Edição 173

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28.mar.2013

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Intimidades expostas (esquecidas) em prateleiras de livros velhos

A luta de Tarso Genro contra os pedágios

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11 Eduque o seu cão antes que ele ponha coleira em você

A espera por um rim, desde a descoberta da insuficiência

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8 A hostilização do parto normal e a caça às bruxas da humanização do nascimento

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A poesia germânica de João Claudio Arendt

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CARROS E MOTOS Seguro popular para a nova classe C

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Fotos: 11: Paulo Pasa/O Caxiense | 4: Caroline Bicocchi, Div./O Caxiense | 15: Maurício Concatto, Arqu./O Caxiense | 6 e 22: Divulgação/O Caxiense

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Rua Os 18 do Forte, 422\1, bairro Lourdes, Caxias do Sul (RS) | 95020-471 | Fone: (54) 3027-5538

Provocação do jornalismo | Novas ferramentas | Chega de pedágio! Apenas passando por certas dificuldades é possível compreender o outro. Foi assim que o editor-chefe da revista, Marcelo Aramis, conseguiu entender como é a rotina limitada de um cadeirante em Caxias do Sul. Marcelo andou de cadeira de rodas e descobriu que deficiente é a acessibilidade, como contou na reportagem de capa da edição da semana passada.

Quero parabenizar a revista O Caxiense pela matéria! Obrigada, editor Marcelo Aramis, por mostrar as dificuldades que o deficiente fisico, como eu, enfrenta diariamente. Nossa linda cidade de Caxias do Sul deixa muito a desejar aos deficientes fisícos. Fabiana Franco

Excelente matéria, Marcelo Aramis. Meu irmão é cadeirante, nasceu com hidrocefalia, e a realidade é bem diferente do discurso social da acessibilidade. Faço um convite aos nossos governantes para fazerem a mesma experiência que você fez, usando uma cadeira de rodas, para quem sabe assim dar mais atenção, assistência e incentivos para aquisição de equipamentos adaptados. Uma simples adaptação veicular, numa espécie de cadeira giratória, importada, custa hoje o mesmo que um carro popular. E não tem isenção fiscal. Sem falar na demora... Infelizmente, o poder público se abstém. Ou você se conforma ou encara o investimento. A burocracia cansa e desmotiva a cobrança de melhorias. É muito bom a reportagem ter levado a público essa questão da mobilidade/ acessibilidade às avessas. Nota 10 mais uma vez para O Caxiense! Ana Paula Boelter

Uma das práticas de O CAXIENSE em seu site é explorar diferentes formas de narrativas digitais. Nesta semana, a editora-chefe da versão online, Carol De Barba, publicou gráficos interativos sobre a Feira do Peixe Vivo através da ferramenta Prezi.

Bela matéria. Ótima atitude se colocando no nosso lugar pra ver realmente as dificuldades do nosso dia a dia! Joel Souza Precisamos viver para saber as dificuldades. Sirlei Meneguzzi Dos Santos Fiquei emocionada com a matéria, parabéns. Solange Severo Colussi

Nada que um bom prato cheio de agonia animal para uma sexta-feira santa. Vinicius Simiano Que absurdo! Voltamos à idade da pedra, é animalesco e retrógrado fazer parte disso! Pasmem: em plena praça pública, um retrato da nossa sociedade! Maira Mussoi Teixeira As matérias sobre os pedágios também repercutiram: Esses juízes não ficam mais do lado da população. Raimundo Poty Finalmente, uma boa notícia sobre o pedágio mais caro do mundo, no país que mais cobra impostos no mundo, onde todo mundo está nem aí! Espero que não seja mais um blefe em véspera de eleições. Ângelo Bartelle Jr. Excelente reportagem. Vale a pena ler. Parabéns, O Caxiense! Elisandro Vargas

ocaxiense@ocaxiense.com.br

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Felipe Boff Paula Sperb Diretor Administrativo

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Marcelo Aramis Editora-chefe | site

Carol De Barba Andrei Andrade Daniela Bittencourt Leonardo Portella Paulo Pasa Designer

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ASSINATURAS Atendimento

Eloisa Hoffmann Assinatura trimestral: R$ 30 Assinatura semestral: R$ 60 Assinatura anual: R$ 120

foto de capa Paulo Pasa/O Caxiense

TIRAGEM 5.000 exemplares

Valorizo muito as informações dadas por vocês! Celcy Maciel.

Boa leitura! Paula Sperb, diretora de Redação 28.mar.2013

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BASTIDORES

5 dicas do Encantador de Cães | Aurora Catarina ganha vida | A espera por um rim desde a descoberta da insuficiência

Tarso: “É um equívoco pensar que apenas a iniciativa privada tem condições de manter as estradas”

Governador Tarso Genro (PT) |

Caroline Bicocchi, Divulgação/O Caxiense

por Paula Sperb

A Justiça considera que a cobrança deve ser prorrogada até dezembro, assim como em A falta de transparência nas concessões outras praças do Estado, que serão assue o prejuízo causado à comunidade pelos midas pela Empresa Gaúcha de Rodovias pedágios são uma herança ao Rio Grande do (EGR) – em Farroupilha, a praça será Sul deixada pelos ex-governadores Antonio extinta. Por e-mail, Tarso Genro respondeu Britto (PMDB), Olívio Dutra (PT), Germa- às perguntas da revista sobre o tema. no Rigotto (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB). Sob o comando deles, os pedágios foram No seu entendimento, se a Convias alega implantados, duplicados, prorrogados, prejuízo no negócio como argumento para reajustados e, principalmente, mal fiscaliza- a prorrogação, por que a concessionária dos. Antes de se eleger, o governador Tarso quer continuar com a atividade? Genro (PT) prometeu acabar com o pedágio O debate sobre possíveis desequilíbrios entre Caxias e Farroupilha, “símbolo da falta econômico-financeiros, seja de que lado for, de bom senso destes contratos”, como define é algo que passará por uma perícia judicial. nesta entrevista concedida a O CAXIENSE. Temos o entendimento que as concessio-

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“Temos o entendimento que as concessionárias não cumpriram uma série de itens previstos nos contratos”


nárias não cumpriram uma série de itens previstos nos contratos. No entanto, o fato de as empresas afirmarem que é possível baixar as tarifas e aumentar os investimentos, em troca da prorrogação dos contratos, revela que a margem de lucro da iniciativa privada é muito grande. Porém, nós, em parceria com o governo federal, não abrimos mão de estabelecer um novo modelo de concessão rodoviária a partir deste ano. E este modelo parte da total transparência e controle da comunidade, rebaixamento substancial das tarifas e aumentos dos investimentos. Além, é claro, do fim da praça de Farroupilha, que é o símbolo da falta de bom senso destes contratos. Na liminar concedida para a prorrogação da cobrança em Caxias/Farroupilha, a juíza alega que não há nenhum indicativo de que o Estado conseguirá manter a mesma qualidade das estradas e do serviço prestado pela Convias. Qual sua posição a respeito? Respeitamos a decisão, mas sustentamos que ela está errada. A Empresa Gaúcha de Rodovias foi constituída para assumir esta responsabilidade. A EGR vai aplicar todos os recursos arrecadados, já que, ao contrário das concessionárias, o objetivo da empresa pública não é o lucro, mas a qualidade na prestação de serviços. É um equívoco da magistrada pensar que apenas a iniciativa privada tem condições de manter as estradas e decidir prorrogar um modelo que onera os usuários. Qual sua resposta para o argumento de que o Estado não terá verbas para manter os trechos sem a praça de Farroupilha? Nós recuperamos a capacidade de investir do Estado. Estamos aumentando substancialmente os repasses de recursos para manutenção, recuperação e ampliação de estradas em todas as regiões. O Crema Serra é um exemplo. Serão mais de R$ 140 milhões de reais em investimentos nos próximos anos. Além disso, consolidamos um sistema de desenvolvimento que a partir deste ano dará resultados expressivos. O crescimento da economia, aliado com a modernização da arrecadação, nos dará totais condições para manter em um nível muito melhor as rodovias estaduais não pedagiadas. Enquanto que as administradas pela EGR terão recursos garantidos dos pedágios, mesmo com tarifas bem mais baixas. Quais são as chances do contrato da praça Caxias/Farroupilha vigorar até

dezembro? Esta questão depende do Judiciário, mas o Estado está pronto para assumir desde já as estradas que integram o Polo Rodoviário de Caxias do Sul. Apresentamos todos os argumentos que sustentam a nossa tese de que os contratos se encerram 15 anos após a assinatura. A Agergs informou à revista que não tem as receitas da Convias, no polo de Caxias, porque as estradas passaram a ser responsabilidade federal. Entretanto, o trecho do pedágio Caxias/Farroupilha é estadual. Por que a Agergs não cumpre seu papel? O papel das agências reguladoras ainda está em processo de consolidação no Brasil. Não é diferente no Rio Grande do Sul. Estamos em diálogo com a Agergs para encaminharmos algumas ações de modernização e qualificação na prestação de serviço. No que depender do governo, esta situação vai melhorar. A falta de dados das receitas e do suposto prejuízo das concessionárias pode significar a derrota do Estado na Justiça? Não. Pelo contrário. O fato de não sabermos ao certo qual a receita das concessionárias é algo que favorece o Estado. Temos que ter total clareza quando lidamos com o dinheiro do contribuinte na prestação de um serviço público. A questão da transparência e do controle social é um ponto-chave na defesa de um novo modelo de pedágios no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo em que os contratos de concessão estão acabando, aumenta a propaganda paga da Univias nos veículos de comunicação. Qual é a sua leitura sobre o fato? Na época da elaboração do Programa Estadual de Concessões, no governo Britto, houve setores da sociedade, inclusive da mídia, que apoiaram o modelo escolhido. É natural que neste novo período de discussão as concessionárias procurem as empresas que possuem uma relação mais estreita para defender suas posições. Agora, importante é as pessoas terem a capacidade de identificar quando existe o interesse comercial disfarçado de notícia. Por que a grande imprensa é própedágio e contra a EGR? Não podemos generalizar, mas os que defendem um modelo mais privatista e de diminuição do Estado o fazem ou por uma visão de mundo que os contemple ou por interesses econômicos imediatos.

“O fato de não sabermos ao certo qual a receita das concessionárias é algo que favorece o Estado. A questão da transparência e do controle social é um ponto-chave na defesa de um novo modelo de pedágios”

“Na época da elaboração do Programa Estadual de Concessões, no governo Britto, houve setores da sociedade, inclusive da mídia, que apoiaram. É natural que as concessionárias procurem as empresas que possuem uma relação mais estreita para defender suas posições” 28.mar.2013

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TOP5

Lições do Encantador de Cães

Tanara Ribeiro e Gustavo Agostini com Cesar Millan, encantador de cães (à esquerda) | Divulgação/O Caxiense

Criadores de 6 cachorros e fãs do programa O Encantador de Cães, do Animal Planet, que ajudou a “apaziguar a casa”, o casal de biólogos caxienses Gustavo Agostini e Tanara Ribeiro teve a oportunidade de fazer, no último mês de fevereiro, um curso com o apresentador do programa, o terapeuta canino Cesar Millan. O curso voltado para o comportamento de cães ocorreu em Los Angeles (EUA), no Centro de Psicologia Canina de Millan. Em uma semana, o casal e cerca de 30 outros participantes do mundo inteiro – eles eram os únicos brasileiros – aprendeu principalmente a treinar os cães para conviver em harmonia, tanto com seus donos quanto com outros animais. A seguir, confira 5 dicas de Gustavo e Tanara para você e seus amigos caninos terem uma relação bem mais feliz. Não pule! Ao chegar em casa, seu cão normalmente o recebe eufórico, fazendo barulho e pulando em você. Estamos acostumados a associar este comportamento com a saudade que o cão sente e a alegria de

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nos reencontrar, por isso nutrimos este comportamento com afeto. Na verdade, este comportamento reflete ansiedade e desequilíbrio do cão, podendo acarretar diversos outros problemas compotamentais. Ao chegar em casa, não valorize a ansiedade de seu cão, siga os conselhos de Cesar: não toque, não fale, não mantenha contato visual. Espere seu cão se acalmar e só depois faça carinho. Agrade sempre uma mente calma. Passeio Exercite seu cão. Cães, evolutivamente, são animais que vivem em matilhas e migram constantemente em busca de alimento e água. Caminhe sempre com o seu, pois esta é a melhor maneira de criar laços fortes e equilibrados com ele, mas lembre-se sempre: o líder anda na frente. Por isso, mantenha seu cão ao seu lado ou atrás de você. Um cão feliz é um cão cansado. Siga o mestre Ao sair para uma caminhada, ou ao chegar, sempre passe pelas portas por primeiro. Seu cão deve segui-lo. Este é um excelente

exercício para cães dominantes. Super Nany Dê afeto ao seu cão sempre que ele merecer, nunca após ou durante uma atitude que você desaprove. O afeto sempre reforça uma atitude. Nunca tente acalmar um cão medroso ou agressivo com carinho. Corrija-o de forma calma e assertiva. A gente é bicho, baby Os cães na sociedade moderna acumulam os mais diversos problemas. A principal causa é a humanização. Temos cães pelas mais diversas razões e adoramos tratá-los como pessoas. A verdade é que, por mais que nos preencham como alguém da família, os animais entendem o mundo de uma forma diferente. A regra básica, segundo Cesar é: exercício, disciplina e afeto. Nesta ordem. Nunca substitua uma caminhada por soltar o cão no pátio. O pátio representa um grande canil, delimitado por cercas que evitam a migração. Discipline seu cão através de regras, limites e restrições e dê afeto na hora certa


Marcos de Paola, Divulgação/O Caxiense

Uma menina dentro da outra

Da saudade de uma guria caxiense, crescendo bem longe da casa, nasceu Aurora Catarina. É Catarina para rimar com menina e Aurora porque lembra horizonte, palavra poética para batizar crianças. Também é Aurora para compor versos da menina que chora – a menina-mãe, não a menina Aurora. Au pair, palavra difícil de rimar, era o que o alter ego de Aurora, a menina real – Luciane Trentin, hoje com 25 anos, na época com 21 – fazia enquanto a personagem repousava. Quando a criança americana dormia, Aurora acordava e ia para frente de

um computador sem cedilha e acentos para matar as saudades de casa e de quem ficou. No blog Não Chora Aurora, em um ano e 9 meses de distância, a menina dividiu aventuras e frustrações, misturou Aurora e Luciane, infância de uma e fantasia da outra. Inventou contos e poesias, engoliu o choro, chorou, riu até. De volta para casa com Luciane, a menina de olhos cor de amêndoa, cabelos vermelhos e sem travas na língua se escondeu. Ela, que não se importava com roupas e nem com a aparência – porque era toda interior – ficou tímida e menos transparente. Era medo de deixar de ser criança, porque Luciane, quando voltou, estava ocupada demais para continuar naquela brincadeira, tinha trabalho e aula ocupando seu tempo de brincar de poesia. Amadureceu rápido, virou redatora publicitária e foi escrever outras histórias. Aurora continuou lá dentro. Às vezes Luciane a convida para sair, mas Aurora faz birra, cruza os braços, desconfia da mulher que a chama para brincar. As duas estão tentando se acertar novamente. Para reconquistar a menina, Luciane fez um livro de uma de suas histórias, um e-book para o trabalho de conclusão do curso de Produção Multimídia. Agora o projeto está pronto para virar um livro impresso e ir para cabeceira de outras crianças, pequenas ou grandes. Aurora Catarina e Luciane voltam a sonhar juntas.

