redução de custos e/ou aumento das suas receitas próprias.

Fonte: elaboração própria

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crónica » literatura

Vamos conhecer os nossos autores

Paulo de Passos Figueiras por Mota Leite mota.leite@hotmail.com

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aulo de Passos Figueiras nasceu em 1928 na freguesia de Durrães, concelho de Barcelos. Faleceu em Valbom, Gondomar, em 2012. Após a conclusão da Licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra, ingressou na magistratura dos Tribunais do Trabalho, vindo, posteriormente, a exercer funções de Procurador da República no Círculo

O Rio Neiva Monografia Figueiras, Paulo de Passos; et al. 1978

Judicial do Porto. Desde a juventude, nos tempos livres, dedicou-se à investigação histórica a qual, permitiu-lhe publicar uma vasta obra com especial referência ao Rio Neiva e às terras do seu Vale. Colaborou em vários jornais, revistas e publicações periódicas, entre eles o “Lírio do Neiva” de Durrães, “Cadernos Vianenses”, “Barcelos Revista” ou no “Boletim da Bibl. Pública Municipal de Matosinhos”, etc.

As Capelas da Freguesia de Durrães Figueiras, Paulo de Passos 1990

A Casa e Quinta de Vilar em Durrães Figueiras, Paulo de Passos 1992

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Foi pioneiro no estudo sobre o Rio Neiva, o qual veio valorizar alguns dos nossos autores, mas, sobretudo, compilou um conjunto de leis inerentes às suas águas e seus afluentes. Quanto ao estudo sobre as terras do Vale do Neiva é, sem dúvida, um dos que mais se empenhou para dar a conhecer boa parte do seu património, quer material, quer imaterial, ora publicou um conjunto de edições que são testemunha desses factos. Todavia, não

poderemos omitir outros trabalhos que não sendo referentes a esta região, marcam, indelevelmente, o seu valor e saberes do seu curriculum profissional, como será o caso da edição sobre “Regulamentação Colectiva do Trabalho e Legislação Afim” que editara há mais de quatro décadas! Do acervo publicado, destaco algumas obras por entender merecer a melhor atenção nesta temática de autores do Vale do Neiva.

A quinta da igreja na freguesia de Durrães Figueiras, Paulo de Passos 1991

A Acção dos Beneditinos no Vale do Neiva Figueiras, Paulo de Passos 1993

O Padre Luís da Cunha Sottomaior e Faria Figueiras, Paulo de Passos 1996

Delfino António de Miranda e Matos um Barcelense injustiçado Figueiras, Paulo de Passos 1996


agenda cultural » viana do castelo

Sede do Agrupamento de Escolas de Arga e Lima Alameda 25 de Abril 70, Lanheses

Exposição permanente

Porta de Arga: os mineiros e os minérios Organização Câmara Municipal de Viana do Castelo e Agrupamento de Escolas de Arga e Lima sáb 9h–13h / 14h–17h 2ª a 6ª sob marcação prévia

Teatro Municipal Sá de Miranda Rua Sá de Miranda

qui 10 a sex 18

6º Festival de Teatro de Viana do Castelo Organização: Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana Uma seleção de espetáculos de diferentes estéticas que é apresentada ao longo de nove dias dedicados a celebrar adiversidade e a excelência da criação artística contemporânea.

CMIA - Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental Rua da Argaçosa

sáb 26 10h–17h

Workshops: Bioregisto – Cogumelos Destinatários: público geral, maiores de 16 anos Dinamizado por: Rui Cardoso, Associação ALDEIA Inscrições: até dia 25 de novembro, às 16h. Mais informações: ambiente.cm-viana-castelo.pt

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crónica » literatura

Três leituras para agarrar em novembro

por Daniela Maciel dani18maciel@hotmail.com

contrar algo que os ajude a decidir o seu futuro. Conforme o relógio avança, também a despedida se torna inevitável. Por vezes, o fim de algo é sempre o início de algo novo. Uma história bonita, que recomendo sem reservas.

