O cenário nacional e o panorama mundial do sistema bioenergético - OpAA77

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Opiniões Opiniões Opiniões www.RevistaOpinioes.com.br ISSN: 2177-6504 ano 20 • número 77 • Divisão C • Ago-Out 2023 BIOENERGÉTICO: cana, milho, agave, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade e carbono o cenário nacional e o panorama mundial para o sistema bioenergético MultilingualEdition ano 20 • número 77 • Divisão C • Ago-Out 2023 BIOENERGÉTICO: cana, milho, agave, açúcar, etanol, biogás, bioeletricidade e carbono

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Capa: Mailson Pignata Índice: Acervo BP-Bunge 22 34 40 62 78 70 88 26 56 14 44 52 66 84 18 30 50 10 74 64

índice

EDITORIAL DE ABERTURA:

10. Marcos Fava Neves e Gabriel de Oliveira Teixeira, Professor e Mestrando da FEA-USP e EAESP-FGV

O CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL DO SISTEMA:

14. Plinio Mário Nastari, Datagro

18. Alexandre Enrico Silva Figliolino, MB Agro e XP

22. Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio, Abag e Canaplan

26. Evandro Gussi, Unica

30. Hugo Cagno Filho, Usina Vertente e UDOP

34. Pedro Robério de Melo Nogueira, Sindaçúcar-AL

40. Silvio Cézar Pereira Rangel, FIEMT e Sindalcool-MT

44. Luciano Rodrigues, Unica e FGV-EESP

50. Carlos Roberto Liboni, Techind e APL-Sertãozinho

52. Mário Campos Filho, Fórum Nacional e Siamig

56. Paulo Montabone, Fenasucro & Agrocana

62. José Guilherme Ambrósio Nogueira, Orplana

64. Milton Santos Campelo da Silva, Sindicanalcool-MA-PA

66. Antonio Eduardo Tonielo Filho, Grupo Viralcool

A INDÚSTRIA DO SISTEMA BIOENERGÉTICO:

70. Everton Luiz Carpanezi, Tereos

74. Jairo Balbo, São Francisco e Zilmar Souza, Unica

78. Wilson Lucena, BP Bunge Bioenergia

82. Fernando Antonio C. Figueiredo Vicente, Alta Mogiana

84. Luiz Augusto Resende Nascimento, Cerradinho-Bio

88. Alexandre dos Reis, SEW

90. Pedro Felipe de Castro Andrade, Cerradão

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Quando você estiver na estrada

quando você estiver na estrada

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É lógico que você não precisa viajar para desfrutar desse conforto. O sistema também funcionará na sua mesa de trabalho, andando no parque, na esteira da academia, nas ruas congestionadas da cidade grande ou no sofá da sua Casa.

Boa leitura ou boa audição, como preferir.

ARTICULISTAS DESTA EDIÇÃO:

01. Marcos Fava Neves e Gabriel de Oliveira Teixeira

02. Plinio Mário Nastari

03. Alexandre Enrico Silva Figliolino

04. Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio,

05. Evandro Gussi

06. Hugo Cagno Filho

07. Pedro Robério de Melo Nogueira

08. Silvio Cézar Pereira Rangel

09. Luciano Rodrigues

10. Carlos Roberto Liboni

11. Mário Campos Filho

12. Paulo Montabone

13. José Guilherme Ambrósio Nogueira

14. Milton Santos Campelo da Silva

15. Antonio Eduardo Tonielo Filho

16. Jairo Balbo e Zilmar de Souza

17. Everton Luiz Carpanezi

18. Wilson Lucena

19. Fernando Antonio Figueiredo Vicente

20. Luiz Augusto Resende Nascimento

21. Alexandre dos Reis

22. Pedro Felipe de Castro Andrade

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o mercado de bioenergia:

o agronegócio brasileiro como o maior gerador de oportunidades de forma sustentável

A maneira de se gerar energia de forma sustentável é uma das principais discussões da atualidade. Medidas para produção de energia elétrica e combustíveis para minimizar o impacto no meio ambiente e na saúde das pessoas têm sido tomadas no mundo todo e discutidas constantemente em importantes eventos internacionais, como nas Conferências das Partes (COPs) promovidas anualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nesse contexto, o Brasil certamente é um dos países de maior destaque.

A produção e o consumo de etanol há muito tempo é uma tradição no nosso país, uma vez que esta ocorre em larga escala por meio da cana-de-açúcar, desde a década de 1970, quando foi implantado o Proálcool e, desde então, tem impactado positiva e continuamente a geração de renda e o trabalho para a população, promovendo um desenvolvimento econômico de forma singular. Mais recentemente, inúmeras novas oportunidades têm surgido e prometem levar o setor de bioenergia para um patamar ainda mais alto por meio da expansão de novos produtos e tecnologias.

A Política Nacional de Biocombustíveis, o RenovaBio, tem se fortalecido nos últimos três anos; pode ser considerada um importante marco para o setor com um papel de enorme relevância no crescimento de biocombustíveis, como o biometano, o bioquerosene de avião, o biodiesel e do próprio etanol, o qual tem ganhado força também por meio da sua produção a partir do milho. O aumento da oferta desses produtos irá tornar nos próximos anos a matriz energética brasileira cada vez mais sustentável.

45% da produção energética do Brasil utiliza fontes renováveis. Esse número é 3 vezes maior quando comparado ao do resto do mundo, que possui apenas 15% "

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Professor da FEA-USP e da EAESP-FGV Coautor: Gabriel de Oliveira Teixeira, Economista, Mestrando em Administração na FEA-USP e Consultor na Markestrat Group

Pesquisas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Agência Internacional de Energia (IEA) do ano de 2022 mostram que cerca de 45% da produção energética do Brasil utiliza fontes renováveis. Esse número é 3 vezes maior quando comparado ao do resto do mundo, que possui apenas 15% da sua energia produzida a partir dessas mesmas fontes. Com a tendência de crescimento da energia sustentável no país, até o ano de 2050 deverá ser alcançada a neutralidade de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a bioenergia terá um papel primordial neste acontecimento.

Para se ter uma ideia desse impacto, o biogás, por exemplo, tem 98% do seu potencial a ser ainda explorado atualmente, sendo conhecido como o “pré-sal caipira”.

Ele pode ser transformado em biometano e utilizado em veículos pesados como combustível sustentável ou queimado para a geração de energia elétrica. Tem, também, a vantagem de ser uma fonte de energia não intermitente, ou seja, que pode ser gerada durante todo o ano sem interrupção.

O crescimento da produção de biometano tende também a fazer com que haja um aumento da frota de caminhões que utilizam esse combustível em vez do diesel.

Isso gera não só um grande benefício ambiental, mas também econômico, semelhante ao que tem ocorrido com a utilização do biodiesel, já que seu uso diminui a dependência brasileira do combustível fóssil, que é, em grande parte, importado e pode ter fortes variações de preços conforme o câmbio e o valor do barril de petróleo.

Além disso, quando produzido a partir dos resíduos da cana-de-açúcar, como a vinhaça ou a torta-de-filtro, o biogás pode promover um interessante modelo de economia circular, já que a energia elétrica gerada e o biometano podem ser utilizados na produção da indústria sucroenergética é ainda transformar resíduos considerados passivos ambientais em ativos energéticos.

De forma semelhante, dados da União Nacional do Etanol de Milho (UNEM) do ano de 2022 mostram que a produção de etanol a partir do milho deve apresentar crescimento acentuado nos próximos anos, chegando a representar 20% da produção total do biocombustível até 2030. Assim como o biogás, a sua industrialização também consegue gerar um modelo de economia circular, nesse caso podendo ser integrada à cana-de-açúcar e à pecuária, uma vez que há, como coproduto da sua cadeia produtiva,

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a bioeletricidade que pode ser consumida pela própria usina (ou vendida) e o DDG (Dried Distillers Grains) que pode ser utilizado na alimentação animal, que, por sua vez, gera esterco que, ao ser tratado, serve como fertilizante para o milho e para a cana. Estudos mostram que o biometano e o etanol têm potencial para abastecer os veículos mais ecologicamente corretos. Estima-se que um automóvel híbrido a biometano consiga emitir 4,5 vezes menos carbono na atmosfera, quando comparado a um modelo semelhante a gasolina. Porém, um carro híbrido que utilize etanol tem potencial de liberar 3,5 vezes menos CO2, o que gera uma redução incrível nas emissões.

Outra fonte de energia promissora oriunda do agronegócio brasileiro é o bioquerosene de aviação, conhecido como BioQav ou SAF (Sustainable Aviation Fuel).

O Brasil tem potencial para produzir o biocombustível de forma que seja possível substituir toda a demanda nacional de querosene por parte da aviação, que, atualmente, é de 6 bilhões de litros, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A aviação é responsável pela emissão de 17 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. O bioquerosene destaca-se por possuir sinergia com o setor sucroenergético, já que podem ser utilizados como matérias-primas para a sua produção, o etanol e os resíduos da cana-de-açúcar.

Por fim, vale lembrar que a produção do hidrogênio verde, conhecido como “combustível do futuro”, deve atrair investimentos nas próximas décadas. Com capacidade energética três vezes superior à da gasolina, o hidrogênio, além de ter potencial de substituir o derivado do petróleo, pode ser utilizado para a produção de amônia e fertilizantes derivados dela, como a ureia e o nitrato de amônio, que são atualmente importados e geram dependência do Brasil em relação a outros países.

As oportunidades brasileiras na área de bioenergia são inúmeras e podem crescer muito, uma vez que a preocupação com o desenvolvimento sustentável é uma pauta global e faz com que novos investimentos nacionais e internacionais sejam atraídos para os produtos do nosso agronegócio.n

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Atvos, Conquista, acervo Atvos
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biomassa,

estratégica em várias dimensões

A energia de biomassa é estratégica para o Brasil e outros países em condições similares, por muitas razões, e, sendo assim, deveria ser reconhecida e valorizada como tal. Fundamentalmente, biomassa é energia solar capturada por fotossíntese, armazenada em cadeias de carbono que permitem seu processamento e conversão em inúmeros produtos e aplicações.

São painéis de energia solar fotovoltaica de origem biológica, com a vantagem de não emitirem carbono em sua manufatura e descarte. Todos os países com altos índices de insolação, e com disponibilidade de recursos naturais disponíveis, sem ameaçar a integridade de reservas florestais, de seus recursos naturais ou de sua biodiversidade, têm a possibilidade de explorar com eficiência e responsabilidade a biomassa como fonte de energia. Como já identificou Fatih Birol, diretor-executivo da Agência Internacional de Energia, órgão da OCDE que reúne os países mais ricos e desenvolvidos do planeta, “a biomassa é o gigante negligenciado e adormecido”.

é necessário reconhecer que o Brasil já é o país mais avançado do mundo, naquilo que o mundo está perseguindo de forma mais intensa nesse momento, que é a economia do hidrogênio. "

A biomassa é estratégica porque é flexível e gera emprego. Os produtos energéticos que dela derivam têm inúmeras aplicações. Dentre os mais reconhecidos, temos os biocombustíveis em geral (etanol, biodiesel, biogás e biometano), a bioeletricidade, a lenha avançada, e o biocarvão. Mas incluem também todos os produtos e coprodutos que deles derivam, como os plásticos produzidos a partir da conversão de etanol pela rota do eteno e pela rota acética, o CO2 biogênico que pode ser convertido em combustíveis sintéticos, e muitos outros.

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cenário
internacional do setor bioenergético
nacional e

Se é tão bom, por que há pouco reconhecimento de sua importância? O primeiro motivo pode estar relacionado à simples falta de informação e conhecimento a respeito de suas vantagens.

Mas pode ser também que não interesse a muitos países e governos valorizar a energia de biomassa, pois, na verdade, não têm as mesmas vantagens competitivas de países como o Brasil, onde a insolação acontece na maior parte de seu território duas vezes àquela encontrada em países da Europa.

Alguns países talvez tenham insolação equivalente à do Brasil, como a encontrada em várias partes dos Estados Unidos, da China ou do norte da África, porém, sem a mesma disponibilidade de água para a geração de biomassa para produção de alimentos e energia. Ou então, tem a mesma insolação, água e solo disponíveis, mas sem infraestrutura, tecido social e regulações preparados para a produção de biomassa de forma eficiente e estruturada.

A sua valorização e reconhecimento é uma questão de posicionamento estratégico e de marketing. A Irlanda, como exemplo, se posiciona como país verde por excelência, porém, nem de longe se aproxima de todo o esforço que o Brasil tem desenvolvido para preservar matas nativas, reservas legais em propriedades privadas, reservas indígenas, e no conteúdo renovável de nossa geração elétrica (92% em 2022) e de nossa matriz de combustíveis do ciclo Otto, usados em transporte (+39,6% no primeiro semestre de 2023, chegando a até 48,4% em 2019).

Países localizados em regiões desérticas como Israel, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, com o dispêndio de enormes recursos, constroem condições que tentam emular aquelas encontradas naturalmente em países como o Brasil, mas não somente aqui. Índia, Indonésia, Tailândia, Filipinas, Paraguai, Colômbia, e muitos outros, têm condições e vocação para realizar o mesmo trabalho, e começam a fazê-lo.

No Brasil, do ponto de vista estratégico, ainda estamos no meio do caminho do aproveitamento energético da biomassa. A diversificação no processamento da cana-de-açúcar na direção do etanol e da bioeletricidade foi um grande e histórico passo, com ganhos muito relevantes para a balança

comercial, o meio ambiente, a promoção de desenvolvimento descentralizado e o apoio ao desenvolvimento de uma engenharia automotiva local dedicada ao uso do etanol. Mas ainda temos muito a melhorar em termos de eficiência energética das usinas, daí a importância e a razão primeira do RenovaBio, como programa que visa estimular o investimento em aumento de eficiência energética-ambiental.

Ainda temos muito a avançar no aproveitamento energético do etanol em motores. Também precisamos aprender a valorizar a positiva sazonalidade da geração de bioeletricidade a partir de bagaço e palha de cana por sua complementariedade com a geração hidráulica.

Ainda temos muito a desenvolver na compreensão de que o etanol e o biometano são formas práticas, eficientes, econômicas e seguras de capturar, armazenar, transportar e distribuir hidrogênio.

O mundo todo se volta à valorização do hidrogênio, e taxonomias baseadas em cores, a partir de sua origem, estão cada vez mais profusas: marrom, cinza, azul, turquesa, rosa, laranja e verde. De forma simplificada, o hidrogênio tem elevado conteúdo energético, mas é geralmente muito caro para ser produzido a partir da maioria de suas fontes.

Uma vez produzido, tende a ser caro e arriscado armazená-lo, transportá-lo e distribuí-lo. Requer tanques de Titânio, a pressões que variam de 500 a 900 bar. Por esse motivo, a melhor coisa a fazer, quando produzido, é transformá-lo em alguma coisa ou utilizá-lo como fonte de energia próximo à sua geração.

Por esse motivo, é necessário reconhecer que o Brasil já é o país mais avançado do mundo, naquilo que o mundo está perseguindo de forma mais intensa nesse momento, que é a economia do hidrogênio.

Já temos uma rede de distribuição de hidrogênio instalada na forma do parque de distribuição de etanol, através dos tanques em bases primárias e secundárias, dutos, e mais de 42 mil postos de abastecimento. Basta apenas ser feita a reforma, ou separação do hidrogênio contido no etanol para ser disponibilizado hidrogênio de forma descentralizada em todo o país.

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Essa deveria ser a bandeira mais fulgurosa de nossa estratégia de comunicação e posicionamento em foros internacionais relacionados a energia e meio ambiente.

Precisamos abandonar estratégias fadadas ao fracasso, como a de subsidiar o preço de combustíveis fósseis como a gasolina, diesel e GLP, que desestimulam o investimento privado em novas refinarias de petróleo, ainda necessárias por aqui.

Subsidiar o preço e estimular o uso de combustíveis fósseis, muitas vezes cancerígenos, não fazem o menor sentido, sob nenhum ângulo. Semelhantemente, estratégias que desestimulam a produção de etanol e outros derivados de biomassa, limpos e eficientes fazem com que nossas reservas de divisas sejam desperdiçadas com importações desnecessárias de gasolina e diesel.

Ao contrário, precisamos criar políticas que estimulem a produção responsável, ambientalmente sustentável, de energias renováveis, como a de biomassa que precisa ser avaliada e valorizada nas mesmas bases perante outras formas de energia, idealmente usando a métrica de avaliação do berço-ao-túmulo. Avaliações que incluam o impacto total de produção e descarte de todos os elos de produção e uso nas outras formas de energia, classificadas como renováveis, ou não.

O que distingue no longo prazo as sociedades que conseguem avançar genuína e duradouramente na organização de seus processos produtivos, usando recursos locais ou importados, é sua capacidade de criar regulações que direcionam o esforço privado na direção da eficiência econômica e ambiental.

No Brasil, fomos agraciados com variadas e extensas reservas de bens naturais, mas temos sido relapsos, como sociedade, na construção de condições que estimulem esforço concertado na direção do que é desejável no longo prazo.

A energia de biomassa é um dos nossos maiores trunfos, e não pode ser tratada como a Geni do setor de energia.

Ao contrário, precisa ser nutrida com cuidado e toda a atenção que merece a nossa maior criação, o nosso bem mais valioso. Assim, continuará a gerar frutos, e o desejado desenvolvimento e bem-estar social. n

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Atvos, Santa Luzia, Nova Alvorada do Sul-MS

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o futuro

O setor sucroenergético vive seguramente um momento muito rico. Ao mesmo tempo que não faltam incertezas, estão se abrindo avenidas de oportunidades extremamente interessantes e promissoras.

Ser um país de vasto território, em grande parte tropical, com abundância de água e luminosidade, aliado à tecnologia, possibilita ao setor o desenvolvimento de uma série de alternativas no campo energético, competitiva e bem alinhada ao cenário de descarbonização pelo qual passará o mundo nos próximos 30 anos.

As incertezas passam pela competitividade do etanol de cana-de-açúcar em relação à gasolina, num governo claramente populista e preocupado apenas com seu desempenho nas próximas eleições presidenciais em 2026, o qual abandonou por completo a paridade de preços internacionais e passou a adotar uma política muito pouco transparente. Já estamos sentindo os primeiros efeitos disso que estão tornando as destilarias autônomas, que não tem açúcar em seu mix de produtos, totalmente inviáveis e operando no vermelho. Dada à atual situação de preços do etanol, pela não manutenção de critérios de reajustes pela Petrobras, estamos prevendo que já neste final de ano, naquelas empresas em que o nível de alavancagem financeira seja elevado haverá uma situação de insolvência devido ao nível de preços hoje observado no mercado estar bem abaixo dos custos de produção. Além disso, a concorrência com etanol de milho, atualmente, é muito mais competitiva, situação que provavelmente deve perdurar face às extraordinárias safras desse cereal que estão por vir.

