ethanol summit 2009
matriz energética: como o governo pode contribuir
" A produção brasileira de etanol dará um
salto de 27 bilhões de litros ao ano, em 2008, para 64 bilhões de litros, em 2017. O etanol poderá representar 80% dos combustíveis líquidos utilizados em veículos leves no Brasil na próxima década. " Ricardo de Gusmão Dornelles Diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia
A matriz energética brasileira é, inegavelmente, exemplo para as grandes economias do mundo. Nela, destaca-se principalmente a participação dos recursos energéticos renováveis, atualmente de mais de 45%, entre todas as fontes primárias de energia no país. Falar de matriz energética é falar de segurança energética e, em última análise, de soberania nacional. Não é um tema estático. Com isso, quero dizer que não se trata de um tema que seja um dado da realidade imutável para o nosso país, mas sim que se trata de uma construção, dinâmica, de condições para que se possa assegurar a oferta de energia, de preferência cada vez mais limpa, para que se tenha, a partir daí, a base do crescimento econômico sustentado. Foi com base nessa visão que, acertadamente, a Unica, ao formatar o Ethanol Summit 2009, decidiu abordar esse tema, trazendo para a mesa de debate representantes do Poder Executivo, do Poder Legislativo e da iniciativa privada. O Estado não participa do processo produtivo, mas atua de modo decisivo na ação reguladora, dentro de um contexto de economia de mercado, articulando um modelo de desenvolvimento que possa trazer para a sociedade amplos benefícios econômicos, sociais e ambientais. Da mesa da qual participei foi moderadora a Subchefe Adjunta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil do Governo Federal, Tereza Campello; e
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foram palestrantes o Deputado Federal e ex-Ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o Diretor do Departamento de Agroenergia do Ministério da Agricultura, Alexandre Strapasson, e o Vice-presidente do Sindicom, Alísio Vaz. Atualmente, os produtos da cana-de-açúcar são o segundo maior energético do país, sendo responsável por 16,7% da oferta interna de energia no Brasil, em 2008. Perdem apenas para o petróleo e seus derivados (37,6%), tendo ultrapassado a hidreletricidade (14%), e constituem-se, assim, como a principal fonte energética renovável para o país. Em que pese a participação cada vez maior do bagaço de cana-de-açúcar na cogeração de energia elétrica nas usinas produtoras de etanol e açúcar, é a participação do etanol na matriz de combustível a grande responsável pela posição de destaque dos produtos da cana-de-açúcar na matriz energética. Dessa forma, o primeiro ponto abordado no debate foi precisamente a necessidade de se dotar o país de um marco regulatório que trate o etanol no contexto da legislação de combustíveis. Como primeiro palestrante, o Deputado Antônio Palocci enfatizou a importância estratégica de dotar o país de instrumentos legais capazes de elevar o etanol à categoria de combustível, o que facilitaria sobremaneira a "comoditização" do biocombustível. Esse, aliás, é um ponto de fundamental importância na estratégia brasileira