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m novembro trago a recomendação de livros para diversas idades e gostos.

um cargo de liderança num projeto de neuro-engenharia, Bee fica radiante. Contudo, depressa percebe que vai ter de coliderar com Levi Ward, o arqui-inimigo académico de longa data, que lhe transforma a vida num pesadelo. Este é um daqueles livros completamente divertidos, que deixará o leitor a rir às gargalhadas e a torcer por Bee e Lvi!

“A Ciência do Amor” Ali Hazelwood 2022

Para os mais românticos:

“Olá, Adeus e Tudo o Resto” Jennifer E. Smith 2022

Para os mais jovens: «Olá, Adeus e Tudo o Resto», de Jennifer E. Smith, é uma doçura de livro. Durante as 12 horas que antecedem a sua ida para a universidade, Clare e Aidan precisam de fazer uma escolha difícil: ficar juntos ou terminar. Para isso, vão recordar momentos que foram importantes no seu relacionamento, vão visitar amigos e familiares. Talvez, ao analisar o passado, possam en-

«A Ciência do Amor», de Ali Hazelwood, é uma comédia romântica passada na academia. Bee é uma neurocientista que acredita que o amor é apenas um incidente neurofisiológico irremediavelmente instável e o verdadeiro inimigo das relações humanas. Enquanto mulher a trabalhar na ciência, Bee é uma espécie em vias de extinção num mundo dominado por homens e, por isso, vive de acordo com um código muito simples: o que faria Marie Curie? Quando lhe é oferecido

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lancer, um espião que trabalha para a Cadmo, uma organização semigovernamental internacional. O livro mostra-nos um André um várias facetas da sua vida: como funcionário do Ministério, como espião e como uma pessoa normal com a sua vida privada, com mais ou menos problemas. Aquilo de que mais gostei, sem dúvida, foi a sua atividade enquanto espião. Adorei as missões e achei-as muito bem estruturadas e desenvolvidas. Havia suspense e ação e fiquei com a sensação de que estava a ver um filme do 007. No geral, foi uma leitura bastante agradável, repleta de ação, reviravoltas, enigmas e traições. O ritmo rápido permite uma leitura viciante e difícil de pousar. Espero que as minhas sugestões o tenham cativado. Boas leituras!

“O Espião Português” Nuno Nepomuceno 2021

Para os mais aventureiros: «O Espião Português», de Nuno Nepomuceno, dá-nos a conhecer André Marques-Smith, um jovem de 27 anos, bom rapaz, dedicado à família e aos amigos. Tornou-se o mais jovem funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo um profissional muito dedicado. Contudo, André tem uma vida dupla. Ele é Free-


crónica » literatura

Recordações: As Aventuras do Abílio

por José Händel de Oliveira jhandeloliveira@gmail.com

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a quase vizinha freguesia de Landim que tem uma monumental igreja do mosteiro e que foi referida por Camilo Castelo Branco num dos seus muitos livros, havia um barbeiro de nome Abílio, muito considerado e até dirigente desportivo. O meu amigo Dr. João Gomes Alves que ainda o ano passado foi agraciado com a medalha de ouro pelo Município de Guimarães e que foi meu colega desde o então 4º ano do liceu até ao final do Curso de Direito, em Coimbra, acontecendo até que desde o 7º ano liceal partilhamos sempre a mesma casa de habitação, nomeadamente nos dois últimos anos do curso em que estivemos na inesquecível

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“república Bamus-ó-Bira”, a quem tinha contado algumas aventuras daquela personagem, anotou num livro que pensamos escrever e que acabou por ficar só no seu início, que o Abílio tinha dois extremos brilhantes – os sapatos impecavelmente engraxados e a reluzir e o cabelo cuidadosamente penteado e a brilhar da tanta brilhantina com o que o besuntava. Apesar de casado, prendeu-se de amores por uma jovem, bela e esbelta, que todos os dias passava na estrada, junto à barbearia, muitas vezes acompanhada de uma irmã mais velha, tangendo uns cavalitos que na saída da freguesia carregavam sacos de farinha e, no regresso, transportavam o milho que os lavradores queriam ver moído no moinho do pai. O trajo de trabalho, ponteado de branco pela farinha, dava-lhes um ar encantador. Um dia em que a moça mais nova, vinha sozinha, o Abílio entabulou conversa com ela, obrigou-a a parar

