Jornal O Ponto (nº 87) - Agosto 2012

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 13  |  Número 87  |  Agosto de 2012  |  Belo Horizonte / MG

Palácio das Artes Aos 41 anos, espaço cultural quer mudar imagem elitista e propiciar a inclusão de diversos públicos.

Pág. 05 Venda proibida

Distribuição gratuita

R49 canta de Galo Ronaldinho aumenta visibilidade do Atlético e seu nome ecoa nos quatro cantos do planeta

Pags. 08 e 09

Abaixo-assinado e projeto de lei tentam proibir o comércio de animais no Mercado Central de Belo Horizonte.

Pág. 03 Discoteca pública Acervo reúne mais de 13 mil discos brasieliros de todos os gêneros e estilos, desde a década de 1950, no bairro Floresta.

Pág. 12 Redes sociais Até que ponto as redes sociais podem interferir no ambiente de trabalho e levar à demissão de um profissional?

Pág. 11 Futebol globalizado Popularização mundial do futebol derruba fronteiras e une diversas linguas, credos e cores em um mesmo time.

Pág. 07 Foto: Divulgação

Foto: Gabriel Castro


02 • Opinião

Editores e diagramadores da página: Diego Duarte - 5º Período / Lucas Rage - 7º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Ponto

O futuro da política no Brasil HELENA TONELLI CHAVES 1º PERÍODO O ano de 2012 será de extrema relevância para a política brasileira, e não só por ser ano de eleições municipais, mas também pelas CPI’s e julgamentos em andamento nesse período. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é uma investigação conduzida pelo Poder Legislativo, responsável pela apuração de denúncias para proteger os interesses da população do Brasil. Após a conclusão, são apontados ou não os culpados e estipuladas as penas. Uma CPI Mista em especial anda chamando a atenção do Brasil em que as relações do empresário de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira com políticos, servidores públicos e empresários estão sendo investigadas. Especulações de que o PT estaria apoiando essa CPMI vem sendo feitas. O senador Aécio Neves (PSDB) acusou o partido de usar o caso Cachoeira para desviar o foco do julgamento do mensalão, que envolveu membros do partido em casos de corrupção e compra de apoio político no Congresso. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que está envolvido em

uma polêmica que liga os dois casos e anda sofrendo pressão de indivíduos do PT, afirmou que “tem gente morrendo de medo” desse julgamento, que está para acontecer em 2012, após seis anos passados desde o início das investigações. O objetivo dos petistas seria evitar a confirmação do maior escândalo político da história do país no governo Lula, principalmente por ser ano de eleições municipais, o que prejudicaria seu partido, o mesmo da atual presidente - Dilma Roussef. De fato, Gurgel será uma peça-chave no julgamento do mensalão, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o procurador-geral terá cinco horas para acusar os 38 réus do caso. E andam sendo feitas muitas críticas por parte de integrantes do PT a respeito da atuação do mesmo no caso Cachoeira. O importante é que o poder judiciário não pode se deixar influenciar por nenhuma dessas polêmicas e deve agir de maneira transparente e correta, para honrar seu compromisso com a sociedade. Como cidadão, é difícil se manter imparcial em uma situação como essa: por um lado, pressões vem sendo feitas pelo Partido dos Trabalhadores nas investigações

do Cachoeira; por outro, argumentos são criados para tentar justificar o adiamento do julgamento do Mensalão; por fim, o notório conhecimento da história da política no Brasil. Também deve-se levar em conta o fato de que tais suspeitas podem estar sendo usadas como justificativas para interessados em abafar o caso do Cachoeira. Em meio a toda essa história, o que realmente interessa é a resolução de ambos os casos de maneira justa e transparente. E que políticos não tenham abertura de se sentir no direito de pressionar inquéritos ou julgamentos para defender seus interesses. Verdadeiras ou não, essas especulações são preocupantes e é necessário que a sociedade se mantenha atenta para não ser iludida, coisa que de fato já aconteceu antes. A própria demora para o julgamento do Mensalão é absurda e mostra a falta de compromisso com o cidadão brasileiro por parte de todos os poderes envolvidos. É esperado que a lei se faça cumprir em ambos os casos, para que o prazo do julgamento do mensalão não seja prescrito e que a CPI do Cachoeira não vá pelo mesmo caminho. Não pode mais haver impunidade no país.

Poupança Revisitada MARIA ALDECI DE FARIAS MADEIRA 1º PERÍODO Qualquer anúncio do Governo Federal que faça referência a alguma alteração na caderneta de poupança gera certo desconforto na população brasileira. Por isso, o Governo antecipou-se em dar explicações sobre o que mudaria nesse tipo de aplicação financeira, a partir do último dia quatro de maio. Essa atitude foi a melhor maneira de desassociar as medidas atuais do desastroso Plano Collor que, em 1990, sob o mesmo pretexto de conter a inflação, pegou todos de surpresa, confiscando de forma arbitrária o dinheiro, que, até então, parecia estar seguro na aplicação financeira mais popular do Brasil. A grande diferença é que naquela ocasião ocorreu um roubo. Investidores e poupadores foram dormir com dinheiro nos bancos e acordaram praticamente falidos. Foi um verdadeiro caos! Um Governo novo, com uma equipe econômica totalmente despreparada, deu um tiro no próprio pé. Acharam que diminuindo a circula-

DiEgo

ção de moeda na nossa economia, poderiam controlar uma inflação que somente no mês fatídico do anúncio da “sentença”, março de 1990, bateria o índice de 83%. Houve sim um desaquecimento geral que atingiu toda a cadeia produtiva. “A nação foi abatida”, disse Fernando Stickel, um bem sucedido arquiteto, fotógrafo, que tinha planos para ampliar o seu negócio e foi impedido porque as suas economias ficariam retidas no banco por pelo menos dezoito meses e ainda seriam desvalorizadas. As perdas foram enormes. Perdas financeiras. Perdas de trabalho, conquistas, sonhos e vidas. Muitos sucumbiram. O certo é que, ainda hoje, muitos não se reergueram. As novas medidas econômicas adotadas no Governo Dilma (2012) parecem mais honestas. Primeiro houve um pronunciamento à população, visando informar de forma clara e concisa os novos acontecimentos. Dessa forma, o povo sentiu-se mais seguro. Segundo o Ministro do Trabalho, Brizola Neto, (PDT), “É importante criar as condições para continuarmos podendo abaixar os juros e poder continuar financiando a produção em condições adequadas. Esse é o objetivo central nosso”. O nosso sistema financeiro vem adequando-se à nova realidade do país, então não seria justo deixar a caderneta de poupança de fora dessas mudanças. A indexação dos rendimentos da caderneta de poupança à taxa básica de juros Selic não foi aleatória. O que a equipe econômica está tentando fazer é controlar a inflação com imposição de limites de flutuações de índices econômicos, criando-se assim um lastro para o país.

o ponto Coordenação Editorial Prof. Aurélio José (Jornalismo Impresso) Professores orientadores Profª. Dunya Azevedo (Planejamento Gráfico) Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora Orientadora Pedro Rocha - Aluno Voluntário Roberta Andrade - Aluna Voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Tel: 3228-3014 · e-mail: oponto@fch.fumec.br Presidente do Conselho Curador Prof. Tiago Fantini Magalhães Reitor da Universidade Fumec Prof. Eduardo Martins de Lima Diretora Geral Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Diretor Administrativo e Financeiro Prof. Fernando de Melo Nogueira Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Monitores de Jornalismo Impresso Diego Duarte e Túlio Kaizer Monitores da Redação Modelo Lucas Rage e Vitor Komura Monitores de Produção Gráfica Lorene Assis e Rômulo Santos Tiragem desta edição: 3000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento


Cidades  •  03

Editor e diagramador da página: Lucas Rage - 7º Período

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

Mobilização quer impedir venda de animais no Mercado Central Projeto de lei municipal e abaixo-assinado online, feito por belo-horizontinos, pedem o fim das irregularidades no comércio de animais vivos no tradiconal centro de compras Bhianca Fidelis 5ºPeríodo

Maus-tratos Especialistas que participaram da audiência pública na Câmara também saíram em defesa dos direitos dos animais. Entre os argumentos, estão denúncias de maus-tratos e riscos à saúde dos consumidores. Os alimentos vendidos no mercado podem ser contaminados por micro-organismos, expelidos pelos bichos e difundidos pelo ar. “Entre as doenças, podemos citar a coccidiose, tuberculose causada pela bactéria salmonela”, explicou o veterinário Luiz Wagner Amorim. “Como o local é quente, o estresse térmico faz o animal ficar com o sistema imunológico fraco e

produzir com mais intensidade os agentes causadores de doenças de que é portador”, completou Gilson Dias Rodrigues, também veterinário. Enquanto não há uma solução para o impasse, o cenário continua o mesmo: vendedores e vários tipos de animais – entre eles, cachorros, gatos, pássaros, coelhos e ratos, principalmente, os domésticos, engaiolados uns próximos aos outros – nos corredores do mercado, fora das lojas. Os comerciantes, que negam a existência de maus tratos aos animais, reprimem de forma agressiva o registro fotográfico e entrevistas nas proximidades das lojas, o que é reforçado com placas proibitivas espalhadas pelo local. Fiscalização Um proprietário de loja, que não quis ser identificado, afirmou que a Vigilância Sanitária faz visitas frequentes ao corredor dos animais e que tudo em seu estabelecimento está regularizado. Aparentando nervosismo e descontrole, disse que os seus animais se

alimentam melhor do que ele. “Eles comem melhor do que eu, sabia?” Atualmente, a pena prevista para quem maltratar ou abandonar animais, segundo a Lei Federal 9605/98 Decreto - Lei 24.645/34, é de três meses a um ano de detenção e multa. A assessoria de Imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), por meio de nota oficial, informou que a Vigilância Sanitária faz vistorias frequentes ao Mercado Central; porém, a fiscalização é feita em relação aos alimentos vendidos nos estabelecimentos. A única ação específica no corredor dos animais é com relação às condições de limpeza das gaiolas das aves. Reinaldo Eustáquio Dias, 40, metalúrgico, disse que foi ao mercado comprar um animal doméstico por falta de opção e que não tinha conhecimento do abaixo-assinado ou de possíveis maus tratos aos animais. ‘‘Eu não sabia disso, e o local mais

próximo da minha casa é aqui’’, disse. Segundo ele, sendo um espaço de comercialização de grande porte e ponto turístico, acredita-se que haja uma fiscalização reforçada da Prefeitura de Belo Horizonte. O texto do projeto de lei, que está sendo analisado pela Comissão de Legislação e Justiça, além da proibição da venda de animais no mercado, fixa ainda as condições para o funcionamento de criatórios, pet shops e clínicas veterinárias. A proposta precisa passar pelo crivo de quatro comissões até chegar ao Plenário. A autora da proposta, a vereadora Maria Lúcia Scarpelli, em entrevista à imprensa local, disse esperar que o PL não tenha o mesmo destino de outro, o nº 559/2009, que também proibia a venda de animais no mercado e foi rejeitado pelos parlamentares. Talvez a mobilização da sociedade, a exemplo desse abaixo assinado online, no site da Petição Pública Brasil, seja uma maneira de mostrar aos políticos eleitos para representar essa sociedade qual, de fato, é a vontade da maioria.

