Caderno Temático Transmídia Ambiente

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TRANSMÍDIA AMBIENTE


Expediente O caderno temático é resultado do projeto “Transmídia ambiente: desenvolvimento de competências comunicativas nas escolas”, produzido pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora com apoio da Pró-Reitoria de Extensão. Equipe Coordenadora Gabriela Borges Márcia Barbosa Letícia Torres Americano Daiana Sigiliano Formadores Gabriel Telles Gustavo Fortuoso Hsu Ya Ya Luísa Guimarães Luma Perobeli Matheus Soares Vinícius Guida

Confira vídeos explicativos em nosso canal, clicando aqui


Editorial Por muito tempo, a educação foi construída a partir da sabedoria do professor nas instituições de ensino. Entretanto, sabemos que adquirimos conhecimentos com as atividades e relações do dia-a-dia, fora das escolas, e muitas vezes sem perceber. Com a popularização das ferramentas digitais e da internet, essa aprendizagem informal se estende para os novos meios de comunicação, acessíveis cada vez mais cedo para as crianças. Estamos aprendendo quando vamos a um museu, por exemplo, e também quando utilizamos nossas redes sociais ou assistimos a um vídeo do YouTube. Nesse contexto, a Literacia Transmídia busca compreender a influência que as mídias digitais têm na formação da sociedade em que vivemos. A cada transformação tecnológica as pessoas se adaptam e novas habilidades surgem como necessárias para a interação com o mundo. E é aí que a escola se torna uma aliada! Pensar, dentro da sala de aula, sobre as habilidades desenvolvidas fora dela, e usufruir dessas novas experiências, é aproveitar ao máximo as capacidades dos alunos e valorizar uma educação mais plural, em que nenhum saber fica de fora. Por isso, motivar e inspirar mais gente, auxiliar os professores a entenderem essas novas demandas e ajudá-los a desenvolver ainda mais essas competências é o que propõe este caderno temático. Boa leitura!


O que é transmídia? Sabemos que atualmente as tecnologias de comunicação estão interligadas e as mensagens circulam de maneira rápida e fácil. As informações correm de forma quase instantânea por inúmeras plataformas como televisão, jornal, sites, redes sociais, entre tantas outras. Do mesmo jeito, nós também viajamos através desses meios em busca dos conteúdos que desejamos acessar. Esse fenômeno de conexão entre as mídias não é apenas tecnológico, mas trouxe também uma transformação cultural na forma de nos relacionarmos com as informações. Como consequência, a convergência entre os meios de comunicação potencializou o desenvolvimento de um novo modo de se construir histórias: a transmídia!

A transmídia é universo criativo de construção colaborativa. Cada uma delas conta um aspecto do universo ficcional de um ponto de vista especial, de acordo com as características da plataforma. A transmídia pode ser utilizada em diversas áreas: na indústria do entretenimento, no jornalismo, na publicidade e também na educação! Em um universo transmídia sempre existe uma história de origem, chamada de nave-mãe. A nave-mãe narra os principais pontos do enredo e nos apresenta os principais personagens. A partir daí, a história se desenvolve em outras mídias, explorando outras partes do universo, como novas tramas, personagens, espaços... 4


Como exemplo de uma história transmídia, vamos pensar no mundo ficcional de Harry Potter, o famoso bruxo da literatura! Suas aventuras se iniciaram nos livros escritos pela autora J. K. Rowling e depois se estenderam para os filmes, histórias em quadrinhos e videogames. Isso sem contarmos as diversas produções dos fãs de Harry Potter, como as fanarts e as fanfics, que são desenhos e textos criados a partir da nave-mãe. Essas variadas formas de construção das histórias fazem com que elas sejam contadas de maneiras diversas e com as linguagens próprias de cada mídia. Assim, nos aprofundamos nos mundos ficcionais com múltiplos olhares e sentidos sobre os enredos e os personagens. A transmídia é, então, um universo criativo que relaciona as histórias que circulam pelos meios de comunicação. Ela nos permite explorar as diferentes partes do universo ficcional ao acessarmos as diferentes mídias. Dessa forma, a experiência que temos com essas narrativas se torna também um aprendizado muito enriquecedor e divertido!

