A formação do profissional florestal

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“Sapiens” florestal A sabedoria ou sapiência florestal consiste em reconhecer as florestas como provedoras de alimento, água, proteção e todos os seus serviços ambientais, mas também entender os seus limites, a importância da sua perenidade, de seu equilíbrio, sua diversidade e de como compartilhar seus recursos e serviços com demais organismos e ecossistemas do planeta. Nesta reflexão, daremos destaque ao papel que as universidades têm na formação de recursos humanos, capazes de propor soluções tecnológicas e científicas para o convívio sadio da raça humana com as florestas. A formação universitária vai além da graduação de profissionais silvicultores especialistas no cultivo de espécies florestais e menos ainda de exploradores de recursos naturais. Espera-se que as universidades formem profissionais conscientes de que o bem-estar humano depende da existência de florestas para que os serviços ecossistêmicos possam ser continuamente ofertados pelas florestas. Para atender à crescente demanda por alimentos, água potável, madeira, fibras e combustíveis, temos levado os sistemas naturais ao limite da sua capacidade de resiliência. Nos últimos 50 anos, como seres humanos, impactamos os ecossistemas do nosso planeta com velocidade e extensão bem maiores do que em qualquer outro período da história, colocando em risco a capacidade de o planeta se recuperar.

A formação universitária, para reverter essa situação e atender com adequada competência às futuras demandas, precisará capacitar profissionais que saibam promover a transição para sistemas de produção multisserviços, mais biodiversos, e de base energética descarbonificada. Isso se justifica por acordos e compromissos multilaterais que o Brasil vinha assumindo até 2018, e pela evidente necessidade de gerar empregos que o mantenha num ritmo adequado de desenvolvimento econômico interno, sem perder competitividade no cenário internacional. No cenário internacional, o Brasil é signatário, com mais 193 países-membros das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (ratificada na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de 2015) e tem sido protagonista, desde 1992, na Convenção sobre Diversidade Biológica. Internamente, esses compromissos levaram, por exemplo, à elaboração de uma Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB), que

A formação universitária vai além da graduação de profissionais silvicultores especialistas no cultivo de espécies florestais e menos ainda de exploradores de recursos naturais. "

Silvio Frosini de Barros Ferraz e Luiz Carlos Estraviz Rodriguez Professores do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP

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