Ilustração: Amanda Medeiros

A proibição da venda de animais vivos no Mercado Central retoma debate polêmico na capital mineira. Projeto de Lei (PL) nº 2.178, de autoria da vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), foi discutido em audiência pública no início do mês de junho, na Câmara Municipal. Paralelo à proposta parlamentar, um abaixo -assinado feito por moradores de Belo Horizonte e protetores dos animais, disponível no site da Petição Pública Brasil (www.peticaopublica. com.br), exige uma solução do Ministério Público, Câmara Municipal e da Prefeitura de Belo Horizonte para o comércio irregular e inapropriado dos bichos. O abaixo-assinado está embasado na alegação de que as condições de manutenção desses animais no local são prejudiciais à saúde dos mesmos. Além da

argumentação de que o acondicionamento e exposição dos animais são feitos de forma precária, outro ponto negativo ressaltado é o odor fétido no ambiente, que não possui circulação de ar. Para enganar os clientes e disfarçar o mau cheiro, ventiladores são colocados no interior das próprias lojas.

Direitos universais dos animais 1. Todos os animais têm o mesmo direito à vida. 2. Todos os animais têm o direito ao respeito e à proteção do homem. 3. Nenhum animal deve ser maltratado. 4. Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres em seu habitat. 5. O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca abandonado.

6. Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor. 7. Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida. 8. A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais. 9. Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei. 10. O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.


04  •  Cidades

Editor e diagramador da página: Allan Kleiton - 5º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Ponto

Muros Imaginários Sensibilizar a sociedade contra o preconceito sobre a loucura é o objetivo do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado no dia 18 de maio Foto: Adriane Gomes

Rede de Serviços

Bruna Rodrigues Marcelo Henrique 1˚ Período

Saúde Mental A rede de saúde mental estabelecida por portarias governamentais é composta por: Centros de Atenção Psicossocial Serviços de saúde mental abertos, de atenção diária e inseridos na comunidade, destinados a prestar assistência a pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, a crianças e adolescentes e a pessoas em uso abusivo de álcool e outras drogas.

Por uma sociedade sem manicômios, grupo ensaia para desfile samba ‘Pandecer’, fruto de uma construção coletiva dos usuários do serviço, foi o vencedor do concurso de sambas de enredo, ocorrido no Parque Lagoa do Nado, no último dia 14 de abril. Mobilização Até alguns anos atrás, o tratamento aos portadores de transtornos mentais se restringia às internações em hospitais psiquiátricos. Entretanto as péssimas condições a que eram submetidos os internos destes hospitais, os maus tratos a eles impostos, a ineficácia desse modelo de tratamento e a completa violação de direitos humanos, levaram aos trabalhadores da saúde mental a se mobilizarem contra essas condições. O resultado dessa mobilização foi a elaboração da chamada Reforma Psiquiátrica Brasileira, que está ancorada pela Lei

Federal. O grande mérito dessa lei é que, além de reorientar o modelo assistencial em saúde mental, trata também e principalmente da proteção e dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Cidadania Usuária e membro da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais e do Fórum Mineiro de Saúde Mental, Silvia Maria declara: “A Reforma Psiquiátrica teve várias conquistas nestes anos de luta, mas ainda acontecem mortes e graves violações de direitos humanos em instituições fechadas, como hospitais psiquiátricos, prisões, comunidades terapêuticas, clínicas e etc. A pessoa em sofrimento mental tem conquistado sua cidadania e ocupado os lugares da cidade; no entanto, ainda se depara

com situações de preconceitos e exclusão.” Mas a Reforma Psiquiátrica, mesmo apoiada por uma lei federal, ainda precisa se fortalecer. “Ainda temos muito que lutar por um mundo mais justo e igualitário e o carnavalmanifestação são um convite a toda sociedade para tomar conhecimento dessa causa e de sua implicação na construção de uma sociedade sem manicômios, mais livre e solidária”, complementa Silvia. Deve-se entender o crescimento da liberdade como conquista da cidadania, o caminho a percorrer e que vai ao encontro do sentido dessa luta. Hoje e sempre; até habitarmos uma cidade sem muros, reais ou imaginários, que inviabilizam o acesso à condição de ser pensante e criativo e com seus direitos garantidos. Uma sociedade sem manicômios pressupõe essa liberdade!

Ações de Saúde Mental na Atenção Primária a Saúde Profissionais da saúde mental realizam supervisões, discussão de casos, atendimento compartilhado juntamente com as equipes de saúde da família. No ano de 2008, foi instituído o NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família que conta em sua equipe com pelo menos um profissional com formação em saúde mental. Leitos de Atenção Integral São leitos em hospitais gerais, nos serviços de emergência e nos Serviços Hospitalares de Referência para usuários de Álcool e outras Drogas que oferecem a chamada hospitalidade noturna.

Fotos: Adriane Gomes

Com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, o movimento de luta antimanicomial vem buscando, ao longo dos últimos 25 anos, discutir os avanços na implantação de uma política pública de saúde mental e cobrar do poder público um maior investimento nesse campo. Em 1997, aconteceu pela primeira vez em Belo Horizonte essa manifestação político-cultural no formato de carnaval. A comemoração conta com o desfile da escola de samba Liberdade ainda que Tam Tam, que leva às ruas da cidade usuários, familiares e profissionais da rede de assistência em saúde mental do município e de algumas cidades mineiras. Este ano, trazendo como eixo o tema “SUStentar” a Diferença: Saúde não se Vende, Gente não se Prende”, a manifestação vai convocar a todos na defesa da saúde como um direito universal e como um dever intransferível do Estado. “Nossa manifestação desse ano sustentará a defesa do SUS – Sistema Único de Saúde, cujos princípios reafirmam o direito à vida em plenitude, ao considerar a saúde em seu sentido mais amplo, ou seja, como também o direito ao trabalho, lazer, moradia e cultura. Um sistema único sensível à diferença, para que seja cada vez mais sensível em seu fazer.”, declara Marta Soares, gerente do Centro de Convivência São Paulo, cujo

de

Oficina confecciona fantasias para comemoração que reúne usuários, familias e profissionais de Belo Horizonte e cidades mineiras

Serviço Residencial Terapêutico Moradias inseridas na comunidade destinadas a cuidar de pessoas que estiveram por longo tempo internadas em hospitais psiquiátricos.


Cidades  •  05

Editor e diagramador da página: Isabela Resende - 5º Período

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Palácio de portas abertas Aos 41 anos, o Gigante da Afonso Pena ganhou maturidade e quer mostrar ao povo mineiro que essa é sua casa de cultura

Entrada principal do Pálacio das Artes na Avenida Afonso Pena: espaço cultural investe em divulgação, programação diversificada e parcerias institucionais

Manuela Peixoto Maria Aldeci 1ºPeríodo O Palácio das Artes é uma instituição pública que busca difundir a Arte em suas diversas manifestações. Reconhecido em todo o país por disponibilizar instalações e recursos técnicos para a formação e capacitação de profissionais e produção cultural e artística, tem como objetivo democratizar o acesso a bens culturais. O Palácio está situado na região central, por onde passa um grande fluxo de pessoas, e sua edificação contrasta com o verde do Parque Municipal e o concreto da Avenida Afonso Pena. Em média, realiza por ano 40 espetáculos de dança, 85 shows e concertos de música, 60 peças teatrais, 20 recitais de ópera e 1.100 sessões de cinema. Inaugurado em 1971, o Palácio possui nove espaços, sendo três teatros (Grande Teatro do

Palácio das Artes, Teatro João Ceschiatti e Sala Juvenal Dias); um cinema (Cine Humberto Mauro); três galerias de arte, um espaço educativo e um espaço multiuso (Mari’Stella Tristão). Todos possuem estruturas adequadas aos seus usos, com aparatos técnicos que proporcionam excelência em qualidade, conforto e segurança. Além dos espaços culturais, a instituição possui três corpos artísticos (Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e Companhia de Dança do Palácio das Artes), o CEFAR (Centro de Formação Artística), quatro grupos profissionalizantes (Ballet Jovem, Grupo de Choro, Coral Infantojuvenil e a Big Band Palácio das Artes) e oferece, ainda uma Lutheria, espaço onde são construídos e restaurados instrumentos musicais, tanto do público da casa quanto do público externo. O atendimento

à população é gratuito. Também são gratuitos alguns espetáculos, mostras e exibições e outros saem a preços acessíveis. O Palácio das Artes faz parte da Fundação Clóvis Salgado e foi criado a partir da Lei 5.455

“No ano passado, nós tivemos um público de 950 mil pessoas e, neste ano, nossa meta é ampliar para um milhão” de Incentivo à Cultura. A necessidade de ampliação do acesso e formação de um público voltado para essa área fez com que os prefeitos, por meio de políticas públicas, criassem diretrizes de inclusão cultural que deveriam ser cumpridas pela Fundação e, em contrapartida, o governo subsidiaria e incenti-

varia os projetos desenvolvidos por ela. Inclusão Para tentar atrair mais visitas e um público diversificado, o espaço cultural expandiu sua divulgação, que já era feita em parceria com a Rede Globo e o jornal Estado de Minas. Agora, a divulgação foi ampliada para uma imprensa não tradicional, como rádios comunitárias, Jornal do Ônibus e o Jornal Aqui, que possuem um perfil mais popular. “No ano passado, nós tivemos um público de 950 mil pessoas e, neste ano, nossa meta é ampliar para um milhão”, é o que revela a Assessora Chefe de Comunicação da Fundação Clóvis Salgado, Paula Senna. Além dessa divulgação, o Palácio tem diversificado sua programação, levando alguns eventos para fora do teatro, como apresentações de ópera

e das orquestras Sinfônica e Filarmônica para praças, rodoviária e até o Mercado Central. “O público desses locais correspondeu às nossas expectativas. Mesmo não tendo um conhecimento sobre música clássica, eles se emocionaram. Isso significa que, independente de classe social, o público sabe apreciar o que é bom, basta que ele tenha acesso”, contou a assessora. Esses projetos de inclusão cultural têm obtido êxito. Além das parcerias com escolas públicas e outras instituições que utilizam as visitas guiadas (o que rendeu um público de 589 pessoas só no ano passado), o Palácio também procura incluir seus funcionários nos eventos culturais da Casa, sorteando ingressos e divulgando internamente todos os eventos. Com isso, pretende acabar com a imagem elitista e atrair cada vez mais o público em geral.


