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Perfil
as linhas que atravessam rafaela chafer
Reportagem
Herança cultural transforma vida de imigrante africana em Maceió ALAGOANA, NÃO PODERIA TER NOME MELHOR
Editorial especial

Perfil
as linhas que atravessam rafaela chafer
Reportagem
Herança cultural transforma vida de imigrante africana em Maceió ALAGOANA, NÃO PODERIA TER NOME MELHOR
Editorial especial
POR: ANNA SALES
Herança cultural transforma vida de imigrante africana em Maceió
POR: GABRIELY CASTELO
Crítica: Brasil, finalmente, leva o Oscar
POR: GABRIELY CASTELO
“TUDO É POSSÍVEL NESSA VIDA”, ENTREVISTA COM VIRGÍNIA TAVARES
POR: LÍCIA SOUTO
POR: JORGE VIEIRA 06 18 10 20
13
BRASIL, FINALMENTE, LEVA O OSCAR
POR: GABRIELY CASTELO
OLHARES ALAGOANOS
POR: RAFAELA CHAFER
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AS LINHAS QUE ATRAVESSAM RAFAELA
POR: ANNA SALES
HERANÇA CULTURAL TRANSFORMA VIDA DE IMIGRANTE AFRICANA EM MACEIÓ
POR: GABRIELY CASTELO
FERNANDA GUIMARÃES: ENTRE O FORRÓ, O ROCK E O MARACATU, CANTORA EXPLORA A DIVERSIDADE DE SER ARTISTA
POR: ANNA SALES
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EDITORIAL ESPECIAL: ALAGOANA, NÃO PODERIA TER NOME MELHOR
Lícia Souto é jornalista, cocriadora e editora-chefe da Revista Alagoana. Além disso, também é fundadora de uma agência de marketing e comunicação, com experiência em fortalecimento e posicionamento digital de negócios.
Bertrand Morais é jornalista, cocriador e diretor de comunicação externa da Revista Alagoana. Também é membro da FOCUARTE, possui formação em produção de documentários e é pós-graduado em Práticas Culturais Populares pela UFAL, com experiência em cobertura de eventos culturais e storytelling.
Gabriely Castelo é jornalista, cocriadora e produtora de conteúdo da Revista Alagoana. Além disso, também é produtora de televisão, com experiência em edição de imagens e apresentadora na TV Gazeta.
Anna Sales é jornalista, editora de fotografia e repórter da Revista Alagoana. Além disso, é assessora de imprensa e pós-graduada em Práticas Culturais Populares.
v i r g í n i a
“Também
quero que essa mensagem seja repassada para os artistas alagoanos: precisamos nos unir mais e garantir que o futuro seja uma bela surpresa. Parece que musicamos traçando limites, mas a arte nos abraça nesse convite.”, diz Virgínia.
Você é uma alagoana natural de União dos Palmares, que se mudou para a capital. Me conta um pouco da sua vivência e motivações até essa mudança para Maceió
Eu sou uma menina do interior que vim pra capital buscando melhores condições de vida Nunca me contentei com a mente limitante de certos padrões da sociedade e principalmente do interior, a maneira como as mulheres não são levadas a sério Os protocolos do mundo jurídico também seguiram comigo até certo ponto (sou formada em Direito). Eu queria mais, eu sabia que eu conseguia ir além das paredes com ar condicionado, pois desde pequena gostei de arte, eu pintava, tocava violão, fazia minhas próprias canções e sou fascinada pela interação com público Através dos meus estudos, eu sabia que estar na capital poderia me proporcionar melhores oportunidades pra apresentar meu trabalho, e finalmente decidi estudar música para aperfeiçoar meu canto e composição Estudar me renova todos os dias e me desafia a ir além do óbvio Aqui também estou afastada da minha família, começando uma história minha, então acho que tem que ser muito corajosa pra recomeçar seus sonhos com a humildade de quem sempre tem algo a aprender com o outro Onde quero chegar exige muita sabedoria e criatividade, e estou batalhando pelos dois
Quando começou a sua trajetória na música? Sempre foi algo que fez parte da sua vida e esteve nos seus planos ou isso foi amadurecendo em você?
Fui uma criança muito habilidosa com comunicação e a música sempre esteve presente, seja através da minha família, com musicais bem ecléticos, instrumentos (assistia a muitos ensaios de rock quando pequenina e meu primeiro contato com violão foi muito nova) influenciada de mil maneiras, mas não levava ela a sério profissionalmente
Por sentir que a comunicação era meu forte, sonhava com jornalismo, mas fiz Direito Tudo isso com a educação alheia de que eu precisava de algo que "desse dinheiro" Hoje vejo que o que vai te pagar bem é aquilo que você tem paixão por fazer, mas nunca será fácil Eu queria ter entendido isso mais nova. Veja só, eu componho desde os meus 16 anos de idade e não fazia ideia de que isso era algo valioso, só quando cheguei na CEMUP (Centro de Educação Musical e Performance) que comecei produzir canções autorais Acho que a internet hoje vem ajudando demais as pessoas atualmente, mas essa "venda nos olhos" faz parte de um sistema alagoano que NÃO valoriza a arte e não permite que as nossas crianças levem sua criatividade artística a sério Esse ponto me pega muito
- Ano passado você lançou de maneira independente o seu primeiro single ‘Filantrópica’. Como você sentiu a repercussão do público alagoano?