e propôs-lhe que, no outro dia, se encontrassem debaixo da ponte do rio Pele, pois queria mostrar-lhe quanto gostava dela. A mocinha ficou muito vermelha e para se ver livre do homem, murmurou um quase impercetível: Está bem. Em face disto, o Abílio, no dia seguinte mal a viu enveredar para a ponte, foi a correr por um caminho transverso e oculto pela vegetação esperou que a sua amada ali chegasse. Porém, surpresa das surpresas, quem veio ao seu encontro foi o pai da moça que contara ao progenitor da proposta do barbeiro e que estava acompanhado de um filho adolescente. Am-

bos, armados de varapaus, e gritando: “Trunfo é paus”, assentaram umas pauladas nas costas do Abílio que, para evitar males maiores, e repetindo a palavra “Passo”, atravessou o rio que levava pouca água, encharcando os seus estimados sapatos e as calças. Depois de escalar a outra margem fugiu a toda a velocidade, embora pensando: “E fui eu passar com um jogo tão bom”. Com as costas doridas, ainda ouviu, durante muito tempo, seus conhecidos a gritaram-lhe: “Oh Abílio! Foste buscar lã e vieste tosquiado.”

POEMA

NOVEMBRO Quero pegar em ti Eu quero pegar em ti Abraçar-te com carinho Foi algo que eu senti Para não me sentir sozinho Quero abraçar-te loucamente Sentir teu corpo junto a mim Eu fiquei louco de repente Ao ver-te abraçar assim Quero sentir teu corpo no meu Abraçar teu corpo com ternura E este sentimento apenas meu E ver-te assim é uma loucura por Américo Manuel Santos americosantos1927@gmail.com

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plantas » sansevieria

Sansevieria

por Andreia Castro Decoradora

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az parte daquele grupo de pessoas que se esquecem de regar as plantas, mesmo quando passam por elas todos os dias? Então aqui estão as plantas indicadas para si! De fácil manutenção e pouca necessidade de rega, as plantas do género Sansevieria são (quase) indestrutíveis! Mas que plantas são estas com um nome tão estranho? Fácil... certamente tem uma em casa ou anda a namorá-la na montra de algum florista. A Sansevieria mais comum é vulgarmente conhecida por Espada de São Jorge (está a ver como a conhece?) e é muito procurada quer pelo seu valor ornamental, quer pelas propriedades de purificação do ar e de proteção que lhe são atribuídas. Existem muitas variedades destas plantas. As mais conhecidas apresentam umas folhas altas, numa tonalidade que varia entre o verde e o amarelo (Sansevieria trifasciata “Laurentii”), mas existe uma muito semelhante que, em vez de amarelo, apresenta vários tons de verde, do mais claro ao mais escuro. Esta Sansevieria é da variedade “Futura” e é também bastante procurada. Muito apreciada também, é a Sansevieria cylindrica, com folhas esguias e tubulares. Como referi antes, elas

não precisam de muitos cuidados. Como todas as plantas, gostam que de vez em quando o pó das folhas seja limpo, para que possam realizar melhor o processo de fotossíntese. No que respeita à rega, uma vez por mês é suficiente, e no inverno até poderá esperar um pouco mais. Em termos de luz, são muito resistentes e adaptam-se bem quer a ambientes bastante iluminados, quer a ambientes mais escuros. Com muita ou pouca luz, mantêm-se sempre bonitas, sendo o seu crescimento mais lento em ambientes menos iluminados. Não precisa de podas, mas se lhe quiser cortar as folhas mais velhas, corte-as próximo do solo, na diagonal, e aproveite a folha para reproduzir a planta. Como? Há duas formas: em água ou em substrato. Se preferir a primeira opção, pegue na folha cortada e,