Especializações em Direito

O prazo de inscrições para os cursos de Pós-Graduação em Direito Privado Contemporâneo e Direito Penal e Processual, oferecidos pela Faculdade Murialdo em parceria com a Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), foram prorrogados. Os interessados têm até o dia 12 de abril para fazer a inscrição pelo site da instituição. As aulas ocorrerão às sextas-feiras, das 18:00 às 22:30, e aos sábados, das 8:00 às 13:00, e serão ministradas pelo corpo docente da FMP, que certifica o curso. As aulas iniciam em 19 de abril.

Faculdade América Latina

Ensino da escrita

Universidade de Caxias do Sul

Professores de Língua Portuguesa e de redação, do ensino público ou privado, poderão participar do Programa de Oficinas de Vestibular da Universidade de Caxias do Sul (UCS). As oficinas são desenvolvidas para ampliar a discussão sobre a necessidade do ensino da escrita, uma vez que as redações são fundamentais em vestibulares, assim como no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 1º de abril, no site da UCS. Outras informações pelo telefone 3218-2183, com Sílvia.

Relações Internacionais e Ciência Política no Cinema. 13, 20 e 27 de abril e 04 e 11 de maio Laboratório de Web Rádio. 13, 20 e 27 de abril Identidade Visual: elementos, análise e criação. 27 de abril e 04 e 11 de maio Comércio e Marketing Internacional para as empresas da Serra Gaúcha. 11, 18 e 25 de maio Sensibilização Teatral. 11, 18 e 25 de maio Fundamentos da Produção Gráfica. 18 e 25 de maio Mídias Sociais como foco Estratégico. 18 e 25 de maio e 01 de junho Fundamentos da Decoração de Interiores. 13 e 20 de julho

CAM

PUS

Estratégias de Marketing. Inscrições até 31 de março. Início: 5 de abril. Nutrição Clínica. Inscrições até 31 de março. Início: 12 de abril. Dependência Química: dos Conceitos ao Tratamento Clínico. Inscrições até 31 de março. Início: 5 de abril. Desenvolvimento de Habilidades de Liderança. Inscrições até 31 de março. Início: 6 de abril. WWW.UCS.BR 3218-2800 | WWW. FMP.COM.BR/POS/CXS 3039-0245 | WWW.AMERICALATINA.EDU.BR 3022-8600 | WWW.FACULDADEMURIALDO.COM.BR. 3039-0245

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13 anos na vida de... um paciente renal crônico Aos 14 anos, o fisioterapeuta Tiago Cabral, hoje com 26, descobriu que herdara de seu avô a insuficiência renal crônica. Pelos 10 anos seguintes, conseguiu viver normalmente, apenas monitorando o funcionamento dos rins, embora soubesse que um dia eles deixariam de funcionar. Em 2010, começou o tratamento de hemodiálise e entrou para a pacienciosa fila dos que aguardam por um transplante. Há duas semanas, teve a grande notícia: o fim da espera está próximo. Leia abaixo o relato de Tiago. 2000 Começou após uma cirurgia de bexiga, quando o urologista constatou algo errado com meus rins e me encaminhou para um nefrologista. Bastou uma consulta para saber que eu era portador de insuficiência renal crônica, e que um dia meus rins iam parar completamente de exercer suas funções básicas, como filtrar o sangue, produzir urina, nutrir os ossos, entre outras. Minha doença tem origem genética e, no meu caso, foi herança do meu avô paterno. De toda a família, fui o único sorteado. Por ser adolescente, não dei muita bola, nem controlei muito o sal na comida, como o médico pediu. Principalmente porque eu não sentia nada, achei que não fosse muito grave. Mas trata-se de uma doença totalmente silenciosa. O que restava era fazer o tratamento para protelar o máximo possível a paralisação dos meus rins. Tiago Cabral |

Paulo Pasa/O Caxiense

“Um dia meus rins iam parar completamente de exercer suas funções básicas, como filtrar o sangue, produzir urina, nutrir os ossos. O que restava era fazer o tratamento para protelar o máximo possível a paralisação dos meus rins”

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Junho de 2010 Ainda que soubesse que era inevitável, foi uma surpresa. Era uma consulta de rotina e, de repente, o médico falou que não dava para esperar mais, que eu precisava começar a hemodiálise com urgência. Desde então, 3 vezes por semana me submeto às sessões no hospital geral, junto com outras 17 pessoas. A primeira sessão foi tensa, pois cheguei com 72 quilos e saí com 71. E não sabia o porquê daquilo, pois era algo novo. Depois me contaram que era o líquido retido pelo rim que a máquina eliminava. Portanto, a perda deste peso é normal, ocorre a cada sessão, mas a primeira vez me deixou assustado. Novembro de 2010 Entrei na lista nacional de espera para doação de rim de um doador cadáver – a lista de espera de quem não tem um doador


compatível na família. No meu caso, ainda aguardava pelos exames da minha mãe para saber se posso receber o seu rim, mas é um processo demorado que envolve consultas com 4 especialistas. Ao contrário de outros órgãos, a lista do rim não é por urgência, mas por compatibilidade. Quem é mais compatível, recebe primeiro. Agosto de 2012 Fui eleito presidente da Rim Viver, a Associação dos Renais Crônicos de Caxias do Sul. Ainda estou à espera de um rim, mas praticamente descartei

SUGESTÕES AO PODER PÚBLICO MUNICIPAL O SIMECS entregou no dia 21 de março ao prefeito Alceu Barbosa Velho, documento contendo uma série de sugestões de melhorias estruturais para Caxias do Sul. A entrega do documento foi feita pelo presidente Getulio Fonseca durante a participação do prefeito na reunião de diretoria do SIMECS. Conforme Getulio, esta iniciativa da entidade é uma forma de contribuir com a nova administração do município, elencando assuntos de interesse para toda a comunidade. Muitos assuntos são urgentes e merecem uma atenção especial do poder público. Entre os temas pontuais constam: transportes, Plano Diretor do Aglomerado Urbano da Região Nordeste, Educação, Segurança, Saúde, Habitação e Urbanismo, Meio Ambiente, Indústria e Tecnologia. Alceu Barbosa Velho elogiou a iniciativa do SIMECS e garantiu que as sugestões serão avaliadas com toda a atenção merecida. PALESTRA IGOR MORAIS O quadro da economia nacional deverá melhorar em 2013, mas será de forma gradativa. A avaliação é do economista Igor Morais, durante palestra promovida recentemente pelo SIMECS. Na oportunidade, o economista apresentou o tema: “Perspectivas Econômicas para 2013.” O evento contou com a participação de empresários e profissionais do segmento metalmecânico na região. No Cenário Nacional o economista abordou as perspectivas para este ano, citando os principais fatores de risco ao crescimento, inflação, juros, câmbio e as pressões salariais. Fez ainda, uma nálise do cenário atual da Economia e as perspectivas para 2013, com foco na situação internacional e do Brasil. Segundo Morais, com certa dose otimismo, o incremento do PIB brasileiro em 2013 chegará a 3,14%. No entanto, é possível que fique mesmo em um patamar mais baixo: 2,5%. No Cenário Internacional o economista abordou as perspectivas para o crescimento mundial, fatores de risco ao desempenho econômico e impactos no Brasil. O destaque ficou por conta da recuperação dos EUA e a crise na Europa. O economista disse estar otimista em relação aos Estados Unidos. Em relação à Europa, a análise é mais pessimista: a recuperação é trabalho para dez anos. Quanto à China, Morais avaliou o quadro como positivo. PROJETO FOCEM AUTO Pelo menos 60% das empresas do segmento automotivo de Caxias do Sul e região selecionadas para o Projeto de Adensamento e Complementação Automotiva no Âmbito do Mercosul (Focem Auto) são representadas pelo SIMECS. A entidade sediou em março o evento em que a Secretaria do Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI) e a Agência Brasileira

a expectativa de receber o rim de um cadáver. Em dois anos, não faleceu ninguém compatível. Tenho que confessar que minha esperança era que, após os carnavais deste e do ano passado, eu finalmente conseguisse. É a época do ano em que mais ocorrem transplantes, porque muita gente morre durante o feriado de Carnaval. Mas como é difícil encontrar um rim que não vá ser rejeitado pelo organismo... Continuo com as sessões de hemodiálise, que hoje duram 4 horas por dia (as primeiras eram de duas horas, depois passa para 3, em uma progressão normal).

Março de 2013 Finalmente tenho um doador. Ou melhor, uma doadora. Será mesmo a minha mãe. Para ter certeza da compatibilidade, ela precisou das autorizações do dentista, do nefrologista, do ginecologista e do cardiologista. Como dependemos do SUS, a demora foi grande. Só para consultar o cardiologista, foram 8 meses de espera. Ainda não há previsão de quando irá ocorrer o transplante, pois antes ainda será preciso agendar uma tomografia, que irá apontar qual dos rins será doado. Estou ansioso, mas bem mais do que isso, feliz.

de Desenvolvimento Industrial (ABDI) divulgaram a lista de empresas gaúchas beneficiárias. Para se ter uma ideia, das 19 companhias selecionadas instaladas na Grande Porto Alegre e na Região da Serra Gaúcha, 11 são do segmento do SIMECS. No total, o projeto beneficiará cerca de cem empresas que atuam no setor automotivo no Mercosul. Além das brasileiras, participarão empresas argentinas, paraguaias e uruguaias. A iniciativa da ABDI, agência ligada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), é cofinanciada pelo Fundo para a Convergência Estrutural e Fortalecimento Institucional do Mercosul (Focem). O Focem Auto conta com um orçamento de quase US$ 4 milhões (sendo cerca de US$ 3 milhões oriundos do Focem e US$ 1 milhão da ABDI) e tem prazo de execução de 24 meses. As empresas beneficiárias participarão de atividades como extensão tecnológica, treinamentos, oficinas, estudos de mercado, desenvolvimento de manuais e rodadas tecnológicas.

Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação, que será realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi - São Paulo. A FIEE é a plataforma ideal para promover produtos e serviços para um importante polo gerador de negócios do setor elétrico e eletrônico. Uma ótima oportunidade para apresentar ao mercado as mais recentes novidades e tendências do consumo, excelente estratégia para impulsionar vendas, fortalecer a imagem da marca, analisar a concorrência, fidelizar e conquistar novos clientes, além de estreitar relacionamento com o público comprador altamente qualificado, no âmbito nacional e internacional. Deverão participar desta edição 1.200 expositores nacionais e internacionais e 63 mil visitantes / compradores. A iniciativa do SIMECS conta com o apoio do Sebrae-RS.