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Literacia transmídia As discussões sobre o conceito de literacia ampliaram-se muito ao longo das últimas décadas. Em novos contextos, estudos afirmam que, além de aprender a ler e escrever, precisamos aprender também a lidar com os diversos espaços de informação com que temos contato no cotidiano. A proposta de desenvolvimento da literacia transmídia tenta compreender a importância que as mídias digitais tiveram – e têm – na construção da sociedade em que vivemos. Ela envolve diversas habilidades e pontos de vista que estão ligados a um mundo em que todos participam, de algum modo, através da Internet.

A cultura participativa implica no entendimento de que o consumo cultural dos conteúdos de mídia não está relacionado a uma aceitação imediata e acrítica daquilo a que somos expostos As crianças e os jovens pensam sobre aquilo que consomem e ainda são capazes de produzir e compartilhar suas próprias ideias em diferentes meios. Como usam as mídias? Quais as habilidades que eles possuem previamente e quais são desenvolvidas nestes ambientes? O que eles aprendem ao jogar videogames, ao interagir nas redes sociais digitais e ao participar ativamente de ações interconectadas? Todas essas perguntas são importantes para que suas experiências possam colaborar na elaboração de novas formas de aprendizagem formal nas escolas. Repensar esse modus operandi implica, portanto, repensar o papel da escola, podendo integrar perspectivas do aprendizado informal, daquilo que os alunos aprendem fora da sala de aula. 6


Narrativa e Estética Ao discutir esse ponto, focamos nas habilidades dos crianças de reconhecer as especificidades de cada plataforma em que consomem uma história, assim como reconhecer gêneros, reconstruir universos ficcionais, comparar narrativas e expressar-se a partir delas. Todas essas questões já estão incluídas nas discussões escolares como, por exemplo, nas aulas de literatura. No entanto, a proposta é que o repertório cultural que os alunos possuem pode, e deve, ser integrado. O primeiro passo é identificar com que histórias as crianças e os jovens costumam se engajar, de que modo elas são contadas (em filmes, livros, HQs, videogames) e o que eles produzem a partir delas (fanfics, fanart, análises críticas).

Para saber mais sobre habilidades críticas relacionadas à mídia, clique aqui

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Reconhecendo uma narrativa Ação

Definir previamente uma história transmídia, isto é, que seja contada em diferentes plataformas, familiar ao oficineiro e aos participantes da oficina. São apresentados ao grupo três partes diferentes deste universo: um trailer de filme, uma cena de videogame e um trecho de livro, por exemplo. Com isso, questiona-se quais desses meios eles já tiveram acesso, quais preferem e por quê.

Objetivos

Reconhecer e descrever as características de diferentes universos ficcionais e formatos, assim como os gêneros que se adequam a cada uma das plataformas.

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Questões provocadoras

§ Quais são as principais características que

vocês destacariam na história? Quem são os personagens principais? E os seus favoritos? Por quê?

§ Quais semelhanças a história em

questão tem com outras sagas que vocês acompanham? Quais são elas?

§ Quais são as diferenças que vocês

percebem entre um jogo, um filme e um livro?

§ Há diferença entre jogar como um

personagem e ler ou assistir a uma história sobre ele? Quais são?

§ Depois de pensar sobre isso, o que cada

formato tem de específico? O que faz o filme ser um filme, o jogo ser um jogo e o livro ser um livro?

§ Pensar além do suporte. Por exemplo, no

jogo você age como um personagem, no filme você os observa imageticamente, no livro você constrói uma imagem própria, etc. 11


O princípio de uma história Ação

Identificar, junto aos participantes, o núcleo central da história que foi utilizada como exemplo.

Na história que vamos construir coletivamente o Curupira mora na Mata do Krambeck. Com a criação do Jardim Botânico da UFJF, ele percebe que o Rio Paraibuna precisa, agora, de mais cuidados do que a Mata. Então ele passa a dedicar seus dias a preservar o Rio. Realizar a atividade a partir da divisão da turma em três grupos para elaboração de três personagens diferentes da turma do Curupira. Eles devem pensar as características físicas, psicológicas e sociais do personagem, a fim de criar uma identidade e personalidade.

Objetivos

Discutir o conceito de núcleo central de um universo narrativo e identificá-lo nos exemplos apresentados. Compreender a história e a narração. Criar conteúdo considerando os valores narrativos e estéticos.

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Questões Provocadoras

§ Qual personagem é mais

próximo do Curupira? Por quê?

§ Quais ações os personagens

podem efetuar dentro da história?

