A tecnologia e a inovação do sistema sucroenergético

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Índice

cientistas e especialistas

produção de bagaço como uma inovação Especialistas têm demonstrado muita preocupação com a reduzida ocorrência de chuvas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul do País neste corrente ano, com prenúncios nada animadores de racionamento de energia elétrica e de água, e que certamente resultará em impacto no campo. A ANEEL já colocou em funcionamento as termelétricas e estabeleceu a bandeira tarifária vermelha com reajuste muito elevado na taxa adicional. Contudo todos sabem que esse não é um problema deste ano apenas, e sim recorrente por vários anos. E o pior é que a nossa matriz energética, dependente ainda em grande parte das hidrelétricas, continuará sofrendo desse mal por vários anos vindouros, ainda que alternativas de outras fontes de energia, eólica e fotovoltaica, por exemplo, estejam aos poucos sendo incrementadas. Porém uma outra fonte que já há bastante tempo vem dando valiosa contribuição àquela matriz energética é a biomassa. Ela é uma fonte de pouco apelo midiático, não despertando tamanha atenção como aquelas duas que, aos olhos da mídia e do público em geral, são tecnologias inovadoras. A maioria dos cidadãos desconhece que a bioeletricidade gerada a partir de biomassa representa quase 10% da capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional e cerca de 80% dela vem com bagaço de cana nas usinas/destilarias. Além disso, essas indústrias geram com o bagaço toda a energia elétrica que necessitam para sua própria operação industrial: a indústria, suas oficinas, os escritórios, as residências, etc. É, portanto, uma contribuição muito significativa.

Uma alternativa para melhorar a produtividade seria dar ênfase à produção de fibra, ao contrário da sacarose. Isso soa como sacrilégio, pois, milenarmente, se buscou na cana-de-açúcar, como o próprio nome diz, o açúcar. "

Sizuo Matsuoka Geneticista e Patologista de cana-de-açúcar

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Ninguém em sã consciência nega que o pilar de sustentação do complexo industrial canavieiro é a produtividade dos canaviais. Mas sempre estava implícita que a produtividade de sacarose, mesmo quando não se pagava por ela, era efetivamente o pilar, pois o produto que a usina busca é a sacarose. O bagaço que resulta da moagem da cana foi, antes dos tempos modernos, um mal necessário. Hoje, ele é bastante valorizado, tanto para queima em caldeiras industriais, especialmente de indústrias alimentícias, como para a geração de bioeletricidade nas próprias usinas. A perspectiva é a de que ele venha a assumir ainda maior importância quando a produção de etanol 2G vier a ser amplamente adotada. O anúncio da instalação de novas unidades desse etanol no País é um bom prenúncio disso. Fazendo uns parênteses, nessa questão, vale o debate sobre o uso ou não da palha de cana nessas finalidades. À parte os problemas operacionais do recolhimento da palha e, posteriormente, no pátio e na indústria, estudos têm mostrado que, na maioria das situações, há vantagem em médio e longo prazos em deixá-la no campo como cobertura orgânica.


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