Edição 32

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ÍNDICE 04 - Agenda. 06 - Cartas. 08 - A Influência da Fisioterapia na Política Social Européia. 10 - Mulher Inteligente se Preocupa com o Meio Ambiente. 12 - Entrevista CREFITO - 2 . 13 - Entrevista CREFITO - 8. 16 - Tratamento Fisioterapêutico de Emergência para Síndrome do Túnel do Carpo Bilateral em Gestante. 19 - Entrevista com Dr. H. D. Saunders. 20 - Fisioterapia Manual Ortopédica e Medicina Ortopédica. 22 - A Evolução das Inter-relações do Fisioterapeuta com os Usuários de Acessórios - Órteses e/ou Próteses. 24 - Vertigem e Tontura, A Fisioterapia Labiríntica nas Disfunções do Equilíbrio.

Errata: Na Edição passada trocamos os créditos de autoria da edição “Eficácia do Tratamento Cinesioterápico Ativo Assistido e Livre Combinado com a Contração Isométrica na Melhora da AVD de Paciente TCE” que foi escrito por: Dra. Andréia C. Teles Izabel Alvarenga Dra. Elizete Gonçalves Saldanha Dra. Rejane Affonso Pereira Dr. Renato Luiz de Alvarenga Dedicatória: Esta Edição é dedicada ao meus companheiros fundadores da Revista Fisio&terapia. São eles: Dr. João Marcelo Gigliotti Dr. Fabiano Moreria da Silva Um grande abraço. Dr. Oston de Lacerda Mendes Valeu Rapeize, que isssssso!! Representação: Seja um representante da Revista em sua faculdade. Ligue: (62) 224-9007 e se informe.

EXPEDIENTE Diretor e Editor Dr. Oston de Lacerda Mendes Diretora Comercial Luciene Lopes Assistente de Redação Diogo Santos Gerente de Produção Márcio Amaral Jornalista Responsável Rafael Vieira Rodrigues RJ Assessoria Jurídica Dr. Walter Lambert de Brito

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AGENDA 2oo2

Veja a agenda completa da Revista Fisio&terapia no site www.fisioon.com.br

DESC DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES 04.ABRIL Em Abril Hidroterapia Mét. Bad Ragaz - Peggy Schoedinger - EUA São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Hidroterapia nas Algias - Peggy Schoedinger - EUA São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Método Halliwick - Peggy Schoedinger - EUA São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Fisioterapia USA (43) 324-9000 Em Abril Pós-Graduação em Reabilitação Cardiovascular / UVA Rio de Janeiro RJ (21) 2574-8835 / 0800-246172 Em Abril Pós-Graduação Aplicada à Dermato-Funcional / UGF Rio de Janeiro RJ (21) 2599-7136 / 2599-7217 22 a 04 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 26 a 05 Curso Internacional de Drenagem Linfática (Dr. Leduc) Bélgica (11) 3079-0925 / 3168-2592 / 9612-6566 10% 26 e 27 1º Congresso Brasileiro de Fisioterapia da Escoliose Rio de Janeiro RJ (21) 2287-7370 / 2538-9066 27 Palestra sobre Reabilitação Vestibular Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 27 e 28 Fisioterapia Obstétrica / Módulo I Campinas SP (19) 3254-4200 27 e 28 Alongamento e Postura Rio de Janeiro RJ (21) 2558-3001 / 2558-3513 10% 27 e 28 Fraturas, Lesões e Traumatismos dos Membros Inferiores Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 27 e 28 Eletrotermoterapia Aplicada à Fisioterapia Estética Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 27 e 28 Fisioterapia Aplicada à UTI Neonatal Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 27 e 28 Técnicas de Terapia Manual (Articular e Miofascial) Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 05.MAIO Em Maio Hidroterapia em Neurologia - Julie e Judy - Austrália São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 10% 01 a 05 32º ENAF Poços de Caldas MG (35) 3222-2344 10% 03 a 05 3ª Jornada para Calouros de Fisioterapia no Bennett Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 04 Semiologia Neurológica Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 10% 04 e 05 Bola Suíça Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 5% 04 e 05 Curso Teórico Prático de Hidroterapia Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 04 e 05 Biomecânica - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 05 a 10 Curso de Osteopatia (1ª Turma) Belo Horizonte MG (31) 3227-1662 / 3227-1172 06 a 17 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 10 Simpósio Internacional de Osteopatia Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 10% 11 Fisioterapia Respiratória Ambulatorial e Leito - Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 11 e 12 Fisioterapia em Dermatologia Estética Funcional Rio de Janeiro RJ (21) 2571-8595 11 e 12 Fisiologia do Exercício Aplicada à Fisioterapia Rio de Janeiro RJ (21) 2537-5017 14 a 17 2ª Jornada Específica de Fisioterapia da UNISANTA Santos SP (13) 9113-9759 / 9137-3650 10% 17 e 18 Fisioterapia Obstétrica / Módulo II Campinas SP (19) 3254-4200 17 a 19 Anatomia Palpatória Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 18 Doenças Degenerativas e Dores da Coluna Lombar Porto Alegre RS (51) 3311-8844 / 3311-8922 10% 18 Programação Neuro-Linguística Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 10% 18 e 19 Eletrotermoterapia Aplicada à Fisio Estética / Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 18 e 19 Fisioterapia em Dermatologia Estética Funcional Rio de Janeiro RJ (21) 2571-8595 10% 18 e 19 Fisioterapia Respiratória Ambulatorial e Leito - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 18 e 19 Biomecânica - Módulo III Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 18 e 19 Manipulação Terapêutica do Paciente com Dor São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 10% 18 e 19 Terapias Manuais no Tratamento de Cefaléia Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 20 a 24 Fisioterapia com Helio Pio e Esperidião Aquim Brasília DF (61) 346-8374 / 9961-3232 20 a 31 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 10% 23 a 25 7ª Jornada Catarinense de Fisio Ortopédica e Traum. Joinville SC (47) 425-2359 15% 23 a 26 Ergonomia para Fisioterapeutas Rio de Janeiro RJ 0800-28-24252 Esp. 23 a 27 Músculo Esquelético / Módulo IV Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 10% 25 e 26 Eletrotermoterapia Aplicada à Fisio. Estética / Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 25 e 26 Fisioterapia Respiratória Ambulatorial e Leito - Módulo III Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 25 e 26 Manipulação Terapêutica do Paciente Neurológico São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 30 a 01 Congresso Brasileiro de Ombro e Cotovelo Belo Horizonte MG (31) 3227-8544 10% 30 a 02 Eletroestimulação e Performance Neuro Muscular Rio de Janeiro RJ (21) 2288-5079 / (24) 2233-6001 30 a 02 Estabilização Segmentar Vertebral Rio de Janeiro RJ (21) 2543-8434 10% 31 a 02 Curso Internacional Método Mulligan Joinville SC (47) 425-2359 / 425-8914 06.JUNHO Em Junho Terapia Manual Aquática e Ortopedia - Austrália São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Junho Terapia Manual: Conceito McConnell - Jenny McConnell São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Junho Eletrofisioterapia e Reeducação Funcional (USA) USA (43) 324-9000 10% Em Junho Eletrotermoterapia Aplicada à Fisioterapia Estética Curitiba PR (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 01 e 02 Fisioterapia Respiratória Ambulatorial e Leito - Módulo IV Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 01 e 02 Biomecânica - Módulo IV Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 07 a 09 Anatomia Palpatória / Unidade Superior Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 5% 08 e 09 Curso Teórico Prático de Quiropraxia Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461


DESC DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES 5% 08 e 09 Curso de Bad Ragaz Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 13 a 16 Fisioterapia e Educação Física Porto Alegre RS (51) 3311-8742 / 3311-3954 14 a 16 Anatomia Palpatória / Unidade Inferior Londrina Londrina PR (43) 339-6235 / 322-4071 10% 15 Fisiologia Respiratória Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 10% 15 Fisioterapia Para Drenagem Linfática Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 15 e 16 Biomecânica - Módulo V Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 9866-5915 / 9186-8640 10% 15 e 16 1º Curso de Fisio. Resp. e Suporte Ventilatório na UTI Rio de Janeiro RJ (21) 2423-5582 / 9628-7017 10% 22 e 23 Fraturas, Lesões e Traumatismos dos Mmii Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 22 e 23 Fisioterapia em Ventilação Mecânica Rio de Janeiro RJ (21) 2535-4719 / 9946-7171 / 9329-5974 10% 22 e 23 Reabilitação Vestibular - Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 22 e 23 Eletrotermoterapia Aplicada à Fisioterapia - Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 22 e 23 Curso de Anatomia de Localização Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 29 e 30 Eletrotermoterapia Aplicada à Fisioterapia - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 29 e 30 Reabilitação Vestibular - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 07.JULHO Em Julho Terapia Manual: Método Maitland - Robert Nee - EUA São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 10% 06 e 07 Biomecânica - Módulo VI Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 06 e 07 Reabilitação Vestibular - Módulo III Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 10% 06 e 07 Manipulação Terapêutica Avançada - Terapias manuais São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 10% 10 a 14 ENAF Bahia Salvador BA (35) 3222-2344 14 Câncer de Pele Rio de Janeiro RJ (21) 2225-7635 10% 24 a 28 VIII ENEEFISIO e Encontro Nacional de Acad. de Fisioterapia João Pessoa 27 e 28 Revisão Músculo Esquelético / Unidade Inferior (Londrina) Londrina PR (43) 339-6235 / 322-4071 28 a 02 Curso de Osteopatia (2ª Turma) Fortaleza CE (85) 246-0349 / 99973-6908 08.AGOSTO Em Agosto Método Mcconnell Taping - Bandagem Funcional São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 10% 03 e 04 Manipulação Terapêutica Avançada - Terapias manuais São Paulo SP (11) 6996-2645 / 6952-2035 10% 03 e 04 Biomecânica - Módulo VII Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 Esp. 07 a 11 Técnicas Viscerais e Cranianas / Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2570-8920 / 2285-4564 15% 08 a 11 Ergonomia para Fisioterapeutas São Paulo SP 0800-28-24252 15 a 19 Mobilização Neural Rio de Janeiro RJ (21) 2543-8434 5% 16 a 18 Mulligan Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 / 9909-9461 10% 17 Bases Neurofuncionais para Fisioterapia - Módulo I Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915 18 a 23 Curso de Osteopatia (1ª Turma) Belo Horizonte MG (31) 3227-1662 / 3227-1172 10% 24 Bases Neurofuncionais para Fisioterapia - Módulo II Rio de Janeiro RJ (21) 2422-2041 / 2278-6123 / 9866-5915


CARTAS Caro colega Dr. Oston, Aceite minhas congratulações, mais que merecidas, por tornar a “Revista Fisio&terapia” uma verdadeira tribuna livre para os fisioterapeutas. Ressalte-se que desde 1958, quando se diplomou a primeira turma de fisioterapeutas na ABBR, até a presente data, a nossa categoria profissional nunca pôde ex-ternar em qualquer veículo de comu-nicação escrita, da área de fisioterapia, opinião contrária a da oligarquia acas-telada em nossos órgãos repre-sentativos classista. Isto vem sendo colocado, agradeço a oportunidade para contra argumentar as colocações feitas pelos eminentes fisioterapeutas Dr. E. Figueiredo e Dr. Rivaldo Novaes publicadas no número 31, as quais se relacionam com minha entrevista do número anterior. Fiquei pasmo quando o ilustre colega Dr. Figueiredo afirma o seguinte absurdo: “O decreto estabelece também um prazo para que os interessados buscassem junto ao conselho sua regularização”. Isto seria impossível, uma vez que o decreto lei 938 é de 13/10/1969, e este em momento algum faz sequer uma alusão à criação dos conselhos de fisioterapia e de terapia ocupacional, os quais só foram criados através, da lei 6316, em 13/12/1975. O insigne Dr. Figueiredo me surpreendeu mais com a expressão: “... em pleno ano de 2001 ainda vemos interpretações esdrúxulas de nossos diplomas legais”. Quem conhece a história do Brasil sabe que essa mesma palavra foi usada por Pedro de Araújo Lima ao aconselhar Dom Pedro II para que este adotasse medidas mais severas contra aqueles oposicionistas com idéias “esdrúxulas”. Dentre esses oposicionistas destacavam-se: André Rebouças, Barão de Cotejipe, Euzébio de Queiroz, Joaquim Nabuco, José do Pa-trocínio e Rui Barbosa. Suas idéias “esdrúxulas” eram pelo fato de serem abolicionistas, e em razão de naquela época a escravatura estar em plena vi-gência. Porém, como se sabe, as leis mudaram. O preclaro Dr. E. Figueiredo causou-me surpresa maior com sua ponderação: “... para pretender ser incluído na condição de auxiliar de fisioterapia”. Certamente ele não leu a minha entrevista ou o que é pior, se a leu... Não a entendeu. Está explicitado na entrevista que tinha um

