Jornal O Ponto (nº 102) - Março de 2017

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 2017

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Número 102

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Março de 2017

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Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

A DOR ALÉM DO “DRAMA”

JUVENTUDE ATIVA NA SOLIDARIEDADE

A história de quem conseguiu encontrar caminhos para superar os difícieis males da alma

Jovens mostram que o tamanho do mundo não é problema para querer modificá-lo

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02  •  Opinião

Editor e diagramador da página: Sara Lacerda

Belo Horizonte, Março de 2017

O Ponto

Crise nas penitenciárias: bandido bom é bandido morto? João Eduardo 3 período O Brasil vivenciou no início do mês de janeiro uma das maiores crises em seu sistema prisional. Um show de horrores altamente divulgado pela imprensa, com direito a degolas e a esquartejamento de presos, revelando a barbárie explícita entre as facções criminosas que comandam o tráfico de drogas de dentro das prisões. A prática de cortar cabeças e de trucidar corpos só chamou a atenção das autoridades do Brasil a partir do massacre da Penitenciária de Pedrinhas, no estado do Maranhão, em 2013. Devido a este fato, várias foram as manifestações nas redes sociais com as frases: “Que bom que eles morreram”, ou “deviam ter matado mais”, dentre outras. Agora, uma provocação deve nos interpelar. Será mesmo que bandido bom é bandido morto? Será que, de fato, não existe nenhum tipo de ressocialização

que possa integrar essas pessoas novamente à sociedade, como cidadãos de bem? Sim ou não, este assunto gera polêmica e debates calorosos entre os mais variados setores da sociedade É necessário analisarmos alguns fatos. O crime nasce, na maioria das vezes, nas periferias, onde o poder público não atua como deveria, fazendo a pobreza e a miséria se alastrarem. A falta de empregos e de oportunidades para os mais pobres, principalmente para os jovens, faz com que o mundo do crime se torne mais atrativo. A promessa de vida fácil e dinheiro alto gera a cobiça daqueles que não tiveram chances como muitos de nós tivemos. Não faço aqui nenhum tipo de apologia, mas é fato que o problema começa “de cima para baixo”. Darcy Ribeiro, um dos maiores especialistas em educação da história do Brasil, deixou uma profecia anexa em seus trabalhos, algo que hoje se cumpre abaixo de nossos olhos.

Disse: “Se os governadores não construírem escolas, daqui a vinte anos faltará dinheiro para construir presídios”. Esta frase foi dita por ele em 1982, 35 anos atrás. Hoje, vemos a necessidade de uma educação de qualidade e gratuita, que fomente nas pessoas o desejo da paz e da cidadania. Agora, como nossos governantes veem estes fatos? O que sai mais barato? Escolas ou cadeias? Também não podemos generalizar. Com o passar dos anos, o número de pessoas de classe média alta que se envolvem em crimes aumentou consideravelmente. O crime não é exclusividade da periferia, que se vê muitas vezes oprimida e excluída por um estigma que não lhe cabe somente. A maldade e a cobiça humana não têm classe social, cor ou sexo. Elas estão na mente humana, e podem acontecer e ser provocada por qualquer pessoa, em qualquer lugar. Em um sistema jurídico na qual aquele que rouba milhões é solto com facilidade e o

homem que furta uma caixa de leite para alimentar seu filho é condenado e preso por muitos anos é difícil falar que a pena de morte irá resolver alguma coisa. Quem sabe não é a hora do Brasil se agigantar e ir às ruas mais uma vez pedindo uma revolução na educação? Fomos às ruas e derrubamos presidentes, garantimos o direito ao voto. Somente uma grande pressão popular fará com que os governantes se atentem ao fato de que o Brasil só muda com uma educação de qualidade. Nas periferias, nas favelas e nos guetos. A invasão do conhecimento e um maior atendimento do poder público aos lugares com maior vulnerabilidade social mudarão o Brasil para melhor. Não importa quanto tempo leve. O importante é começar...

Cem anos de luta Silvania Capanema 3º Período Interessa ao comércio mercantilizar o Dia Internacional da Mulher: milhões de rosas foram vendidas no ultimo dia 8 de março em todo o mundo. Interessa aos homens presenteá-las às mulheres, em um dissimulado gesto galante com o propósito de fazê-las calar pelo menos nesse dia. Não nos deixemos enganar, o dia não é para agrados, é para brados. Foi no grito que, em 28 de fevereiro de 1909, trabalhadoras da indústria têxtil nova-iorquina, suscitadas pelo Partido Socialista, saíram às ruas para protestar contra as péssimas condições de trabalho. O movimento floresceu e, nos anos seguintes, já com o Dia Internacional da Mulher institucionalizado, milhões de mulheres foram às ruas das capitais europeias clamando por seus direitos. Em Moscou, o dia 8 de março de 1917 marcou definitivamente a data, pois uma greve deflagrada pelas operárias russas, rudemente coibida pela força policial, foi o estopim da Revolução Russa. Atrocidades vêm sendo cometidas contra as mulheres desde o início do mundo, quando o homem, apoiado por ninguém menos do que Deus, jogou sobre os ombros da Eva pecadora a responsabilidade por todas as desgraças do mundo. Mulheres foram queimadas nas fogueiras da Inquisição por ousarem subverter a superioridade dos homens, por gerações meninas chinesas tiveram seus pés atados para o fetiche masculino, desde milênios africanas têm seus órgãos genitais mutilados e são excluídas do prazer sexual a

fim de se manterem puras para o futuro marido. Se o mundo hoje tende a ser igualitário entre os sexos, devemos muito a mulheres excepcionais que tomaram o poder e provaram ser muito mais capazes do que os homens. Entre tantas, Hatshepsut governou o Egito no séc. 15 A. C por 22 anos de paz e prosperidade; Catarina II esteve à frente do poderoso Império Russo por 34 anos (1762-1796); a imperatriz Cixi conduziu, por 47 anos ( 1861-1908), a arrancada para transformar a China medieval em moderna potência econômica. Em comum, elevaram o desenvolvimento de seus países a níveis nunca dantes alcançados e mudaram a mentalidade de seus povos, possibilitando o acesso das mulheres à educação – o passo fundamental para sua emancipação. Nós, mulheres do século 21, tivemos a sorte de nascer em um mundo em que na maioria dos países, a lei assegura a igualdade de direitos entre gêneros. No entanto, pelo menos no Brasil, a lei parece ser letra morta no papel. Mulheres são discriminadas no trabalho, quase sempre recebem salário inferior ao do homem na mesma função e dificilmente alcançam níveis superiores na hierarquia das empresas. Mulheres são desrespeitadas na rua, quando assediadas pelo macho latino que se acha no direito de tratá-las como objeto de prazer sexual. Porém é entre as quatro paredes do lar que a situação se mostra bastante grave. A cada onze minutos uma mulher é estuprada no Brasil ( FBSP, 2014), sendo que cerca de 70% são crianças e adolescentes

e, pior, 70% são vítimas de familiares e amigos da família (Ipea, 2014). E, apesar da Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher teima em se manter em níveis inaceitáveis. A hora é de união para dar um basta a qualquer desrespeito infringido a nós mulheres, reagindo às ofensas com sagacidade - essa qualidade tão feminina - para fazer calar os covardes e com coragem e cabeça erguida para denunciar sempre todo e qualquer abuso contra qualquer uma de nós.