As incertezas passam pela competitividade do etanol de cana em relação à gasolina, num governo populista e preocupado apenas com seu desempenho nas eleições presidenciais em 2026. "

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Graças a Deus, o Brasil é muito competitivo na produção de açúcar, commodity cujo consumo deve crescer por volta de 2 MM de toneladas por ano, graças a expansão do mercado na África e Ásia, dá ao Brasil toda condição de manter seu elevado share atual no trade mundial entre 45 e 50%.

Falando de novas perspectivas, vamos abordá-las abaixo em ordem decrescente de maturidade.

1. Eficiência no balanço energético da unidade para propiciar uma boa sobra de bagaço. Temos assistido à valorização da biomassa em geral, devido ao seu uso nas mais diversas indústrias, como gerador de energia, uso na indústria de suco de laranja, na secagem de grãos, na indústria de etanol de milho, na produção de etanol 2G, na geração de eletricidade – hoje o pior uso. Se não houver contratos de longo prazo com preços satisfatórios, e devido ao uso do eucalipto na crescente indústria de celulose, tornam os investimentos que proporcionam economia de bagaço muito bem-vindos.

2. Investimento que provoque aumento do mix açucareiro está muito presente atualmente na indústria, seja na montagem de novas fábricas, seja na otimização da unidade de açúcar existente. Tudo isso para aumentar a capacidade de cristalização e aumentar o mix açucareiro, uma vez que as commodities estão menos afetadas pela intervenção do governo no Brasil e ter forte comércio mundial.

3. Temos assistido a um crescente interesse das empresas para estudar a implantação de unidades de produção de biogás e biometano, com a utilização de torta de filtro e vinhaça. Os projetos têm mostrado crescentes índices de rendimento, apontando para um crescimento da taxa de retorno dada às perspectivas de utilização do biogás e biometano em diferentes segmentos, desde a produção de energia, hoje o de menor retorno, até a venda no mercado para diferentes segmentos industriais, mais a promissora substituição de diesel na frota interna de veículos das usinas. Isso tende a melhorar significativamente a pegada de carbono das empresas, além dos resíduos estarem se mostrando excelentes biofertilizantes, não obstante a perda de matéria orgânica. Isso vai muito em linha com a valorização que se dá hoje à economia circular.

4. Implantação de unidade de produção de etanol de milho anexa a unidade esmagadora de cana-de-açúcar também tem sido alvo de

muitos estudos, principalmente no CentroOeste, mais perto da região onde mais se produz milho de segunda safra no Brasil.

Devido à sinergia entre as duas fábricas, principalmente na questão da biomassa da cana, fonte de vapor e energia, e com perspectivas de safras abundantes nos próximos anos, essa alternativa tem sido estudada com grande carinho, não obstante o pessimismo com o comportamento dos preços do etanol no curto prazo. O etanol de milho tem se mostrado muito competitivo em relação ao etanol de cana-de-açúcar e todo o crescimento, pelo menos no curto prazo da produção de etanol, virá do milho.

5. Etanol 2G. Temos visto um grande grupo do setor colocar pesadas fichas nessa alternativa, mas acreditamos que para os pobres mortais essa opção ainda está um pouco distante, face aos elevados custos de investimento vis-à-vis aos volumes de produção alcançados, bem como algumas incertezas em relação à rota tecnológica adotada. Tudo isso leva a um elevado custo de produção, criando uma grande dependência da obtenção de contratos de longo prazo a preços bem mais remuneradores em relação ao produto convencional, que também não está ao alcance da quase totalidade do setor, mas estamos muito confiantes no futuro de longo prazo deste produto.

Outra coisa que coloca muita esperança para o futuro do etanol é a questão de seu uso na produção de Combustível Sustentável de Aviação (SAF), dado os compromissos das empresas aéreas de reduzirem seus níveis de emissão. Dado os volumes de combustíveis SAFs que serão exigidos, esperamos uma participação do etanol de cana-de-açúcar que podem envolver volumes bem significativos.

Mas, fundamentalmente, mesmo reconhecendo muitas evoluções nas práticas agrícolas conseguidas pelas usinas nos últimos anos com melhorias sensíveis na qualidade das operações agrícolas, manejo varietal, um intensivo e crescente uso de tecnologia, aumento significativo do uso de bioinsumos, aguardamos ansiosamente por acontecimentos de grande impacto que podem mudar de maneira significativa a forma de se produzir cana-de-açúcar, como a cana semente que muitos benefícios trará às empresas do setor.

Enfim, não são poucos os desafios e cada vez em níveis de complexidades infinitamente maiores, o que torna o sucroenergético cada vez mais interessante. n

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Aqui não tem

milagre, tem tecnologia !

Essa é a solução ideal para áreas com produtividade abaixo de 60 toneladas por hectare. A lógica é muito simples. A operação é aplicada em ruas alternadas. O equipamento faz o corte da cana de ambas as ruas e empurra a cana cortada para as duas ruas laterais.

O trabalho a ser feito pela colhedora passa a ser: cortar da rua que ainda está de pé e recolher, na mesma operação, a cana já cortada pelo equipamento CORT-I-CANA, que recebeu o apelido muito próprio de "engordador de rua".

Esta operação reduz o trabalho da colhedora pela metade, colocando o dobro da cana no elevador. Outra vantagem: para fazer o posicionamento de retorno, a colhedora passa a ter um raio de curva 3 vezes maior, reduzindo o número de manobras, o tempo, a complexidade dos movimentos e o pisoteio. Em função da sua produtividade, um "engordador " atende a duas colheitaderas. Assim, seu uso dobra ou triplica a massa de cana colhida.

O CORT-I-CANA, copia o relevo do solo – independente da ação do operador –permitindo corte bem rasos, e auxilia na abertura de aceiros de colheita evitando o esmagamento da cana. O TCH limite para adensamento passa a depender da capabilidade da colhedora, pois a mesma passará a enfrentar um canavial com TCH dobrado. O uso de tratores com piloto automático facilitará sobremaneira a operação em áreas georeferenciadas.

Temos agora também uma opção para o adensamento de 4 ruas em espaço alternado. O que você acha da ideia de ligar agora para a FCN e pedir uma visita? Se desejar se adiantar, solicite o envio de uma Planilha de Pay-back pelo e-mail Felix@fcntecnologia.com.br. Agora, aperte o botão do Play da página ao lado e assista ao vídeo que mostra a CORT-I-CANA em ação.

Aguardamos seu contato.

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O que pode ser mais agradável para um produtor do que ouvir a seguinte frase:
" Você pode dobrar a sua produção e baixar seus custos pela metade
"

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

a importância dos biocombustíveis

Desde a pandemia iniciada em 2020, seguida da guerra Rússia-Ucrânia em meio a uma guerra fria EUA/China, o mundo vive uma complexa conjuntura. Essa é a base das dificuldades para se desenhar cenários para as indústrias energéticas. A imensa maioria dos países é signatária do Acordo de Paris sobre a descarbonização, de alguma forma “travado” sob a conjuntura atual. Percebe-se uma fase de montagem de estratégias em P&D mais aplicada, com leis suportando as ações de países como os EUA (IRA) e a União Europeia (Green Deal), entre outros, enquanto a imensa maioria dos países espera o caminho que virá.

Essa constatação se relaciona com a lógica do processo de desenvolvimento e os países líderes de um lado e seus seguidores ou antigas colônias de outro. Pode-se ver isso na agricultura, em que a imensa maioria dos países apenas adaptou a tecnologia desenvolvida pelo mundo temperado do hemisfério Norte à sua realidade.

Nesse sentido, o Brasil foi muito diferente em seu agronegócio, a partir dos anos 1970. Uma onda positiva trouxe investimentos privados e política pública suportando programas de modernização das lavouras e de P&D em que, do lado público, foi criada de forma genial a Embrapa e seu modelo inovador. Entre as boas novas, veio a onda chamada Proálcool, focada na substituição da gasolina pelo etanol, seguida mais tarde pelo biodiesel, bioeletricidade e, hoje, com o uso de subprodutos das indústrias, o biogás e o biometano.

Produzindo em larga escala, os biocombustíveis marcaram fortemente a capacidade brasileira privada de criar e de gerir (público e privada) a oferta e estimular uma demanda que, além de substituir importações (década de 1970), respondeu de forma acelerada à

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O cenário depende de uma sólida relação pública-privada. Essa é uma variável complexa, política e indefinida em um país com dificuldades de lideranças que unam objetivos nessa dimensão. "
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Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Caio Presidente
da Abag e
Diretor
da Canaplan
“Energia é o que tensiona o arco; decisão é o que solta a flecha.”
Sun Tzu

redução da poluição local e das emissões de CO2, com milhões de empregos em uma longa cadeia produtiva, que se somou à da indústria automobilística, da energia elétrica e, mais recentemente, à da biogás e biometano (reduzindo o consumo de diesel), como antes citado.

Uma série de registros climáticos de temperatura, calor do oceano e gelo marinho da Antártida alarmaram alguns cientistas que dizem que sua velocidade e tempo são sem precedentes. “Não tenho conhecimento de um período semelhante em que todas as partes do sistema climático estivessem em território anormal ou recorde”, diz Thomas Smith, geógrafo ambiental da London School of Economics. No gráfico em destaque estão quatro recordes climáticos quebrados até agora nesse verão de 2023 – o dia mais quente

já registrado, o mês de junho mais quente já registrado globalmente, ondas de calor marinhas extremas, gelo marinho antártico recorde.

Qualquer cenário no mundo hoje considera pelo menos 3 fatores fundamentais para desenhar perspectivas: as mudanças climáticas e os esforços em descarbonização, a insegurança alimentar e a energética.

Os dados internacionais mostram queda de investimentos globais em novos poços de petróleo ou em shale oil, que na conjuntura de crise e menor crescimento ainda não se fizeram sentir tanto. Por outro lado, seguem investimentos no mundo em carvão mineral (recaída justificada pela insegurança energética atual) e em energia nuclear, ao mesmo tempo em que se tornam competitivas as energias eólicas e solares. ;

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RECORDES GLOBAIS EM DIAS MAIS QUENTES TEMPERATURAS MÉDIAS DIÁRIAS DO AR, DE 1940 À 2023 17 ºC 15 ºC 13 ºC 11 ºC J F M A M J J A S O N D 17.08 ºC 06 Julho 2023 2023 Cada linha representa um ano
Fonte: ERAS, C3S/ECMWF

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

No mundo de crescente demanda energética, mesmo na crise, e com fortes compromissos de redução de emissões como a China e a Índia, as novidades têm sido interessantes. No mundo rico, com planos e poucas ações, e casos de desconfortável ausência de soluções, além da melhoria de eficiência energética e tentativas unilaterais de regramento (União Europeia) global, o novo é a tendência afunilada na busca ao hidrogênio verde.

Esse o cenário mais claro no “ fog ” que limita a visão, o qual para o Brasil traz positivas oportunidades ao seu agro, nitidamente pela sua capacidade competitiva, sua infraestrutura de postos de abastecimento e pelas ações público-privadas desenvolvidas desde os anos de 1940, pressionado pela Segunda Guerra Mundial e pela escassez de gasolina.

A biomassa é o grande vetor energético do mundo tropical, casada com o desenvolvimento nacional da mistura de combustíveis renováveis/fósseis, com o avanço dos motores flexíveis e dos modelos híbridos (com motores elétricos junto aos de combustão), na lógica de se ter, por exemplo, o etanol como um verdadeiro cacho de hidrogênios! Enquanto o País aprovou sua lei federal dos biocombustíveis – RenovaBio –tem havido a importante adaptação das políticas nessa linha pela Índia, extremamente relevante à disseminação do processo no mundo do Sul.

Através do programa governamental “Combustível do Futuro”, foram elaboradas as coordenadas à plataforma de desenvolvimento da célula de combustível, como meta de uso do hidrogênio em escala mundial.

O biodiesel, nas cadeias de leguminosas, palmáceas e do sebo animal, cuidaria da substituição do diesel, suportado também por subprodutos das refinarias de petróleo.

Esse cenário brasileiro já parte com a enorme vantagem de realizar quase 50% do consumo de energia renovável em sua matriz energética, e acima de 85% em sua matriz elétrica!

O cenário do setor sucroenergético é, de fato, de grande relevância e oportunidade. Há importantes investimentos na produção, como a integração cana-milho; do etanol de segunda geração, via celulose

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Degelo, Geleira na Noruega, Paulo Altafin
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de bagaço e palha; na produção de biogás e biometano, além da bioeletricidade; há uma integração antiga cana/soja sendo a leguminosa fonte de biodiesel e proteínas; há efetivo esforço na recuperação da produtividade agroindustrial canavieira, base para o processo de capacidade competitiva da cadeia produtiva.

Todos os caminhos, na tendência global, acentuam o foco para o desenvolvimento da bioeconomia, com elevada competitividade, incluídas nisso a produtividade total dos fatores e a sustentabilidade dos processos produtivos. Essa é uma procura que valoriza sobremaneira o Brasil e seu Agro tropical desenvolvido para as suas condições tropicais.

Olhando o lado da demanda, temos não apenas o modo rodoviário, onde tudo começou, mas também os mercados de biocombustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e os mercados de biocombustíveis para a marinha, ambos com consumos elevados e, portanto, com emissões de CO2 a serem mitigadas.

A lógica econômica-ambiental-social do negócio sucroenergético está toda assentada em produtividade agroindustrial, uso integral da biomassa, valorização das externalidades positivas dos seus produtos frente aos que substitui, agregação de valor em integração com outras culturas e desenvolvimento tecnológico.

Esse cenário, como todos os que procuram antecipar o futuro, depende de uma sólida relação pública-privada, em ambiente de profundas mudanças. Essa é uma variável complexa, política e indefinida em um país com dificuldades de lideranças que unam objetivos nessa dimensão.

É fundamental, nesse cenário, ter proatividade como país, em questões que possam dificultar a narrativa positiva desse processo da bioeconomia, como o combate ao desmatamento ilegal e, um posicionamento do Brasil junto à OMC e à OCDE. É importante ter Acordo Comerciais e estar inserido na evolução de outros países emergentes.

Exemplo recente disso foi o bloqueio, por vários países liderados pela Arábia Saudita, para que as nações que compõem o G20 reduzam o uso dos combustíveis fósseis. Esse tipo de pressão continuará na próxima reunião da COP28 nos Emirados Árabes. n

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Opiniões Multilingual Edition

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Brasil alça voo para o futuro da energia

Tivemos uma experiência bastante exitosa na Índia, país anfitrião da reunião ministerial sobre Transições Energéticas do G20, realizada em julho na cidade de Goa. No momento em que o grupo das maiores economias do mundo lança a Aliança Global para os Biocombustíveis, fortalecendo esses energéticos na mobilidade de baixo carbono, da parte do Brasil, tivemos a grata alegria de acompanhar, em primeira mão, o anúncio do ministro Alexandre Silveira sobre o envio ao Congresso Nacional do Projeto de Lei “Combustível do Futuro”.

A proposta do Ministério de Minas e Energia levará o compromisso com a mobilidade sustentável no Brasil cada vez mais longe, incorporando a avaliação de ciclo de vida (ACV/LCA) como critério de sustentabilidade. O projeto é inovador ao considerar o princípio de neutralidade ou diversidade tecnológica, isto é, não haverá privilégios para qualquer rota, mas o reconhecimento de todas que contribuam para a redução de emissões de CO2. Nas palavras do ministro Alexandre Silveira, “o Brasil será o primeiro país do mundo a implementar uma política de mobilidade, com base no ciclo de vida do poço à roda dos combustíveis”. Pelo conceito adotado no projeto de lei, a avaliação dos combustíveis irá contabilizar todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE), desde o processo de cultivo e extração de recursos à produção dos combustíveis líquidos ou gasosos, ou da energia elétrica, sua distribuição e utilização em veículos leves e pesados de passageiros e comerciais.

O desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação) a partir do etanol tem um potencial enorme a ser explorado, e o Brasil e a América Latina podem se tornar o grande centro gravitacional para a produção e distribuição. "

Recebemos essa notícia no seminário Ethanol Talks Special Edition, promovido pela UnicaUnião da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, Apla - Arranjo Produtivo Local do Álcool, Ministério das Relações Exteriores e ApexBrasil, em Goa, às vésperas da reunião do G20.

O evento contou com a parceria dos setores automotivo e sucroenergético da Índia, representados pela SIAM - Associação dos Fabricantes de Automóveis Indianos e pela ISMA - Associação Indiana das Indústrias de Açúcar. Também tivemos a honra de receber uma delegação de parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados do Brasil.

Nossos parceiros indianos ficaram impressionados com o fato de o projeto Combustível do Futuro elevar a mistura de etanol dos atuais 27% para 30%, mostrando que o etanol, ao lado de outras soluções, tem um enorme potencial de fazer transição energética eficiente e com baixo custo para a sociedade. É uma medida que certamente colocará o Brasil em outro patamar na almejada transição energética para baixo carbono. Não é de hoje que a experiência brasileira com o etanol e a bioenergia tem ajudado a transformar a realidade social, ambiental e econômica em países da Ásia e da América Latina. Na Índia, onde estivemos recentemente, os resultados desse trabalho de cooperação, intensificado nos últimos quatro anos, podem ser vistos na rápida evolução da participação do etanol na matriz de transportes indianas. O percentual de mistura do biocombustível na gasolina saltou de 1,4%, em

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Evandro Gussi Presidente da Unica

2014, para 12% neste ano, com expectativa de atingir 20% em 2025. Além disso, o país iniciou a produção da tecnologia flex fuel em carros e motocicletas. Como sabemos, o setor de transportes é responsável por quase 25% das emissões globais de gases do efeito estufa. E o etanol produzido no Brasil a partir da cana e do milho – convém reforçar – emite até 90% menos CO2 do que a gasolina. Por isso, a transição para uma mobilidade de baixo carbono passa pela adoção dos biocombustíveis como substitutos aos combustíveis fósseis. E se por um lado temos no Brasil um case de sucesso com o etanol nos veículos leves, por outro, temos a oportunidade de ir muito além de seu uso no presente. As novas fronteiras apontam para um grande papel dos biocombustíveis no futuro da aviação. O desenvolvimento de SAF (combustível sustentável de aviação) a partir do etanol tem um potencial enorme a ser explorado, e o Brasil e a América Latina podem se tornar o grande centro gravitacional para a produção e distribuição. Estudo recente do IICA - Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - mostra que 65% da descarbonização do setor deve vir do uso de SAF, com previsão de ampliar em 250% a demanda por biocombustíveis.

Por outro lado, podemos produzir biogás e biometano a partir dos resíduos do processamento da cana-de-açúcar. Nos veículos pesados, o biometano atua como substituto do diesel e do gás natural, reduzindo as emissões de CO2 em até 95% se comparado aos combustíveis fósseis. E essa produção começa a ganhar escala no Brasil, inclusive com usina já certificada pelo RenovaBio.

Estamos diante de um horizonte com diversas perspectivas, o que nos remete ao desafio de entender a tendência e como o setor sucroenergético poderá contribuir para o processo. A demanda de bioenergia é global, contudo, ela tem que ser produzida com sustentabilidade e entregue com baixa intensidade de carbono – sem essas características não efetiva descarbonização.