Foi bastante interessante e desafiador Me prepararam psicologicamente como artista para o "insucesso" Ouvi muito que “alagoanos não valorizam alagoanos” e blá blá blá Eu quis me posicionar pra valorizar meu trampo e fui até o fim A gravadora Gramane (sudeste) gostou da minha dinâmica para criação dos conteúdos como musicista e produziu comigo Filantrópica
Tive o apoio total do meu professor Kemesson (produtor musical), que me ajudou na entrega da voz Não sei na visão externa, mas acho que meu primeiro single foi muito bem recebido pelas pessoas que já conhecem meu trabalho Espalhar e promover a música para o Brasil inteiro é questão de investimento alto, como grandes artistas nacionais fazem, coisa que agora não tenho. Sei que cativo cada vez mais meu público e para os que me acompanhavam, além de Virgis, Vivi e Virgínia nunca me chamaram tanto de Filantrópica hahaha
Fiz um show com minhas músicas autorais 3 meses depois com o nome do primeiro Single em plena quinta-feira e foi um sucesso, casa cheia e as pessoas cantando em bom tom as minhas canções Temos registros do show no youtube, foi lindo Até a Revista Alagoana fez matéria sobre Aquele dia marcou minha carreira, pois senti que era possível e conforme fosse meu comprometimento com minha carreira, mais atrairia pessoas que apoiariam a mensagem que eu quero passar Tudo é possível nessa vida
Quais desafios você tem enfrentado nessa jornada produzindo seu primeiro álbum?
Acho que os mais comuns possíveis na vida do artista em geral: se você não tem dinheiro pra investir em bons profissionais e ser equipe, tem que aprender a se virar, ser multifunções (e pra isso você precisa de tempo), pedir ajuda e se ligar em apoios culturais As vezes o resultado é frustrante pra quem tá começando sua carreira e precisa de portfólio Além disso, é difícil encontrar - de maneira independente - investidores e parceiros que queiram apoiar a arte, principalmente de onde venho, União dos Palmares.
Acho que por essa "desvalorização" geral, outros artistas se limitam e não buscam parcerias Nessa separação, quem tem anos de carreira dificilmente se abre pra um artista iniciante Como mulher a credibilidade nessa situação só piora, rs Vejo que hoje a internet engaja muito mais quando são feitos feats colaborativos e parcerias, vejo diariamente músicas e shows produzidos com um coletivo de artistas e produtores, mas aqui esse círculo é mais fechado, consequentemente diminui as possibilidades pra todos.
Do ponto de vista de artista independente, como você enxerga os incentivos e valorização da cultura local hoje em Alagoas?
O artista independente que quer trabalhar suas canções autorais vai precisar ser muito insistente e resiliente Queria muito poder me concentrar em canto e composição, mas senti na pele a necessidade de entender de tudo um pouco, como não perder oportunidade de apresentar meus projetos em editais, fazer network, buscar produtoras que acreditem no meu potencial, como a T4 Produções vem me ajudando Aqui em Alagoas estou tentando ser contemplada em editais que fomentam a cultura, por exemplo, mas só consegui através da Secretaria de Cultura de União dos Palmares A cena MPB em Alagoas ainda é muito vista na ideia limitante de covers e na noitada do barzinho, que infelizmente quase não tem credibilidade financeira pra o artista Passei 4 anos cantando em barzinho, sei muito bem o que é isso, mas estou aqui pra provar pra mim pra meus apoiadores e colegas de trabalho que é possível SIM desenvolver sua arte, na verdade conto com todos pra que isso seja possível. Tudo influencia na nossa credibilidade, tal qual essa matéria que fui chamada pra participar hoje.
Vimos que você tem algumas composições autorais em produção. Para que o nosso público te conheça mais profundamente, como você descreveria as suas composições? O que você busca trazer nelas?
Sim, estou em produção de 3 singles onde um deles já está sendo produzido o videoclipe. Todos eles possuem rítmicas distintas e isso eu gosto muito nas minhas composições Dificilmente encontrarão um "mais do mesmo" comigo "Cuidado com o Mundo", responsável pelo clipe, é um xote lindo que fala sobre a menina do interior que não tem medo de desbravar o mundão, apesar de ter sua essência familiar consigo onde quer que esteja; A outra música, "Lero-lero" é o swingue samba-rock que convida todos pra "platinar nas ruas do Jaraguá"; e "Me Convence" faz parte do Pop-MPB que alimenta uma ideia mais provocante, romancista, intimista Ansiosa desde já pra mostrar ao mundo
Hoje quero representar o Novo MPB de Alagoas e eu quero que o público mergulhe comigo curtindo, dançando, se libertando e se emocionando na transição e história dessas canções
Também quero que essa mensagem seja repassada para os artistas alagoanos: precisamos nos unir mais e garantir que o futuro seja uma bela surpresa. Parece que musicamos traçando limites, mas a arte nos abraça nesse convite
Você está produzindo nesse exato momento o seu primeiro videoclipe, correto? Como está sendo esse processo? A arte nos provoca sentimentos… Quais emoções você tem vivenciado?