06  •  Cotidiano

Editor e diagramador da página: Diego Duarte - 5º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Ponto

Zuenir Ventura e as lições do jornalismo

Fotos: Maria Eduarda Ramos

Repórter do extinto Jornal do Brasil e vencedor do prêmio Vladimir Herzog, pela cobertura do caso Chico Mendes, falou sobre mudanças no mercado, internet, juventude e ética na profissão.

Convidado pela Academia Mineira de Letras, Zuenir Ventura palestrou a jornalistas e convidados sobre os rumos da comunicação

Zuenir Ventura destacou a importância do papel da tecnologia no fazer do jornal

Maria Eduarda Ramos 5ºperiodo Acre, 1988. Nas entranhas da floresta ameaçada pelo desmatamento, ocorria o assassinato do líder da luta ambiental, Chico Mendes. Com 44 anos, Mendes era conhecido por travar uma batalha desarmada contra o crescimento desenfreado das pastagens para o gado. Foi com esse episódio verídico da história brasileira que Zuenir Ventura, um dos maiores jornalista da vanguarda, abriu sua palestra na Academia Mineira de Letras (AML), em Belo Horizonte. O carioca, 81 anos, brindou a plateia, composta por estudantes e profissionais da área, com uma fala informal e envolvente, talento nato do homem que nasceu para contar histórias. O livro Chico Mendes – Crime e Castigo é a coletânea das crônicas e matérias que o jornalista reuniu da cobertura do caso. No Jornal do Brasil, Ventura ficou responsável por noticiar todo o desenrolar do drama no Acre ao chegar na delegacia onde alguns envolvidos na morte de Chico Mendes estavam. Zuenir contou que viu um menino - Genésio Ferreira da Silva - assentado nas escadas da frente. Os prováveis assassinos circulavam por ali e a criança, com pouco mais de sete anos, era a única testemunha das circunstâncias em que o crime acontecera. Sua função era documentar o que via, ser fiel às evidências dos abusos de poder dos grandes proprietários de terra no estado, mostrando a apatia do governo local, já muito corrompido.

Um jornalista não pode escrever longe dos seus personagens, ou seja, como já dizia Ricardo Kotscho, “Lugar de repórter ainda é na rua”, e Zuenir é um exemplo de profissional que se entrega à apuração, mergulha na experiência de suas reportagens e não tem medo de sair do roteiro da pauta ou do conforto das redações. O trágico destino de Genésio Ferreira da Silva, o nortista desamparado e marcado para morrer, assim como Chico Mendes esteve, sensibilizou o jornalista palestrante. Sua primeira atitude foi pedir ao delegado que o colocasse sob proteção em Rio Branco, o que mais tarde se mostrou ineficiente. Isso acabou

A imprensa não deve fazer o papel do Estado. Nosso trabalho é contar o que vemos, não interferir no que é da ordem pública. levando o vencedor do prêmio Vladimir Herzog a adotar o garoto como um de seus filhos. A plateia mineira, muito silenciosa e com os olhares atentos ao homem que se sentava na imponente mesa da Academia Mineira de Letras, não se sentia inibida pelo ambiente de austeridade que a decoração impõe. Zuenir Ventura dava a todo momento uma sensação de ser ainda um aprendiz e ter com seu público uma relação de troca de conhecimentos. Embalado pela atmosfera despretensiosa de Ventura, um dos presentes tomou coragem para questionar os limites da

atuação de um jornalista ou repórter em uma situação como a relatada pelo palestrante. O jornalista responde: “A imprensa não deve fazer o papel do Estado. Nosso trabalho é contar o que vemos, não interferir no que é da ordem da administração pública”. A vida profissional do palestrante, como ele mesmo definiu,“ começou na imprensa livre, e informal. Nós experimentávamos muito, pois a informação ainda não era uma indústria”. Zuenir abriu a reflexão para o papel da tecnologia no fazer jornalístico, como se adequar à demanda cada vez mais insana por imediatismo que assola a profundidade e inunda os veículos de coberturas superficiais dos fatos. As manifestações a favor do impresso foram muitas e exaltadas. “A nova geração não lê um jornal!”, e “os jovens estão desencantados do mundo!” Essas frases foram exclamadas pelos mais velhos quando o assunto focou a modernidade, tecnologia e futuro. Incitados pela fala dos mais jovens sobre a adaptação do profissional à tecnologia não significar a “morte” do impresso, esses ouviram a pergunta que ficou sem resposta: “Vocês serão meros gestores de informação?” Zuenir Ventura e José Eustáquio de Oliveira – Presidente da AML – ocuparam seus lugares à mesa de madeira maciça, como dois juízes, com a incumbência de determinar quem tem razão: os novos, ou os velhos? Não houve sentença. Ali todos aprendíamos. A AML tampouco é um fórum de julgamento, senão o contrário: um fórum de pensamento. Quem dera todos magistrados pensassem como Zuenir.

Obras de destaque

(1968) - Best-seller inspiração para a minissérie da Rede Globo, “Anos Rebeldes”

(1994) - Cidade Partida

(1998) - Inveja: Mal Secreto

(2003) - Chico Mendes Crime e Castigo


Editor e diagramador da página: Conrado Braz - 5º Período

Esportes • 07

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

Dentro de campo, a linguagem é a mesma Globalização promove a diversidade cultural no futebol vistam a sua gloriosa camisa. A restrição não é estendida a técnicos, tanto que o clube foi comandado na última temporada pelo argentino Marcelo Bielsa. Como iniciativa de marketing, o Corinthians contratou em janeiro deste ano o atacante chinês Chen Zhizhao, de 23 anos. Além de apostar em um atleta novo, o “Timão” busca, principalmente, expandir a marca do clube no mercado oriental.

Arte: Conrado Braz

A diversidade no futebol mundial: montagem feita com fotos de vários jogadores DIEGO DUARTE TÚLIO KAIZER 5˚ PERÍODO Futebol, soccer, fútbol, ou calcio... Seja qual for o idioma, o esporte mais popular move paixões de milhares de pessoas ao redor do mundo. É praticamente impossível não relacionar o esporte ao Brasil, haja vista o rótulo de “país do futebol”. Essa identidade cultural que permeia no histórico do país vem de longas datas, desde a chegada do esporte “bretão” ao Brasil, trazido pelo paulista Charles Miller, em 1894, após uma viagem à Inglaterra. A massificação do futebol, associada à “paixão”, ao nacionalismo e, até mesmo, ao fanatismo, movimentou momentos históricos. Como se esquecer do hino entoado até hoje: “Noventa milhões em ação. Pra frente Brasil. Salve a seleção!”, referente ao tri-campeonato da seleção brasileira em 1970, no México. Ele é associado ao contexto da ditadura militar e propaganda política do então presidente e general Emílio Garrastazu Médici. O que que-

remos demonstrar é que essa paixão vai além do cultural e passeia pelos mais diversos campos, seja ele econômico, político e social. Sem fronteiras Nos dias de hoje, existe uma miscigenação em todo o futebol mundial. A forte entrada de investidores das principais multinacionais deu um ganho muito grande ao esporte e fez com que o futebol não tivesse fronteiras, tanto no quesito cultural quanto no econômico. Na última rodada do Campeonato Italiano desta temporada, a Internazionale de Milão enfrentou a Lazio fora de casa. A Inter entrou em campo com Castellazzi (italiano), Maicon, Lúcio (brasileiros), Nagatomo (Japonês), Guarín (colombiano), Poli (italiano), além de Samuel, Zanetti, Cambiasso, Alvarez e Milito, todos argentinos. Ou seja, apenas dois jogadores nasceram na Itália e jogam por uma equipe italiana. No elenco atual, são 30 jogadores de 11 nacionalidades diferentes, sendo que os italianos representam apenas um terço do elenco completo.