EVENTO SOBRE DESONORAÇÃO DA FOLHA “Desoneração da Folha e Reintegra para Empresas Exportadoras: Alterações das MP’s nº 582/2012 e nº 601/2012 e Atualização.” Este será o tema da palestra que o SIMECS promoverá no dia 11 de abril em seu auditório para as empresas do seu segmento e escritórios contábeis. O evento irá tratar da contribuição previdenciária incidente sobre a receita bruta e do Reintegra – Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras, ambos instituídos pela Medida Provisória nº 540, de 02 de agosto de 2011, posteriormente convertida na Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011, com as alterações da Medida Provisória n° 582, de 20 de setembro de 2012 (em fase final de sanção presidencial, após aprovação no Congresso Nacional), e nº 601, 28 de dezembro de 2012. O evento será conduzido pelos sócios da Charneski Advogados de Porto Alegre, Heron Charneski e André Pedreira Ibañez, profissionais com sólida experiência em Direito Empresarial. Informações e inscrições junto ao SIMECS, fone (54) 3228.1855. MISSÕES AO EXTERIOR O SIMECS está intensificando os preparativos para a realização de Missões Técnico-comerciais em 2013 a importantes feiras. Na Alemanha no mês de setembro, o SIMECS formará um grupo de empresas para visitar três importantes feiras técnicas. De 16 a 21 de setembro será visitada a Schweissen & Schneiden – Feira de Soldagem e Corte. Já no período de 12 a 22 de setembro será a vez da Feira IAA, voltada para o segmento de automóveis. Enquanto isso, de 16 a 21 de setembro o foco será a Feira EMO, especializada em máquinas e operatrizes. Por fim, em novembro, acontecerá a Feira Internacional de Havana em Cuba – FIHAV e no México, a Feira Expotransporte. As empresas metalúrgicas interessadas em participar das Missões do SIMECS devem entrar em contato com a entidade, através do fone (54) 3228.1855. VISITA À FIEE 2013 De 03 a 05 de abril um grupo de 24 empresas representadas pelo SIMECS participará da 27ª Feira

FEIRA AUTOMEC Já está definido o grupo de 25 empresas do segmento do SIMECS que irá participar da Feira Automec 2013. O programa de visitação acontecerá no período de 17 a 20 de abril. A 11ª edição da Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços deverá reunir mais de 1.200 empresas expositoras, de aproximadamente 31 países, e receber mais de 70 mil visitantes de 31 países. A feira é um dos mais importantes eventos do país nos segmentos automotivo e de autopeças, equipamentos e serviços da América Latina. Também está prevista uma visita técnica à montadora de veículos Volkswagen em São Bernardo do Campo. A iniciativa do SIMECS conta com o apoio do SebraeRS. O SIMECS deseja proporcionar às suas empresas conhecimento técnico e tecnológico, bem como a oportunidade de conhecer os lançamentos de importantes produtos. TAXA DO IBAMA A Comissão de Meio Ambiente do SIMECS informa que vence no dia 31 de março a renovação do Cadastro Técnico Federal do Ibama bem como o envio do Relatório Anual de Atividades. A finalidade do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Naturais, é o controle e monitoramento das atividades potencialmente poluidoras ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. As empresas devem ficar atentas a esta necessidade para que se mantenham legalizadas, prevenindo-se de multas e autuações.

SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 – Caixa Postal 1334 – Fone/ Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul - Rio Grande do Sul. Web Site: www.simecs.com.br E - Mail: simecs@simecs.com.br

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R$ 541

milhoes é a receita da Convias no Polo de Caxias do Sul de 1998 a 2012. Os dados foram obtidos pela Assurcon (Associação de Usuários de Rodovias Concedidas) através do Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem). Intrigante que a Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos), que deveria fiscalizar a concessão, não tem os dados. Conforme o governador Tarso Genro, em entrevista na página 4, o papel das agências reguladoras no Brasil inteiro ainda está sendo definido. A receita de R$ 541 milhões acumulada pela Convias até o ano passado é superior ao valor do contrato da concessão do Polo de Caxias, cujo valor é de R$ 432,8 milhões. Com uma diferença positiva de mais de R$ 100 milhões, é difícil enxergar onde está o suposto prejuízo da Convias. Quem perde, como sempre, é o usuário.

Impostos e os negócios locais

ICMS, IPVA, IPTU, IR, IE, II, siglas de impostos que afetam nosso cotidiano, mas também os negócios de comércio, serviço e indústria. Com o intuito de esclarecer questões pertinentes sobre impostos, o advogado Laécio Laner, da Zulmar Neves Advocacia, irá ministrar a palestra Questões Atuais de Direito Tributário, no primeiro evento Fim de Tarde CDL Jovem de 2013, em 9 de abril, às 19:30, no auditório do Sindilojas. A entrada é exclusiva para associados da CDL Caxias e seus acompanhantes. O objetivo do departamento jovem da Câmara de Dirigentes Lojistas é oferecer aos associados embasamento para compreender como os impostos são sentidos nos empreendimentos.

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Movimento pede que Justiça aceite fim dos pedágios Na última quarta-feira (27), autoridades, movimentos sociais e entidades da Serra, que integram o Comitê Regional Pelo Fim dos Contratos de Pedágios em Cumprimento da Lei, se encontraram com o governador Tarso Genro (leia entrevista na página 4). Eles entregaram moções de apoio ao trabalho que o Estado vem realizando para garantir que a Justiça aceite que o encerramento se dê na data de assinatura dos contratos de pedágios. Como presidente da Frente Parlamentar Contra a Prorrogação dos Pedágios, a deputada Marisa Formolo (PT) articulou o encontro com o governador e espera que o movimento faça com que a lei seja cumprida e os contratos extintos na data do seu término. “A própria juíza (Ana Inés Algorta Latorre, do Tribunal de Justiça Federal da 4ª Região) admite em sua decisão que a data de encerramento do contrato da Convias é aquela estabelecida pelo Poder Executivo Estadual e não a data defendida pela concessionária. Ou seja, o Judiciário acolhe que o contrato se extingue em abril”.

Apólices de seguros da Convias

No contrato da concessão de pedágios, que prevê que a praça de Caxias/Farroupilha deveria ser extinta em abril, há cláusulas interessantes sobre a obrigação de diversos seguros. Com a assinatura, seguros contra danos – inclusive de despesas processuais – se tornaram obrigatórios. Curiosa é a Cláusula 11.1.7, que diz que “a concessionária, a seu critério, poderá ainda fazer Seguros de Lucros Cessantes com cobertura aos prejuízos relativos a perda de receita compreendendo: consequências financeiras do atraso do início da exploração da concessão; consequências financeiras da interrupção da exploração da concessão”. O levantamento das cláusulas foi feito pelo secretário da Assurcon, Agenor Basso. A Convias fez estes seguros? Em caso positivo, o Estado não deve nada para as concessionárias que alegam prejuízo.

Confiança no comércio tem nona queda consecutiva Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) teve leve queda de 0,2% em março deste ano. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), essa é a nona queda consecutiva do indicador, que em fevereiro teve redução de 2,6%. “O empresário percebe que a renda vai crescer menos, que o emprego não tem muito para onde crescer, que o crédito está ficando mais caro, que tem inflação mais forte este ano. Então ele sabe que não vai conseguir repetir o resultado do ano passado”, disse o economista da CNC Fabio Bentes.

Sorteio da Nota Fiscal Gaúcha Foi ao vivo, pela internet, que o sorteio do Programa Nota Fiscal Gaúcha foi feito na última quarta-feira (27). Cerca de 100 mil gaúchos que se cadastraram até 10 de março concorreram aos prêmios em dinheiro nos valores de R$ 1 milhão, R$ 20 mil (cinco prêmios) e R$ 1 mil (500 prêmios).


Histórias intrusas

Dedicatórias deixadas em livros rejeitados contam fragmentos de outras vidas

“Querida, eu te adoro, amo você e te quero pra mim... Dai-me seu beijo para selarmos nosso amor: sou seu poeta, seu escritor romântico e apaixonado... Mil beijos de amor” Escrita a caneta no canto esquerdo superior da capa de um LP da cantora Wanda Braga, a dedicatória apaixonada que um José dos Santos Gois assinou para a esposa Maria – o nome está na contracapa – data de 21 de abril de 1994. Por alguma destas razões que só o casal pode saber, o álbum agora se encontra entre centenas ou milhares de outros que já frequentaram sabese lá que coleções particulares, mas que hoje repousam enfileirados nas estantes de um sebo de livros, discos e revistas no centro de Caxias do Sul. Bem mais do que um espaço de comércio, os sebos são uma espécie de casa de repouso para histórias de amor, amizade, saudade e agradecimento contadas em dedicatórias escritas geralmente em azul, assinadas por nome ou apelido íntimo e tendo abaixo a data do presente ou apenas a estação e o ano, como são as mais românticas. Aos olhos curiosos do leitor que depara com a intimidade que perdeu o valor, o mistério das dedicatórias pode ser mais interessante que qualquer narrativa literária. Um livro com uma dedicatória conta mais do que a história que o autor da

obra escreveu. Ou será que estas palavras que uma tal Regina dedicou a Loanym no Natal de 1959, não carrega em si também seus mistérios? “Ao entardecer da vida, quando tudo vai se tornando um misto de saudade e dor em nossas almas, é muitas vezes um conforto a lembrança de alguma coisa boa que tivemos. Que este livro seja um símbolo do que eu represento pra você e que você tenha nele uma recordação a mais para viver”. Qual a relação entre as duas, que momentos marcantes viveram juntas, que dores e saudades Regina carrega em sua alma ao entardecer da vida? A dedicatória está na folha de rosto do livro Puro Canto, do poeta paranaense Tasso da Silveira, que fica em uma estante na entrada do 2° piso do sebo O Colecionador, o mesmo que abriga o vinil de Wanda Braga. É essa estante, reservada aos livros de poesia, que tem a maior densidade demográfica de marcas pessoais de quem um dia presenteou, recebeu ou simplesmente leu e marcou em alguma página algo que pretendeu levar como ensinamento para a vida. Para quem queira se tornar um caçador de histórias de vida deixadas nos

livros, basta abrir a Antologia Poética de Manuel Bandeira na página 20 para logo querer reconstruir a história do verso circulado – “Ah, como dói viver quando falta a esperança!” – que encerra o poema Desesperança. Estaria esse leitor ou leitora precisando ainda um propósito de vida? Talvez tenha sucumbido a alguma depressão que não tratou como deveria, ou será que apenas marcou a frase para repeti-la e demonstrar algum conhecimento na hora de impressionar? Como se torna misteriosa qualquer folha de papel após ser percorrida por uma caneta em mãos anônimas. Afinal, por que razão alguém sublinharia a frase “Se encontrar o Buda, mate-o”, no livro O Espírito Zen na estante dos religiosos do sebo Só Ler? Apaixonada por livros, especialmente os usados, a caxiense Gislaine Domingues, de 35 anos, já encontrou incontáveis dedicatórias nos exemplares usados que levou para casa. Compra principalmente livros de literatura nacional e espírita – estes os mais repletos de dedicatórias. A mais curiosa, ela diz ter encontrado em um exemplar de O Cortiço, de Aluísio Azeve 28.mar.2013

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Fotos: Paulo Pasa/O Caxiense

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“Há os que preferem essa experiência de ‘ler em conjunto’, que é pegar o livro que já passou por outras mãos antes, mas tu não sabes quem foi. Dá vontade de conversar com aquela pessoa”, diz o livreiro Fernando Berti Rodrigues do. “Tinha escrito ‘viu, amiga...finalmente saímos....rsrsrs’, sem assinatura. Não sei, mas acredito que tenha sido de uma para outra amiga que moravam juntas e tenham saído para construir suas vidas”, imagina. Ainda envolvendo dedicatórias, Gislaine conta uma história tão divertida quanto constrangedora que aconteceu com ela há alguns anos. “Em um amigo-secreto, ganhei um livro de um colega chamado Marlon. Ele agradecia por eu chamar ele de Marlon Brando, que no início ele não sabia quem era. E o livro se chamava Um Amor de Verdade. Claro que meu marido mandou arrancar a dedicatória na mesma hora”, conta a estudante de Administração de Empresas da UCS, que em uma tarde de março levou para casa dois livros sobre a área que estuda, sem registro de dedicatórias. Há uma clara distinção entre amantes de livros novos e os de livros usados. Ela é comprovada no dia a dia pelo livreiro Fernando Berti Rodrigues, proprietário do O Colecionador. “Alguns clientes não abrem mão do cheiro do livro novo, outros até levam usados, mas deixam de comprar quando encontram qualquer frase sublinhada. Mas há os que preferem essa experiência de ‘ler em conjunto’, que é pegar o livro que já passou por outras mãos antes, mas tu não sabes quem foi. Aí tu ficas pensando, ‘será que a pessoa que leu também entendeu isso dessa forma?’ Dá vontade de conversar com aquela pessoa.” Com um exemplar de Transformando Suor em Ouro, do treinador de vôlei Bernardinho, em mãos, Fernando conta que são as dedicatórias que mais doem na hora de um cliente vender seus livros usados. “Esse aqui, com dedicatória do Bernardinho, o cliente que trouxe uma pilha de livros relutou até a última hora para se desfazer”, conta. Na mensagem pra lá de impessoal, o técnico da Seleção Brasileira se limitou a escrever “treine e conquiste, um abraço”. Valeu quase nada para o autor, mas o fã transformou em ouro. Mas não só de dedicatórias se constrói o museu de marcas pessoais que também conhecemos por sebos. Há alguns anos,