O videoclipe está sendo produzido em União dos Palmares, cidade que me criou e no Sítio da minha tia, lugar que vivenciei momentos como "caboclinha" no meio dos matos Imagina poder traduzir essa experiência e o amor dessa criança em uma canção? Ter a família, amigos e profissionais do audiovisual produzindo isso comigo não tem preço. Vai além de uma simples música, traz conexão com as mães e é a história das mulheres do interior que tem dentro de si a coragem de ser o que se é, apesar de uma sociedade que as tenta frear
Quais artistas, movimentos ou expressões te inspiram como artista?
Eu me represento como a filha nordestina da sociedade alternativa Além de fazer parte do movimento LGBTQIAPN+, procuro ser inspirada por pessoas que procuraram sua própria verdade independente da sua época, então me inspiro em artistas da música popular brasileira em especial em Rita Lee, Cazuza, Cássia Eller, Criolo etc Da nova MPB, artistas pernambucanos me fortalecem na ideia do autoral, como Joyce Alane e Martins Eu sou uma artista bastante eclética e não seria justo limitar minhas inspirações, elas são todas. Grandes cantoras alagoanas que curto e que estão produzindo cada vez mais seu trabalho e alcançando espaços, como Fernanda Guimarães, Ariely Oliveira, Naná Martins, Kel Monalisa, Larine, Deb Ribeiro.
“Uma sensação estranha essa de que um atestado de óbito seja um alívio", disse Eunice Paiva, ao receber em 1996 o atestado de reconhecimento de culpa do Estado Brasileiro sobre a morte do ex-deputado Rubens Paiva.
Gabriely Castelo
O Brasil já ganhou cinco Copas do Mundo Porém, nunca tivemos um Prêmio Nobel e, até este mês, também não tínhamos um Oscarmas isso mudou
De certa forma, isso refletia quem éramos: um país excelente no futebol mas com dificuldades nas demais áreas, principalmente quando se trata de cultura Agora, o Brasil finalmente faz parte do seleto grupo de premiados com a estatueta que habita o ápice do cinema mundial o Oscar. E o premiado? "Ainda Estou Aqui", na categoria Melhor Filme Internacional
Isso não significa que, de repente, o cinema brasileiro se tornou uma potência capaz de competir com as indústrias de países com uma longa tradição nessa arte Mas, o prêmio para Ainda Estou Aqui simboliza o amadurecimento do mercado de artistas e profissionais brasileiros no cinema, uma arte que emociona e entretém o mundo há mais de um século.
À medida que o filme ganhava visibilidade críticas positivas e prêmios no exterior, o país vivenciou uma sensação que normalmente associamos apenas aos períodos de Copa do Mundo: uma explosão de entusiasmo coletivo
Quando a atriz espanhola Penélope Cruz anunciou o prêmio para o filme de Walter Salles, o Brasil se uniu à celebração E esse entusiasmo não é exagero Como destacou Fernanda Torres, atriz principal do filme, o simples fato de uma produção falada em português ter recebido três indicações ao Oscar melhor filme, melhor atriz e melhor filme internacional já significava que tínhamos vencido enquanto país. Mas mal sabia Nanda, à época, que agora podemos soltar o grito de campeão da garganta
Com uma atuação impecável da nossa Fernanda Torres, agora reconhecida internacionalmente, o longa de Walter Salles retratou com sutileza e sensibilidade o impacto que o regime militar brasileiro teve na vida de tantas famílias A produção soube transformar um tema local em algo universal, especialmente em um momento global de avanço de ideologias que exaltam o autoritarismo e a repressão, como o que ocorre em alguns países, incluindo os Estados Unidos
O filme demonstra o que acontece com as pessoas comuns quando suas liberdades fundamentais são sacrificadas em nome de regimes autoritários, como é o caso da família de Eunice Paiva, a personagem principal de Ainda Estou Aqui, que teve sua vida destruída pela ditadura.
Apresentar ao mundo e à nova geração de brasileiros a devastação causada pela ditadura militar, época que parece distante para muitos, é um dos principais méritos do filme No momento em que foi sequestrado e nunca mais visto o ex-deputado Rubens Paiva já não era mais um político ativo; mas era politicamente ativo Ajudava amigos à deixar a perseguição militar e exilarem-se e dedicava seu tempo ao seu trabalho, como engenheiro e à sua família.
Mas, o governo absolutista brasileiro o via como um "subversivo" por manter este contato com brasileiros exilados Por isso, em 1971, ele foi preso, torturado e assassinado nos porões da ditadura, deixando sua esposa, Eunice Paiva e seus filhos, que sofreram por décadas sem respostas
Transformada em viúva pela ação direta do Estado Eunice teve que se reinventar como chefe de família e profissional Mesmo com tantas responsabilidades, ela nunca se conformou e lutou por justiça, buscando que o Estado reconhecesse sua culpa, algo que só ocorreu em 1996.