Nesse contexto, o Brasil tem todas as condições de ser um player determinante, sobretudo por sua experiência única no mundo para o desenvolvimento de cadeias de valor destinadas à produção, distribuição e consumo de biocombustíveis. Tenho certeza de que o País está pronto para alçar voos cada vez mais altos, fomentando o caminho da sustentabilidade, especialmente à medida que as instituições públicas e o setor privado atuem na mesma direção. n

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protagonistas ou

meros expectadores?

Ao entrarmos o segundo semestre de 2023, assentadas as principais dúvidas sobre como seria a transição política no Brasil, e eventuais repercussões com temas como a política de preços a ser adotada pela Petrobras no novo governo, além dos desafios da transição energética em nosso País, é chegada a hora de nos debruçarmos sobre quais são nossas perspectivas e que, as mesmas, em alguma proporção, possam nortear, de certa forma, as políticas públicas que envolvem nosso pujante setor bioenergético.

temos duas alternativas complementares e que, se bem aplicadas, poderão alçar o Brasil a protagonista de uma nova era, ou, apenas, a coadjuvante e mero expectador das mudanças mundiais. "

Em paralelo a todo o contexto interno brasileiro, o mundo caminha a passos largos dentro de seus desafios de mitigação de emissões de gases de efeito estufa, talvez não na velocidade com que os ambientalistas mais radicais gostariam, mas, de forma regular, indicando uma predileção, que parece ter sido adotada por uma boa parcela dos países mais desenvolvidos: o da eletrificação dos motores, em detrimento dos motores à combustão.

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Hugo Cagno Filho Diretor Executivo da Usina Vertente e Presidente da UDOP
cenário nacional e internacional
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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Nesse contexto, temos duas alternativas complementares e que, se bem aplicadas por nossas lideranças, poderão alçar o Brasil a protagonista de uma nova era, ou, apenas, a coadjuvante e mero expectador das mudanças mundiais.

Há décadas o Brasil tem se mostrado uma referência quando o tema é matriz energética limpa. Até mesmo nossa metrópole São Paulo, comparada com outras megacidades do mundo, esbanja ter um dos ares mais limpos do planeta, em proporção de população e veículos automotores per capita. Isso se deve, em grande parte, à rota escolhida no Brasil, desde a década de 1970, de promover um biocombustível limpo, renovável e de baixa emissão de carbono: o etanol.

Sendo assim, quais são nossos desafios no futuro próximo? Penso que o etanol é um grande divisor de águas para o processo de transição energética atual no Brasil e no mundo. Quer como aditivo a gasolina; quer como fonte de célula de combustível; e até na matéria-prima do hidrogênio verde, tão bem estudado hoje como solução ambiental e sustentável.

As rotas de eletrificação baseadas no conceito do poço à roda mostram nossa eficiência energética muito superior às adotadas em países da Europa, por exemplo, onde a fonte da energia que abastecerá os automóveis, ou mesmo os veículos de mobilidade coletiva, são fósseis e poluídoras.

Mostrar ao mundo nosso protagonismo se tornou, agora, o principal dever de casa. O processo de transição da mobilidade levará, seguramente, mais algumas décadas, até ser concluído por completo, e, até lá, qual será a rota a ser adotada?

A Índia, por exemplo, gigante asiática de dimensões quase continentais, já encontrou no etanol sua “alternativa” neste processo de descarbonização. Mesmo caminhando para a eletrificação, também, o governo indiano determinou o aumento da mistura de etanol em sua gasolina, a exemplo do que faz o Brasil há décadas, e, por conseguinte, colherá resultados muito positivos na redução de suas emissões.

Outros países também têm adotado esta estratégia de migração, até a completa eletrificação. Mas devemos nos antecipar e estar um passo adiante nestas estratégias, mostrando, também, que o uso do etanol

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Grupo Tonielo, Usina Santa Inês, Sertãozinho-SP, Mailson Pignata

não deve ser interpretado, apenas, como estratégico no processo de mudança dos motores de combustão para os elétricos.

“Vender” as tecnologias dos motores híbridos flex é nosso dever como Estado e nossa obrigação enquanto amantes da bioenergia. Não podemos assistir, de camarote, ao mundo caminhando para um processo de eletrificação que apenas transfira as emissões dos escapamentos para as usinas a carvão, sem, com isso, resolver os graves problemas do aquecimento global.

Ao longo de mais de 100 anos na história do automóvel, muitas foram as “soluções” tecnológicas que desenvolveram o atual estágio da eficiência energética, das emissões de poluentes e da segurança veicular. Nesse contexto, hoje, se faz mais do que primordial, que o tema seja analisado sob a ótica da sustentabilidade, da economia de baixo carbono e da segurança energética, com uma visão global que considere as soluções locais muito características de cada nação.

Neste ínterim, inclusive, e, ainda, dentro do tripé do ESG, temos que considerar nesta equação o caráter social e econômico de nossa cadeia bioenergética, responsável, hoje, por boa parte do PIB do agronegócio brasileiro e geradora de milhões de postos de trabalho digno. Esse olhar macro, pode nos revelar qual deve ser a velocidade e a implementação das tendências a serem adotadas.

Mister se faz, no entanto, um papel de protagonismo do Brasil, na participação em fóruns mundiais sobre o tema e a exposição de nossos resultados, e de nossa visão, para o futuro da transição energética global.

Não podemos, apenas, nos sentar sobre os excelentes números nacionais, como o privilégio de termos 80% de nossa matriz energética de fontes renováveis (hidráulica, biomassa, eólica e solar), e observar o restante do mundo, com 73% de energias não renováveis, oriundas de gás natural, derivados de petróleo, de carvão e nuclear, caminhando para o que acham ser uma “alternativa” eficaz, mas que, já se mostrou, imprudente, pois apenas transfere a fonte de emissão.

A pergunta que se faz é simples, novamente: seremos protagonistas ou meros expectadores? Com a palavra nossos representantes políticos... n

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o cenário do sistema em agosto de 2023

Projetar cenários de setores da economia deveria ser um exercício de fixação de fundamentos cientificamente conhecidos com a atualidade e desenvolvimento das políticas públicas em vigor e a ação empresarial decorrente dessas políticas. Assim deve ser a reflexão sobre a análise e estratégias envolvendo a indústria crescente da bioenergia no conceito mais amplo desse segmento. Nas variadas reflexões sobre essa matéria, independentemente do autor, está fundamentado que a indústria de bioenergia no Brasil tem um papel fundamental na transição para uma economia mais sustentável e na redução da dependência de fontes de energia fósseis. Com sua vasta extensão territorial, rica biodiversidade e avançada tecnologia agrícola no manejo sustentável das matérias-primas, o país apresenta um enorme potencial para se consolidar como líder mundial na produção e uso de bioenergia.

Contudo, esses cenários promissores encontram, ainda, desafios que precisam ser superados para alcançar todo o seu potencial. A trajetória exitosa dessa evolução setorial está ancorada no permanente aprimoramento empresarial na busca de otimização e o uso mais adequado e sustentável dos recursos naturais disponíveis:

• Existe disponibilidade territorial para ser cultivada em bases econômicas competitivas para a cana-de-açúcar sem agressão a nenhum bioma protegido, sem desmate e com a permanente busca genética de variedades que se adaptam ao melhor cultivo do ponto de vista de infestações danosas de origem animal e que melhor respondam a adversidades climáticas que subtraem produtividade fina, tanto agrícola como industrial;

• A permanente atualização do uso da mecanização agrícola de ponta que se desenvolve sem erodir prejudicialmente o solo;

• A racionalização do uso da fertirrigação, quer seja com uso adequado de fertilizantes químicos e da utilização dos resíduos industriais numa cadeia circular de uso desses resíduos que se transformam em insumos naturais, evitando o seu descarte sumário em solo e cursos d’Água;

• A manutenção, por iniciativa privada, de áreas importantes de reserva legal de mata atlântica, de recuperação de matas nativas, do repovoamento vegetal das matas ciliares e da manutenção e gerência de extensas áreas de RPPNs, relativamente expressivas, dentro do universo agrícola ocupado com a cana-de-açúcar;

• Fixação de um contingente na casa do milhão, de colaboradores no campo, assegurando renda e sustento para as suas famílias;

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Políticas governamentais claras e estáveis são necessárias para estimular os investimentos no setor, marcos regulatórios e incentivos adequados, quando necessário. "

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

De forma simultânea, essa consolidada evolução se associa ao aperfeiçoamento dos processos industriais de transformação da matéria-prima em diversos produtos finais sustentáveis:

• O Brasil, como segundo maior produtor mundial do biocombustível etanol e com possibilidade de crescimento importante dessa produção, se afirma como o mais eficiente produtor desse combustível;

• A oferta de energia elétrica a partir da biomassa da palha da cana-de-açúcar e do bagaço, ainda que no patamar atual de 19,1% da oferta de energia nacional, vislumbra espaço de crescimento relevante e estratégico, quando consideradas as limitações ambientais atuais de aumento da constituição de lagos para aumento da oferta de energia a partir de hidrelétricas;

• A recente rota de produção de biometano a partir do biogás pelo aproveitamento dos resíduos industriais – torta de filtro e vinhaça – se configura como um viés importante para a oferta de gás para a indústria e para a substituição do óleo diesel na mobilidade urbana;

• O etanol, como alternativa para o fornecimento de combustível para a aviação, e o gás, como combustível sustentável e adequado para a navegação marítima, além da oferta de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar, estão na ponta do elenco de alternativas viáveis e com vasto mercado para esses combustíveis; Isso faz com que, atualmente, o Brasil se apresente como um dos principais produtores de bioenergia no mundo com uma das maiores produções globais de etanol de cana-de-açúcar, com um setor sucroenergético bem estabelecido no conceito da sustentabilidade. Além disso, a produção de biodiesel a partir de óleos vegetais também tem ganhado força, impulsionada pela legislação brasileira que determina a adição obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil, a mistura obrigatória de etanol anidro à gasolina na proporção de 27% e o gerenciamento da eficiência energética das unidades produtoras, no capítulo da redução das emissões de CO2, através da Política Nacional de Biocombustíveis – Renovabio. A produção e oferta dessas alternativas de bioenergia, às quais o biocombustível está inserido com destaque, tem que estar transversalmente conectadas com a produção de veículos a serem utilizados na mobilidade urbana e otimizadores perfeitos do uso do biocombustível, quer seja na motorização simultânea de veículos elétricos a bateria – os veículos híbridos – quer seja na futura motorização a hidrogênio diretamente capturado do etanol mediante conversão através de células de combustível.

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Fardos de Palha de Cana-de-açúcar, acervo Marcelo Pierossi

Como se verifica, esse cenário real reúne eficiência energética com sustentabilidade do nosso setor de bioenergia com baixa pegada de carbono, interligando com outras cadeias industriais importantes e mantendo o importante e significativo apelo social da empregabilidade, muito relevante para o Brasil, nos posicionando de forma inclusiva nos Cenários Futuros:

Etanol Hidratado e Anidro: Retomada do desenvolvimento e expansão da oferta de Etanol hidratado e anidro a partir da nacionalização do seu consumo em todos os estados, com o correspondente aumento da oferta de CBIOs e a consequente subtração da emissão de CO2 na atmosfera.

Expansão do Etanol Celulósico: A produção de etanol, a partir de biomassa celulósica, como restos de colheita, palha e bagaço, representa um cenário promissor para a indústria. Avanços em tecnologias de conversão de biomassa e investimentos em pesquisa podem tornar o etanol celulósico uma realidade comercial de larga escala, aumentando a eficiência do setor.

Biocombustíveis Avançados: O desenvolvimento de biocombustíveis avançados, como o bioquerosene para aviação e o bioetanol para uso em motores de alta performance, pode impulsionar ainda mais a indústria de bioenergia. Parcerias entre o setor público e privado podem ser essenciais para estimular a pesquisa e o desenvolvimento dessas tecnologias.

Biometano e Hidrogênio Verde: O aproveitamento do biogás e sua purificação para produção de biometano, bem como a produção de hidrogênio verde a partir de fontes renováveis, representam oportunidades significativas para diversificar a matriz energética do país. Investimentos em infraestrutura e regulação adequada serão essenciais para viabilizar essas alternativas.

Torna-se necessário, então, superar os desafios e obstáculos que impedem de estabilidade no ambiente regulatório e na adoção de políticas públicas aderentes a esses cenários setoriais positivos num horizonte de tempo compatível com a consolidação dos investimentos necessários.

Políticas Públicas: Políticas governamentais claras e estáveis são necessárias para estimular os investimentos no setor, marcos regulatórios e incentivos adequados, quando necessários.

Sustentabilidade: Garantir a sustentabilidade da produção de bioenergia é essencial para evitar impactos negativos ao meio ambiente. As políticas públicas devem estar rigorosamente apoiadas no conceito do “ciclo de vida” onde sejam mensuradas as emissões de CO2 desde a origem do energético/combustível até o uso final. n

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

etanol: combustível que move e alimenta o mundo

A indústria do sistema bioenergético no Brasil tem ganhado destaque nas últimas décadas, especialmente no que diz respeito à produção de etanol. O país se destaca mundialmente como um dos principais produtores e exportadores desse biocombustível, impulsionado por uma combinação de fatores naturais, tecnológicos e políticos favoráveis.

Há alguns meses tive a honra de escrever para essa relevante publicação sobre a importância da bioenergia no desenvolvimento do Estado do Mato Grosso. Defendi que a produção de bioenergia é um caminho certo e seguro para a retomada do crescimento industrial e, consequentemente, do desenvolvimento econômico do país. Com uma demanda mundial por energia limpa, de fontes renováveis, a perspectiva para o setor bioenergético é muito positiva.

Neste novo artigo, vou abordar um outro aspecto ainda pouco conhecido pela socie dade sobre o setor de bionenergia: como o segmento tem contribuído para o cres cimento da oferta de carne para o mundo, sem aumentar a área de pastagem. Num pri meiro momento, para os não habituados ao assunto, esse tema parece não ter sentido. Mas “vamos começar pelo começo” a expli car isso.

Hoje em dia, tudo o que antes era chamado de “resíduo” é transformado num novo produto, sendo aproveitado e vendido comercialmente.

O Brasil tem uma longa história na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Iniciada na década de 1970, como resposta à crise do petróleo, a indústria brasileira de etanol passou por transformações significativas ao longo dos anos. Atualmente, é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos.

A principal matéria-prima utilizada para a produção de etanol no Brasil é a cana-de-açúcar, que tem sua produção concentrada no Centro-Sul do país. Essa escolha baseia-se na alta produtividade da cultura e na sua eficiência energética. Além disso, o clima favorável e os avanços tecnológicos no setor impulsionaram a produção, aprimorada com a eficiência do processo de fabricação.

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do Sindicato de Bioenergia de MT
E aí entra o DDG, coproduto originado no processamento do milho para obtenção de etanol.
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INTENSIFICAÇÃO DA PECUÁRIA NO MATO GROSSO

A indústria de etanol brasileira apresenta várias vantagens competitivas em relação a outros países produtores. Entre elas, está a nossa matéria-prima cana-de-açúcar, uma das melhores para a produção do biocombustível, uma vez que possui alto teor de sacarose, o que torna o processo de conversão mais eficiente em relação a outras culturas.

Somos o maior produtor do mundo de etanol a partir da cana-de-açúcar. Mas a partir de 2012, o cenário começou a mudar com o Brasil produzindo etanol também a partir de milho. Para o Mato Grosso, isso foi revolucionário, especialmente nos últimos cinco anos.

Temos essa matéria-prima de forma abundante em nosso estado. O Brasil é o único lugar do mundo que produz duas safras na mesma terra, soja e milho. Logo após a retirada da oleaginosa, é plantado o cereal.

As indústrias de etanol, hoje, não são mais apenas produtoras de etanol. Produzem, ao mesmo tempo, vários outros produtos valiosos.

Hoje em dia, tudo o que antes era chamado de “resíduo” é transformado num novo produto, sendo aproveitado e vendido comercialmente. E aí entra o DDG, coproduto originado no processamento do milho para obtenção de etanol, o qual está cada vez mais popular na dieta de bovinos no Brasil.

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55,2 59,9 58,8 68,0 71,0 67,7 68,6 24% 1.162,0 1.265,0 1.236,8 1.418,2 1.484,9 1.413,7 1.432,2 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Produção (mil toneladas) Produtividade (kg de carcaça por hectare) 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Rebanho (milhões de cabeças) Pastagem (milhões de hectares) 26,2 21,6 26,6 20,5 26,5 20,4 26,4 20,0 26,7 19,9 27,0 19,3 27,8 17,9 6% 17% 17,5 12,6 21,4 15,0 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 Em arrobas por carcaça Macho Fêmea 22% 19% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 51% 65% 64% 56% 52% 46% 46% 44% 42% 41% 37% 37% 39% 35% 31% 26% 22% 46% 33% 32% 41% 45% 50% 49% 49% 50% 50% 50% 49% 47% 48% 50% 50% 42% 2% 4% 3% 5% 7% 10% 13% 14% 15% 17% 19% 24% 37% Acima de 36 meses Abaixo de 24 meses Entre 24 e 36 meses
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE INTENSIFICAÇÃO DA PECUÁRIA NO MATO GROSSO TAMANHO DO REBANHO versus REDUÇÃO DE PASTAGEM INTENSIFICAÇÃO
GROSSO AUMENTO DO PESO DE ANIMAIS E REDUÇÃO DA IDADE DE ABATE Opiniões Multilingual Edition
DA PECUÁRIA NO MATO

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Diferente do farelo de milho, o DDG possui alto teor de proteínas e energia, eles são uma fonte valiosa de nutrição para o gado. A produção desse alimento altamente nutritivo se iniciou no estado em 2015 e tem crescido. Na safra de 2023/2024, produzimos 9,3 milhões de toneladas de DDG em Mato Grosso.

Neste mesmo período, de 2015 a 2024, o aumento da produtividade do rebanho cresceu, ao mesmo tempo que a área de pastagem diminuiu. A quantidade do rebanho cresceu 6%, enquanto a área de pastagem encolheu 17%. Enquanto isso, a produtividade (kg da carcaça por hectare) aumentou 24%.

Outro dado muito interessante é a relação entre idade média de abate e peso dos animais. Em 2015, o abate de bovinos com menos de 24 meses era de 2% do total da produção. Hoje esse índice, que impacta também na qualidade da carne, chega a 22%.

Os produtores têm investido em confinamento, usando o DDG das usinas de bioenergia para alimentar esses animais, fazendo uma engorda mais rápida e liberando áreas de pastagem para produção agrícola.

Portanto, é com muito orgulho que dizemos que o etanol brasileiro é o combustível mais sustentável que existe, por ter baixa emissão de gás carbônico e ainda contribuir para o aumento da oferta de alimento e redução da área de pastagem, liberando para outras atividades e diminuindo chances de abertura de novas áreas.