o ponto Coordenação Editorial Prof. Hugo Teixeira · Jornalismo Impresso Prof. Aurélio Silva · Redação Modelo Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora orientadora Daniel Washington · Técnico Lab. Prod. Gráfica Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa · Aluno voluntário Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Telefone: (31) 3228-3014 e-mail: jornaloponto@fumec.br Presidente do Conselho de Curadores Prof. Pedro Arthur Victer Reitor da Universidade Fumec Prof. Dr. Fernando de Melo Nogueira Diretor Geral/FCH Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino/FCH Prof. João Batista de Mendonça Filho Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Técnico Lab. Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade Monitores de Jornalismo Impresso Sara Lacerda Carvalho Pietra Pessoa Monitores da Redação Modelo Rachel Silveira Ana Julia Ramos Fotos de capa Foto 1: Guilherme Aroeira Foto 2: Guilherme Aroeira Tiragem desta edição: 1.000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento


Comportamento  •  03

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Belo Horizonte, Março de 2017

Morar sozinho...

Só que não!

Os jovens saem de casa para ingressar na universidade e esperam ter a tão “sonhada” privacidade, ou até mesmo liberdade. Mas o que encontram na verdade é a dificuldade da convivência ao dividir espaços com outras pessoas catherina dias

3º Período Sair de casa, deixar sua cidade, rotina adulta- isso parece assustar os jovens que buscam deixar o conforto para trás e começar a viver uma nova vida. Para Maria Eduarda Ramos, de 22 anos, a decisão tem a ver com a liberdade, mesmo que isso acarrete em mais responsabilidade: “Eu sinto cada vez mais vontade de ter o meu próprio espaço, minha privacidade. Ainda dependo financeiramente dos meus pais, então não tenho minha total independência, mas me sinto mais livre e responsável por mim a dia”. Laís Matos de Souza, de 21 anos, afirma que teve que aprender a lidar com a nova situação, dado que essa “tal liberdade”me exigiu mais responsabilidade e discernimento na vida como um todo. “Devo confessar que parecia ser mais fácil na minha imaginação, no entanto, com o passar dos anos,

fui me adaptando. Mas é como dizem, tem sempre algo novo para se aprender”, confessa a jovem. Ambas as jovens concordam que dividir um espaço com pessoas desconhecidas (até então) não é nada fácil, mas também não é impossível se houver organização. Para Souza, isso trouxe muito aprendizado, por ser uma toca de conhecimento diária e revela que o que mais incomoda é a questão da privacidade, apesar de ter uma boa relação com a sua colega de quarto”. Ramos diz que osta de poder conviver com pessoas diferentes dela, já que é possível “aprender novos costumes com a pessoa e criar um laço de amizade. Não gosto quando começa a invadir a privacidade um do outro. Ma é uma boa experiência para amadurecer, para trabalhar a paciência e para aprender a lidar com o diferente”. Sobre a possibilidade de voltar para a casa dos pais, definida por elas como segunda casa,

Parte favorita da casa de Maria Ramos, de 22 anos

“Viver com outras pessoas tem seus altos e baixos, mas quando se põe à balança me parece valer a pena”. Victor Pungirum Maria Eduarda Ramos enfatiza que não voltaria. “Eu sinto que aqui é o meu lar, meu lugarzinho. Lá é acolhedor e aconchegante para passar uns dias, mas a minha vida é aqui”, diz. Não só as mulheres buscam por sua liberdade, homens também optam por o mesmo, como Victor Pungirum, de 20 anos, que saiu da casa dos pais

ainda quando cursava o Ensino Médio. Para ele, “depois de sair da caverna, vivendo uma liberdade quase irrestrita, se acostumar às restrições de viver na casa dos pais de novo não é fácil”. Hoje ele mora fora do país, ainda dividindo apartamento com os amigos, e diz que o que é mais difícil é partilhar os espaços na casa usados por todos, como cozinha, banheiro e sala. Pungirum afirma que a liberdade é essencial e que odeia sentir-se sufocado, seja com “inquéritos” ao chegar ou sair, “pitacos” na vida privada e isso já justifica a saída de casa. “Sem sombra de dúvida, seguiria vivendo onde estou (Argentina), longe da casa dos meus pais. Apesar de a comida da minha mãe e a implicância do meu pai fazerem falta às vezes, não voltaria sob as circunstâncias atuais”, afirmou o estudante de Medicina. Bruna Alvarenga, de 19 anos, conta que tudo é questão de consenso. “Moro com mais

Quarto de Victor Pungirum, de 20 anos

duas amigas, as vantagens são inúmeras, nós somos unidas, depois de um dia cansativo, sentamos na sala para conversar, contar casos, e vejo que a vantagem maior é a companhia”, relata. Alvarenga acrescenta que a desvantagem é que são pessoas com quem você aprendeu a conviver. “Tem coisas que você passa a não ter ‘espaço’, e o seu único cantinho passa a ser o seu quarto”. Para ela, o que pesa é a sensação de liberdade carregada de muitas responsabilidades, que é um pouco mais difícil do que pensava. Ela ainda conta que não se vê mais morando com os pais. “Profissionalmente falando, se eu puder ter a escolha de não voltar, eu não voltaria. Tenh a vontade de crescer cada vez mais e, por mais que a saudade às vezes aperte, ter um lugar que seja seu, seus próprios horários, suas rotinas, é sempre maravilhoso”, esclarece a estudante de Jornalismo.