Ainda Estou Aqui, sucesso tanto no Brasil quanto no exterior, não agradou apenas aos que, sob a liderança de Jair Bolsonaro, ainda sentem nostalgia pelo regime militar.
"EU NÃO TENHO TEMPO DE VER FILME", DISSE
O EX-PRESIDENTE, QUE, RECORDANDO UM EPISÓDIO EM 2014, CUSPIU NO BUSTO DE RUBENS PAIVA, DURANTE SUA INAUGURAÇÃO NA CÂMARA, DIANTE DA FAMÍLIA PAIVA, QUE ASSISTIU A CENA INCRÉDULOS.
Ao contar a história dos Paiva neste contexto, o diretor Walter Salles dá visibilidade a Eunice, que lutou para preservar sua família e para que a verdade fosse reconhecida Isso por si só já justificaria aplausos o Oscar foi apenas uma consequência adicional.
Desde sua estreia no Festival de Veneza, onde foi aplaudido por 10 minutos, até as indicações ao Oscar de 2025, Ainda Estou Aqui tem sido elogiado e conquistou uma legião de fãs nas redes sociais, tanto no Brasil quanto no exterior
O filme obteve 97% de aprovação dos críticos no Rotten Tomatoes, uma plataforma de avaliações da imprensa especializada, baseada em 156 críticas de sites de cinema ao redor do mundo. O mesmo índice de aprovação foi alcançado entre o público
Eliana Paiva, filha de Rubens e Maria Eunice Paiva e uma das apoiadoras do filme, que também foi detida pela ditadura militar após a prisão de seu pai, compartilhou um mix de sentimentos sobre o filme e sua repercussão em entrevista à BBC News Brasil Ela celebrou a visibilidade que o filme trouxe, mas também lembrou que estamos falando de um assassinato brutal realizado dentro de um quartel do Exército no Brasil
Embora o filme tenha gerado grande repercussão, ninguém ainda foi responsabilizado pela morte e desaparecimento de Rubens Paiva Em 1979, o Brasil aprovou a Lei da Anistia, que impede o julgamento de agentes do Estado suspeitos de crimes políticos durante a ditadura Contudo, devido ao sucesso de Ainda Estou Aqui, esse tema será revisitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
O filme busca melhorar a memória social e política do país, especialmente para aquel es que já não compreendem o que aconteceu naquela época Para Eliana, o filme é um instrumento de reflexão, onde a tragédia da família Paiva é um espelho das transformações que o tempo e o autoritarismo impõem
R A F A C H A F E R
Rafaela Chafer é fotógrafa alagoana, natural de Maceió. Mulher preta, artista viva, feminista, antirracista, mãe e bordadeira de fotografias Desde 2016, fotografa rituais de passagem e celebração do cotidiano de mulheres e suas famílias no litoral do nordeste
O trabalho “Linhas que me atravessam", que une foto e bordado, teve início em 2022 na Residência Mira Latina. Neste processo de criação artesanal, todas as fotografias são executadas e clicadas por Rafa, ganhando vida por meio das agulhas e linhas Nesse trabalho ela também investiga o corpo em estado de nudez e beleza originária, buscando refletir sobre os tensionamentos entre as opressões patriarcais, a nudez, a auto apreciação dos corpos e o feminismo na contemporaneidade.
a revista alagoana traz
operfildeRafaelaChafer
Na infância, viu a mãe trabalhar em uma loja de revelação fotográfica, era vizinha de fotógrafos renomados e gostava de bordar em ponto cruz. Na adolescência, fez um curso de bordado de vestidos de festa e aplicação lantejoulas. Até que chega a fase adulta, e com ela, sua segunda filha: Maria Flor. Essas são algumas linhas que atravessam a história da fotógrafa alagoana Rafaela Chafer.