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próximo da ponta superior, faça um corte em forma de V invertido ou na diagonal (com uma tesoura desinfetada com álcool). Pegue num copo ou num frasquinho de compota, encha com água até meio e coloque lá a ponta da folha. Deixe-a perto de uma janela (com luz indireta) e mude a água uma vez por semana. Ao fim de algumas semanas verá as raízes a surgir e poderá passá-la para o substrato. No caso de preferir a propagação em substrato, escolha um para plantas de interior e misture perlite (para ajudar no arejamento e diminuir a densidade do substrato). Na folha, faça vários cortes em V invertido ou na diagonal, e coloque no substrato. Depois do primeiro corte, terá que ter muita atenção, pois se se enganar e colocar o corte superior no substrato

(em vez do inferior), as raízes não nascerão. Má notícia: quando faz a propagação da Sansevieria trifasciata “Laurentii” a partir da folha, saiba que esta perderá as riscas amarelas, pois trata-se de uma cultivar, ou seja, foi modificada geneticamente para apresentar aquela cor amarela que tanto gostamos. Provavelmente, ela voltará ao seu estado original, que é completamente verde. O lado bom é que, se não tem uma Sansevieria toda verde, poderá passar a ter... Nota: apesar de chamar a estas plantas Sansevierias, os estudos mais recentes colocam-nas no género Dracaena. No entanto, mantive o nome do género Sansevieria, visto ser o mais conhecido por quem procura saber os nomes científicos das plantas.


crónica » transtorno do espectro autista

A atuação do neuropsicopedagogo frente ao indivíduo com o transtorno do espectro autista

por Geovana Mascarenhas psicogeovanamascarenhas@gmail.com Neuropsicopedagoga Clínica

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Neuropsicopedagogia é definida como uma ciência transdisciplinar fundamentada nos conhecimentos da Neurociência Aplicada, que foca no estudo da relação do cérebro e a aprendizagem, com o intuito de reintegração pessoal, social e escolar. Especialmente neste artigo, abordaremos os indivíduos com o Transtorno do Espectro Autista. O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de in-

teresses e atividades. O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos. É bastante comum que os sinais fiquem evidentes antes da criança completar 3 anos. Os sintomas variam muito conforme o tipo, porém os mais frequentes são: ausência completa ou dificuldade de manter contato interpessoal (principalmente contato visual), incapacidade de aprender a falar (ou não usa a fala como forma de comunicação), incidência de movimentos estereotipados e repetitivos. Indivíduos com transtorno do espectro autista frequentemente apresentam outras condições concomitantes, como por exemplo, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O nível de funcionamento intelectual em indivíduos com TEA é extremamente variável. A intervenção para o autismo poderá envolver médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, neuropsicopedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos além da imprescindível orientação aos pais ou cuidadores. É altamente recomendado que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de intervenção personalizado,

pois nenhuma pessoa com autismo é igual a outra. Por isso, a intervenção pode variar muito. Há indivíduos que necessitam de um suporte médico acompanhado de um suporte psicológico, outros podem demandar uma equipe maior. Tudo dependerá do grau de necessidade de cada um. A aprendizagem dos indivíduos autistas traz muitos desafios para pais, professores e profissionais, por entender que precisam ser traçadas estratégias personalizadas para cada criança, de acordo com a sua realidade e vivência, a fim de valorizar o seu potencial e viabilizar a aquisição de novos conhecimentos, integração social e desenvolvimento de novas habilidades. Mas, como a Neuropsicopedagogia pode contribuir para o progresso do aluno com autismo? É possível realizar adaptações curriculares no ensino regular para incluir e auxiliar o aprendizado de alunos com TEA? A Neuropsicopedagogia beneficia a aprendizagem de alunos com TEA, pois busca abranger como o cérebro da criança aprende e processa as informações oferecidas, colaborando para acomodar programas de ensino que estimulem a criança ou adolescente a adquirir novos conhecimentos. Com isso, auxiliar professores, pais e mediadores para a rea-