Apesar de não vencer, a seleção da Alemanha foi uma das que encantaram o mundo com o seu jeito de jogar. Poucos sabem, no entanto, que vários jogadores convocados para a Copa do Mundo da África do Sul são naturalizados. O meia Marko Marin é Bósnio; Piotr Trochowski, outro meia, é polonês, junto com os atacantes Miroslav Klose e Lukas Podolski; além do atacante brasileiro Cacau. Há, ainda, a situação do meia Mesut Ozil, que nasceu e cresceu na Alemanha, mas é filho de pais turcos, o que causou bastante polêmica antes do último mundial. Apesar de toda essa diferença cultural, os 23 jogadores convocados para a última Copa do Mundo jogavam na Alemanha, fato que aconteceu também nas seleções inglesa e italiana. Na contramão desse processo de mistura de culturas no futebol, está o Athletic Bilbao, da Espanha. O clube, fundado por britânicos, é um símbolo da identidade basca e permite que apenas atletas nascidos ou desenvolvidos no país basco, Navarra ou Iparralde,

SAY NO TO RACISM Apesar de o futebol trazer como proposta a busca pela união, a diversidade, além do engajamento social, nem sempre essas situações ocorrem na prática. Casos de racismo, tanto dentro ou fora do território brasileiro, já não são novidades, mas infelizmente a falta de punição severa ainda permanece. Veja alguns casos que ganharam destaque na mídia:

Papo de boleiros A experiência dos jogadores brasileiros fora do país não é novidade. Revelado na base do Cruzeiro, o atacante Guilherme, 22 anos, que hoje joga no Atlético Mineiro, passou por clubes como o Dynamo de Kiev, da Ucrânia, e CSKA de Moscou, da Rússia. Além de ter sofrido com várias lesões, Guilherme apontou quais foram as dificuldades para se adaptar nos dois países onde jogou. “As principais dificuldades são o clima, idioma e a cultura em geral. É tudo muito diferente do Brasil e sofri bastante com o frio que não imaginava que fosse tão intenso. Já dentro de campo, o estilo de jogo exige muito mais força do que técnica, que é uma das principais virtudes do jogador brasileiro”, relatou o artilheiro. O lateral direito Jonathan, 26 anos, jogador que pertence à Inter de Milão, também relatou como está sendo sua experiência com a cultura italiana e destacou a presença da família como fator fundamental para a adaptação: “No início, tudo é complicado. Ficar longe de casa, da família e dos amigos, principalmente. Mas são coisas com as quais você se habitua e tenta minimizar com o passar do tempo. Depois que minha filha e esposa vieram comigo, facilitou bastante esse processo. Agora, já estou mais adaptado, arriscando até falar em italiano”.

No ano de 2005, pela Libertadores da América, o atacante Grafite, que jogava pelo São Paulo, afirmou ter sido chamado de macaco pelo zagueiro Desábato, do Quilmes Atlético Clubes. Oa ex-atacante são-paulino prestou queixa e Desábato ficou preso por dois dias em São Paulo. O argentino foi solto após pagar uma fiança de R$10 mil e retornou a Buenos Aires.

No ano passado, o lateralesquerdo Roberto Carlos, que joga pelo Anzhi, da Rússia, também foi vítima de preconceito. Durante seu aquecimento, torcedores do Zenit mostraram uma banana para o jogador e também o chamaram de macaco.

Fotos: Divulgação

Mário Balotelli

Diego

Robben

Shevchenko

Kaká

Antes da partida entre Emelec e Flamengo, pela Libertadores deste ano, torcedores do time equatoriano começaram a imitar um macaco assim que o atacante rubro-negro Vágner Love entrou em campo.


08 • Esportes Belo Horizonte, agosto de 2012

O Po

Ronaldinho Gaúcho é também Fenômeno

Craque brasileiro chega ao Atlético e transforma rotina de imprensa e torcedores. Clube esperar lucrar alto com imagem do atleta ALESSANDRA COSTA E CÉZAR VOUGUINHA 7ºPERÍODO

Os clubes de Minas Gerais sempre tiveram grande expressão no cenário nacional. O estado é o único do país a ter times campeões nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Não é surpresa que bons jogadores escolham o futebol mineiro para atuar. Por aqui já passaram grandes estrelas como o goleiro Taffarel, o meio-campista pentacampeão Rivaldo, os atacantes Edmundo e Ronaldo Fenômeno, e até mesmo o artilheiro Romário chegou a ser anunciado pelo Tupi, de Juiz de Fora, quando ainda buscava a marca dos mil gols em sua carreira. Porém o baixinho não chegou a atuar pelo Galo Carijó. Mas nenhuma dessas contratações teve tanto impacto quanto a de Ronaldinho Gaúcho. O jogador foi anunciado pelo Atlético em uma negociação surpreendente que movimentou o futebol mineiro. Ronaldo de Assis Moreira, 32 anos, conhecido mundialmente como Ronaldinho Gaúcho. Duas vezes melhor jogador do planeta, campeão do mundo em 2002 com a Seleção Brasileira e símbolo máximo da ascensão recente do Barcelona. Revelado no Grêmio, com passagens também por Paris SaintGermain (França) e Milan (Itália), Ronaldo voltou ao Brasil em dezembro de 2010 para atuar pelo Flamengo. O casamento com os cariocas terminou no final de maio deste ano e da pior maneira possível, na Justiça. Agora, o seu novo relacionamento é com o Galo, em Belo Horizonte. A transferência de Gaúcho para BH movimentou o dia 04 de junho. Uma segunda-feira sem maiores pretensões no estado quando informações ainda desencontradas surgiam em redes sociais. Jornalistas do sul do país cravavam que Ronaldinho estava prestes a assinar contrato com o clube mineiro e em poucas horas seria anunciado. Foi a largada para a apuração da notícia. A transação bombástica foi feita sem envolvimento de muitos personagens. Passos friamente calculados para evitar qualquer vazamento de notícias que pudessem prejudicar a negociação. Um quebra-cabeça de informações começou a ser montado. Torcedores, jornalistas e informantes trocavam “figurinhas” e pistas sobre o jogador em BH. Câmeras, microfones e helicópteros Assessoria e dirigentes do Atlético não respondiam às chamadas da imprensa. O negócio já estava fechado quando os rumores apareceram. Alexandre Kalil, presidente do clube, Ronaldinho e seu irmão e empresário Roberto Assis desembarcaram em voo fretado na Pampulha naquela manhã e foram direto para Cidade do Galo, em Vespasiano. Lá os atletas do Atlético chegavam para uma tarde de treino jamais vista até então. Foi o primeiro contato do elenco com o Gaúcho. Enquanto Ronaldinho era apresentado à nova casa, a imprensa não titubeou e foi para a porta do CT, ainda sem a confirmação. A repórter do Globo

Esporte / Minas Gerais, Luciana Machado, não estava entre os profissionais que iriam para a Cidade do Galo naquela tarde, mas, com a chegada do jogador, os planos mudaram. “Cheguei à Rede Globo por volta das 14 horas e de lá saí correndo para o centro de treinamento. O objetivo era aumentar a equipe para recolhermos o máximo de material sobre o Ronaldinho”, comentou a jornalista. Filas de carro se aglomeravam atrás de uma informação, mas foi feita do céu a primeira imagem do atleta vestindo o uniforme do Atlético. Dois helicópteros de emissoras locais foram para a Cidade do Galo e, no momento do treino, o jogador deixou o quarto em que estava instalado para se aquecer no gramado. Aquela foi a confirmação de que Ronaldinho havia assinado contrato com seu novo clube. As cenas aéreas do jogador com o grupo deixaram os torcedores entusiasmados, mas não mais que as primeiras fotos disponibilizadas pela internet. O responsável pelos primeiros cliques de Ronaldinho com a camisa do Galo foi o fotógrafo Bruno Cantini, contratado do clube desde 2006. Cantini fez as imagens antes de toda a imprensa subir para o treino, e logo disponibilizou na grande rede por meio de um site de hospedagem oficial do clube. Em poucos minutos, elas já estavam espalhadas pelo mundo. “Fiquei surpreso com a repercussão. Para o nosso espanto, em pouco mais de dez minutos, uma delas alcançou mais de sete mil visitas, e o resultado de tudo isso foi que as fotos realmente rodaram o planeta, com divulgação em sites de países na Ásia, Oriente Médio, Europa. Fiquei bastante satisfeito”, comemorou o fotógrafo. Não só as fotos tiveram números impressionantes. O site oficial do Atlético e da TV Galo registraram, naquela segunda-feira, 800% a mais de acesso dos internautas, segundo o gerente multimídia do clube, Emmerson Maurílio. De acordo com ele, a exposição internacional também foi alavancada com a chegada do craque. “A procura pela área de comunicação do clube aumentou drasticamente no primeiro dia. Foi extremamente positiva. O atleta, por ser personagem forte na mídia mundial, alavancou muito a exposição do clube no exterior em países que não imaginávamos. Tivemos notícias de imagens da TV Galo veiculadas pela Al Jazeera em países árabes (como Egito, Israel) e asiáticos. Localizamos material publicado na América do Sul e Europa como um todo. Nem mesmo a dificuldade da língua nos impossibilitou de achar facilmente matérias espalhadas pela Ásia. Muitos veículos por todo o Brasil e algumas agências de notícias do exterior fizeram contato pela primeira vez. Somente uma das agências internacionais que nos procurou distribuiu nossas imagens para mais de 400 veículos pelo mundo”. O presidente Alexandre Kalil esperou o fim das atividades para conceder a entre-

vista coletiva de anúncio do jogador. Comemorando o acerto, o mandatário destacou a mobilização da imprensa por Ronaldinho .“A torcida estava querendo o camisa dez e ele está aí. E é um camisa dez de peso, de respeito! É um jogador que colocou dois helicópteros em cima do CT”. O primeiro contato com a “Massa” O relógio marcava 20 horas e 8 minutos do dia 06 de junho, quando os presentes na Arena Independência gritaram :“Ah, é Ronaldinho”. Aquela foi a primeira reverência da torcida atleticana ao jogador, que minutos antes desembarcou do ônibus junto com todo o elenco rumo ao vestiário. Em pontos estratégicos, equipes de televisão e fotógrafos se posicionaram pela melhor imagem. Trajando uma camisa branca e calça preta, além de sua boina inseparável, Ronaldinho já estava alvinegro, mas uniforme de jogo não foi o que ele vestiu naquela noite. O atleta não teve seu nome inscrito no BID da CBF (Boletim Informativo Diário) e assim não ganhou condições de jogo contra o Bahia, adversário daquela noite. Com isso, o craque virou torcedor e, ao lado de André e Neto Berola, seus novos companheiros, acompanhou a partida em um espaço reservado, sem presença da imprensa e curiosos. Os torcedores esperavam que Ronaldinho desfilasse pelo gramado vestindo sua camisa 49. Muitos foram ao estádio na expectativa de ver pela primeira vez o ídolo com o uniforme alvinegro. Mas não foi desta vez, o que causou decepção não só nos atleticanos, como também na mídia presente. Nos primeiros minutos de jogo, Ronaldinho fez comentários com André, seu futuro companheiro de ataque, e demonstrava satisfação ao olhar para a torcida. A casa cheia deixou o jogador

admirado. Uma vez ou outra Ronaldinho levantava, passava as mãos sobre o rosto e mantinha o olhar fixo no gramado. Quando estava em pé, Gaúcho cruzava os braços e torcia pelos novos colegas. Esperou o apito final