Fernando organizou um mural de 70 cm por 70 cm no 2° piso do sebo, que é uma espécie de exposição permanente de pertences pessoais deixados junto a quinquilharias – coleções de livros, revistas, gibis, dicionários – que o sebo adquire. Tem, por exemplo, recortes de jornal de quando Raul Seixas fez um show em Caxias do Sul, que foram encontrados dentro de um dos discos de um fã que vendeu toda a sua discografia. Mas entre os achados que mais chamam a atenção está o rascunho de uma carta, escrito a lápis, por um leitor insatisfeito da revista O Cruzeiro. Em uma folha de caderno, Paulo Adami reclama à presidente da empresa que “não tendo podido comprar todas as “Cruzeiros” que traziam o resultado do concurso de figurinhas que valem (5) milhões, peço-lhe o obséquio de informar-me se ganhei algum prêmio do referido concurso”. A carta é de 1963 e foi parar no sebo acompanhada do álbum que anuncia o prêmio a quem o completasse. Exatos 50 anos depois, o papel está fixado no mural e o álbum em uma caixa com dezenas de revistas, vendida ao sebo recentemente pelo filho de Paulo Adami. As pérolas do mural são anunciadas com orgulho “...são coisas pessoais que às vezes são esquecidas ou às vezes não têm mais valor sentimental para quem resolve se desvencilhar de uma coleção, mas que para quem tem curiosidade, é um barato...dá pra se divertir bastante lá em cima”, comenta Fernando. Deixando-se perder entre os volumes espalhados pelas estantes de literatura nacional e estrangeira de qualquer sebo, um caçador de dedicatórias depara com algumas dessas mensagens que dá vontade de conhecer quem deixou. No sebo Só Ler, um exemplar do livro Tem Alguém Aí, da escritora irlandesa Marian Keyes, traz em sua folha de rosto, escrito a lápis como se pronto para ser apagado, o desabafo da mãe para o que facilmente se imagina ser sua filha adolescente (público-alvo da irlandesa), talvez um pouco rebelde. “Para a Babica, da mãe que se esforça, se esforça, se esforça...”. Não parte o coração? Mas

também a amizade pode ser igualmente comovente. Um exemplar de O Clube do Filme, do canadense David Gilmour, foi assinado pelas 3 amigas que presentearam a provável cinéfila Márcia com votos de amizade eterna. Teria Márcia traído as amigas ao se desfazer do livro? Contudo, as dedicatórias mais deliciosas que podem haver – não só nos livros e discos, é verdade – certamente são as dos apaixonados, dos plenamente correspondidos aos que ainda buscam quebrar o gelo do coração do ser amado. Das histórias intrusas que, marcadas a caneta, se juntam aos caracteres impressos dos volumes, está a declaração em inglês que um(a) apaixonado(a) (a letra sugere uma mão feminina), deixou no elogiado livro de poemas O Perigo do Dragão, da atriz e escritora Bruna Lombardi: Para você! Que com amor aprendeu a me conhecer e a gostar de mim...que inventou a luz do sol e a doçura...” (tradução livre), assinada apenas por “me” (eu), dando a entender que o presenteado jamais esqueceria e que nenhuma outra pessoa seria capaz de presenteá-lo com tais palavras doces. Se a paixão perdoa qualquer clichê, o apaixonado que consegue unir o sentimento a alguma criatividade pode se tornar um caso irresistível. No livro 101 Dias em Bagdá, da norueguesa Asne Seierstad, o apaixonado engraçadinho acrescenta abaixo do título, na folha de rosto “...e o resto da vida ao seu lado”. Não é um gênio? Mas a melhor declaração que encontramos está em um antigo exemplar de Flor de Poemas, da poeta carioca Cecília Meireles, também em uma estante de O Colecionador. Um enamorado J.R. escreve assim para sua amada, cujo nome não sabemos – apenas o apelido íntimo. “Pela primeira vez senti no meu coração uma imensa sensação de solidão. Você não sabe o que o seu amor significa pra mim. Desculpa estar borrando o teu livro com esta tinta azul. Do seu coração eu sei que não sai nem um pouquinho de amor para mim. Mas o meu está cheio que não há nenhum cantinho de vaga de tanto para te dar. Baixinha gulosa.” Um prato cheio até para o menos imaginativos. 28.mar.2013

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Fotos: Paulo Pasa/O Caxiense

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Na hora de fazer não gritou Maurício Concatto, Arquivo/O Caxiense

Essa frase, ouvida por muitas mulheres na hora do parto, é uma das tantas caras da violência obstétrica que vitima uma em cada 4 mulheres brasileiras. Eu fui uma delas por Andrea Dip, da Agência Pública

28.mar.2013

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Eu tive meu filho em um esquema conhecido por profissionais da área da saúde como o limbo do parto: um hospital precário, porém maquiado para parecer mais atrativo para a classe média, que atende a muitos convênios baratos, por isso está sempre lotado, não é gratuito, mas o atendimento lembra o pior do SUS, porém sem os profissionais capacitados dos melhores hospitais públicos nem a infraestrutura dos hospitais caros particulares para emergências reais. Durante o pré-natal, fui atendida por plantonistas sem nome. Também não me lembro do rosto de nenhum deles. O meu nome variava conforme o número escrito no papel de senha da fila de espera: um dia eu era 234, outro 525. Até que, durante um desses “atendimentos” a médica resolveu fazer um descolamento de membrana, através de um exame doloroso de toque, para acelerar meu parto, porque minha barriga “já estava muito grande”. Saí do consultório com muita dor e na mesma noite, em casa, minha bolsa rompeu. Fui para o tal hospital do convênio já em trabalho de parto. Quando cheguei, me instalaram em uma cadeira de plástico da recepção e informaram meus acompanhantes que eu deveria procurar outro hospital porque aquele estava lotado. Lembro que fazia muito frio e eu estava molhada e gelada, pois minha bolsa continuava a vazar. Fiquei muito doente por causa disso. Minha mãe ameaçou ligar para o advogado, disse que processaria o hospital e que eu

não sairia de lá em estágio tão avançado do trabalho de parto. Meu pai quis bater no homem da recepção. Enquanto isso, minhas contrações aumentavam. Antes de ser finalmente internada, passei por um exame de toque coletivo, feito por um médico e seus estudantes, para verificar minha dilatação. “Já dá para ver o cabelo do bebê, quer ver pai?”, mostrava o médico para seus alunos e para o pai do meu filho. Consigo me lembrar de poucas situações em que fiquei tão constrangida na vida. Cerca de uma hora depois, me colocaram em uma sala com várias mulheres. Quando uma gritava, a enfermeira dizia: “pare de gritar, você está incomodando as outras mães, não faça escândalo”. Se eu posso considerar que tive alguma sorte neste momento, foi o de terem me esquecido no fim da sala, pois não me colocaram o soro com ocitocina sintética que acelera o parto e aumenta as contrações, intensificando muito a dor. Hoje eu sei que se tivessem feito, provavelmente eu teria implorado por uma cesariana, como a grande maioria das mulheres. Não tive direito a acompanhante. O pai do meu filho entrava na sala de vez em quando, mas não podia ficar muito para preservar a privacidade das outras mulheres. A moça que gritava pariu no corredor. Até que uma enfermeira lembrou de mim e me mandou fazer força. Quando eu estava quase dando a luz, ela gritou: “para!” e me levou para o centro cirúrgico. Lá me deram uma combinação de anestesia peridural com raquidiana,

sem me perguntar se eu precisava ou gostaria de ser anestesiada, me deitaram, fizeram uma episotomia (corte na vagina) sem meu consentimento – procedimento desnecessário na grande maioria dos casos, segundo pesquisas da medicina moderna – empurraram a minha barriga e puxaram meu bebê em um parto “normal”. Achei que teria meu filho nos braços, queria ver a carinha dele, mas me mostraram de longe e antes que eu pudesse esticar a mão para tocá-lo, levaram-no para longe de mim. Já no quarto, tentei por três vezes levantar para ir até o berçário e três vezes desmaiei por causa da anestesia. “Descanse um pouco mãezinha”, diziam as enfermeiras. “Sossega!”. Eu não queria descansar, só estaria sossegada com meu filho junto de mim! O fotógrafo do hospital (que eu nem sabia que estava no meu parto) veio nos vender a primeira imagem do bebê, já limpo, vestido e penteado. Foi assim que eu vi pela primeira vez o rostinho dele, que só chegou para mamar cerca de 4 horas depois. Faz exatamente 9 anos que tudo isso aconteceu e hoje é ainda mais doloroso relembrar porque descobri que o que vivi não foi uma fatalidade, ou um pesadelo: eu, como uma a cada 4 mulheres brasileiras, fui vítima de violência obstétrica. O conceito internacional de violência obstétrica define qualquer ato ou intervenção direcionado à mulher grávida, parturiente ou puérpera (que deu à luz recentemente), ou ao seu bebê, praticado

Maurício Concatto, Arquivo/O Caxiense

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sem o consentimento explícito e informado da mulher e/ou em desrespeito a sua autonomia, integridade física e mental, aos seus sentimentos, opções e preferências. A pesquisa Mulheres brasileiras e Gênero nos espaços público e privado, divulgada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, mostrou que uma em cada 4 mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. As mais comuns, segundo o estudo, são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento ou informação, falta de analgesia e até negligência. Mas há outros tipos, diretos ou sutis, como explica a obstetriz e ativista pelo parto humanizado Ana Cristina Duarte: “impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência, tratar uma mulher em trabalho de parto de forma agressiva, não empática, grosseira, zombeteira, ou de qualquer forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido, tratar a mulher de forma inferior, dando-lhe comandos e nomes infantilizados e diminutivos, submeter a mulher a procedimentos dolorosos desnecessários ou humilhantes, como lavagem intestinal, raspagem de pelos pubianos, posição ginecológica com portas abertas, submeter a mulher a mais de um exame de toque, especialmente por mais de um profissional, dar hormônios para tornar o parto mais rápido, fazer episiotomia sem consentimento”. “A lista é imensa e muitas nem sabem que podem chamar isso de violência. Se você perguntar se as mulheres já passaram por ao menos uma destas situações, provavelmente chegará a 100% dos partos no Brasil”, diz Ana Cristina, que faz parte de um grupo cada vez maior de mulheres que, principalmente através de blogs e redes sociais, têm lutado para denunciar a violência obstétrica tão rotineira e banalizada nos aparelhos de saúde. “Algumas mulheres até entendem como violência, mas a palavra é mais associada a violência urbana, fisica, sexual”, diz a psicóloga Janaína Marques de Aguiar, autora da tese Violência institucional em maternidades públicas: hostilidade ao invés de acolhimento como uma questão de gênero, que entrevistou puérperas (com até 3 meses de parto) e profissionais de maternidades públicas de São Paulo. “Quando a gente fala em violência na saúde, isso fica dificil de ser visualizado. Porque há um senso comum de que as mulheres podem ser maltratadas, principalmente em maternidades

públicas”, acredita. E dá alguns exemplos: “duas profissionais relataram, uma médica e uma enfermeira, que um colega na hora de fazer um exame de toque em uma paciente, fazia brincadeiras como ‘duvido que você reclame do seu marido’ e ‘não está gostoso?” Em março de 2012, um grupo de blogueiras colocou no ar um teste de violência obstétrica, que foi respondido de forma voluntária por 2 mil mulheres e confirmou os resultados da pesquisa da Fundação Perseu Abramo. “Apesar de não terem valor científico, os resultados mostraram que 51% das mulheres estava insatisfeita com seu parto e apenas 45% delas disse ter sido esclarecida sobre os todos os procedimentos obstétricos praticados em seus corpos”, lembra a jornalista mestre em Ciências Sociais Ana Carolina Franzon, uma das coordenadoras da pesquisa. “Nós quisemos mostrar para outras mulheres que aquilo que elas tinham como desconforto do parto era, na verdade, a violação de seus direitos. Hoje nós somos protagonistas das nossas vidas e quando chega no momento do parto, perdemos a condição de sujeito”, opina Ana Carolina. Desse teste nasceu o documentário Violência Obstétrica – A voz das brasileiras com depoimentos gravados pelas próprias mulheres sobre os mais variados tipos de humilhação e procedimentos invasivos vividos por elas no momento do parto. Uma das participantes diz que os profissionais fizeram comentários “sobre o cheiro de churrasco da barriga durante a cesárea”. Mas talvez o relato mais triste seja o da mineira Ana Paula, que após planejar um parto natural, foi ao hospital com uma complicação e, sem qualquer explicação por parte dos profissionais, foi anestesiada, amarrada na cama, mesmo sob protestos, submetida a episiotomia, separada da filha, largada por várias horas em uma sala sem o marido e sem informações. Seu bebê não resistiu e faleceu por causas obscuras. Ana Paula denunciou o falecimento de sua filha ao Ministério da Saúde pedindo uma investigação e em paralelo denunciou a equipe, convênio médico e o hospital que a atenderam ao CRM de Belo Horizonte. Diante do silêncio do Conselho, que abriu uma sindicância em novembro de 2012 e não forneceu mais informações, a advogada de Ana Paula, Gabriella Sallit, entrou com uma ação na justiça.

“Me colocaram em uma sala com várias mulheres. Quando uma gritava, a enfermeira dizia: ‘pare de gritar, você está incomodando as outras mães, não faça escândalo’, conta a repórter

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“O processo da Ana Paula foi o primeiro que trata a violência obstetrica nestes termos. Não é um processo contra erro médico, ou pelo fim de uma conduta médica. É sobre o procedimento, a violência no tratar. É um marco porque é o primeiro no Brasil”, explica a advogada. “É uma ação de indenização por dano moral que lida com atos notoriamente reconhecidos como violência obstétrica. Tudo isso tem respaldo na nossa legislação”, diz. Para prevenir a violência no parto, infelizmente comum, a advogada aconselha que as mulheres escrevam uma carta de intenções com os procedimentos que aceitam e não aceitam durante a internação. “Faça a equipe assinar assim que chegar ao hospital. E antes de sair do hospital, requisite seu prontuário e o do bebê. É um direito que muitas mulheres desconhecem. Isso é mais importante do que a mala da maternidade, fraldas e roupas. Estamos falando de algo que pode te marcar para o resto da vida”. Além do nosso código penal e dos vários tratados internacionais que regulam de forma geral os direitos humanos e direitos das mulheres em especial, a portaria 569 de 2000 do Ministério da Saúde, que institui o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento do SUS, diz: “toda gestante tem direito a acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério” e “toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e segura” e a LEI Nº 11.108, DE 7 DE ABRIL DE 2005 garante às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato nos hospitais do SUS. Mas dificilmente essas normas são seguidas, como explica a pesquisadora Simone Diniz, formada em Medicina Preventiva pela Universidade de São Paulo, que participou da pesquisa Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, grande e minucioso panorama realizado pela Fiocruz em parceria com o Ministério da Saúde – ainda sem data para lançamento.

o parto não. A assistência ao parto para as mulheres de menor renda e escolaridade e para aquelas que o IBGE chama de pardas e negras, é muito diferente das mulheres escolarizadas, que estão no setor privado, pagantes. Normalmente as mulheres de renda mais baixa têm uma assistência que não dá nenhum direito a escolha sobre procedimentos. Os serviços atendem essas mulheres para um parto vaginal com várias intervenções que não correspondem ao padrão ouro da assistência, como ficar sem acompanhante e serem submetidas a procedimentos invasivos que não deveriam ser usados a não ser com extrema cautela, como o descolamento das membranas, que é muito agressivo, doloroso, aumenta o risco de lesão de colo e infecções, a ruptura da bolsa, como aceleração do parto. É uma ideia de produtividade que parte do pressuposto que o parto é um evento desagrádavel, degradante, humilhante, repulsivo, sujo e que portanto aquilo deve ser encurtado. No setor público é pior, mas é preciso levar em conta que no setor privado, 70% das mulheres nem entra em trabalho de parto, vão direto para cesarianas eletivas”.

