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Filipe Nyusi na frente Emiráti
from O.Económico Report • A informação que você não pode dispensar (Edição Outubro 2022)
by O. ECONÓMICO
Naquilo que pode ser qualificado como o reforço da frente económica do médio oriente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, encontra-se em Abhu Dhabi, desde domingo, 25/10, numa visita oficial de quatro dias aos Emirados Árabes Unidos em resposta ao convite formulado pelo Presidente Emiráti e Emir de Abu Dhabi, Sheik Muhammad bin Zayed Al-Nahyan.
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A visita é descrita como visando a consolidação e aprofundamento das relações de amizade e cooperação existentes entre Moçambique e os Emirados Árabes Unidos, configurando uma oportunidade para que os dois países definam novas estratégias que culminem com o reforço da cooperação económica, com destaque para o investimento directo privado emiráti em Moçambique
Em declarações a imprensa que acompanha esta visita, Mateus Magala, Ministro dos
Transportes e Comunicações, deu a entender que a visita tinha um condão económico na medida em que, a par dos encontros marcadamente políticos, estão a ser realizados encontros com o empresariado local na perspectiva de atrair estes a investir em Moçambique.
Conhecido como um país com excesso de liquidez e significativos capitais ociosos, a estratégia moçambicana em Abhu Dhabi é fazer saber aos detentores destes recursos que Mocambique pode ser um destino seguro e rentável a dar ao seu capital.
Sectores como a agricultura, turismo, infra-estruturas, energias renováveis, portos, telecomunicações, linhas aéreas e até aeroportos, são apresentados aos potenciais investidores como as áreas potenciais a canalizar os investimentos de empresariado local.
Fluxo de Investimento dos EAU em Moçambique, entre 2016 – 2020
No período em referência foram aprovados 84 projectos, susceptíveis de criar 20.356 postos de trabalho, envolvendo investidores privados dos Emiratos Árabes Unidos, no valor total de US$ 4.577.090.693, do qual, o equivalente a US$ 1.955.354.176 constitui investimento directo, tendo 70 projectos sido aprovados em regime normal e 14 em regime especial (ZEEN e ZFI).
O investimento dos Emiratos Árabes Unidos foi direccionado em 39.98% para o sector de transporte & Comunicações em 7 projectos de investimento. Em 2º lugar, destaca-se o sector da Indústria com 31 projectos e 28.02% do investimento aprovado.Na 3ª posição está o sector de energia com 13.93% com 1 projecto aprovado.

MOÇAMBIQUE E A COP 27
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas ou UNFCCC foi estabelecida em 1992 como um tratado ambiental internacional para combater a perigosa interferência humana no sistema climático.
A Convenção reúne 197 Partes para prosseguir o objectivo comum de estabilizar a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera a um nível que limite os impactos nocivos das alterações climáticas. A UNFCCC cria um quadro global para combater as alterações climáticas, não só em termos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, mas também através da adaptação às alterações climáticas e permitindo um desenvolvimento sustentável.
O que é o COP?
Todos os anos, as Partes da UNFCCC reúnem-se na Conferência das Partes (COP).
A COP, que é organizada anualmente por um governo diferente, reúne líderes mundiais e decisores para abordar as alterações climáticas como um problema global e para abrir caminho à ambição futura. Este ano, faz 30 anos que a UNFCCC foi adoptada e a COP será realizada pela 27ª vez em Sharm El Sheik, Egipto. Sob o lema, “Juntos para a implementação”, a COP27 é considerada uma “COP africana” em referência à sua localização, assim como a expectativa de que as discussões se centrem na exposição dos países africanos a alguns dos impactos mais severos das alterações climáticas.
Porque é que a COP27 é importante para África?