Editor: Lucas Rage - 7º Período - Diagramadores da página: Vitor Komura - 7º Período - Diego Duarte e Túlio Kaizer - 5º Periodo

onto

Esportes • 09 Belo Horizonte, agosto de 2012 Fotos: Bruno Cantini

Carreira do R49

Jogos: 94 Gols: 33 do primeiro tempo para descer ao vestiário. No retorno para a etapa final, ele chegou minutos antes de Jô balançar as redes, mas o lance foi invalidado pelo juiz. Não demorou muito para poder comemorar de verdade. Na cobrança de pênalti, ele viu o Atlético abrir o placar. Celebrou com os dedos para cima e aplaudiu a boa finalização. Muitas vezes se levantava e ficava sozinho, mas logo retornava para perto dos presentes para fazer comentários sorridentes. Sorriso que se escondeu no gol do Bahia, e nos minutos finais lamentou duas boas chances desperdiçadas na trave. Para registrar cada lance do atleta, foi preciso que fotógrafos deixassem o jogo em segundo plano. Todas as lentes estavam focadas em Ronaldo. O jogador virou pauta não só para matérias jornalísticas, como também de uma reunião entre a emissora detentora dos direitos do Campeonato Brasileiro, o clube, a assessoria de comunicação da Federação Mineira de Futebol e a empresa gestora da Arena Independência, a BWA.

Foto: Gabriel Castro

Imprensa mineira em alta Na entrevista coletiva, Alexandre Kalil mandou um recado para todo o país: “Minas Gerais está no mapa. Gostaria de avisar para todo o Brasil que atrás das montanhas tem um clube grande, capaz e competente”. As palavras ditas pelo presidente são referentes ao Atlético, mas confirmam a expectativa de diversos jornalistas que comemoram a oportunidade de acompanhar o jogador e poder levar seu trabalho para todo o país. Luciana Machado trabalha com o esporte mineiro desde 2003, e, segundo ela, a única contratação parecida com a de Ronaldinho foi a de Rivaldo, em 2004, pelo Cruzeiro. Com a chegada de Gaúcho, Minas Gerais passou a ser notícia em todo Brasil. “Com certeza absoluta, a contratação do Ronaldinho abrirá mais espaço para a imprensa mineira no cenário nacional. Todo dia, o que chamamos de jornais de rede (Jornal Nacional, Esporte Espetacular) querem notícias do jogador. Essa é a oportunidade que nós, mineiros, temos de aparecer para o país inteiro, levando uma matéria de interesse mundial”. Quem também vai conviver diariamente com Ronaldinho será Bruno Cantini. O fotógrafo assume que o foco mudou desde a apresentação do atleta. “É diferente, o foco passou a ser ele, e acho que vai ser assim por muito tempo, uma boa imagem dele será capa de jornal certamente, sem contar os milhares de sites que vão continuar publicando em suas primeiras páginas”. Para continuar seguindo de perto os passos de Ronaldo no Galo, a imprensa mineira tratou de se adaptar à chegada do craque. Um exemplo foi a Rádio Minas ESPN Estadão, que mandou uma equipe especial para acompanhar a estreia do jogador pelo clube, no dia 09 de junho, em São Paulo. A partida foi contra o Palmeiras e

cinco profissionais estavam no Pacaembu para ver in loco os primeiros lances do jogador com a camisa do Atlético. Um dos jornalistas escalados pela rádio foi Alexandre Silva, que exaltou a importância de presenciar esse momento. “A rádio faz viagens regulares, mas a estreia do Ronaldinho foi o fator fundamental para irmos até São Paulo. Foi um momento de registro histórico, onde uma grande estrela fez seu primeiro jogo com a camisa do Atlético. Apesar de que isso só poderá ser mensurado no futuro, caso a contratação venha a render frutos”. Porém, o que mais chamou a atenção de Alexandre não foi a atuação de Ronaldinho, e sim os olhares que o jogador atraiu da imprensa nacional, visando Minas Gerais. “Acho que nunca vi a imprensa paulista falar tanto de Atlético quanto naquele sábado. O assunto na sala de imprensa do Pacaembu ,quando cheguei, era Atlético. Parecia jogo em Minas. “E o Ronaldinho?” era a pergunta que mais se ouvia. Ao final da partida, notamos o mesmo comportamento. Ronaldinho falou por mais de 5 minutos com todos. Mas o mais impressionante foi após o jogo, nos vestiários. Todos os jornalistas estavam na porta do vestiário do Galo, esperando a saída do jogador. Destaco que até mesmo a imprensa não-esportiva pouca repercussão deu à coletiva de Felipão, técnico do time da casa. Isso demonstra o tamanho da estrela do jogador, que, se souber ser aproveitada, renderá ótimos frutos ao Galo e ao futebol de Minas Gerais.

“O foco passou a ser ele e acho que vai ser assim por muito tempo, uma boa imagem dele será capa de jornal certamente, sem contar os milhares de sites que vão continuar publicando em suas primeiras páginas”. Bruno Cantini Estreia em casa e “Ronaldinho de BH” Depois de duas partidas na capital paulista (Palmeiras e São Paulo), o dia 23 de junho foi a data em que Ronaldinho jogou pela primeira vez com a camisa atleticana em BH. Câmeras e holofotes voltados para o astro, que ainda não havia marcado gol pelo novo clube (Ronaldinho foi um dos autores dos gols na vitória por 5x1 sobre o Náutico). A vitória e o gol deixaram inflamados de felicidade os torcedores do Galo, que, aos poucos, vão se acostumando a ver R49 (como é chamado pela crítica devido ao número da sua camisa) com o símbolo do clube. Ronaldinho vai se transformando dia-a-dia em patrimônio do futebol mineiro. Além das boas atuações dentro de campo, Ronaldo

já se tornou um belo-horizontino especial. Mesmo sem erguer um troféu, o craque já ganhou no dia 30 de julho o título de cidadão honorário da capital mineira, iniciativa promovida pelo vereador e vice-presidente do clube, Daniel Nepomuceno. Se nos primeiros momentos de clube o alarde foi impressionante em cima do jogador, semanas depois de sua chegada a imprensa também vai se familiarizando com o atleta. Responsável pelo credenciamento de toda a mídia na Arena Independência, Nina de Abreu Carvalho, assessora da BWA Arena e da Federação Mineira de Futebol ,esperava uma presença maior na partida contra o Náutico. “Credenciamos mais profissionais na partida contra o Bahia, logo após sua contratação, do que nesta estreia em Belo Horizonte. Acredito que o jogador dividiu os flashes daquela noite com a edição do UFC, realizada no Mineirinho. Com isso, muitos fotógrafos foram para o ginásio acompanhar as lutas, mas, mesmo assim, os números foram maiores do que o comum nas partidas do Atlético. Vejo que será assim a partir de agora”. Funcionário do clube desde 2001, Emmerson Maurílio é o responsável por toda a parte de produção em vídeo (internos e TV Galo); fotografia; clippagem (jornal, rádio, internet e TV); gerência da parte técnica dos sites; mídias sociais. Segundo ele, o momento mais impactante com relação à imprensa e aos números de acesso e distribuição de material foi o do centenário do Atlético, em 2008. Para proteger a imagem do atleta, os funcionários do clube trabalham internamente, mas contam com a satisfação de Ronaldinho por estar no Atlético. “Uma das nossas preocupações, claro, é proteger o jogador ao evitar a sua exposição a problemas que tenham ocorrido antes da sua chegada ao clube. Obviamente que a procura por ele é alta, mas tem sido relativamente tranquilo. Acho que o maior sinal disso é que o próprio atleta tem se sentido muito bem dentro da estrutura do clube, e tem demonstrado isso em suas entrevistas”. O resultado dentro de campo só será conhecido ao final de seu contrato, dezembro deste ano. Até lá, Ronaldinho realizará diversos jogos com a camisa do Atlético, levando milhares de torcedores aos estádios brasileiros e sendo manchete de vários veículos, independentemente de serem de Minas Gerais, nacionais ou até mesmo internacionais. Se gols e títulos virão, não dá para afirmar ainda, apesar de alguns jornalistas apostarem no insucesso do jogador em BH. A única certeza que se tem é que Ronaldinho Gaúcho mudou a rotina da cidade, dos jornalistas e dos torcedores, sejam alvinegros ou não. Independentemente de repetir as jogadas mágicas que o consagraram, é provável que Ronaldo continue acompanhado de um brilho especial, mesmo que seja de um flash fotográfico.