A indústria do sistema bioenergético no Brasil, com foco na produção de etanol, tem uma posição sólida no mercado global, impulsionada por suas vantagens competitivas e pelo uso eficiente das suas matérias-primas. O setor brasileiro de etanol tem investido em tecnologia e pesquisa, buscando melhorias na produtividade.

Com décadas de experiência, o país desenvolveu uma infraestrutura sólida, incluindo usinas modernas, sistemas de transporte eficientes, uma cadeia logística bem estabelecida e podemos ter orgulho em defender, em qualquer lugar do mundo, que esse é o combustível do verde, do presente e do futuro. Nossa energia move o mundo e agora também ajuda alimentar o planeta. n

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Milho destinado à produção de Etanol e DDG, acervo FS
43 Opiniões Multilingual Edition

nacional e internacional

estabilidade, complexidade e eficiência

definirão o futuro da indústria sucroenergética

Estabilidade regulatória, maior complexidade dos negócios, inovações e eficiência produtiva devem pautar o futuro da indústria sucroenergética. Na esfera institucional, é evidente que evoluímos substancialmente nos últimos anos. Há uma década, o País contabilizava usinas fechando diante da equivocada política de preços e tributos aplicada aos derivados para controle inflacionário no mercado interno.

Naquele momento, não havia nenhum instrumento de política pública para equacionar a escolha entre o maior custo presente dos combustíveis renováveis e o ônus futuro decorrente da manutenção do uso de combustíveis fósseis.

Nessa área, os avanços observados nos últimos cinco anos precisam ser ressaltados. Por um lado, foi aprovada e implementada a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), que instituiu um arcabouço arrojado de reconhecimento e valoração da redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) promovida pelos biocombustíveis. O mencionado sistema trouxe ainda diretrizes acerca do papel da bioenergia na matriz nacional, por meio da definição das metas decenais de descarbonização.

O setor do açúcar e do etanol de cana é passado. Hoje é o setor do etanol de cana, do etanol de milho, do etanol 2G, da bioeletricidade, do biogás e do biometano. No futuro, também poderá ser o setor da bioenergia com captura de carbono, do hidrogênio renovável e do combustível sustentável de aviação, por exemplo. "

Afora essa estrutura criada pelo RenovaBio, a aprovação da Emenda Constitucional nº 123/2022 (EC 123/2022) também incorporou ao capítulo ambiental da constituição brasileira a necessidade de carga tributária diferenciada para os biocombustíveis que concorrem diretamente com combustíveis fósseis.

Assim, atualmente, o arcabouço institucional vigente no País possui dois dos principais instrumentos preconizados mundialmente para equacionar falhas de mercado presentes na competição entre energias fósseis e renováveis: o imposto sobre carbono e o sistema de comércio de emissões.

De fato, a exigência imposta pela EC 123/2022 estabelece no mercado de combustíveis uma lógica similar àquela gerada pelas taxas de carbono (produtos com maior emissão de GEE devem receber maior carga tributária). A presença dos créditos de descarbonização (CBios), por sua vez, remetem a uma estrutura alinhada aos sistemas de comércio de emissões,

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Q Índice
Luciano Rodrigues Diretor de Economia e Inteligência Estratégica da UNICA e pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV/EESP
cenário
Opiniões Multilingual Edition

Pense grande, a Fetz faz!

O Grupo Fetz iniciou suas atividades na construção civil e firmou raízes em Videira no ano de 1983. Ganhou espaço no mercado através das grandes obras industriais e se tornou sinônimo de qualidade, agilidade e eficiência se tornando referência também no estado de Goiás.

Em 1999, a necessidade de utilizar técnicas que fossem mais eficientes para os projetos fez com que começassem a trabalhar com concreto usinado e pré-moldados e assim melhoraram processos internos e também passaram a abastecer o mercado da construção civil em regiões de Santa Catarina e Goiás.

Contam com um extenso portfólio com mais de 500 projetos realizados com sucesso, atuando com proficiência em obras industriais, comerciais, residenciais e agroindustriais de grande porte e alto padrão.

Buscam constante aperfeiçoamento de equipamentos e maquinários, bem como treinamentos para melhor eficácia na execução dos projetos.

Acreditamos no crescimento conjunto. Onde de mãos dadas vamos juntos em busca de um mesmo objetivo.

O Grupo Fetz surgiu da vontade de fazer a diferença no mundo. Realizar sonhos e construir novas histórias é o que faz a nossa missão ter significado.

A empresa que começou com cerca de três funcionários, hoje tem mais de 1000 colaboradores diretos e indiretos, que fazem parte de tudo que alcançamos, pois dedicam sua vida a realizar seu trabalho com dedicação e carinho.

www.fetz.com.br Videira-SC 49 3566-9800 Rio Verde-GO 64 3620-2900

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

nos quais são impostas metas de redução de emissões com precificação do carbono via mercado.

O desafio agora é oferecer estabilidade às regras vigentes, garantindo segurança para novos investimentos em bioenergia. Isso porque, nos últimos meses, esses instrumentos foram deturpados diante da alteração unilateral das datas para cumprimento das metas do RenovaBio, das inúmeras mudanças nas alíquotas e na sistemática dos tributos aplicados sobre combustíveis no País.

Essas alterações não previstas no arcabouço vigente prejudicaram sobremaneira o funcionamento do mercado de CBios e a competitividade do etanol no setor de combustíveis.

A estabilidade regulatória passa por disciplinar a diretriz dada pela EC 123/2022, evitando que interpretações equivocadas possam distorcer o dispositivo instituído pelo Congresso Nacional. No caso do RenovaBio, é preciso aperfeiçoar a governança para a definição e alteração das metas de descarbonização, além de aprimoramentos no sistema de comercialização de CBios. Ademais, é fundamental preservar a transparência e o alinhamento de mercado na precificação doméstica dos derivados no País.

Essas mudanças passam, inclusive, pelo debate da reforma tributária, pela discussão sobre o novo mercado de carbono e pela próxima fase da política aplicada ao setor automotivo no Brasil.

Além dessa necessidade de minimizar a insegurança regulatória, o futuro exigirá maior empenho da cadeia sucroenergética diante da complexidade crescente dos negócios. O setor do açúcar e do etanol de cana-de-açúcar é passado. Hoje é o setor do etanol de cana, do etanol de milho, do etanol de segunda geração, da bioeletricidade, do biogás e do biometano. No futuro, também poderá ser o setor da bioenergia com captura de carbono, do hidrogênio renovável e do combustível sustentável de aviação, por exemplo.

A multiplicidade de soluções no mundo da energia e essas alternativas diferenciadas oferecidas pela bioenergia no Brasil estabelecerão interconexões setoriais ainda não presenciadas pela cadeia sucroenergética.

Na mobilidade de veículos leves, por exemplo, a competição histórica entre etanol e gasolina ganhará novos contornos com as tecnologias automotivas, que incorporarão a esse mercado diferentes fontes de energia elétrica

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Biometano, combustível renovável em substituição ao diesel, acervo

(eólica, fotovoltaica, hídrica, etc.) no médio prazo, e novos produtos como o hidrogênio no futuro – esse último também poderá ser produzido a partir de diversas rotas com combustíveis fósseis e diferentes opções renováveis.

A substituição do querosene fóssil por combustíveis sustentáveis na aviação também estabelecerá nova disputa por mercado entre as diferentes rotas e matérias-primas, que podem ser adotadas para a produção do bioquerosene (etanol, óleo vegetal, biomassa, entre outros). Adicionalmente, a cadeia presenciará os mesmos dilemas de precificação e regulação observados entre etanol e gasolina no caso do gás natural e do biometano.

Essa mesma lógica, também, se aplica quando a análise remonta ao sistema produtivo. O inter-relacionamento entre os mercados de açúcar, etanol, ração, grãos, farelo, óleos e energia elétrica, por exemplo, deve se intensificar no futuro, assim como a competição agrícola entre as diferentes culturas utilizadas para a produção de biocombustíveis.

O fato é que a disputa histórica entre fósseis e renováveis, experimentada pelo setor sucroenergético no caso do etanol e da gasolina, deve ganhar novos contornos com a incorporação da concorrência também entre diferentes fontes renováveis. Trata-se de um ambiente de ampla complexidade, que exigirá maior resiliência e capacidade de adaptação e antecipação da indústria sucroenergética.

Por fim, essa maior competição ampliará o desafio da produção eficiente. A cadeia sucroenergética precisará produzir mais energia, com menor custo e menor emissão de gases de efeito estufa, além de ampliar o portfólio de produtos fabricados a partir da energia capturada pela biomassa no campo.

Nesse contexto, o componente ambiental, visto como um diferencial dos biocombustíveis frente os combustíveis fósseis, será apenas mais um atributo na disputa por mercado com outros renováveis.

É imperativo que a cadeia sucroenergética continue buscando ganhos de eficiência econômica e eficiência energético-ambiental nos próximos anos, com novas tecnologias na área agrícola e inovações na indústria.

Se, por um lado, a humanidade precisará de todas as soluções disponíveis para fazer frente à emergência climática global, por outro, é certo que esse potencial de demanda exigirá esforço dobrado da cadeia sucroenergética para surfar na onda da economia de baixo carbono. n

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Opiniões Multilingual Edition
acervo Scania

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o desafio do desenvolvimento sustentável da indústria

As últimas notícias do cotidiano brasileiro dão conta de uma melhora do País na confiança internacional. Tivemos 3 das grandes agências de risco melhorando a nota do Brasil, testemunhamos movimento em direção à responsabilidade fiscal, que pode não agradar a todos, mas tem o mérito de vencer uma inércia de décadas. Além disso, tivemos uma demonstração de seriedade da Política Monetária que mostrou resistência às pressões políticas, entre outras.

Dessa forma, a despeito da grande e notória polarização política partidária, o país se aproxima de um padrão mais aceito internacionalmente, o que, cada vez mais intensamente, exige esforços para a sustentabilidade, em um enorme movimento concentrado e direcionado para o desenvolvimento das nações.

Nesse sentido, o Brasil tenta demonstrar seu alinhamento, assumindo compromissos com políticas e práticas para a sustentabilidade econômica, ambiental e de governança, o já notório ESG. Existe todo um arco de compromissos, dos quais alguns são bem conhecidos, como o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O cumprimento desses compromissos, delineados pela nos ODS, tende a aumentar com a candidatura do Brasil à membresia da OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Passando desde fevereiro de 2022 pelo crivo analítico dos critérios para ingressar no quadro, o Brasil certamente assumirá mais uma boa dose de regulamentação internacional de governança ao país. Os objetivos dos ODS são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015, composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030.

Engajados com essa agenda, temos nos comprometido com a sustentabilidade, consolidando novas estratégias, com políticas e padrões produtivos de consumo, impactando, assim, toda a sociedade brasileira. Como exemplo disso, foi recentemente encaminhado pelo governo ao congresso o “Pacote Verde”, um conjunto de regramentos visando erradicação da pobreza, a regulação do mercado de carbono e a classificação das atividades, conforme seu impacto ambiental e climático.

Analisando o painel dos 17 itens que compõem os ODS, um deles destaca as responsabilidades da indústria no cenário geral. Trata-se do ODS-9, que preconiza “o desenvolvimento da indústria, da inovação e da geração de valor”. Dividido em 8 metas e 12 indicadores, o ODS-9 faz parte do quebra-cabeça que busca colocar o planeta nos trilhos do desenvolvimento sustentável.

Apesar dos temas desafiadores do setor para os próximos anos, como, a surpreendente participação do milho na produção de biocombustível, a despeito de sua produtividade agrícola; o desafio de diminuir o imenso desvio padrão da produtividade da cana por hectare, que viaja de 70 a mais de 120 t/ha; a responsabilidade do mix de produção que atualmente privilegia o açúcar em detrimento do etanol; as grandes novidades na área tecnológica que trarão inovações disruptivas e transformadoras, será inescapável o tema da sustentabilidade.

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Esse artigo não enxerga a crítica pela metade vazia do copo, mas entende que existe um enorme espaço para crescermos, em todas essas dimensões, com políticas públicas corretas e principalmente com envolvimento das lideranças industriais.
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Carlos Roberto Liboni Presidente da Techind Consultoria e Coordenador do APL Metalmecânico de Sertãozinho

Discutir sustentabilidade na cadeia produtiva do setor é fundamental. Assim, é importante enxergar os milhares pequenas e médias indústrias, os fornecedores de equipamentos e implementos, vitais para a performance do setor, especialmente nos retrotrofits que permitirão enfrentar esses desafios de produtividade.

A participação de indústrias de média escala no valor agregado total da indústria é uma das metas (9.2.3) da ODS-9. Essa meta é aumentar o acesso das pequenas e médias empresas industriais, em particular nos países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo o crédito a preços acessíveis e sua integração nas cadeias de valor e mercados.

É preciso entender como essa cadeia está posicionada diante de todos os objetivos que se espera para 2030. A pergunta é: quanto progresso temos feito em direção ao cumprimento das metas do ODS-9? Falar em sustentabilidade e discutir o ODS-9 no Brasil exigem olhar para a realidade com a sensibilidade que ela merece, visto estarmos a menos de 7 anos do encontro com as metas.

Fica aqui a reflexão de que não há como alcançar o almejado desenvolvimento sustentável deixando partes desse quebra-cabeça para trás. A indústria faz parte desse painel de objetivos. Sustentabilidade é o atual roteiro para o desenvolvimento das indústrias e seus países. Não tem mais como adiar o futuro. Quem ainda não entendeu essa tendência está atrasado. Na década de 80/90, algumas empresas viam a discussão de competitividade como uma perfumaria. Mas no auge da abertura econômica e internacionalização das empresas, evidenciou-se quem entendeu essa regra. Um bom número de grupos empresariais já demonstrou avanços na antecipação desse futuro. Destaco aqui, apenas como referência, a Klabin e a São Martinho.

De acordo com a UNIDO - UN Industrial Development Organization, o índice SDG-9 “compreende as seguintes dimensões: valor agregado da indústria, emprego, sofisticação tecnológica da produção e desempenho ambiental do setor industrial”.

“E aqui a infraestrutura é questão básica de suporte. Ela deve ser entendida de modo amplo, que vai desde a construção e manutenção de portos, aeroportos, ferrovias, terminais para escoamento da produção, até parques de inovação, passando por atendimento de redes de telecomunicações. O desenvolvimento tecnológico e a diversificação industrial têm papel central nesse objetivo, uma vez que possibilita o ganho de eficiência na produção”.

No seu relatório de 2022 a UNIDO, com dados de 2020, o Brasil ocupa a 62ª posição no ranking das nações, (queda de 16 posições desde 2000) e ostenta dificuldades com o valor agregado da indústria relativa ao seu PIB (90ª posição no ranking das nações). Nesse valor agregado, a participação de novas tecnologias é tímida (45º lugar), a emissão de carbono para produzir dentro dos muros da indústria ainda é alta e o percentual de emprego industrial ocupa 55ª posição no ranking. Vale a pena um olhar mais atento aos indicadores do ODS-9, para perceber a clara dicotomia entre o valor agregado da indústria transformadora como proporção do PIB (meta 9.2.1) e o emprego na indústria transformadora como proporção do emprego total (meta 9.2.2).

O leitor poderá interpretar esse artigo como pessimista. Mas não se trata disso. Os índices observados não categorizam a indústria do país, mas seu esforço em alcançar os objetivos acordados. Por isso, o artigo não enxerga a crítica pela metade vazia do copo, mas sim entende que existe um enorme espaço para crescermos, em todas essas dimensões, com políticas públicas corretas e principalmente com envolvimento das lideranças industriais. Temos as ferramentas necessárias e podemos usá-las.

Por exemplo, uma recente pesquisa da CNI constatou que as máquinas e equipamentos industriais têm em média 14 anos e 38% deles já ultrapassou o ciclo de vida ideal. E o setor de biocombustíveis se destaca com a maior idade média de máquinas e equipamentos, acima de 20 anos. Porém, como contrapartida, a boa notícia é que o governo brasileiro em decisão recente autoriza a contabilidade de depreciação acelerada, num momento importante em que se discutem os avanços da Inteligência Artificial, Robótica e Internet das Coisas, em direção a quarta geração da indústria (I-4.0).

Temos, ainda, como ferramentas as vantagens brasileiras da matriz energética limpa, a produção de bioenergia, nossa genuína tecnologia de produção sucroenergética, nossa área agriculturável ainda disponível e uma indústria de base organizada, com arranjos produtivos e clusters prontos para atingir parte fundamental dos Objetivos. Sim, temos ainda um longo, mas esperançoso caminho, e por isso essa provocação para o leitor mergulhar nesses dados e entender quais as melhores práticas para sua atividade, fazendo uma análise 360º no universo de seus stakeholders, valorizando fornecedores no desenvolvimento de um conjunto de soluções e investindo, o mais rápido possível, em novos equipamentos e tecnologias. n

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Opiniões Multilingual Edition

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o futuro promissor

do sistema bioenergético brasileiro

A agroindústria brasileira da bioenergia está alinhada com o cenário global atual, focado em sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

O setor produz, de forma sustentável, sendo gerador de muitos empregos e renda, além de possuir uma forte governança em relação a riscos e regulamentações. Esse alinhamento com a tendência mundial (ESG) é considerado essencial e ganha ainda mais solidez a cada dia.

Desde suas origens, a agroindústria bioenergética baseia-se no conceito de economia circular, aproveitando ao máximo os insumos e resíduos. A partir da cana-de-açúcar, são produzidos alimentos e bioenergia, aproveitando também os subprodutos para otimizar a produção.

Atualmente, existem 17 alíquotas de ICMS no país, e com a adoção de uma alíquota única e diferenciada para o biocombustível, o etanol será mais competitivo em todo o território brasileiro. "

Mário Campos FIlho

Presidente do Fórum Nacional Sucroenergético e da Siamig - Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG

Da mesma forma, a produção de etanol de milho já nasceu com esse mesmo conceito. Essa abordagem circular está em sintonia com o que o mundo busca hoje: maneiras mais sustentáveis de produzir com menor pegada de carbono.

O setor bioenergético brasileiro desempenha um papel essencial nesse contexto. Mesmo ocupando apenas 1% da área do país, é responsável por quase 20% da energia produzida no Brasil. Ao longo dos anos, o setor desenvolveu um sistema de produção escalável e distribuído por todo o Brasil, tornando seus produtos sustentáveis e acessíveis aos consumidores.

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

A capacidade do setor na geração de energia é notável, quando comparada a outras fontes renováveis, o que fortalece sua posição na matriz energética brasileira. Essa integração entre o social e o meio ambiente é um diferencial importante, permitindo uma grande contribuição para um mundo mais sustentável.

Para continuar progredindo, é fundamental melhorar a eficiência do sistema de produção. Investir em tecnologias sustentáveis e eficientes para produzir a matéria-prima é essencial. Estima-se que a produção de cana-de-açúcar tem potencial para dobrar sua produtividade. Além disso, a criação de políticas públicas que incentivem o setor é muito importante.

