A menina sem cor | 2ª edição

F ernanda E mediato

A menina

sem cor Ilustrações de

Yasmin Mundaca

Mimi foi adotada ainda bebê, mas só descobre esse fato aos seis anos, ao perguntar aos pais por

que, diferente deles, ela tem a pele escura. Após essa descoberta, Mimi passa a se questionar sobre as diferenças de cor e começa a desejar ter nascido branca. No meio desses questionamentos conhece Olívia, uma garotinha, também de seis anos, albina, que mostra a ela como é bom ser diferente e como todas as cores são bonitas e importantes.

INFANTIL

ISBN (13) 978-65-88436-21-9

F ernanda E mediato

A menina

sem cor

Ilustrações de

Yasmin Mundaca

Copyright © 2017 by Fernanda Emediato 2ª edição – Novembro de 2021 Ilustrações: Yasmin Mundaca Diagramação: Alan Maia Revisão: Marcia Benjamim Hugo Almeida Josias A. de Andrade

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) DE ACORDO COM ISBD E53m

Emediato, Fernanda A menina sem cor / Fernanda Emediato ; ilustrado por Yasmin Mundaca. - São Paulo : Troia Editora, 2020.

32 p. : il. ; 20,5cm x 27,5cm.

ISBN Estudante: 978-65-88436-21-9 ISBN Professor: 978-65-88436-23-3

1. Literatura infantil. 2. Diferenças raciais. 3. Adoção.

I. Mundaca, Yasmin. II. Título.

2020-2193 CDD 028.5 CDU 82-93 Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949 Índice para catálogo sistemático: 1. Literatura infantil 028.5 2. Literatura infantil 82-93 TROIA EDITORA E DISTRIBUIDORA LTDA. Avenida Mofarrej, 348 | cond. 1308 | Vila Leopoldina São Paulo | SP | 05311-000

Para meu filho Raul.

Que ele possa crescer em um mundo mais justo e colorido. E que goste e aceite cada pedacinho do que ele é.

Prezado(a) leitor(a),

Você já parou para pensar sobre a infinidade

de cores que existem no mundo? E em quão diverso é este mundo? Pois é, essa é uma das coisas que você vai descobrir lendo A menina sem cor, que é a história de uma menininha que não está feliz com o fato de ser de cor diferente da de seus pais.

Micaela, a personagem deste livro, é adotada. Não está infeliz por isso, pois sabe que é muito amada pelos seus pais. O que a deixa triste é se sentir rejeitada e desconfortável por ser preta nessa sociedade racista. No entanto, tudo vai mudar quando ela conhecer a Olívia e... Ah! Que pena! Não posso contar mais nada. Você mesmo vai descobrir sozinho(a).

Depois da leitura, aposto que você vai pensar um bocado de coisas sobre essa praga que é o racismo e as formas que existem de combatê-lo, até porque o racismo é crime, e as pessoas que são racistas devem ser punidas.

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Será que você ou alguém da sua família já passou por situações parecidas com a que Mimi, a personagem dessa história, passou? Mesmo que não tenha passado, é importante debater sobre o assunto na sua escola, pois precisamos acabar com o racismo que, infelizmente, ainda existe, e você pode contribuir muito para isso. Sabe como? Respeitando seus amigos, não fazendo com eles as coisas que você não gostaria que fizessem com você. Se todos nós fizéssemos assim, o mundo seria muito melhor.

Bem, por enquanto é isso que tenho a dizer.

Agora, é sua vez de ler este livro e tirar suas próprias conclusões.

Desejo a você uma boa leitura, e que você goste deste livro tanto quanto eu gostei.

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Sylvia queria muito ser mãe. Desde criança sua

brincadeira preferida era brincar com sua boneca.

Quando cresceu, casou-se com Silvio. Mas, depois de muito tentarem, descobriram que não poderiam ter filhos.

Adotaram, então, uma menina que se chamava Micaela. Todos a chamavam pelo carinhoso apelido de Mimi.

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Como descrever Micaela, isto é, aquilo que se vê ao olhar para ela?

Porque o coração dela, a parte interior, como de todo mundo, só aos poucos é possível conhecer. Cabelos volumosos e negros. Pele? Cor de brigadeiro. Por dentro os pais sabiam: um doce de menina. Alegre, sempre sorrindo. E gostava de ir à escola.

No dia do aniversário de seis anos, Mimi perguntou aos seus pais por que ela não se parecia com eles. Eles não fizeram segredo. Contaram toda a verdade de maneira bem natural.

Micaela não ficou nem um pouco triste por ser filha adotiva, sabia que era amada pelos pais. E também os amava, mas ainda assim desejava ter a mesma cor que eles.

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Na escola, Mimi começou a notar que algumas crianças a olhavam como se ela estivesse no lugar errado. A maioria dos colegas eram amigos, mas nem todos. Ela ficava triste com isso.

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Num domingo, quando foi passear no parque, ao olhar todas aquelas pessoas, Micaela notou uma família que exibia a pele mais amarelada e os olhos meio puxados.

Em outra família havia também dois irmãos de pele cor de mel e cabelos bem lisos, em forma de tigela. Viu também uma mãe e sua filha, as duas bem claras, com olhos azuis e cabelos louros. Mimi ficou olhando toda aquela variedade de cor de pele e foi sentindo um desejo enorme de ser de outra cor, qualquer cor, menos a sua.

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Perguntou então à sua mãe: — Mamãe, quando você toma sol, fica com a pele um pouquinho mais escura; eu queria ficar da cor daquela menina... O que eu posso fazer? Tomar banho de lua?