Jogos: 145 Gols: 72

Jogos: 77 Gols: 25

Jogos: 249 Gols: 108

Jogos: 116 Gols: 29

Jogos: 72 Gols: 28

Jogos: 5 Gols: 1


10  •  Meio Ambiente

Editor e diagramador da página: Giovani Rodrigues - 5º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

Recicl rte

O Ponto

Fotos: Giovani Rodrigues

Acúmulo de lixo e resíduos suscita discussões na sociedade e incentiva artistas a fazerem dos “restos” a matéria-prima de seus trabalhos Marciano Arcanjo 5˚ Período

Com o uso da solda elétrica, os artistas plásticos Alisson Brito e Matheus Romualdo criam esculturas a partir de sucata metálica

Com a realização da Rio + 20, conferência que visou mobilizar todo o mundo em torno do tema da sustentabilidade, as discussões sobre o que devemos fazer com o lixo que produzimos tornaram-se cada vez mais frequentes. A sociedade moderna e seu consumismo em massa trazem dados alarmantes: só em Belo Horizonte, de acordo com a SLU, o lixo aumenta três vezes mais do que a população. Garrafas PET, isopor, latas, copos descartáveis, sacolas plásticas e outros tipos de resíduos são acumulados dia após dia no aterro de Sabará, na Região Metropolitana da Capital, em progressão geométrica. A preocupação com a destinação de tanto lixo já foi tema de documentário, como no caso do artista plástico Vick Muniz. Em “O Lixo Extraordinário”, Muniz mostra o processo de fabricação de sua arte dentro de um lixão, servindo de exemplo para a reciclagem no mundo todo. Os artistas mineiros Mateus Romualdo e Alisson Brito trabalham com materiais descartáveis. O lixo que utilizam vai aos poucos tomando a forma de cobras metálicas, borboletas, grilos. O sonho de Alisson Brito em produzir arte com material reciclável se deu por meio do curso de Belas Artes na UFMG, onde conheceu o parceiro e também artista plástico Mateus,

que o ajudou a iniciar o projeto. Um dos motivos que os levaram a trabalhar com material reutilizável é a facilidade de encontrar matéria-prima com baixo custo. Além disso, suas obras têm a vantagem de mostrar à sociedade como é possível reverter em arte o lixo poluente que acumulamos. Projeto Asas Iniciativas de reutilização de lixo e conscientização dos cidadãos vêm se tornando prática mais comum em Belo Horizonte. O Projeto Asas, do curso de Design da Universidade Fumec, é um programa de extensão que abrange as comunidades carentes da capital com o objetivo de auxiliar grupos de moradores interessados em aprender técnicas de confecção artística por meio da reciclagem. A coordenadora do projeto Asas, professora Nataxa Rena, analisa que a reutilização visa trabalhar em torno do improviso da favela. “Eles usam materiais mal acabados, com a cara do que realmente manuseiam. Também são feitas peças com retalhos de pano, doados por empresas”, relata a coordenadora. “As oficinas que produzem os trabalhos de modelagem ficam na comunidade Vila Cafezal, um dos locais onde está o público específico das oficinas”, conclui. O programa do projeto responde a um planejamento que alia o envolvimento dos alunos, bem como de toda a

sociedade. As oficinas, ministradas aos sábados, são abertas para qualquer pessoa visitar, participar e comprar os produtos ali confeccionados. Lixo eletrônico Comprar em nossa cultura envolve diversos fatores. O ato de acumular tantos objetos e sustentar tantas indústrias comprova o fato de que, na maioria das vezes, não é só a necessidade que impulsiona o consumo. O lixo eletrônico é prova cabal de como os produtos são perecíveis. Até mesmo os de alto custo para o bolso dos compradores têm encurtado sua vida útil, seja pela tendência, estética ou inovação do mercado. O descarte impróprio desses objetos é uma das ações mais prejudiciais para as cidades e para a natureza. Poucos sabem o procedimento correto de jogálos fora. Em Belo Horizonte, a Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel), a Associação Municipal de Assistência Social (AMAS) e a ONG CDI Minas são, hoje, responsáveis pelo recolhimento desse tipo de material. Dessa forma, o lixo que produzimos, seja individual ou coletivamente, mostra como vivemos. Encontrar formas de lidar com o “resto” de todos demonstra a evolução das consciências para reciclar, também, os hábitos que o planeta não suporta mais.


Editores: Diego Duarte e Túlio Kaizer - Diagramadores da página: Diego Duarte, Renato Mesquita e Túlio Kaizer - 5º Período

Comportamento • 11

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

#Seuchefenãocurteisso Status

Fotos/vídeos

Jornal O Ponto

Perguntar

Dois eventos esta semana

Patrões analisam a polêmica das redes sociais no trabalho

Aniversariantes do dia

Entrevista Vitor Mansur, 23 anos, Estudante de Mestrado em Engenharia de Redes de Comunicações no Instituto Superior Técnico e gerente de TI na GCTbio S/A.

Imagens: Internet

Em sua opinião, o bloqueio das redes sociais para os funcionários funciona nos escritórios?

RENATO MESQUITA 5º PERÍODO Em tempos de Facebook, Twitter e Flickr, não é novidade para ninguém que as redes sociais são instrumentos fundamentais para estabelecer uma interligação das diversas áreas da comunicação, além de auxiliar o indivíduo em seu marketing pessoal e profissional. Mas, qual é o limite? Até que ponto as redes sociais podem interferir no ambiente corporativo ou, até mesmo, na contratação e demissão de um profissional? Vimos, recentemente, que a americana Jessica Elizabeth, garçonete em um clube de Chicago, foi demitida por fazer comentários racistas no Facebook. Após postar insultos contra alguns clientes em sua página particular, a garota foi descoberta pelo seu antigo patrão. É importante deixar claro que atitudes como essas são totalmente intoleráveis e devem ser repreendidas. A análise que buscamos é: qual o peso do comportamento do empregado nas redes sociais e até quanto isso pode comprometer suas relações de trabalho. Imagem Muitas pessoas esquecem que as redes sociais são domínios públicos e que a maior parte das suas informações pode ser acessada por qualquer um. Comentários, fotos, comportamento e

outras situações que parecem normais para você e seus amigos, muitas vezes, não são muito bem vistas e podem comprometer sua imagem perante colegas de trabalho ou, até mesmo, seu chefe. Além disso, em casos mais sérios, como o da garçonete americana, podem colocar em risco a imagem da empresa. Para Carlos Brant, editor

“O comportamento nas redes é importante, mas nada substitui a percepção pessoal do funcionário”, Humberto Pereira Filho, diretor executivo do Jornal da Cidade chefe do portal MG Esportes, as redes sociais são ferramentas eficazes e fundamentais no mercado de trabalho. Elas podem auxiliar na carreira profissional através do networking e possibilitar novas recolocações ou a inicialização no mercado, além de oferecer um espaço exclusivo para a divulgação de currículos. Para ele, o comportamento do empregado nas redes sociais influencia na sua contratação e (ou) demissão. “Com certeza. Hoje em dia, várias empresas levam em conta o comporta-

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mento de seus funcionários como um fator relevante para a sua contratação ou manutenção. Um bom profissional sabe manter a postura onde quer que esteja”. Controle Ao ser questionado sobre se o chefe deve ficar atento ao que acontece nas redes sociais dos empregados, Brant responde: “Não que deva haver uma vigilância 24h, mas é bom estar sempre atento para que o seu comportamento não fuja das normas da empresa”. Já Humberto Pereira Filho, diretor executivo do Jornal da Cidade, tem outra visão. “Isso é muito relativo. O comportamento nas redes é importante, mas nada substitui a percepção pessoal do funcionário. Muitos erram no meio virtual por inocência ou falta de maldade. Caso alguém cometa alguma falta grave no ambiente virtual e desempenhe suas funções na empresa de maneira satisfatória, seria melhor uma conversa, antes de tudo, para entender o ocorrido. Agora, se isso continuar, pode ser caso de demissão.” Então, fica o alerta: se no próximo churrasco da galera você tirar uma foto bêbado pulando pelado na piscina e colocá-la no Facebook, não ache estranho se seus colegas de trabalho olharem para você com cara feia, ou pior, o chefe chamá-lo para uma conversinha...

Acredito que não funciona, pois o funcionário que não quer trabalhar vai acabar encontrando outra forma para fugir do serviço. Eu sou a favor de não bloquear estes sites, acredito que temos que ter breves intervalos no trabalho e dar uma pequena “fugida” às redes sociais pode ser uma solução, mas isso deve ser uma coisa devidamente monitorada. Porém, não tem como garantir que a pausa do funcionário vai durar apenas cinco minutos. Existem ainda outros fatores a serem analisados quando esses sites vão ser bloqueados. Uma das coisas que sempre deve ser levada em conta é quem são as pessoas que terão esse tipo de site bloqueado. Por exemplo, em uma faculdade, no laboratório de informática, disponibilizado para os alunos fazerem trabalhos e projetos, sou a favor de bloquear esses sites, pois pode acontecer de algum aluno ser prejudicado caso não haja um computador para ele trabalhar, enquanto as outras máquinas estão sendo usadas para atividades não acadêmicas.

Atualizações recentes Chefe Agora que já vi o que meus funcionários estão fazendo, hora de descansar. Medidas serão tomadas. Abraços.

Estagiário Vida boa. Fazendo nada no serviço. Chefe passando mal... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkk

Assessor Fechando Deus é fiel.

novo

Vigia Sempre alerta. O chefe apareceu, eu fecho o facebook.

Informática Liberei a rede de computadores para ficar no face. Hoje, todo mundo no serviço vai ficar à toa. #festanaempresa

Bate-papo Faxineira Estagiário Estagiário Estagiário Estagiário Chefe Diretor Presidente

Já escutamos algumas vezes que a desculpa para o bloqueio é que esses sites são vistos como uma ameaça à segurança da empresa. O uso de qualquer rede social gera, realmente, algum perigo para o sistema ou informações da empresa? Não. Uma coisa que aprendemos é que não dá pra confiar no usuário. Ele consegue fazer cada coisa que nem imaginamos, mas não acredito que isso seja o suficiente para ameaçar as informações de uma empresa. Existem outros sites que aparentam ser muito mais “seguros”, porém, podem trazer um perigo muito maior.

contrato.

Adminstrador Telemarketing Informática Assessor Telefonista Recepcionista Porteiro Vigia Copeira Procurar


12  •  Cultura

Editor e diagramador da página: Anna Cláudia Castro - 5º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Ponto

Discoteca Pública resgata tradição do vinil Acervo contém mais de treze mil discos brasileiros de todos os gêneros e estilos Foto: divulgação

Motivado pela necessidade de um lugar específico para pesquisar sobre a música brasileira, Eduardo Pampani, grande colecionador de vinis, criou em 2005, com a ajuda de Ricardo Guima, amigo e assistente de produção, a Discoteca Pública, localizada no bairro Floresta, em Belo Horizonte. O projeto, que contabiliza mais de treze mil discos brasileiros de todos os gêneros e estilos, do chorinho ao rock, e coleções de humor de Ary Toledo e Dercy Gonçalves, lançados desde a década de 50, possui um setor específico de canção mineira. Algumas raridades da música brasileira estão presentes na Discoteca, como os discos mais antigos de 78 RPM, o primeiro álbum duplo do Brasil – ‘’Fatal’’, de Gal Costa, de 1972 e “Chega de saudade’’, de João Gilberto, edição original de 1959, um dos mais procurados pelo país inteiro. O Disco de Vinil, conhecido como LP (long play) ou “bolachão”, foi um suporte criado

na década de 1950 para reproduzir músicas por meio de um toca-discos. Era envolto por um material de plástico chamado vinil; daí a origem do nome. Ele substituiu os discos de “gomalaca” (resina usada na fabricação do LP), de 78 RPM (rotação por minuto), utilizados até então. Trocas “O acervo é uma espécie de museu”, justifica Ricardo, motivo pelo qual esse material não é comercializado. No entanto, são feitas trocas - há, inclusive, uma prateleira reservada apenas para esse fim. A discoteca, que funciona de segunda a sexta-feira, oferece o serviço de digitalização de vinis e está aberta para aqueles que desejam fazer pesquisas ou, simplesmente, ouvir um bom e velho “bolachão’’. Ela recebe públicos dos mais variados gostos e de todas as idades. Cada vez mais aumenta a procura dos jovens, entre 16 e 25 anos, pelos LP’s e são eles quem mais frequenta o local. “O que fez o projeto dar certo foi a experiência anterior com a música, já que ninguém assume um projeto desse sem uma estrada já caminhada”, diz Ricardo.

