Edição 30

Page 1



Editorial Nesta edição resolvemos entrevistar o Bom Velhinho. Isso mesmo, queríamos entrevistar o Papai Noel mas com o Natal chegando, ele está completamente impossibilitado de conceder entrevistas. Partimos então para outro entrevistado que tivesse as mesmas qualidades. Bom, velhinho (nem tanto), querido, admirável, profissional, alegre (ho!ho!ho!), enfim, um exemplo de homem. Junto com toda a equipe começamos a pensar e me lembrei de um professor que tive e que tem todas as qualidades desejadas e muito mais. Na mesma hora fomos atrás dele para pedir que nos desse a honra desta entrevista. O convite foi aceito e trazemos para você nesta edição a entrevista com o Prof. Afrânio, que foi além de meu professor e mestre foi professor de muita gente que já entrevistamos em edições passadas nesta Revista. Queremos aproveitar e desejar a todos os leitores, anunciantes e colegas um Feliz Natal, um Próspero Ano Novo e para aqueles que por ventura passam por algum problema, lembrar que tudo sempre acaba bem e se ainda não está bem, é porque ainda não acabou. Tenha calma, paciência, esperança porque neste 2002 certamente vai ficar tudo bem. Felicidades a todos são os votos da equipe Fisio&terapia. Dr. Oston de Lacerda Mendes.

Índice 4 - Agenda de Eventos 6 - Cartas 10 - Os Efeitos da Eletroestimulação Funcional em Pacientes Neurológicos. 14 - Ações Preventivas e Terapêuticas na Saúde da Mulher Através da Análise Fisioterápica das Alterações Físico-funcionais. 18 - Entrevista com o Prof. Afrânio. 21 - Avaliação Fisioterápica em Academias: Parceria de Resultados 22 - Abordagem Fisioterápica em Puérperas Adolescentes. 24 - Padrões de Movimentos Fetais: Definição e Aplicações Clínicas. 28 - A Contribuição da Cinesioterapia para a Prevenção das Lesões Decorrentes dos Exercícios Físicos. 30 - Reiki.

Expediente Diretor e Editor Dr. Oston de Lacerda Mendes Diretora Comercial Luciene Lopes Assistente de Redação Diogo Santos Gerente de Produção Márcio Amaral Jornalista e-Responsável Rafael Vieira Rodrigues RJ 22726 JP (Kedi Meléca) Assessoria em Informática Júlio César Pereira Assessoria Jurídica Dr. Walter Lambert de Brito Assessoria Contábil Antônio Carlos Programação Visual e Web Desing Uq programação visual Fale com a Redação: Comentários, sugestões, dicas, escreva para Revista Fisio&terapia. R. José Linhares, 134 - Leblon - RJ Cep: 22430-220 Como Assinar: A Revista Fisio&terapia é uma publicação bimestral e somente é vendida por assinatura. As assinaturas podem ser feitas pelos telefones ou pelo Site onde você pode imprimir seu boleto bancário. Telefones: (21) 2249-8190 / 2249-8191 (21) 2294-9385 / 0800 704 1494 www.fisioon.com.br revista@fisioon.com.br A Revista Fisio&terapia não se responsabiliza por cartas e artigos assinados.


Agenda DESC DATA CURSO CIDADE UF. TELEFONES DEZEMBRO 15 e 16 Anatomia Aplicada à Semiologia da Coluna Vertebral Rio de Janeiro RJ (21) 3473-9844 / 2577-1826 / 9866-5915 16 a 21 Curso de Osteopatia (1ª Turma) Fortaleza CE (85) 246-0504 / 99973-6908 2002 JANEIRO 20% Em Janeiro Shiatsu e Acupuntura Rio de Janeiro RJ (21) 2257-3065 Em Janeiro Formação Profissional Shiatsu / Acupuntura Nova Friburgo RJ (24) 2523-8863 / 9817-6441 Em Janeiro I Intercâmbio de Fisioterapia Rio-Salvador Salvador BA (21) 577-1826 / 3473-9844 / 9998-2705 18 Curso Intensivo de Auriculoterapia Tradicional Chinesa Curitiba PR (41) 225-6670 8% 18 a 20 Fisio. em Estética Corporal e Eletroterapia em Estética São Paulo SP (11) 3079-0925 / 3168-2592 30% 21 a 31 XVIII Curso Nacional de Fisioterapia Respiratória Rio de Janeiro RJ (21) 2516-8911 / 9962-1736 / 9163-6434 28 a 09 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 28 a 31 Curso de Formação Exclusiva em Podoposturologia Londrina PR (43) 324-9000 FEVEREIRO Em Fevereiro Curso Int. Maitland - Coluna Lombar e MMII São Paulo SP (43) 325-7656, 336-1107 / 0800-43-7008 Em Fevereiro Formação Profissional Shiatsu / Acupuntura Nova Friburgo RJ (24) 2523-8863 / 9817-6441 01 a 03 Disfunções Craniomandibulares e da ATM e dor Orofacial Londrina PR (43) 324-9000 15 Intensivo de Auriculoterapia Tradicional Chinesa Curitiba PR (41) 225-6670 15 a 17 Fisioterapia em Uroginecologia e Dores Pélvicas Londrina PR (43) 324-9000 22 a 24 Formação pelo Método de Readaptação Postural Londrina PR (43) 324-9000 MARÇO Em Março Terapia Manual - Mulligan - Kim Robinson e Toby Hall Niterói RJ (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Março Método Mulligan - Kim Robinson e Toby Hall - Austrália São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Março Mobilização Neural - Kim Robinson e Toby Hall - Austrália Niterói RJ (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Março Mobilização Neural - Kim Robinson e Toby Hall - Austrália São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Março Movimento Combinado - Algias da Coluna São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Março Formação Profissional Shiatsu / Acupuntura Nova Friburgo RJ (24) 2523-8863 / 9817-6441 01 a 03 Curso de Formação em Shiatsu para Fisioterapeutas Curitiba PR (41) 225-6670 02 Acupuntura e Fitoterapia Tradicional Chinesa Curitiba PR (41) 225-6670 02 Pós-G. Especialização Traumato-ortopedia Funcional Rio de Janeiro RJ (21) 2672-7790 02 Pós-G. Especialização Biomecânica e Anatomia Humana Rio de Janeiro RJ (21) 2672-7790 04 a 15 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 04 a 28 Curso de Ergonomia Curitiba PR (41) 225-6670 08 Especialização Profissional em Fisio. Dermato-Funcional Curitiba PR (41) 225-6670 09 Especialização Profissional em Fisio. Traumato-Ortopédica Curitiba PR (41) 225-6670 09 Especialização em Fisioterapia do Trabalho Curitiba PR (41) 225-6670 09 Curso de Biomecânica Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 15 Curso Intensivo de Auriculoterapia Tradicional Chinesa Curitiba PR (41) 225-6670 16 Curso de Formação Profissional em Shiatsu Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 16 Especialização Profissionalizante em Acupuntura Curitiba PR (41) 225-6670 16 Semiologia do Sistema Cardiorespiratório Niterói RJ (21) 2610-2626 R. 239 / 245 18 a 21 Curso Internacional de Reeducação do Ap. Vestibular Londrina PR (43) 324-9000 21 a 26 3º Seminário - As Cadeias Musculares e as Cavidades Belo Horizonte MG (31) 3226-4836 / 9958-4479 22 RMA – Reprogramação Músculo Articular (Esparadrapo) Curitiba PR (41) 225-6670 23 Pós-G. em Acupuntura e Eletroacupuntura Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 23 Avaliação, TTO e Prevenção de Distúrbios da Coluna V. Curitiba PR 0800 643-3808 29 a 31 Iso Stretching Rio de Janeiro RJ (19) 422-1066 30 Vivência em Shiatsu para Fisioterapeuta Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 5% 31 Método Mulligan Vitória ES (27) 3225-7233 ABRIL Em Abril Curso Internacional de Hidroterapia: Método Bad Ragaz São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Hidroterapia: Método Bad Ragaz Rio de Janeiro RJ (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Hidroterapia: Nas Algias São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Hidroterapia: Método Halliwick Rio de Janeiro RJ (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Hidroterapia: Método Halliwick São Paulo SP (43) 325-7656 / 336-1107 / 0800-43-7008 Em Abril Curso Internacional de Fisioterapia USA (43) 324-9500 01 a 04 Fisioterapia Desportiva Internacional - Teórico e Prático Londrina PR (43) 324-9000 05 a 07 Drenagem linfática Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 06 a 08 Internacional de Hidroterapia Bad Ragaz E Halliwick In RioRio de Janeiro RJ (21) 2287-8413 / 2522-8841 / 9647-3463 19 a 21 Bola Suíça Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 22 a 04 RPG - Philippe Souchard São Paulo SP (11) 240-9605 / 240-0675 26 a 28 Técnicas de Terapias Manuais Nova Friburgo RJ (22) 2523-8863 / 9836-7331 Veja a continuação da Agenda de Eventos da Revista Fisio&terapia no site www.fisioon.com.br



Cartas Ergonomia na Fisioterapia: que começa a se manifestar nesse sistema Benefícios para o trabalhador, lucro para músculo esquelético, provando-se, poras empresas. tanto, que alguma atividade repetitiva causa doenças. A primeira vez que se falou em Ergono- O fisioterapeuta do trabalho atua junto mia foi nos idos de 1.700 na Polônia. De às empresas implementando determilá pra cá, ela veio evoluindo como uma nadas atividades e identificando na ciência que estuda o relacionamento do atividade de cada funcionário o que homem com seu ambiente de trabalho. deve ser modificado. A Ergonomia Todos os fatores relacionados nessa área Preventiva passa conhecimentos para sejam eles físicos ou até cognitivos, são o bom posicionamento do corpo no objetos de estudo da Ergonomia. A Fi- posto do trabalho e, principalmente, o sioterapia do Trabalho nada mais é que bom posicionamento e utilização dos o casamento perfeito entre a Fisioterapia equipamentos (altura, ângulo, etc). e a Ergonomia. Aos interessados em saber mais sobre o O homem passa dois terços de sua vida assunto, o curso “Ergonomia Para no ambiente de trabalho e, às vezes, Fisioterapeutas”, é ministrado pelo ainda leva tarefas para serem executadas Dr. José Henrique Alves. Direcionado em casa. São vários os problemas que aos fisioterapeutas e acadêmicos a partir podem surgir em decorrência dos fatores do sexto período, e maiores informações estressantes e dos esforços repetitivos. podem ser obtidas pelo telefone Os afastamentos do trabalho estão 0800 282 4252. relacionados diretamente em sua maioria - cerca de 90% - com a questão da postura e dos demais agentes agressores do próprio ambiente de trabalho e desse universo, 70% do sexo feminino, devido a dupla jornada. Sobre o assunto, o Conselho Regional Caro Dr. Oston. de Administração do Rio de Janeiro publicou matéria em seu jornal de Gostaria de parabenizar a edição referensetembro de 1990, destacando que a te ao dia do fisioterapeuta e as qualidade de vida na empresa é um dos alterações realizadas no site. principais fatores responsáveis pela gera- Como assinante da Revista Fisio&terapia, ção de lucros. Algumas grandes empresas eu gostaria que a mesma contivesse uma declaram que chegaram a conclusão determinada quantidade de matérias que havia um retorno de quatro dólares políticas, pois ao fisioterapeuta não para o investimento de cada dólar em cabe apenas ter o conhecimento científico da Fisioterapia, mas sim de vários prevenção e em qualidade de vida. No final de 1998 as Lesões por Esforços fatores que influenciam na qualidade da Repetitivos (LER) mudaram de nome: formação do profissional. Cito alguns agora são chamadas de Distúrbios Oste- assuntos de extrema importância para a omusculares Relacionados ao Trabalho Fisioterapia que eu gostaria que fossem (DORT). A postura e a manutenção de abordados na Revista: contração de determinados grupos mus- - Diagnóstico Cinesiológico Funcional. culares que não aparentam movimento, - Fisioterapeuta como profissional de mas que gastam energia, é a grande primeiro contato. chave para esses problemas, permitindo - Fisioterapia baseada em evidências. então dizer que não se trata de um es- - Participação do fisioterapeuta em forço repetitivo, e sim de um distúrbio políticas de Saúde (inclusive PSF).