curso de auxiliar de fisioterapia, submetime a uma prova seletiva, sendo admitido em 22 de agosto de 1955, como auxiliar de fisioterapia, no serviço público federal, cumprindo o exigível na época. A interpretação que faço do decreto lei 938 não é apenas minha. Só aceitei integrar como um dos conselheiros a chapa vencedora na gestão 1990-1994 para o CREFITO-2, após ser firmado acordo com todos os demais conselheiros para tentar, junto ao COFFITO, a abertura para um debate amplo sobre as divergências existentes (existência ou não do auxiliar de fisioterapia). No decorrer do cumprimento dos nossos mandatos convidamos professores de ética de diversas faculdades de fisioterapia, como também alguns próceres da categoria, com os quais foram realizadas diversas reuniões, sendo que na última, todos, por unanimidade concordaram com a proposta de dar respaldo com suas assinaturas à figura do auxiliar de fisioterapia através de um documento a ser encaminhado ao nosso órgão máximo. Como resposta aconteceu o mínimo que se podia esperar... o silêncio. Antes de completar o mandato, solicitei o meu afastamento como conselheiro por não concordar com a postura do jornal do CREFITO-2 , que afirmava serem os cursos de formação de auxiliares de fisioterapia e nível técnico totalmente ilegais. Exerço o magistério em nível superior após tê-lo exercido em alguns desses cursos e esta atribuição é um direito dos fisioterapeutas, pois está inserido no decreto lei 938, onde no seu art. 5o afirma que o fisioterapeuta ainda poderá fazer, especificando no entanto no seu inciso II: “exercer o magistério nas disciplinas de formação básica ou profissional, de nível superior ou médio”. Em relação ao ilustre fisioterapeuta Dr. Rivaldo Novaes, lamento afirmar que foi infeliz ao transcrever trechos da Revista Estudos publicados em 2000, quando esta se reporta ao: “Sistema-COFFITOCREFITOS, criado ao final dos anos 70: auxiliar de fisioterapia: previsto, não constituído e ilegalmente incorporado ao mercado”. O que está escrito é um amon-toado de contraditórios, pois se no primeiro momento afirma que é prevista a função, no entanto, logo em segui-

da, assegura que não foi constituída, e finaliza asseverando sua incorporação ilegal ao mercado. Outrossim, caso verdadeiras essas alegações, caberia um questio-namento às assessorias jurídicas do COFFITO e dos CREFITOS, por que esses profissionais continuam a exercer suas atividades? Por que não acusá-los de exercício ilegal da profissão? Eu mesmo tenho dúvidas quanto a essas respostas. Será que essas acusações nunca foram formalizadas em juízo em razão de o Ministério de Educação (MEC) a partir do final dos anos 70, ao analisar e interpretar o decreto lei 938, decidir por unanimidade dos seus conselheiros, permitir que cursos com o objetivo de formar auxiliares de fisioterapia continuassem em plena vigência, como ficou demonstrado no parecer de nº 803, em 1978. Acrescente-se que esta decisão obteve ratificação através da Câmara de Legislação e Normas do MEC, com o parecer de nº 53, em 1994. Quem decide sobre educação no tocante à autorização e reconhecimento de cursos, duração dos mesmos e suas cargas horárias é o Ministério da Educação, não tendo a mínima ingerência qualquer conselho das profissões, conseqüentemente os cursos mencionados acima estão legitimamente constituídos. Em tópico mais abaixo o respeitável fisioterapeuta Dr. Rivaldo sofisma ao as-segurar o seguinte: “... aprovados po-deriam utilizarem-se do título para exercer a profissão de auxiliar, com os mesmos direitos do fisioterapeuta”. Com essa afirmação delinea-se o completo desconhecimento de sua parte no enfoque desses inter-relacionamentos traba-lhistas. O auxiliar de fisioterapia no serviço público federal ficou englobado com outros profissionais de nível médio, como “agente de serviços complementares” com uma remuneração bem abaixo do fisioterapeuta, enquanto este juntamente com os terapeutas ocupacionais ficaram agrupados com a denominação de “técnicos em reabilitação”, os quais com os demais profissionais de nível superior compunham o “grupo outras atividades de nível superior”. Portanto não tinham os mesmos direitos e deveres. Mais adiante o ilustre Dr. Rivaldo cita o artigo 10: “... Exerçam sem (o grifo é meu) habilitação profissional”. Grifei a palavra ‘SEM” do


texto legal, pois nem na semântica se encontra outro significado que não seja: ausência, falta, privação, o mesmo que desprovido de. Portanto aos que já tinham habilitação, como fora o meu caso e aos de milhares de auxiliares de fisioterapia em todo o Brasil não havia exigência a ser cumprida. O texto é muito claro para tentar outra interpretação. Da exposição das minhas idéias se constatará que não suprimi, nem acrescentei nenhuma expressão ao texto legal, e muito menos deturpei o sentido de qualquer palavra inserida nos seus diversos artigos, e como tenho certeza de que “Resoluções”, “Portarias”, “Ordem de Serviços” e “Decisões” não têm mais força que “Lei” e sabendo ainda mais que na democracia em que vivemos a lei não prejudica: I- o direito adquirido; II- o ato jurídico perfeito; III- a causa julgada; É por isso que afirmo ser esta tríade na qual fundamento minhas convicções e estas me deixam em paz com minha consciência e com Deus. Dr. Afrânio Barreiros

Caro colega Dr. Oston, Nós, Fisioterapeutas do Estado do Amazonas, assistimos nesses últimos dias uma verdadeira afronta à nossa profissão. A Secretaria de Saúde do Estado resolveu realizar um concurso público para selecionar Auxiliares de Fisioterapia para assumir serviços de Hospitais. Amanhã, 22 de março tomam posse o primeiro grupo. Cansados de recorrermos ao nosso CREFITO-6 sem obtermos atenção, resolvemos tornar este fato público. Gostaríamos de pedir a colaboração da Revista Fisio&terapia na divulgação deste acontecimento para que possamos barrar este processo, e que ele não se repita. Gostaríamos de alertar para a omissão de nosso conselho, que está ciente do fato. Atenciosamente, 1.Ana Maria: genildolb@uol.com.br 2.Augusto: auje@argo.com.br 3.Catherine Guimarães ferreira: catherineferreira@yahoo.com 4.Cesar Albuquerque: fisio@hotmail.com 5.César Carvalho: jcc.marleide@hotmail.com

6.Cristiana: fabiano2@hotmail.com 7.Dalva: dalvacoimbra@hotmail.com 8.Eleide: eleidesantos@hotmail.com 9.Eliana: elicam@manausnet.com.br 10.Erbênia Araújo: 11.Eriberto: eribertoa@uol.com.br 12.Evânia: nordesttino@hotmail.com 13.Fabiane: fabianicb@bol.com.br 14.Fisiocare: fisiocare@zipmail.com.br 15.Gilmar de oliveira barros: doctoris@bol.com.br 16.Girleide: girleidef@bol.com.br 17.Karina francalacci: kfrancalacci@bol.com.br 18.Karina pianowski: kpiano@uol.com.br 19.Marcos siqueira cortez: marcosscortez@hotmail.com 20.Patrícia: marotto@objetivonet.com.br 21.Rechilier: rechifisio@aol.com 22.Renata moleta: moletapqd@uol.com.br Rauirys Alencar: rauirys@uol.com.br 23.Silvia Cerqueira Piacentini: spiacentini@interlins.com.br 24.Tomomi One: tomomi.one@ig.com.br 25.Viviane Acunha Barbosa: vbarbosa@interlins.com.br

Este ano, João Pessoa na Paraíba sediará mais uma expressão da nossa conquista: o VIII Encontro Nordestino de Estudantes de Fisioterapia e, concomitantemente, o I Encontro Nacional de Acadêmicos de Fisioterapia. No período de 24 a 28 de Julho, o Espaço Cultural receberá 60 dos melhores Fisioterapeutas do país e cerca de 1.500 acadêmicos de todo o Brasil, suscitando o tema “UNIÃO ACA-DÊMICA FRENTE AOS COMPRO-MISSOS ÉTICOS, POLÍTICOS E SO-CIAIS”.

ENAFISIO, composta pelos CAs e DA das Universidades Federal e Estadual da Paraíba e Unipê, respectivamente, apre-sentarão um evento de grande porte científico, social e cultural. Em meio a discussões, palestras, mesasredondas, debates, mostras artísticas dos aca-dêmicos, competições esportivas e festas noturnas, a Comissão Organizadora anseia apresentar “O ENEEFISIO”, com a hospitalidade sedutora da nossa Paraíba e com o holismo característico da Fisioterapia.

ENEEFISIO A Fisioterapia surgiu no Brasil por volta da década de 60 e até hoje, seu espaço dentro da organização dos serviços de saúde, bem como sua popularidade, vem sendo conquistados e assegurados a cada paciente que recebe alta, seja ele um famoso jogador de futebol ou “seu Zé da cantina”; a cada requisição de tra-tamento fisioterapêutico, seja feita por um ph.D ou pelo conselho de uma tia; a cada vestibular prestado, seja a con-corrência de 50 ou de 5 candidatos para uma vaga. Em todas as esferas da sociedade, a nossa profissão (ou será arte?), vem se esta-belecendo no coleguismo da classe, na abertura de inexplorados mercados de trabalho e no atendimento público prestado com qualidade e esmero... a cada novo paciente um atendimento peculiar, um toque individualizado.

A abrangência desse tema envolve discussões pertinentes como a atuação do Fisioterapeuta junto a outros profissionais da saúde, a organização da classe frente ao surgimento vertiginoso de novas faculdades de Fisioterapia e a inserção do profissional no Programa Saúde da Fa-mília, entre outras questões. A organização do VIII ENEEFISIO e I

Comissão Organizadora. Eliete Moreira Colaço


POLÍTICA

Por: Dr. André Costa

A Influência da Fisioterapia na Política Social Européia Este é o primeiro de dois artigos, nos quais o autor – profissional das relações internacionais e obser-vador atento, a partir da Espa-nha, do projeto europeu único de integração econômica com coesão social – se propõe a tecer comentários sobre a fisioterapia e a política social na Europa, mais especificamente no âmbito da união européia. Como se sabe, já na Antiguidade (período compreendido entre 4.000 anos a.C. e 395 d.C.) havia uma forte preocupação com as pessoas que apresentavam as chamadas “diferenças incômodas”, como eram então designadas as doenças. Para lidar com elas, eram desenvolvidos recursos técnicos, instrumentos e procedimentos. Os agentes físicos já eram utilizados pelos médicos da Antiguidade, como, por exemplo, o uso da eletroterapia sob forma de choques com peixe-elétrico no trata-mento de certas enfermidades. O hábito de se utilizar as formas de movimento como recurso terapêutico remonta há vários séculos antes da era cristã. É, no entanto, a partir da Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, que o uso de recursos físicos iria obter decisiva influência na Europa. Parece oportuno, aqui, fazer menção a algumas personalidades da época: “Dom Francisco y Ondeano Amorós ” (1779 – 1849), que não era médico, dividiu a ginástica em pontos, e um deles era a “cine-sioterapia”, com a finalidade de manutenção de uma saúde forte, tratamento de enfermidades, reedu-cação de convalescentes e correção de deformidades (Lindeman, 1970, p. 179). G. Stebbin e B. Mesendiac desenvolvem um sistema de pre-venção de lesões corporais e sua correção (o sistema Mesendiac dá importância ao trabalho de sus-tentação muscular através da fisioterapia). Ling, um professor sueco de gi-

nástica e massagens corretivas, teve seu trabalho divulgado por discípulos seus, como Rothstein, um oficial prussiano que utilizava exer-cícios preventivos e corretivos nos cuidados com o corpo, na Alemanha. Na época da industrialização, portanto, ressalta-se o interesse pelas “diferenças incômodas”. O novo sistema econômico e meio de geração da riqueza trouxe o excesso de trabalho às classes operárias, subme-tidas a exaustivas e excessivas jor-nadas. Ademais, as condições alimen-tares e sanitárias eram pre-cárias, provocando uma multipli-cidade de doenças, como as epidemias de cólera, tuberculose pulmonar, alcoolismo, sem contar os costumeiros acidentes de trabalho. As classes dominantes são, aos poucos, “sensibilizadas”, com essa dura realidade já que não pretendiam perder ou diminuir a sua principal fonte de riqueza, nem o bem estar gerado pelo suor das classes operárias. No século XX, o exercício físico e outras maneiras de atuar caracterizariam a fisioterapia. Clapp desenvolveu, em sua técnica, a “posição de gato” para o tratamento dos desvios laterais da coluna ver-tebral (escolioses); Kohlransch (1920) situa a cinesioterapia sobre todos os métodos relaxadores e distensores, e desenvolve o tratamento de enfer-midades internas e ginecológicas. Desse modo, aos poucos, na Europa, a fisioterapia passa a fazer parte da chamada “área da saúde” e evolui rapidamente no decorrer do último século, tendo seus recursos e formas de atuação quase que exclusivamente voltados para o atendimento do indivíduo doente, com vistas à reabilitar ou recuperar as boas con-dições que o organismo perdeu. “Para conviver e superar os problemas que o ritmo cada vez mais estressante do cotidiano provoca, a