Apesar de terem contribuído de forma mínima para as emissões globais, as nações africanas continuam a suportar uma parte injusta do fardo das alterações climáticas. A COP27 tem lugar numa altura em que o continente está a lidar com uma série de graves incidentes relacionados com o clima, incluindo secas, inundações e tempestades tropicais, colocando as comunidades vulneráveis em risco e aumentando a possibilidade de escassez de alimentos. No centro das discussões na COP27 está o financiamento climático devido pelos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento, incluindo a mobilização de financiamentos e a compensação das perdas e danos dos eventos relacionados com o clima. O Acordo de Paris,
A importância do acordo de Paris
O Acordo de Paris, assinado em Paris em 2015 ao abrigo da UNFCCC, é o primeiro tratado global juridicamente vinculativo sobre alterações climáticas.
Nos termos do Acordo, quase todos os países do mundo se comprometeram a manter o aumento da temperatura média global a “bem abaixo” de 2°C, e idealmente 1,5°C, acima dos níveis pré-industriais.
O Acordo visa igualmente reforçar a capacidade mundial de adaptação às alterações climáticas e alinhar os fluxos financeiros com uma via para baixas emissões de gases com efeito de estufa e um desenvolvimento resistente ao clima.
O Acordo reconhece que estes objectivos ambiciosos exigirão mudanças colectivas à escala global e reflectem o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades.
O Acordo de Paris tem uma abordagem “da base para o topo”, em que os países decidem individualmente em que medida irão reduzir as suas emissões nacionais em cada ano.
O que é que está em jogo para Moçambique?
Moçambique é um dos países menos desenvolvidos do mundo e é um pequeno emissor histórico e actual de emissões de gases com efeito de estufa. Moçambique é também um dos países mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas e tem sofrido perdas e danos maciços devido a eventos climáticos extremos. Ao mesmo tempo, os recursos energéticos de Moçambique oferecem uma oportunidade histórica para fazer crescer a sua economia e investir na construção de capacidade adaptativa e resiliência. A principal prioridade na COP27 para Moçambique é, portanto, aumentar e acelerar a mobilização do apoio financeiro ao clima para fazer avançar a justiça climática e oferecer uma solução para a crise energética global.
Durante a COP27, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, participa em várias reuniões e sessões onde apresentará o abundante potencial hídrico de Moçambique e as ambições do país de desenvolver o seu potencial para impulsionar a descarbonização da África Austral.
Nessa sequência, o Presidente da República, defendeu, nesta segunda-feira, 7/11, uma “transição energética justa”, que permita o país continuar a usar o gás natural, a médio prazo, visando arrecadar receitas necessárias para o desenvolvimento e inclusão social.
“Para nós, uma transição energética justa é um exercício de inclusão social”, por isso, “queremos continuar, a médio prazo, a utilizar os recursos naturais, como o gás natural, que é menos poluente”, enfatizou Nyusi. O Chefe de Estado moçambicano assinalou que os países pobres devem ter a oportunidade de usar os seus recursos energéticos de forma equilibrada, para o seu desenvolvimento social e económico, tal como aconteceu com os Estados desenvolvidos.
“É necessário que os países alinhem com o devido equilíbrio o desenvolvimento e a sustentabilidade ambiental”, frisou.
Filipe Nyusi advogou o aprofundamento das parcerias e cooperação no combate às mudanças climáticas, salientando a importância do financiamento à prevenção e mitigação dos impactos das alterações no ambiente.
Sublinhando a vulnerabilidade de Moçambique aos desastres naturais, Nyusi destacou que o país está empenhado em acções de prevenção e mitigação dos efeitos dos choques climáticos, através da instalação de mecanismos de aviso prévio e de estratégias de adaptação climática.

O chefe do Estado pediu ainda à comunidade internacional e aos parceiros privados a mobilização de meios e tecnologias destinados ao restauro e conservação do mangal e da rica biodiversidade do país.
Nesse sentido, o Chefe de Estado Mocambicano, discursando na plenária da COP27, que decorre em Sharm-ElSheik, no Egipto, solicitou aos provedores de financiamento climático para o mercado do carbono que procedessem a desembolsos equilibrados para implementação de iniciativas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas
“ Mais uma vez, estamos a exortar a todos os parceiros internacionais e locais, públicos e privados, a mobilizar recursos financeiros e tecnológicos para restaurar e conservar o mangal e a rica biodiversidade em Moçambique e no mundo inteiro”, disse Filipe Nyusi.