A formação do profissional florestal

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atuações, contribuições e fatores da carreira A crescente demanda por produtos florestais, a busca cada vez mais intensa da sociedade moderna por produtos certificados, a maior conscientização das pessoas pela necessidade do uso sustentável do ambiente, além do maior conhecimento dos impactos das atividades produtivas neste, tem propiciado, atualmente, uma ampliação natural de áreas de atuação dos Engenheiros Florestais. No Brasil, atualmente, existem aproximadamente 70 cursos, conforme localização na imagem em destaque. Apesar da juventude da engenharia florestal no Brasil, já fazemos a melhor e mais avançada silvicultura tropical de espécies de fibra curta do planeta. Também não há dúvida sobre os avanços extraordinários na área de colheita e transporte florestal. Há estudos avançados sobre produtos não madeireiros, como a lignina para produção de painéis para veículos automotores e outros acessórios, o alfabizabolol da candeia – Eremanthus erythropappus, o óleo da Copaifera langsdorffii, além de outros subprodutos das árvores nativas na geração de cosméticos, fármacos, frutos e produtos adicionais. Na área ambiental, também atingimos um padrão de qualidade elevado nos processos de recuperação de áreas degradadas, mineradas e outras, na quantificação de estoque e captura de carbono, além de atingirmos o mesmo padrão na elaboração e desenvolvimento de projetos de manejo ambiental para preservação e conservação. Um fato que nos orgulha são os grandes e espetaculares empreendimentos de celulose, energia e processamento de madeira, que demandam altíssimos investimentos e geram muitos empregos e renda. Porém há questões que ainda necessitam de maior análise crítica.

Um fato que nos orgulha são os grandes e espetaculares empreendimentos de celulose, energia e processamento de madeira, que demandam altíssimos investimentos e geram muitos empregos e renda. Porém há questões que ainda necessitam de maior análise crítica. "

José Roberto Scolforo Professor do Dpto. de Ciências Florestais da UFLA

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Ainda não obtivemos o devido êxito em popularizar a silvicultura e o manejo florestal de várias espécies arbóreas nativas de alto valor comercial, e nem mesmo as exóticas já com tecnologia amplamente dominada no País, junto aos pequenos e médios produtores. Esse insucesso é decorrência da falta de uma política florestal que forme polos de produção e industrialização de madeira para usos mais nobres, como movelaria, painéis e mesmo para construção civil na apropriação de portas, janelas, engradamentos e outros. Se não há ecossistemas consolidados, por sua vez, não tem como comercializar com valores rentáveis esses produtos. Quando observamos o leque de áreas de atuação tão amplas na engenharia florestal, ou visualizamos o sucesso e a pujança especialmente do setor de celulose, torna-se incompreensível como o País não se preocupa com a estruturação de uma Política Florestal, que aumentará ainda mais a participação de produtos florestais no PIB brasileiro sem competir com áreas para produção de alimentos ou áreas com vegetação nativa. Há pontos que devem ser mais bem avaliados, como a falta de programas para popularizar a atividade florestal e o excesso de burocracia para atender às demandas ambientais, tão necessárias, que nos leva a fazer uma série de questionamentos de como a academia pode influenciar o maior incremento da atividade no País, de forma a gerar ainda mais renda e emprego.


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