população poderia descobrir na figura do fisioterapeuta, o agente mais dedicado (e preparado) a sua qualidade de vida.” Desde a assinatura do Tratado de Roma, em 1957, que cons-tituiu o Mercado Comum Europeu, à criação da União Européia com o Tratado de Maastrich, em 1991, os países da Europa Ocidental revelam uma plena disposição em atuar coletivamente em favor das questões mais relevantes no incremento da qualidade de vida de seus povos. Percebe-se, de fato, um conjunto de estratégias, objetivos, recursos e instrumentos que se integram em uma política regional, tanto nas áreas econômico-comerciais, quanto so-ciais. É inegável que, ao longo das últimas décadas, todo esse arcabouço político-econômico-social gerou um certo sentimento comunitário – a chamada “cidadania européia”. Com o tempo, a área social assimilou conceitos, práticas e dinâmicas aplicadas à cooperação econômica. Nesse processo, a integração latu-sensu vem aportando grandes avanços à medicina comunitária, em que fisioterapeutas buscam sua união, reduzindo custos e otimizando o intercâmbio de tecnologias. Como exemplo, há apenas alguns meses, surgira um “gigante” da fisioterapia européia: a European Region of the World Confederation for Physical Therapy. A ER-WCPT busca a efetividade a um baixo custo eco-nômico, reduzindo a multipli-cidade ou a superposição de organizações nessa área, concen-trando os recursos materiais e humanos, e centralizando os objetivos. Nesse sentido, os fisioterapeutas europeus deram mais um importante passo na eficácia, qualidade e objetividade de suas práticas. “Na Europa, a fisioterapia provou sua eficácia tanto pelos excelentes resultados obtidos no tratamento da


saúde comunitária, quanto pela otimização de recursos aplicados na integração de tecnologias envolvidas.” Veja o que diz, a esse respeito, o presidente da Associação Espanhola de Fisioterapia, Santos Sastre: “Estou plenamente convencido de que todos os fisioterapeutas, espanhóis e europeus, de bem, dese-jam ter um coletivo unido, solidário e sem fissuras. Sabemos que para conseguir elevar o nível médio de nossos profissionais são necessários os esforços e a aportação solidária, nobre e desinteressada de cada um de nós. Um coletivo bem coeso alcança com facilidade todos os objetivo que, razoavelmente, se proponha. Ganha respeito, admiração e dignidade diante dos olhos dos demais, sejam ou não usuários de nosso saber fazer assistencial, docente e /ou investigador. Unindo-nos, melhoramos ao monitorar nossas energias na correta direção. Se beneficia, sobretudo, o ser humano que necessita de nossos serviços, esteja são, enfermo ou lesionado - por quem nos esforçamos, dia a dia, para aumentar nossos conhecimentos, habilidades e des-trezas. Recuperamos a qualidade de vida e a felicidade daqueles que nos necessitam e, isto, por reciprocidade, devido a nossa condição humana, nos faz igualmente felizes e eleva nosso valor diante da sociedade. É abso-lutamente necessário, portanto, que nosso coletivo prossiga seu aperfeiçoamento e desenvolvimento. E este será tanto mais eficaz quanto mais unidos e solidários estejamos “. A organização de tal coletivo, a que se refere Santos Sastre, reveste-se de grande importância para o desenvolvimento de sua par-ticipação na construção social e política dos Estados. A fisioterapia, no que concerne à Europa, tem feito a sua parte quanto à necessária pressão e gestão política com vistas à univer-salização e democratização de sua ciência. Regulamen-

tada em 1969, a fisioterapia brasileira, jovem e promis-sora, depara-se com semel-hante desafio, já que é conclamada a participar da cons-trução de um país democrático (com índice de distri-buição de renda aceitável e com tecnologia de saúde a disposição de todos). E isto é ainda mais verdadeiro quando se observa que a fisioterapia, tão necessária, continua sendo tra-tada, no País, com descaso e elitização pelos governantes, deixando fora do acesso aos seus serviços, uma grande parcela de sua população. Parece uma utopia viável buscar a união política deste imenso coletivo de fisioterapeutas brasileiros, seguindo o exemplo de seus colegas espanhóis e europeus, que operam pela união de seus esforços em benefício da soci-edade e para o aperfeiçoamento dos quadros técnicos, buscando uma representatividade qualitativa junto aos órgãos públicos. “Quando nosso país tratará devidamente a fisioterapia, reconhecendo seu mérito já consagrado, aplicando-a no cuidado da saúde pública?” Na próxima oportunidade, falaremos da atuação coletiva dos fisioterapeutas na política comu-nitária européia, acentuando suas principais realizações na demo-cratização da fisioterapia e, desse modo, a sua real contribuição para a construção da “Europa cidadã”. Até breve!

André Costa, 33 anos, é diplomata de carreira e atualmente exerce o cargo de Cônsul do Brasil em Barcelona, Espanha. Atualmente é colaborador da Prefeitura de Niterói na busca de recursos internacionais para desenvolvimento de projetos no município. Se você quiser compartilhar suas opiniões sobre este artigo com o próprio autor escreva para: alcs_Br@yahoo.com


Ecologia

Por:Dr. Henrique Alves

Mulher Inteligente se Preocupa com o Meio Ambiente Em um recente mês dedicado às mulheres (espelho de boa conduta da humanidade), seguem 30 dicas para serem ainda mais admiradas, agora por preservar nosso tão degradado meio ambiente. Vamos lá, não custa tentar... 1. Substitua sabão em pó por líquido detergente. Para amaciar suas roupas, adicione ½ copo de vinagre ou ¼ de copo de bicarbonato durante o enxá-güe. Você sabia que pode economizar 75% de energia nas lavadoras de louça e de 80% a 92% nas lavadoras de roupa usando a lavagem a frio? Procure também usar os programas mais econô-micos. Não use lavagem a seco. A maioria dos solventes utilizados nas limpezas a seco é tóxica. Se você precisa de lavagem a seco, areje as roupas antes de trazê-las para dentro de casa. Muitas peças que trazem na etiqueta “lavagem somente a seco” podem ser com segu-rança lavadas com sabão neutro. Compre somente peças que você pode lavar pessoalmente. 2. Lavando a louça: detergentes comerciais são projetados para produ-zirem espuma desnecessária. Substitua-os por sabão dissolvido previamente em água quente. Ao cozinhar, coloque tampas sobre as panelas. Prefira as panelas de pressão, coloque-as centralizadas sobre o queimador e regule a chama para que seja menor que a base da panela. Você terá uma economia de 20%. 3. Evite o uso de pratos e copos descartáveis. Eles consomem energia na sua fabricação e aumentam a quan tidade de lixo. 4. Prefira produtos de cristal, vidro ou cerâmica. 5. Exija dos fabricantes de geladeiras a certificação ‘greenfreeze’, que não ataca a camada de ozônio nem aquece o planeta. Não utilize a parte detrás da geladeira para secar panos ou roupas. Mantenha a ventilação adequada do radiador da geladeira, você terá uma economia de 15% de energia. 6. Não deixe brinquedos ligados desnecessariamente. Poupe energia! Você

sabia que se consome muito mais energia para fabricar uma pilha que a energia que obtemos dela? Troque por baterias recarregáveis. As pilhas verdes. 7. Exija das empresas de construção civil e de móveis a utilização apenas de madeira certificada pelo IBAMA. 8. Troque válvulas de descarga por caixas de 6 litros. Ao acionar a válvula de descarga, você gasta de 10 a 30 litros. Já com as caixas externas de 6 litros, você economiza de 4 a 24 litros de água por descarga com o mesmo efeito. Arrume as torneiras que estão pingando ou, se possível, troque por torneiras temporizadas. Uma torneira pingando desperdiça mais de 40 litros de água por dia. 9. Limpando o banheiro: a maioria dos produtos de limpeza traz mais problemas que benefícios por conter cloro, subs-tância extremamente irritante aos olhos, nariz e pele. Para limpeza geral de banheiros, use escova com bicarbonato de sódio e água quente. Para pias, despeje vinagre e deixe descansar durante a noite, enxaguando pela manhã. Para limpar bacias, aplique uma pasta de borax e suco de limão. Deixe por algumas horas e dê descarga, ou utilize uma solução forte de vinagre. 10. Na compra de carpetes, evite fibras sintéticas em favor dos materiais naturais como algodão e lã. E compre somente aqueles que não foram tratados com inseticidas, fungicidas e imper-meabilizantes. 11. Não jogue fora sua mobília. Dê para alguém ou a reutilize. 12. Prefira móveis feitos de material reciclado. 13. Evite comprar móveis ou outros artigos feitos com madeira da Ama-zônia. Somente nos últimos quatro anos, 77 mil km2 da floresta foram devas-tados, uma área maior que os estados do Rio Grande do Norte e Sergipe juntos. 14. Limpando janelas e espelhos: para limpeza de rotina, use três colheres de vinagre diluídas em 11 litros de água quente. Se o vidro estiver muito sujo, primeiro limpe-o com água e sabão. Para

secar superfícies, utilize tecido de algodão reutilizado ou jornais velhos. 15. Para limpar e desodorizar carpetes e tapetes, misture duas partes de fubá com uma parte de borax. Pulverize generosamente, deixe descansar por uma hora e aspire. Uma desodorização rápida pode ser obtida pulverizando-se o carpete com bicarbonato e aspirando logo a seguir. 16. Aranhas - deixe-as em paz. Elas ajudam a controlar outros insetos. 17. Mosquitos - citronela e lavanda são bastante eficientes como repelentes. Use telas protetoras nas janelas e sobre as camas. 18. Ratos e camundongos - mantenha armários e dispensas limpos e fechados. Se não funcionar, use gatos, predadores naturais, ou misture uma parte de gesso com uma parte de farinha e um pouco de açúcar. Pulverize onde os ratos passam, mas cuide que seja longe de animais de estimação ou crianças. 19. Baratas - feche pequenos buracos e trincas ao longo de rodapés, forros e no entorno de canos, torneiras etc. Se necessário, use uma leve camada de bórax no piso ao lado de refrigeradores, armários e fogão. Refaça a camada se esta se tornar úmida ou se perder a eficácia. 20. Ao ir à feira ou ao mercado, leve uma sacola. Você estará diminuindo a quantidade de plásticos jogados ao meio ambiente. 21. O vidro é responsável por 3% do lixo residencial do país. Reutilize-o ou recicle-o. 22. Evite o consumo de bebidas em garrafas PET. Estas são uma das principais causas de enchentes nas grandes cidades. 23. Tire seu nome do mailing de empresas que enviam correspondências que não interessam. Evite a derrubada de mais árvores. 24. Antes de usar o carro, pense se você não pode ir de ônibus, de bicicleta ou mesmo andando. Os veículos são responsáveis por pelo menos 50% da poluição nas grandes cidades. Em São Paulo este número chega a 90%. 25. Dê carona. Quatro pessoas num car-


ro é melhor que quatro carros com uma pessoa. Pense no ar que você respira, e ainda leva de brinde 80% de economia! Se usar o automóvel, mantenha-o em boas condições de uso. Revise periodicamente a pressão dos pneus, o alinhamento das rodas, o estado do filtro de ar, da carburação ou sistema de injeção, velas de ignição etc; Se realmente tiver que comprar um carro, escolha o que melhor se ajuste às suas necessidades e consuma menos combustível. Se optar por um modelo com ar condicionado, pergunte se o sistema usa CFC ou HFC, se sim, não compre. 26. Amianto - Substância cancerígena ainda comercializada no país, principalmente em caixas d’água e telhas de fibro-cimento. Procure alternativas para evitar danos à saúde, inclusive dos trabalhadores que construírem a habitação. 27. Todos os vernizes líquidos emitem gases tóxicos durante a secagem, às vezes, por meses a fio. Evite o uso destes líquidos. Se absolutamente necessário, use os de poliuretano de dois componentes e

mantenha forte ventilação enquanto os odores estiverem presentes. 28. Quando disponível, procure tintas com formulação não tóxica. Se não, use tinta a base de água em vez de tintas com solventes para diminuir as emissões de gases tóxicos e permitir a limpeza com água. Na remoção de pinturas envelhecidas, use lixa e areia até o limite do possível para evitar o uso de solventes, e não se esqueça de usar máscara protetora. Para remover tinta de pincéis, envolva-os com tecido embebido em vinagre, ferva por alguns minutos e depois lave com sabão e água. 29. Compensados e aglomerados de madeira - Use madeira maciça sempre que possível. Ormaldeídos emitidos por compensados e finas partículas emitidas por aglomerados são importantes fontes de contaminação do ambiente doméstico. Estes materiais devem ser sempre que possível selados para diminuição das emissões. E lembre-se, a indústria da madeira é talvez a maior força de destruição

das nossas florestas, por isto, só compre madeira com certificado de qualidade ambiental fornecido pelo FSC - Forest Stewardship Council. Fonte: Greenpeace Brasil Porque a natureza é feminina, e a mulher deve defendê-la. Por um Ambiente mais Solidário!!!