lização de adaptações curriculares e monitoramento dessa aprendizagem, pois é possível realizar adaptações curriculares que favoreçam a aprendizagem de crianças autistas no ensino regular. Para um desenvolvimento pleno da aprendizagem, o autista necessita de uma intervenção estruturada, com organização do espaço, material, atividades e rotinas de trabalhos bem elaborados. O neuropsicopedagogo alia os conhecimentos da neurociência, da pedagogia e psicologia proporcionando estratégias terapêuticas que estimulem as funções cerebrais e promova a alfabetização, o desenvolvimento da linguagem, a interação social e estimule as funções de coordenação motora, importantes para o desenvolvimento da aprendizagem. A Neuropsicopedagogia contribui na aprendizagem de alunos do Espectro Autista por se tratar de uma ciência transdisciplinar. Após uma avaliação Neuropsicopedagógica, é possível obter dados do aluno com TEA e realizar um planejamento de atividades e métodos que favoreçam o conhecimento destes alunos. Com isso, ter ferramentas para auxiliar professores, pais e mediadores para a realização de adaptações curriculares e monitoramento dessa aprendizagem. E o mais importante: avaliação e intervenção precoce muda vidas! jornal

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crónica » o pulsar da sociedade

O pulsar da sociedade

O trintão

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

O

rótulo de trintão, é uma espécie de axioma, que na prática atribui-se àqueles indivíduos, que se situam na casa dos 30 anos, e que por sinal quando chegam a esse patamar, sabem que esse é um momento decisivo e fulcral para a vida deles, seja em termos sociais, económicos e familiares. Tendo ultrapassado esta faixa etária, com algum mérito, deduzo que esta minha constatação, é extensível a muitas pessoas, que no seguimento da passagem por esse grau, provavelmente acham que usufruíram dos melhores anos da sua vida, ocasionado pelo apanágio, virtude e ensejo, que essa categoria de idade confere e estabelece. Mas antes de mais nada, é preciso entender as razões que levaram, a constituir-se essa catalogação de “Trintão”, e qual a origem dessa denominação. O mais lógico é que esse calão, tivesse sido tecido, com uma descarte vincada, por pessoas mais jovens, que se posicionam no limiar dos 20 anos, como forma de repelir, balizar, invejar, detestar ou até elogiar, um determinado individuo de 30 anos, que exibe um pro-

tagonismo aparatoso. Eu próprio sou testemunha de variadíssimos episódios, designadamente quando integrava o grupo dos mais neófitos, em bares e discotecas, e notava que os trintões homens eram quase sempre bem-sucedidos, na arte da sedução, usando como trunfos, o seu poder económico, a sua léria persuasiva, o bom carro, para engatar as franganotas, que tínhamos debaixo de olho, deixando-nos de candeias às avessas, propalando vezes sem conta, a palavra “Trintão”, com uma tónica indignada. Esse exemplo que foquei, sucede-se claramente, seja no caso do homem ou da mulher, justamente por essas pessoas serem particularmente novas, e ainda se manterem com uma aparência agradável, conseguindo se reger doutros condimentos atrativos e credíveis, que fazem a diferença no cotejo momentâneo que preconizam, perante os antagonistas bucólicos de 20 aninhos. Contudo estas supostas vantagens dos trintões, não se confinam apenas aos devaneios do romance, pois normalmente essas características são aproveitadas de modo transversal, para se singrarem em outros segmentos da sociedade, seja no âmbito do trabalho, nas relações sociais, familiares, ou e em atividades cívicas. Sendo que nas questões laborais, o trintão ancorado por esse desígnio natural, tem enormes chan-