- Informações a respeito de Associações, Sindicatos, sistema COFFITO/ CREFITOS e cooperativas. - História da Fisioterapia. - Autonomia profissional. - A questão referente ao emprego errôneo da palavra “reabilitação” em alguns casos. - Importância da participação política dos acadêmicos. Abraços e espero sua resposta. Dra. Alini Ploszaj CREFITO-8/2079 FPF Curitiba - Paraná. Querida colega Dra. Aline, antes de mais nada, agradeço à você e a todos os outros que escreveram pela participação. A você tenho um agradecimento especial pela a assídua participação no Fórum de Debates, sempre esclarecendo e defendendo nossa profissão em todos os aspectos. É uma alegria muito grande saber que existem colegas como você e que juntos podemos fazer muito pela Fisioterapia. Sobre a importância dos assuntos citados, isso é inegável e sempre que posso escrevo um pouco, mas preciso que outros profissionais também dêem suas sugestões, por isso fica aqui o convite para que você escreva aos leitores da Revista Fisio&terapia. O mesmo convite foi feito ao também assíduo participante do Fórum, Dr. Rivaldo Novaes, que certamente vai abordar alguns dos temas por você sugerido. Por fim, por que não o convite a todos que estão neste momento lendo esta edição e queiram escrever sobre estes e outros assuntos? A Revista está de portas abertas para todas as opiniões de todos os colegas para que juntos façamos uma Fisioterapia cada vez mais maravilhosa. Dr. Oston de Lacerda Mendes


Parabéns. Gostaria de parabenizar a Revista Fisio&terapia, pela matéria com a Dra. Solange Canavarro, estava excelente! Quero aproveitar também para dizer que compartilho da opinião de Viviane Patriota (Sessão Cartas da edição passada) a respeito da passividade de nossa classe com relação à prescrição de tratamento Fisioterápico por médicos, principalmente Ortopedistas e Reumatologistas. Se prescrevermos uma medicação não estaremos incorrendo em prática ilegal da profissão? E eles? Aqui em Natal/RN essa situação ocorre com freqüência absurda, já tendo sido presenciada inclusive, pelos delegados do CREFITO, que lutam para mudar esta situação. A prescrição dos tratamentos pelos médicos e a aplicação dos recursos por “técnicos em fisioterapia” se tornou um “lugar comum” por aqui. Temos que tomar providências urgentes a esse respeito. Nossa profissão não pode ser desvalorizada desta forma. Respeito já! Drª. Adriana Conde Bitarelo. Fisioterapeuta - Natal/RN


Cartas Abenfisio Os docentes internautas e a lista “Docentes-ABENFISIO”. Após o IV Encontro Nacional de Docentes em Fisioterapia de abril do corrente ano, em Santos/SP, com a eleição da primeira diretoria da Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia - ABENFISIO, viu-se a necessidade prática de dar visibilidade à mesma, a fim de atrair o docente para a construção de sua associação de ensino. Montar a ABENFISIO em cada estado brasileiro, criar núcleos abertos de base em cada Instituição de Ensino Superior - IES, filiar os docentes interessados em associar-se à causa e concentrar um endereço ágil de contato com os professores fisioterapeutas, na forma de um cadastro nacional, eram as tarefas primeiras de mobilização para tornar a associação não apenas uma vontade, mas uma realidade. A Internet é uma mídia indispensável ao exercício da docência e da pesquisa; incentivadas pelos órgãos governamentais de fomento à informatização + informação, as Universidades disponibilizam aos seus docentes os recursos de acesso à rede mundial. Ora, as tarefas de uma entidade de ensino poderiam ser facilitadas usando-se da comunicação via Internet - que tal agrupar os docentes em Fisioterapia num grupo de discussão online? Essa idéia foi debatida com a presidente eleita, Dra. Clarice Baldotto, que encarregou a Diretoria de providenciar a formação de uma lista de docentes e de atualizar o site na Internet da ABENFISIO. Com a providencial ajuda técnica do webmaster do site “Fisioterapia do George”, Dr. George Kieling, e da experiência de internautas com passagem pela histórica União dos Acadêmicos de Fisioterapia do Brasil - UAFB (com destaque para Fabiano Bartmann, Ricardo Aguiar, Alini Ploszaj e Otávio Aguiar), criou-se a lista “Docentes-ABENFISIO” na rede de sites da web do Yahoo!, em funcionamento desde o dia 27/04/2001. É uma lista pública, sem filtro nas mensagens enviadas pelos participantes:

uma vez inscrito na lista, sua mensagem será automaticamente enviada a todos os demais. Dentro do tema “Ensino em Fisioterapia” e de suas diversas interfaces, a discussão está livre à criatividade cordata do internauta. Um breve apanhado dos últimos temas em discussão: diretrizes curriculares, padrões mínimos de qualidade, acupuntura, quiropraxia/osteopatia, cursos seqüenciais, Fisioterapia e ciência, práticas alternativas, especialização profissional, qualificação da Educação e muitos outros. Os fundamentos da ética e da sensatez dos debatedores proporcionaram até agora uma variedade de debates fundamentados, por vezes polêmicos, sempre num ambiente democrático e de respeito recíproco. Novos colegas têm se somado e solicitado sua inscrição na lista, enquanto organizam-se atualmente os Encontros Estaduais da ABENFISIO, cujo primeiro foi o realizado na Universidade Metodista, em São Bernardo do Campo, na liderança do então delegado de SP, Dr. Vinícius Gava, seguido do da Paraíba, sob iniciativa da então delegada da PB, Dra. Kátia Ribeiro. O grupo de discussão “Docentes-ABENFISIO” é também uma lista aberta aos interessados que não sejam docentes no Brasil e fisioterapeutas que atualmente não estão na vida acadêmica. A lista possibilitou, inclusive, que profissionais brasileiros radicados no exterior trouxessem suas experiências e informações atualizadas dos EUA, como no caso do Dr. Carlos Ladeira, há mais de 10 anos morando e trabalhando lá. Junto com a Dra. Denise Ricieri (a grande responsável pela entidade dos docentes em Fisioterapia), o Dr. Rogério de Paula, o Dr. Marcelo Gonçalves, e muitos outros, ornamentam com conteúdo o projeto de integração docente. É comum o fisionauta deparar-se, em fóruns e listas de Fisioterapia na NET, com estudantes querendo consultas online sobre temas para seus trabalhos escolares ou dúvidas de estágio. Na lista de docentes, a postura dos acadêmicos está sendo outra: estão sabiamente deleitando-se com a leitura das mensagens dos professores e trazendo informações, depoimentos e opiniões úteis e relevantes para a edificação de

uma entidade nacional como a ABENFISIO. Conscientes e politizados, põem-se em condições de atingir o caminho da docência no futuro, assim como o da cidadania militante e participativa. Para fazer parte da lista “Docentes-ABENFISIO”, é necessário assiná-la, enviando um e-mail para o seguinte endereço: Docentes-ABENFISIO subscribe@yahoogrupos.com.br Confirmada a inscrição (haverá uma resposta de boas vindas ao grupo), chegarão em sua caixa postal eletrônica as discussões da lista de docentes e o sua mensagem será enviada para: docenteABENFISIO@yahoogrupos. com.br doravante, este será o endereço permanente de envio de comunicações ao grupo. Para contatos diversos com o moderador, envie mensagem para:DocentesABENFISIO-owner@yahoogrupos.com. br O moderador aguarda que de norte a sul, de leste a oeste, o colega professor se aliste nas fileiras da associação de ensino, juntando-se ao já vitorioso projeto da ABENFISIO, graças também ao apoio de diversos dirigentes: do Sistema COFFITO/CREFITOs, da Comissão de Especialistas em Fisioterapia, de IES de vários Estados e de várias outras entidades profissionais e de área. É possível construir um campo único de aglutinação dos professores e de sua diversidade de opiniões, objetivando a melhoria do ensino em Fisioterapia e a ampliação da sua representatividade nos órgãos educacionais do país. Um feliz natal e um próspero ano novo para todos! Dr. Rivaldo Novaes CREFITO-3/7674-F Moderador da lista “Docentes-ABENFISIO” e Vice-presidente da ABENFISIO Nacional.



Os Efeitos da Eletroestimulação Por: Larissa Di Oliveira Meire I. Ribeiro Soares

Introdução A utilização da Eletroestimulação Funcional (FES) em pacientes neurológicos, por tratar-se de um recurso pouco utilizado e de publicações escassas, tem gerado polêmicas e também um grande número de não-simpatizantes da técnica. Assim, com base em pesquisa bibliográfica de artigos publicados a partir de 1950 e em um estudo de caso, procurou-se verificar na prática os efeitos da FES no controle da espasticidade no paciente hemiplégico bem como conhecer a ação fisiológica e os efeitos da eletroestimulação na fibra muscular com alteração central do controle motor. Ato motor: Segundo Sherrington, citado por Doretto (1996. p. 18), o neurônio motor periférico, ou motoneurônio, é a “via final comum de todos os impulsos que alcançam o músculo estriado”. É o neurônio cujo corpo celular situa-se na coluna cinzenta anterior da medula e nas formações homólogas do tronco encefálico, e seus axônios deixam a medula na raiz anterior, até alcançarem o músculo estriado. Caracteriza-se pela “multiplicidade de incitações que recebe e pela unidade de execução”. O conjunto de um neurônio motor periférico e as fibras musculares por ele inervadas constituem a unidade motora. Na massa do músculo esquelético encontram-se receptores denominados fusos musculares (Fig. 1). Cada um desses fusos é envolto por uma cápsula fibrosa - as fibras musculares extrafusais (FEF) -, e no seu interior têm-se as fibras musculares intrafusais (FIF). Estas fibras possuem uma parte contrátil (as regiões polares) e uma parte não-contrátil (porção medial). As fibras musculares intrafusais (FIFs) podem ser de dois tipos: de aglomerado

nuclear, com vários núcleos em sua região central, e se constituem de fibras longas e em menor número; e de cadeia nuclear, com disposição linear, de fibras menores e em maior número.

racterística no paciente hemiplégico por Ataque Vascular Encefálico (AVE). Um dos aspectos importantes da Síndrome de Liberação é a hipertonia, também conhecida como espasticidade, resultado da desativação dos motoneurônios “flexores“ que, ao liberarem os motoneurônios “extensores”, provocam o aumento do tônus da musculatura extensora. Vale lembrar, pelo seu aspecto filogenético, o aumento do tônus da musculatura “flexora” nos membros superiores do homem é resultado da postura bípede assumida com a evolução da espécie. No paciente hemiplégico por lesão do motoneurônio superior, além da alteração do tônus muscular (flacidez ou espasticidade), têm-se a perda da seletividade do movimento (incapacidade, por exemplo, de flexionar o quadril e estender o joelho simultaneamente durante a fase de impulsão da marcha), alterações sensoriais, reações ou movimentos associados, ou seja, “atividades automáticas que fixam ou alteram a postura de uma parte ou várias partes quando alguma outra parte do corpo é posta em ação por esforço voluntário ou estimulação reflexa” (Davies, 1996, p. 43) e surgimento de padrões primitivos e distúrbios psicológicos, como depressão e ansiedade.