Dr. Henrique Alves - Fisioterapeuta Ergonomista Ambiental Presidente da ASA - Ação Solidária Ambiental – ONG


CREFITO - 2 Com a eleição de novos colegiados para alguns CREFITO´s a Revista Fisio&terapia foi em dois destes conselhos para saber o que vai mudar em cada um, são eles o crefito 2 e 8 do Rio e Curitiba respectivamente. Revista Fisio&terapia: Quando surgiu a idéia de montar uma chapa? Dra. Rita Menezes, presidente eleita do CREFITO 2: Na Eleição para o mandato 1998-2002 chegamos a montar uma chapa cuja inscrição foi impugnada pela comissão eleitoral. Para este pleito, formamos uma chapa e tivemos também a felicidade de poder contar com uma assessoria jurídica que foi crucial para nossa vitória. F&T: Porque uma nova diretoria no CREFITO 2? Dra. R.: Acreditamos na necessidade de renovação constante de pelo menos 1/3 do colegiado. As categorias de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais nos estados do RJ e ES vêm apresentando um crescimento médio de 20% ao ano. Isso propicia o aparecimento de classe, o que levará, em última análise, à participação dos profissionais e ao amadurecimento das categorias. Na realidade foi este o pensamento que congregou os componentes da chapa Transformação de forma a concorrer a este pleito. F&T: Como foi a conquista desta vitória, o que foi preciso?

Por: Dra. Rita de Cássia Vereza Dra. R.: Analisando friamente, hoje percebemos que devemos a vitória da chapa à união dos seus componentes em torno de um objetivo comum. Todos trabalharam e se dedicaram muito. Mas nada conseguiríamos se não tivéssemos o enorme apoio das categorias que se refletiu não apenas nas urnas, mas também na campanha durante todo o processo eleitoral com mais de 25 pessoas entre profissionais, acadêmicos e amigos que juntos se voluntariaram para ajudar-nos na fiscalização. A todos eles o nosso carinho e especial agradecimento. F&T: Nesta batalha o que foi mais difícil e mais fácil? Dra. R.: Nada foi realmente fácil durante este processo eleitoral. Desde o controle dos votos por correspondência, até o acesso às informações relativas ao processo eleitoral, tudo foi conseguido com muita luta e determinação. Entretanto, as dificuldades continuam mesmo após nossa posse. Todo recomeço é difícil, mas temos certeza de que, com o apoio das categorias conseguiremos muitas vitórias. F&T: Como está sendo a transição em relação aos funcionários? Dra. R.: Como em qualquer situação onde há uma mudança radical (100% do colegiado foi trocado). Há algumas dificuldades, mas aos poucos estamos nos ajustando. F&T: Como está sendo a transição em

relação aos documentos? Dra. R.: O objetivo do nosso trabalho é atender bem e integralmente ao profissional que nos procura. O prazo que encontramos para entrega das franquias foi por nós considerado muito longo. Por isso já iniciamos um trabalho intensivo no sentido de diminuir este prazo. F&T: O que os fisioterapeutas e TO podem esperar do novo colegiado? Dra. R.: As categorias poderão esperar um colegiado aberto ao diálogo e sensível às necessidades dos profissionais. Não temos nenhuma intenção de desprezar as conquistas já alcançadas pela gestão anterior, pelo contrário: tudo aquilo que for positivo será por nós fortalecido. Pretendemos também estreitar nosso relacionamento com as entidades de classe e formar parcerias que ajudem nossas profissões a caminhar. Mas, para que possamos alcançar todos estes objetivos, contamos com a compreensão e participação ativa dos profissionais. Se queremos que nossas categorias sejam respeitadas é preciso tratar de forma ética os colegas e instituições. Os espaços par participação estão sendo criados e esperamos contar com o apoio de todos.


CREFITO - 8 Em Curitiba, entrevistamos o Dr. Esperidião Aquim, presidente do Crefito-8. Ele nos contou um pouco sobre seus projetos como presidente durante o mandato e algumas de suas preocupações sobre a Fisioterapia. Revista Fisio&terapia: Dr. Esperidião, depois da batalha para vencer, que tipo de preocupação a atual presidência tem? Dr. Esperidião Aquim: Uma preocupação mercadológica, hoje nós temos uma demanda grande de cursos no Paraná. Assim como acontece no Rio de Janeiro, o Paraná é o segundo estado em crescimento em cursos no país nos últimos 4 anos. Atualmente são 22 cursos com previsão para mais 02, já aprovados para este ano. Com isso, temos no mercado aproximadamente 3.000 fisioterapeutas em uma população de 8.000.000 de habitantes o que dá uma proporção de mais ou menos 2.600 habitantes para cada um fisioterapeuta. F&T: Qual é a perspectiva para os próximos anos? Dr. Aquim: A perspectiva para os próximos 4 anos é chegar a uma média de 10.000 Fisioterapeutas para uma população que não deve crescer na mesma proporção, então vamos chegar a 900 Habitantes por fisiote-rapeuta. Foi com essa perspectiva que agregamos forças a um grupo de professores, profissionais e repre-sentantes da profissão legitimados

Por: Dr. Esperião Aquim pela carreira, pelo trabalho científico e assistencial, e essas 18 pessoas se uniram buscando tornar o mercado um pouco mais fértil por um lado, por outro lado é fazer frente ao Ministério da Educação que na verdade não cabe ao conselho regional delegar ou possibilitar a abertura ou fechamento de cursos de graduação em Fisio-terapia, mas cabe ao conselho, oferecer pressão política sobre os órgãos. F&T: Sua maior preocupação atualmente é o número de profissionais? Dr. Aquim: Sim. O conselho como órgão de fiscalização tem que possibilitar um mercado saudável e para isso é fundamental que ele semeie mercados de trabalho. Então, uma das coisas que iremos procurar trabalhar nestes 4 anos é essa frente de mercado para os atuais profissionais e mais estes 6, 7, 8.000 profissionais que virão e esse mercado mais fértil, ele só vem através da popularização da profissão. Nós temos estudos acadêmicos que mostram que 42% da população de Curitiba que é uma população privilegiada sócio-economicamente e cultural frente a várias outras capitais, desconhece o termo Fisioterapia. F&T: Eles desconhecem o que é a Fisioterapia? Dr. Aquim: Não desconhece o termo, porém não sabe o que significa! Isso é um termômetro que aponta uma preocupação enorme, porque temos

uma população de 1.700.000 onde 700.000 pessoas vivem à margem da Fisioterapia; essas pessoas não sabem nem do que se trata e então são 700.000 pacientes em potencial que não são explorados na capital do estado, por isso queremos popularizar a profissão. Outra coisa que queremos implantar é a prova de regula-mentação profissional, porque pos-suímos 22 escolas de Fisioterapia e não temos inserção sobre elas para saber se o ensino e as diretrizes curriculares são atendidos ou não. Isso não cabe ao conselho e se o fizer ele estará arbitrário, logo para sabermos se as escolas são boas e se aquele profissional formado é o que dese-jamos, nós vamos montar as provas de regulamentação profissional onde todo mundo inscrito no Conselho-8 seja novo ou que migra para o estado do Paraná fará a prova. Quantas pessoas você vê na rua dirigindo e diz: caramba, como é que o DETRAN habilitou esta pessoa a dirigir?! Então a questão é essa. Será que é este profissional que queremos no mercado? Qual é o perfil do profissional? Para saber isso o primeiro passo vai ser traçar o perfil profissional do fisioterapeuta e terapeuta ocu-pacional no estado. F&T: Existe outro Crefito ou o Coffito tem interesse nesta prova? Dr. Aquim: Existe o interesse total do COFFITO e nós já até estivemos em contato. A preocupação do Conselho Federal é com o constante aumento de escolas, pois no Brasil são


mais de 380 escolas de Fisioterapia. F&T: Dr. Esperidião você citou como projetos do Crefito a popularização da profissão. No Paraná não existem problemas de outros tipos? Dr. Aquim: Nós temos como todo estado e até fazendo jus com a gestão atual, o Crefito-8 foi o órgão que mais fiscalizou em todo país, 55 profis-sionais tiveram suspensões tempo-rárias ou punições por questões relacionadas à fiscalização e ao exercício profissional. Nós enxergamos da seguinte maneira: a fiscalização é necessária, mas preferimos a fiscalização com caráter muito mais educacional que punitivo. Temos hoje uma grande deficiência na formação do profissional, na formação ética, na formação das diretrizes da profissão porque as escolas têm um espaço muito resu-mido a isso e na verdade raramente se aprende na escola o exercício profissional. O exercício profissional se aprende com o exercício e o que pretendemos é fazer fiscalização com caráter de orientação e não punitivo. Nós vamos intensificar a fiscalização em áreas que a Fisioterapia está neces-sitada como, por exemplo, os salões de beleza exercendo a eletro-estimulação e vendendo equipamen-tos e o conselho não tem como bater na porta deles e perguntar cadê o Fisioterapeuta? Então o caminho passa a ser outro, nós temos que provar que aquele equipamento pode causar danos, pode fazer lesão segmen-tar, lesão nervosa, muscular etc. Depois disso é levar à vigilância sanitária e olhando isso eles podem bater no salão de beleza e dizer

que ali não tem profissional habilitado. O conselho não pode intervir no salão, mas a vigilância sanitária pode. Isso já foi inclusive solicitado pela vigilância sanitária. O Conselho regional está para a profissão e não para o profissional e as associações estão para o profis-sional. Acho que nós só iremos ganhar autonomia profissional a partir do momento que promovermos as associ-ações sem interesses políticos, porque esses interesses foram o que minou todas as associações. Tivemos associ-ações que estavam indo para super-fície quando de repente saíram os descendentes e formaram novas associações e aí é evidente que nenhuma delas cresceu. F&T: Que mensagem você quer dar aos leitores da Revista Fisio&terapia? Dr. Aquim: É, não sei se é uma mensagem, mas eu gostaria de dizer que o papel que eles exercem como, por exemplo, ser editor de uma revista é fundamental porque nós temos uma carência de veículos de informação em periódicos. Precisamos de mais espelhos, de ver outros profissionais para nos espelharmos como este colega que saiu na capa da Revista e que está no Japão, que bacana, então é bom ter casos de profissionais em quem se espelhar, não só o profissional, mas também o acadêmico, pois isso cria uma iden-tidade profissional. Eu acho que o fisioterapeuta não tem identidade profissional, não por culpa dele, mas por culpa de uma convenção. Atualmente temos professores da área

clínica que são médicos, as faculdades acham que a parte clínica tem que ser dada por médicos e não acre-ditamos nisso, achamos que temos que olhar para o doente como fisio-terapeutas assim como o nutri-cionista olha para o paciente como nutri-cionista, e assim é com o dentista e todos os outros, e não com o olhar clínico do médico. Somos profis-sionais liberais. Claro que cabe a nós também saber avaliar os casos em que devemos encaminhar o paciente a um clínico, ligar para ele, saber se recebeu nosso paciente, etc., é isso.