Sala de Bruna Alvarenga, de 19 anos


04  •  Especial

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Março de 2017

O Ponto

P r trás das Câmeras Visita aos estúdios da TV Globo (Projac), no Rio de Janeiro, desvenda muitas curiosidades e mostra o conjunto de técnicas e equipamentos necessários para a produção dos programas de entretenimento

Pietra Pessoa 2º Período Em outubro de 2016, alunos do curso de jornalismo da Fumec viajaram para conhecer o famoso Projac, atual Central Globo de Produções, lugar onde são feitos cerca de 95% dos programas de entretenimento da TV Globo. Nesta visita, os estudantes puderam percorrer grande parte do local, desde a áreas técnicas até ambientes mais famosos, como alguns estúdios de gravação e cidades cenográficas. Desde a saída, o maior desejo dos universitários era ver os estúdios e conhecer famosos. “Quando chegamos e a visita foi iniciada, foi acrescentada a curiosidade de ver o que está por trás das câmeras, porque fomos notando que a única parte que os telespectadores conseguem perceber de todo programa é a sua execução, ou seja, a parte artística. No entanto, isso só é possível se tiver toda uma técnica e organização por trás”, afirma Catherina Dias, de 19 anos. Cenários: Para que ocorra a gravação de alguma novela ou programa é necessária a construção de um

cenário que deve corresponder ao que está previsto no roteiro. Para isso, o Projac possui uma verdadeira fábrica onde são feitos cômodos para cada cenário, utilizando e reutilizando madeira. Uma única novela pode chegar a ter 60 cômodos. Os cenários são trocados conforme o roteiro a cada dia de filmagem. O cenário da gravação anterior é tirado, são colocados outros e depois, se necessário, é inserido novamente. Por ser necessário todo esse ajuste, que o público não pode notar, fotos devem ser tiradas de cada cenário pelos continuistas para que seja remontado da mesma forma. Em alguns casos em que cômodos possuem muitos detalhes, podem ser tiradas cerca de 200 fotos. Então a parte da manhã é dedicada para a montagem do cenário e todas as gravações ficam para o horário da tarde, entre 13h e 21h. Cidades Cenográficas: O Projac possui 1.690.000 m² de área, dez estúdios de gravação e mais de trinta cidades cenográficas, especificamente para programas de entretenimento. Estes espaços cenográficos são criados para servirem de representação das cidades e

Estúdio da novela “A lei do amor”

ambientes externos das novelas. Estas cidades, apesar de parecerem ser construídas como casas normais, são feitas com madeira (para ter facilidade de remoção) e o interior delas não possui nada, porque as filmagens internas são nos estúdios. A não ser em alguns casos, como bares, lojas ou a recepção de um prédio, por exemplo, que são filmados externamente. Os postos de gasolina e veículos que transitam na cidade são verdadeiros e as marcas dos produtos que aparecem nas novelas, apesar de não serem verdadeiros, são criadas pela TV Globo e patenteadas, para evitar que alguém copie e depois os processe por usar um produto sem autorização. Atualmente, existem 500 marcas registradas. A maior cidade cenográfica foi a da novela “Velho Chico”, com 10 mil metros quadrados, toda feita com madeira reciclada de outras cidades cenográficas. O interessante destas cidades é que, quando a novela acaba, elas não são desmontadas, pois podem ser reutilizadas em outras tramas ou programas que precisem de algo parecido, sendo feitos poucos ajustes. Como, por exemplo, a novela “Haja Coração”, que utilizou o mesmo espaço cenográfico da série “A Grande Família”.

Figurinos: Os estúdios Globo contam com um grande estoque de roupas, sapatos, acessórios, entre outros. Este estoque é utilizado para que não seja necessário ficar fazendo ou comprando o mesmo tipo de roupa que já tenha sido guardada. Atualmente o acervo, que pode ser consultado on-line, 300 mil peças de roupas, sendo que 300 são apenas de vestidos de noiva. Cerca de 65 costureiros trabalham todos os dias. Com isso, mais de mil peças são feitas todos os meses. No entanto, para que as roupas possam caber no acervo, a Globo doa a maioria delas, sempre para projetos sociais. Novelas de época, como “Sinha Moça” ou “Escrava Isaura”, possuem uma demanda maior por figurinos confeccionados no Projac, pois é um estilo mais específico, diferentemente de uma novela contemporânea que pode ser feito 40% e o restante comprado em lojas. Já os sapatos são todos comprados. Após o término da novela, a peças vão para o acervo, podendo ser reutilizadas caso algum programa se interesse. Todas as roupas que forem permanecendo no acervo devem ser lavadas, para que possam man-

Cidade Cenográfica da novela “Haja coração”

ter seu bom estado e limpeza. Por isso, elas devem ser colocadas na máquina de higienização. Este equipamento, que cabe 150 peças por vez, foi uma aquisição importante para a Globo, por não somente lavar as roupas a seco como também ser capaz de manter os traços característicos delas. Curiosidade: Uma curiosidade que chamou muita atenção do alunos foi a parte de efeitos especiais. Foram lhes foi apresentados os vidros, que são feitos de resina própria, livrando os atores de se cortarem. Outra visita: Os alunos do curso de Publicidade e Propaganda da Fumec também foram visitar os estúdios da TV Globo no início do mîes de novembro. Segundo o Coordenador do curso, Sergio Arreguy, é uma visita técnica muito rica e que não é possível encontrar semelhante outra estrutura de TV no Brasil. O coordenador, que também participou da visita, afirma que seus alunos “adoraram” e confessa que foi a primeira vez que fez esta visita, apesar do curso de Publicidade já ter ido três vezes, e também amou.