Para o ato motor, o potencial de ação é deflagrado pelo aumento de tensão, na região equatorial não-contrátil, provocado pelo estiramento da fibra intrafusal. Tal estiramento pode ser provocado por contração ativa das porções distais contráteis das FIFs ou por estiramento passivo do músculo, em que o estímulo passa inicialmente pelo Sistema Nervoso Central (SNC). As fibras extrafusais, o órgão tendíneo de Golgi e as células de Renshaw são receptores cinestésicos proprioceptivos que informam ao SNC sobre o estado de relaxamento/contração muscular, constituindo um mecanismo de proteção do músculo. Ao captar contrações ativas e estiramentos passivos excessivos, esses receptores transmitem o impulso até a coluna anterior da medula, onde se realiza a sinapse inibitória para o neurônio em excesso e se restabelece o equilíbrio relaxamento/contração muscular. Qualquer alteração no Sistema Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico trará comprometimento no controle do ato motor, como déficits sensoriais e motores. Uma dessas fisiopatogenias é FES a chamada Síndrome de Liberação, ca- A Eletroestimulação Funcional (FES) é o processo de criação de potenciais de ação em células estimuláveis através de impulsos elétricos, que, segundo Sobrinho, (1992, p. 69) “resultam em contração muscular capaz de produzir movimentos fun-


Funcional em Pacientes Neurológicos cionalmente úteis”. O pulso elétrico da FES é composto por ondas bifásicas assimétricas de baixa freqüência com pulso retangular (Fig. 2). Este tipo de onda possibilita um fluxo igual de corrente em ambas as direções dos eletrodos, minimizando a ionização da pele e produzindo um efeito de estimulação eficaz. Assim, a corrente não tem direção e tenta aproximar-se do fisiológico. Fig. 2: Gráfico da corrente bifásica assimétrica

Segundo ainda Sobrinho (1992, p. 69), a “FES permite uma entrada seletiva repetitiva aferente até o Sistema Nervoso Central e ativa não só a musculatura local como também os mecanismos reflexos necessários para a reorganização da atividade motora e movimentos que estão prejudicados devido à lesão dos neurônios motores superiores”. Além

disso, a FES também permite a inibição da musculatura antagonista e modula o desempenho funcional, em que a condição principal para sua indicação é a integridade da fibra muscular e do neurônio motor periférico. Para Vodovnik (1981), existe um “fenômeno de memória” a nível medular incorporado aos efeitos terapêuticos, que pode se dar na junção neuromuscular”. Nos neurônios espinhais, ocorre um fenômeno denominado potenciação pós-tetânica, em que impulsos repetidos aumentam o potencial sináptico durante a aplicação da FES, e a resposta a estímulos únicos se torna mais eficaz que antes. Desta forma a potenciação sináptica impede um efeito nervoso central imediato e o efeito central seria como um reaprendizado motor. Vodovnik (1981) considera que a ativação repetitiva da membrana axônica présináptica aumenta o potencial de repouso e a amplitude do potencial de ação que leva a uma liberação maior de substâncias neurotransmissoras na fenda sináptica. Assim, a aplicação da FES em indivíduo normal não resulta em nenhum benefício e em indivíduo lesado não promove aumento da espasticidade, pela sua inespecificidade, ou seja, pela

sua ação generalizada, uma vez que o pulso elétrico não é específico para um determinado tipo de tecido, dado que o corpo humano tem a própria “balança do equilíbrio” entre a excitação e a inibição (Fig. 3). Desta forma, com um aumento do potencial da fibra deprimida de forma inespecífica até a obtenção do equilíbrio com a fibra hiperexcitada, atingem-se os diversos mecanismos de proteção do Sistema Nervoso, como as células de Reshaww. De outro modo, a FES leva a um aumento generalizado dos potenciais elétricos

Figura 3: “Balança do Equilíbrio”. Fonte: Vodovnik, 1984.


até chegar ao equilíbrio dos pulsos excitatórios e inibitórios, estimulando os motoneurônios desativados, enquanto o paciente tem a oportunidade de experimentar conscientemente o “movimento normal” e, com a repetição, reaprender o movimento. Assim, modula-se o tônus muscular, evitam-se as perdas neurais e musculares pelo desuso (atrofia muscular), melhora-se a auto-estima do paciente, propicia-se a facilitação muscular, mantém-se a amplitude articular e, conseqüentemente, impedem-se contraturas. A FES, no entanto, é contra-indicada para aplicação sobre seios carotídeos e para pacientes com distúrbios do neurônio motor periférico. Além disso, alguns fatores interferem na eficácia da terapia, como: obesidade do paciente, aceitação e colaboração com o tratamento proposto; segurança do terapeuta para ajustar os parâmetros da corrente; posicionar o paciente e apresentar-lhe o aparelho e seus benefícios; e tempo de lesão, entre outros fatores, que impedem a realização do movimento, como fratura recente, osteoporose difusa, luxação articular e contraturas. Considerações finais Vodovnik (1981) considera eficiente o uso da FES no controle da espasticidade, desde que associado a cinesioterapia funcional, e não utilizado isoladamente, realizando-se a contração do músculo em questão o mais ativamente possível, concomitante à emissão do pulso elétrico. Sugere-se concentrar-se inicialmente no tronco, preparando o paciente para posterior aplicação da FES em articulações mais distais, já que a evolução do desenvolvimento motor se dá de regiões proximais para distais. Parte-se, então, para ganho de movimentos seletivos através da reeducação funcional e controle de tônus em um músculo único ou, dependendo do caso, em vários músculos que formam uma mesma cadeia muscular; com atenção sempre ao posicionamento do paciente durante as aplicações. O paciente relata nas primeiras aplicações sentir-se mais leve, demonstrando o rápido efeito da FES. O que se pode questionar é o tempo de permanência

deste efeito, pois foi observado o retorno ao quadro físico inicial em aplicações por poucas semanas (no caso, foram vinte aplicações). As vantagens da FES podem ser melhor avaliadas em aplicações diárias por um longo período para reeducação motora e redução do tempo de tratamento fisioterápico. Deve-se observar também que, indiretamente, a aplicação da FES favorece a manutenção do trofismo muscular e previne deformidades articulares, além de causar efeito psicológico positivo ao paciente. Enfim, pode-se considerar que os resultados do tratamento serão melhores se o mesmo for prolongado e iniciado o mais precocemente possível. No entanto, ressalta-se a dificuldade em dosificar os ganhos diante de uma avaliação subjetiva e empírica com a que se dispõe diariamente, como prova de função muscular, inspeção, perimetria muscular e goniometria. O ideal seriam o uso de um dinamômetro para avaliar a força muscular e o acompanhamento diário de Eletroneuromiografia (ENMG), segundo Vodovnik (1981), para mensurar as variações do potencial elétrico na fenda sináptica. Não se pode deixar de registrar ainda que, apesar de se verificar uma maior preocupação atual no Brasil sobre este tema, há, contudo, uma escassez de publicações nacionais. Vale ressaltar, o banco de dados específicos ao tema compõe-se basicamente de publicações em periódicos internacionais. Por fim, embora se reconheça que o paciente hemiplégico nunca possa obter total reabilitação funcional, cabe ao terapeuta, no entanto, aproximá-la. Dessa forma, deve-se lançar mão de todos os recursos possíveis para melhorar a qualidade de vida do indivíduo. E a FES não teria espaço nesse âmbito? Para isso é condição essencial que mais investigações se realizem nessa área e que seus resultados sejam conhecidos dos profissionais que a ela se dedicam. Referências DAVIES, Patrícia M. Passos a seguir: um manual para o tratamento da hemiplegia no adulto. São Paulo: Manole, 1996. DORETTO, Dario. Fisiopatologia clínica do Sistema Nervoso: fundamentos da semiolo-

gia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1998. LIANZA, Sérgio. Estimulação Elétrica Funcional (FES) e reabilitação. São Paulo: Atheneu, 1993. SALGADO, Afonso Shiguemi Inove. Eletrofisioterapia: manual clínico. Londrina: Midiograf, 1999. SOBRINHO, José Brenha. Hemiplegia reabilitação. Rio de Janeiro: Livraria Atheneu, 1992. 1 v. Revistas periódicas DIAS, Rafaela Araújo et alli. O uso da estimulação elétrica funcional no membro superior do paciente hemiplégico. Fisioterapia em Movimento. Santa Maria, 10(1):67-78, abr./set. 1997. LEVINE, Milton G. et alli. Relaxation of spasticity by electrical stimulation of antagonist muscles. Archives of Physical Medicine. Vallejo, 668-673, nov. 1952. LIBERSON, W. T. et alli. Functional Electrotherapy: Stimulation of the Peroneal Nerve Synchronized with the Swing Phase of the Gait of Hemiplegic Patients. Archives of Physical Medicine Rehabilitation. Hines, 101-105, feb. 1961. VODOVNIK, L. Effects of electrical stimulation on spinal spasticity. Scand J. Rehab Med, California, 16:29-34, 1984. Therapeutic functional electrical stimulation of extremeties. Medical & Biological Engineering Computing. Ljubljana, 19(1): 470-478, jul. 1981. Larissa Di Oliveira Fisioterapeuta graduada pela Universidade Estadual de Goiás – UEG/ESEFFEGO, cursando Especialização em Docência Universitária pela Universidade Católica de Goiás; é professora da Universidade Paulista (UNIP) – Campus Goiânia. Meire I. Ribeiro Soares Fisioterapeuta e doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade Extremadura da Espanha, é especialista em Neurologia pela Universidade Federal de Brasília (UNB), Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Universidade Paulista (UNIP) – Campus Goiânia e professora da Universidade Estadual de Goiás – UEG/ ESEFFEGO.



Ações Preventivas e Terapêuticas na

Saúde da Mulher Através da Análise Fisioterápica das Alterações Físico-funcionais.

Resumo Este trabalho teve como objetivo, propor um conjunto de intervenções preventivas a serem desenvolvidas nos grupos que atendem à saúde da mulher, realizado através do apoio de profissionais e acadêmicos na intenção de intervir nas alterações de ordem físico-funcional. A metodologia usada nesta investigação é pertinente a uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, analisando e comparando a relação entre a prática fisioterápica preventiva e as alterações músculoesqueléticas encontradas. Verificou-se que o programa proposto através de ações preventivas e terapêuticas, baseadas em revisões bibliográficas e vivenciadas foi eficiente, pois foi possível verificar a diminuição considerável das alterações músculo-esqueléticas que eram responsáveis pelos quadros álgicos apresentados pelas pacientes, proporcionando-lhes assim, uma melhor qualidade de vida.

TERAPIA, promovem ao paciente uma questão central que é desenvolver a habilidade de autoconhecimento e autoconfiança.

rão um gasto energético benéfico nessa fase, contribuindo para a liberação das tensões e estados de insegurança através da aquisição de novos valores.

