ethanol summit 2009
dutos para etanol:
desafios e perspectivas O mercado de etanol vem crescendo fortemente no Brasil desde a introdução dos veículos flex-fuel. A utilização das novas tecnologias e a evolução contínua desses motores, aliada às mudanças do comportamento mercadológico, contribuem para a consolidação do etanol como combustível preferencial para a frota de automóveis do país. No mercado internacional, cresce, também, o interesse pelo etanol puxado por sua baixa emissão de gases que causam o efeito estufa e demais características que o tornam combustível mais limpo que os fósseis e, quiçá, o único com viabilidade técnica e comercial amplamente comprovada. A matriz energética brasileira, com 46% de fontes renováveis, é, hoje, uma referência para o resto do mundo; dada a eficiência na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, com flagrantes vantagens em relação às alternativas de produção a partir de outras culturas em outros países, essa liderança tende a aumentar. À medida que o consumo se expande, nossa capacidade produtiva acompanha a demanda. Novas fronteiras para a cana-de-açúcar se abrem em regiões já antropizadas, consolidando novas áreas produtoras, ao mesmo tempo em que áreas já tradicionais também se tornam mais produtivas. O noroeste paulista tem sido o paradigma recente de aproveitamento de terras de pas-
transporte rodoviário. Isso é agravado pela baixa qualidade das estradas brasileiras, notadamente nas regiões interiores. Há poucas alternativas devido à reduzida cobertura da malha ferroviária e à inexistência de uma rede de dutos adequada. Como já visto em outras commodities como o minério de ferro, torna-se condição necessária para o Brasil atingir a tão ambicionada posição de player mundial, vencer o desafio da construção de uma logística interna adequada, substituindo o oneroso e ineficiente sistema de transporte das áreas produtivas até os grandes mercados por um sistema confiável, de baixo custo e sustentável. A solução dutoviária consolida-se hoje como a que melhor resolve essa demanda, seja pelas vantagens técnico-econômicas, ou pelos benefícios de confiabilidade, segurança e sustentabilidade. É encorajador, portanto, ver que hoje três projetos dutoviários propostos por três empresas independentes, como o da Brenco/CentroSul Transportadora Dutoviária, PMCC Projetos de Transporte de Álcool e Uniduto Logística, proponham-se a enfrentar esse desafio. Frutos de propostas amadurecidas desde o início da década e de complexos estudos multidisciplinares desenvolvidos ao longo dos últimos anos, seguem hoje todos os três as etapas regulatórias e de projeto necessárias para se via-
" Uma simples comparação de nossa malha de transporte de combustíveis líquidos com a norte-americana mostra oportunidades de desenvolvimento expressivas. Dispomos de apenas, aproximadamente, 5,3 mil km, enquanto os EUA detêm mais de 146 mil km. " Rogério Almeida Manso da Costa Reis Vice-presidente da Brenco/CentroSul
to pouco produtivas pela cana-de-açúcar. Outras regiões, no Triângulo Mineiro, sul de Goiás, norte e sul do Mato Grosso do Sul e sudeste do Mato Grosso, já se qualificam, pela quantidade de novos projetos implantados e em implantação, como os novos polos de produção. O desenvolvimento desses polos produtivos, em regiões cada vez mais interiores, implica a necessidade de vencer longas distâncias para escoar a produção de etanol para os grandes centros internos de consumo, assim como para a costa brasileira, rumo aos mercados internacionais. Isso é uma condição fundamental para a expansão tanto da produção quanto do mercado do etanol. Apesar dos esforços para viabilizar essa expansão, permanecemos com grandes desafios a vencer. O crescimento da produção sem o respectivo avanço nos investimentos em infraestrutura vem acentuando a dependência de modais pouco eficientes para a movimentação de elevados volumes de combustíveis líquidos a longas distâncias, como é o caso do
68
bilizarem no curto prazo como solução real para as necessidades decorrentes do crescimento da produção. Cada um desses três projetos, pelo que foi exposto durante o Ethanol Summit, busca atender a diferentes necessidades e mercados, de forma que se pode vislumbrar até a possibilidade do desenvolvimento futuro de uma malha logística interligando os principais mercados e regiões produtoras. Assim, a PMCC prioriza o centro-leste de Goiás, Triângulo Mineiro e nordeste de São Paulo, com saídas pelo Rio de Janeiro e São Sebastião; a Uniduto, o nordeste de São Paulo, com exportação pelo Guarujá; e a Brenco/CentroSul, atendendo à produção na área de influência do sudoeste goiano e ao noroeste paulista, com exportação por Santos. Todos estão esquadrinhados com base em soluções que atendam à demanda de transporte em direção aos mercados da Grande São Paulo, além da alternativa de exportações internacionais. Certamente, uma das grandes conquistas do Ethanol Summit foi ter colocado, pela