Gestante Por: Dra. Iara Böing, Dra. Fabiana Flores Sperandio Tratamento Fisioterapêutico de Emergência para Síndrome do Túnel do Carpo Bilateral em Gestante Resumo Com o objetivo de verificar a eficácia do proposto tratamento fisiotera-pêutico, na redução da dor, parestesia e edema, presentes na Síndrome, realizou-se um estudo de caso com uma gestante, com 23 semanas gestacionais, apresentando sintomatologia bilateral. O tratamento fisioterápico proposto baseou-se na realização de drenagem linfática dos membros superiores, aplicação da crioterapia e exercícios metabólicos de punhos e mãos. As técnicas foram realizadas em posição de drenagem dos membros superiores. A paciente foi orientada a manter relativo repouso, poupando certas atividades, bem como fazer uso de tala, principalmente durante a noite. Foram realizadas 06 sessões intensivas na clínica escola do CEFID-UDESC, com duração de uma hora. A paciente era reavaliada no início e no final de cada sessão. Através da escala análogovisual (E.A.V.) observou-se redução da dor em 60%, transformando-se de uma dor contínua a eventual. Os pontos de referência para medidas foram, o processo estilóide do rádio e as articulações metacarpofalangeanas. Foi constatada, respectivamente, uma redução em média 0,7 cm e 0,7 cm na mão esquerda e 0,9 cm e 0,7 na extremidade do membro superior direito. Esta média é relativa a diminuição da circunferência que ocorreu em cada sessão. Utilizou-se para tal uma fita métrica. Os resultados foram tabulados e submetidos à análise estatística discutíveis e analisados na forma de tabelas. Introdução De acordo com Artal et all (1999), durante a gestação podem ocorrer diversas alterações em vários sistemas, como o musculo-esquelético. Em estudo Robertson apud Artal et all (1999), demonstrou que o edema esteve presente durante algum estágio da gestação em 83% das gestantes participantes. O edema de partes moles pode ter conseqüências em outras estruturas, como quando diminui os espaços anatômicos relativamente pequenos. Assim acontece na síndrome do túnel do carpo, onde

esse “túnel”, delimitado inferiormente pelos ossos do carpo e superiormente por um rígido ligamento fibrosos, tem seu espaço ainda mais reduzido por um edema significativo, e submetido a uma contínua pressão acaba comprometendo sensitiva e moto-ramente a mão (Artal et all, 1999). Segundo Heckman & Sassard (1994), a síndrome apresenta-se com dor-mência, tremor, e dor à noite caracterizando a tríade clássica. Ela comu-mente afeta a mão dominante (Reece et all, 1996), embora geralmente ela seja manifestada de forma bilateral (Heckman & Sassard, 1994). A dor, que normalmente acorda a gestante à noite, é caracteristicamente em queimação. Conforme Souza (1999), os sintomas, dores e parestesia, atingem o território do nervo mediano na mão e punhos (principalmente o dedo médio e indicador, podendo envolver também o polegar), para Neme (1995), essa dor pode, ainda, irradiar-se para o antebraço. De acordo com Polden & Mantle (1997), a dor pela manhã pode ser muito forte. Esta síndrome, segundo Heckman & Sassard (1994), comum nos 2º e 3º trimestres da gestação, geralmente se manifesta em prímiparas, com idade avançada (acima de 35 anos), que apresentaram edema generalizado. A síndrome é duas vezes mais freqüente em gestantes com edema de extremidades do que naquelas que não possuíram essa ocorrência. A dor e parestesia, geralmente levam a uma perda funcional da mão, de acordo com Artal et all, (1999) e Polden & Mantle (1997), a gestante percebe falta de destreza ao utilizá-la, já que o importante nervo mediano enerva os músculos tênares do polegar que permite a oposição deste aos outros dedos, e o 1o e 2o lumbricais. Observa-se então uma atrofia da região tênar da mão. Sendo a fraqueza e a atrofia dos músculos tenares, um sinal tardio, no entanto, precocemente as gestantes têm dificuldades em segurar objetos e realizar movimentos delicados.

O diagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo é baseado nos sintomas característicos. Pode apresentar o sinal de Tinel (dor com irradiação para polegar e dedo médio e indicador com a palpação do nervo mediano). O teste de Phalen (hiperfletir o punho e segurá-lo nesta posição por 1 minuto), é diagnóstico e considerado positivo quando reproduz a parestesia característica da síndrome (Artal et all, 1999 e Polden & Mantle, 1997). Se houver dúvida o diagnóstico pode ser confirmado usando eletromiografia e testes de condução nervosa (Artal et all, 1999). Segundo Heckman & Sassard (1994), muitas mulheres não são suficientemente sintomáticas para necessitarem de tratamento, essas são aproximadamente metade das pacientes. Para aquelas que necessitam de tratamento, o uso de splint no punho, durante a noite, é a primeira medida a ser tomada, este é removível, leve e termo-plástico modelado para suportar o punho em posição neutra ou em uma leve extensão. Esta tala evita, de acordo com Artal et all (1999), que a hiper-flexão do punho reduza ainda mais o espaço disponível do túnel do carpo. A massagem de drenagem linfática, para Vodder apud Camargo & Marx (2000), são movimentos em círculos, efetuados com suavidade e de forma rítmica, com o objetivo de tratar patologias diferentes e reabsorver edemas. Segundo Camargo & Marx (2000), a drenagem linfática acelera o débito linfático, velocidade de transporte da linfa e aumento da absorção linfática. Outras medidas fisioterapêuticas, como bolsas de gelo, repouso com as mãos elevadas, e exercícios metabólicos para as extremidades, podem ser eficazes para promoção de alívio dos sintomas (Polden & Mantle, 1997). A terapia medicamentosa anti-inflamatória geralmente não é prescrita durante a gestação (Artal et all, 1999), no entanto, casos resistentes ao tratamento não medicamentoso, podem ser usados uma ou duas injeções de lidocaína e esteróides no espaço em torno do nervo.


Conforme Heckman & Sassard (1994) e Artal et all (1999), a grande maioria das mulheres portadoras desta patologia apresentam regressão dos sintomas após duas semanas de puerpério (95%), nos poucos casos restantes, está indicada a descompressão cirúrgica do túnel do carpo. Através do presente estudo, se objetiva formular uma proposta de tratamento fisioterapêutico de emergência para a síndrome do túnel do carpo, verificando sua eficácia na resolução de dois sintomas principais, a dor e o edema de extremidade de membros superiores. A proposta de tratamento foi elaborada a partir de dados existentes na literatura como o uso de splint no punho (durante a noite), repouso e uso de outros recursos fisioterápicos. Foi utilizada drenagem postural, conco-mitamentemente à realização de exercícios metabólicos (em flexão e extensão de punho e dedos), drenagem linfática em membros superiores e a realização de crioterapia durante 20 minutos em torno da área afetada.

edema pré-gestacional na extremidade inferior. A gestante foi encaminhada pelo ginecologista ao fisioterapeuta com diagnóstico de Síndrome do Túnel do Carpo, bilateralmente. Usava um splint, bilateralmente, que mantinha a mão em leve dorsiflexão, preservando o movimento dos dedos. Selecionaram-se duas variáveis para análise, a dor e a circunferência da extremidade dos membros superiores (usando como pontos de referência o processo estilóide do rádio e as articulações metacarpofalengeanas). Os dados foram adquiridos através da escala análogo-visual de dor e de uma fita métrica, respectivamente. A coleta de dados foi realizada durante 06 sessões, com reavaliações no início e final de cada sessão. Durante o período do tratamento a paciente parou de seguir a recomendação de usar o splint, principalmente durante a noite, e havia a relutância em deixar de realizar atividades de motricidade fina de dedos das mãos.

Métodos Participaram do estudo de caso clínico, uma gestante com 36 anos completos, bordadeira, gesta II, para 0 e um aborto (ocorrido há cinco anos). Estava na 23ª semana gestacional de uma gravidez de alto risco (paciente realizou uma cerclagem de colo na 13ª semana). Na avaliação a paciente queixava-se de dor intensa e contínua nas mãos e antebraço, e parestesia nos polegares, segundos e terceiros dedos das mãos. Ao exame físico pode-se observar grande edema de extremidade de membros superiores e inferiores. A paciente relatou a ocorrência, embora eventual, de

Resultados Abaixo seguem as medidas realizadas no processo estilóide do rádio e da articulação metacarpofalengeana, realizadas pré e pós-sessão fisioterápica. Estes valores estão dispostos na forma de tabelas. Os resultados de todas as tabelas são relativamente equivalentes, e embora sejam metricamente pequenas, elas tomam grande significância quando associadas à reavaliação realizada em toda sessão. Observa-se a grande redução da sintomatologia da síndrome do túnel do carpo, associada à diminuição métrica,


mesmo que ela seja aparentemente insignificante.

Através da tabela formulada a partir dos dados obtidos com a escala análogovisual da dor, observa-se uma redução do quadro álgico. O valor mais elevado obtido foi o 10 (dor insuportável), no dia da avaliação e na primeira sessão, o menor valor, 04 (valor de dor médio a baixa), foi obtido nas duas últimas sessões. Em porcentagem essa redução chega aos 60%, valor bastante significativo, já que se trata de uma redução maior que 50%. Discussão Não há literaturas que comentam, especificamente, sobre a eficácia de qualquer um dos recursos utilizados, no entanto, o tratamento com splints, crioterapia, e exercícios metabólicos é bastante citado na literatura (Heckman & Sassard, 1994, Artal et all, 1999 e Polden & Mantle, 1997). Nas circunferências que tomavam como ponto de referencia as articulações metacarpofalangeana, não foi possível observar grande alteração de valores iniciais ou pré cinesioterapia

nas diversas sessões, o que pode sugerir, uma relativa ineficácia do tratamento. Porém, durante a sessão, esta medida, e as outras, sofriam considerável alteração, e ainda estavam associadas ao declínio progressivo da sinto-matologia dolorosa (quando analisamos as tabelas de medidas e escala análogo-visual da dor concomi-tantemente). Conclusão A existência de algumas alterações músculo-esqueléticas principalmente no 3o trimestre gestacional podem determinar repersussões sociais, financeiras e psicológicas à gestante. A dor manifestada pela gestante mobilizou instrumentos de defesa que estavam se refletindo no seu comportamento profissional. Certamente um trabalho precoce de assistência pré-natal proporcionaria mais qualidade de vida e evitaria dores desnecessárias. A avaliação qualitativa da dor demonstra como podemos reverter um quadro aparentemente irreversível, se conduzido com perícia, critério e competência. Sugere-se o uso de variados recursos fisioterápicos, utilizados conco-mitantemente ou isoladamente, verificando assim, a eficiência de cada um destes na resolução da sintomatologia apresentada nesta pesquisa, como também outras variávies.

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ENTREVISTA H. Duane Saunders é de Minneapolis, MN – USA. Formado pela Universidade Estadual de Kansas em Fisioterapia e Educação de Adultos, fisioterapeuta clínico e consultor industrial na área de prevenção de problemas da coluna vertebral e traumas cumulativos. Presidente da The Saunders Group representado aqui no Brasil pelo Instituto São Paulo, Dr. Saunders esteve recentemente em terras bra-sileiras ministrando seu curso sobre Avaliação, Tratamento e Prevenção de Distúrbios da Coluna Vertebral e nos consedeu esta entrevista. Revista Fisio&terapia: Fale um pouco sobre o tema Avaliação, Tratamento e Prevenção de Dis-túrbios da Coluna Vertebral. Dr. Saunders: Eu tentava tratar as pessoas com problema nas costas e você sabe, o paciente vem, vai, eu “conserto” sua coluna, manipulo, faço tração e tudo mais. O médico prescreve os medicamentos ou cirur-gia e o paciente é passivo, não opina nada. Sinto que nós precisamos parar de tratar tanto de nossos pacientes e passar a educá-los mais. Ensinar como eles podem cuidar deles mesmos. Escrevi um livro para as costas e para o pescoço. É um livro para o paciente e não para o fisioterapeuta. Este livro é usado por 65 Universidades nos Estados Unidos e em escolas. Quando uma pessoa vai até a minha clínica e eu faço a avaliação e na primeira sessão, eu lhe dou um livro. É como na escola ou em cursos, você precisa assistir à aula e precisa de livros, então meu tratamento é assim, e na segunda vez que o paciente volta ao con-sultório eu pergunto assim como um professor: o que aprendeu no livro? F&T: Isso funciona, eles lêem os livros? Dr. S: Bem, se eles querem melhorar precisam ler! Claro que uns lêem e outros não, mas eu só posso tratar dos que têm interesse. Se você trata um paciente e o deixa 100%, e ele volta a

Com: Dr. H. D. Saunders

fazer as mesmas coisas que fazia antes o que vai acontecer?! Ele irá voltar com dores novamente. Então a única forma de realmente tratá-lo é educando-o e motivando-o continua-mente. F&T: Então você divide seu tra-tamento em duas partes: Tra-tamento em si e Educação? Dr. S: Sim, no início é puramente tratamento porque o paciente quer ficar livre da dor e também porque com dor ninguém aprende nada, depois com o alívio da dor, passo a educá-lo. F&T: Além dos equipamentos que sua empresa fabrica como as mesas de tração lombar, as trações cervicais etc. você utiliza técnicas manuais em seus pacientes? Dr. S: Eu fiz muitos cursos, tenho Stanley, Maitland, McConnell, Cyriax, Makenzi, Quiropraxia, Osteo-patia, e acho que uso apenas para montar minhas idéias. Não acredito que exista o melhor deles, mas sim o conjunto. Acho que você aprende um pouco de cada um e não deve acre-ditar em tudo que eles dizem, é você quem deve decidir qual técnica vai usar em seu paciente. Por exemplo, eu gosto de Makenzi, mas Makenzi não é a resposta para tudo. Gosto de terapia manual, mas acho que alguns fisioterapeutas são muito orientados para pensarem que as técnicas ma-nuais podem curar qualquer coisa. F&T: Você usa equipamentos eletrônicos ou outros recursos? Dr. S: Sim, mas apenas quando tem muita dor. Uso TENS, gelo e sempre por um período muito curto porque não devemos deixar o paciente achar que são estas coisas que estão melhorando-o. Um paciente com muita dor não consegue fazer os movimentos e então uso outros recursos, mas assim que ele se sente melhor, é hora de trabalhar. F&T: Quais as causas mais comuns de dor em seu consultório?