A imposição de uma cesariana desnecessária também tem sido vista pelos pesquisadores e pelas próprias mulheres como uma forma de violência porque além de um procedimento invasivo, oferece mais riscos a curto e longo prazo para a mãe e o bebê. “Hoje nós sabemos que existe muito mais segurança nos partos fisiológicos do que nas cesáreas. Não tenha dúvidas de que elas são um recurso importante que salva vidas quando realmente necessárias. Mas no parto fisiológico o bebê tem menor chance de ir para uma UTI neonatal, de ter problemas respiratórios, metabólicos, infecções, tem o melhor prognóstico de todos”, explica Simone Diniz. “O bebê nasce estéril e a medida que ele entra em contato com as bactérias da vagina durante o parto, é colonizado por elas e isso fará com que ele desenvolva um sistema imune muito mais saudável do que se nascer de cesárea e for contaminado por bactérias hospitalares. Esse conhecimento é recente, “O parto é muito medicalizado e mas já saíram pesquisas sobre risco dimuito marcado pela hierarquia social da ferenciado de asma, diabete, obesidade e mulher no Brasil. Para algumas questões uma série de doenças crônicas”. de saúde, como para quem tem HIV, precisa de um antiretroviral ou de uma ciApesar do índice máximo de cesarurgia, você tem o mesmo procedimento rianas aconselhado pela Organização público e privado, existe um padrão do Mundial de Saúde (OMS) ser o de 15%, que é considerado como aceitável. Para o Brasil lidera o ranking na América

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“Dizem que a mulher escolhe a cesariana, mas o parto normal é desconstruído consulta a consulta. Frases como ‘nossa, mas esse bebê está crescendo muito’ dão a conotação subliminar de que a mulher não poderá ter parto normal. Circular de cordão, pressão arterial alta, diabetes, nada disso é indicação de cesariana. Foi se criando o conceito de que o corpo da mulher é defeituoso e requer assistência. Que ela precisa ser cortada em cima ou embaixo para poder parir”, conta o obstetra Jorge Kuhn


Latina, segundo a Unicef, com mais de 50% de nascimentos através da cirurgia. O índice sobe consideravelmente quando se olha apenas para os hospitais particulares. Em 2010, 81,83% das crianças que nasceram via convênios médicos, vieram ao mundo por cesarianas. Em 2011, o número aumentou para 83,8%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Há ainda hospitais particulares como o Santa Joana, em São Paulo, que no primeiro trimestre de 2009 apresentou taxa de 93,18% cesarianas, segundo o Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC). Questionada a respeito, a ANS declarou por meio de assessoria de imprensa que “vem trabalhando, desde 2005, para a diminuição do número de partos cesáreos, mas o problema é bastante complexo e multifatorial, envolvendo a organização do trabalho do médico, dos hospitais e a própria cultura e informação da população brasileira”. Disse ainda que “não existe limite para a realização de partos cesáreos” e que isso depende da indicação médica. No filme O Renascimento do Parto, ainda sem data de estreia no Brasil, mas que já possui uma versão resumida no Youtube, o pediatra Ricardo Chaves questiona: “Eu quero saber o seguinte: nós combinamos com o bebê que ele vai nascer sexta-feira, 16:00? Ele respondeu que tem condição de nascer?” Os profissionais têm opiniões diferentes a respeito do grande volume de cesarianas. Para a médica obstetra representante do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) Silvana Morandini, “a medicina defensiva está indicando mais a cesárea. Se o bebê tem circular de cordão no pescoço, se é um feto muito grande, se tem placenta

marginal, qualquer diagnóstico que possa dar problema, aumenta a prescrição”. Ela chama isso de “conduta defensiva”, por “medo de dar errado”. Silvana também acredita que “o grande número de cesáreas é cultural. A mulher brasileira tem a ideia de que com o parto vaginal vai ficar com o períneo mais flácido”. Já o obstetra especialista em parto humanizado Jorge Kuhn acredita que “a grande culpada pelo boom de cesarianas foi a mudança do modelo obstétrico. Antigamente o modelo era centrado na obstetriz. O médico era chamado nos casos de complicação. A transformação do parto domiciliar em hospitalar, na década de 1970, aumentou a incidência de cesarianas. É lógico que esse índice também cresceu por outras razões, como gravidez múltipla, idade avançada e riscos reais . Ele explica que outro fator importante foi a entrada dos convênios médicos nos planos de parto. “Eles perceberam que para vender planos de saúde, um bom argumento era o de que a mulher faria o pré-natal com o mesmo médico que faria o parto e isso é a maior cilada. Porque o médico prefere ficar no consultório a sair para ganhar tão pouco. Dizem que a mulher escolhe a cesariana, mas o parto normal é desconstruído no consultório consulta a consulta. Frases como ‘nossa, mas esse bebê está crescendo muito’ dão a conotação subliminar de que a mulher não poderá ter parto normal. Circular de cordão, bacia estreita, feto grande, feto pequeno, pouco líquido, muito líquido, pressão arterial alta, diabetes, nada disso é indicação de cesariana. Foi se criando o conceito de que o corpo da mulher é defeituoso e requer assistência. Que ela precisa ser cortada em cima ou embaixo para poder parir”.

Um médico obstetra com 15 anos de formação, que atende a convênios e preferiu ter sua identidade preservada, confirma a fala de Jorge Kuhn.Ele explica que com o valor irrisório pago pelos convênios (cerca de R$ 300 reais por parto normal ou cesárea) não compensa para o profissional largar o consultório cheio ou sair de casa de madrugada para passar 10, 12 horas acompanhando um parto normal. “Eu digo para as minhas pacientes logo nas primeiras consultas que se elas optarem por marcar uma cesariana eu farei, mas se optarem por um parto normal vão ter com plantonista”. Para ele, apesar das pesquisas e das indicações internacionais como a da OMS, a cesariana é a melhor opção para a mãe e o bebê. “No hospital particular eu acho que acontece o real parto humanizado. Porque tem uma assistência muito maior. Com 5 para 6 cm de dilatação a gente instala a anestesia, aí a paciente já não sente dor, faz a tricotomia (raspagem dos pêlos) porque é mais higiênico, rompe a bolsa, acelera o trabalho de parto. Minha filha nasceu por cesárea, minhas sobrinhas também. Se eu achasse tão bom o parto normal teria feito. Claro que se o médico marcar a cirurgia para muito antes, o bebê pode nascer prematuro, com problemas respiratórios, pode complicar sua saúde a longo prazo. Mas no parto normal existe mais risco de asfixia e paralisia cerebral. Se você for perguntar, 90% dos filhos de médicos nascem por cesárea”. Jorge Kuhn, que foi recentemente denunciado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro e responde a processo no CREMESP por ter declarado em um programa de televisão ser favorável ao parto domiciliar para gestantes de baixo risco, lembra que para o

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“No setor privado, acham o fim da picada que a mulher queira dar trabalho para eles. Uma mulher contou que como insistiu com o médico que queria parto normal, ele indicou um psicólogo dizendo que ela tinha traços masoquistas!”, relata a médica Simone Diniz hospital também é muito mais lucrativo e conveniente que se façam cesarianas. “Eles sabem quais são os recursos humanos e materiais que têm em vésperas de feriados, principalmente os mais prolongados, e têm os agendamentos da sala certinhos. Fazer uma cesariana em trabalho de parto resulta em maior custo para o hospital. Quando a mulher ficou tantas horas em trabalho de parto e passa para uma cesárea, isso é um problema. Uma vez eu perguntei para um gestor quanto eu custava, fazendo mais partos normais. Ele disse que o problema é quando meus partos normais viravam cesáreas, porque já tinha gasto tempo e material naquele parto e gastava com a cirurgia. Mas tanto faz em termos de custo. O agendamento que facilita. Nenhum hospital no Brasil tem condições de atender partos normais como a OMS aceita, com no máximo 15% de cesarianas. Não têm estrutura física para isso, é uma fórmula difícil de fechar. Mas basicamente é uma tríade: comodidade dos médicos e hospitais, indiferença das mulheres e mercado. Sempre é uma questão de dinheiro”. Ana Cristina acrescenta que quanto mais complicado for o parto, mais lucro o hospital terá. “Anestesia, cirurgia, drogas, antibióticos, compressas, equipamento, equipe de enfermagem. Se rolar uma UTI neonatal por dois dias, já vai mais uma boa grana, quase a de um parto. E esses equipamentos todos da UTI estão pagos, precisam ser usados para gerar lucro. A UTI custa muito caro. Então qual é o problema? É que nós estamos colocando bebês para nascer em uma estrutura muito cara, que precisa se pagar”. Para incrementar, alguns hospitais particulares oferecem alguns “extras” a seus pacientes, conta Simone Diniz. “Existe uma coisa chamada ‘janela de plasma’, que fica no centro cirúrgico e dá para um pequeno auditório anexo. É uma janela opaca que fica transparente quando o bebê nasce e o médico pode apresentálo à plateia. Algumas famílias fazem fes-

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tas, com serviço de catering etc. Isso não pode acontecer em um parto normal, certo? Precisa ser agendado com antecedência. Aí você vê como hoje o parto fisiológico é subversivo, porque subverte toda essa lógica hospitalocêntrica”. O modelo alternativo, hoje conhecido como parto humanizado, se baseia em exemplos usados há muitos anos em países como Holanda e Alemanha, e é centrado na autonomia da mulher, pensando o parto como algo fisiológico, natural, com pouca ou nenhuma intervenção médica. O direito da mulher sobre o seu próprio parto também é uma das principais bandeiras de um movimento feminino que cresce a cada dia no Brasil, principalmente através de blogs e articulações por redes sociais. No filme inglês Freedom For Birth, que conta a história da parteira húngara Ágnes Geréb, processada criminalmente e condenada a dois anos de prisão porque, até 2011, não havia regulamentação para os profissionais que assistiam partos domiciliares, a antropóloga americana Robbie DavisFloyd critica o modelo atual, em que o corpo da mulher é tratado como uma máquina, e o parto como um processo mecânico disfuncional, que precisa das intervenções médicas para trazer o bebê ao mundo porque não confia na fisiologia natural do parto. Em seu estudo Birth as an American rite of passage (1984) ela lembra que o parto, até pouco tempo, era vivido como algo exclusivamente feminino e privado, com as mulheres dando a luz em suas casas amparadas por outras mulheres: parteiras, mães, amigas mais experientes. A ideia de “mulher empoderada”, que escolhe onde, como e com quem quer parir, ou no mínimo opina a quais procedimentos quer ou não se submeter é o centro deste pensamento. O parto humanizado pode acontecer em casas de parto, em casa (somente para gestantes de baixo risco, que são a maioria) e até em salas especiais que

muitos hospitais estão criando com esta finalidade. A equipe geralmente é reduzida, com uma enfermeira obstetra (ou médico que siga esta filosofia), um neonatologista e uma doula – profissional treinada a dar suporte físico e emocional à mulher desde o pré-natal. Na hora do parto, a doula orienta sobre exercícios e posições, respiração e fornece um arsenal de recursos não farmacológicos para alívio da dor, como massagens, bolas, óleos, exercícios e banhos. A mulher pode comer, tomar água, andar e ficar na posição que se sentir mais a vontade para parir. Cada vez mais mulheres têm optado por este modelo, mas nem todas têm acesso. Um parto domiciliar custa de R$ 5 a R$ 10 mil (somando os honorários de todos os profissionais). No hospital, além da equipe, é preciso pagar a internação em pacotes de parto, que podem custar em média mais R$ 8 mil reais. Apesar de em 2011 o governo federal ter lançado a Rede Cegonha, que tem como objetivo humanizar o parto e criar casas de parto normal integradas ao SUS, ainda há poucas opções e somente em grandes centros urbanos – até 2014, segundo o Ministério da Saúde, serão 200 em todo o país. Com pouca ou nenhuma divulgação, sobram leitos em muitas delas. A Casa de Parto de Sapopemba em São Paulo, por exemplo, referência no atendimento a gestantes de baixo risco, não só não é divulgada, como não se consegue entrevistar os profissionais que atendem na Casa. Alertada por colegas jornalistas, eu tentei entrar em contato através da assessoria de imprensa da prefeitura mas não obtive resposta, apesar da insistência. Durante a reportagem, conheci uma enfermeira obstétrica que foi demitida por ter concedido entrevista a um jornal sem autorização. Uma reserva que faz lembrar o que acontece com os programas de redução de danos – cala-se a respeito para evitar polêmica, ou a adesão excessiva em relação às dimensões


previstas por essas políticas públicas. Simone Diniz conta que a própria mulher que resolve esperar o trabalho de parto é hostilizada. “As pesquisas indicam que entrar em trabalho de parto aumenta muito o risco de você sofrer violência. É muito interessante o grau de hostilização da mulher em trabalho de parto. No setor privado, acham o fim da picada que aquela mulher queira dar trabalho para eles. Uma mulher contou que como insistiu muito com o médico que queria parto normal, ele indicou um psicólogo dizendo que ela tinha traços masoquistas!”. O Conselho Federal de Medicina é totalmente contra o parto domiciliar. Assim como os conselhos regionais que quiseram caçar o registro de Jorge Kuhn. O Conselho de Enfermagem (Cofen) também tentou por muito tempo fechar o novo curso de obstetrícia da USP Leste, mas desde dezembro de 2012, o curso ganhou, através de liminar do Ministério Público, não só o direito ao funcionamento como ao registro específico no Cofen. Essa “caça às bruxas do parto humanizado” não é exclusividade brasileira – vide Àgner Gereb. Jorge Kuhn conta que quando chegou ao Brasil após uma temporada aprendendo sobre parto humanizado na Alemanha, foi procurar os gestores de grandes hospitais para implantar essas técnicas de redução de cesarianas, mas que foi recebido com declarações como “por mim você pode cortar a mulher em quatro desde que me entregue um bebê bom”. Ainda assim, o obstetra é otimista: “o filósofo Schopenhauer dizia que toda verdade passa por 3 estágios. No primeiro, ela é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro, é aceita como evidente por si própria. Estamos no segundo estágio”.