O Curso de Fisioterapia, para tanto, tem em sua essência a intenção de buscar o melhoramento substancial do indivíduo e para isso desenvolve através de projetos de ação preventiva, intervenções em grupos de gestantes, idosas e mastectomizadas, para lhes proporcionar atuações fisioterápicas que se adaptam às suas reais dificuldades do dia-a-dia. Segundo Artal (1997), a gravidez é caracterizada por uma variedade de alterações anatômicas e fisiológicas normais e devido a isso, têm-se estudado por muitos anos padrões ideais de exercícios para as gestantes, beneficiando-as durante a gestação, no parto e no pós-parto. Na atualidade, a prevenção de todas as alterações músculo-esqueléticas deve ser praticada durante toda a gestação, a partir do segundo trimestre, durante e após o parto, buscando sempre a integridade física da mulher e tendo como objetivo principal relacionar as modificações fisiológicas do aparelho locomotor, a circulação e a respiração que ocorrem durante este período e principalmente os resultados significativos da preparação para o parto e reabilitação abdominal e perineal específica no pós-parto.

Raubach (1990) relatou que em muitas cidades onde estão funcionando grupos organizados de idosos com programas que incluem diferentes atividades sociais, culturais e esportivas, tem sido observado que a atividade física e os programas de reabilitação são excelentes caminhos para que as pessoas se libertem de preconceitos, percam complexos e redescubram a alegria e a espontaneidade, reintegrando-se à sociedade.

Introdução Em decorrência do avanço das Ciências da Saúde, principalmente nos últimos anos que vêm proporcionando conquistas particularmente no que se refere ao aprimoramento da melhor qualidade de vida, o ser humano muito tem se beneficiado através das ações preventivas que lhe favorecem com bons prognósticos dentro de algumas patologias, bem como na possibilidade de uma maior expectativa frente aos aspectos de longevidade Além da atividade física da gestante, nos corporal. deparamos com outros aspectos sociais, os quais envolvem as pessoas idosas, Nós nos caracterizamos enquanto profis- principalmente as de classes desfavoresionais, na medida em que delimitamos cidas: em filas imensas de ambulatórios, os nossos objetivos; também nos carac- hospitais, postos de saúde, só conseguem terizam os nossos desafios, na medida em acumular sentimentos desagradáveis, que os enfrentamos e “reinventamos” a que se transformam nos mais variados própria formação científica. “sintomas físicos”. Para tanto, ações preHoje fazemos parte de uma gama de ventivas que estimulem os idosos através profissionais da saúde que, através da de atividades reabilitadoras proporciona-

Também são foco de atenção, as mulheres acometidas por câncer de mama, que submetidas à cirurgia e tratamentos radioterápicos e quimioterápicos, necessitam de um acompanhamento fisioterápico devido às várias seqüelas como retrações e aderências cicatriciais, dor e perda funcional do membro homolateral à cirurgia, linfedemas, etc. Hoje, a atuação da fisioterapia torna-se primordial na prevenção, orientação e tratamento destas seqüelas. Camargo (2000) refere-se ao câncer de mama como uma das patologias que mais alterações provocam na vida das pessoas, especialmente na das mulheres: alterações provocadas em razão do estigma do câncer, a mastectomia, o ser mutilado, o medo, a sexualidade, a estética, as atividades da vida diária, dor e sofrimento. Conceitos de prevenção estão relacionados à qualidade de vida, definidos como uma combinação de satisfação pessoal, status emocional, econômico, saúde geral, conhecimento, comparação com os outros, desenvolvimento de habi-



lidades e auto-estima. Uma intervenção precoce minimiza seqüelas do tratamento e propicia uma melhor qualidade de vida ao indivíduo (Vitta, 1999). Objetivo Propor um conjunto de intervenções preventivas a serem desenvolvidas nos grupos que atendem à saúde da mulher, através do apoio de profissionais e acadêmicos, na intenção de intervir nas alterações de ordem físico-funcional. Metodologia A metodologia usada nesta investigação quanto aos objetivos ou fins é pertinente a uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo, analisando e comparando a relação entre a prática fisioterápica preventiva e as alterações músculoesqueléticas aqui encontradas. Através do levantamento bibliográfico de alguns autores, tais como Downie, (1983), Sullivan (1993) e Gross (2000) foram criados formulários de avaliação fisioterápico direcionados a cada grupo que compõem este trabalho preventivo, onde foram analisadas a postura de forma geral (avaliações dos desvios compensatórios das curvas da coluna vertebral, utilizando-se, para isso, posturógrafo, balança de precisão e espelho para comparação de áreas simétricas e/ou assimétricas), a utilização do estetoscópio e esfignomanômetro para a aferição da pressão arterial antes, durante e depois do exercício, a presença de edema linfático (realizando medidas perimétricas em membros superiores e inferiores, utilizando-se a fita métrica, observação de sinal de cacifo e sinal de godet, no caso das pacientes mastectomizadas) e alterações músculo-tendíneas (através de testes de força e função muscular, bem como da utilização de medidas goniométricas, na intenção de se verificar as amplitudes articulares). Estas avaliações foram realizadas pelos acadêmicos, com a supervisão direta da coordenadora da área em questão. As atividades em grupo foram elaboradas e desenvolvidas por todos os integrantes com o auxílio do professor e com embasamento teórico necessário a cada situação do público alvo: gestantes, idosas e mastectomizadas.

A população desta amostra foi constituída de forma intencional por indivíduos da comunidade de Santa Cruz do Sul, do sexo feminino, sendo gestantes em período gestacional superior a 12 (doze) semanas (liberadas pelos seus médicos obstetras), idosas com idade superior a 50 anos, não pertencentes a grupos de terceira idade nesta cidade, e mulheres mastectomizadas. As pacientes foram direcionadas para 3 (três) grupos distintos à saber: grupo de gestantes, através de um convênio entre UNISC e SESC, realizado nas dependências desta última instituição, grupo de idosas e grupo de mastectomizadas, ambos na Clínica de Fisioterapia da UNISC. Resultados e discussão O grupo de gestantes, constituído por dez mulheres com idade gestacional a partir de 12 semanas, tinham uma rotina que consistia de esclarecimentos gerais sobre cada fase gestacional, cuidados gerais que viessem a beneficiá-las e esclarecer sobre o programa de exercícios a ser desenvolvido: exercícios metabólicos – estimuladores da irrigação sangüínea e do metabolismo são efetuados com movimentos enérgicos de mãos, antebraços, assim como dos pés e pernas; exercícios respiratórios – promovendo uma melhor oxigenação prezando a expansibilidade torácica; exercícios de flexibilidade – buscando o relaxamento da musculatura dorsal, abdominal e do assoalho pélvico que estão contraídos pela postura da gestação e exercícios de fortalecimento muscular principalmente de assoalho pélvico, abdominais, adutores e glúteos; fundamentais para o auxílio durante o trabalho de parto e importantes na prevenção de lesões músculo-esqueléticas do períneo. Cabe dizer ainda, que todos os exercícios podem ser desenvolvidos em posição sentada, deitada, em pé ou caminhando. As queixas que foram verificadas durante a avaliação, como: dorsalgias, lombalgias, ciatalgias, parestesias e edemas de mãos e membros inferiores foram desaparecendo com o decorrer do trabalho instituído; ao final foi possível verificar que já não haviam queixas de dor, que as tarefas de vida diária e os exercícios eram feitos com mais facilidade, além do desaparecimen-

to de edemas e câimbras. Deste grupo, seis parturientes evoluíram para parto natural e referiram estar tranqüilas e capazes de auxiliar durante o processo, relataram ainda que a recuperação no pós-parto foi muito boa e rápida com um controle muscular eficaz; as demais se submeteram a cesárea, duas devido à hipertensão arterial, uma por placenta prévia e outra por falta de dilatação, mas mesmo estas referiram uma recuperação muito boa que atribuíram ao seu preparo muscular durante a gestação. Estas afirmações são possíveis devido à avaliação pós-parto a que foram submetidas. Sendo assim, é possível dizer que a intenção de promover uma melhor postura corporal durante a gestação, prevenir lesões músculo-esqueléticas, através da manutenção das amplitudes articulares e do reforço muscular, beneficiou estas mulheres antes, durante e no pós-parto; logo, o objetivo foi alcançado. Válido comentar que a reeducação pelviperineal e o reforço muscular vai beneficiar de uma forma ou outra tanto mulheres que optam pelo parto natural como aquelas que se submetem a cesárea. Dentre uma população de dezenove senhoras idosas, foram realizadas atuações preventivas fisioterápicas, tais como: exercícios respiratórios, exercícios metabólicos, alongamentos, atividades interativas e socializantes de forma geral. Através das avaliações pré-estabelecidas, foram detectadas alterações posturais como escolioses do tipo destro-convexa, em regiões da coluna torácica e lombar, cifose da coluna torácica, proeminências abdominais com anteversão do quadril e alguns casos com presença de coxa vara. Foi também constatado, através de medidas perimétricas em membros superiores e inferiores, áreas edematosas em tornozelo, joelho e cotovelo. Após 12 sessões de fisioterapia foi constatada melhora do quadro postural geral, consciência corporal mais adequada às suas atividades de vida diária e melhora do quadro respiratório global. As seis participantes do grupo das mastectomizadas apresentaram variados níveis de limitação funcional, especialmente as que se encontravam


num pós-operatório mais recente. Estas limitações incluíam: diminuição da amplitude de movimentos do membro superior homolateral à cirurgia, aderências cicatriciais, contraturas musculares na região da cintura escapular, respiração apical com conseqüente diminuição da expansibilidade torácica. Após 15 sessões de fisioterapia, as quais incluíram massoterapia na cicatriz e região cervical, cinesioterapia passiva e ativa no membro superior acometido em geral com alongamentos, observou-se que as participantes já realizavam exercícios utilizando amplitude total dos membros superiores, houve uma melhora na expansibilidade torácica e uso da respiração diafragmática; também foi observado um maior relaxamento da região cervical com diminuição do quadro álgico. Foi realizada drenagem linfática com o objetivo de prevenir linfedema, o qual não foi constatado em nenhuma das pacientes. A importância de um trabalho em grupos de atuação preventiva fisioterápica própria torna-se cada vez mais necessária, na intenção de promover a socialização destes pacientes em vista dos acometimentos bio-psico-sociais que nestes são evidenciados, onde se torna importante o trabalho multidisciplinar.

músculo-esqueléticas, que eram responsáveis pelos quadros álgicos apresentados pelas pacientes, proporcionando-lhes assim, uma melhor qualidade de vida. Portanto o ideal seria que estas pessoas, portadoras de certas limitações funcionais, tivessem a oportunidade de estarem engajados nestes tipos de atuações fisioterápicas. Autoras Dra. Ana Cristina Sudbrack(1) Dra. Claudia Maria Schuh(2) Dra. Luciana Cezimbra Weis(3)

(1) Fisioterapeuta graduada pela Faculdade de Ciências da Saúde – IPA (Porto Alegre-RS). Especialista em Fundamentos Técnico-Científicos dos Desportos. Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC-RS. (2) Fisioterapeuta graduada pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (Santa Maria – RS). Especialista em Fisiologia. Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade de Santa Cruz do Sul, UNISC-RS. (3) Fisioterapeuta graduada pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (Santa Maria – RS). Especialista em Pesquisa e Ciência do Movimento Humano. Professora do Curso de Fisioterapia da Universidade de Santa Cruz do Sul, Conclusão Assim, concluímos que o programa UNISC-RS. proposto, através de ações preventivas e terapêuticas, baseadas em revisões bi- Referências Bibliográficas bliográficas e aqui por nós vivenciadas, ARTAL, R., WISWELL, R.A. Exercícios foi eficiente, pois foi possível verificar a na gravidez. São Paulo: Manole,1999 BIZOUARD, N.F., SOUCHET, M.G. diminuição considerável das alterações

Enciclopédia Médico-Quirúrgica. Paris: Elsevier, 1995. CAMARGO, M. C., MARX, A. G. Reabilitação física no câncer de mama. São Paulo: Roca, 2000. DOWNIE, P. Fisioterapia em ortopedia e reumatologia. São Paulo: Panamericana, 1983 FARIA, L. S; LEME, L. H. S., FILHO, J. A. O. Câncer de mama, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Medsi, 1994 FENTIMAN, I. S. Diagnóstico e tratamento no câncer inicial de mama. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993 FREITAS, F. et al. Rotinas em ginecologia. 3ªed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997 GROSS, J, FETTO, J., ROSEN, E. Exame músculo-esquelético. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000 NETTO, M. P. Gerontologia: A velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 1999 PICKELS, C. et al. Fisioterapia na terceira idade. São Paulo: Santos, 1998 POLDEN, M., MANTLE, J. Fisioterapia em obstetrícia e ginecologia. São Paulo: Santos, 1993 RAUCHBACH, R. A atividade física na terceira idade. Curitiba: Lovise, 1990 SULLIVAN, S. Avaliação e tratamento. São Paulo: Manole, 1993 VITTA, A. de. Atuação preventiva em fisioterapia. Bauru: Universidade do Sagrado Coração, 1999.