Acervo de figurinos


Cultura  •  05

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Belo Horizonte, Março de 2017

#CarnavalizaBH Em edição histórica, capital é tomada por milhões de pessoas nas ruas em quatro dias de festa

Alice Brasil Resende Guilherme Assis Aroeira Jefferson Luís Ribeiro Silva Mariana Zanon Castro Tayenne Paulino Dias 1º e 5º Períodos Em 2017, Belo Horizonte recebeu o maior Carnaval de sua história. Entre os dias 25 e 28 de fevereiro, a cidade teve o histórico número de três milhões de pessoas, segundo estimativa da Belotur (empresa Municipal responsável pelo Carnaval). Com diversas opções por toda a capital, não faltaram alternativas para todos os públicos e idades. Ao todo, foram investidos R$10 milhões – divididos entre a cervejaria Skol, patrocinadora oficial, Prefeitura de Belo Horizonte, e investimentos indiretos de lojistas e ramo hoteleiro. Neste ano foram cadastrados 350 blocos, realizando 416 desfiles. Em 2016, foram 200 cadastrados e 260 desfiles, o que representou um crescimento de 75% e 60%, respectivamente. Sábado A festa começou cedo com o bloco Então Bilha!, na rua Guaicurus, centro de BH, em frente ao famoso Hotel Brilhante, um marco da zona boêmia. A con-

centração do bloco começou às 5h da manhã, com o desfile às 7h. Ao menos 100 mil pessoas, pintadas nas cores rosa e dourado (as cores do bloco), ao som do trio elétrico e bateria, fizeram a festa. Na Praça da Estação, o já tradicional Praia da Estação marcou presença na festa. Além destes, o centro de BH também foi palco do Quando Come Se Lambuza. Criado por um grupo de amigos no bairro Buritis, o bloco que teve início tímido, levou uma multidão de 50 mil pessoas ocupando todas as faixas da Afonso Pena na edição de 2017. Nem mesmo a forte chuva que atingiu a cidade desanimou os foliões, que seguiram noite à dentro. Domingo A folia continuou por toda a capital, como no bairro Funcionários, onde 25 mil pessoas foram conferir e se divertir com o Beiço do Wando! Dedicado ao ícone da música brega, o bloco teve axé, forró e sertanejo para embalar os românticos de plantão. No Carlos Prates, zona Noroeste, o Unidos do Samba Queixinho levou a mensagem de amor, união, tolerância e respeito. Criado em 2009, o Queixinho teve trio elétrico par-

ticipando pela primeira vez do desfile, tocando samba-enredo, Bossa Nova e outros estilos. No tradicionalíssimo bairro de Santa Tereza, na região Leste, houve uma parada em cada esquina. Bares, praças, todos tomados pelas mais diversas tribos, estilos musicais e idades. Destaque para o Bloco da Esquina, homenageando Milton Nascimento, Fernando Brant e Lô Borges, em ritmo de Carnaval. Criado em 2013, o bloco se apresentou – literalmente – na esquina do Clube da Esquina, diante de mais de 3 mil pessoas. Segunda-feira A segunda-feira de Carnaval foi o ponto alto da folia. Uma grande celebração de cores, etnias, classes sociais e estilos. Esse era o perfil da multidão de estimadas 500 mil pessoas, que tomou conta das avenidas Álvares Cabral e Afonso Pena, região do Centro, seguindo o Baianas Ozadas, no desfile mais aguardado. O trio seguiu para a Praça da Estação, numa festa de ritmos que fez jus à diversidade do público, que em 2017 prestou homenagem aos 70 anos deo cantor e compositor Moraes Moreira. Em outro ponto da cidade,

houve a estreia do Havaianas Usadas. O bloco, fundado por dissidentes do Baianas, junto de exintegrantes do Juventude Bronzeada e Então Brilha!, levou 50 mil pessoas em seu primeiro desfile, movimentando o bairro Sagrada Família, região Leste da capital. O outro destaque do terceiro dia ficou por conta do Garotas Solteiras, bloco que reúne hits de divas do pop, como Lady Gaga, Katty Perry e Beyoncé, sempre levantando a bandeira de liberdade e o respeito à diversidade, atraindo o público LGBT e feminista. Terça-feira No último dia de folia, BH se despediu do maior Carnaval de sua história em grande estilo. Um dos mais aguardados era o Juventude Bronzeada, que saiu no bairro Floresta, leste de BH. Com o tema “Tropical Lacrador”, nome do primeiro álbum autoral do grupo, o grupo reforçou a campanha “Não é não, entendeu?”, em combate ao assédio. No Caiçara, região Noroeste, o já tradicional desfile do Bloco Magnólia levou o jazz de Nova Orleans para a Pedro II. Já a Pampulha, dentro do entorno do Mineirão, o Monobloco fechou a terça de Carnaval para as 400 mil pessoas presentes. Com reper-

tório de axé, samba-rock, forró, pop-rock, reggae e outros ritmos, o grupo fechou com chave de ouro o maior e melhor Carnaval que a cidade já viu. Patrocínio e investimentos Em 2017, o Carnaval de Belo Horizonte recebeu o investimento de R$5 milhões, dividido entre a Prefeitura e a cervejaria Skol, patrocinadora oficial do evento. Foram cerca de 20 eventos oferecidos pela cervejaria, com grande destaque para o Skolrrega, um escorregador de 200 metros que ficou na Avenida Brasil os 4 dias de folia, com entrada gratuita. Outro destaque foram os 20 ônibus plotados para transporte gratuito do público, sendo 14 na Avenida do Contorno e os demais descentralizados. No total, a estimativa é de que - somados investimentos diretos e indiretos - foram investidos R$10 milhões. Segurança é ponto positivo Neste Carnaval a segurança foi um dos aspectos positivos mais salientados pelos presentes. Em todos os locais de desfile e aglomerações, era possível ver policiais militares e guardas municipais bem distribuídos, sempre atentos a movimenta-


06  •  Cultura

Editor e diagramador d

Belo Horizonte, Março de 2017

O Po ções estranhas e princípios de confusão. Porém, foram relatados muitos furtos de celulares dentro dos blocos, além de brigas. Durante o desfile do Monobloco, na terça-feira (28/02), houve um princípio de desentendimento entre alguns dos presentes, que foram identificados e conduzidos pelos policiais militares. No mesmo dia, ao final da tarde, também houve briga na Praça da Estação. O fotógrafo Daniel Stone estava no local e relata o ocorrido: “O show estava tranquilo, com muita gente se divertindo, até que algumas pessoas começaram a jogar garrafas no palco, fazer uso de drogas no meio da multidão. Quando a briga começou, quem estava curtindo a folia foi embora. A polícia veio, e agiu corretamente”. Apesar disso, a opinião em geral foi de que o Carnaval de Belo Horizonte estava bem seguro, como salientou Célio William de Oliveira: “Estamos vendo muitas crianças nos blocos, famílias, muito respeito entre os presentes, e o policia-

mento tá bem presente, bem atento”. Foi ótimo, mas pode melhorar Belo Horizonte promoveu um evento carnavalesco entre os mais significativos de sua história. Mas não quer dizer que tudo tenha ocorrido perfeitamente, e que não precise melhorar. Num consenso geral, o que a maioria dos presentes se queixavam era a escassez de banheiros, bem como a distribuição dos mesmos. “Faltou banheiros químicos em certos pontos das vias, eles eram muito longe dos blocos”, afirma a lojista Paola Borges. A advogada Luiza Macamini Martins finaliza: “A cidade não estava preparada, porque ninguém acreditou que viria esse tanto de gente. Faltou estrutura de som adequada, supermercados abertos, divulgação de alguns eventos, e uma logística de trânsito melhor. Mas para 2018, a tendência é de que a organização esteja melhor ainda”.