Outra alternativa bonita para quem procura por um parto “empoderado” (no sentido de dar poder à mulher sobre o parto) é a Casa Ângela, em São Paulo. Criada pela Associação Comunitária Monte Azul, a Casa de Parto, instalada na periferia da zona sul da cidade, se mantém com financiamentos de parceiros nacionais e internacionais e, desde o começo de 2012, faz uma média de 10 partos por mês, e acompanha mais de 250 mães e bebês. O nome homenageia a parteira alemã Ângela Gehrke, que nas décadas de 1980 e 1990, atendeu a mais de 1.500 mulheres da favela Monte Azul e foi referência de parto humanizado no Brasil. Ângela morreu de um câncer em 2001 mas o trabalho com a comunidade foi retomado alguns anos depois. A casa é linda, iluminada, arejada e no dia que visitei, um cheiro de bolo assando perfumava o ambiente. Nada ali lembrava o ambiente hospitalar. Anke Riedel, obstetra coordenadora do projeto, me conta que por causa da grande procura de mulheres de outras regiões e até outras cidades, a casa criou um plano de sobrevivência, no qual cobra um pequeno valor para quem não é da comunidade. O pacote padrão, que inclui o pré-natal, a triagem para fatores de risco no parto (as regras são rígidas e somente as gestantes que não apresentam riscos podem ser atendidas na casa), o parto e o acompanhamento do puerpério e do bebê por um pediatra, custa R$ 3.500, que pode ser negociado conforme as condições financeiras do casal. “Como não recebemos qualquer ajuda do governo, essa foi a forma que encontramos de manter a casa e poder atender às gestantes, além do apoio dos parceiros”. Na equipe, obstetrizes atendem às gestantes e, em casos de urgência, a casa possui equipamento e ambulância próprios para remoções para

hospitais próximos. Segundo Anke, algumas vezes estas remoções acontecem, mas nunca houve uma de urgência. Fui convidada a conhecer Aline, de 26 anos e seu marido Marcos, da mesma idade, moradores da comunidade que tiveram seu bebê na Casa na noite anterior. Quando entrei no quarto, a primeira surpresa. Nada de maca ou soro. Apenas um casal deitado em uma cama com o bebê nos braços, com luz baixa e largos sorrisos no rosto. Aline me mostrou a pequena Sofia, que veio ao mundo sem qualquer intervenção médica ou farmacológica. Ela conta que o bebê nasceu na banheira, à luz de velas e música ambiente, com o marido fazendo massagem e ajudando nas posições. Que se apaixonou pela Casa assim que conheceu a proposta e que durante o pré-natal, ela foi bem orientada e tratada pelo nome, ao contrário do atendimento no posto de saúde em que era uma “mãezinha”. Um nó aperta minha garganta, é impossível não fazer comparações. Marcos diz que estava orgulhoso da mulher, que mais parecia uma leoa poderosa no parto. Compara ao que já tinha visto na televisão ou nas novelas: “aquelas mulheres gritando, deitadas, aquele desespero. Nada disso aconteceu. Teve hora que a enfermeira abraçava, dava beijo na testa dela, esse afeto fez diferença. No hospital você fica vendo seu parto acontecer.” Flashes do meu parto não param de vir à mente. Sou feliz por Aline e Marcos. E muito revoltada por mim mesma. Vendo e ouvindo essas histórias de amor, assistindo a vídeos de partos humanizados, dignos, nos quais as mulheres foram protagonistas do nascimento dos seus filhos, só posso chegar a uma conclusão: violaram meu momento. Roubaram meu parto de mim.

Mapa da Violência obstétrica: denúncias pela internet Depois de um parto traumático e extremamente violento e um segundo humanizado, empoderado e em casa, Isabella Rusconi e Carlos Pedro Sant’Ana criaram o Mapa da Violência Obstétrica. A ferramenta é inédita no Brasil e permite ao internauta denunciar onde e quais tipos de violência obstétrica sofreu. “Acredito que um dos melhores modos de ter uma leitura real de um problema é mapeando situações, dando uma leitura gráfica do problema para facilitar a sua compreensão” explica Carlos. “Embora seja um problema invisível para muita

gente —principalmente para os homens— e silenciado por muitas mulheres —por vergonha ou por desconhecimento de que foi vítima— é necessário mostrar que é uma realidade agressiva no Brasil e mostrar que existem alternativas, que é necessário criar um novo sentido de respeito humano e mudar o modo como lidamos com o parto. Talvez mostrando relatos de vítimas da violência obstétrica, possamos chegar a outras mulheres que passaram por essa violência sem o saber ou sem o reconhecer, e as arrancar de sua Síndrome de Estocolmo”… 28.mar.2013

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João Claudio Arendt |

Arquivo Pessoal, Divulgação/O Caxiense

Haikus & andere Gedichte ou Haicais & outros poemas de JCA por Paula Sperb As lentes dos óculos de grau, que adaptam sua cor conforme a claridade, ficaram diáfanas quando João Cláudio Arendt entrou no café entre os prédios H e L da UCS, onde se divide para as aulas entre a graduação e pós-graduação. em Letras. No bar, seu primeiro poema de 2013 repousou sobre o papel pela primeira vez. As palavras viviam na mente – que só consegue elaborar sentimentos em forma de poesia na língua portuguesa, embora seja fluente em alemão – há mais tempo. “Aprendi a escrever poesia em português. Não consigo sentir em alemão”, conta o poeta que em 2011 concluiu seu pós-doutoramento na Universidade de Berlim, na Alemanha. O período imerso na cultura germânica inspirou as poesias que serão publicadas no livro Urberlin, pela editora Maneco, com apoio do Financiarte. O livro bilíngue terá a tradução de Sarita Brandt, tra-

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minski tirou o 50 Tons de Cinza do topo da lista de mais vendidos de uma rede de livrarias. É sinal de que a poesia está ganhando fôlego? Quase todo mundo faz poesia em algum momento da vida. Um adolescente que tenha contato com a literatura com certeza escreveu poesia na juventude. Mas 98% dos jovens ficam na fase do desabafo. Poucos superam os 20 e poucos anos escrevendo e aprimorando a poesia. Temos bons poetas brasileiros, como o Fabrício Carpinejar. Mas o Paulo Leminski é da geração anterior, era hippie, dava aula na universidade federal e ia direto para o bar, sujo, sem dentes, “das antigas”. Interessante que estamos falando de literatura e não literatura, (Leminski e 50 Tons de Cinza) não poderiam estar na mesma lista. Ou faz uma lista de literatura ou faz uma lista de best sellers. O fato de o Leminski estar em uma boa lista não significa que vai voltar A coletânea de poesias de Paulo Le- como autor lido.

dutora para o alemão de autores como Clarice Lispector e José Saramago, e deve ser lançado também na Alemanha, seguindo as pegadas de João Claudio no Instituto Latino Americano da Universidade de Berlim, em A Livraria (praticamente um refúgio para brasileiros que oferece de livros a guaraná) e na Embaixada no Brasil. Aliás, o Brasil é homenageado na Feira do Livro de Frankfurt deste ano, que levará 70 escritores brasileiros, dos quais apenas 8 poetas como João Claudio, para divulgar a literatura nacional. Do total, “31% são autores de São Paulo”, diz João fazendo o cálculo de cabeça. São 22 escritores paulistas, além dos 14 do Rio de Janeiro e 13 de Minas Gerais. “Isso é nada mais do que a República Café com Leite”, analisa o também mestre em História pela Unisinos. A seguir, a prosa do poeta sobre literatura.


Como a literatura brasileira é vista na Alemanha? No Instituto Latino Americano da Universidade de Berlim (onde fez o seu pós-doutorado), os que estudam a literatura brasileira falam de uma literatura contemporânea, inclusive com autores vivos. Essa literatura fala de violência e pobreza. Em um jornal de Frankfurt, em 2011, uma matéria falava das favelas do Rio de Janeiro que recebem turistas europeus. Ocorre uma teatralização do tráfico de drogas, da violência. Isso virou uma atração, não são mais as paisagens naturais do romance de 30, de Jorge Amado, José Lins do Rego, Raquel de Queiroz. Esses autores foram todos traduzidos para o alemão, mas não são mais reeditados. O seu livro Plural da Ausência foi leitura obrigatória do último vestibular de verão da UCS. O que os jovens estão lendo ultimamente? Não sei o que os jovens leem. Leem aqueles anexos de PowerPoint, postagens de Facebook, essa literatura de massa: Harry Potter, Senhor dos Anéis, Crepúsculo, 50 Tons de Cinza. Os jovens também criam perfis literários nas redes sociais. Mas quando se entra no blog deles, não se vê a discussão da literatura. Só se vê a “literatura culinária”, como diz Jauss, preparada para ser servida e consumida imediatamente para o gosto do público, sem surpreendê-lo. A morte dos cursos de Letras também é sintomática. Na escola, a literatura não consegue sensibilizar os jovens para se tornarem leitores e assumirem uma car-

reira em Letras. Não significa que não estejam lendo, mas lendo muito best sellers. Na Alemanha se vê as pessoas lendo publicamente, mas não significa que estejam lendo Christa Wolf, Bertolt Bretcht, estão lendo água com açúcar. Mas mesmo assim, lá se lê muito mais. A escola poderia desenvolver um papel na formação de leitores de literatura e formação de professores de literatura. Os cursos de graduação em Letras estão morrendo. Isso tudo contrariando os números das feiras do livro. Fala-se que ler livros de Paulo Coelho ou obras como 50 Tons de Cinza etc. é bom porque o leitor evolui para uma literatura de qualidade. Concordas? Raros são os leitores que migram dos best sellers à boa literatura. Ler um best seller é como ver um filme enlatado hollywoodiano. Não tem diferença. Acho que o texto literário tem que ser sempre uma provocação. Primeiro tem que desacomodar a linguagem. Se não desacomoda a linguagem, acomoda a representação e a significação e o modo como o leitor vai significar. Esse é o papel da literatura, questionar paradigmas. Com a internet, ficou mais fácil para publicar literatura. Mas também se publica muitos textos ruins. Qual sua análise? É tentativa e erro. Um leitor de Guimarães Rosa tem que ser experiente. Tem que exercitar os músculos oculares, exercitar a imaginação e chegar

numa idade em que possa fruir um Machado de Assis ou Ferreira Gullar. Com o tempo, vai escrevendo, produzindo e os leitores vão dando o feedback. As redes sociais dão esse retorno. O próprio post é a escrita, às vezes somente 140 caracteres. Já termina de escrever e publica. Mas é ingrato para quem faz isso. Se você não está lá chamando o leitor para acessar o link e ler o poema, ele não entra. Através das ferramentas de blog é possível medir os acessos. No dia que não publica nada, raramente alguém vai acessar o blog. O autor é seu próprio promotor, chamando o leitor para acessar o que escreveu. Como também é ingrato publicar um livro e encalhar. É uma carreira ingrata. Todo o problema está na interlocução. Quem escreve está sempre na sintonia que não é a da maioria, é um canal paralelo. Precisaria de mais gente sintonizada nesse canal paralelo para haver interlocução. Escritores precisam do sofrimento como inspiração. É verdade? E os bons sentimentos? O poeta, segundo Leminski, é um sapato torto que tem consciência do que é ser direito. Não que seja um ser especial, mas tem alguma coisa que o motiva a escrever. Isso faz parte. Quando se decepciona com os amigos, chega à conclusão de que “bons amigos não têm umbigo”. No caso do amor, pensa que o “amor é uma flor carnívora”. Ferreira Gullar disse que poderia passar o dia inteiro escrevendo poesia se quisesse, tem técnica, conhecimento, vocabulário. Mas só escreve o poema necessário.