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ces de demonstrar o seu charme, a postura hirta, a experiência, a frescura física, a perspicácia ágil, e a eventual formação académica, patenteando-se com êxito e inclusive superando os mais velhos, que ligeiramente desgastados, estão á mercê dos trintões. Nas relações sociais e familiares, a sua influência cresce consideravelmente, graças ao seu estatuto e uma conduta nitidamente séria, impondo-se firmemente, imbuído num reconhecimento unânime, sufragado por todos. No que toca, às atividades cívicas, o trintão com filhos menores e não só, tem francas possibilidades em introduzir-se em determinadas organizações, entroncar com movimentos ou projetos inovadores, ousando obter o título de pessoa carismática. A importância do homem trintão, é por demais

evidente, assinalando como amostra taxativa, a figura de Jesus Cristo, que após ter completado 30 anos, entendeu assumir o seu magistério, difundindo de forma providencial, a palavra de Deus. Além disso, verificamos, que lei permite, que um homem com 35 anos, possa candidatar-se ao cargo mais prestigiado da nação, validando a maturidade e ponderação, como requisito sine qua non. Apesar destes aspetos favoráveis, o desporto é a única mácula, que abala o trintão, e o afasta das altas competições, por não possuir a acutilância e a resistência doutros tempos. Mas não obstante isso, o trintão nas restantes áreas, pende para progredir e alcançar os seus objetivos, a menos que deslasse univocamente, por falta de ambição, ou por se comportar como um autêntico néscio.


crónica » mitos e lendas

A praça de Monção

por Fernando Fernandes fjfernandes1975@gmail.com

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or estas alturas, estava Portugal em guerra com o Reino de Castela, nomeadamente durante o reinado de Fernando I e Henrique II, soberanos de ambos os países. Mesmo na fronteira mais a norte, um tal de Rodrigo de Sarmento, deslocou-se da Galiza para pôr cerco à vila de Monção pela sua localização estratégica tendo em vista um aumentar de terras para sul. Era, portanto, um excelente ponto de partida. Mas houve alguém, que se sobressaiu, dado o tremendo empenho e afinco demonstrado, na defesa da praça da vila; seu nome Deu-la-Deu Martins, esposa do capitão mor, Vasco Gomes de Abreu. Um autêntico símbolo de coragem e inspiração, correndo desenfreadamente para todos os lados, quer em tarefas de entre ajuda, quer em tarefas ofensivas arremessando pedras, e todo o que pudesse inflamar, contra as hostes Castelhanas. Mesmo quando estes conseguiam aproveitar uma pequena nesga para conseguirem entrar na parte central, lá estava ela de espada em riste, na linha da frente, para colmatar a falha e expulsar aqueles que tentavam investir. Foi um cerco muito duro, e com naturalidade,

os bens essenciais começaram a escassear. Isso aliado também à falta de pessoas válidas para ajudar no combate, começou a tomar proporções cuja inevitabilidade passaria pela rendição. Mas, isso era uma palavra que não existia na cabeça de Deu-la-Deu Martins. Mesmo com este cenário a tornar-se cada vez mais evidente, e depois de ter assumido o comando dos homens que bravamente defendiam Monção, envolveu-se em todas as lutas possíveis, foi encorajando aqueles que já mostravam sinais de fraqueza e ainda assistia aqueles que necessitavam de cuidados médicos. Todavia, a fome começou a ser mais forte do que a coragem de todos os que a seguiam. O desespero, a fadiga e subnutrição estavam a começar a fazer baixas. Como tal, era claro que uma decisão, fosse ele qual fosse, tinha de ser tomada. Após subir à muralha e vislumbrar que os Castelhanos também estavam a sofrer do mesmo mal, teve uma ideia brilhante. Mandou cozer no forno a escassa farinha que restava a fim de ser cozinhado pão. Sem nada entender, os habitantes da vila obedeceram cegamente. Após este estar pronto a ser comido, encheu um cesto e subindo à muralha, começou a atirá-lo aos Castelhanos, gritando em boa voz: — “A vós, que não podendo conquistar-nos pela força das armas, nos haveis querido render pela fome, nós, mais humanos e porque, graças a Deus, nos achamos bem providos,

vendo que não estais fartos, vos enviamos esse socorro e vos daremos mais, se pedirdes!” A confusão instalou entre os invasores. Jamais pensavam que as provisões da vila, davam para esbanjar ao ponto de lhes serem oferecidas com um tom de humanismo e altivez ao mesmo tempo. Cansados, e vencidos pela fome, os Castelhanos levantaram o cerco e voltaram para a Galiza. A heroína foi saudada e tornou-se o símbolo maior de Monção; aquela