Dr. S: Recebo muitos trabalhadores que se machucam em seu ambiente de trabalho. Profissionais que ficam por muito tempo sentados e ociosos e essa combinação da musculatura ficar fraca, encurtar, a coluna ficar com pouco movimento é a causa mais comum de lesão. F&T: Você ministra seus cursos em outros países? Dr. S: Sim, no Canadá, na antiga Rússia, Polônia, África do sul, Colôm-bia, Argentina, por toda a Eu-ropa, Singapura, China... F&T: Você percebe uma preferência em eletroterapia, terapia manual ou algum diferencial entre os colegas destes países? Dr.S: Em geral são poucas as variações. Uma coisa muito interessante para mim, são os ingleses, pois como você deve saber, o império inglês foi dono de boa parte do mundo e então quando chego para dar aulas em lugares como a Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Singapura e todas as ex-colônias inglesas, e me apresento como americano, existe uma certa rejeição, pensam que um americano, tudo que você fala eles arrumam uma forma de contestar, mas isso só acontece no primeiro dia e geralmente no fim do dia eles começam a gostar de mim. Pelo menos eu acho! F&T: O que você tem a dizer aos leitores da Revista? Dr. S: Quero dizer que devemos buscar mais as responsabilidades, mostrar aos demais profissionais da área da saúde o que nós fisioterapeutas temos a oferecer e com isso prestar um serviço melhor e mais amplo para todos, conquistando definitivamente o espaço da Fisioterapia. Obrigado.


Artigo de Revisão

Por: Dra. Pamela B. Schweitzer Mendes - Orientador: MSc. David Miqüelluti

Fisioterapia Manual Ortopédica e Medicina Ortopédica Introdução Inúmeros fatores, na última década, estão levando à mudanças no pensamento e na prática do fisioterapeuta. O que praticamos é o resultado do que pensamos. Estamos praticando fisioterapia holisticamente, contudo o tratamento deveria ser direcionado mais para a causa dos problemas do paciente ou para a prevenção desses problemas. O nosso conhecimento em ciências básicas nos permite entender os efeitos do nosso tratamento e assim aumentar a utilização e o resultados desses trabalhos. Existe hoje um crescimento muito grande no número de fisioterapeutas bem como na responsabilidade desses profissionais. Há também um crescimento rápido do conhecimento em ciências básicas o qual afeta diretamente nossa prática. Apesar disso, nós temos mantido a tradição de usar o modelo médico, como fonte de estudos e base para o tratamento. É importante que nos desvin-culemos desse modelo, sem, no entanto, abandoná-lo. Esta relação com a medicina nos enriquece e nos ajuda a aumentar a qualidade nos cuidados com nossos pacientes. Além disso, o fato de estar ao lado das tendências da ciência médica, desenvolver nossas próprias filosofias, e especialmente a de tratar preferencialmente a disfunção do que a dor. Por isso, a necessidade do desenvolvimento objetivo de um exame clínico realizado pelo fisioterapeuta. Este trabalho tem por objetivo clarear as funções e os objetivos do fisioterapeuta no diagnóstico e tratamento de pacientes com problemas ortopédicos. Rever alguns limites dos estudos clínicos que tem importante função nas decisões dos tratamentos dos pacientes em fisioterapia e enfatizar a importância de uma avaliação completa fisioterápica, para um resultado mais efetivo no tratamento dos problemas ortopédicos. O papel do fisioterapeuta manual está baseado em alguns princípios de tratamento de disfunções, levando também

em consideração a natureza da dor crônica. A filosofia da disfunção é baseada nas seguintes doutrinas: ·Um dano articular, incluindo tais condições como osteoartrose, instabilidade, e efeitos de um entorse, são consideradas mais disfunção que doença; ·As disfunções são manifestadas tanto como o aumento ou a diminuição do movimento perante o normal esperado ou pela presença de um movimento aberrante (Paris, S.V., PT, 49:8 Agosto, 1979); ·Onde a disfunção for detectada como movimento limitado (hipo-mobilidade), o tratamento de escolha é a manipulação das estruturas articulares, alongamento muscular e fascial e promoção de atividades que encoragem a completa amplitude de movimento (Paris S.V. The Spinal Lesion Pegusus Press, 1965); ·Onde a disfunção for detectada como aumento de movimento (hiper-mobilidade) lassidão ou instabilidade, o tratamento de escolha não é a manipulação, mas sim a estabilização, pela instrução de uma postura correta, exercícios de estabilização e correção de qualquer limitação de movimento das articulações vizinhas que possam contribuir para a hiper-mobilidade. (The Theory and Technique of Specific Spinal Manipulation, New Zealand Journal, Vol. 62, No 371, July, 1963); ·De que a causa primária de doenças degenerativas articulares é a disfunção articular. Conseqüentemente, pode-se concluir que a presença dessas doenças é devido a falta de acesso ao fisioterapeuta. (Paris, S.V., First Inter-national Conference on Low Back Pain, Vienna, Austria, 1985); ·De que o papel primário do fisioterapeuta é a avaliação e tratamento das disfunções, ao passo que a do médico é o diagnóstico e tratamento da doença. Esses são dois papéis diferentes mas complementares em tratamento de saúde. (S1 Course Notes circa, 1970);

·De que desde que a disfunção é a causa da dor, a meta primária do fisioterapeuta deveria ser a de corrigir a disfunção mais do que a dor. Quando no entanto, a natureza da dor interfira na correção da disfunção, a dor necessitará fazer parte do programa de tratamento (S1 Course Notes Circa, 1970); ·De que a chave para entender a disfunção, e então ser capaz de a avaliar e a tratar, é entender anatomia e biomecânica. Isso conseqüentemente nos conduz ao desenvolvimento do nosso conhecimento e de habilidades nessas áreas, assumindo seguramente a liderança no gerencia-mento das desordens não opera-tivas do sistema neuro-musculoesque-lético. (These notes circa, 1985); ·De que é da responsabilidade do paciente o restabelecimento, manutenção e melhora da sua saúde. Nesse contexto o papel do fisioterapeuta é o de servir como educador, sendo um exemplo para o paciente, e reforçar a saúde e um estilo de vida produtivo. Quando começamos uma avaliação em um paciente temos a tendência de tomar muito cedo a decisão de “o que está errado” com o paciente, antes de ter uma completa e inteira avaliação. Esse comportamento é comum e pode levar a uma falha no tratamento fisioterápico. Após conduzir uma completa avaliação fisioterápica será possível aproximar-se dos achados objetivos os quais estabelecerão o diagnóstico fisioterápico. O tratamento fisioterápico deve ser baseado nesses achados mais do que no diagnóstico médico. Se os sinais objetivos foram encontrados e se o tratamento for adequado, então o diagnóstico médico, sendo o qual for, servirá somente como assistente para a identificação da síndrome ao qual esses achados pertencem. Por essa razão, não é o diagnóstico que tratamos e sim os sinais objetivos. Ex: O paciente queixa-se de dor no ombro. Dependendo do médico consultado, o


paciente pode receber um número muito grande de diagnósticos: Aqui podemos observar os sinais objetivos e o tratamento lógico fisioterápico baseados em nosso nível de conhecimento e prática clínica. A partir disto, as disfunções listadas, provavelmente responderão ao tratamento e então o paciente não terá limitações funcionais

·As condições do paciente mudam durante o tempo da visita ao médico e ao fisioterapeuta. Sem a avaliação fisioterápica completa, não teremos acesso a essas mudanças; ·É de responsabilidade ética, reduzir o tempo de avaliação somente nos casos de primeiros socorros ou situações agudas;

MÉDICO

FISIOTERAPEUTA

FISIOTERAPEUTA

Diagnóstico

Sinais Objetivos/Disfunções

Tratamento

Tendinite do Supraespinhoso Bursite Capsulite Doenças Discais Cervicais Síndrome do Desfiladeiro Torácico

Impossibilidade do deslizamento inferior da cabeça do úmero Alteração do ritmo escapuloumeral

Manipulação da Cápsula e bursa Reeducação Muscular

Fraqueza de Rotadores Rigidez da miofascia

Exercícios Alongamento e massagem

Alteração Postural

Reeducação postural

e estará livre da dor. Se usarmos o diagnóstico médico como referência, ele será de valor limitado já que não oferece nenhum indício de qual é a condição que teremos de tratar. Basear-se somente no diagnóstico referencial, nos induzirá a uma falha do tratamento fisioterápico, apesar de ser compreensível, já que tal diagnóstico foi feito por um médico de prestígio e confirmado por um RX. Esses eventos resultam freqüentemente em “cegueira clínica” do fisioterapeuta. O resultado será a falha em conduzir adequadamente uma avaliação e um tratamento fisioterápico. O fisioterapeuta deve manter em mente: ·diagnóstico fisioterápico precoce na maioria das vezes é mais errado que certo; ·O melhor diagnóstico fisioterápico ocupa freqüentemente não mais que duas linhas de descrição; ·O diagnóstico médico freqüente-mente oculta a principal disfunção; ·O diagnóstico médico raramente diz de forma objetiva qual a disfunção a ser tratada; ·Os resultados de RX tem uma confiabilidade muito pobre no diagnóstico;

·Não é ético e legal tratar sem fazer uma avaliação; ·Não é ético tratar se você discorda da prescrição; ·O fisioterapeuta tem responsabilidade legal para explicar todas as suas ações; ·O fisioterapeuta deve fazer o seu diagnóstico baseado não em um modelo médico, mas sim em limitações funcionais e patomecânicas. Temos que ter em mente de que a intuição é a interpretação inteligente das experiências. O que significará a experiência se não soubermos o que estamos fazendo? O restabelecimento de uma completa função é o nosso objetivo final, e o uso de terapia manual apropriada é o maior componente na maior parte da reabilitação de pacientes ortopédicos. Se lembrarmos, a definição de manipulação: “ um hábil movimento passivo de uma articulação”. Essa é uma simples definição, mas requer não somente habilidade, mas também a tomada de uma boa decisão clínica. O processo começa com uma observação inicial e anamnese. Segue-se uma avaliação diferencial. Dessa avaliação vem a chave dos achados clínicos no qual estabeleceremos nossos objetivos e formulação dos planos de tratamento.

Isso envolverá seleção de técnicas, seqüência, quantidade de força, número de repetições, combinações de efeitos mecânicos e neuro-fisiológicos, etc. Como profissionais devemos confiar em nossos conhecimentos básicos. Para sermos reconhecidos necessitamos justificar o nosso trabalho. O papel do médico é fazer o diagnóstico diferencial e o tratamento da doença, o do fisioterapeuta é a avaliação diferencial e o tratamento da disfunção. As cirurgias, para o caso de nossas falhas.

Dra. Pamela Branco Schweitzer Mendes - fisioterapeuta Pós-graduada em Ciências Morfofisiológicas - Especialização em Anatomia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) , especialista em Terapia Manual e doutoranda pela Universidade de St. Augustine FL, EUA. Devido a experiência vivenciada nesses quinze anos de prática em fisioterapia ortopédica, sendo questionada pelos ortopedistas o porquê da necessidade da avaliação da fisioterapia já que o paciente vem encaminhado a fisioterapia, avaliado e com diagnóstico; é que desenvolvi esse artigo comunicativo, objetivando o esclarecimento dessa questão.