Anna Sales
“Sempre fui a pessoa que nas festas de família, no trabalho e com os amigos fazia os registros, mas tudo sempre na ‘brincadeira’ e por puro hobby Eu gostava e gosto mesmo é de ver as pessoas felizes, vivendo e celebrando o cotidiano, a vida, o amor Mas sempre tinham as amigas e os familiares que diziam: você é fotógrafa! E eu apenas ria e nunca pensei profissionalmente Até que Maria Flor nasceu O desejo de estar em casa com ela e ter horários mais flexíveis me fez sair da área de vendas depois de 12 anos e tornar a fotografia minha profissão ” , conta
Rafaela é uma mulher preta, artista viva, feminista, antirracista, mãe e bordadeira de fotografias e nascida num dia tão simbólico: 08 de Março “Eu sempre digo que não poderia nascer num dia diferente. Porque eu sou tão grande e sinto TANTO pelas mulheres, que eu precisava ter vindo nesse dia de luta, pra não esquecer o tamanho e força que nós temos ”
“Linhas que me atravessam”
Desde 2016, ela fotografa rituais de passagem e celebração do cotidiano de mulheres e suas famílias no litoral do nordeste Mas, em 2022, surgiu nova possibilidade na sua fotografia: a Residência Mira Latina (intercâmbio cultural de criação e reflexão para a fotografia latino americana, ocorrido em São Miguel dos Milagres) Lá, conversando com outras fotógrafas e fotógrafos na residência, falou sobre seu desejo de fazer intervenções nas suas fotografias, com recortes e palavras Daí, lembrou de como gostava de agulha e linha e lá mesmo iniciou as primeiras imagens Assim, surgia o “Linhas que me atravessam”
“Cada bordado e trabalho nas fotografias vêm de forma única para mim, eu sinto e deixo fluir naturalmente Algumas eu fico meses no processo, outras fico horas, dias Inclusive, quando recebo encomendas, eu informo isso, que é um processo fluido e livre, que pode demandar tempo ” , explica
Desse trabalho, tão cheio de significados, uma sequência de 3 imagens é ainda mais especial para a artista: as fotos que fez de sua irmã, Renata Chafer. “Ela é uma das minhas grandes companheiras de jornada da vida. Somos duas mulheres pretas queer gordas, com corpos fora do padrão Essa série fala sobre se amar e aceitar seu corpo além dos padrões impostos pela sociedade ” , fala
Ver as pessoas felizes, vivendo e celebrando o cotidiano, a vida, o amor: é o que mais encanta Rafaela na fotografia Mas, ela também acredita que a fotografia, além de ser uma forma de ativar nossas memórias e a herança de gerações, é uma grande ferramenta de luta, pois a fotografia atravessa barreiras sociais, de raça, gênero, sexualidade e outras tantas, além de resgatar memórias, dar voz a narrativas muitas vezes esquecidas e desafiar padrões estabelecidos, podendo ser um ato de resistência, uma ferramenta para questionar, inspirar mudanças e dar visibilidade a realidades que precisam ser vistas, unindo, emocionando e provocando reflexões, mostrando que cada imagem carrega uma história capaz de tocar e mudar o mundo
“A fotografia é uma poderosa forma de expressão e transformação, e cada uma de nós que se permite viver essa arte, carrega consigo uma história única para contar Se você sonha em fotografar, seja profissionalmente ou por paixão, saiba que seu olhar tem valor e merece ser visto Não tenha medo de começar, de experimentar, de errar e aprender A fotografia é um caminho de descobertas O mundo precisa da sua perspectiva, sua sensibilidade e seu talento. Acredite em você Junte-se com outras mulheres que compartilham desse sentimento pela fotografia e lembre-se: sua arte é uma extensão da sua essência Seja forte, criativa e confiante Sua fotografia pode inspirar e transformar vidas, principalmente A SUA!”, finaliza
Gabriely Castelo
Com uma cadeira simples, um espelho e alguns pacotes de cabelo, um costume tradicional, transmitido de mãe para filha, mudou a vida de Equitania, uma imigrante da Guiné-Bissau, que chegou ao Brasil com um sonho e uma bagagem cultural rica Em Maceió Equitania começou a trançar os cabelos de suas colegas de faculdade de forma informal, mas com o tempo, essa prática se transformou em uma forma de conexão com sua herança e uma maneira de sustentar sua família.
Equitania contou à Revista Alagoana que, inicialmente, não enxergava a profissão como algo sério Porém, com o apoio de amigos e a necessidade de enfrentar as dificuldades financeiras após o AVC de seu marido, ela decidiu transformar seu talento em algo mais significativo Começou com um pequeno espaço no bairro do Jacintinho, onde, com poucos recursos, se dedicou a valorizar uma parte essencial da cultura africana: a arte de trançar o cabelo
Na Guiné-Bissau, quase 90% da população já sabe trançar o cabelo, uma prática que é passada de geração em geração. Para Equitania, essa habilidade é mais do que uma forma de cuidado pessoal; é uma herança cultural um elo entre o passado e o presente, que carrega consigo o espírito da tradição e da comunidade
“Uma vez, minha mãe me ligou e perguntou como eu estava Quando falei que estava trançando o cabelo, ela ficou preocupada: ‘Filha, você estudou, você se formou, não faça isso.’ Mas eu expliquei que a cultura aqui era diferente O povo pagava para fazer o cabelo, e eu não estava fazendo isso de graça" explicou