Um exemplo notável é o programa Renovabio, que antecipou um movimento global e setorial em direção à descarbonização dos processos e ao estímulo de práticas conscientes de produção.

O Renovabio quantificou esses esforços, e hoje já é possível observar na agroindústria a adoção de práticas com o objetivo de reduzir a pegada de carbono na produção, como a substituição de insumos derivados de petróleo, a racionalização do uso de máquinas e equipamentos, a substituição de insumos emissores de GEE, a utilização de biológicos e a captura de carbono, todas alinhadas com uma mentalidade de descarbonização.

Recentemente, o RenovaBio alcançou a marca de 100 milhões de CBIOs emitidos em 4 anos, ou seja, a emissão de 100 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera foi evitada.

Um dos principais desafios do setor é mudar o mindset do público em relação ao consumo de etanol. Mais do que apenas uma escolha baseada no preço, é importante que as pessoas considerem também as questões ambientais e sociais envolvidas.

O etanol é peça-chave para a mobilidade sustentável. Seu uso já está presente na frota convencional e há perspectivas de expansão com os veículos híbridos flex, em que há a aliança eficiente da eletrificação com a motorização convencional. O setor também tem um potencial na produção de SAF - combustível de aviação sustentáveluso na navegação e na produção do biogás e biometano. Também é projetado um futuro em que o etanol desempenhará um papel relevante na cadeia produtiva do hidrogênio.

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Q Índice
Acervo Cerradinho Bioenergia

Outro desafio que o setor enfrenta é o risco de regulações que podem afetar suas expectativas de oferta e consumo. No entanto, ao demonstrar para a sociedade que o biocombustível é uma alternativa alinhada ao que todos procuram – uma opção para descarbonizar – e não apenas uma questão econômica como uma simples troca de gasolina por etanol, consegue-se engajar todas as partes interessadas. Dessa forma, com os consumidores mais conscientes e exigentes, os governantes terão mais dificuldade em promover mudanças regulatórias que prejudiquem o sistema.

Portanto, é necessário possibilitar que todos os brasileiros tenham acesso ao etanol, sendo essa a primeira meta. Para isso, é necessário pensar em sistemas que garantam um consumo consistente de norte a sul e de leste a oeste do Brasil.

A reforma tributária pode ser um mecanismo para viabilizar isso, simplificando as alíquotas de impostos. Atualmente, existem 17 alíquotas de ICMS no país, e com a adoção de uma alíquota única e diferenciada para o biocombustível, o etanol será mais competitivo em todo o território brasileiro.

Essa mudança, aliada a investimentos internos e a uma produção mais eficiente, tornará o produto mais acessível para todos os brasileiros, e não apenas para os estados que já oferecem incentivos tributários diferenciados.

Com isso, o país será capaz de impulsionar a entrega de produtos mais sustentáveis e com menor impacto de carbono. Prefeituras, governos estaduais e empresas de atuação nacional poderão incentivar e fortalecer suas políticas de descarbonização através dos biocombustíveis, pois essa já é uma tendência em crescimento.

O cenário imediato e futuro da indústria do sistema bioenergético é promissor. A agroindústria brasileira está na vanguarda da sustentabilidade, pronta para enfrentar os desafios ambientais que o mundo apresenta. Acredita-se no potencial do etanol como uma alternativa verdadeiramente sustentável e socialmente responsável.

Com o apoio da sociedade e a união de esforços, o setor continuará liderando o caminho rumo a um futuro mais verde e próspero para todos. n

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Opiniões Multilingual Edition

somos vitrine para a bioenergia no mundo

Uma das primeiras culturas que tivemos no Brasil foi a cana-de-açúcar e, por meio dela, a indústria sucroalcooleira teve papel fundamental, mostrando ao mundo a possibilidade de impactar positivamente questões como a mobilidade, rompendo divisas e trazendo investimentos. Logo, o mundo se viu em uma “sinuca de bico” com os combustíveis fósseis e o setor sucroenergético, mais uma vez, protagonista nos renováveis, produziu bioenergia, biocombustíveis e alimento, e mostrou definitivamente a sua importância no cenário mundial.

Com a demanda cada vez mais forte por sustentabilidade, biocombustíveis e energias limpas, o setor vive uma escalada de investimentos com o desenvolvimento desses novos produtos. Dentro desse contexto, o Brasil tem papel de extrema importância, haja visto estar posicionado em um patamar diferenciado quando o assunto é bioenergia.

A macrorregião de Ribeirão Preto, principalmente a cidade de Sertãozinho, se tornou reconhecida por lançar inovações e discutir as tendências dos próximos anos. A Fenasucro & Agrocana é a responsável por fomentar e impulsionar produtos e tecnologias que levam e mostram ao mundo a capacidade do setor bioenergético.

Na edição deste ano, que acontecerá de 15 a 18 de agosto, no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho-SP, as novidades em biocombustíveis, bioeconomia, susten-

tabilidade e a transição energética serão pontos-chaves da feira, que é a única do mundo voltada com exclusividade para a cadeia de bioenergia.

Vanguarda:

Tendo como foco a transição energética global, destacando as questões de sustentabilidade e eficiência, a Fenasucro & Agrocana, sempre na vanguarda, não só aponta as tendências em bioenergia, como oferece conteúdo técnico de qualidade.

Hoje, o Brasil é referência na produção de biocombustíveis, com a maior produção do mundo. Por isso, todos os olhares são voltados para o evento que é o grande propulsor no lançamento de novas tecnologias. A feira, por exemplo, foi a grande incentivadora do biogás no Brasil.

Ao longo destes 29 anos de Fenasucro & Agrocana são muitos os projetos, produtos e tecnologias lançados no mercado por meio da feira. Destaca-se o "Whey de Cana" – cápsulas de proteína extraída da cana-de-açúcar usadas como suplemento alimentar; bem como o plástico verde, produzido a partir da cana; e o Diesel Verde, lançado em 2022, como grande promessa e oportunidade ao etanol, por se tratar de uma nova tecnologia que transforma o butanol em um substituto ao diesel, sem a modificação nos motores.

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Q Índice
cenário
nacional e internacional do setor bioenergético
Temos o dever de nos orgulhar de tudo que construímos até agora no agro. Há uma percepção de que juntos podemos mais, muito mais do que imaginamos.

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Além desses, em 2016, o evento também apresentou ao mundo o projeto brasileiro “Pato a Jato”, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que desenvolveu o protótipo de um veículo individual movido a etanol, de alta eficiência energética, com autonomia de 309 quilômetros, utilizando apenas um litro do biocombustível. A façanha ganhou projeção mundial e, passados sete anos, o projeto continua em evolução. Em abril deste ano, durante a corrida 500 Milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos, a Pato a Jato reafirmou um novo recorde, uma vez que o carro alcançou 768 quilômetros com um litro de etanol.

Pode se afirmar diante do exposto, que nenhum outro país, senão o Brasil, desenvolve uma cadeia tão integrada e organizada para geração de energia limpa e sustentável. Prova dessa força e representatividade é que a feira espera receber mais de 42 mil visitantes, vindos de todo o Brasil e de mais 47 países. Em negócios, existe a expectativa de superar os R$ 5,2 bilhões gerados no ano passado, se consolidando mais uma vez como modelo em atualização profissional, relacionamento e acordos comerciais para milhares de profissionais de usinas de açúcar, biocombustíveis, bioeletricidade e os demais elos dessa cadeia produtiva.

Os mais de três mil produtos de marcas nacionais e internacionais em exposição estarão espalhados por quatro macrossetores: bioenergia, agrícola, indústria e transporte e logística. Serão mais de 800 marcas presentes, que apresentarão equipamentos, serviços, soluções, novas tecnologias e tendências para o setor.

Ao longo deste e dos próximos anos, a expectativa é de forte aquisição de produtos e equipamentos e uma estruturação de toda a cadeia bioenergética. Além disso, várias usinas que estavam ociosas, voltaram a moer em 2023 e há a previsão de construção de novas unidades, o que reflete positivamente na feira.

Nesse contexto, as bioenergéticas têm capacidade inigualável quando comparadas a outros tipos de indústria, pois há uma possibilidade fantástica, por meio do Renovabio, uma iniciativa que nos desafia a pensar ainda mais na maneira que plantamos e produzimos.

Somos apaixonados pelo que acreditamos e a cana-de-açúcar, o milho e a celulose – oriunda destes agroprodutos – nos permitem sonhar cada vez mais em uma indústria sustentável e amiga das futuras gerações. O que realmente queremos é um mundo melhor, produzindo bioprodutos alinhados com as necessidades globais. Orgulho do made in Brazil.

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Q Índice
Fenasucro & Agrocana, Sertãozinho

Energia limpa:

Por ser referência, levar inovação e discutir tendências dos próximos anos, compromissos com uma conduta sustentável são esperados de uma feira como a Fenasucro & Agrocana. Por essa razão, toda a energia elétrica consumida durante a realização do evento será proveniente de fonte limpa, 100% renovável e certificada.

A iniciativa é uma parceria com a Toniello Energia, comercializadora de energia do Grupo Viralcool e vai ao encontro da missão da RX Brasil, organizadora e promotora da feira juntamente com o CEISE Br, de se tornar cada vez mais ecológica. Além de ser realizada com energia totalmente limpa, a feira também contará com cinco estações de recarga para carros elétricos e híbridos com custo zero aos usuários.

Com esse projeto de ser suprida 100% com energia limpa, a Fenasucro & Agrocana será uma feira de bioenergia usando bioenergia para funcionar. A iniciativa demonstra, mais uma vez, o potencial do evento, pois o que é colocado como tendência acaba se consolidando.

Vejo surgir uma grande onda verde que pode nos beneficiar na exportação de tecnologias. Temos o dever de nos orgulhar de tudo que construímos até agora no agro. Há uma percepção de que juntos podemos mais, muito mais do que imaginamos. A formação de opinião está mudando cada vez mais rápido e é agora que precisamos entender o nosso papel.

A evolução tecnológica e os esforços para mitigar as mudanças climáticas têm impulsionado o crescimento do setor globalmente. Temos soluções em mobilidade, alimentos e energias renováveis. Quando cuidamos da natureza ela cuida de nós!

Rota de Inovação Sustentável:

Por fim, outra novidade da 29ª edição da feira é o lançamento da Rota de Inovação Sustentável, que irá impulsionar e dar visibilidade, antes e durante o evento, aos expositores que apresentarem soluções e tecnologias focadas em sustentabilidade. Dessa forma, a Fenasucro & Agrocana, mais uma vez, estimulará e oferecerá soluções e produtos que tragam benefícios para a cadeia produtiva de bioenergia e, consequentemente, para todo o planeta. Os eventos de conteúdo também estão confirmados nos quatro dias de feira, com mais de 100 horas de programação técnica e especializada para atender às demandas sobre geração de energia limpa, de sustentabilidade, eficiência produtiva e gestão, entre outros temas, com a presença de grandes e renomados palestrantes e entidades do setor. n

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Opiniões Multilingual Edition

Intacta 19 anos

• Quebrando todos os paradigmas

• Mais de 40.000 rolamentos reformados

• Aumento substancial da vida útil do rolamento

• Milhões de dólares em economia para a indústria

• Manutenção inteligente na indústria 4G

• Recuperação, repotencialização e otimização de rolamentos

Forte redução do impacto ambiental:

98% redução de rejeitos

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o que está em nossas mãos: possível e provável

Refletir sobre o cenário do sistema sucroenergético para os próximos 5 anos, nos remete a algumas mudanças conceituais. Primeiro, o setor sucroenergético já dá lugar ao setor bioenergético, devido às suas características de produção e produtos que passaram a ser produzidos. As biofábricas substituem as usinas e focam na produção do carbono renovável, competitivo para o planeta independentemente do produto fabricado. São esses alguns novos conceitos para a nossa velha cana e nosso centenário setor.

Explorar o ambiente em que nosso setor está inserido, e os fatores e variáveis que podem impactar as operações, definirá nosso cenário. E, para os próximos anos, existem centenas, senão milhares de possibilidades. Mas vamos às principais variáveis que devem direcionar o setor.

Se listarmos as principais oportunidades ou mesmo as ameaças, falaremos certamente de assuntos como: hidrogênio verde, carros elétricos, mudanças climáticas, mudança da matriz energética, reforma tributária, câmbio, paridade do preço de combustíveis no mercado internacional, política de biocombustíveis na Índia, exportações de açúcar no sudeste asiático e por aí vai. Não são assuntos novos. São, sim, itens essenciais que temos que trabalhar fortemente e ser eternos vigilantes para observar os impactos e como poderemos surfar nisso.

Entretanto, nesse artigo, vou me ater aos pontos que estão em nossas mãos, na iniciativa privada, na possibilidade de mudança direta e rápida já para os próximos 5 anos pelos produtores de cana e pela indústria.

O Brasil pode se tornar o líder produtor de energia renovável, sendo difusor e referência em biocombustíveis, com os custos mais competitivos do mundo. Semelhantemente ao que a Arabia Saudita significa para o petróleo "

Sim, produtores de cana, e não fornecedores de cana, e a parceria forte e duradoura em um movimento ganha-ganha para resgatar e desenvolver nosso sistema na oferta de produtos de qualidade e fortalecimento da cadeia. Podemos citar algumas diretrizes com impacto na oferta e na demanda, tais como:

A. Necessidade de estímulo à produção de cana: Há quem diga que o problema dos últimos anos na disponibilidade de cana está na baixa produtividade dos canaviais, ou nos eventos climáticos indesejáveis, mas, não só.

Lembremos que a produtividade, na média dos 5 anos, continua baixa, 75 ton/ha/ano, menor que há 10 anos, alcançando 8,3 milhões de hectares ante os 9,2 milhões. O que fazer para aumentar a disponibilidade de cana? Um deles é o montante de investimento com adubo, variedades, métodos, manejo, ou seja, aumento de investimentos e incentivos para a produção.

A baixa produtividade e redução de área é consequência e não causa. É sabido que o máximo produtivo é diferente de máximo econômico/rentável. Para o produtor de cana, produtividade pode não ser sinônimo de margem. Explico. Produzir 100 ton/ha em condições comerciais é possível, mas é rentável no meu modelo? Nos últimos anos, os custos de produção têm aumentado significativamente, reduzindo essa proporção, e as receitas não cresceram na mesma proporção. Um indicador é a atratividade da cana como negócio e tem perdido em remuneração para diversas outras culturas, inclusive no arrendamento.

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Caso não ocorra, as próprias usinas terão de enfrentar um investimento maior na área de cana, aumentar máquinas e equipamentos, arrendar mais áreas e ainda dispender muito tempo e operações.

Para as usinas e biofábricas, ter parceiros especializados para desenvolver e gerenciar as áreas agrícolas, além de melhorar o fornecimento de matéria-prima, diminui o efeito de imobilizar recursos e gerar deseconomia de escala para as indústrias. Isso claramente devido ao cuidado que produtores têm em seus canaviais, atenção e gestão. Para que essa relação tenha equilíbrio, resgatar o produtor de cana mediante revisão e atualização do Consecana será a melhor saída com incrementos dos produtos da matéria-prima na precificação: remunerar o bagaço, remunerar os C-Bios, por exemplo, aumentarão a disponibilidade de cana. Exceto se quisermos nos tornar um setor concentrado, com poucos agentes e pequena distribuição de renda e contínuo problema de fornecimento de matéria-prima.

B. Busca por novos modelos de produção de cana e melhor manejo dos canaviais: Esse item impacta diretamente no fornecimento de cana, mas também na rentabilidade e condução da atividade. Ninguém ainda sabe ao certo os impactos que as mudanças climáticas podem acarretar com o aumento de 1,5 ºC no nosso planeta, mas nos últimos anos o clima não tem seguido padrões, apesar de eventos extremos importantes e impactantes na agropecuária.

Quanto à cana, eventos como: geadas, secas intensas e mesmo chuvas irregulares têm sido frequentes. Então, entender melhor esses impactos e conseguir formas e estratégias para produzir terão grande prioridade, inclusive, um tipo de manejo diferentes, novas variedades e novas formas de produção. Nos últimos anos, algumas previsões têm sido “menos más”, mas ainda com pequenas opções de gestão ao produtor de cana. Não temos nem um banco de germoplasma mundial de cana no Brasil, só existe nos EUA e na Índia. Nossas pesquisas em motomecanização ainda são difusas e pouco implementadas. Urge trabalharmos se acaso quisermos continuar sendo líderes no segmento.

C. Restrição no uso de agroquímicos e fertilizantes sintéticos e incentivo a utilização de bioinsumos: Não somente na busca de redução do custo da produção, mas principalmente pela redução de produtos sintéticos e químicos. A sociedade tem acelerado esse processo por meio de salvaguardas em alguns países com produtos produzidos com resíduos químicos.

Vários países já atuam no incentivo de produtos de origem biológica para combater pragas e doenças em diferenciais fiscais e liberação rápida de bioinsumos. A atividade canavieira já é uma das pioneiras no uso da torta de filtro, vinhaça e na utilização de fungos como inimigos naturais há décadas. Existem muitas possibilidades para aumentar essa utilização de bioinsumos. Remineralizadores de solo, solubilizadores e pragas como inimigos naturais são exemplos da necessidade de reduzir a quantidade de insumos químicos para melhorar o equilíbrio biológico do sistema produtivo, sendo, assim, uma oportunidade para empresas de insumos intensificar suas ações na cana, biofábricas e transição de produtos químicos a biológicos. Naturalmente, o manejo será alterado, impactando também o item B, citado acima.

D. O Brasil como difusor e referência de tecnologia tropical na produção de etanol e biocombustiveis: O Brasil tem uma enorme oportunidade com a transição energética que está ocorrendo no mundo. Pode se tornar o líder produtor de energia renovável, sendo difusor e referência em biocombustíveis, com os custos mais competitivos do mundo. Semelhante ao que a Arábia Saudita significa para o petróleo, o Brasil poderia significar para os combustíveis renováveis. E essa pode ser uma grande aposta no hidrogênio verde. O setor pode ser protagonista no mundo, com a internacionalização da energia renovável, através do hidrogênio verde, biogás, etanol 2G, diesel a partir da cana e participando de cadeias globais devido ao conhecimento do processo, gerando valor mediante etapas de produção dos clientes (até porque nenhum cliente desejará depender totalmente de um único país).

Difundindo tecnologia, o Brasil e o setor bioenergético poderão compartilhar as experiências a diversos países no uso e desenvolvimento de energia verde, e tornar o primeiro grande país a ser Net-zero, equalizando suas emissões de CO2eq.

Obviamente, fatores macroeconômicos, bem como os impactos do desenvolvimento tecnológico, políticas públicas, sustentabilidade e geopolítica global influenciarão as sugestões acima apresentadas, ou até mesmo em qualquer cenário imaginável. É importante destacar que temos uma agenda privada, que podemos realizar e fazer acontecer, e uma agenda pública com o apoio do governo, em que mesmo diferenças políticas/partidárias não impactem negativamente no setor e que haja sempre regras claras. n

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

o desafio existencial do nosso tempo

A ciência já demonstrou a responsabilidade antropogênica nas emissões de gases do efeito estufa (GEE) e suas consequências: temperaturas extremas, alteração dos regimes de chuvas, derretimento de calotas polares, elevação do nível dos oceanos, prejuízos biológicos, disputas por recursos naturais e ativos biológicos estratégicos, como alimentos, água e territórios, que podem agravar e intensificar grandes movimentações humanas, geradores de conflitos, violência social, resistências a migrantes e competição descontrolada e desproporcional entre as nações.