que os salvou da invasão de Castela. No largo do Loreto, em pleno centro histórico de Monção, pode ver-se a estátua de Danaíde. No centro da base dessa estátua envolvida por um chafariz em forma circular, a heroína encontra-se perpetuada no brasão de armas de Monção: “… Em campo branco uma torre, no alto da qual emerge um vulto de mulher, em meio corpo, segurando um pão em cada uma das mãos, em volta a legenda, Deus a deu – Deus o há dado”

jornal

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cinema » sugestão ao leitor

Os filmes LGBT

por Alcino Pereira alcinop@ipvc.pt

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ecentemente ao explorar o serviço de streaming de cinema “Netflix”, detetei algo inédito, designadamente a disponibilização dum separador intitulado de “Filmes LGBTQ”, que contém narrativas insólitas e complexas, de orientação sexual divergente, alienando por sinal outros laivos de cariz bizarro e estranho, que justamente também se agregaram nesse movimento apelidado de “LGBTQIA+”. Debruçando-me somente num plano referente às lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgéneros, indico algumas obras cinematográficas, que espelham os constrangimentos sérios que essas pessoas passaram, por denotarem uma intencionalidade sexual, distinta do normal, além da notória resiliência, fulcral, para se afirmarem perante a sociedade, tornando esses filmes, na minha ótica, pertinentes para o público em geral. Jogo de Lágrimas (1992): é um filme que realça a vida atribulada do militante do IRA, Fergus, que ao sentir-se com remorsos pela acidental morte dum inimigo, entende procurar a ex-namorada do falecido, chamada Dil, para partilhar com ela as nefastas conse-

quências do incidente. Mas envolver-se sentimentalmente com Dil, naqueles enleios de sedução que se proporcionam em Bares de alterne, é totalmente surpreendido quando repara, que ela não passa dum Transgénero, sujeitando-se a um rotundo choque, embora este ainda nutrir uma visível simpatia por Dil. Não obstante, esta surpresa desagradável, Fergus é submetido a um constante sobressalto, devido á pressão que sofre, por parte dos comparsas do IRA, para cometer outro atentado e noutro prisma valer-se de coragem, para contar a verdade a Dil, acerca do fatídico infortúnio que vitimou o seu companheiro.

um ambiente crispado, obrigando Pariah a enveredar por uma decisão drástica.

Pariah (2011): é um enredo que sublinha as dificuldades e os preconceitos, ao qual muitos jovens homossexuais ou transexuais, remetem-se na relação crispada com os seus encarregados de educação, nomeadamente quando estes se confrontam, com uma tendência sexual, dos seus educandos, contrário á conceptual monogamia. É precisamente isso que acontece, com a adolescente Pariah, que aos 17 anos, no decurso de convivências que mantêm com grupos de lésbicas e bissexuais, comporta-se como uma maria-rapaz, inclusivamente usando adereços sobresselentes de nicho masculino, em conformidade com o seu desejo implícito de mudança de sexo. Só que ao imbuir-se demasiado nesse etos voluptuoso, essa conduta chega aos ouvidos dos seus progenitores, gerando

Margarita com canudinho de 2014). Neste argumento, o conteúdo do mesmo gira á volta da jovem indiana Laila, uma miúda de feição heterossexual, que padece duma patologia, denominada paralisia cerebral. Contudo e apesar desse handicap que a prejudica no seu quotidiano, Laila demonstra uma dedicação assinalável aos estudos, patenteando-se como uma aluna brilhante. Por isso em face dessa sapiência, viaja para Nova Iorque, para lá se especializar numa área conceituada. Porém, Laila ao infligir-se sistematicamente, com as suas dissoluções amorosas, derivado á sua condição limitada do foro físico, adere a um inusitado namoro lésbico, com uma paquistanesa cega, vicejando claramente, a sua vida afetiva. Todavia Laila ao assumir a titubeante bissexua-