É feito um trabalho minucioso com os discos: catalogação, organização por gênero, estilo técnico, artista, título, ano, gravadora e formato; tudo em rigorosa ordem alfa-

Feira Para manter viva essa tradição, todo segundo sábado do mês, a Discoteca realiza a “Feira do Vinil e Cd’s Independentes”, quando se reúnem várias lojas

Foto: divulgação

Flávia Parreiras e Lívia Ferraz 1ºPeríodo

Álbuns de destaque e raros fazem parte do acervo bética. Por ser um material muito delicado, os discos são lavados quando chegam à Discoteca e guardados verticalmente, sempre com a capa de proteção, já que qualquer arranhão ou poeira podem danificá-los.

especializadas, colecionadores de LP’s, pesquisadores musicais e os grandes fãs desse suporte extinto. A Feira acontece na Galeria Inconfidentes, no bairro Savassi, com entrada gratuita e sempre homenageia um artista brasileiro pela data de aniversá-

rio. No mês de maio, o evento foi realizado no dia 12, chegando à 29ª edição, e teve como grande homenageado o sambista Ataulfo Alves, mineiro que fez sucesso nas décadas de 1930 até 1960. É desenvolvido também o projeto “A música que vem de Minas”, com o objetivo de divulgar e valorizar artistas mineiros. A divulgação é feita por meio do próprio blog da Discoteca. Mais de 30 mil CD’s já foram comercializados, o que mostra que a cultura musical mineira está cada vez mais em destaque. O projeto conta com o apoio da empresa do setor de telecomunicações, Vivo, há dois anos, quando foi aprovado, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais (SEC-MG). Com a criação dos CD’s no final da década de 1980 e as tecnologias portáteis, como os pen-drives, os discos de vinis perderam seu espaço. Porém, os amantes desse material e os lugares que zelam por eles, como a Discoteca Pública, contribuem para manter em evidência um importante personagem de divulgação da música no Brasil.


Saúde • 13

Editor e diagramador da página: Rhiza Castro - 5º período

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

Vida saudável, você está disposto? Saiba como ficar longe do sedentarismo e da obesidade VANESSA SCHUTZ 5º PERÍODO

“O sedentarismo já é considerado a doença do próximo milênio” fora e por dentro a nossa saúde. Depois, aumente suas atividades físicas. Se as pessoas souberem encontrar o prazer de sair da cama, fazer uma caminhada, chegar em casa, tomar um banho e dormir, conheceriam o melhor dos sonos, o do descanso com o coração feliz. E, finalmente, mantenha. Mantenha a redução e o aumento que você realizou a cada dia. Uma dica é superar o primeiro mês de mudanças. Nunca se tem o retorno esperado antes deste tempo, é o hábito que traz o resultado.

O problema não é o que você faz, é o que deixa de fazer. Coma o que quiser, mas se mova, faça exercícios. E a expressão “coma o que quiser” vem de encontro com o tal do “equilíbrio” que citei. Pense no que comeu no café da manhã e equilibre com mais ou menos no almoço. Às vezes, as pessoas pensam que a comida mais gostosa e saborosa é a mais calórica. Engano, existem receitas e variações que compensam e satisfazem. Sedentarismo Não deixe que o sedentarismo tome conta da sua vida. Seus malefícios são incontáveis, acumulativos e muito sérios. Há um decréscimo progressivo em todas as qualidades físicas e saúde dos órgãos de uma forma geral, gerando, tanto para o corpo físico quanto para o funcionamento cerebral, perdas que, muitas vezes, podem ser irreparáveis. O indivíduo sedentário expõe-se à hipertensão arterial, diabetes, obesidade, depressão, aumento do colesterol e infarto do miocárdio. Além de ser considerado o fator prioritário de risco para a morte súbita, o sedentarismo está, na maioria das vezes, associado, diretamente ou indiretamente, às causas ou ao agravamento da grande maioria das doenças. Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais, Celina Toledo atua na área da atividade física, qualidade de vida

Foto: Rhiza Castro

Nunca se falou tanto em saúde como hoje. Nas mídias, no dia a dia, nas conversas de grupos e até nas escolas, esse segmento é alvo de atenção e destaque. E as dietas cada vez mais loucas que aparecem, como a dieta da proteína, do carboidrato, dos pontos, desintoxicante, orgânica, da sopa. São tantas as combinações e com tantas explicações de benefícios que fica difícil decidir qual linha seguir. A verdade mesmo é que o equilíbrio e a compensação são as melhores formas de adquirir uma “saúde de ferro”. Não, você não precisa ser vegetariano, rato de academia, privar-se de prazeres ou até tornar-se antissocial para estar feliz com seu condicionamento físico. Basta pensar em seu corpo como uma máquina, como um motor ou como suas economias. É mais simples e fácil do que aquilo que a Indústria Cultural nos impõe com estas dietas milagrosas. A base de tudo vem da força de vontade, com objetivo de longevidade. Quanto mais tempo você dedica ao seu maior bem, o seu corpo, mais tempo viverá com saúde. São os detalhes que fazem a diferença para um estilo de vida mais saudável. Primeiro, desista de ser igual às capas de revistas. Sabemos que na sua maioria é fruto de intervenção computadorizada, ou que algumas “personalidades” mega-ultra saradas

têm tempo e dinheiro à vontade para fazer, simplesmente, o que querem para alcançar seus objetivos. Mas nós, simples mortais que estudamos, trabalhamos, temos casa, trabalho, marido, namorado, família, como podemos nos sentir melhor? Para começar: reduza, aumente e mantenha. Reduza os excessos. Seja forte, todos sabemos quando estamos ingerindo algo desnecessário que só prejudica e não acrescenta em nada à saúde. Está estampado em todos os cantos, para quem quer e para quem não quer ver, quais são os ingredientes que detonam por

Praça JK, um dos espaços para fazer caminhada em Belo Horizonte

e saúde desde 1998. Ela nos conta que o sedentarismo já é considerado a doença do próximo milênio. Trata-se de um comportamento induzido por hábitos decorrentes dos confortos da vida moderna. Com a evolução da tecnologia e a tendência cada vez maior de substituição das atividades ocupacionais, que demandam gasto energético, por facilidades automatizadas, viemos adotando, de forma sistematizada , a lei do menor esforço, reduzindo drásticamente o consumo energético do corpo. A vida nos grandes centros urbanos, com a sua automatização progressiva, além de induzir o indivíduo a gastar menos energia, geralmente impõe grandes dificuldades para ele encontrar tempo e locais disponíveis para a prática das atividades físicas espontâneas. A própria falta de segurança acaba sendo um obstáculo para quem pretende fazer atividades físicas. Diante dessas limitações, tornar-se ativo pode ser uma tarefa mais difícil mas não impossível. As alternativas disponíveis, muitas vezes, estão ao alcance do cidadão, porém, passam despercebidas. Aumentar o gasto calórico semanal pode se tornar possível ao reagir aos confortos da vida moderna. “Subir dois ou três andares de

escada ao chegar em casa ou no trabalho, dispensar o interfone e o controle remoto, estacionar o automóvel intencionalmente num local mais distante, dispensar a escada rolante no shopping-center, optar por atividades de lazer ao ar livre em vez do computador e passear com o cachorro são algumas alternativas que podem compor uma mudança simples e positiva de hábitos”, afirma. “O sedentarismo já é considerado a doença do próximo milênio”, enfatiza Celina Toledo.

Acima do peso O que comer, qual exercício praticar, qual a rotina para manter uma vida saudável? Apesar de tanta preocupação com o corpo e a saúde, ainda encontramos um número grande de obesos, principalmente jovens. O que será que está errado? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doenças do coração são a principal causa de mortes no mundo. Só no Brasil, morrem mais de 300 mil pessoas por ano. Hoje, 12% da população mundial é considerada obesa. O relatório “Estatísticas Mundiais de Saúde 2012”, da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma que a obesidade é a causa de morte de 2,8 milhões de pessoas por ano. Os dados divulgados alertam para o aumento das doenças não contagiosas ligadas à obesidade: diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, que representam 2/3 das mortes no mundo. Segundo trabalhos científicos recentes, a prática diária de atividades físicas por um período mínimo de 30 minutos, contínuos ou acumulados, é a dose suficiente para prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida.