§ Que impacto podem ter em

determinada situação? (A depender da narrativa criada)

§ E se esse personagem fosse diferente?

§ Apontar relações de gênero,

raciais e sociais que impactam de alguma forma na história. Apontar relações interpessoais entre os personagens.

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Pensando as HQs O que é HQs?

A HQs, ou Histórias em Quadrinhos, é uma forma de contar histórias que combina duas linguagens: a imagem e a escrita. Como outras narrativas, apresenta um enredo, personagens, tempo e lugar próprios, além de um desfecho. Podendo ser trabalhada de forma verbal ou não-verbal. Contêm, geralmente, balões e onomatopeias (palavras que tentam reproduzir os sons).

Ação

A pergunta “O que é uma HQ?” é feita para o grupo sem que haja qualquer indicação sobre o assunto. Nesse momento, é importante deixar os participantes a vontade para compartilhar o seu conhecimento sobre o formato. A partir desse processo, questionar quais produtos eles consomem.

Objetivos

Perceber qual é a relação dos participantes com esse tipo de conteúdo, se eles conseguem indicar as suas principais características. 14


Instrumentalizando as HQs Ação

Questionar quais HQs eles consomem e explicar a sua estrutura. Trabalhar a atividade que será desenvolvida em grupo, na qual eles deverão desenvolver a narrativa dentro de 12 a 18 quadrinhos, pensando no início, clímax e fim.

Objetivos

Desenvolver a habilidade de avaliar e refletir dos participantes, levantando questionamentos sobre o processo de seleção e produção das suas histórias.

Questões provocadoras

§ Qual é a maior diferença entre uma HQ e um livro? E a maior semelhança? § Qual é a maior diferença entre uma HQ e um filme? E a maior semelhança? § Entre os tipos de imagens, que efeito o formato de HQ tem em relação a um filme? E a um livro?

§ Entre as HQs mencionadas pelos participantes, quais são as suas diferenças? Nas próximas páginas, você encontrará o exemplo da HQ da Turma do Curupira 15




Pensando as fanfics O que é uma fanfic?

A fanfic (ou fanfiction) é uma prática de escrita ficcional desenvolvida pelos fãs, que criam e ressignificam um universo narrativo original, partindo de um filme, uma série, um livro ou até mesmo de pessoas reais como celebridades. Existem plataformas que possibilitam a publicação e a discussão desse tipo de produção feita por fãs. Você pode conferir em sites como Wattpad, Spirit Fanfiction, Nyah! Fanfiction, Fanfic Obsession e Fanfics Brasil.

Ação

A partir do conceito de fanfic, apresentar dois textos de um universo já existente: um que faça parte da história original e uma fanfic. Pedir para que identifiquem qual é qual e o porquê das afirmativas.

Objetivo

Desenvolver a habilidade de comparar e fazer com que os participantes entendam de onde parte a construção de uma fanfic e qual é a diferença entre essa produção e outras.

Questão provocadora

§ Se pudesse mudar o curso de uma história que você gosta, o que faria?

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Conheça nosso projeto de análise de fanfics


Criando e avaliando as fanfics Ação

Cada grupo cria uma fanfic a partir da HQ de outro grupo. Após a atividade, os grupos trocam entre si suas produções e fazem uma rápida avaliação em voz alta.

Objetivo

Discutir a criação da HQ, comparar as diferenças e semelhanças entre os conteúdos, além de avaliar e refletir sobre a construção narrativa feita nas fanfics. Os participantes devem assumir o papel de críticos, apontando as questões positivas e negativas da história do outro grupo.

Questões provocadoras

§ O que levou você a interpretar

um texto como fanfic e o outro não? Quais as diferenças entre eles?

§ Quais são as principais

características do universo transmídia da Turma do Curupira? 19


O Observatório O Observatório da Qualidade no Audiovisual é um espaço de discussão sobre a produção audiovisual contemporânea veiculada na televisão e em outras plataformas de convergência. Desenvolve projetos que visam o levantamento, a curadoria, a análise e a crítica de conteúdos audiovisuais. Procuramos refletir, referenciar e construir um repertório de boas práticas no meio audiovisual, que discuta aspectos da qualidade que interessam ao debate sobre a importância do audiovisual e da literacia midiática no entendimento das relações entre produção, circulação e consumo na sociedade contemporânea.

Para saber mais, acesse observatoriodoaudiovisual.com.br



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