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Alfonso Herrera em O Baile dos 41 (2020)

lidade, não perceciona, que essa disposição, pode-lhe criar problemas no futuro. O Baile dos 41 (2020): baseado em fatos verídicos, esta narrativa relata a ascensão e a posterior humilhação de Ignácio, um homem ambicioso, que no século 19, abarca num casamento conveniente, com Amada, filha do presidente mexicano, ocultando a estes, a sua toada homossexual. Tanto mais, que essa propensão aumenta clamorosamente, quando Ignácio cruza-se com um colaborador subalterno, chamado Evaristo, após a nomeação para deputado. Ao travarem conhecimento mutuamente, ambos encarnam num romance impetuoso, acabando por Ignácio inscrever o seu amante, numa organização secreta de homossexuais, onde se sucedem bacanais de índole lasciva. No entanto Inácio, ao defraudar continuadamente as expectativas naturais de Amada, corre o risco de ser descoberto e desmascarado.


agenda cultural » barcelos

Theatro Gil Vicente Largo Dr. Martins de Lima

10 de novembro, 21h30

A Arte não tem Idade Gerações pelo Mundo Organização: Município de Barcelos Preço: Gratuito “Gerações pelo Mundo” é uma viagem através de locais, países e culturas. É sobretudo um momento em que várias gerações se encontrarão num palco, partilhando a paixão que têm em comum pelas artes da dança e da música.

Theatro Gil Vicente Largo Dr. Martins de Lima

27 de novembro, 17h00

Memórias da Música Popular Portuguesa Promotor: Município de Barcelos - Museu de Olaria No âmbito do programa Cultura para Todos numa Cidade Inclusiva, insere-se o projeto “Memórias da Música Popular Portuguesa”, que levará a cabo um espetáculo que é o resultado da audição e reinterpretação da música popular oriunda das freguesias barcelenses que integram o Vale do Neiva.

Theatro Gil Vicente Largo Dr. Martins de Lima

27 de novembro, 10h00

No Sorriso da Lua: Teatro para Bebés Produtor: ETCetera Teatro Espaço limitado a 15 bebés + 15 adultos Vamos viajar e contar segredos à Lua…

jornal

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necrologia

Agência Funerária

Tilheiro

Tel: 258 971 259 Tlm: 962 903 471 www.funerariatilheiro.com Barroselas

60 anos

68 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Vítor Manuel Maciel Cachada

Avelino Maciel de Freitas

Durrães – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

A Família

A Família

84 anos

86 anos

84 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Isidro Fernandes de Miranda

Alípio de Oliveira Gonçalves

Maria Beatriz Vieira de Sá

Barroselas – Viana do Castelo

Mujães – Viana do Castelo

Aldreu – Barcelos

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

26 anos

67 anos

85 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Hugo Rafael Salgueiro Cunha

Américo de Sousa Melo

Maria de Lurdes Miranda Santos

Portela-Susã – Viana do Castelo

Fragoso – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

A Família

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necrologia

77 anos

78 anos

93 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Augusta Maciel de Castro Pinheiro

Tomaz Gonçalves de Sousa

Maria dos Anjos Castro Miranda

Durrães – Barcelos

Poiares – Ponte de Lima

Balugães – Barcelos

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A Família

A Família

A Família

82 anos

45 anos

70 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Gracinda Pereira de Abreu

Paulo Manuel de Sousa Castro

António da Costa Ribeiro

Balugães – Barcelos

Durrães – Barcelos

Portela Susã – Viana do Castelo

Sua Família, vem por este meio agradecer a todas as pessoas que participaram no funeral e missa de 7.º dia, bem como aquelas que de alguma forma os acompanharam na sua dor.

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A Família

A Família

A Família

85 anos

96 anos

96 anos

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

Maria Jacinta da Silva Batista

Marta Fernandes de Oliveira

Maria Angelina de Almeida e Silva

Fragoso – Barcelos

Barroselas – Viana do Castelo

Barroselas – Viana do Castelo

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A Família

A Família

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