Órteses e Próteses

Por: Dra. Ângela C. F. da Silva

A Evolução das Inter-relações do Fisioterapeuta com os Usuários de Acessórios Órteses e/ou Próteses O termo órtese é recente dentro da ortopedia. Foi introduzido em 1956 por Benett, porém seu uso vem desde 1564. Em 1867 Duchene de Bologne definiu a regra das órteses e criou uma para cada tipo de paralisia periférica, denominando-as de próteses mus-culares funcionais. Sullivan; 671,1993, relata que a partir da IIª Guerra Mundial, houve a necessidade de desenvolver dispositivos mais funcionais na tentativa de corrigir lesões irreversíveis e perda da funcionalidade temporária e/ou permanente., surgindo então, neste período a Americam Orthotics ande Prothetics Association, com o objetivo de estudar, desenvolver e aprimorar estes e novos dispositivos . Do século passado para o ano 2000 houveram significativas melhorias desde as definições entre ACES-SÓRIOS - ÓRTESES – PRÓTESES, até sua confecção mais leve, funcional e mais acessível a comu-nidade usuária. Os termos acima citados devem ter suas definições claras e objetivos específicos, pois entre eles há uma inter-relação na melhora de funcio-nalidade, prevenção da sintomato-logia dolorosa, de contraturas e deformidades, bem como de comple-mentação físico-funcional. Há, entretanto diferenças conceituais entre acessórios, órtese e prótese. Os acessórios são dispositivos mecânicos auxiliares para execução de alguma atividade física, com o objetivo de melhorar o desempenho daquele segmento corpóreo que apresenta certo grau de desequilíbrio, prevenir distúr-bio osteomusculartes, vasculares e cárdio-respiratórios e com isto melhorar a qualidade de vida do usuário destes dispositivos. Pode-se nomear como acessórios os seguintes dispositivos mecânicos: colchão e almofadas d’água, piramidal e pneumático, as diversas cadeiras de rodas, muletas, bengalas e andadores facilitando desta forma a compreensão quanto do uso associado à uma órtese e/ou prótese. Conforme Krusen, “as órteses são dispositivos que alinham, previnem, auxiliam

segmento corpóreo” (1995, p.571). O segmento corpóreo perma-nece íntegro, não há nenhuma perda corporal. Sua confecção é dos mais variáveis materiais, entre eles cita-se: gesso comum ou sintético, plástico termomoldável, resina de epóxi e polipropileno, talafix e outros. Atualmente busca-se o material mais leve e funcional possível devido a praticidade e funcionalidade na colocação e retirada e sua manutenção estrutural e higiênica. Estes dois últimos fatores são de extrema impor-tância para o bem estar do usuário e do objetivo proposto pelo dispositivo. O que está sendo muito bem aceito pela comunidade científica e por nós fisioterapeutas são as órteses tubulares. Estas órteses são, na verdade dispo-sitivos confeccionados de tubos reves-tidos de espuma e idealizados a partir da biomecânica segmentar. Seu grande avanço está naquelas destinadas aos membros superiores. Sua característica marcante é a pouca zona de contato, porém com grande influência na readaptação, prevenção de deformidades e distribuição do peso corporal desejado. Porém alguns modelos ainda apresentam certa resistência a se moldarem aos diversos segmentos e seu custo elevado as tornam não muito acessíveis para população em geral. Sua diversificação nas cores possibilita que elas sejam melhor aceitas pelas crianças, principalmente as neuro-logicamente comprometidas. Segundo Krusen, 1995, as próteses são a substituição total ou parcial de um segmento corpóreo, por um dispositivo que realizará a função anterior, quando for possível. Nem sempre a prótese proporcionará funcionalidade completa. Em primeira instância a prótese vem substituir um segmento corpóreo esteticamente e quando possível, devolver sua funcionalidade. As amputações no passado eram realizadas de maneira brutal, dila-cerante com resultados nada pro-missores. Desde a anestesia – um wisky em dose tripla – para diminuir ou amenizar a dor, o óleo fervente para cauterização e a guilhotina como instrumento cirúrgico

(Boccolin, 2000). O índice de infecções e septicemias generalizadas levavam na maioria dos caso ao óbito, ou a um prognóstico de reabilitação desfavorável, o que desencadeava um processo social importante e falências pessoais e ocupacionais. Atualmente estas amputações estão em aprimoramento contínuo desde a anestesia, a prevenção de hemorragias comprometedoras, aos instrumentos cirúrgicos apropriados e principal-mente ao nível de amputação facili-tando desta forma a mais rápida recuperação do paciente amputado. O relacionamento do fisioterapeuta com o paciente amputado mudou muito nestes últimos 05 anos, as causas podem ser a tecnologia desenvolvida para as próteses, os métodos cirúrgicos e os níveis de amputações designados pelos cirurgiões. No passado a abor-dagem do profissional estava aquém de qualquer orientação ou sugestão, pois o paciente não procura os serviços de fisioterapia, nem sem quer aceitavam expor, de maneira natural, àquele segmento amputado. Os estudos recentes mostram que as próteses, em especial de Membro Superiores mioelétricas vêm, com sucesso devolver a estética e a funcio-nalidade quase que completa para os membros superiores, Comêndio Otto bock, 1995. A relação dos usuários destes três dispositivos mecânicos com a equipe que o assistia, em décadas passadas era muito superficial; pois o indivíduo era avaliado, orientado quanto ao segmento corpóreo ou o acessório que utilizava, não de uma forma globa-lizada corporal. Ocorria apenas o binômio paciente e cirurgião, que esporadicamente reavaliava o pacien-tes , não existindo nenhuma afinidade com os outros profissionais da saúde. Não se conhecia a atendimento multidisciplinar que poderia trazer benefícios a todos, em especial, ao próprio paciente. Ele ficava à mercê à espera de uma solução, uma ação mais efetiva e globalizada de todos. O pensamento “do ficar doente” desta época era apenas uma sentença de morte e acomodava a população,


ficando a cura além da imaginação. As deformidades e limitações eram naturalmente aceitas como desígnios de Deus, (Bocollin 2000). As políticas mundiais de saúde, a necessidade de produção para a sobrevivência, o capitalismo e a globalização mundial, estes pensa-mentos sofreram evoluções e mudan-ças radicais. Passou-se dos “desígnios de Deus” para um pensamento de não acomodação, e quanto, as deformidades, tornaram-se um desafio ao próprio paciente. Surgindo nos anos 80-90, a equipe multidisciplinar, agindo, interagindo como um todo, em prol da qualidade de vida de seu paciente e prin-cipalmente voltada ao entro-samento dos profissionais, bus-cando conhe-cimento técnicocientífico apri-morados. Atualmente a relação do paciente usuário de órtese e/ou prótese com a equipe profissional que lhe assiste está, muito bem estruturada e consciente do seu real papel, porque busca, em cada caso que surge, novos conhecimentos e maiores estudos personalizados, surgindo então o “estudo de caso”. Sabe-se que o “estudo de caso”, é atualmente, fonte de trabalho cien-tífico e pesquisa qualificada. O atual paciente indaga sobre a competência do profissional indu-zindo-os à atualização, especia-lizações, mestrados e douto-rados. Este espírito de cobrança tem sido motivado pela mídia que está atenta aos direitos do consumidor e cobra uma atuação responsável e ética dos profissionais. O profissional fisioterapeuta é um norteador dos objetivos no que se refere a promoção, prevenção e reabilitação movimento com o uso destes dispositivos mecânicos. Cada caso dever ser avaliado, programado e orientado indivi-dual-mente com objetivos e planos de tratamento fisioterapêuticos dire-cionados às suas especificidades e infucionalidades com muita tolerância, competência e de uma forma globali-zada, dentro do espírito huma-nista e não assisten-cialista. O atendimento fisioterapêutico individualizado é de suma importância para que o paciente usuário de uma órtese, prótese com ou sem acessório possam primeiramente reaprender seu esque-ma e consciência corporal perdida ou tem-

porariamente alterada. Este traba-lho depende da abordagem da “educa-ção fisioterapêutica” (Mayer, 2001) que o profissional fisioterapeuta dará ao seu paciente. A educação fisioterapêutica vai além das fronteiras no que se refere ao programa de tratamento físico, e sim as orientações indispensáveis para o dia a dia do paciente e sua reinserção na sua comunidade, além de propor-cionar novos desafios em grupo. O trabalho em grupo com estes pacientes em centros, consultórios de fisioterapia são fundamentais para que hajam disputas saudáveis entre seus pares e a vontade e perceverança em vencer novos desafios e obstáculos tanto ambientais estruturais como individuais físicos-motores. O paciente no final do século XX e para este século espera ficar o mais próximo de sua funcionalidade, pois quer desfrutar de uma melhor qualida-de de vida, voltando desta forma a sua vida produtiva, podendo usufruir do lazer, da produção e em especial do seu aspecto físico íntegro. Para que isso aconteça aumenta a responsabilidade como profissionais da saúde, do movimento e da funcio-nalidade e participantes ativos na equipe multidisciplinar, frente ao paciente usuário de dispositivo mecâni-co, seja ele qual for. Nesta equipe somos profissionais responsáveis pela promoção, preven-ção e recuperação física, voltados para uma visão holística e consciente de nosso papel físico-social, preparados e receptivos aos novos desafios científicos nesta área. Cada paciente que chega em nossos consultórios, hospitais, instituições abre-se um novo desafio; para eles em busca de uma melhora física, para nós a busca de técnicas, manobras, dispositivos mais acertados e coerentes com sua patologia. Como diz Fernando Boccolin, 1990), o amputado “não é um coto que tem um homem e sim um homem que tem um coto”. Esta abordagem de educação fisioterapêutica, o acesso mais facilitado ao dispositivo mecânico, a interação dos acadêmicos de fisioterapia, fisiotera-

peutas, médico, está sendo possibilita-da pela parceria Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e Governo do Estado do Rio Grande do Sul através da Secretaria Estadual de Saúde. Os acadêmicos participam ativamente deste processo e associam a teoria com a vivência prática dos mais diversos acometimentos físico-funcionais . Esta parceria em forma de contrato nos possibilita avaliar, prescrever, acompanhar, treinar o usuário destes dispositivos , reeducando-o para suas atividades de lazer, laborais e vida de diária. O resultado destes seis meses de atendimento está sendo extremamente satisfatório. Os objetivos de melhorar a qualidade de vida destes usuários e reeducá-los para o uso adequado ao dispositivo foram alcançados e proporcionou uma vivência prática e desafiadora aos acadêmicos do 4º semestre da disciplina de órtese e prótese até então não vivenciadas na referida disciplina. Referência bibliográfica : BOCCOLIN, Fernando. Reabilitação: amputados, amputações, próteses. São Paulo : Robe, 2000. CARVALHO, José André. Amputações de Membros Inferiores: em busca da plena reabilitação. São Paulo: Manole. 1999. GOLDIN, José Roberto. Manual de Iniciação à Pesquisa em Saúde. 2.ed. Porto Alegre: Dacasa, 2000. LIANZA, Sérgio. Medicina de reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. SULLIVAN, S. B. º , SCHMITZ,T. J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 2 ª ed. São Paulo: Manole., 1998. KOTTKE, Frederic J.; Stillwell, G. Keith; LEHMAN, Justus F. KRUSEN: tratado de medicina física e reabilitação. Trad. Nelson Gomes de Oliveira. 3. ed. v. 1 – 2. São Paulo: Manole, 1984. KRUG, Suzane Beatriz Frantz. A condição de acidentado grave do trabalho no município de Santa Cruz do Sul-RS : um estudo das trajetórias de vida após o evento. Dissertação de Mestrado. Universidade de Santa Cruz do Sul, 2000. Santa Cruz do Sul, 2000. THOMSON, Ann. Fisioterapia de Tidy. São Paulo: Livraria Santos, 1994. FISIOTERAPIA EM MOVIMENTO. v. XII. n. 2. Out/98 – Mar/99. p. 97-108


Labiríntica Por: Dr. André Luís Santos Silva Vertigem e Tontura, A Fisioterapia Labiríntica nas Disfunções do Equilíbrio Introdução A vertigem e a tontura figuram entre os sintomas mais comuns que afligem os seres humanos [1, 2, 3,6]. A tontura pode se manifestar como vertigem (tontura tipo rotatória ou ilusão de movimento), oscilopsia, sensação de flutuação, desequilíbrio, de cabeça vazia, de atração para o solo, entre outras [1, 2, 3]. Por vezes, vem acompanhada de manifestações neuro-vegetativas como náusea, vô-mitos, sudorese fria e cefaléia [4, 5, 6, 7]. A vertigem deve ser diferenciada de outras causas de “tontura”, como a tontura pré-sincopal, a perda do equilíbrio estável, a lipotimia ou os distúrbios psicológicos (a agorafobia, a acrofobia). O aparato vestibular é um antigo e sofisticado sistema humano de con-trole. O processamento acurado das informações sensoriais sobre os movi-mentos cefálicos e posturais rápidos é difícil. Não é de surpreender que o corpo receba informações e responda com eferências múltiplas e parcial-mente redundantes, com-binados com uma capacidade competente de reparação central [1,2]. Segundo Horak e Shupert [9], o sistema vestibular cumpre muitas funções potenciais no controle pos-tural. As autoras descrevem quatro principais fatores: a sensação e per-cepção do movimento, a orientação na vertical, o controle do centro de massa e a estabilização da cabeça (Figura 01). Além de sua importância no controle do equilíbrio de pé, este sistema é igualmente importante durante a locomoção. Esses fatos possuem relevância quando posi-cionamos um paciente em cima de uma prancha inclinada com os olhos fechados. O indivíduo portador de vestibulopatia apresenta dificuldades para perceber quando está ereto, com relato de sensações anormais de movimento e/ou vertigem; ele orienta a posição da cabeça e do corpo de for-

ma incorreta, com inclinações e falta de orientação vertical; caso a prancha seja inclinada repentina-mente, ele é incapaz de recuperar o equilíbrio e não consegue usar a estratégia do quadril; a posição cefálica em relação à gravidade varia à medida que o paciente tenta se reequilibrar [9].