Dois olhares e o futuro do Entrevista com Geo Cardoso, baiano, idealizador e cantor do bloco do Baianas Ozadas, uma das grandes atrações do Carnaval: 1) Em que ponto, em sua opinião, o Carnaval de 2017 está em comparação ao do ano passado? O Carnaval de 2017 de Belo Horizonte cresceu muito, se firmou. Alguns dizem que se tornou o terceiro maior do Brasil. Hoje temos pessoas que deixam de sair de BH para aproveitar o Carnaval na própria cidade, e até pessoas que vem de outros estados pra cá. Por ser novo, estamos aprendendo a organizar ainda. 2) O Baianas Ozadas cresceu e surpreendeu pelo tamanho de seu desfile. Isso foi um problema? Isso (aprox. 500 mil pessoas compareceram ao desfile do bloco) só confirma que o Baianas tem seguido a proposta de ser um bloco popular, um bloco pra toda cidade. Pra atingir essa dimensão, só com muito trabalho, seriedade, e cooperação entre todos os envolvidos – Prefeitura, Polícia Militar, população, organizadores. Queremos que o Carnaval continue grande, crescendo, com muita segurança e alegria. 3) Quais são os planos do bloco para 2018? Estamos aprendendo a construir o Carnaval, e cada ano vai ser um desafio diferente. Esse ano foi termos muitas pessoas no bloco, o que dificultou o deslocamento, mas o público está aprendendo, assim como os ambulantes, os organizadores. Estamos aprendendo, e 2018 será incrível.


Cultura  •  07

da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Março de 2017

Fotos: Guilherme Aroeira

onto

sobre o presente Carnaval de BH Entrevista com o sociólogo e fundador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp/UFMG), Cláudio Beato, secretário Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial:

1) Qual balanço do ponto de vista de segurança do carnaval de BH? Houve redução dos crimes violentos no período de Carnaval na região metropolitana, sendo esta queda puxada principalmente por Belo Horizonte. Na comparação com 2016, o número de crimes violentos caiu 42,9%, já que nos quatro dias de Carnaval foram registradas 499 ocorrências este ano, contra 874 no ano passado. 2) Qual a importância dessa redução de crimes violentos para Belo Horizonte?

Isso, para nós, é imensamente importante, pois mostra que o trabalho integrado promovido pelo Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte (COP-BH), reunindo 15 instituições, a maioria delas municipais, mas incluindo também órgãos estaduais, como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, obteve o sucesso esperado. 3) Esse ano houve monitoramento pelo COP envolvendo diversos órgãos. O que é o COP e qual o balanço desse monitoramento?

O COP-BH pode ser definido como uma espécie de sismógrafo da cidade. Ele faz parte da estrutura da Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial, sendo uma ferramenta

de gestão e ação fundamental para a segurança pública da capital. Nele estão reunidos, em um só espaço, representantes da Defesa Civil, PM, Fiscalização, Limpeza Urbana, Polícia Civil, Prodabel, SAMU, Cemig, Gasmig, Copasa e Corpo de Bombeiros, além da BHTrans e da Guarda Municipal, entre outros. 4) Qual é o objetivo, em sua opinião, do funcionamento do COP?

O objetivo é o compartilhamento imediato de dados e intervenções voltadas para a solução de problemas urbanos. Este ano, para se ter uma ideia, o monitoramento dos blocos ocorreu do Posto de Comando montado especialmente em uma sala no COP, reunindo pessoas com poder de decisão para intervir, de maneira imediata, no trânsito, na limpeza urbana, instalação de banheiros químicos, autuação de vendedores ambulantes não devidamente cadastrados. 5) Como foi o trabalho de integração entre a PM e a Guarda Municipal?

Tivemos uma integração boa com a PM todos os dias, que se somou a um trabalho eficiente e estrategicamente planejado desempenhado pela Guarda Municipal de BH, que pôs em campo 2.533 agentes. Quero destacar que não houve protagonismo por parte de nenhuma instituição envolvida no Carnaval de BH. Foi exatamente o trabalho colaborativo de todos que tornou nos possibilitou ter blocos com até 500 mil foliões, sem que ocorresse uma única depredação de ônibus na capital.


08  •  Saúde

Editor e diagramador da página: Sara Lacerda

Belo Horizonte, Março de 2017

O Ponto

Muitas vezes mal compreendidas, as doenças da alma nem sempre são tratadas como deveriam, já que problema é sério Sara Lacerda Rachel Silveira 5º Período A depressão e a ansiedade são os problemas psicológicos mais comuns as na sociedade atual. Segundo o médico psiquiatra Cristiano Fortes, a depressão é uma doença crônica que geralmente requer tratamento a longo prazo, enquanto a ansiedade passa ser considerada um transtorno grave a partir do momento que esta dura continuamente seis meses ou mais, exigindo da pessoa em questão um tratamento terapêutico, psicológico ou até mesmo psiquiátrico. De acordo com dados divulgados pela organização mundial da saúde (OMS), 5,8% da população brasileira sofre de depressão e outros 9,3% sofrem de algum tipo de transtorno de ansiedade. O Brasil, que tem cerca de 11,5 milhões de pessoas sofrendo com a depressão, apresenta o maior índice em toda a América Latina. Os números assustam. A estimativa é que, atualmente, cerca de 322 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão em todo o mundo, enquanto a ansiedade atinge cerca de 264 milhões de pessoas. De acordo com Fortes, a ansiedade patológica se manifesta de múltiplas maneiras, tanto fisica como mentalmente. Conforme o médico, os sintomas mudam ao longo do tempo, e oscilam, permitindo que a pessoa se sinta completamente bem em algumas ocasiões e pior em outras. “O transtorno costuma ser crônico, duradouro, com pequenos períodos de remissão dos sintomas, mas geralmente leva o paciente a sofrer com o

estado de ansiedade elevado durante anos. Pode vir a ceder espontaneamente em alguns casos e não há meios de prever quando isso acontecerá˜, diz. Já em relação ao transtorno depressivo, o médico afirma que ele pode surgir em qualquer fase da vida, desde a infância até a terceira idade. “É uma doença tão comum que estima-se que 12% dos homens e até 25% das mulheres apresentaram algum grau de depressão ao longo de suas vidas. Esse distúrbio é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens e é mais comum em adultos jovens do que em idosos”, afirma Cristiano Fortes.

