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as tendências do uso e da ocupação das terras
mais uma variável para a gestão de risco das usinas Recentemente, uma das questões que têm estado presentes nas rodas de conversa dos interessados no setor sucroenergético diz respeito ao aumento da concorrência do uso do solo com outras culturas, notadamente a soja. O pano de fundo para essa discussão encontra-se nas boas perspectivas de margens para o grão ao longo dos próximos anos e o risco que isso pode trazer para as bases de fornecimento de matéria-prima para o setor. De fato, ao olharmos para trás, é possível observar que houve um avanço, ao longo dos últimos anos, da área de soja em regiões de influência da cana-de-açúcar. Dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, por exemplo, apontam que a superfície plantada com soja no estado de São Paulo saltou de 610 mil hectares em 2013 para 1,08 milhão em 2019, alta de 77% no período. E, como pode ser observado nas figuras, parte desse crescimento ocorreu exatamente em regiões de influência de cana. É claro que grande parte disso se deu em área de renovação de canavial (há uma grande sinergia na rotação com a soja), entretanto não se pode descartar a
a preocupação com o fornecimento futuro de cana deverá ganhar cada vez mais relevância na gestão de risco das usinas do setor "
Guilherme Bellotti de Melo Gerente de Consultoria Agro do Itaú-BBA
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hipótese de que uma fração passou a ser dedicada exclusivamente à cultura da oleaginosa (e safrinha, onde possível) por mais de uma safra, uma vez que, nesse período, a rentabilidade da cana para o produtor rural não foi das mais atrativas. E, olhando para frente, embora os fundamentos do setor sucroenergético sugiram uma melhora da rentabilidade para o produtor diante da perspectiva de bons preços esperados do ATR – pelo menos no curto prazo –, a reboque dos ventos favoráveis no mercado de açúcar e do aperto do balanço do etanol, o cenário para grãos também é bastante alvissareiro. Além dos fundamentos macroeconômicos, que têm influenciado positivamente todas as commodities, inclusive o açúcar, no caso específico da soja e do milho, o aumento da demanda chinesa na esteira da recomposição do rebanho suíno local deve contribuir para deixar o balanço de oferta e demanda de tais commodities mais apertado ao longo dos próximos anos. Para quem não se lembra, a China, maior produtora de carne suína no mundo (13 vezes maior que a produção brasileira) e