A visão que ela trazia de sua terra natal, onde as tranças são quase uma segunda pele, era de que esse trabalho era algo natural e parte do cotidiano mas aqui em Maceió ela encontrou uma aceitação nova, que a levou a seguir em frente
Com o tempo, seu trabalho se destacou e seu pequeno espaço se transformou no Estúdio Afro Guiné Bissau, um lugar que não só celebra a arte das tranças, mas também é a primeira loja de tecidos, roupas e acessórios africanos em Alagoas
Ela trouxe para o Brasil a beleza e o significado dos tecidos típicos de sua terra, como o panu di pinti (pano de pente), um símbolo cultural da Guiné-Bissau, que carrega nas cores e nos
“Opovocomeçouameperguntarsobreasroupas quando eu usava o tecido africano. Eu estava sempre usando as roupas do meu país para eventos,easpessoasseencantavamcomelas As mulheres,asmulheresnegras,oshomens,todos perguntando”,relatouEquitania
SFoi assim que ela decidiu expandir seu trabalho, oferecendo não apenas o talento para as tranças, mas também a beleza das roupas e acessórios africanos
Ao longo dessa jornada, ela descobriu um novo público e começou a identificar o valor de sua cultura e de seu produto As roupas africanas fizeram tanto sucesso que ela não pensou duas vezes em trazer mais peças para sua loja, conquistando ainda mais aceitação Hoje, ela é uma referência em Maceió inspirando outras mulheres negras a se conectarem com suas raízes e a valorizarem sua cultura
Equitania é também um exemplo de liderança e solidariedade. Ela entende a importância de crescer, mas também de ajudar outras mulheres a crescerem Sua equipe no Estúdio Afro Guiné Bissau é composta por quatro colaboradoras, sendo três delas também imigrantes africanas Sua trajetória a levou a participar de eventos culturais importantes, como o “Vamos Subir a Serra”, que visa dar visibilidade aos afro-artistas e afroempreendedores da capital alagoana
Em suas participações Equitania compartilhou a riqueza de sua cultura por meio de oficinas de tranças e apresentações de roupas africanas, ajudando a fortalecer a presença e a valorização da cultura negra em Maceió Ela lembra que sempre que há eventos, as pessoas ficam encantadas com suas peças e, muitas vezes, vestem suas roupas durante as cerimônias, reforçando o poder e a beleza da herança africana
Com sua história de imigrante, mulher e guardiã de uma rica cultura ancestral, Equitania continua a expandir seu impacto, levando a beleza das tranças e dos tecidos africanos para a comunidade local no Jacintinho, enquanto promove a celebração da identidade negra e de suas raízes em Maceió
entre o forró, o rock e o maracatu, cantora
Anna Sales
Você já pensou na artista que poderia sair de uma junção de referências entre Djavan Pearl Jam, Cartola, Elis Regina, Pat Metheny, Jacinto Silva, Alceu Valença, Chau do Pife e o Mangue Beat?
À primeira vista, parece difícil pensar nessa junção. Mas ela existe e se chama Fernanda Guimarães. Com quase três décadas de carreira musical, divididos entre o nordeste e o sudeste, a intérprete, compositora, instrumentista e produtora alagoana já realizou inúmeros projetos musicais com estilos diversos desde o seu início na música
A Revista Alagoana conversou com a artista sobre a vasta carreira musical. Confira a seguir:
Como começou sua relação com amúsica?
Fernanda Guimarães: Desde muito nova, eu via meu pai tocando em casa, com os amigos e eu observava curiosa Aos poucos, fui pegando o violão dele e comecei a tocar os primeiros acordes e a cantar. Era todo tipo de música que se ouvia lá em casa de Adilson Ramos à Beatles Luiz Gonzaga à Rita Lee Nessa “vivência” musical fui me desenvolvendo desde os sete anos e nunca mais fiz outra coisa na vida
ComosurgiuaideiadoRockMaracatu?
Fernanda Guimarães: Em 2011, eu e Patrícia Mess, que era produtora na época, convidamos o Maracatu Baque Alagoano para dar início a esse projeto, fazendo uma mistura que não sabíamos o que daria à época 50 batuqueiros e instrumentos rock, dava a entender que só podia “dar bom”
E deu! Sentimos esse impacto desde a primeira apresentação que aconteceu em 2012 e a combinação foi mais forte do que se esperava A reação, tanto do grupo quanto do público, era sempre de muita emoção e surpresa Em 2013 o projeto deu uma pausa e retomou as atividades em 2016, apenas comigo à frente e com batuqueiros de diversos grupos percussivos de Maceió
Como surgiu a ideia de criar um bloco paraparticipardaspréviasdeMaceió?
Fernanda Guimarães: Desde a concepção do projeto essa era uma vontade e um dos propósitos: ser um bloco de maracatu e rock! Mas, lá em 2012, não fazíamos ideia do quão difícil era organizar um bloco e por um bom tempo essa foi apenas uma vontade que sempre ficava batendo na porta Quando retomei o projeto, tive isso como meta e com muita insistência, pesquisa e teimosia conseguimos sair na avenida em 2019, ao lado do Pinto da Madrugada De lá pra cá, já vamos na nossa 5ª edição
Como é ser mulher e estar à frente de um bloco dessa magnitude, que atrai mais pessoasacadaedição?