“A depressão é a doença que mais contribui para a incapacidade em todo o mundo” Dados da Organização Mundial da Saúde É importante destacar que, problemas como depressão e ansiedade afetam diretamente e indiretamente sua vida, suas atividades, relacionamentos e trabalho. De acordo com a OMS, a depressão é a doença que mais contribui para a incapacidade em todo o mundo. Além disso, esse problema também é a principal causa de mortes por suicidio, com cerca de 800 mil casos por ano. A OMS ainda estima que, a cada ano, as consequências dos transtornos mentais geram uma perda econômica de 1 trilhão de dólares para o mundo. Uma confusão existente

para quem não conhece muito a cerca do assunto é que o termo “deprimido” é, muitas vezes, usado como um sinônimo de triste, mas não é bem assim. Segundo Fortes, “tristeza e depressão são coisas diferentes. Na verdade, a tristeza costuma ser um dos sintomas da depressão, mas só ela não basta para seu diagnóstico”. A tristeza é uma reação normal esperada em muitas situações mas para ser depressão o quadro de tristeza tem que ser prolongado e acima do normal, sendo suficiente para interferir nas atividades diárias da pessoa, reduzindo a capacidade de cuidar de si mesmo, atrapalhando relacionamentos, prejudicado suas atribuições profissionais, etc. A tristeza sempre tem uma causa, a depressão não necessariamente. A Ansiedade e a depressão segundo os pacientes RJM, que preferiu não se identificar, sofre com a ansiedade desde a infância. Agora, com 42 anos, ele conta sua história com o transtorno: “Em viagens sem os meus pais, a ansiedade em função da distância de casa impossibilitava minha permanência na casa de amigos e parentes”, conta. Com 24 anos à época, RJM, “quando chamado para uma viagem a trabalho de 30 dias, sofreu com o mesmo problema, que acabou se estendendo a uma crise de pânico: “Fui conduzido duas vezes a um hospital em Milão, na Itália, com sensações de morte súbita, choros, problemas na alimentação, perda de peso e etc”. O entrevistado relata que dois meses antes do casamento, então com 27 anos, o problema desencadeou manchas pelo corpo. Três anos

mais tarde, já casado e sob muita pressão, as manchas voltaram. RJM diz que várias vezes, entre os 35 e os 39 anos, crises de pânico aconteceram de forma esporádica, sempre ocasionada pela distância de casa, durante viagens a trabalho. “Não usei medicamentos neste período, até que, com 40 anos, procurei um psiquiatra. Nesse momento passei a usar ansiolíticos, sem critério definido e sem regras porque eu acreditava que as crises eram em função de problemas espirituais (possessão ou influência de algum espírito não encarnado)”, relata. “Busquei ajuda em Centro Espírita a fim de “solucionar”o problema.”, afirma. Atualmente, um ano e três meses após a pior crise (ocasionada em função de uma cirurgia no tendão de aquiles), RJM faz psicoterapia quinzenalmente e a medicação foi reduzida. “Tenho trabalhado para que a crise não chegue, pois consegui identificar os possíveis gatilhos e ferramentas para que o processo não se desencadeie.”, complementa. LG, hoje com 18 anos, começou com o quadro depressivo há 5 anos, quando tinha 13 para 14 anos. Perguntada sobre o que ela acredita ter ocasionado o problema, ela diz que se culpava excessivamente por tudo que a cercava. “Não me permitia falhar e qualquer erro me dava uma sensação de sofrimento gigante.”, afirma. A estudante diz que não sabia dominar o que sentia na primeira vez que enfrentou a crise. Ela conta que já se machucou e pensou em suicídio: “Eu me arranhava com as próprias unhas e fazia machucados bem fundos. Era uma tentativa de me responsabilizar pela minha tristeza. Faz três anos que não me machuco

ou penso nisso.” De acordo com dados da OMS, a procura por profissionais muitas vezes não acontece devido a falta de recursos, falta de profissionais capacitados, estigma social associado a transtornos mentais, além de falhas no diagnóstico. LG declara que o acompanhamento psicológico e psiquiátrico foi essencial para sua melhora. Ela conta que começou o tratamento há cinco anos, logo na sua primeira crise. “O atendimento psiquiátrico me auxiliou com o uso das medicações. Meu psiquiatra me mostrou que não devemos ser orgulhos e negar a ajuda dos remédios e foi com a psicóloga que aprendi a lidar comigo, me valorizar e a entender que erramos. É importante lembrar também que se hoje superei tudo isso foi porque estava de mãos dadas com a minha família. O apoio das pessoas próximas é essencial para o sucesso no tratamento”. O final não precisa ser triste As doenças da alma, apesar de sérias, apresentam tratamentos que possibilitam o paciente ter uma boa qualidade de vida ou até mesmo de curar-se. “Hoje entendo que temos que ter o controle mantido diante das tempestades que a vida sempre nos proporciona. Viver com a ansiedade é fato inegociável! Estará sempre presente, mas sob controle”. declara, RJM. LG tem uma postura positiva sobre o problema, aconselha: “Procure ajuda. Não se abandone. Acredite que há solução por mais que seja difícil. Nunca tenha medo de se tratar e acredite: isso passa sim”.


Saúde  •  09

Editor e diagramador da página: Sara Lacerda

O Ponto

Belo Horizonte, Março de 2017

•• Tristeza na maior parte do dia •• Pensamentos recorrentes sobre morte •• Sentimentos de inutilidade ou culpa

•• Fadiga ou falta de energia •• Letargia •• Insônia ou sono excessivo

•• Alteração do peso ou do apetite •• Incapacidade de concentração

•• Dificuldade para relaxar •• Cansa-se com facilidade

•• Preocupação com futuros acontecimentos •• Dificuldade de concentração •• Frequentes esquecimentos