A análise, “Nova Estratégia de Defesa dos EUA: permanências, inovações e lições para o Brasil”, do INCT, apresenta os efeitos das mudanças climáticas como o “desafio existencial do nosso tempo”. Reconhece que as medidas mitigadoras dos impactos ambientais estão atrasadas em sua implementação e cumprimento dos compromissos assumidos em cúpulas, como a COP 26 ou do Acordo de Paris para emissões liquidas zero até 2050.

O desafio na substituição das fontes de energia fóssil por fontes limpas, renováveis e sustentáveis exige forte regulação estatal; incentivo à pesquisa e inovação; formação educacional sintonizada com essas novas tecnologias de fontes, como: solar, hidráulica, eólica, geotérmica, bioenergia, maremotriz e hidrogênio, e radical mudança comportamental da sociedade. Os impactos ambientais decorrem do Efeito Estufa, causado pelos gases de vapor de água, ozônio (03), clorofluorcarbono (CFC), dióxido de carbono (CO2), óxido nitroso (N2O) e metano (CH4), que resulta no aquecimento da Terra em torno de 30º. Nesse nível, assegura a vida diversa que conhecemos.

A conjuntura atual está proporcionando a liderança do Brasil em vários organismos internacionais, incluindo a COP30, em 2025, em Belém, quando terá a oportunidade de avançar em seu posicionamento, respaldado por robustas práticas em bioenergia. "

A figura 1 demonstra que a temperatura média da Terra apresenta uma anomalia crescente. O acúmulo histórico dos gases oriundos das atividades humanas está associado a essa anomalia climática. São eles: CO2, CH4 e N2, ultrapassando as condições que afetam a qualidade de vida no planeta. A intensidade na distribuição das emissões por países tem mudado na linha do tempo. O Reino Unido esteve à frente desse ranking, desde a primeira revolução industrial até 1888, seguido pelos EUA, que é o responsável pelo maior acúmulo como emissor de CO2, por sua liderança industrial e econômica, conforme figura 2.

A figura 3 mostra a atual situação de países asiáticos (China e Índia), que respondem por 53% das emissões: a China com um quarto das emissões totais; a América do Norte emite 18% e a Europa, 28% das emissões; África e América do Sul, com exceção do Brasil, são responsáveis por 3 a 4% das emissões globais.

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ram o Secretário Geral da ONU a declarar que por longos anos a Terra viveu os efeitos do Aquecimento Global, mas, agora, já estamos na Era da Ebulição Global, pois são ondas de calor extremo de 50 °C e seus impactos têm cumprido as previsões e os alertas repetidos de cientistas, levando a Organização Meteorológica Internacional, a advertir que estamos entrando em um terreno desconhecido”, numa evidência de que os esforços de contenção dos efeitos climáticos estão fracassando. Por muito tempo, as mudanças climáticas foram tratadas como problema restrito à área ambiental ou de saúde pública, mas o viés de impacto econômico também está se ressaltando. A Organização Meteorológica Mundial, em sua publicação “Atlas da Mortali-

dade e Perdas Econômicas Causadas por Fenômenos Climáticos e Hídricos Extremos”, contabilizou 11 mil desastres naturais associados ao clima entre os anos de 1970 e 2019, provocando um prejuízo de US$ 3,64 trilhões de dólares. Esses extremos são uma prévia do que o futuro nos reserva, segundo Petteri Taalas, Secretário Geral da OMM. Caso os níveis de emissões atuais se mantenham até 2070, as perdas econômicas globais acumularão US$ 178 trilhões de dólares, segundo a Auditoria Delloite.

O mercado global de energia é estimado em US$ 21 trilhões de dólares, zerando as emissões até 2050 e limitando o aquecimento global a até 1,5 ºC pode representar lucros de US$ 43 trilhões de dólares. Para Bob Keefe, autor de Climatenomics, mais do que a percepção dos custos da crise, são as chances de ganhar dinheiro com a transição para uma economia sustentável que podem representar a chave para uma revolução na área. Investimentos em inovação pode conter a escalada do clima e sinaliza para a geração de riquezas em ações de mitigação das mudanças climáticas. Conforme o IPCC da ONU, para essa meta ser alcançada as emissões precisam ser reduzidas em 48%, no mínimo, até 2030, exigindo uma mobilização global de governos e sociedade civil, jamais vista. Para isso, há necessidade de mudanças intensas da geopolítica mundial.

O Brasil possui a oportunidade de assumir um protagonismo em função de sua matriz energética, especialmente na produção de etanol. De um total de cerca de 60 milhões de automóveis, em torno de 40 milhões de carros possuem tecnologia flex ou híbrida. Há potencial do hidrogênio verde, inclusive, para atender à frota marítima de 100 mil navios cargueiros, ou do querosene verde para a frota aérea mundial.

Há potencial de expansão da área plantada com cana-de-açúcar, que representa hoje em torno de 12% da área com aptidão para a cultura, não incluídas as áreas de pastagens degradadas. Com a cultura, há chances de descarbonizar esses biomas vocacionados para a produção de bioenergia, alimentos e biodiversidade.

A conjuntura atual está proporcionando a liderança do Brasil em vários organismos internacionais: G20, Grupo de Trabalho sobre Transições Energéticas, Aliança Global pelos Biocombustíveis, 15ª Reunião Ministerial da CEM, 9ª Reunião Ministerial da MI, para tratar dos avanços necessários de transição para uma economia global de energia limpa. Além da COP30, em 2025, em Belém, em que o Brasil terá a oportunidade de avançar em seu posicionamento, respaldado por robustas práticas em bioenergia. n

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1 “O desafio existencial do nosso tempo”
2 3
Milton Santos Campelo da Silva¹ Figura 3 - Emissões anuais de CO2 1: ANOMALIA DE TEMPERATURA MÉDIA GLOBAL 2: EMISSÕES CUMULATIVAS DE CO2
Opiniões Multilingual Edition
3: EMISSÕES ANUAIS DE CO2

cenário nacional e internacional do setor bioenergético

a evolução

do setor bioenergético

Um grande salto tecnológico, mas, acima de tudo, uma evolução social, valorizando cada vez mais o nosso maior bem, o capital humano.

Transformação é uma das palavras-chave para nós, que migramos dos pequenos e acanhados engenhos de pinga para parques industriais onde são produzidos alimento, energia e etanol – o combustível do futuro – com potencial de elevarmos nosso país ao protagonismo internacional nesse período de transição energética de economia de baixo carbono e de sustentabilidade ambiental.

Indicadores recentes apontam a existência no Brasil de cerca de 370 usinas instaladas, moendo, aproximadamente, 658 milhões de toneladas de cana, o que coloca o Brasil em 2º lugar na produção de etanol e em 1º na produção de açúcar, em escala global.

Em termos financeiros, o PIB da cadeia sucroenergética é, aproximadamente, 2% do nacional, tendo mais de 1.000 municípios participando de suas atividades e gerando mais de 700 mil vagas de emprego formal direto.

A evolução alcança até a denominação do setor. Quando começamos, lá atrás, éramos sucroalcooleiro.

Migramos para sucroenergético e, agora, somos bioenergéticos. Mas, por enquanto, porque o hidrogênio está chegando, e eu nem sei o nome pelo qual seremos chamados. "

Além desses aspectos, vale destacar que nosso setor produz, aproximadamente, 5% da energia elétrica consumida no país (cerca de 22,6 TWh).

É importante lembrar que há cerca de 23 anos, quando demos os primeiros passos na cogeração de energia, poucos acreditavam em nosso potencial. E, para alguns, fomos considerados “doidos” por investirmos nesse segmento. Atualmente, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que, se ainda não figuramos como a maior fonte de venda de energia, é porque ainda existem grandes entraves burocráticos no que se refere à distribuição. Vale ressaltar que o nosso setor reúne condições para investir ainda mais e nossa indústria tem, também, condições instaladas para fornecer mais, graças ao elevado grau de eficiência que estamos atingindo.

Nossos números indicam que a cadeia bioenergética é vital na composição da cadeia agroindustrial do País, e, consequentemente, na economia brasileira.

Passamos por várias mudanças nas últimas décadas. Hoje estamos vivenciando, praticamente, três gerações de grandes transformações nas usinas, que aprenderam a se desenvolver de forma cada vez mais sustentável, o que é o nosso grande diferencial em relação ao resto do mundo.

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cenário nacional e internacional do setor bioenergético

Quando analisamos, por exemplo, a União Europeia, que possui muitas indústrias que concorrem conosco na produção de açúcar, vemos que esses países se utilizam do gás, que é poluente. Nossa produção, no entanto, não polui; ela é limpa.

Nós usamos o bagaço. O Brasil sai na frente porque aqui conseguimos fechar todo o ciclo, em toda a cadeia produtiva. Esse é o nosso grande ativo, nosso diferencial em relação ao resto do mundo: o uso, na prática, da economia circular.

No aspecto da mobilidade urbana, quando nos tentam empurrar “goela abaixo” o carro elétrico, não levam em consideração que no ciclo completo de produção – o chamado “do poço à roda” – os veículos movidos exclusivamente a etanol ou os híbridos (etanol e elétrico) são muito menos poluentes que as alternativas disponíveis no mercado. Isso sem falar dos investimentos que serão necessários para montar uma estrutura para o abastecimento dos veículos elétricos, sendo que, no caso do etanol, toda essa estrutura já se encontra geograficamente instalada e disponível por todos os pontos da nossa vasta Nação.

Lembrando que todo esse potencial não se refere apenas à questão do etanol. O setor, como um todo, tem uma gama muito grande de possibilidades e oportunidades de investimentos e uma infinidade de mercados para serem atingidos com o biogás e o biometano, que pode substituir o diesel. Enfim, são as mais diversas oportunidades, que ainda se encontram em fase embrionária, com grandes chances de serem muito bem exploradas.

Temos, ainda, o etanol de segunda geração, com o qual temos a possibilidade de dobrar a nossa produção, sem que, para isso, seja necessário aumentar um milímetro de área plantada, pois a matéria-prima é o resíduo utilizado na fabricação do etanol que já foi produzido.

Temos novas aplicações para a indústria da aviação, como o SAF, no qual o etanol se apresenta como uma das alternativas mais viáveis no mercado, lembrando que, segundo especialistas do setor, o mercado de aviação é 20 vezes maior que o da indústria da mobilidade veicular.

E é importante ressaltar que tudo isso vem sendo obtido graças ao avanço tecnológico, mas, acima de tudo, pela valorização da nossa mão de obra no campo. São inegáveis os avanços no aspecto social. O nosso trabalhador, hoje, é muito mais preparado e capacitado para lidar com as inovações tecnológicas que têm surgido.

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Viralcool, Pitangueiras-SP, acervo Viralcool

O facão foi deixado de lado e, hoje, o homem do campo opera equipamentos e máquinas modernas, com recursos digitais, utilizando softwares e outras tecnologias, que colocam o agricultor como um dos precursores da indústria 4.0, em que as inovações tecnológicas permitem otimizar a tomada de decisões em tempo real, uma preocupação cada vez mais constante do setor, que vive sob a constante pressão de maximizar a produção e minimizar os custos, sem perder a métrica da sustentabilidade.

Segundo a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), 67% das propriedades rurais no país já adotou algum tipo de inovação tecnológica. Outro levantamento, feito em 2020, em uma parceria entre a Embrapa, o Sebrae e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelou que 84% dos agricultores no país já utiliza ao menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio.

As modernas máquinas proporcionam um aproveitamento melhor das janelas de safra, seja no plantio, seja na colheita, aprimorando a produtividade e a alta precisão nos canaviais, em que cada máquina colhedeira embarcada com essas novas tecnologias traz respostas rápidas, quando não imediatas, dentro do campo.

Toda essa tecnologia tem contribuído para somar e transformar o cenário rural e da vida do homem do campo. Por meio dos nossos programas contínuos de capacitação, atualmente, o nosso trabalhador está mais qualificado e muito à frente em relação a outros segmentos.

Tanto isso é verdade que abrigamos, em nosso país, a Fenasucro & Agrocana, considerada a maior feira do setor em todo o mundo. É uma grande referência na apresentação de novos equipamentos e na exposição do que há de mais moderno em tecnologia para ser aplicado no setor.

Podemos, então, concluir, com total segurança, que o futuro do setor sucroenergético brasileiro é promissor. Temos potencial para crescer ainda mais, impulsionados pelo aumento da demanda por energia renovável e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. O setor sucroenergético tem o potencial de continuar a ser um importante motor da economia brasileira e de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país.

Ao longo desse período de transformações, a evolução alcança até a denominação do setor. Quando começamos, lá atrás, éramos sucroalcooleiro. Migramos para sucroenergético e, agora, somos bioenergéticos. Mas, por enquanto, porque o hidrogênio está chegando, e eu nem sei o nome pelo qual seremos chamados. n

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transformação digital e inovação na agroindústria a evolução industrial do sistema bioenergético

Ficou para trás, felizmente, o tempo em que o campo era considerado o passado, em contraponto ao moderno da cidade grande. Cada vez mais, sabemos que a tecnologia é aliada do desenvolvimento agroindustrial. Mais do que isso: a tecnologia é imprescindível e fundamental para a evolução do agronegócio, setor que tem, nos últimos anos, contribuído enormemente para o PIB brasileiro e que ganha mais relevância a cada safra que passa. Basta ver os números mais recentes do IBGE: neste ano, a projeção é de que o agro contribua com cerca de 25% do PIB do país, ou seja, o setor deve movimentar pelo menos ¼ da economia brasileira em 2023.

No setor, de modo geral, temos visto um crescimento exponencial dos usos e aplicações da tecnologia na agroindústria, levando não só o campo, mas também todo o processo produtivo, a passar por uma transformação digital nunca vista.

No setor sucroenergético a realidade não é diferente. Em um segmento em que a economia circular dá a tônica do processo e em que (quase) nada se desperdiça e (praticamente) tudo se aproveita da cana-de-açúcar, sua principal matéria-prima, as operações agroindustriais têm evoluído de modo constante, de olho não só no aumento da produtividade, mas também na sustentabilidade do processo. O conceito de ESG tem também contribuído para que campo e indústria evoluam em termos de tecnologia e digitalização, ajudando a tornar as práticas mais sustentáveis e verdes.

Os exemplos são muitos e, assim como o ciclo da cana, começam no campo e terminam no cliente final. A começar pelo campo, onde os tratos culturais evoluíram a ponto de hoje, em vez dos fertilizantes nitrogenados, já usarmos os próprios resíduos do processamento da cana para nutrir o solo, como é o caso da aplicação da vinhaça localizada.

Ou já usarmos sensores e satélites para coletarem dados que serão compilados, analisados e interpretados para determinarem, por exemplo, quando, onde, como e qual variedade de cana deve ser plantada e colhida. A inovação também colabora para diminuir ainda mais a pegada de carbono do setor. O uso de analytics está sendo fundamental nisso, já que otimiza as rotas de transporte dos caminhões de cana, por exemplo, diminuindo o uso de diesel, um dos principais emissores de gases do efeito estufa.

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Ficou para trás o tempo em que o campo era considerado o passado, em contraponto ao moderno da cidade grande. Cada vez mais, tecnologia é aliada do desenvol vimento agroindustrial.
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Everton Carpanezi
Diretor de Operações Agroindustriais da Tereos

a evolução industrial do sistema bioenergético

Na agroindústria, um conceito que ganhou força e exemplifica o cenário atual é a indústria 4.0, que tem transformado as operações industriais, otimizando processos e digitalizando o dia a dia dos trabalhadores a partir da integração de novas soluções tecnológicas e do uso de inteligência artificial. E quem diria que, um dia, o setor sucroenergético estaria falando de computação, inteligência de dados e internet das coisas?

Mas o setor não só fala, como aplica tudo isso que, um dia, já pareceu um futuro distante e uma modernidade que só outras indústrias tinham acesso. Hoje, a análise massiva de dados gerados por diferentes sensores, equipamentos e ferramentas da agroindústria, permite às empresas tomarem decisões com uma visão ainda mais integrada de todo o processo produtivo: do plantio, manejo agrícola e colheita da cana, passando pela produção do açúcar, etanol e bioenergia e gerenciamento da demanda e entrega a clientes do mercado interno e de exportação.

Colabora para essa visão integrada o investimento de muitas empresas do setor sucroenergético nos chamados COA ou CIA, centros de operações e/ou integrações agroindustriais. Entre as principais atividades do centro estão o monitoramento dos equipamentos agrícolas, controle de tráfego de cana, padronização de processos e envios de relatórios, assim como acompanhamento do estoque e abastecimento de cana. Essas atividades garantem uma melhor conexão entre as operações agrícolas e industriais, o que proporciona mais estabilidade nos processos. E tudo isso só é possível graças ao uso da tecnologia, da coleta à análise dos dados gerados.

Outro exemplo interessante da aplicação tecnológica na operação industrial do setor é o chamado Gêmeo Digital. A ferramenta consiste em uma réplica digital da operação industrial. Com base em informações armazenadas na nuvem, como qualidade de matéria-prima, dados de laboratório e informações da operação, o Gêmeo Digital realiza predições de quantidade de açúcar em uma colheita e energia consumida no seu processamento, por exemplo, contribuindo para termos previsões mais frequentes e assertivas da produção da safra.

Além do Gêmeo Digital, outras tecnologias digitais como Inteligência artificial, Big Data, Advanced Analytics, otimizador em tempo real e Internet das Coisas (IoT) estão cada vez mais presentes na indústria sucroenergética, trazendo resultados estratégicos para o negócio.

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Tereos, Cruz Alta, Olimpia-SP, acervo Tereos

Na Tereos, por exemplo, para sustentar essas iniciativas, a empresa tem expandido o monitoramento em tempo real, além de integrar dados da rede corporativa aos dados da operação. Com isso, os engenheiros e operadores são capacitados e o trabalho de analistas e cientistas de dados é otimizado com decisões mais assertivas.

Outra aplicação que pode exemplificar o cenário atual da agroindústria é o desenvolvimento de novas fontes de energia, a exemplo do biogás ou do hidrogênio verde. Hoje já é possível usar a mesma vinhaça que fertirriga os canaviais para produzir o biogás, através de processos de biodigestão, e também de biometano, combustível orgânico que pode ser usado, por exemplo, na substituição de diesel em máquinas e equipamentos agrícolas. O hidrogênio verde produzido a partir do etanol, por sua vez, considerado o combustível do futuro, é outra aposta do setor na geração de energia limpa e com menor emissão de carbono.