Quando aluno, tive a oportunidade de ter como professor um dos Fisioterapeutas mais completos que já conheci, depois de formado e agora como Editor da Revista sempre tive o desejo de mostrar aos meus colegas que não tiveram a mesma oportunidade, um pouco deste amigo. Então nas próximas linhas vocês verão professor e ex-aluno se reencontrando num bate-papo descontraído, no qual, dessa vez, o mestre é sabatinado, agora, por um colega de profissão. O professor Afrânio contou sua trajetória de vida, que por vezes se converge na própria história da Fisioterapia. Dr. Oston de Lacerda Mendes Revista Fisio&terapia: Professor Afrânio há quanto tempo você trabalha com a fisioterapia? Afrânio: Profissionalmente, com carteira assinada, desde 22 de agosto de 1955, após prova seletiva. De 30 inscritos, fui um dos 5 aprovados para exercer a profissão de auxiliar de fisioterapia, no então Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (IAPI). No entanto, desde os 8 anos que intuitivamente já praticava atos fisioterápicos. Revista Fisio&terapia: Professor, explica melhor essa precocidade. 8

anos é não é muito pouco para um versidade Católica de Petrópolis. fisioterapeuta? Revista Fisio&terapia: Você que já Afrânio: Sou o caçula de uma fa- foi auxiliar de fisioterapia e hoje é mília de 7 irmãos, e, mesmo sendo fisioterapeuta, poderia responder o mais franzino e o menor, minha algumas perguntas sobre o polêmico irmã Célia, portadora de seqüela assunto do auxiliar de fisioterapia de poliomielite, precisava do meu uma vez que conhece os dois lados. apoio físico para se locomover. Ela Como auxiliar de fisioterapia você dizia que de todos os irmãos, ela exerceu a profissão por quanto sentia mais segurança comigo, pois tempo? era o único que conseguia se adaptar harmoniosamente ao seu ritmo Afrânio: No serviço público federal de andar. Com alguns irmãos ela de 1955 a 1975. se sentia puxada e com outros ela tinha que empurrar. Algum tempo Revista Fisio&terapia: depois, em 1949, meu irmão Getúlio E como fisioterapeuta? sofreria um acidente na praia, que o deixaria tetraplégico. A falta de Afrânio: Prestei noprofissionais atuantes e competentes vamente concurso na área da reabilitação era visível público, em 1975, o para toda nossa família. Este foi mais qual tirei o 1º lugar. um fator que acabou influenciando de vez o meu interesse pela área, já R e v i s t a que nesse tempo trabalhavam ape- Fisio&terapia: Qual nas fisiatras, massagistas e auxiliares a diferença que sende fisioterapia. Não havia ainda a tiu no exercício das 2 profissões? profissão do fisioterapeuta. Afrânio: Uma grande diferença. Revista Fisio&terapia: Naquele Quando na 1a, como auxiliar de tempo, como você mesmo disse, fisioterapia, meu campo de atuação não havia faculdade de fisioterapia. era muito restrito, uma vez que só Como foi sua formação profissio- cumpria determinações médicas. Já nal? como fisioterapeuta, ganhei uma autonomia com direito de avaliar, Afrânio: Fiz um curso livre para prescrever, orientar, exercer o maformação de auxiliar de fisioterapia gistério... enfim, tudo que a lei nos com duração de 1 ano, em 1953, concede. Mesmo assim, para mim, no Hospital Barata Ribeiro, com esta passagem não foi tão fácil, pois a equipe do Dr. Camilo Manoel houve mudança de função dentro Abud. Em seguida, diplomei-me do mesmo local de trabalho e precomo massagista, através do curso cisei ter atitudes determinadas para de massagem, na Escola Nacional me impor em cima daquilo que a lei de Educação Física e Desportos, me assegurava. Infelizmente, ainda da então Universidade do Brasil, hoje há colegas que aceitam uma hoje UFRJ. Por fim, colei grau subserviência aos médicos. Vai um como fisioterapeuta, em 1974, na alerta: Evocar a lei como escudo Faculdade de Fisioterapia da Uni- protetor não é o bastante. É preciso


também ter o domínio científico de trabalho dos fisioterapeutas? dentro da área que atua. Afrânio: Em primeiro lugar, lei não Revista Fisio&terapia: Você de- se discute, cumpri-se. O que pode fende a existência do auxiliar de acontecer em relação a uma lei é a fisioterapia, isso é pelo seu passado? tentativa de normatizar o que ela Não seria uma incoerência defender preceitua sem que haja desrespeito uma profissão, que segundo você a direitos que ela consagrou. Acremesmo era subordinada as determi- dito que haja uma preocupação do nações médicas? COFFITO neste sentido, no entanto seria interessante resguardar a Afrânio: Não há incoerência. A sociedade de profissionais de nível partir de 13 de outubro, de 1969, médio, que trabalham sem uma supelo decreto lei nº 938, essa subor- pervisão mais atuante. É o caso de dinação passou a ser ao fisiotera- massagistas, duchistas, esteticistas, peuta. Negar esta profissão seria o guardião de piscina, salva-vidas, mesmo que repudiar o meu passado, técnicos de órtese e prótese e outros. A exigência de que houvesse, por exemplo, a obrigatoriedade da relação de no máximo 2 desses profissionais com a presença de 1 fisioterapeuta obrigaria consequentemente a uma melhora na preso qual me orgulho, pois foi também tação de serviço desses profissionais uma forma de aprendizado. Esta é para a sociedade, além disto, todos mais uma razão da minha defesa. estes auxiliares estariam inscritos no conselho, aumentando a renda do Revista Fisio&terapia: Mas o CO- mesmo. Isso aconteceu no Conselho FFITO nega a existência do Au- de enfermagem, no CREA, e mais xiliar. recentemente na odontologia, que abrigou no seu conselho os técniAfrânio: Me baseio na íntegra do cos de higiene dental, os técnicos decreto lei nº 938. No art. 10 há de prótese dentária, auxiliares de uma alusão ao auxiliar de fisiotera- prótese dentária, atendente de conpia e no art. 12 determina que no sultório dentário e outros. grupo da Confederação Nacional das profissões liberais fique “acres- Revista Fisio&terapia: Você acha cido das categorias profissionais de que essa obrigatoriedade seria sufifisioterapeuta, terapeuta ocupacio- ciente para garantir um campo de nal, auxiliar de fisioterapia e auxi- trabalho? liar de terapia ocupacional”. Afrânio: Eu citei um exemplo aciRevista Fisio&terapia: Não poderia ma. O magistério para a formação haver uma preocupação do COFFI- desses profissionais também é outro TO em querer preservar o mercado campo que poderia ser explorado.

Revista Fisio&terapia: Como foi o seu início no magistério? Afrânio: Iniciei dando aula em cursos de formação técnica em massagem e auxiliar de fisioterapia. Após ter feito curso de especialização de didática do ensino superior, comecei a dar aula em faculdade. Revista Fisio&terapia: Atualmente exerce o magistério? Afrânio: Sim, na Universidade Gama Filho. Revista Fisio&terapia: Prefere o magistério ou a atuação no atendimento de pacientes? Afrânio: para mim, ambas situações são prazerosas. Felizmente, a Universidade Gama Filho me proporciona condições de exercer os dois casos. Além de dar aulas, respondo juntamente com a professora Luciana P. F. de Oliveira pelo atendimento de pacientes e supervisão a estagiários, na clínica de fisioterapia geral, no turno da noite. Ainda na Gama Filho, coordeno juntamente com a professora Eliane Garcia os estágios curriculares. Revista Fisio&terapia: Quem foi seu aluno não pode esquecer a figura do professor durão, que não permite colas. Me lembro que certa vez você justificou a razão de não admiti-las porque se algum dia estivesse em uma maca de hospital aguardando o seu fisioterapeuta e sua esposa lhe desse a “boa” notícia que por coincidência o fisioterapeuta era seu ex-aluno você queria ficar tranqüilo e não apavorado. Com o passar do tempo alguma coisa mudou? Como você se avalia como mestre?


Afrânio: Estou mais acessível. Claro que colar nem pensar! Hoje, nas minhas provas, eu procuro dar oportunidades para que o aluno tenha condições de optar dentre as alternativas propostas as questões que mais domina. No estágio, não admito que um futuro profissional saia sem saber analisar uma radiografia e sem que seja detentor de conhecimento de vários testes, compondo diversos protocolos de avaliação e tratamento fisioterápico. Não me acho um professor durão, mas exigente e acima de tudo justo. Revista Fisio&terapia: E com os pacientes, como é seu relacionamento, durão como com os alunos? Afrânio: Muita compreensão, ouvindo atentamente e procurando que a anamnese transcorra de forma que o paciente se sinta a vontade. Em relação ao tratamento, graças a Deus, ainda vibro quando os objetivos pretendidos são alcançados. Na ânsia de superar alguns limites que determinadas patologias colocam, criei inclusive algumas técnicas, como a do auto alongamento sem dor para pacientes com bloqueios articulares e a técnica de Barreiros, que leva o meu nome, para a síndrome do piriforme.

pode ser ocasionado por uma disfunção da articulação sacra-ilíaca em sua porção superior ou na inferior, existindo testes específicos para detectar não só a contração, já referida, como também o sítio provável do desarranjo articular. Sem dúvida alguma dá uma boa matéria para o próximo número. Há muito a ser acrescentado. Vamos fazer para edição de fevereiro. Revista Fisio&terapia: Professor, quais foram as grandes emoções na sua vida? Afrânio: Na vida particular, um casamento muito feliz com minha Lenice e o nascimento de cada filho e netos. Na vida profissional, além das homenagens prestadas por formandos, fui algumas vezes paraninfo e duas vezes escolhido para ter o meu nome, como o nome de turma. A gratidão, o carinho, o reconhecimento de cada paciente pelo trabalho feito também é sempre uma emoção. E é claro, não poderia esquecer, que o convite para esta entrevista também foi muito agradável. Revista Fisio&terapia: Quais os planos para o futuro? Afrânio: Permanecer com minhas atividades na Universidade Gama Filho conciliando uma outra atribuição, de coordenar a Faculdade de Fisioterapia Bezerra de Araújo, em Campo Grande, uma vez que recebi um convite para esse cargo. O meu ok definitivo ficará sob a condição das disciplinas das diversas especialidades sejam defendidas por professores fisioterapeutas, não só da parte clínica, como também das aplicadas.

