O novo desenho da produção da cana e do milho - OpAA71

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Índice

editorial de abertura

inflação de custos e o impacto na safra 21/22 1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO: A safra 21/22 apresentou movimentos antagônicos no que se refere à determinação da rentabilidade do setor sucroenergético. Por um lado, os preços dos produtos finais – nominalmente, açúcar, etanol e energia elétrica – atingiram os máximos patamares históricos. Por outro, os custos de produção foram pressionados pela conjunção de 5 grandes vetores: 1) escassez de oferta de insumos químicos agrícolas – fertilizantes e defensivos –, com fortes reflexos no custo de produção da matéria-prima; 2) ruptura nas cadeias de suprimento, com o colapso na logística global e forte pressão nos custos de movimentação de cargas; 3) condições climáticas desfavoráveis para a produtividade da cana-de-açúcar, em que pese a crise hídrica, a ocorrência de geadas e incêndios; 4) retomada da demanda de petróleo mais célere do que a oferta, o que culminou no aumento do preço de combustíveis e lubrificantes – pressionando o custo relacionado à mecanização agrícola; e 5) manutenção de uma taxa de câmbio desvalorizada. Ao mesmo tempo que o crescimento do preço do petróleo pressionou os custos do setor, ele também contribuiu para uma significativa recuperação do preço do etanol. Na esteira dessa elevação, o preço do açúcar no mercado internacional também foi favorecido, uma vez que a oferta potencial de açúcar por parte dos produtores brasileiros se reduziu, dada a destinação de parte relevante da matéria-prima para o biocombustível. Dessa forma, uma vez que a moeda brasileira permaneceu desvalorizada ao longo do ano

de 2021, a remuneração dos dois principais produtos do setor sucroenergético findou por elevar-se substancialmente. Nesse contexto, o objetivo deste documento é apresentar uma análise da safra 21/20 do setor sucroenergético na região Centro-Sul do Brasil, com ênfase no custo de produção da cana-de-açúcar, além de apresentar uma visão sobre as tendências e perspectivas para a próxima safra (22/23). 2. DADOS E AMOSTRA: Os dados e estimativas de produção para a safra 21/22 são oriundos de Unica (2022), ao passo que os indicadores técnicos e de custos são derivados do “Levantamento de Custos de Produção de Cana-de-açúcar, Açúcar, Etanol e Bioeletricidade”, realizado pelo Pecege, no âmbito do Projeto “Compara Usinas”. A amostra contém informações de trinta e nove grupos econômicos, representando 80 unidades agroindustriais, tendo processado 192 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o equivalente a 37,1% do total da moagem dos estados analisados. 3.RESULTADOS: Produção e produtividade: A safra 21/22 na região Centro-Sul do Brasil foi marcada por dois movimentos que culminaram numa queda expressiva de moagem de cana-de-açúcar, quais sejam, 1) a diminuição de 10,3% na produtividade agrícola; e 2) a redução de 3% da área colhida de cana-de-açúcar, em que pese a competição com culturas anuais, especialmente, milho e soja. No que tange ao primeiro fator, destacaram-se os efeitos climáticos adversos da estiagem durante o ciclo produtivo, em especial a seca prolongada, com uma restrição hídrica severa, as baixas temperaturas

A safra 21/22 apresentou movimentos antagônicos no que se refere à determinação da rentabilidade do setor. Por um lado, os preços dos produtos atingiram os máximos patamares históricos. Por outro, os custos de produção foram pressionados pela conjunção de poderosos e negativos vetores. "

Haroldo José Torres da Silva Gestor de Projetos do Pecege-USP

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Coautoria: Beatriz Ferreira e Peterson Felipe Arias Santos, Analistas Econômicos do Pecege-USP


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