Fernanda Guimarães: O bloco é construído com muitas mãos e quase todas elas são mãos femininas Direção, coordenação, produção, imagens e imprensa: em quase todos os setores, a liderança é encabeçada por uma mulher e desde o início, o Rock Maracatu é conduzido assim Existe um cuidado com o coletivo e uma capacidade de diálogo no grupo que entendo como um ambiente criado com uma energia feminina, e eu vejo isso como uma base fundamental para que ele dê certo Vimos nos últimos sete anos as apresentações e o bloco crescerem bastante, bem como a sensação de pertencimento de quem assiste, que é cada vez mais forte. Acredito que é um processo que caminha junto com o que defendemos em nosso trabalho autoral e intenção de sermos fomentadores culturais, e a equidade de gêneros é uma das bandeiras que vivemos e levantamos E por outro lado, posso dizer também que um projeto com tanta gente envolvida, por si só já é desafiador. Com um bloco de carnaval, a gente dobra a meta no nível do desafio E ser mulher num mercado quase todo masculino é só a cereja desse bolo Seguimos nós, mulheres, desconstruindo esse entorno masculinizado
Ainda sobre o “Rasgando o Couro”, a cada edição surge uma nova temática Como esses temas são definidos e qual a importânciadeles?
Fernanda Guimarães: Eles são fundamentais para que o bloco/grupo tenha razão de ser Claro que a gente existe pra ser feliz, para trazer alegria para o público e gerar entretenimento, mas, ao longo dos anos ficou claro que há a vontade e tentativa do grupo em se fazer vivo levantando o que nos instiga por dentro O Maracatu é um ato de resistência, o rock idem As nossas músicas falam sobre isso e também sobre o que interessa a todo mundo enquanto cidadão. Unir isso tudo a um repertório que a gente curte e é pouco explorado no carnaval, bota sorriso e emoção na cara de todos nós e do público, dá pra ver e sentir
A cada ano, o bloco também traz diferentes convidados. Como é feita essa escolha?
Fernanda Guimarães: São sempre convidados que têm nossa enorme admiração em arte, linguagem e em postura como artistas Se a gente pudesse, chamaria 20 a cada edição, porque o que não nos falta aqui em Alagoas são artistas incríveis e cheios de maravilhas para apresentar ao público Mas, é um mix disso, com a disponibilidade de cada um. Nesse ano de 2025, realizamos o sonho de ter no palco Jurandir Bozo gigante do Côco de Roda e voz do sertão que acabou fazendo “jus” a nossa temática que se referia a conservação do Velho Chico Da mesma maneira, o nosso mestre da cultura popular Chau do Pife e Luiz de Assis, virtuoso artista que finalmente conseguiu estar presente, e a maior expoente da música nordestina (e brasileira) no momento, Juliana Linhares, que abraçou a ideia e brilhou com todo mundo na avenida
Você interpreta gêneros musicais considerados distintos, como o Forró e o Rock. Como é o seu processo para se adaptaracadaumdeles?
Fernanda Guimarães: Ouvir e ouvir. E tentar entender o que cada gênero musical pede o que posso dar dentro das minhas limitações Porque, queira ou não, sou eu em cada estilo, então não é verdadeiro copiar ou tentar ser algo que eu não sou Vou com respeito e uma dose de coragem em cada projeto pra tentar fazer bem e sempre inteira nessa entrega.
SuacarreiracomeçoupeloRock.Comoos outros gêneros musicais entraram na sua carreiraartística?
Fernanda Guimarães: Acho que todos os tipos de música permearam minha vida desde muito pequena Do rock ao brega que eu ouvia nos vinis do meu pai, na rádio que eu ficava esperando as músicas para gravar na fita k7, e cada uma era um mix de tudo Cantava música sacra na escola e fugia nos intervalos para tocar Legião Urbana, e dançava Guerreiro Alagoano, tudo ao mesmo tempo Minha primeira banda profissional foi no forró mais atual, quando eu tinha de 14 para 15 anos Mas, realmente me senti mais “à vontade” no rock nessa época. O tempo passa e cada momento me trazia uma influência nova, uma curiosidade musical diferente Isso reflete muito o que é o artista brasileiro eu acho, plural pela sua diversidade de referências
Seu álbum de Forró, o “Pés em Casa”, foi lançado em 2018, e no ano seguinte, foi lançado o “Rasgando o Couro” Como foi dar vida a dois projetos diferentes nesse espaçodetempo?
Fernanda Guimarães: Bem doido [risos] Uma coisa teve que andar em paralelo com a outra e sendo o primeiro ano do Bloco em 2019, havia muito, e ainda há, a aprender Sendo os primeiros shows do “Pés em casa ” , bastante a amadurecer Então, contar com a produção de gente super competente tanto num projeto, como no outro, fez ser possível essa feliz empreitada
Como foi o processo de composição do álbum“PésemCasa”?
Fernanda Guimarães: Começou com um poema que Talita Quirino escreveu na parede lá de casa (moramos juntas). Esse poema, musiquei no mesmo dia e ele virou um xote que gerou a música “Chuva no Sertão” Ela tinha outros poemas que, para mim, soavam como forró e baião Não resisti: musiquei e arrisquei letras e versos Quando dei por mim, tínhamos seis músicas juntas, foi algo que simplesmente fluiu Mais uma música minha ali, outra em parceria com Jaques Setton, que produziu o disco, e tínhamos um EP com oito faixas Acabou sendo um reencontro muito importante com o forró e com as raízes que tanto amo
Continuando sobre os processos de composição, como eles se dão nas músicasdoRockMaracatu?