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— Que diferença faz a cor, minha filha? Somos todos iguais, mesmo sendo diferentes.

— Mas eu não gosto da minha cor, mãe.

Eu... sabe... na escola minhas colegas olham para mim como se eu... Por que eu sou assim?

— Não é só você que é assim, você sabe que existem muitas pessoas com a cor igual à sua.

Além disso, existem várias e várias cores diferentes, tonalidades diferentes...

— Por que, mãe?

— Porque o brasileiro é um povo misturado por causa da colonização e das imigrações...

Micaela perguntou o que eram colonização e imigrações. A mãe respondeu devagar e de maneira bem clara. A menina entendeu, mas continuava querendo ser de outra cor.

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Um dia, no balanço do parque, estava pensando que já que era para ser diferente, que poderia ser azul ou vermelha, ou quem sabe da cor do arco-íris.

Nesse momento, Mimi viu uma garota sentada debaixo de uma árvore e ficou embasbacada com a cor dela. Não era só sua cor, mas tudo nela. A pele era a mais clara que já havia visto; os olhos eram lilases; os cabelos, quase brancos de tão louros; as sobrancelhas e cílios quase não se viam.

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Mimi correu em sua direção e ficou sabendo que seu nome era Olívia. E antes que a menina pudesse dizer qualquer coisa, começou a fazer elogios à sua cor. Como era linda! Disse que queria ser igual a ela, que queria ter os cabelos dela, os olhos dela. Enfim, qualquer coisa sua, desde que fosse igual.

Olívia sorriu timidamente, nunca havia escutado isso de ninguém.

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As duas conversaram por muito tempo. Olívia explicou então para Mimi que ela sofria de uma condição genética, como sua mãe lhe ensinou, que se caracteriza pela falta da pigmentação da pele, dos pelos, dos cabelos e dos olhos. E era isso que a fazia ser assim, toda branquinha.

Olívia contou também que por ser albina — foi a mãe dela que também lhe ensinou essa palavra — não podia tomar sol diretamente, que precisava usar protetor solar todos os dias. Nos dias mais quentes, evitava sair de casa.

Explicou também que era frequente os albinos terem problemas de vista, podendo até ficar cegos.

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Para Olívia, Mimi tinha muita sorte por ter uma pele mais escura. E, na sua opinião, parecia ser muito mais resistente ao sol. Disse que daria tudo para ter a pele dela.

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— E seus cabelos? São tão negros... Se os meus fossem assim, meus laços dourados iriam aparecer muito mais — reclamou Olívia.

Mimi disse que não gostava de ter essa cor, que quase não via alguém assim.

Olívia começou a gargalhar e então lhe disse: — Então, ou você tem mais problemas nos olhos do que eu, ou quase não sai de casa.

— Como assim? Você já viu muitos como eu? — perguntou Mimi.

— Só todos os dias!

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Olívia então pegou Mimi pelas mãos, correu com ela até o outro lado do parque e lhe apresentou seus pais, que eram da mesma cor que Mimi.

— Você também é adotada?

— perguntou Mimi.

— Adotada? Não, sua boba!

Em minha família, só eu nasci assim. Na verdade, eu também sou negra, acho que quando nasci a tinta havia acabado.

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Mimi não acreditava no que via. Os pais de Olívia eram tão bonitos quanto ela. Tinham os mesmos traços, só que de outra cor. Percebeu então que

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essa história de cor era uma grande bobagem, que o bom da vida era ter uma família que a amasse, fazer novos amigos e ser feliz.

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© Tiago Bastos

Fernanda Emediato Fernanda Emediato foi uma menina livre no seu quintal, a Serra da Cantareira, na Grande São Paulo.

Os seus primeiros amigos foram macacos, cachorros, tucanos, quatis, esquilos, cigarras; e garante que tinha uma amiguinha especial, uma onça que cismava em aparecer no quintal justamente quando ela estava sozinha. Outro escudeiro fiel era o gato vira­‑lata Tico.

No ataque de um lobo ele a defendeu e perdeu o rabo na briga. A menina cresceu, formou­‑se em publicidade e atualmente é editora­‑executiva da Geração Editorial, onde trabalha desde os 14 anos, mas ainda não esqueceu dos amigos especiais, e todo fim de semana sobe a serra para encontrá­‑los na companhia de seu filho Raul.

Yasmin Mundaca Yasmin Mundaca nasceu no Chile, mas vive no Brasil desde criança – em Indaiatuba, interior de São Paulo. É ilustradora formada pela Quanta Academia de Artes de São Paulo e tem livros publicados no Brasil e no exterior. Vive desde pequenina entre lápis de cor e desenhos. Cria tudo à moda antiga, usando as mãos, lápis, tinta e papel, sem computador. É, definitivamente, autora de cada linha, ponto, traço e cor. Yasmin adora ilustrar e, à noite, quando está tudo quieto, gosta de imaginar que seus personagens ganham vida e se divertem em loucas aventuras.

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F ernanda E mediato

A menina

sem cor Ilustrações de

Yasmin Mundaca

Mimi foi adotada ainda bebê, mas só descobre esse fato aos seis anos, ao perguntar aos pais por

que, diferente deles, ela tem a pele escura. Após essa descoberta, Mimi passa a se questionar sobre as diferenças de cor e começa a desejar ter nascido branca. No meio desses questionamentos conhece Olívia, uma garotinha, também de seis anos, albina, que mostra a ela como é bom ser diferente e como todas as cores são bonitas e importantes.

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ISBN (13) 978-65-88436-21-9