14  •  Fumec

Editor e diagramador da página: Túlio Kaizer - 5º Período

Belo Horizonte, agosto de 2012

O Ponto

Fumec de Bem com a Vida Professores, alunos e comunidade trocam experiências voltadas ao desenvolvimento sustentável e qualidade de vida Diego Duarte 5º Período

Belo Horizonte foi palco do 5º Festival Internacional Andando de Bem com a Vida (FABV), ocorrido durante os dias 29 e 30 de junho e 1° de julho, na Praça da Liberdade. Com o intuito de promover a interação da sociedade com o meio ambiente, o festival teve todas as suas atividades gratuitas para o público e trouxe a discussão ambiental aliada ao bem-estar social da comunidade. Cultura, diversão e alegria não faltaram para os participantes do evento. Oficinas, exposições de produtos com apelo ambiental, palestras, massagens e workshops de alimentação foram algumas das diversas atividades disponíveis. Com a coordenação do Setor de Extensão, vários cursos da Universidade Fumec se envolveram nas atividades: Psicologia, Pedagogia, Direito, Biomedicina, Fisioterapia, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Bioenergética, Design de Produto, Design de Moda, Administração, Ciência da Computação, Gestão de Recursos Humanos e Negócios Internacionais. Coordenadora do setor de extensão, a professora Carmem Schffer destacou a importância da presença da instituição no festival. “Estamos trazendo para a sociedade os ideais defendidos pela Universidade Fumec, como a sustentabilidade, a qualidade de vida, saúde e bem-estar. A proposta é trabalhar no dia-a-dia com a comunidade a implantação desses ideais”, afirmou a coordenadora. Ela também destacou a importância de associar as ações que compõem a busca pela qualidade de vida. “Outra questão que estamos trabalhando é a sustentabilidade, não só no nível ambiental, mas também social. É uma melhoria de qualidade na rela-

ção entre as pessoas, na busca de relações mais solidárias, de uma sociedade mais justa, mais digna e democrática. São em ações como essas que conseguimos fazer a interface entre o aluno com a comunidade e dos pais com os filhos”, salienta Carmem. Para a professora dos cursos de Psicologia e Pedagogia, Divina Sebastiana, a participação dos alunos nesses festivais é fundamental, como oportunidade de contato com a realidade concreta e de colocar em prática os conceitos aprendidos em sala de aula. Para andar de bem com a vida, Divina deixa uma dica simples, fácil de ser realizada e que, com certeza, em tempos de reflexão e mudanças de hábitos, faz toda a diferença. “Viver bem, viver feliz. Fazer exatamente aquilo que você sente que é preciso fazer, não só para você, mas também para o outro e pelo planeta”, destaca. Participação dos alunos Nas tendas da Fumec, onde participaram das oficinas de pintura e modelagem, as crianças se esbaldaram com os alunos da Universidade, além de pularem corda e construirem brinquedos com materiais recicláveis. O estudante do 1° período de Pedagogia, Igor dos Santos, ficou bastante satisfeito com as atividades, principalmente, porque o evento possibilitou o trabalho de formação humana e sua socialização com o ambiente. O aluno acredita que é o momento de repensar as atitudes. “Nossa sociedade impõe um ritmo muito acelerado; não estamos dando conta de caminhar do jeito que deveríamos. É preciso dar uma refreada nessa correria do dia-a-dia e voltar a atenção para o meio ambiente. A todo momento, o consumismo nos obriga a trabalhar para suprir apenas as nossas necessidades e, por consequência, a natureza vai só degradando”, criticou o estudante.

Programa para toda a família Juntamente com as crianças, os pais também entraram no clima do evento. A dona de casa Cláudia Domingues levou o seu filho Lorenzo, 4 anos, para curtir as atividades e aprovou o festival. “Estou adorando. São atividades que não fazemos no dia-a-dia. Eu estou me divertindo com ele, acho que é a primeira vez que ele está pulando corda. As atividades de trabalhos manuais e a utilização de materias recicláveis são bastante interessantes. É muito importante conscientizar os filhos e os próprios pais, mostrar para as pessoas a importância de economizar e reutilizar”, disse. Para estar sempre bem disposta, Cláudia também se preocupa com a saúde. “Eu caminho todo dia. É uma atividade além do físico. Você exercita o corpo e também a mente”. A bióloga Paula Eterovick esteve presente com toda a família. Helena, sua filha de apenas 1 ano, não fez cerimônia e aproveitou para explorar seu lado artístico com as tintas. Segundo Paula, é preciso ser menos egoísta, parar de pensar em si mesmo, voltando-se para outras pessoas e formas de vida. “As atitudes precisam começar em casa. Não podemos mudar tudo de uma vez, mas fazer o que estiver ao nosso alcance já é o começo”, considera. Também com o filho, Eduardo, 1 ano, o engenheiro Marcelo Starling aprovou o ambiente e gostaria que ações como essas ocorressem mais vezes. “Importante trazer as crianças, ensinar coisas novas para elas, mostrar o valor da terra e os recursos que ela oferece para a gente. Temos que ter atitudes mais sustentáveis e, principalmente, mais conscientização em relação ao meio ambiente, porque senão não vamos ter mais esse recurso. A vida está em risco na terra”.

Festival contou com grande público e movimentou a Praça da Liberdade

Para os pequenos, muita diversão e alegria

Atividades para todas as idades aliaram meio ambiente e bem-estar social

A Universidade Fumec marcou presença no FABV


Fumec • 15

Editor e diagramador da página: Diego Duarte - 5º Período

O Ponto

Belo Horizonte, agosto de 2012

Rio+20 termina com sentimento predominante de fracasso e decepção Declaração da Cúpula dos Povos critica falta de ambição no texto final aprovado no Riocentro MARINA BHERING 7º PERÍODO “A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global”. Essa é uma das várias frases do documento produzido durante as Plenárias da Cúpula dos Povos criticando a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20. A declaração final da Cúpula, entregue a representantes da Organização das Nações Unidas (ONU), expressa o sentimento predominante de decepção e fracasso que atinge movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula, apesar de as autoridades brasileiras considerarem um avanço a conclusão de um documento final que será adotado por mais de 190 países. Um dos pilares das discussões entre os Chefes de Estado nas reuniões no Riocentro referiu-se à chamada economia verde. Sem resultados concretos para que as nações invistam nesse mercado que visa ao crescimento econômico sem deixar em segundo plano o meio ambiente, para a Cúpula, essa é apenas mais uma expressão da atual fase do capitalismo. Conforme a carta, a chamada economia verde também utiliza dos velhos mecanismos, tais como aprofundamento do endividamento público-privado; superestímulo ao consumo; apropriação e concentração das novas tecnologias; mercados de carbono e biodiversidade; grilagem e estrangeirização de terras; e as parcerias público-privadas. Crise global “As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capita-

lista patriarcal, racista e homofóbico”, define a declaração final da carta da Cúpula. Ainda de acordo com a carta, o capitalismo leva à perda do controle social, democrático e comunitário sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivência.

“Pensávamos que os governos trabalhariam para criar uma visão de mundo e evitar mudanças climáticas e desequilíbrios sociais’’. Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace

Não apenas a sociedade criticou a conferência realizada no Brasil; como também o fizeram algumas delegações internacionais, como a da Europa, que apontou a falta de ambição no documento final. A delegação brasileira, no entanto, afirmou que os países europeus foram contraditórios ao reclamarem da falta de ambição, já que se recusaram a disponibilizar meios de financiamento para ações sustentáveis. Segundo informações divulgadas, Bolívia e Equador também fizeram ressalvas a alguns pontos do documento aprovado, como a redução dos subsídios aos combustíveis fósseis. Ambos afirmaram que não aceitarão qualquer monitoramento externo a suas políticas energéticas internas. A Bolívia também disse rechaçar o conceito de economia verde que, para o governo, é o mesmo que mercantilizar a natureza.

Indefinição Para o diretor internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, a principal falha da Rio+20 foi não interligar as questões social, ambiental e econômica. Segundo ele, os governos continuam lidando com os temas de forma isolada, o que é um retrocesso. Naidoo afirma ainda que não há falta de entendimento por parte dos governos sobre a situação ambiental e social mundial. Faltam ambição e liderança política: “Pensávamos que os governos trabalhariam para criar uma visão de mundo e evitar mudanças climáticas e desequilíbrios sociais. Um bilhão de pessoas passam fome todos os dias e onde está a vontade política e a indignação contra isso?”, questionou. Outro ponto que podemos apontar como falha da Rio+20 é a indefinição em relação ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Nas discussões para o documento final da conferência, batizado de “O futuro que queremos”, cogitava-se transformar o Pnuma em uma agência reguladora com poderes como a Organização Mundial da Saúde (OMS). O texto finalizado prevê o fortalecimento do órgão, mas não especifica exatamente como isso deve acontecer. O assunto foi adiado para conclusão na Assembleia Geral da ONU que será realizada em setembro deste ano. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), metas a serem perseguidas pelos países para avançar ambiental, política e socialmente, era uma das grandes cartadas para a Rio+20, mas também não foram definidos. Iniciou-se apenas um processo para rascunhar quais devem ser as metas até 2013. Elas ainda serão definidas para entrarem em vigor apenas em 2015, quando terminam os Objetivos do Milênio.

Avanço pelo mar Já a negociação em torno da proteção dos oceanos avançou. O texto adota um novo instrumento internacional sob a Convenção da ONU sobre os Direitos do Mar (Unclos), para uso sustentável da biodiversidade e conservação em alto mar. O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Peter Altmaier, que representou a chanceler Ângela Merkel na Rio+20, pontuou que gostaria de ver objetivos mais ambiciosos no documento, principalmente, no que diz respeito aos oceanos. “Demos o primeiro passo para um órgão internacional, mas não podemos aguardar até 2025 para proteger os oceanos. Precisamos alcançar este e outros objetivos ambiciosos, reunindo sociedade civil, setor privado, mídia e governo”, afirmou. Questionada sobre os resultados práticos da Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, enumerou os pontos de avanço das discussões do fórum e destacou que o mais importante é que os países agora terão a obrigação de implementar as medidas de sustentabilidade acordadas ao longo de todo o processo de negociação. “Vamos expor cada vez mais as contradições do mundo, depois da Rio+20, quando países em desenvolvimento assumem suas responsabilidades e os países ricos não fazem o mesmo”, disse. O filme passou mais uma vez aos olhos dos brasileiros. Há vinte anos, a Eco 92 terminou com o mesmo sentimento de fracasso, apesar de atualmente ser considerada um verdadeiro avanço. Porém, como colocou a neozelandesa Brittany Trilford, de 17 anos, que discursou no Riocentro para os líderes mundiais, o que foi dito na Eco já está acontecendo e nada foi feito. Resta saber se agora o mundo vai abrir os olhos para a crise ambiental que o Planeta vive. O tempo está acabando. Fotos: Marina Bhering

Pavilhão da Amazônia mostrava projetos sustentáveis desenvolvidos na região

Reciclagem na Rio+20: estrutura do pavilhão construída com caixas de madeira

Escultura de areia feita na praia de Copacabana, em homenagem à Rio+20


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