Claro que, para apoiar toda essa transição do analógico para o digital, a gestão da mudança está no centro de todas as iniciativas. É preciso que o agro como um todo continue não só abraçando a inovação, mas investindo e apoiando essa evolução para que a transformação digital aconteça de forma eficiente.

Muito colabora para toda essa evolução o surgimento e desenvolvimento das chamadas agtechs, startups, voltadas para atuação no setor do agronegócio. E os números mostram que elas chegaram para ficar: no ano passado, uma pesquisa realizada pela Embrapa, Sebrae e parceiros revelou que uma em cada três agtechs brasileiras – ou mais de 80% delas – já tinha alcançado os mercados internacionais, e mais de 40% já faturavam mais de R$ 1 milhão anualmente.

O lado interessante é que, ao mesmo tempo, em que levam inovação e agilidade para as empresas do agro, as startups estimulam a transformação digital também “dentro de casa”. Muitas empresas do setor investiram em desenvolvimentos próprios para solucionar seus desafios. Ou, mais do que isso, contaram com a parceria das agtechs para se digitalizarem.

Dessa forma, o que vemos o setor acompanhando de perto as novas tendências sem intenção de ficar para trás na adoção e aplicação de novas tecnologias. Claro que ainda existem obstáculos, como a falta de conectividade no campo, por exemplo, em alguns locais. Porém, felizmente, hoje já podemos dizer que graças à evolução que a transformação digital trouxe, o cenário agroindustrial é mais pleno de soluções do que de desafios. n

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as evoluções do setor produtivo industrial: a evolução industrial do sistema bioenergético

a bioeletricidade e o biogás

Desde meados da década de 1980, o Brasil usa a cana-de-açúcar para produzir bioeletricidade para o Sistema Interligado. Em 1987, a Usina São Francisco, do Grupo Balbo, foi a primeira a exportar energia elétrica obtida da biomassa da cana para a CPFL Energia, empresa distribuidora de energia. Em seguida, a usina São Martinho, de Pradópolis-SP, e a Vale do Rosário, em Morro Agudo-SP, hoje ligada à Raízen, também iniciaram a atividade de venda de excedentes à rede nacional. Essa é uma história de pioneirismo que merece sempre ser lembrada pelo esforço das pessoas e instituições à época.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, 1970 e 2000, a geração de energia elétrica pela biomassa, dominada pelo setor sucroenergético e de papel e celulose, contribuiu para a produção total no país de eletricidade em torno de 2% de participação. Porém, a partir do ano 2000, a biomassa ganhou relevância, com taxas superiores de crescimento a 10% a.a., elevando sua participação na matriz elétrica de 2% para 8%.

Em 1987, o setor sucroenergético detinha apenas 1.239 MW instalados, representando 3% da matriz elétrica brasileira. Dez anos depois, havia crescido para 2.087 MW instalados, mas representando ainda 3% da matriz elétrica brasileira. O grande salto viria nas duas décadas seguintes:

• no período 1998-2007 cresceu 144% em relação a 1997, atingindo 5.090 MW instalados, enquanto a matriz elétrica brasileira cresceu 59% no mesmo período;

• no período 2008-2017, quando chegou a 11.480 MW instalados, representando um crescimento de 126% em relação a 2007, enquanto a matriz elétrica brasileira cresceu 57% no período.

A participação do setor sucroenergético na matriz elétrica brasileira, no período de 1987 a 2017, resultou em crescimento importante também. De 3% de representação na matriz elétrica ao fim de 1987 e 1997 cresceu para 5% no fim de 2007 e 7% de representação em 2017.

Atualmente, o setor sucroenergético detém 12.359 MW instalados em potência outorgada pela ANEEL (mais do que uma usina Belo Monte), com a representação na matriz elétrica brasileira atingindo 6% e 72% de toda a potência instalada pela fonte biomassa em geral no país.

Segundo a ANEEL, de 2023 a 2027, a fonte biomassa a partir da cana deverá acrescentar novos 878 MW à matriz elétrica brasileira, fazendo com que o setor sucroenergético chegue a 13.237 MW em 2027.

Espera-se que esse acréscimo de novos MW vindos do setor sucroenergético, na base de dados da ANEEL, seja alterado e incrementado com novos projetos até 2027, conforme

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Em 2023, o potencial técnico de geração de bioeletricidade para a rede é estimado em 143 mil GWh, equivalente a mais de duas vezes a geração da usina Itaipu no ano passado. "
Jairo Menesis Balbo e Zilmar José de Souza
Diretor Industrial na Usina São Francisco e Gerente de Bioeletricidade na UNICA, respectivamente

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a evolução industrial do sistema bioenergético

avançamos na linha de tempo e na melhora do ambiente institucional no setor elétrico e sucroenergético. Caso se confirme esse número de novos MW, o setor sucroenergético terá crescido 7% entre 2017 e 2027, enquanto a matriz elétrica crescerá 25%. A fonte biomassa da cana cairá de uma representação relativa de 7% em 2017 na matriz elétrica brasileira para 5% em 2027.

A biomassa em geral (incluindo todas as biomassas) chegou a representar 32% do crescimento anual da capacidade instalada no país: em 2010 foi instalado um total de 1.750 MW novos pela fonte biomassa, mostrando o potencial de resposta rápida por parte dessa fonte de geração.

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ANO SETOR SUCROENERGÉTICO BRASIL 1987 1.239 47.561 1997 2.087 62.972 2007 5.090 100.352 2017 11.480 157.112 *2027 13.237 243.867 *Previsão ANEEL 8% 7% 6% 5% 4% 3% 2% 1% 0% 1987 3% 5% 7% 6% 5% 1997 2007 2017 2023 2027 3% Em mil GWh 160 140 120 100 80 60 40 20 0 14 44 85 143 BIOGÁS BAGAÇO PALHA POTENCIAL TOTAL CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO ELÉTRICA DE 1987 A 2027 (MW) PARTICIPAÇÃO RELATIVA DO SETOR SUCROENERGÉTICO NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA POTENCIAL TÉCNICO DE OFERTA DE BIOELETRICIDADE PARA REDE ELÉTRICA EM 2023 Q Índice

Os números atuais, até 2027, mostram que não houve paralisia de investimentos no setor da bioeletricidade nos anos recentes, ao se continuar acreditando na atividade de geração de bioeletricidade para a rede, mas há uma retração na representatividade do setor sucroenergético na matriz elétrica brasileira, que esperamos seja revertida nas próximas décadas, considerando o potencial existente desse setor.

Segundo a EPE, em dezembro de 2022, um total de 236 unidades sucroenergéticas comercializava energia elétrica para a rede (aproximadamente 70% do total de usinas em operação). Em 2023, o potencial técnico de geração de bioeletricidade para a rede é estimado em 143 mil GWh, equivalente a mais de duas vezes a geração da usina Itaipu no ano passado.

Até 2032, com crescimento de 21% em relação a 2023, o potencial técnico de bioeletricidade no setor sucroenergético poderá chegar a 173 mil GWh, equivalente a mais do que o consumo de todo o Estado de São Paulo em 2022, conforme estudo da UNICA com base em dados do Plano Decenal de Expansão de Energia 2032 (PDE 2032).

Com referência ao biogás para produção de eletricidade e de biometano, é importante o aproveitamento da vinhaça, sempre respeitando a diretriz de que não se deve pensar somente na produção de energia, mas também na condição do digestato resultante do processo, aprofundando-se em estudos que tratem de avaliar e garantir a qualidade do biofertilizante orgânico que retorna aos canaviais, o qual representa o principal ativo de uma usina sucroenergética.

A EPE (2022) considera que o setor sucroenergético tem potencial técnico de exportação de bioeletricidade (a partir da vinhaça e torta de filtro) saindo de 14 mil GWh em 2023 para 17 mil GWh em 2032, equivalente a 11% do consumo residencial de eletricidade ou a 46% da geração do Complexo Belo Monte no ano passado.

Enfim, passados 36 anos do início da geração para o Sistema Interligado em usinas sucroenergéticas de bioeletricidade, ainda há muito trabalho a ser feito e evoluir no nosso setor produtivo, além de um grande potencial em investimento e na expansão da oferta dessa energia renovável e sustentável para a rede. Tão inspiradas e dedicadas como foi a geração dos pioneiros na bioeletricidade, novas gerações estão vindo e virão para ajudar a cumprir esse desafio do aproveitamento do potencial da bioenergia presente no setor produtivo canavieiro. Trabalhemos! n

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investimentos em tecnologia

sustentam os desafios do setor sucroenergético e melhoria contínua

Os debates em torno da transição energética, entendida atualmente como uma incontestável necessidade global, têm gerado uma grande visibilidade para o setor sucroenergético. Isso porque os biocombustíveis desempenham um papel central neste cenário, uma vez que sua eficiência é mais do que comprovada a diminuição significativa da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

Dados da UNICA - União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, indicam que o uso do etanol, por exemplo, evitou a emissão de 630 milhões de CO2 desde 2003, quando foi lançada a tecnologia flex. Além disso, o etanol de cana-de-açúcar, combinado com a Bioenergia com Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS), pode reduzir liquidamente as emissões de CO2, contribuindo ainda mais para a descarbonização global.

Para citar um dado interno, na BP Bunge Bioenergia, com o etanol e a bioenergia produzidos em apenas uma de nossas safras, foi possível contribuir para evitar a emissão de 1,7 milhões de toneladas de gases nocivos ao meio ambiente, o equivalente à retirada de um milhão de veículos do trânsito.

Esse panorama de oportunidades – e de responsabilidade – frente a um tema tão importante para o mundo inteiro, nos coloca diante da necessidade de ampliarmos nossos esforços em torno do desenvolvimento das atividades deste setor tão estratégico, o que começa com uma lição de casa de cada agente que o compõe, no sentido de buscar melhorias que possibilitem cada vez mais ganhos em termos de eficiência, produtividade e competitividade.

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Em apenas uma safra contribuímos para evitar a emissão de 1,7 milhões de toneladas de gases nocivos ao meio ambiente, o equivalente à retirada de um milhão de veículos do trânsito."
Wilson Lucena
Diretor Industrial da BP Bunge Bioenergia
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a
industrial
evolução
Estamos presentes Linked(m® www.stolthaven.com.br www.stolt-nielsen.com Stolthaven Terminais J-.'1

a evolução industrial do sistema bioenergético

Na BP Bunge, esta é uma questão central desde a fundação da companhia, há três anos, tanto que a excelência operacional é um dos 12 temas prioritários que compõem a nossa agenda.

Nossos Compromissos 2030, um mapa estratégico que tangibiliza a jornada traçada pela companhia rumo a uma evolução para patamares cada vez mais sustentáveis em todos os aspectos.

Falando especificamente sobre nossa operação industrial, a busca pela excelência está concentrada nas pessoas, com um time de profissionais competentes e comprometidos em fazer o seu melhor, sempre de forma segura, tendo como Norte na prática diária as premissas de nossa cultura, segundo a qual “se não for seguro, qualquer pessoa pode parar a operação”.

Além disso, com a evolução da tecnologia, a indústria sucroenergética tem ficado cada vez mais moderna e integrada, o que permite aprimorar a operação por meio de processos da chamada Indústria 4.0. Sistemas de Inteligência Artificial, IoT (Internet das Coisas) e Computação em Nuvem, recursos que se tornam facilitadores para a tomada de decisões, permitindo agregar mais valor ao negócio.

Um indicador importante para a indústria é o uptime que, na prática, representa o aproveitamento do tempo industrial. Em outras palavras, a capacidade que as usinas têm para processar a cana-de-açúcar, sem interrupções.

Para isso, contamos com soluções de monitoramento on-line, cujo objetivo é garantir que os equipamentos não falhem.

Para isso, contamos com um sistema de gestão por automação a partir do qual temos instalados hoje cerca de 1.300 sensores on-line voltados à manutenção de pontos críticos da operação – outros 2.700 serão instalados em 2023, totalizando 4 mil sensores que nos dão informações importantes, como possíveis falhas de equipamento, por exemplo.

Na unidade Frutal-MG, já tivemos um ganho de 10% na geração de energia elétrica a partir da utilização dessa tecnologia, que também funciona nas usinas Tropical-GO e Itumbiara-GO. O planejamento prevê a implantação deste sistema em todas as usinas até 2025.

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BP-Bunge, Tropical em Edeia-GO, Acervo BP-Bunge

Este tipo de investimento é extremamente estratégico, uma vez que aumenta a confiabilidade e eficiência durante a safra, evitando interrupções não programadas na produção, e ainda gera mais segurança, diminuindo a exposição dos colaboradores a qualquer tipo de risco –fator este de vital importância para a nossa companhia.

Outro destaque que contribui para nossos bons indicadores industriais é que a cada safra aprimoramos nosso planejamento e comissionamento na retomada da entressafra, um diferencial da companhia.

Investimos tempo e recursos financeiros nessa etapa, pois ela garante a execução de um plano de manutenção abrangendo ações preditivas, preventivas e corretivas dos equipamentos das usinas, com especial atenção ao período de entressafra, em que a cada ano são realizadas cerca de 68.000 atividades.

Outro ponto que considero importante quando falamos na busca pela excelência operacional é nosso programa de melhoria contínua – o Transforma – que visa otimizar a performance operacional por meio da identificação, mediação e eliminação de problemas.

Criado a partir de um Sistema de Gestão Integrado (SGI), que padroniza processos e diretrizes operacionais em todas as nossas unidades, o programa já originou soluções que representaram retornos financeiros de milhões para a empresa.

Os exemplos de iniciativas que materializam essa jornada rumo à estruturação para bem atender o mercado no desafiador cenário da transição energética são inúmeros e envolvem diferentes aspectos, com destaque obviamente para o avanço tecnológico.

Mas é fato que, mesmo com todas as melhorias que ainda podem ser implementadas – e muito está sendo feito nesse sentido, o setor sucroenergético já é capaz de atender imediatamente as demandas da sociedade para a construção de uma economia de baixo carbono, diminuindo as emissões nocivas para o meio ambiente por meio de tecnologias que já são uma realidade, trabalhadas num setor estruturado e comprovadamente eficiente. n

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a evolução industrial

a indústria

Num momento de tamanha evolução tecnológica, aplicada através da Inteligência Artificial, devemos parar para refletir que todo esse progresso dependerá exclusivamente do time de profissionais que a empresa dispõe.

Portanto, devemos voltar nossas atenções para os nossos reais recursos e talentos humanos, deixando claro que conhecimento iremos precisar.

Neste momento, cabe refletir sobre como está nosso ambiente industrial de forma estratégica, visando conseguir o maior engajamento do nosso time nessa nova missão.

Nesses 41 anos de atuação, nunca tive tamanha certeza de que o sucesso dessa nova fase que está em curso dependerá da semente que plantamos através da nossa cultura organizacional.

Gestão, a meu ver, significa viver o presente aprendendo com o passado e visualizando o futuro que queremos. Para isso, considero que a maior função do gestor é educar colaboradores com um propósito comum.

Defino, a seguir, as ferramentas que utilizo nessa missão.

1. Ter fé: independentemente dos valores religiosos de cada um, considero estar ligado ao Divino ser fundamental para o equilíbrio pessoal e profissional.

2. Família: sempre será a maior prioridade da vida.

3. Ser exemplo: acredito firmemente que mostrar com atitudes concretas é o melhor caminho. “O exemplo arrasta”, assim e aqui cada um constrói o seu legado.

4. Buscar a verdade: conhecer profundamente a real situação de cada ocorrência que faz parte do nosso dia a dia mostra-se fundamental para que as possíveis soluções, caso elas existam, sejam aplicadas e também avaliadas.

5. Correr riscos: “só acerta quem faz” – acredito profundamente que só conseguiremos novos resultados se executarmos de forma diferente aquilo que seria nossa rotina.

6. Sentimentos fundamentais: gratidão, empatia, alegria e reconhecimento.

Frases que marcaram e continuam definindo a minha forma de gestão:

• Ser justo, honesto, exemplo, efetivo e cristão;

• Felicidade é a moeda única da nossa vida;

• Orar, orar, e orar sempre;

• Buscar autoconhecimento diariamente;

• Celebrar todas as conquistas, sempre;

• Legado é o que você deixa na vida das pessoas;

• Recebo meu ganho pelo impacto que gero no mundo;

• Comunicação não é o que você fala, mas o que o outro compreende do que foi dito;

• A vontade de se preparar seja maior do que a vontade de vencer;

• Não gastar mais do que se ganha;

• Ter sempre o plano B;

• Estar disponível para novas experiências;

• O que nos fez parar a indústria não pode se repetir;

• Para fechar minhas reflexões, cito uma frase que minha esposa falou por muito tempo, e hoje não repete mais. “Todo caldo de cana fica na usina e o que volta para casa é só o bagaço”. Reflita, para não ouvir isso. n

Cito uma frase que minha esposa falou por muito tempo, e hoje não repete mais. 'Todo caldo de cana fica na usina e o que volta para casa é só o bagaço'.

Q Índice
"
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análise dos avanços e oportunidades

do setor bioenergético

O setor sucroenergético brasileiro desempenha um papel crucial para a economia nacional, sendo um dos maiores produtores e exportadores de açúcar e etanol do mundo. Ao longo das últimas décadas, esta indústria passou por diversas evoluções, impulsionadas por fatores socioeconômicos, tecnológicos e ambientais.

O setor enfrentou uma série de desafios que moldaram o seu avanço. Entre eles destacam-se: a flutuação dos preços internacionais, a busca por sustentabilidade, a renovação e expansão dos canaviais. Contudo, o setor sucroenergético passou por notáveis evoluções no setor produtivo industrial, que contribuíram para impulsionar a sua competitividade e eficiência. Cito as principais, segundo meu ponto de vista.

• Tecnologia e digitalização: a indústria sucroenergética tem adotado cada vez mais tecnologias avançadas, como a Internet das Coisas (IoT), a automação, a inteligência artificial e a análise de dados.

Todas elas permitem o monitoramento em tempo real dos processos industriais, otimizando a produção, reduzindo desperdícios e facilitando a tomada de decisões, baseadas em dados precisos.

• Agricultura de precisão: uma prática que utiliza tecnologias para monitorar e gerenciar as plantações de forma individualizada, levando em conta as características específicas de cada área do canavial. Alguns exemplos: o mapeamento e o

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Com uma abordagem estratégica e uma visão de longo prazo, o setor sucroenergético brasileiro pode se manter como um dos principais players do mercado global."
Luiz Augusto Resende Nascimento Diretor de Operações Agroindustriais da Cerradinho Bioenergia
a evolução industrial do sistema biooenergético

a evolução industrial do sistema biooenergético

sensoriamento remoto (uso de drones, satélites e sensores), monitoramento em tempo real, aplicação de insumos variáveis, gerenciamento de frota agrícola, tomada de decisões baseadas em dados, integração e conectividade, entre outros. Isso resulta em um uso mais eficiente dos insumos agrícolas, como fertilizantes e defensivos, reduzindo os custos de produção e os impactos ambientais, além do aumento de produtividade (melhor manejo).