Angemeldet

Esfinge

Desde o verão passado, que o pássaro mora na Rua das Árvores, nº 9 O título é uma brincadeira com a organização germânica, que exige documentação oficial que comprove moradia para obtenção de serviços como telefone e conta bancária. Passeando pelas ruas de Berlim, João Cláudio avistou a casa de um passarinho, que subverte poeticamente as normas.

alvas dunas branca espuma pele de nanquim

Stolpersteine Nunca me esquecerei que no meu caminho tinha um cigano tinha um deficiente no meu caminho tinha um gay no meu caminho tinha um judeu Faz referência a pequenos monumentos em bronze, de 10 cm², criados pelo artista Gunter Demnig, em homenagem às vítimas do regime nazista. Incrustados nas calçadas, trazem gravados o respectivo nome, a data de nascimento e os dados sobre o destino das vítimas.

O primeiro poema de João Cláudio escrito em 2013 é uma amostra do cuidado com as palavras. O poeta optou por "nanquim" no lugar de "marfim", causando o estranhamento do ideal feminino "branco e misterioso". O nanquim é o negro, rompe com o esperado.

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CINE

Nicholas Hoult, Ewan McGregor. De Bryan Singer

Jack, o Caçador de Gigantes Em meio a tantas adaptações de histórias infantis para as telas, com os estúdios apostando em superproduções em 3D, haveria de sobrar espaço para uma releitura da simpática história de João e o Pé de Feijão. E voilá. O fazendeiro Jack é enviado ao reino dos gigantes para resgatar uma princesa raptada. Mas o gigante maior talvez seja o orçamento da produção, que girou em torno de US$ 189 milhões. Estreia. CINÉPOLIS 3D 12:00 (SEX. SÁB. DOM.) | 3D 14:30-17:00-19:30-22:00 GNC 3D 22:10 | 3D 15:15-19:40 | 14:00-16:30-19:00-21:30

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* Qualquer alteração nos horários e filmes em cartaz é de responsabilidade dos cinemas.

Diane Kruger, Max Irons. De Andrew Niccol

A hospedeira Talvez a história mais maluca saída da cabeça da escritora Stephenie Meyer, criadora da saga Crepúsculo. Um inimigo não detectado extrai a mente das pessoas, deixando seus corpos intactos e mantendo suas vidas aparentemente inalteradas. A história começa a emocionar mesmo (dizem) quando uma dessas “almas invasoras”, encontra uma mente que se recusa a sair do seu corpo. Estreia. CINÉPOLIS 13:00-15:35-18:30-21:15 GNC 14:15-16:40-19:10-21:40

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Paulo Pasa/O Caxiense

Bruno Mazzeo, Fábio Porchat. De Mauricio Farias

Vai que dá certo

A Honra do Trabalho A história da metalúrgica Abramo Eberle, símbolo maior da indústria caxiense, é resgatada nos depoimentos de 6 exfuncionários da empresa. O documentário foi produzido por alunos da pós-graduação em Bens Culturais da Faculdade Inovação (FAI) e contou com orientação etnográfica do professor e escritor José Clemente Pozenato. As exibições têm entrada gratuita. TER. (2) e QUA. (3). 19:00. Ordovás

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Cinco amigos de adolescência se reúnem, já adultos, para pôr em ação um plano que pode ser o pé-de-meia de todos (que não deram muito certo na vida). Mas assaltar uma transportadora talvez não se revele uma grande ideia. Destaque para o elenco, que tem Bruno Mazzeo, Fábio Porchat, Lúcio Mauro Filho, Gregório Duvivier e Natália Lage. De Mauricio Farias. 2ª semana. CINÉPOLIS 13:15-15:15-17:30-20:00-22:20 GNC 14:45-17:10-19:20-21:10

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GI Joe: Retaliação Quando a geração que hoje beira os 30 anos brincava com os bonequinhos chamados Comandos em Ação, Bruce Willis já era ídolo com seus filmes de aventura. Por isso, nada mais justo do que dar ao astro o papel de protagonista da segunda versão para o cinema do batalhão G.I. Joe. Bacana para quem gosta de reviver a infância diante da tela. De John M. Chu. 2ª semana. CINÉPOLIS 3D 11:45 (SEX. SÁB. DOM.) | 14:00-19:00 | 3D 16:30-21:40 12 1:50 GNC 3D 18:50-21:20 | 3D 13:45-16:20

Os Croods Os Flinstones são quase uma família contemporânea se comparados aos Croods, a primeira família a habitar a Terra. Mas ser os primeiros faz com que a estreia fora da caverna seja uma aventura cheia de perigos. 3ª semana. CINÉPOLIS 3D 13:30-15:45-18:00-20:15 GNC 3D 13:00-17:30 | 14:00 (QUA.)- 15:50-17:50-19:50

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Oz – Mágico e Poderoso Com US$ 144 milhões arrecadados, a releitura de O Mágico de Oz lidera a bilheteria anual nos Estados Unidos. No Brasil, o filme não fez feio e se tornou a 5ª maior bilheteria do ano, com R$ 6,6 milhões. Um pouco diferente da história original, o filme conta a chegada de Oscar Diggs à Terra de Oz. Com James Franco e Mila Kunis. De Sam Raimi. 4ª semana. GNC 13:20

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Ricardo Darín , Jérémie Rénier. De Pablo Trapero

Elefante Branco É a 2ª semana em cartaz do filme argentino no Ordovás, mas dessa vez a novidade fica por conta da sessão comentada. No domingo, após a exibição gratuita do longa, haverá debate com o historiador Marcelo Caon e a professora Morgana Säge, mestra em Letras pela PUC-RS. Em uma favela de Buenos Aires, o padre Julian tenta ajudar a população em meio a muitos conflitos entre traficantes e a polícia, além da falta de interesse do governo argentino. Ordovás SEX. (29). 19:30 - SÁB. (30) e DOM. (31). 20:00

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O Lado Bom da Vida Um homem que sofre de transtorno bipolar conhece uma mulher esquizofrênica. Não poderia sair daí um romance convencional. E por isso o filme agrada em cheio. Com Jennifer Lawrence e Bradley Cooper. De David O. Russell 9ª semana.

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MUSICA + SHOWS

QUINTA (28)

Remanescentes da Violeta Pop

Baseado no rock dos anos 60 e 70, Roberto Niederauer, Maikol Nora e Samuel Masotti interpretam Led Zeppelin, Deep Purple, The Beatles e Black Sabbath, na The Blugs. A banda nasceu em 2009, 10 anos depois da criação da Violeta Pop, de onde eles iniciaram a carreira musical. QUI (28). 21:00. R$ 15 e R$ 20. Mississippi

Cassio Ramos e Gang Sertaneja 23:00. R$ 40 e R$ 20. Arena

Fabricio Beck Trio

Divulgação/O Caxiense

23:00. R$ 12. Bier Haus

Dinamite Joe + Puracazuah

21:00. R$ 10 e R$ 5. Boteco 13

Kiko Ferrer e DJ Leandro Castellanos 19:00. R$ 8 e R$ 15. Campeão Social Club

DJ Giiu Emer

23:30. R$ 10, R$ 15 e R$ 20. Nox Versus

Grupo Macuco

22:00. R$ 15 e R$ 10. Paiol

Garage Inc + Backstab 3:00. R$ 5. Vagão

SEXTA (29) Fullgas

21:00. R$ 15. Bier Haus

Pietro Ferretti e Banda Bico Fino

23:00. R$ 8 e R$ 15. Campeão Social Club

Meninas Más

23:30. R$ 12. Após às 00:30, R$ 15. Level

Blackbirds – Tributo a Beatles

21:00. R$ 15 e R$ 12. Mississippi

Daniel e Gaita

22:00. R$ 8 e R$ 10. Paiol

Alexon Mendes Summer Trio + DJ Gilson

22:30. R$ 20. Portal Bowling

Fher Costa

00:30. R$ 15 e R$ 12. Vagão

DJ Spyder

Porto da diversão

Prestes a lançar o seu novo disco, o rock da farroupilhense Velocetts traz novidades. É a música Porto, que teve clipe gravado no último final de semana em um parque de diversões, em Porto Alegre. Referências para o grupo, músicas das bandas Oasis, Beatles e Amy Winehouse também marcarão presença no show. O grupo é formado também por Valmor Becker (guitarra), Raphael Capellari (baixo e voz), Maria Carolina Brites (piano e voz) Giovani Comin (bateria). QUI. (28). 23:00. R$ 15 e R$ 10. Aristos London House

SÁBADO (30) Sofia Rock

23:00. R$ 15 e R$ 12. Aristos

Creedence Clear Water Tribute – Tributo a Creedence 21:00. R$ 15. Bier Haus

Entidade do Samba

23:00. Gratuito. Cachaçaria Sarau

Ricardo Matsukawa, Divulgação/O Caxiense

21:00. Gratuito. Zarabatana

Ele não é só cantor

Péricles ajudou a fundar o extinto Exaltasamba, que levou o pagode por longos 26 anos aos 4 cantos do país. Em 2012, o líder do grupo, Thiaguinho, anunciou o desligamento do Exalta para seguir carreira solo. Aos demais integrantes, restou o mesmo. Ou nada. Péricles (que tocava violão, banjo, cavaco, além de compor algumas músicas do grupo) também lançou-se solo. Se Thiaguinho foi visto em terras caxienses em outubro de 2012, agora será a vez de Péricles mostrar a que veio. SEX. (29). 00:30. R$ 30 e R$ 80. All Need Master Hall

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Divulgação/O Caxiense

MUSICA + SHOWS Capitão Jack

23:00. R$ 8 e R$ 15. Campeão Social Club

Resgate Show

23:00. R$ 6 e R$ 10. Deck

Djs Saulo Campagnolo + Marcelo Bacca + Samu P.

23:30. R$ 15. Após às 00:30, R$ 20. Level

The Hawks

21:00. R$ 15 e R$ 20. Mississippi

Pátria e Querência

22:00. R$ 10 e R$ 8. Paiol

DJs Leo Z, Elias Cappellaro e Guz Zanotto + DJ Kahball + DJ Ki Fornari 23:00. R$ 50 e R$ 25. Pepsi

Dani Seiva & Luciano e Tira Onda + DJ Tiago Nunes

23:00. R$ 40 e R$ 20. Place des Sens

Mauricio Santos + Banda H5N1 22:30. R$ 20. Portal Bowling

Trio

Caxias terá uma nova edição do Concertos ao Entardecer, com o Grupo Ária Trio. Com músicas próprias e releituras de grandes obras, Tomás Savaris (viola e violão), Esmeralda Frizzo (piano) e Ricardo Biga (harmônicas) contemplarão o erudito, a música regional brasileira e o blues, em uma parceria que já dura mais de 10 anos. DOM (31). 18:00. Doação de livros infanto-juvenis (novos ou em bom estado). Igreja do Santo Sepulcro

DJ Maquinista

00:30. R$ 15 e R$ 12. Com orelhas de coelho R$ 10. Vagão

DOMINGO (31) Tira Onda e DJ Rodrigo Salvador 17:00. R$ 8 e R$ 5. Place des Sens

De Xororó a Teló

Gosta do antigo e do novo sertanejo? Eis a dupla perfeita para animar o seu repertório: Bruno & Renan, há 2 anos na estrada, englobam em seu show o sertanejo de raiz, o que inclui Trio Parada Dura e Chitãozinho e Xororó. E não esquecem dos sucessos da atualidade, como canções de Jorge e Matheus, Luan Santana, Michel Teló, Gusttavo Lima... QUA (3). 23:30. R$ 10 e R$ 5. Boteco 13

Pagode Junior + Victor Hugo & Samuel + DJ Gilson 21:00. R$ 20. Portal Bowling

Acústico no shopping

TERÇA (2) Samuel Sodré

21:00. Gratuito. Boteco 13

The Cotton Pickers

Você caminha distraído, olhando para as vitrines, até que depara com um dueto acústico interpretando Bon Jovi. É a dupla Sasha Zavistanovicz e Rodrigo Marenna. E o repertório não para por aí. Inclua na lista sucessos dos Beatles, Rolling Stones, The Police, Cazuza, Rita Lee, Barão Vermelho, Guns and Roses e U2.

21:30. R$ 15 e R$ 20. Mississippi

QUI (4). 19:00. Gratuito. Praça de Alimentação do San Pellegrino

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação de Interessados, Ausentes, Incertos e Desconhecidos - Usucapião 1ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo: 20 (vinte) dias Natureza: Usucapião. Processo: 010/1.12.0005831-3 (CNJ:.0012420-31.2012.8.21.0010). Autor: Deoclécio Polidoro e Maria Olinda Polidoro. Objeto: declaração de domínio sobre o imóvel a seguir descrito: “um imóvel rural, situado nesta cidade, na localidade de Santa Bárbara, Ana Rech, 5º distrito deste município, sem benfeitorias, com área de 7.654,78m², medindo e confrontando: ao oeste, por 92,16m com terras de Jucelio Cesar Bolson; ao nordeste, por 99,92 com a estrada municipal nº 127, que liga Santa Bárbara a São Gotardo; ao sul, por 99,84m parte com terras de Deoclecio Polidoro e parte com terras de Jozil Terres dos Reis; e, ao leste, por 64,01m com terras de Arciones Antonio Pinto”. Prazo de 15 (quinze) dias para contestar, querendo, a contar do término do presente Edital (Art. 232, IV, CPC), sob pena de serem presumidos como verdadeiros os fatos alegados pelos autores. Caxias do Sul, 19 de março de 2013. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta. JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha.