Fernanda Guimarães: Surgiu com a necessidade de encontrar uma sonoridade que definisse o grupo e o que acreditamos enquanto coletivo As letras refletem isso e a sonoridade está sempre em busca de algo que possamos imprimir uma assinatura, ou próximo do que apresentamos ao vivo. A parceria com Talita Quirino também se repete no Rock Maracatu onde dividimos quatro faixas juntas Esse ano de 2025, bem como em 2020, foi composta uma música que fizesse referência ao tema do bloco e isso é muito bacana, porque integra mais ainda o público a aquele momento e dá voz na avenida ao que queremos passar.
Oquemaisteencantanamúsica?
Fernanda Guimarães: O que ela é capaz de unir Nenhuma forma de arte é tão abrangente ou acessível como a música É uma linguagem universal, que perpassa idiomas ou barreiras em geral A batida pode ser sentida mesmo sem ser ouvida, a letra tem fonética mesmo sem ser lida ou compreendida em outra língua. Uma partitura pode ser lida em qualquer lugar do mundo Tenho essa relação “romântica” e de profunda admiração com ela
Qual o significado da música na sua vida e qual sua memória mais forte relacionadaàmúsica?
Fernanda Guimarães: A música fez eu me comunicar quando adolescente Eu era uma menina muito tímida, cheia de questões na cabeça, meio esquisita pra maioria e cantar e tocar me deu comunicação com as pessoas, era meu modo de me relacionar. Vivo de música desde muito nova e dela trouxe amigos, sustento, valores e uma realização que jamais encontraria em outro caminho
Qualasensaçãodeestarnopalco?
Fernanda Guimarães: Por diversas vezes já pensei no palco como a troca mais genuína que eu tenho pra dar Sempre rolou uma nudez ali que com o passar dos anos fui aprendendo a dosar Hoje, quase três décadas depois que comecei, acho que há muito mais a se experienciar no palco, com uma visão um pouco mais madura e direcionada, talvez
Qual conselho você dá para quem quer começar a seguir a carreira musical, especialmente sendo uma mulher e cantoraemAlagoas?
Fernanda Guimarães: Mesmo entendendo que cada um tem seu contexto, em geral, eu diria algumas coisas que levo na vida pra mim também: não se intimide, se una a outras mulheres e afins e siga no autoral! Sempre Autoral no sentido “ sua assinatura”, seja você intérprete, compositora ou os dois. Não há nada melhor que você possa dar a alguém do que você mesmo
EDITORIAL ESPECIAL:
POR JORGE VIEIRA
“Fazer cultura em Alagoas não é fácil” Se você, de alguma forma, circula no ambiente artístico-cultural das Alagoas muito provavelmente já ouviu esse dito de alguém, ou até mesmo já o disse Na verdade, produzir peças culturais com a perspectiva de estimular, desenvolver, ou aguçar, a formação da identidade, a promoção da diversidade e a transmissão de valores num país cuja história é marcada pela dominação opressiva, é quase sempre tarefa hercúlea. E Alagoas é um extrato fiel desse panorama nacional. Basta lembrar a luta do povo preto escravizado, que em Palmares buscava não só a libertação das correntes, mas também a sua livre expressão socio-histórico-cultural.
Poderíamos aqui falar com mais extensão das iniciativas públicas que confundem evento de entretenimento com ação cultural, das largas verbas investidas pontualmente em detrimento de políticas continuadas - quase sempre com recursos acanhados, ou mesmo das gestões equivocadas e descomprometidas à frente de entidades com a missão de fomentar a cultura
Mas, hoje, falaremos de resistência, de dedicação, de compromisso com a cultura alagoana: um coletivo de quatro jovens jornalistas que se organizam entre si para fazer jornalismo independente
@jorgevieiraphoto
E não querem ‘qualquer conteúdo’, eles visam protagonizar tradições e, por vezes vozes distantes e ignoradas, das pessoas responsáveis por perpetuar a cultural local. Têm como missão o jornalismo cultural, com ética e transparência, e seus valores falam de protagonismo e respeito aos patrimônios materiais e imateriais, da salvaguarda dos saberes e fazeres da cultura, da pluralidade de histórias e rostos com lugar de fala, da promoção de acesso facilitado ao público Anna, Bertrand, Gabriely e Lícia fazem a Revista que não poderia ter nome melhor: Alagoana Num cenário em que ‘fazer cultura não é fácil’, é muito bom ter uma parceira como a Alagoana, sempre antenada às ações da cultura, conectada com as/os artistas, comprometida com o fomento de um ambiente humanamente diverso, culturalmente plural
Do meu lugar de fotógrafo, vejo oxigenada minha linguagem com o engajamento da Revista Alagoana, tão especial e dedicado que me ilude ao pensar que a Fotografia lhe tem espaço diferenciado Que nada! Os conteúdos que fazem esse coletivo se movimentar contemplam a pluralidade que os guia como valor
Vida longa e potente à Revista Alagoana!
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