Edição 34

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Eficácia da Hidroterapia no Tratamento Conservador da Hérnia de Disco Lombar

Por: Vanessa Cordeiro

Introdução No Brasil, as doenças músculoesqueléticas, com predomínio das doenças da coluna, são a primeira causa de pagamento de auxílio-doença e a terceira causa de aposentadoria por invalidez (FERNANDES, 2000). As lesões caracterizadas por dor na coluna lombar têm adquirido relevante importância nas últimas décadas por afetar uma parcela importante da população economicamente ativa. Entre estas enfermidades, está a hérnia de disco lombar. Essa patologia, pelas disfunções, invalidez e aspectos socioeconômicos que a acompanham, tem sido tema de inúmeros estudos epidemiológicos entre os trabalhadores (GARCIA, 1996). Observou-se que 30 a 40 % da população assintomática adulta apresentam hérnia de disco lombar (ORTIZ, 2000). Estudos epidemiológicos relatam que 80% da população mundial sofrerão de dores na coluna algum dia de suas vidas (DEYO, 1983; KOES, 1991). Disco Intervertebral O disco intervertebral está disposto em quatro camadas concêntricas. A mais externa é composta por uma densa lâmina de colágeno, a intermediária é uma camada fibrocartilaginosa; uma zona de transição e o núcleo pulposo. As lâminas são mais finas e menos numerosas atrás do que na frente ou lateralmente (HUMPHREYS, 1999).

Por ser avascular, o disco conta com determinados mecanismos para a manutenção de sua nutrição. Alterações intermitentes na postura e na posição do corpo alteram a pressão interna do disco, causando uma ação de bombeamento de água que transporta nutrientes para dentro e remove produtos metabólicos. A manutenção do corpo em uma posição estática por um certo período de tempo diminui esta ação de bombeamento e afeta a integridade do disco intervertebral (HALL, 2000). Ao se aplicar uma carga constante num disco vertebral, ocorre a diminuição da espessura do disco, sugerindo um processo de desidratação proporcional ao volume do núcleo. Ao se retirar a carga, o disco recupera a espessura inicial, e essa recuperação da espessura inicial exige um certo tempo. Quando ocorrem cargas e descargas num período curto de tempo, o disco não tem tempo de recuperar-se. Também se as cargas e descargas se repetem de modo muito prolongado, o disco não recupera sua espessura inicial, independente do tempo esperado. Este é o fenômeno do envelhecimento. Nos esforços de compressão axial, o núcleo suporta 75% da carga e o anulo 25% (KAPANDJI, 2000). Biomecânica da Coluna Lombar A acentuação da curva lombar é conhecida como lordose. Ela resulta

tipicamente de um desequilíbrio entre o fortalecimento dos músculos lombares e o enfraquecimento dos músculos abdominais. A inclinação anterior da pelve freqüentemente acompanha a lordose e contribui ainda mais para o estiramento dos músculos abdominais. Esta condição é a causa mais comum de lombalgia postural (HALL, 2000). Segundo KAPANDJI, 2000, o grau de curvatura da coluna lombar depende também dos músculos dos membros inferiores ligados à pelve. O músculo psoas, flexor da coluna lombar sobre a pelve, acentua a lordose lombar quando contraído. A correção da anteversão pélvica é obtida pela ação dos extensores do quadril: isquiotibiais e glúteo máximo, que levam a báscula da pelve para trás e restabelece a verticalidade sacral diminuindo a lordose lombar. A ação dos músculos da parede abdominal é efetuada por intermédio de dois braços de alavancas: o inferior, constituído pela distância promontopúbica, e o superior constituído pela distância dorso-xifóide. Daí vem o papel mais importante na correção da hiperlordose lombar, sendo suficiente contrair glúteo máximo e reto abdominal para endireitar a lordose lombar. A partir desse momento, a ação de extensão dos músculos das goteiras lombares pode obter a tração para trás das primeiras vértebras lombares (KA-


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