Revista Fisio&terapia: Professor, ainda me lembro que a síndrome do piriforme é uma das causas da lombalgia e inclusive a Técnica de Barreiros nos foi ensinada para este tratamento. Tenho amigos como o Dr. Paulo Cotecchia que a utiliza em seus pacientes com bons resultados. Não seria possível um artigo explicando exatamente como é esta Revista Fisio&terapia: Quero agratécnica para o próximo número? decer muitíssimo pela entrevista, ficaremos todos aguardando o artigo Afrânio: É Oston, sua memória está sobre a Técnica de Barreiros para a boa. Lombalgia não é diagnóstico, é próxima e edição e para finalizar, que sintoma. A síndrome do piriforme é mensagem você gostaria de passar aos uma das causas que podem originar a leitores e assinantes da revista? lombalgia. Ela consiste na contração antálgica desse músculo. Este quadro Afrânio: Como os leitores são profis-

sionais ou alunos de fisioterapia, gostaria de deixar uma mensagem que tem sido uma constante na minha vida, no trato dos meus pacientes: “Use o calor das ondas curtas e do infra vermelho, mas não deixe de usar o calor da fraternidade. Utilize o ultra-som, como também o silêncio generoso dos que sabem ouvir. Quando não houver halter, não se altere, use sua própria força como resistência. Faça uso do gelo sempre que necessário, mas jamais a frieza do distanciamento.”


Introdução: Este artigo relata a experiência realizada na academia Cia do Movimento, em Natal/RN, iniciada em Maio/2001. A proposta da Instituição é fazer um trabalho que vá além do que é habitualmente realizado numa academia, oferecendo às pessoas um espaço onde possam encontrar melhor qualidade de vida, associando atividade física, tratamentos estéticos e palestras informativas, orientados por profissionais capacitados nas áreas de Fisioterapia, Educação Física e Estética. Objetivos e Desenvolvimento do Trabalho: A Avaliação Fisioterápica de cada aluno da Academia surgiu da necessidade de conhecer a fundo o público-alvo do trabalho, considerando-se a heterogeneidade da clientela, que abrange alunos de 18 meses a 78 anos de idade, devido à diversificação das atividades oferecidas. Além disso, devido à própria filosofia de trabalho da instituição, decidiu-se que os professores deveriam ter conhecimento dos problemas de saúde de seus alunos, para que pudessem melhor direcionar seu trabalho, obtendo resultados efetivos em cada caso, sem que para isso precisassem fugir aos planos de aulas ou tivessem que aplicar exercícios individualizados. A primeira providência tomada foi a elaboração de uma ficha/prontuário de avaliação que fosse prática, objetiva e que viesse a facilitar o levantamento dos dados ao fim do período de avaliação, para a confecção dos relatórios destinados a cada um dos professores. Essa ficha/prontuário foi idealizada em conjunto pela Fisioterapeuta com os Professores Roberto J. D. Rocha (Licenciado em Educação Física) e Fátima Xavier (Licenciada em Educação Física, diretora da academia). essas fichas constam Anamnese simples com

dados de identificação, incluindo profissão do paciente, e um questionário objetivo com um levantamento do tipo sanguíneo, alergias, doenças crônicas, histórico de internações, traumatismos, cirurgias, uso de medicamentos, restrições médicas, tabagismo e alcoolismo. Inclui ainda o levantamento do(s) tipo(s) de atividade(s) física(s) que o paciente executa, tanto na academia quanto fora dela, e a freqüência das mesmas. Na parte reservada ao Exame Físico do paciente constam dados como Pressão Arterial, Freqüência Cardíaca, Altura, Peso e Índice de Massa Corporal; além do levantamento de problemas através do Exame Postural. É feita também uma entrevista com o paciente com base nos dados relevantes colhidos no questionário, queixas principais, expectativas com relação à atividade física que escolheu e as dificuldades que encontra ao realiza-la. Por fim, o paciente é submetido a perimetria de Membros Inferiores, Membros Superiores, Tórax e Abdome para melhor acompanhamento dos resultados dos exercícios. O período das Avaliações se estende por um mês, com horário marcado, dentro de uma grade pré-estabelecida. São três períodos de Avaliação anuais. Para incentivar a assiduidade, a Avaliação não é cobrada ao paciente, ficando esse custo por conta da academia. Ao final do período de Avaliação, os dados são reunidos pelo Fisioterapeuta e esquematizados em relatórios divididos por turma. Cada professor recebe os relatórios referentes a cada um de seus alunos. A apresentação dos relatórios é feita pelo Fisioterapeuta em reunião com os professores e a direção da Academia, na qual são discutidos os principais problemas encontrados e buscam-se as melhores soluções. Durante a mesma reunião também são debatidos casos específicos tais como

pacientes portadores de síndromes raras, depressão, hipertensão arterial, etc. Os resultados obtidos desde a primeira Avaliação puderam ser constatados na segunda Avaliação (Setembro/2001). Os alunos que se submeteram às orientações adotadas a partir dos resultados da primeira Avaliação relataram melhoria nos seus quadros álgicos, redução das taxas de colesterol e triglicérides (quando necessário), redução de peso e de medidas (quando necessário), melhor condicionamento físico e maior controle da pressão arterial Conclusão: Através desta experiência constata-se que a atuação do Fisioterapeuta aplicase a diversas áreas de trabalho. Sem invadir o espaço de nossos colegas, Profissionais de Educação Física, mas atuando em conjunto com eles, é possível modificar o panorama da atividade física no Brasil. Fornecendo subsídios adequados ao Professor para a formulação exata de um programa de treinamento de seu aluno, evitam-se possíveis lesões, insatisfações e frustrações, tanto por parte do aluno quanto por parte do professor. Com a implantação da Avaliação Fisioterápica nas academias, amplia-se o leque de possibilidades profissionais do Fisioterapeuta, gerando mais colocações no mercado de trabalho à medida que as Academias passem a conscientizar-se de que a qualidade e a responsabilidade na prestação de um serviço valem mais que qualquer outdoor. Drª Adriana Conde Bitarelo – Fisioterapeuta Graduada pelo Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação/RJ Fisioterapeuta da Cia. do Movimento Academia - Cia. de Dança Domínio - e Consultora Técnica da Escola de Dança Studio Corpo de Baile - Natal/RN


A bordagem Fisioterápica em

Puérperas Adolescentes Introdução O problema social “GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA”, apresenta crescimento constante em diversos países do mundo e principalmente, no Brasil (Godoy Dotta, I.; Lourenço Silva, SL.; e colls.; 2000). Uma revisão de estudos atuais demonstra uma realidade assustadora, a de que é cada vez maior o número de adolescentes que engravidam precocemente. Estudos publicados pela Population Reference Bureau em 1992, relatam que na América Central, nascem, a cada ano, entre 99 e 139 crianças, por 1000 adolescentes de 15 a 19 anos de idade. No Brasil, estima-se que aproximadamente 20% a 25% do total de mulheres gestantes, são adolescentes, apontando uma faixa de 1 em cada 5 (Santos Jr, JD; 2001). As causas das complicações observadas nestas pacientes antes, durante e depois do parto, tais como anemia, moléstia hipertensiva específica da gestação, infecção no trato urinário, desproporção cefalopélvica (que acarretaria maior incidência de partos cesariana), trabalho de parto prolongado, além de comprometimentos ao recém-nascido, resultado da imaturidade de seus organismos em receber uma gestação, das condições socioeconômicas precárias e dos cuidados pré-natais inadequados (Simon, CS.; White, MM.; 1991). Um estudo preliminar na população de gestantes adolescentes, no período puerperal imediato do Hospital Universitário São José, em Mesquita, na Baixada Fluminense, demonstra que a primeira relação sexual ocorre por volta dos treze anos de idade e que não há nenhum método contraceptivo ou preventivo, de doenças sexualmente transmissíveis. As principais queixas desta população relaciona-se a dor e/ou desconforto na

região perineal, ingurgitamento mamário, dores posturais, fissura de mamilos e dificuldade de amamentação. Este estudo tem como objetivo traçar um perfil socioeconômico e cultural, o grau de informações a respeito da educação sexual, além das principais queixas puerperais destas mães adolescentes, do hospital em questão, orientando e tratando as urgências que venham a alterar a recuperação da saúde destas mulheres. Metodologia A pesquisa foi realizada na população de mães adolescentes, na fase do puerpério imediato, nas Enfermarias de Obstetrícia do Hospital Universitário São José, no período de março a novembro de 2001. A abordagem foi feita de forma individualizada, através de questionários, abordando perguntas e respostas objetivas sobre as principais queixas, os dados relativos aos itens de identificação materna, à gestação e ao parto, bem como ao nível socioeconômico das adolescentes. Esses dados serão analisados através de uma abordagem qualitativa e quantitativa, identificando os itens dos objetivos desta pesquisa. Resultados Parciais Foram entrevistadas, 108 mulheres, no período de março à junho de 2001, na faixa etária de 12 a 42 anos, tendo como resultado: 81 pacientes adultas, na idade de 20 anos em diante e 27 pacientes adolescentes, na idade de 12 a 19 anos, de acordo com o MINISTÉRIO DA SAÚDE, gerando, assim, um percentual de 75% de mulheres adultas e 25% de mulheres adolescentes. Uma média da idade atual de 24,10 anos, a menarca de 12,65 anos e a iniciação sexual de 16,39 anos. Nessa faixa, 69% tiveram

sua primeira gravidez na adolescência e 31% na idade adulta. Em relação ao uso de métodos contraceptivos hormonais, 47% não usam e/ ou nunca usaram os contraceptivos hormonais; 53% relataram ter usado o método e que na troca ou suspensão do uso, ocorreu a gravidez, ficando assim, explicitado, que não há o conhecimento necessário sobre o uso dos mesmos. Quanto aos preservativos, encontramos 43% das puérperas relatando que utilizaram este método e que não se adaptaram ao uso; 57% destas, nunca utilizaram o preservativo, por motivos tais como: não saberem utilizá-lo, não terem poder aquisitivo para obtê-lo ou por seus parceiro não aprovarem o uso. A Organização Mundial de Saúde (OMS), alerta que o pré-natal deve ser de, no mínimo, seis consultas, no referido período gravídico. Abaixo desta média, fica caracterizado uma deficiência no atendimento. O que encontramos nesta população de puérperas do Hospital Universitário São José, é que 44% não foram a nenhuma consulta pré-natal, chegando somente ao hospital em questão, quando estavam entrando em trabalho de parto; 56% delas fizeram o pré-natal com o número de consultas insuficientes (no máximo de 5 consultas). Com isto, surgiram as complicações puerperais imediatas, como o engurgitamento mamário, a fissura mamilar e a mastite, que poderiam ser evitadas se efetuassem todas as consultas e orientações. Muitas adolescentes abandonam a escola devido a gravidez, e poucas, retornam aos estudos. Dentre as que ainda continuam estudando, a maioria está cursando séries atrasadas, em relação à idade cronológica e muitas abandonam o curso, tendo a 6ª série como limítrofe para o abandono. Neste item encontramos: 59%


possuem o primeiro grau incompleto; 13% masculino neste cenário. Tais mudanças primeiro grau completo; 17% segundo grau sempre são bem vistas pela sociedade, incompleto; 9% segundo grau completo. uma vez que visam o progresso. Conclusão Concluímos, neste período, que o proble- ma “GRAVIDEZ NA ADOLESCÊN- Bibliográficas CIA”, atinge os mais variados níveis 1 - Brasil, Ministério Da Saúde. Normas sociais e que esta questão não mais pode de Atenção à Saúde Integral do Adolesser apontada como causa principal, uma cente, Brasília, 1993. 3v v3: Assistência vez que está presente tanto nas classes ao pré-natal, ao pano e ao puerpério, mais miseráveis quanto nas de alto poder planejamento familiar, doenças sexualaquisitivo. No entanto, o que as diferen- mente transmissíveis, problemas ginecocia é a maneira de como é exposta. A lógicos. garota abastada tem, na maior parte dos casos, o completo apoio da família, tanto psicológica quanto economicamente (sem mencionar o outro poder de escolha: o aborto) Já a pobre, sem qualquer apoio familiar, tende a ingressar no mercado de trabalho para seu auto-sustento e já não pode contar com a segunda opção. A deficiência dos serviços de saúde, pode ser um outro fator relevante, com relação a não utilização dos métodos contraceptivos, principalmente se associada à questão do acesso à informação e à escolaridade dessas adolescentes. Conclui-se que fatores como a ausência, a falta de liberdade (na mídia e nos lares) quanto os assuntos sexuais, a pobreza e a baixa escolaridade, cederam espaço a um fator que se concentra nas mãos do próprio jovem e é responsável por todos estes fatores: a conscientização perdida com a mudança de valores e princípios desta geração em relação às passadas, não esquecendo a participação do sexo