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CA

ARTE

MA RIM

Marcelo Aramis

Rita Brugger sem limites

Professores no bairro

Musicalização, percussão, violão, cavaquinho, banjo, flauta doce, hip hop DJ, hip hop B’Boy, hip hop MC, hip hop grafitti, capoeira, dança gaúcha, dança do ventre, dança de rua, dança cigana, técnicos, técnicas vocais, artesanato de raiz/origem. Se você é bom em uma dessas áreas pode se cadastrar na Secretaria da Cultura para seleção de oficineiros do programa O Bairro Faz. Se trabalha com outra atividade artística e sabe ensiná-la também pode sugerir sua oficina ao programa. O formulário para propostas e a grade de avaliação, onde você pode medir suas chances de ser selecionado, estão disponíveis em www.caxias.rs.gov. br/cultura no link do programa. As oficinas devem ocorrer de junho a novembro. Cada uma tem 50 horas aula (duas horas por semana, em um ou dois dias, conforme escolha do oficineiro). A remuneração é de R$ 30 por hora/aula.

O mouse e eu

Rita Brugger. A partir de QUA. (3). às 20:00 (vernissage). SEG.SEX. 8:30-18:00. SÁB. 10:00-16:00. Galeria Municipal

Coleções: Lembranças e Sonhos

Ritmos em Cor

TER. SÁB. 9:00-17:00. Museu Municipal

Flávio Drum. A partir de TER. (2). SEG.-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 10:00-16:00. Ipam

Navi-Arte Postal

Something

SEG-SEX. 8:00-22:30. Campus 8

Projeto Circulação da Arte diversas

Fernanda Horta Barbosa da Silva. SEG-SEX. 9:00-19:00. SÁB. 9:00-12:00. Farmácia do Ipam

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Gabi Brochetto. SEG. 11:00-21:00. TER-SÁB. 10:00-21:00. DOM. 11:00-19:00. MartCenter Shopping

Terra

SEG-SÁB. 14:00 às 22:00. Faculdade América Latina

Divulgação/O Caxiense

Rita Brugger sempre surpreende. Um dos grandes nomes das artes plásticas em Caxias, aos 84 anos, a aquarelista supera a sua própria obra na exposição O Mouse e Eu. Em janeiro de 2012, por insistência dos filhos, Rita fez o seu primeiro desenho no computador. Achou interessante a possibilidade de as crianças desenharem no computador, mas concluiu que o Photoshop e a fotografia digital já haviam acabado com a brincadeira. Rita testou uma série de softwares que facilitariam a técnica da arte digital. Recusou todos que ofereciam ferramentas prontas. Escolheu o básico Paint. Sim, Rita é sensacional. Na galeria com as obras expostas em projeções, telas de LED e LCD e impressões digitais, a artista ensina a técnica em vídeo para o público infanto-juvenil. Quem quiser experimentar, terá dois computadores à disposição e uma impressora. Porque jovens aprendem rápido.

Prosa e verso

Fernando Büergel dirige, canta MPB e interpreta poemas de Fernando Pessoa, harmoniza música e poesia no espetáculo Fernando em Pessoa. Chico Buarque, Ivan Lins, Cazuza e Vitor Ramil estão entre os nomes que vão musicar Pessoa – interpretados em arranjos especiais por uma banda completa no palco – em seus principais heterônimos, com ênfase em Álvaro de Campos. O espetáculo, que ocorre no dia 5 de abril, às 20:30, é uma exceção na programação do Teatro São Carlos, que tem privilegiado comédias de fácil aceitação – a próxima atração é Duda Garbi 3 em 1. Os ingressos custam R$ 30 (público geral) e R$ 15 (meia-entrada). Duda Garbi custa R$ 50 e R$ 25.


A

os

Marcelo Bacca Camargo, Divulgação/O Caxiense

Endere

cinemas: CINÉPOLIS. AV. RIO BRANCO,425, SÃO PELEGRINO. 3022-6700. SEG.QUA.QUI. R$ 12 (MATINE), R$ 14 (NOITE), R$ 22 (3D). TER. R$ 7, R$ 11 (3D). SEX.SÁB.DOM. R$ 16 (MATINE E NOITE), R$ 22 (3D). MEIA-ENTRADA: CRIANÇAS ATÉ 12 ANOS, IDOSOS (ACIMA DE 60) E ESTUDANTES, MEDIANTE APRESENTAÇÃO DE CARTEIRINHA. | GNC. rsc 453 - km 3,5 - Shopping Iguatemi. 3289-9292. Seg. qua. qui.: R$ 14 (inteira), R$ 11 (Movie Club) R$ 7 (meia). Ter: R$ 6,50. Sex. Sab. Dom. Fer. R$ 16 (inteira). R$ 13 (Movie Club) R$ 8 (meia). Sala 3D: R$ 22 (inteira). R$ 11 (meia) R$ 19 (Movie Club) | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panazzolo. 3901-1316. R$ 8 (inteira). R$ 4 (meia) |

TEATROS: teatro municipal. Doutor Montaury, 1333. Centro. 3221-3697 | CASA DE TEATRO. Rua Olavo Bilac, 300. São Pelegrino. 3221-3130 |

Carol De Barba

Bijoux barroca

A Maria Santa lançou uma minicoleção de Preview Inverno 2013. Inspiradas na sofisticação da arte barroca, as peças abusam do brilho, especialmente o dourado, combinado ao preto, que ressalta a dramaticidade das bijous. Todos os modelos podem ser vistos em www.mariasanta.com.br. Mauro Stoffel, Divulgação/O Caxiense

MÚSICA: Acordes Jazz Atelier Musical. Rua 13 de maio, 1.392. Exposição. 3419-0601 | Bier HauS. Tronca, 3.068. Rio Branco. 3221-6769 | BOTECO 13. Dr. Augusto Pestana, s/n°, Largo da Estação Férrea, São PelegrinO. 3221-4513 | bukus anexo. Rua Osmar Meletti, 275. Cinquentenário. 3215-3987 | BULLS. Dr. Augusto Pestana, 55. Estação Férrea. 3419-5201 | CACHAÇARIA SARAU. Coronel Flores, 749. Estação Férrea. 3419-4348 | Campeão Social Club. Rua Mário de Boni, 2.128/2. Sanvitto. 3419-6957 | cond. Angelo Muratore, 54. Dellazzer. 3229-5377 | Deck: Rua João Mocelin, 1498. Panazzolo. 3021.0455 | HAVANA. DR. AUGUSTO PESTANA, 145. mOINHO DA ESTAÇÃO. 3215-6619 | LEVEL CULT. CORONEL FLORES, 789. 3223-0004 | Mississippi. Coronel Flores, 810, São Pelegrino. Moinho da Estação. 3028-6149 | NOX VERSUS. Darcy Zaparoli, 111. vilaggio Iguatemi. 8401-5673 | OLIMPO MUSIC. PERIMETRAL BRUNO SEGALLA, 11655, São Leopoldo. 3213-4601 | PAIOL. FLORA MAGNABOSCO, 306. 3213-1774 | PEPSI club. Rua Guerino Sanvitto, 1412. Villaggio Iguatemi.3019-0809 | Place Des Sens. Rua 13 de maio, 1,006. Lourdes. 3025-2620 | PORTAL BOWLING. RS 453, KM 2, 4140. SHOPPING MARTCENTER. 3220-5758 | VAGÃO CLASSIC. JÚLIO DE CASTILHOS, 1343. CENTRO. 3223-0616 |

galerias: campus 8. Rod. RS 122, Km 69 s/nº. 3289-9000 | ESTAÇÃO SAN PELEGRINO. Av. Rio Branco, 425. São Pelegrino. 3022-6700 | GALERIA MUNICIPAL. DR. MONTAURY, 1333, CENTRO, 3215-4301 | museu municipal. VISCONDE DE PELOTAS, 586. CENTRO. 3221-2423 | ORDOVÁS. Luiz Antunes, 312. Panaz­zolo. 3901-1316 | SESC. MOREIRA CÉSAR, 2462. pio x. 3221-5233 |

Legenda Duração

Avaliação ★ 5★

Classificação

Cinema e Teatro Dublado/Original em português Legendado Ação. Animação. Artes.Circenses. Aventura Bonecos. Comédia. Documentário. Drama Ficção.Científica. Faroeste Infantil. Fantasia. Musical. Policial. Romance. Suspense. Terror.

Música Blues. Funk. MPB. Samba.

Coral. Eletrônica. Erudita. Folclórica Hip.hop Indie. Jazz. Metal. Pagode. Pop. Reggae. Rock. Sertanejo. Tango. Tradicionalista

Dança Clássico. Contemporânea. Dança.do.Ventre Flamenco. Jazz. Hip.hop Salão.

Dança de Rua Folclore.

Forró.

Artes Acervo. Diversas Gravura.

Arte Gráfica Escultura. Instalação

Desenho. Fotografia. Pintura.

Grafite.

Festimalha 2013

As inscrições para a 11ª edição do Prêmio Festimalha 2013 - Descobrindo Novos Talentos estão abertas. Neste ano, o tema do concurso é Volta ao mundo – a diversidade da moda pelos países. Podem participar estudantes matriculados em cursos relacionados à moda e ao design, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. As inscrições só podem ser feitas pelo site www.festimalha.com.br, e encerram no dia 5 de abril. A 24ª Festimalha será de 9 de maio a 9 de junho, em Nova Petrópolis. 28.mar.2013

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Um milhão de chineses

A fábrica chinesa da Ford (uma joint venture tripla entre Chongqing Changan Automobile (50%), Ford Motor Company e Mazda Motor Corporation) comemora a produção de 1 milhão de motores em 6 anos (desde 2007). O modelo um milhão foi o Sigma que equipa o Ford Focus, o compacto mais vendido na China, produzido no último dia de fevereiro. A produção atual da fábrica é de 430 mil unidades/ano e a estimativa é que o motor dois milhões saia da linha de produção mais rápido ainda: em 2015. Patrizio Martorana, Divulgação/O Caxiense

Svilen Milev, Divulgação/O Caxiense

CARROS E MOTOS

Peças usadas e mensalidade mais barata: a promessa do seguro popular Uma nova modalidade de seguro deve chegar ao mercado ainda em 2013: o seguro popular. A previsão é de que os órgãos competentes e as seguradoras se reúnam para definir os parâmetros e aprovem a modalidade ainda no começo do segundo semestre. O seguro popular promete ser uma alternativa a quem não tem renda suficiente para comprar o produto tradicional, ou mesmo para quem quer economizar no seguro. Na hora de contratar a apólice, o cliente terá mais flexibilidade e escolha diferenciada de coberturas, permitindo inclusive a utilização de peças usadas que possuam aprovação legal do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e estão em condições de reutilização. Além disso, a parcela mensal paga à seguradora será cerca de 30% mais barata que

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na modalidade tradicional. “Uma apólice tradicional, que pode custar cerca de R$ 1,5 mil, não está acessível para a nova classe C, o que faz com que a maior parte dos carros em circulação não obtenha seguro. Mudando para um valor que beira R$ 1 mil reais, o cenário já é diferente” explica Nilton Dias, o diretor comercial da Seguralta, uma das empresas envolvidas no projeto. A expectativa, de acordo com ele, é de que a alternativa gere um aumento de aproximadamente 40% nas aquisições de seguros no Brasil. Hoje, dos 73 milhões de carros em circulação no país, apenas 25% possui seguro. “Tomando por base esse total de veículos em atividade, 80% dos carros possuem até 5 anos de idade. Esses serão os focos prioritários para o novo tipo de seguro” calcula Dias.

Lavagem ecológica A AcquaZero, empresa que não utiliza água na lavagem de veículos, inaugurou em março uma unidade em Caxias. Um produto biodegradável, ecologicamente correto, que não agride o automóvel nem o meio ambiente é utilizado no procedimento. A loja, que fica na Av. Rio Branco (próximo ao shopping Estação San Pelegrino), também oferece outros serviços da franquia, como, enceramento, impermeabilização de vidros e estofados, higienização do ar condicionado e estofados, limpeza e hidratação de couro, revitalização de plásticos e também revitalização/cristalização de pintura.


GARAGEM Quem disse que carro tem que ser branco, vermelho ou preto? Hoje em dia, o mercado das cores automotivas conta com diversas opções. O cliente paga mais pelo diferencial, é claro, mas leva para casa um veículo com muito mais personalidade.

Estilo

Se já é possível mudar a cor externa do modelo, que tal poder escolher a cor do revestimento interno? O lançamento da Fiat traz marrom, cinza e preto como opções. Já na pintura do veículo, o cinza cromo deixa o veículo com toque especial. Cinza Cromo | Bravo Essence 1.8 | R$ 1.070

Jovem

Fotos: Divulgação/O Caxiense

Além da cor azulada, o modelo possuí as opções cinza cromo, cinza scandium, preto bari e preto vesúvio. Porém, o campeão de vendas segue o amarelo citrus. Azul Trinidad | Novo Uno Vivace 1.0 | R$ 792

Estrada

Carro de aventura tem que ser verde militar. O modelo conta com uma novidade exclusiva: grade cromada, acoplada ao para-choque dianteiro.

Família

A viagem em família fica mais divertida no modelo, que ganhou bancos suplementares e porta-objetos sob o teto. Cinza Scandium | Doblò Attractive 1.4 | R$ 1.070

Paulo Pasa/O Caxiense

Verde Savage | Fiat Adventure 1.8 | R$ 1.070

Pedágios em debate O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Cdes-RS) e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) trazem a discussão sobre o novo modelo de pedagiamento das estradas gaúchas na próxima sexta (5). O encontro ocorre apenas 11 dias antes da data inicialmente prevista para o fim da praça entre Caxias e Farroupilha e a concessão da Convias.

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