10  •  Cultura

Editor e diagramador da página: Sara Lacerda

Belo Horizonte, Março de 2017

O Ponto

Ao longo de todo o ano grandes produções atenderam ao gosto dos que gostam das histórias de vilões e efeitos especiais luCaS ChaluB 5º período Você é daquele tipo de pessoa que, sem se importar com a idade, sempre gostou de uma história de super-heróis? Se a resposta é sim, no balanço do ano de 2016, você ficará marcado para o resto da sua vida. O ano passado pode ser considerado um “ano heróico”, cheio de novidades, principalmente no cinema. Aqui vai um breve resumo do melhor que aconteceu durante este período: Fevereiro: O ano começou com o pé direito com a estreia de Deadpool. O filme conta a história do ex-militar e mercenário Wade Wilson (vivido pelo ator Ryan Reynolds) que é diagnosticado com câncer em estado terminal, porém encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem que destruiu sua vida e sua aparência. O filme é bastante diferente dos demais longa-metragem do mesmo gênero. Pode-se conferir na tela um filme com muitas cenas de comédia, humor negro, e ao invés de ter um “salvador da pátria, há a presença de um anti-herói que

agradou bastante os fãs. Março: Esta data marcou um encontro nunca visto antes nas telas do cinema: Batman Vs Superman - A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn Of Justice). O filme mostra o embate desses dois ícones mundiais, de um lado o morcego de Gotham (vivido por Ben Affleck) e o filho de Krypton (vivido por Henry Cavill). O filme dividiu bastante as opiniões dos críticos, porém o resultado no geral foi bastante convincente. Há ainda a presença de personagens também bastante conhecidos do público, como a Mulher Maravilha (vivida por Gal Gadot) e o vilão Lex Luthor (vivido por Jesse Eisenberg). O filme é um pontapé para o próximo longa da Liga da Justiça, que será lançado no ano que vem. Abril: Novamente há um novo embate entre super-heróis, desta vez no filme Capitão América: Guerra Civil, terceiro filme da trilogia do herói americano. O filme conta a história do embate entre Capitão América (vivido por Chris Evans) e Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), algo que já era esperado devido às ações e acontecimentos dos filmes anteriores ligados em um mesmo universo

cinematográfico. Cada um montou um time para entrar na luta. O time do capitão Steve Rogers era formado por: Falcão (Anthony Mackie), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Homem-Formiga (Paul Rudd), Soldado Invernal (Sebastian Stan). Já o time do playboy e filantropo Tony Stark era formado por: HomemAranha (Tom Holland), Máquina de Guerra (Don Cheadle), Visão (Paul Bettany), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Pantera Negra (Chadwick Boseman). Maio: Fugindo um pouco deste embate entre heróis do mesmo time, há agora a presença de um filme característico de equipe: X-Men: Apocalipse. O filme conta a história de En Sabah Nur, também conhecido como Apocalipse (vivido por Oscar Isaac), um dos primeiros mutantes de toda a história. Após milhares da anos, ele volta a vida disposto a garantir sua supremacia e acabar com a humanidade. Ele seleciona quatro Cavaleiros nas figuras de Magneto (Michael Fassbender), Psylocke (Olivia Munn), Anjo (Ben Hardy) e Tempestade (Alexandra Shipp). Porém, tem-se a presença do grupo para derrotar estas ameaças, os X-Men, que são

venerados pela sua gama de fãs. O grupo liderado pelo professor Charles Xavier (James McAvoy), tem a presença de vários jovens superdotados: Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Noturno (Kodi Smit-McPhee), Mística (Jennifer Lawrence), Fera (Nicholas Hoult) e Mercúrio (Evan Peters). Agosto: Diferente de tudo já visto na tela dos cinemas, agora não se trata um filme de heróis, mas sim, de vilões: Esquadrão Suicida. O filme conta a história de um grupo de foras da lei que são contratados pelo governo e liderados por Amanda Waller (vivida por Viola Davis) para impedir que a Magia (Cara Delevingne), personagem que é considerado o vilão do filme, possa causar danos em todo o planeta. O grupo é formado por: Pistoleiro (Will Smith), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), El Diablo (Jay Hernandez) e Amarra (Adam Beach) e Arlequina (Margot Robbie). A personagem vive um caso de amor com o personagem Coringa (Jared Leto), um dos vilões mais conhecidos nas histórias das HQs e cultura pop.

Novembro: Por fim teve a estreia do ótimo Doutor Estranho, um filme de origem que é espetacular por causa de seus efeitos visuais. O longa conta a história do neurocirurgião Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) que, após um acidente de carro, perde parcialmente o controle de suas mãos. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir a humanidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo. O ponto alto do filme são os efeitos visuais e especiais. O longa possui várias cenas em que a magia da história consegue criar um ambiente de imersão em um mundo e realidade totalmente diferentes de tudo já visto e criado. Se você gostou dos lançamentos de 2016, espere só para ver o que vem em 2017. Estão previstos: Guardiões da Galáxia 2; Homem-Aranha: Homecoming; Mulher Maravilha; Logan; Thor: Ragnarok e Liga da Justiça. Quem viver, verá.

https://sites.google.com/site/lucidstorygame/


Comportamento  •  11

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Belo Horizonte, Março de 2017

Juventude ativa na solidariedade Muitos jovens saem da sua zona de conforto e doam atenção, carinho e tempo a quem necessita como forma de tentar mudar o mundo Letícia Gontijo Ayllana Ferreira 2º Período É cada vez maior o número de jovens que, saindo da sua zona de conforto, mostram suas proatividades ao realizarem trabalhos solidários, cada um a sua maneira. A regra básica é não pensar que o mundo é grande demais para mudar a realidade. É nisto que eles acreditam e, a partir de suas reflexões, se perguntam: “como posso mudar a situação de dificuldades de um grande número de pessoas? Ou pelo menos melhorá-la?”. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), em 2011, revelou que 83 mil idosos do Brasil vivem em asilos. Um senso realizado pelo governo federal em 2015 apontou que cerca de 23.973 crianças e adolescentes moram nas ruas do país. E o pior, conforme outra pesquisa realizada pela ONU, a maior parte delas sofrem exploração, tanto física quanto sexual. Gratidão como combustível O Projeto Social Gratitude surgiu da vontade do jovem Thadeu Guadagnin, 25 anos, de fazer algum projeto solidário parecido com o que viu quando foi voluntário na África. Junto com mais cinco amigos, a vontade era fazer o bem aos mais necessitados em sua cidade, Sete Lagoas. A primeira visita foi num asilo. Saindo dali, eles perceberam que podiam fazer ainda mais, e resolveram tornar as visitas periódicas e criar um projeto social que envolvesse cada vez mais pessoas. O nome veio da junção das duas palavras que definem o sentimento de gratidão pela oportunidade de ajudar o próximo e atitude, o combustível necessário para movimentar o projeto. Desde o início, o grupo trabalha com parcerias para arrecadar alimentos, brinquedos e materiais de higiene, entre outros. Hoje, com quase dois anos, o Gratitude conta com noventa voluntários de todas as idades e já realizou aproximadamente cinquenta visitas em hospitais, creches, casas de recuperação e asilos. As outras coordenadoras do projeto, Amanda Cota, Tais Cruz e Amanda Rocha, contam que o sentimento após realizarem as visitas é indescritível. “A gente volta renovado, percebemos o quanto reclamamos à toa. É muito bom transformar a vida