à Obstetrícia e Aspcetos de Neonatologia - Uma visão multidisciplinar. Ed. Health. 2ª edição.1999. 4 - POLDEN, M.; MANTLE. J.; 2000. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. Livraria Editora Santos. 2ª edição Autoras: Dra. Adriana Verçoza - Professora da cadeira de Fisioterapia Aplica da à Ginecologia e Obstetrícia da UNIG; Pós-graduada em Fisioterapia Pediátrica pela UNESA; Mestranda em Ciência da Motricidade Humana pela UCB. Dra. Maria da Penha Laprovitta Professora da cadeira de Fisioterapia Aplicada à Ginecologia e Obstetrícia da UNIG; Pós-graduada em Psicomotricidade e Fisioterapia Pediátrica pela UNESA; Mestranda em Ciência da Motricidade Humana pela UCB. Dra. Raquel de Souza - Fisioterapeuta da UNIG, inserida no projeto de extensão e pesquisa em Fisioterapia Aplicada à Ginecologia e Obstetrícia da mesma instituição.

2 - DONAS, S. Marco epidemiológico conceptual da la salud integral del adolescente. Adolescencia y salud, tercera antologia, Programa de Atencíon Integral del Adolescente Caja Constarricense de Seguro Social, San José, Costa Rica, 1991. 3 - LOTTI, E.L.B; Fisioterapia Aplicada


Padrões de Movimentos Fetais: Definição e Aplicações Clínicas. Introdução Sem dúvida um grande marco no estudo da anatomia e fisiologia do feto humano foi o advento da ultrasonografia, técnica que tem evoluído desde a produção das primeiras imagens, em 1954, até os dias de hoje. Desta forma tornou-se possível o acompanhamento intra-útero de seu desenvolvimento e crescimento, por técnica não invasiva, nãoagressiva, e de excelente resolução, o que possibilitou o desenvolvimento de novos procedimentos obstétricos e gerou conhecimento fundamental para a compreensão de tantas afecções e comprometimentos, que se manifestam já no período neonatal ou até mesmo, mais tarde na vida adulta. A partir do conhecimento das etapas do desenvolvimento e crescimento do feto normal, pode ser melhor compreendido o mecanismo que determina, em parte, anomalias congênitas de maior ou menor gravidade e estratégias de enfrentamento destas situações. Foram assim estabelecidos os padrões de normalidade que permitem traçar o perfil biofísico do concepto atestando assim seu bem-estar. A ultra-sonografia avalia o concepto não só através de dados morfométricos mas também através de movimentos respiratórios e do aparelho locomotor. O perfil biofísico avalia

múltiplos aspectos do feto refletindo principalmente a integridade do sistema nervoso central. Embora a primeira vista não seja do interesse do fisioterapeuta eventos relacionados ao período gestacional, é indiscutível sua importância para aqueles que se pretendem terapeutas especializados em neonatologia, em especial de alto risco, e nas áreas de intervenção precoce, sem descartar aqui a atuação na clínica neurológica. Não pretende es te estudo esgotar o assunto, até mesmo porque muito ainda precisa ser conhecido e revelado, a respeito desta etapa crucial do desenvolvimento do ser humano. Habitualmente nos referimos ao desenvolvimento ou aquisição de habilidade motora à partir das primeiras semanas ou meses a partir do nascimento, esquecendo a mobilidade fetal, que muitas vezes refere informações fundamentais a respeito do desfecho daquela gestação. Este estudo informa a respeito dos movimentos fetais considerados normais e identifica que fatores podem alterá-los, bem como o tônus fetal. A avaliação de ambos os aspectos permite um conhecimento sobre o funcionamento do sistema nervoso e de que forma se compromete por ação de agressores como patologias materna ou agressões, como o uso de drogas não lícitas.

nesta discussão, mas só corroboram esta fonte de informação, que são os movimentos fetais. Não discutiremos aqui as referências sobre as percepções maternas. Os movimentos fetais surgem por volta da sexta semana de gestação e não parecem estar relacionados diretamente a atividade do córtex cerebral, já que são manifestos em quadros de anencefalia grave. Manning (2000) refere existência de movimentos nos membros inferiores em um feto em desenvolvimento da cabeça, numa gestação gemelar, atribuindo à medula espinhal a origem do estímulo. Os padrões dos movimentos fetais podem ser classificados segundo a idade gestacional, de forma semelhante ao desenvolvimento motor estudado no recém-nascido e durante os primeiros anos de vida. A ausência ou diminuição destes movimentos, principalmente em fases precoces da gestação, indicam comprometimento grave. Inicialmente lentos e limitados, os movimentos fetais vão se tornando mais sofisticados a medida que a gestação evolui, de forma que por volta da 10ª semana sejam lentos e combinados, mas por volta da 16ª sejam combinados e coordenados e a partir da 22ª semana já aparentem finalidade (bocejo, deglutição, etc). Envolvem inicialmente o tronco e evoluem para as extremidades de forma cada vez mais vigorosa e coordenada. A partir da 22ª semana leva a mão à boca, realiza movimentos de extensão, abrindo e fechando as mãos e já é capaz de realizar movimentos de tornozelo. Próximo ao nascimento podem ser visualizados movimentos de tronco e pescoço, no sentido de rolamento e rotação.

Fundamentação O padrão dos movimentos fetais e suas alterações têm sido apontado como indicadores de lesões ou comprometimentos ou até mesmo risco de morte eminente. Os movimentos fetais são importantes não só para o profissional de saúde mas também para a mãe e a família que encontra nestes movimentos um meio de se “comunicar” com o novo ser em formação. As diferentes teorias que discutem esta comunicação não cabem Autores referem movimentos faciais,


como por a língua para fora da boca. Os movimentos de tronco são habitualmente acompanhados por movimentos de membros, nesta fase. Esta sofisticação dos movimentos é atribuída ao funcionamento do sistema nervoso central, embora não indique necessariamente atuação do córtex motor primário.Entre os fatores correlacionados aos movimentos fetais estão a idade gestacional, a ocorrência de agressões (como a hipóxia), ocorrência de anomalias, estimulação por meios físicos, uso de drogas, alteração do estado de sono e vigília. A influência da idade gestacional foi discutida acima mas cabe destacar que alguns autores construíram tabelas para acompanhamento da atividade fetal, considerando a duração dos movimentos, intensidade da força e a freqüência ao longo do dia. Numa observação de trinta minutos a ocorrência de movimentos mínimos ( 2 ou menos) é fator de preocupação com o bem-estar fetal. Sendo a hipóxia fetal uma das causas predominantes de óbito fetal, como foi visto em estudo anterior, daremos maior destaque a este fator de comprometimento da motilidade do concepto. Existem estudos experimentais que apontam esta redução de movimentos como uma reação de proteção, pois se existe uma queda aguda na taxa de oxigênio circulante, a abolição

dos movimentos permite economia de oxigênio direcionado para regiões mais nobres que o aparelho locomotor. A hipoxemia crônica, em nível subletal, pode permitir uma adaptação circulatória do feto, viabilizando-o pelo menos até

um episódio de agudização, sem que se instale um quadro importante no sistema nervoso. Quadros de hipoxemia materna também parecem resultar em alterações dramáticas da mobilidade fetal, corroborando a afirmativa anterior. São encon-

tradas também alterações bioquímicas do sangue de fetos que apresentam maior e menor motilidade. Entre as drogas de cunho terapêutico a grande maioria não parece afetar a motilidade fetal, pelo menos em doses terapêuticas, a exceção de alguns anestésicos e substâncias narcóticas e os glicocorticóides. Uma overdose de substâncias narcóticas lícitas ou ilícitas causa diminuição e até mesmo desaparecimento dos movimentos fetais. O tabagismo tem efeito semelhante ao da hipóxia. Já as anomalias congênitas como displasias esqueléticas são responsáveis pela diminuição ou modificação dos padrões de movimentos, de acordo com suas características clínicas. Outras alterações de cunho genético como as trissomias, podem alterar o ritmo dos movimentos e o tônus muscular principalmente nas extremidades O tônus também se altera por hipoxemia, de forma característica, afetando-se principalmente o tônus flexor, que caracteriza a posição fetal, eminentemente flexora. Esta hipotonia pode permanecer durante o primeiro ano de vida. No caso da hipoxemia caracteriza-se a diminuição do tônus flexor pela ausência da flexão total intra-útero, incluíndo-se as mãos e as extremidades inferiores. Estudos demonstram que tanto no feto quanto no recém-nascido a hipóxia aguda causa alteração nos mecanismos de regulação do tônus. A posição flexora do feto surge por volta da 12ª semana e leva a


considerar o feto como normal se não é mantida ou estimulada por ação externa de qualquer natureza. Ainda vale a pena destacar a existência de movimentos respiratórios fetais, relatos pela primeira vez no início deste século e confirmados nas últimas décadas por estudos como de Patrick et.al.,1980). Inicialmente foram estudados em modelo experimental (feto de ovelha) e mais tarde em fetos humanos. Não são movimentos constantes como após o nascimento. Ocorrem em episódios temporais, como se alterna-se a respiração e apnéia. Em fetos humanos os períodos apneicos podem variar de 20 minutos até 2 horas. Estes movimentos se assemelham aos do adulto, com variação de diâmetros da caixa torácica e ação do músculo diafragma. A região posterior do tronco encefálico parece ser a origem dos estímulos nervosos que através do n. frênico estimulam a contração do diafragma. Já podem ser observados a partir da 8ª semana de gestação sendo mais evidentes a partir da 16ª semana. A importância destes movimentos respiratórios ainda é discutida e muitas hipóteses são levantadas. Foi observado que a falta destes movimentos resulta em diminuição do ritmo de desenvolvimento e até mesmo hipoplasia pulmonar, em ovelhas, porém estão presentes em fetos que apresentam hipoplasia pulmonar grave. Foi sugerido que estes movimentos favoreceriam um “treinamento” de sincronia que garantiriam a função normal após o nascimento, o que é questionado pelo fato de já ocorrerem na 16ª semana ou mesmo antes, quando o feto não tem condições de sobreviver fora do