Figura 01- Quatro funções do Sistema Além dos mecanismos que contribuem para a estabilidade postural, os processos neurais centrais exercem influência através de reações auto-máticas de longa latência, movi-mentos voluntários e alterações nas propriedades mecânicas passivas e ativas. A ausência ou presença de informações sensoriais específicas, altera a magnitude e o padrão temporal da resposta muscular. Incluem-se, ainda, os processos de aprendizagem, atenção e previsão, assim como a atividade motora que esteja sendo executada [6, 8, 10, 11]. Os pacientes tendem a adotar uma estratégia de compensação bem par-ticular, a qual pode interferir na estabilidade postural. Nesse sentido, os fisioterapeutas clínicos e pesquisadores devem identificar os componentes pré-planejados e automáticos de uma resposta postural, a fim de determinar a melhor forma de influenciar a sua organização. A interpretação adequada dos sinais e sintomas apre-sentados, o planejamento otimizado do tratamento fisioterápico e, também, a análise objetiva dos vários efeitos salutares da fisioterapia não podem ser conduzidos sem que se

dispense uma atenção constante às ações dos vários mecanismos de compensação [1, 6, 8, 14]. Segundo Zee [10], temos um amplo repertório de mecanismos de compensação, o que confere um fenômeno maior do que um mero reajuste de reflexos em nível medular. As funções de antecipação e previsão, as alte-rações nas estratégias motoras, a substituição sensorial e os fatores cognitivos associados ao estado men-tal, ao esforço psicológico, à ima-ginação e ao contexto, são ferramen-tas poderosas no processo de adaptação [10, 11]. Furman e Cass [16], em recente revisão de literatura, relataram que a Ver-tigem Posicional Paroxística Beni-gna (VPPB) é um dos tipos mais comuns de vertigem. Herdman [1], acrescenta que as maiores indicações para a Fisioterapia Labiríntica são a VPPB e as disfunções vestibulares unilaterais de instalação súbita (as quais mantém desequilíbrio algumas semanas após o quadro agudo). Como opções terapêu-ticas na VPPB, temos a Repo-sição Canalítica, a Manobra Liberatória e os exercícios de habituação de Brandt-Daroff [1]. A hipofunção vestibular periférica exprime uma variedade de sintomas decorrentes de déficits funcionais nos sistemas vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinhal. O reflexo vestíbulo-ocular (RVO) é o principal mecanismo da estabilidade do olhar durante o movimento cefálico, produzindo um movimento ocular de igual velocidade e na direção oposta ao da cabeça. O reflexo vestíbulo-espinhal (RVE) comprometido pode contribuir para os distúrbios posturais e de marcha nos pacientes com disfunção vestibular periférica [1, 2, 4]. Na oportunidade ímpar que tive, como aluno da fisioterapeuta e pesquisadora norte-americana Profª Susan J. Herdman,PT,PhD [1], pude observar a sua metodologia na transição da avaliação para o tratamento fisio-terapêutico,


a qual confere alguns pontos importantes a serem observados, resumidamente, a seguir: I. A busca pela documentação de disfunção vestibular: qual (is) canal (is) semicircular (es) está (ão) envolvido (s)? A lesão é central ou otolítica? II. Que tipo de problema vestibular está instalado? Periférico? Uni ou bilateral? E o grau de acometimento? A cinesioterapia labiríntica para déficit vestibular é indicada para melhorar a função vestibular remanescente, e, portanto, não serve para perda labi-ríntica completa. III. Nem todos os pacientes com tontura apresentam uma lesão ves-tibular: o nistagmo e a vertigem podem surgir em outras enfermidades não-vestibulares, como por medicações, lesões de tronco encefálico; IV. Avalie e reavalie: a medida que o paciente responde à cinesioterapia, uma nova avaliação é necessária para modificar o programa; o planejamento terapêutico individualizado deve incluir os exercícios terapêuticos vestibulares associados a uma atenção aos problemas específicos e ao nível de função do paciente; V. Quantifique a avaliação: é importante reservar tempo para medir objetivamente o desempenho do paciente para determinar os resultados, modificar o seu curso, justificar sessões adicionais e determinar o término do tratamento Evidências recentes sugerem que o tratamento medicamentoso da ver-tigem aguda, decorrente de lesões vestibulares periféricas, é mais apro-priado durante as primeiras 24 horas [1]. Após esse período, os pacientes devem ser encorajados a se levantarem e aumentarem suas atividades. O não cumprimento desse critério limita a recuperação. Durante esse período, a Fisioterapia Labiríntica ou Vestibular deve ser instituída [1, 2, 3, 6, 7]. A FISIOTERAPIA LABIRÍNTICA [FL] é hoje aceita como uma abor-dagem de tratamento apropriada e valiosa [11, 12, 13]. O uso da cine-sioterapia para tratar vesti-bulopatas não é novo, sua origem remonta da década de 1940, na Inglaterra, onde o Dr. Cooksey, um fisioterapeuta e o Dr. Cawthorne, um

médico, desenvol-veram um protocolo de exercícios terapêuticos para pacientes com disfunções vestibulares unilaterais e pós-concussivas, que incluem movi-mentos cefálicos, tarefas de co-ordenação óculo-cefálica, movimentos corporais globais e marcha [1]. Os objetivos da FL são descritos no quadro 01. QUADRO 01 DOS OBJETIVOS DA FISIOTERAPIA LABIRÍNTICA. 1. Melhora do equilíbrio funcional, especialmente durante a deambulação; 2. Melhorar a capacidade de enxergar claramente durante o movimento da cabeça; 3. Melhorar a condição física geral e atividade do (a) paciente; 4. Reduzir o isolamento social; 5. Reduzir o desequilíbrio e a oscilopsia (visão atrapalhada). Os mecanismos de recuperação envolvidos no tratamento valem-se de experiências neurossensoriais da plasticidade neuronal e incluem a recuperação celular, o restabele-cimento espontâneo do índice central de disparos tônicos, a adaptação vestibular, a substituição de outras estratégias e a habituação [1, 2, 6, 10]. EVIDÊNCIAS DE QUE A CINESIOTERAPIA FACILITA A RECUPERAÇÃO No intuito de justificar a supervisão direta do (a) fisioterapeuta e a eficácia dessas abordagens, diversos grupos de pesquisa demonstraram a pertinência do acompanhamento especializado aos pacientes vestibulopatas. Bamiou et al [12], aplicaram dois questionários validados em pacientes com disfunção vestibular unilateral confirmada e observaram que aqueles indicados à fisioterapia labiríntica em tempo hábil e acompanhados por fisioterapeuta com programa individualizado, apresen-taram melhores resultados do que os pacientes que apenas realizaram os exercícios de Cawthorne-Cooksey. Estes últimos apresentaram baixas pontuações nos questionários. ShumwayCook et al [13], analisaram os efeitos de um programa de exercícios globais

para equilíbrio, mobilidade e risco de quedas em comunidade de idosos. Os autores compararam três grupos classificados em (1) grupo-controle de idosos com quedas, (2) grupo com aderência completa ao programa e (3) grupo com aderência parcial ao programa. Os fatores associados com o sucesso da abor-dagem incluiu o grau de ade-rência ao programa e o resultado do pré-teste através do Questionário de Tinetti. Os resultados apontaram que os exercícios terapêuticos melhoraram o equilíbrio e a mobilidade, e reduziram os eventos de queda. Assim como, a aderência completa ao programa determinou a influência positiva dos exercícios terapêuticos [13]. Shepard e Telian [14], examinaram a eficácia dos programas personalizados de fisio-terapia labiríntica (I) comparado a um programa mais genérico (II). Após três meses de tratamento, o grupo I relatou uma redução de 85% na tontura e o grupo II, uma redução de 64%. No entanto, o grupo I relatou ausência de sintomas em suas atividades de vida diária, na posturografia estática e dinâmica, redução na sensibilidade aos movimentos e um decréscimo na assimetria da função vestibular. O outro grupo apenas melhorou nos testes de equilíbrio estático [14]. Os exer-cícios originais de CawthorneCooksey não foram personalizados para cada paciente. Normalmente, são exercícios “prescritos” e “instruídos” para os pacientes executarem em casa. Szturm et al [15], compararam a eficácia de um programa não supervisionado de Cawthorne-Cooksey com um programa personalizado de Fisioterapia Labiríntica, supervisionado e executado por fisioterapeuta. Como resultado, os autores encontraram uma melhora mais expressiva no grupo super-visionado [15]. Conclusão É imperioso agregar maior conhecimento sobre a função do sistema vestibular no controle postural, sobretudo com intuito de estimular aos estudantes e jovens fisioterapeutas acerca dos recentes avanços no tratamento de pacientes portadores de síndromes


labirínticas. Com otimismo, observo que, nos últimos anos, existe um maior esclarecimento do funcio-namento do sistema nervoso à luz dos últimos achados da neurociência, ciência essa que inclui a anatomia, a histologia, a bioquímica, a biologia molecular, associadas à neurologia, neuropatologia, psicologia, psiquiatria, fisioterapia. Além da inteligência artificial, a informática robótica, a matemática e a física. Enfim, vivemos em projetos multidisciplinares clínicos e de investigação que muito estão contribuindo na compreensão do complexo corpo humano. Fisiotera-peutas e estudantes, uni-vos à neuro-ciência! “Procurando bem (...) todo mundo tem (...) Medo de subir, gente / Medo de cair, gente / Medo de vertigem / Quem não tem?” Chico Buarque Referências Bibliográficas: 1-Herdman SJ. Reabilitação Vestibular. 2ª Ed. Editora Manole: São Paulo; 2002. 2-Ganança MM, Munhoz, MSL, Caovilla, HH, Silva, MLG. Estratégias Terapêuticas em Otoneurologia. Volume 4. Editora Atheneu. São Paulo; 2000.- Série Otoneurológica. 3-Silva ALS. Tratamento Individualizado de Paciente Idoso com Vertigem Postural: Relato de Caso. J Fisiobrasil. Fev 2000; p.03. 4-Silva ALS. Abordagem da Fisioterapia em Pacientes com Disfunção Labiríntica: A Reabilitação Vestibular. J Fisiobrasil. Jun 2000; p.02. 5-Silva ALS. Postura, Estabilidade e Queda: Atuação dos Sistemas Proprioceptivo, Vestibular e Visual. Conferência - Anais do Congresso Fisioterapia 2000, Fortaleza, CE, 2000. 6-Silva ALS, Moreira JS. Vertigem: A Abordagem da fisioterapia. Fisioterapia Brasil. 2000; 01(01):91-97. 7-Silva ALS, Teixeira SS, Moreira JS, Fernandes S, Silva MAG. Reabilitação Vestibular Em Duas Pacientes Com Vertigem Posicional Paroxística Benigna. Fisioterapia Brasil. 2001;

02(05):313-323. 8-Figueiredo KMOB, Furtado RV, Brasileiro JS, Silva ALS. Recursos Fisioterapêuticos na Rea-bilitação Vestibular. Rev Brasileira de Fisioterapia, suplemento X Simpósio de fisioterapia da UFScar – I Congresso de Pesquisas em Fisioterapia e Suas Aplicações, São Carlos, SP, 2001. 9-Horak FB, Shupert C. Função do Sistema Vestibular no Controle Postural. In: Herdman SJ. Reabilitação Vestibular. 2ª Ed. Editora Manole: São Paulo; 2002. pp.25-51. 10- Zee DS et al: Adaptation of the phase of the linear VOR at low frequency. [Abstract] Soc Neurosci Abstr 25:518, 1995. 11- Curthoys IS, Halmagyib GM. Vestibular compensation: A review of the oculomotor, neural, and clinical consequences of unilateral vestibular loss. J Vestib Res 5:67-107, 1995. 12- Bamiou DE, Davies RA, McKee M, Luxon LM. Symptoms, disability and handicap in unilateral peripheral vestibular disorders. [Abstract] Scan Audiol; 29(4):238-44, 2000. 13- Shumway-Cook A, Gruber W, Baldwin M, Liao S. the effect of multidimensional exercises on balance, mobility, and fall risk in community-dwelling older adults. Phys Ther. 1997;77:46-57. 14- Shepard NT, Telian AS. Programatic Vestibular Rehabilitation. Otolaryngol Head Neck Surg. 1995;112:173-182. 15- Szturm T et al. Comparison of different exercise programs in the rehabilitation of patients with chronic peripheral vestibular dysfunction. J estib Res 4:461,1994. 16- Furman JM, Cass SP. Benign Paroxys-

Dr. André Luís Santos Silva Fisioterapeuta Coordenador da Pósgraduação Fisioterapia em Reabilitação Labiríntica – Universidade Veiga de Almeida Revisor Científico da Tradução do livro Reabilitação Vestibular. Au: Susan J Herdman,PT,PhD - 2ª Edição - Ed. Manole, 2002.




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