• Biotecnologia e melhoramento genético: a pesquisa em biotecnologia tem sido fundamental para o desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar mais produtivas e resistentes às doenças. Já o melhoramento genético permite obter plantas com características específicas desejadas, como as com maior teor de sacarose ou maior resistência às pragas e doenças, com melhor adaptação aos diferentes microclimas existentes em nosso país.

• Sustentabilidade e certificações: a adoção de práticas sustentáveis é outro aspecto fundamental para o futuro do setor. A sociedade está cada vez mais preocupada com o planeta e os consumidores e investidores almejam produtos manufaturados, de forma responsável e sustentável. Nesse contexto, muitas usinas têm buscado certificações que atestem suas melhores práticas, como a Bonsucro e a ISO 14001. Além disso, a produção de etanol avançado, a cogeração de energia a partir do bagaço da cana e, mais recentemente, a produção de biogás aproveitando a vinhaça, são exemplos de práticas sustentáveis adotadas pelo setor. Outro ponto importante é a gestão adequada dos recursos naturais, com a expansão dos canaviais sendo feita respeitando as normas ambientais, garantindo a proteção das florestas e, consequentemente, dos recursos hídricos. A implementação de práticas de conservação do solo e o uso eficiente da água são medidas que também garantem a sustentabilidade da produção;

• Diversificação de produtos: a indústria deve continuar a diversificação da oferta de produtos para além do açúcar e etanol. Esse último tem sido uma importante alternativa ao uso de combustíveis fósseis, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a mitigação das mudanças climáticas. Sendo assim, seguir investindo em novas oportunidades, como bioplásticos, bioquímicos e outros produtos de valor agregado, tem se mostrado uma estratégia importante para ampliar as fontes de receita e reduzir a dependência dos mercados de commodities e de mercados regu-

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Acervo Cerradinho Bioenergia, Usina em Chapadão do Céu-GO

lados, como o de combustíveis no Brasil. Nesse mesmo contexto, também destaco o avanço do etanol de milho que, além de ter várias sinergias com o sistema produtivo atual, também permite a entrada em outros mercados, como o de nutrição animal e humana.

• Logística e eficiência energética: a busca por mais eficiência na logística tem sido uma preocupação constante. Investimentos em melhorias na infraestrutura de transporte e armazenamento têm impacto direto nos custos e na competitividade do setor. Além disso, a adoção de práticas de eficiência energética nas usinas contribui para a redução dos custos operacionais e para a sustentabilidade do setor. Usinas autossuficientes em energia podem obter vantagens competitivas e contribuir para a diversificação da matriz energética do país.

• Economia circular: o conceito de economia circular tem ganhado espaço na indústria sucroenergética. A utilização de resíduos e subprodutos do processo produtivo como matéria-prima para outras indústrias ou para a produção de energia reforça a visão de um sistema mais sustentável e com menos desperdício. Além disso, o reuso da água, a logística reversa e o compartilhamento de recursos entre usinas são outras aplicações que reforçam os princípios fundamentais da economia circular.

• Investimentos em P&D e em pessoas: a busca contínua por inovação e o investimento em pesquisa e desenvolvimento são fatores-chave para a manutenção da competitividade do setor. A indústria tem se esforçado para estar na vanguarda das tecnologias e das práticas mais avançadas, garantindo sua relevância no cenário global. Por fim, a educação e a formação de profissionais qualificados são importantes para garantir a continuidade da evolução do setor. Investir em programas de capacitação e treinamento para os colaboradores é uma maneira assertiva de aumentar a eficiência e a produtividade das usinas, além de preparar a indústria para os desafios e oportunidades futuros.

Com uma abordagem estratégica e uma visão de longo prazo, o setor sucroenergético brasileiro pode se manter como um dos principais players do mercado global, contribuindo para o desenvolvimento econômico do país, a geração de empregos e a redução do impacto ambiental. Cabe às empresas, ao governo e a todos os atores envolvidos na cadeia produtiva, trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam rumo a um futuro sustentável e próspero para o setor sucroenergético brasileiro. n

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a evolução industrial do sistema bioenergético

cana-de-açúcar e indústria:

parceria de alta potência

As inegáveis evoluções recentes do setor sucroenergético brasileiro andam de mãos dadas com uma forte atuação industrial. Esta participação da indústria se revela no fornecimento de máquinas e equipamentos, componentes, insumos agrícolas os mais variados e — talvez principalmente — na visão tipicamente industrial que permite criar e implementar soluções integradas para resolver gargalos específicos de uma determinada atividade. Tem sido assim com o agronegócio, de forma geral, que tem se beneficiado imensamente de tecnologias industriais para atingir seus atuais níveis de produtividade. É graças à interação campo-indústria que o Brasil vem se destacando no mundo como um país provedor de quantidades cada vez maiores de grãos, carnes, leite e muitos outros produtos derivados da atividade agrícola.

Dentre esses produtos, encontram-se o açúcar e o etanol, que são o coração do setor sucroenergético brasileiro. Um setor que é indispensável para a economia nacional, devido a seu tamanho, seu ritmo de crescimento e suas perspectivas. Também aqui percebemos uma interação muito forte e sadia entre as empresas do setor de cana-de-açúcar e as indústrias. Como diretor-geral da SEW-Eurodrive Brasil, dou o testemunho de que os progressos alcançados pelo setor são alimentados por soluções que a cadeia de fornecimento industrial do sistema, da qual nossa empresa tem orgulho de participar.

Do ano 2000 para cá, a moagem anual saiu da casa das 250 milhões de toneladas/ano para mais de 600 milhões de toneladas/ano. "

Não faz muito tempo, a moenda de cana-de-açúcar no Brasil utilizava sistemas de acionamento com baixo rendimento. Quando instalamos o primeiro redutor planetário em moenda de cana-de-açúcar, em 2004, introduzimos uma mudança de conceito no setor. Graças a essa tecnologia, as usinas puderam abandonar um sistema de acionamento que gerava muita perda de energia, e assim passaram a ter um rendimento muito maior. Esse sistema provou ser capaz de transmitir o torque necessário para a moagem quase sem perdas. Ou seja, com alta eficiência no uso da energia e alto rendimento na produção. Isso virou a chave no setor. Tanto é assim que, após a introdução do sistema de redutor planetário para moagem, vimos que uma tendência havia sido iniciada. Hoje, o redutor planetário é uma inovação industrial consolidada e considerada imprescindível para usinas produtivas e de alto rendimento. Quem faz parte da pujante economia sucroenergética brasileira sabe porque pode conferir que os redutores planetários são hoje uma figurinha carimbada em todas as grandes usinas do país.

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Alexandre dos Reis Diretor para o Brasil e América Latina da SEW Eurodrive Brasil

Para dar conta do desafio de lançar tendência, acreditamos e investimos no setor. Seguindo nossa intenção de ser um provedor de soluções integrais, levamos adiante a ideia do redutor planetário para diversas configurações, a fim de atender as diferentes necessidades do setor de cana.

Assim, hoje há usinas com um único grande redutor planetário e há muitas delas que contam com vários redutores de menor porte, dependendo da opção estratégica operacional individual escolhida. A indústria fornecedora tem que adaptar o produto às suas mais específicas necessidades. Esta é a diferença que o setor industrial fornecedor pode apresentar: não se trata apenas de fabricar, mas de pensar junto às melhores soluções, e aplicar a engenharia especializada para implementá-las.

Sempre há casos que nos puxam para além da zona de conforto. As indústrias fornecedoras do sistema sucroenergético sabem que ser uma indústria-parceira significa aceitar o desafio e levar a solução a novos horizontes.

Foi assim que acabamos por projetar e fornecer o maior redutor planetário da América Latina que opera em uma usina de cana-de-açúcar. Ele tem torque de incríveis 9 milhões de Nm. O desafio é que, por termos feito o maior e mais potente redutor planetário do mundo, os fornecedores do setor têm capacidade para resolver outros grandes problemas, no que diz respeito a acionamento de moenda. Não obstante, estamos pesquisando internamente uma nova geração de redutor planetário, com o setor de cana-de-açúcar em mente. Teremos a capacidade de gerar ainda mais torque do que os atuais 9 milhões de Nm. E o melhor: o futuro maior redutor planetário do mundo ocupará o mesmo espaço físico do instalado atualmente. Disso se fazem os saltos econômicos de um setor.

Entretanto, seria injusto omitir que o setor tem muitas outras interações com a indústria.

Afinal, a atividade canavieira não se resume apenas à moagem. Para todas as etapas do processo produtivo de uma usina, a indústria fornecedora dedicada ao setor tem uma solução. Desde a recepção e o preparo da cana-de-açúcar até a extração do bagaço e fabricação do etanol e do açúcar.

Planejamos trabalhar para oferecer motores elétricos de alta potência para alimentar tais redutores planetários. Isto será uma necessidade do setor, pois conforme os redutores planetários cresçam em torque, mais potência será necessária. A indústria fornecedora do setor tem respondido com clara percepção sobre às realizações e às potencialidades econômicas do sistema sucroenergético no Brasil.

Observando dados da UNICA, vemos que do ano 2000 para cá, a moagem anual saiu da casa das 250 milhões de toneladas/ano para mais de 600 milhões de toneladas/ano. Em todo o país, há 360 unidades de produção vinculadas ao setor. Entre abril de 2022 e março de 2023, as exportações de açúcar e etanol geraram US$ 13,4 bilhões em divisas, ficando atrás apenas do complexo soja, carnes e produtos florestais. O PIB setorial é calculado em torno aos US$ 40 bilhões (representando cerca de 2% do PIB nacional).

Os números acima se consolidam na posição altamente privilegiada do Brasil na economia sucroenergética mundial. Nosso país é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, o maior produtor e exportador de açúcar do mundo e o segundo maior produtor de etanol do mundo.

Se somarmos a essas conquistas as fortes tendências por uma economia verde, nos parece claro que o setor de sucroenergia ganhará ainda maior relevância no futuro. O processo produtivo do setor caminha para ser poupador de carbono. Em algum momento, isso será percebido pelas indústrias do mundo. É certo que a indústria fornecedora do setor seguirá, junto do sistema, tornando as parcerias cada vez mais sólidas. n

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Fabrica da SEW, Indaiatuba-SP

a evolução industrial do sistema bioenergético

a inovação no setor bioenergético

na era digital

O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo, com uma produção média anual acima de 600 milhões de toneladas, segundo fontes confiáveis, o que o coloca em primeiro lugar na produção mundial de açúcar e em segundo na produção de etanol. As excelentes condições agrícolas e climáticas sempre contribuíram para essa extraordinária posição de destaque ocupada pelo país.

A cana-de-açúcar é esmagada em mais de 360 unidades industriais espalhadas pelo país, majoritariamente nas regiões Centro-Sul e Nordeste. O parque industrial brasileiro conta com uma cadeia produtiva de excelência, altamente especializada e totalmente nacionalizada, tanto no que diz respeito aos insumos industriais quanto ao suprimento e à reposição de máquinas, equipamentos, serviços, sistemas e tecnologias em geral. Sem dúvida alguma, o Brasil é uma referência mundial no processamento de cana-de-açúcar.

É indiscutível, também, a grande importância do setor sucroenergético para a economia brasileira na medida em que representa em torno de 2% do PIB nacional, com a geração de mais de 700 mil postos de trabalho diretos, além de diversas outras contribuições, como a geração de quase 5% da energia elétrica do país.

A indústria sucroenergética deve explorar a maior gama possível de produtos e serviços que estejam ao seu alcance. Dos mais aos menos nobres, é inevitável o aproveitamento de todas as oportunidades existentes. E elas não são poucas.

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Apesar de quimicamente iguais, o etanol de segunda geração possui precificação bastante diferente do etanol, dada a questão da sustentabilidade."

a evolução industrial do sistema bioenergético

A cogeração de energia elétrica é exemplo de aproveitamento de uma oportunidade muito interessante. Tratando-se de energia elétrica renovável proveniente de biomassa (bagaço da cana-de-açúcar), sem qualquer agressão ao meio ambiente, disponível nos períodos de estiagem quando os reservatórios deixam de ser irrigados pelas chuvas.

Ainda no que diz respeito à cogeração de energia elétrica, não podemos nos esquecer da possibilidade de incremento de sua produção valendo-se do biogás que pode ser extraído da vinhaça. Estudos recentes demonstram que existe viabilidade de comercialização do próprio produto, da sua utilização para substituição do diesel em caminhões e demais veículos a serviço da unidade industrial.

Temos ainda o etanol de milho e o etanol de segunda geração. O milho utilizado na produção é totalmente aproveitado, separando-se o amido, utilizado na produção do etanol, da fibra, gordura e proteína, utilizados na fabricação de produtos de nutrição animal, gerando assim um novo produto para a unidade industrial.

Já o etanol de segunda geração, derivado do aproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar e do seu processamento, tais como palha, bagaço etc., afigura-se também como mais uma oportunidade valiosa de produto. Apesar de quimicamente iguais, o etanol de segunda geração possui precificação bastante diferente do etanol, dada a sua sustentabilidade.

Mais do que uma capacidade de produção de vários produtos, o mais importante é a existência de uma capacidade de flexibilização do mix de produção etanol/açúcar. Tanto o etanol hidratado quanto o anidro competem com combustíveis de origem fóssil, cujos preços ficam sujeitos a inúmeras injunções das mais variadas naturezas, nacionais e internacionais. Isso reflete diretamente no preço do etanol, independentemente dos seus custos de produção. Com o açúcar não é muito diferente, além de sofrer com as oscilações do etanol, sofre também com as questões relacionadas à oferta e estoques internacionais. Não por outra razão, a flexibilização do mix de produção é uma característica de suma importância para qualquer unidade industrial.

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Cerradão, Frutal-MG, acervo Cerradão

A Cerradão produz açúcar branco e açúcar VHP. Produz, também, etanol anidro e etanol hidratado. A flexibilidade em nosso mix de produção nos permite o direcionamento de até 60% da cana-de-açúcar para fabricação de açúcar ou até 70% para fabricação de etanol. Na atual safra 2023/24, temos uma previsão de moagem de 5,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

A cogeração de energia elétrica é outro dos orgulhos da Cerradão. E a quantidade de energia elétrica gerada tem se mantido ao longo do tempo, em termos de MWh por tonelada de cana-de-açúcar esmagada, seguindo o aumento substancial de moagem havida nestes últimos anos.

Outro fator importante que contribui para uma boa atuação no setor sucroenergético é a gestão digitalizada do processo industrial conciliada com modernas soluções tecnológicas.

O mundo passa por alterações significativas, além de vivenciar inúmeras exigências e requisitos antes impensáveis. Se tratando de commodities, como o açúcar e o etanol, a indústria da cana-de-açúcar deverá buscar novos parâmetros e novas condições para sobrevivência e perpetuação do negócio.

A conexão de todo o processo produtivo, com a geração de dados e informações de produção em tempo real, permite o controle eficiente da produção. Conjugado com o mapeamento do processo produtivo, a digitalização propicia respostas rápidas e eficazes para o melhor aproveitamento da produção, com a possibilidade de aprimoramento do processo industrial a cada novo ciclo.

Em resumo, é isso que temos buscado realizar na Cerradão, na qualidade de Diretor Industrial e em conjunto com os demais Diretores, Conselheiros e Acionistas. Não por outra razão, acreditamos e temos colhidos bons resultados em nossa gestão.

O biogás, e tantas outras alternativas já existentes ou que venham a existir, estará sempre no radar. Nosso negócio requer muito investimento em equipamentos e tecnologia, mas acreditamos que as pessoas fazem a diferença. Não por outra razão, investimos muito em treinamento e desenvolvimento de nossos colaboradores, no planejamento e sistematização de nossos processos, além de inúmeras políticas de ESG. n

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Educação continuada

Imagine que você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou há 20 anos como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País. Muito bom, hein?!

Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica.

Você faria a cirurgia em paz?

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gratuita

No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda.

Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas foram substituídas nesses últimos 20 anos?

Nenhum conhecimento é definitivamente eterno. A faculdade está sempre atualizada, mas tão somente até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.

Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 20 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agrícola e florestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições gratuitas para que todos os estudantes de todos os cursos de agroconhecimento, de qualquer parte do Brasil e do mundo, para que passem a receber gratuitamente todas as suas publicações.

O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado nas empresas. Muitos dos executivos e cientistas que hoje escrevem na Revista Opiniões declararam que liam nossas edições desde quando ainda eram estudantes nas universidades.

Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas, industriais e administrativas das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas florestal e bioenergético de qualquer parte do Brasil e do mundo.

Todos os artigos da Revista Opiniões têm áudios e textos traduzidos para 4 idiomas, quais sejam: português, espanhol, inglês e francês.

O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais eficaz e natural forma de gerar a educação de forma continuada.

Para se cadastrar na plataforma do programa de "Educação Continuada da Revista Opiniões" e passar a receber regular e gratuitamente as edições de nossas revistas, basta enviar um e-mail conforme especificado abaixo:

• Para: Jornalismo@revistaopinioes.com.br

• Assunto: Educação continuada gratuita

• Corpo do e-mail:

- Nome do funcionário ou estudante

- Área de trabalho ou curso que frequenta

- Nome da empresa ou da Universidade

- e-mail principal

- e-mail secundário ou pessoal

• Conforme a Lei nacional de proteção de dados, garantimos que as informações não serão utilizadas para qualquer outro interesse.

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2023 Opiniões Opiniões Opiniões anuário de sustentabilidade Guia de Compras das empresas fornecedoras do sistema bioenergético & www.RevistaOpinioes.com.br ISSN: 2177-6504

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Opiniões Opiniões Opiniões o sistema florestal e as mudanças climáticas www.RevistaOpinioes.com.br ISSN: 2177-6504 EdiçãoMultilíngue ano 20 • número 73 • Divisão F • set-nov-2023 FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira

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•Correspondente na Europa (Augsburg Alemanha): Sonia Liepold-Mai - Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@Tonline.de •Copydesk: Elienir Eller Cordeiro - Elenireler85@ gmail.com

•Edição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - pboniceli@gmail.com

•Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões pessoais sob a responsabilidade de seus próprios autores

•Foto da Capa: Mailson Pignata-mailson@aresproducoes. com.br - fone: 16 99213-2105 •Foto da página doÍndice: Acervo BP-Bunge Bioenergia •Foto da página de Áudios: Mailson Pignata •Fotos dos Articulistas: Acervo Pessoal dos Articulistas e de seus fotógrafos pessoais ou corporativos •Foto da Próxima sucroenergética: acervo Revista Opiniões •Foto da Próxima edição Florestal: Rodrigo Palazuelos, RP Forest •Foto do Expediente: Acervo BP-Bunge Bioenergia •Fotos de Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 98111-8887paulo@pauloaltafin.com.br • Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck. com.br • Tadeu Fessel Fotografias - 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com • Mailson Pignata - mailson@aresproducoes.com.br - fone: 16 99213-2105

• Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas

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ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504

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Quirino • Mauro Valdir Schumacher • Moacyr Fantini • Moacir

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Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Julio Maria

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