Sendo a hipóxia fetal uma das agressões mais contundentes, conhecer suas causas e conseqüências, é fundamental, mas aprimorar seu diagnóstico é essencial. Para os fisioterapeutas que pretendem atuar na área de neonatologia ou intervenção precoce, conhecer estas Conclusão Embora muito da morfologia fetal já intercorrências permite a compreensão seja conhecido, e este conhecimento do quadro apresentado e o prognóstico tenha se acumulado ou confirmado nas esperado. últimas décadas, muito ainda há para se conhecer a respeito da fisiologia fetal. Referências bibliográficas: Embora este conhecimento a primeira ISFER, E.V.;VIGGIANO,M.C.G.;CARDOS O,R.A.D. vista pareça ter importância acadêmica, Fundamentos de medicina fetal. Rio de Janeié fundamental para a compreensão do ro: Revinter, 1998. desenvolvimento do feto normal, o que JONES,K.L Padrões reconhecíveis de malforpermite traçar estratégias de enfrenta- mações congênitas.São Paulo: Manole, 1998. LEES,W.R.;LYONS,E.A. Ultrassonografia mento de situações adversas oriundas de endocavitária e técnicas avançadas. Rio de alterações genéticas, afecções congêni- Janeiro: Revinter, 1998. tas, ou de cunho ecológico, por conta MANNING, F.A. Medicina fetal. Rio de de alterações no organismo materno. Janeiro:Revinter, 2000. Muitos dos eventos fetais permitem a MOORE, K.L. The developping human oriented embryology. melhor compreensão das ocorrências Philadelphia: Saunders, 1977. no adulto. Mais que isso, permitem conhecer e reconhecer sinais de alerta, Autora: em situações que possam comprometer Dra. Eliane Ferreira. Fisioterpeuta. Mestrado em Morfologia. a viabilidade fetal. ambiente uterino. Parece que estes movimentos têm importância na manutenção da permeabilidade dos condutos aéreos, principalmente próximo ao nascimento, eliminando restos celulares de sua luz.

Professora da Universidade Veiga de AlO mecanismo de reprodução humano meida. não parece ser eficiente. Estima-se que Professora do Centro Universitário da apenas 20% dos embriões implantados Cidade.

sobrevivam enquanto 80% dos zigotos não sobrevivam a implantação. Ao longo do período gestacional são várias as intercorrências que podem resultar em óbito. Assim conhecer melhor o processo de desenvolvimento permite aprendizado de manobras mais eficientes e precoces para garantir o bem-estar fetal, o que assegura por sua vez um recém-nascido saudável.



Durante a prática de atividade física é corriqueiro ocorrerem lesões musculares e articulares. O surgimento dessas lesões vem se tornando mais precoce, pois a prática de atividade física se intensificou e está se iniciando mais cedo, com isso as lesões estão atingindo cada vez mais os jovens praticantes. É fundamental que a prevenção seja parte integrante do trabalho de preparação física. As lesões ocorrem geralmente por causas traumáticas indiretas, pelo mau uso ou esforço repetitivo. As mais comuns são as inflamações locais (tendinites; sinovites), os processos degenerativos articulares (artrose) e as decorrentes de instabilidade articular (luxações, entorses), sendo estas lesões em grande parte responsável pelo afastamento do atleta das atividades. O corpo é regido pela lei do mínimo esforço. Ele sempre buscará o menor gasto energético para a manutenção e realização das funções. O automatismo nas AVDs e no trabalho físico são limitantes e contribuem para o surgimento de compensações através do encurtamento muscular e retração das fáscias, gerando as alterações posturais.

de retornar à posição inicial para a nova musculares localizadas, que certamente contração. conduzem às alterações posturais. As causas mais comuns de encurtamento muscular são as posturas erradas, as atividades repetitivas e pelo excesso do uso da contração isotônica concêntrica nos exercícios físicos. Neste tipo de trabalho muscular, a força desenvolvida é maior que a resistência, levando a um aumento do volume muscular pelo aumento do número de sarcômeros em paralelo e com diminuição do tecido elástico muscular: a potência fica prejudicada, pois o comprimento muscular diminui assim como sua elasticidade.

Durante as atividades os músculos necessitam de oxigênio obtido através da inspiração. Sendo a inspiração resultado de uma contração muscular, principalmente do diafragma, existe um gasto energético maior que poderia ser melhor aproveitado pelo músculo ou pela cadeia muscular enfatizando-se a expiração, que não requer trabalho muscular. A contração excessiva do diafragma leva à seu encurtamento acarretando uma alteração postural: a hiperlordose diafragmática, pela fixação de seus pilares nas primeiras vértebras lombares, tracionando-as ântero-superiormente. É pela ênfase na expiração que relaxamos o diafragma e corrigimos as alterações posturais, como também facilitamos a ventilação pulmonar. Ao utilizarmos o alongamento ativo da cadeia miofascial em contração excêntrica e isométrica procura-se também abolir as retrações fasciais. A fáscia é um tecido conectivo frouxo, que se encontra imediatamente abaixo da derme, envolve os músculos e grupos musculares, aprofundando até os órgãos viscerais, onde recebe outras denominações.

Para evitar os encurtamentos musculares e as retrações faciais realizamos o trabalho em contração isotônica excêntrica. A contração excêntrica representa o trabalho muscular ativo em alongamento. Caracteriza-se quando a força desenvolvida é menor que a resistência. A força é obtida com um braço de alavanca maior pelo aumento do número de sarcômeros em série. A isometria é outro tipo de contração indicada, pois através do sinergismo entre agonista e antagonista promove-se uma estabilidade articular sem compenA contração muscular é o resultado do sações, com desenvolvimento muscular escorregamento dos filamentos de actina e ganho de força em ambos os grupos e miosina nos sarcômeros. Após a con- musculares. A fáscia tem muitas funções: recobre os tração, é o tecido elástico que fica resvasos linfáticos e nervos; facilita o retorponsável por restaurar a posição inicial A eficiência muscular depende antes de no venoso pela compressão que exerce dos filamentos preparando o músculo tudo da condução do esforço de forma sobre os vasos; tem papel de armazenar para a próxima contração. consciente e de um estímulo preciso. A tecido adiposo; divide os músculos e os Quando ocorre um encurtamento extre- contração de músculos isolados com a une em cadeias e ainda auxilia a fixação mo, os filamentos de actina e miosina intenção de fortalecê-los pode se tornar deles aos ossos. ultrapassam suas respectivas linhas mé- nocivo ao organismo, pois tende a caudias, o tecido elástico fica incapacitado sar má irrigação dos tecidos e retrações Pode-se dizer que o principal papel da


fáscia é o de conduzir o impulso aos demais músculos da cadeia cinética por reflexo miotático, após o impulso ter sido gerado no S.N.C para o músculo “starter” do movimento. Pela relação da cadeia miofascial é que os movimentos repercutem a distância: uma contração no membro inferior pode repercutir no membro superior oposto e vice-versa. Evitar ou abolir as retrações da cadeia miofascial é permitir ao atleta um melhor aproveitamento das atividades desenvolvidas na sua preparação física. A boa postura é caracterizada pela facilidade com que é mantida e que possibilita o corpo realizar movimentos com o menor gasto energético e de forma coordenada. Função e estrutura são interdependentes: a ação cria a forma, a forma condiciona a ação, a ação irá reelaborar a forma e assim por diante. A organização postural é um dos pontos importantes em qualquer atividade física. No momento em que se estabelece uma modificação da estrutura músculo-

articular (forma) em um determinado segmento, os segmentos sub e suprajacentes a este também se modificarão adaptando-se para manter o corpo equilibrado seguindo a lei do mínimo esforço. O uso de objetos cinestésicos, como bolas e bastões, associados a realização das atividades cinesioterápicas facilitam a observação corporal pela integração sensorial. A imagem corporal é estabelecida no SNC pela orientação de nossos gestos no espaço. Gestos bem coordenados nos três planos do espaço confere ao indivíduo uma melhor imagem e consciência corporal. Os recursos apresentados neste trabalho procuram servir de facilitador para o praticante de atividade física e seu treinador para se alcançar a melhor performance. O atleta necessita mais do que músculos volumosos e definidos: um corpo saudável possui músculos íntegros em força e flexibilidade, volume e definição. Com uma boa coordenação motora e sem al-

teração da anatomia por compensações, respeitando as articulações e o limite do corpo pode se minimizar ao máximo ou abolir lesões que impedem dar uma seqüência no treinamento, certamente melhorando o desempenho do atleta. Autor: Dr. Rogério de Moura Rocha Co-autora: Dra. Christianne Dardene Fisioterapeutas do núcleo de Cinesioterapia Global do Instituto de Acupuntura do Rio de Janeiro.


Reiki. Quando ouvi falar do Reiki pela primeira vez, me chamou a atenção quanto à peculiaridade do método por ser realizado através da imposição de mãos, porém sem uma manipulação ativa do paciente, utilizando somente um fluxo energético como meio de cura. Foi a curiosidade que me levou a realização dos Cursos de Reiki formados por três módulos e o mestrado. Procurando bibliografias sobre o assunto descobri que este vem sendo utilizado em vários países do mundo, inclusive nos EUA por médicos e enfermeiras dentro dos hospitais, formando assim um elo precioso capaz de levar a cura ao paciente como um todo, unindo a medicina ocidental com a oriental. Atualmente utilizo este método conjuntamente com a Fisioterapia convencional, alcançando excelentes resultados, com uma recuperação mais rápida do que a prognosticada. O Reiki também foi incluído no programa de controle nutricional do nosso Complexo de Saúde para o controle de peso, com resultados satisfatórios. Podemos observar, como a cada dia vem crescendo a busca pelas Terapias Alternativas como forma de proporcionar saúde e o equilíbrio, e o crescente número de profissionais que se interessam por estes métodos. Possivelmente, isto tenha relação ao fato de cada vez mais estes percebem que a cura deve acontecer no paciente de forma global, e o Reiki é atualmente um dos mais procurados em diversos países por sua eficácia e rapidez.

O que é o REIKI? Reiki significa “energia de vida universal”. É uma terapia milenar baseada no antigo método de cura dos monges tibetanos e é reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Esta energia busca a cura do paciente de forma ampliada, atuando em diferentes níveis (mental, físico, emocional e espiritual), através da imposição de mãos sobre os Chakras (centros energéticos do paciente) enviando assim energia universal. O nosso corpo além de estruturas ósseas, músculos, nervos, etc; também possui um sistema de energia que flui livremente no organismo, porém em determinados momentos de nossa vida, esses canais de energia podem estar bloqueados, causando assim doenças, medo, irritabilidade, insegurança, ansiedade e outros sentimentos negativos e nocivos, levando desta forma ás mais variadas patologias psicossomáticas. Esta técnica cria um equilíbrio geral, uma sensação de relaxamento e um enorme sentimento de paz. O Reiki e a medicina convencional. O Reiki trabalha em conjunto com a medicina convencional. O paciente não deve abandonar o seu tratamento, nem a medicação. O Reiki potenciará o efeito medicamentoso e auxiliará em diferentes tipos de tratamentos, inclusive nos de estresse, ansiedade, depressões, insônia, alergias, problemas respiratórios, problemas reumáticos, neurológico, disfunções de glândulas, enfermidades crônicas e agudas, enfim qualquer tipo de distúrbio ou patologia já que o Reiki é uma energia que leva à melhoria e ao bem estar aonde se faça necessário.

Dra. Maria Del Carmen Souto Fraga Fisioterapeuta Graduada pela UGF – RJ. Fisioterapeuta responsável pelo Complexo de Saúde Espagat - Santiago de Compostela - Espanha e Membro da Sociedade Brasileira de Reiki.




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.