Visita ao asilo traz interação entre os jovens e os idosos das pessoas com nosso carinho”, afirma Amanda Rocha. Quando perguntados sobre o que os jovens precisam para começar a ajudar, elas são bem enfáticas: “Não tem idade para ajudar o próximo. Esse é um sentimento que surge no coração de cada um, em tempos diferentes. A partir do momento em que você se sente grato e na necessidade de ajudar alguém, independente da sua idade, você deve ir e começar”, afirmam. Elas também destacam o quanto os jovens amadurecem. À medida que vão participando das visitas, mudam suas posturas e se tornam mais gratos. Para o futuro, o Gratitude planeja mais visitas, com mais organização e vontade de mudar o mundo. Nathany Dayrell Ferreira, de 19 anos, fundou juntamente com colegas um projeto social de apoio a idosos de asilos em Diamantina. A iniciativa surgiu em 2012, quando estavam no colegial. O objetivo é arrecadar doações e oferecer visitas lúdicas, com brincadeiras, músicas, danças, diversão, e principalmente, muito carinho. Tem como lema a frase “para ajudar, basta ter empatia” e qualquer pessoa pode participar, seguindo regras comportamentais durante as visitas. Segundo Nathany Ferreira, o primeiro passo para conseguir motivar as pessoas a serem solidárias é mostrar como fazer isso. De acordo com ela, é preciso fugir do senso comum que ser solidário é só dar alguma coisa material. “Isso é errado, existem várias outras formas. Para ser solidário, você pode fazer doações materiais, doar seu tempo, ou melhor, doar seu dom”, afirma a jovem. Para as criadoras do projeto, o ponto mais importante é a relação de troca que se estabelece entre os voluntários e os idosos. Dayrell recorda de uma história marcante

que aconteceu em um encontro com uma senhora que não participava das atividades propostas. “Ela me contou que não gostava de sair do quarto porque era cega e sempre se machucava, ofereci ajuda mas não insisti”, relata. A coordenadora diz que continou a conversa e resolveu questioná-la sobre como imaginava ser a vista da janela do quarto dela. “Ela não fazia ideia do que podia ter e em um exercício bem descritivo, comecei a falar minunciosamente tudo o que eu via”, afirma. Dayrell revela que descreveu tudo e, logo após, em uma fala bem calma, ela exclamou que nunca mais esqueceria aquele momento. Alguns jovens se destacam dentro dos grupos solidários e acabam começando a ajudar mais de forma autônoma ou passam a participar de mais de um projeto para realizarem mais visitas. É o caso do Pedro Paulo Silveira, 17 anos, que nunca enxergou desafios para ajudar o próximo. Desde os 10 anos ele participa de projetos solidários com crianças. Hoje o jovem participa do Projeto Social Gratitude, da Patrulha da Alegria e tem um projeto chamado “Companhia Sorria”, em que ele e uma amiga

visitam hospitais em pequenos municípios de Minas Gerais. Para descrever o que sente durante as visitas que realiza, a reflexão passa pela constatação de que “meus problemas são pequenos e que tem pessoas passando por situações muito piores”, ressalta Pedro Paulo. Ele ainda afirma que o amor, a alegria e a esperança são os sentimentos que o movem. “O amor te move, a alegria muda a vida de alguém e a esperança é de que os problemas não vão te derrubar”, afirma. Em relação às experiências marcantes, para o jovem, ele se recorda da visita em que uma médica chamou sua patrulha de palhaços para tocar uma música no quarto de uma menininha entubada que respondia à melodia apenas com o movimento de seus dedos. No final da música, a pediatra anunciou que a criança acabara de falecer e agradeceu por seu último instante ter sido alegre graças à presença dos palhaços voluntários. Com toda tranquilidade, o jovem afirma que o objetivo de sua vida é passar felicidade através do olhar para toda e qualquer pessoa. Já Sara Lacerda, 19 anos, estudante de jornalismo na FUMEC, participa de um grupo que dá assistência a crianças de um abrigo. Há um ano a jovem entrou no projeto convidada pelos amigos e pelo namorado. O grupo de amigos realiza festas de aniversário para as crianças que frequentam a instituição. Desde que aderiu à ação, já teve experiência com moradores de rua e em comunidades carentes, mas nunca levou tão a sério quanto a experiência com as crianças. As visitas ocorrem de dois em dois meses e o comportamento delas deixa claro que necessitam muito de carinho. “Elas contam

“Não tem idade para ajudar o próximo. Esse é um sentimento que surge no coração de cada um”. Amanda Rocha suas histórias, ou falam de coisas corriqueiras como o desenho que viram pela manhã ou a roupa que estão usando. Mas em geral todas gostam de sentar no colo”, relata Sara. Sobre a sensação de ajudar e ser importante na vida dessas crianças, a jovem agradece a oportunidade. “É muito gratificante fazer algo pelas crianças. Vê-las sorrir me faz pensar que estou colaborando para o bem de outra pessoa”, ela diz. Quando perguntada se concorda que a juventude anda muito presa na sua zona de conforto enquanto podia estar ajudando, ela afirma que “todo mundo pode fazer um pouquinho sim. Por mais que demande um tantinho do seu tempo, dá para fazer sim. Falta disposição”. Por último, a jovem deixa um conselho para quem quer começar a ajudar o próximo. “Tem pessoas que não tem estrutura psicológica para visitar crianças em um hospital, mas conseguem visitar um idoso num asilo, alguns não gostam de ir as ruas, auxiliar os mendigos, mas poderiam estar dentro de um abrigo. Você pode escolher como ajudar. Apenas comece de alguma forma!”, Lacerda finaliza.

Grupo Gratidute promove um dia de brincadeiras no orfanato


12  •  Ensaio Belo Horizonte, Março de 2017

Editor e diagramador da página: Sara Lacerda

O Ponto

Fotos: GuilhermeFotos: Aroeira Guilherme Aroeira


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