19-06-2010

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Opinião 4

Editor Franklin Jorge

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/ NOVO JORNAL / NATAL, SÁBADO, 19 DE JUNHO DE 2010

Editorial A folia no ventilador ▶ rodaviva@novojornal.jor.br

ENFRENTAMENTO

PROCURA-SE UM LARANJA A

Quem ganhou e quem perdeu no enfrentamento do Legislativo e Executivo até a votação do remanejamento do Orçamento? Mais uma vitória do Executivo. Menos por ter conseguido aprovar sua proposta ou do uso dos meios de comunicação de massa para atacar outro Poder. A maior vitória do Governo Iberê foi, durante 45 dias, ter uma pronta desculpa para qualquer demanda financeira (do pagamento de atrasados a parcela de convênios): Só depois da Assembléia aprovar o remanejamento. O remanejamento está aprovado. Agora o Secretário de Planejamento disse que vai estudar como serão postas em dias as pendências acumuladas. Só faltam 108 dias para a eleição. Quando começou o nhémnhém-nhém faltavam 153. A Assembléia, desta vez, conseguiu não aparecer como vilã na história. Uma pequena grande vitória.

A primeira rodada de tomada de depoimentos no processo do escândalo do Foliaduto deixou a impressão para ara muitos observadores que pode pintar um laranja para assuumir toda a responsabilidade pela transformação de mais de R$ 2 milhões de recursos públicos, recebidos na boca do caixa, em fumaça. O comportamento do Sr. Ítalo Alencar Gurgel, ex-coordenador do Gabinete do Governador e apresentado como principal operador do esquema fraudulento, inicialmente não mexendo uma palha na sua defesa, pode ter dado essa impressão. Impressão fortalecida na tomada de depoimentos das testemunhas de defesa, quando ficou evidente um movimento para transferirlhe toda a responsabilidade pelo escândalo. Porém, a reação dele, depois dos depoimentos das testemunhas da defesa, mostra que para ser o laranja, ele está necessitando de novos argumentos O aparecimento de “laranjas”, que assumem por crimes que não cometeram, é fato corriqueiro na comunidade prisional, onde as associações criminosas preservam seus líderes, escalando elementos de menor expressão para assumir a responsabilidade por seus crimes, notadamente aqueles de maior repercussão pública. Na atividade política, essa prática não é desconhecida. E mesmo se o Sr. Ítalo Gurgel assumisse toda a responsabilidade pelo Foliaduto, uma vez que ele está na situação mais complicada por ter recebido o dinheiro na boca do caixa e lhe dado destino, nem assim dava para acreditar que ele tivesse poder para agir, como agiu, sem o conhecimento - e a concordância de toda a cadeia hierárquica, inclusive da governadora do Estado, que ainda não figura nominalmente no processo do Foliaduto. Nesse caso, existe um outro aspecto que pode dar uma nova dimensão ao fato escandaloso: Este escândalo não se resume a alguém que pegou um dinheiro e depois não prestou contas corretamente. Não! O mais grave, é mapear o funcionamento da engrenagem que permitiu esse grave delito, subvertendo toda a ordem administrativa, passando por cima de rotinas do serviço público, reduzindo prazos e tratando recursos públicos com mecanismos de controle dignos de um camelô que vende água de côco na praia. Certamente o coordenador do Gabinete Civil do Governador não tem poder para tomar decisões “ad referendum” do Conselho de Desenvolvimento Econômico, um colegiado criado exatamente para dar ao governante o controle sobre os gastos públicos, em casos excepcionais. Quem entende o funcionamento da máquina governamental, garante que o Foliaduto é a uma grande exceção dentro da excepcionalidade. Depois de quatro anos adormecido, o processo do escândalo – um dos maiores da história da administração estadual - chega à Justiça permitindo que os suspeitos tenham amplo direito de defesa e os responsáveis possam se defender efetivamente, sem as velhas respostas evasivas que bastavam para contentar uma mídia controlada. A campanha eleitoral pode complementar o trabalho da Justiça, num tempo em que todo mundo exige ficha limpa dos candidatos. Mais do que um papel, ficha limpa é não deixar dúvidas na cabeça do eleitor, sobretudo quando existem processos tramitando na Justiça com responsabilidades a apurar.

CONVOCAÇÃO

A Prefeitura de Natal está convocando por edital 27 aprovados num processo seletivo para 19 facilitadores da Secretaria de Assistência Social, os facilitadores vão atuar como mestre de capoeira, dança, esporte e lazer, artes visuais ou teatro. Além desses estão sendo convocados seis orientadores sociais.

Depois de anos entocada, a revista cultural “Preá”, da Fundação José Augusto, vai reaparecer, com o seu número 22, na noite de hoje, na praça principal da cidade de Arez, dentro da programação junina. O tema principal da edição, gerida por Mary Land Brito, é “Nas pegadas de Lampião”, contando com textos de Vicente Serejo, Silvio Santiago e Yasmine Lemos. A revista publica uma entrevista com Pedro Grilo e reportagem com Dona Militana.

HUMBERTO SALES / NJ

A VOLTA DA PREÁ

A liderança para mim é uma trincheira e um soldado não abandona sua trincheira” DO LÍDER DO PMDB NA ASSEMBLEIA, DEPUTADO JOSÉ DIAS.

SALA DE SITUAÇÃO

BUSCA DE UM LARANJA

Não é apenas por aqui que se está em busca de um “laranja”. No Rio de Janeiro, para se acertar com o ex-prefeito César Maia, os tucanos decidiram lançar a candidatura de Sílvio Lopes, um político do interior para o Senado. A imprensa classifica Sílvio como candidato-laranja.

O governador Iberê Ferreira de Souza baixou decreto instituindo a “Sala de Situação” com o objetivo de acompanhar de forma sistemática a Agenda Estratégica do Governo, mediante a adoção de sete rotinas. A sala, na verdade, é um comitê presidido pelo Chefe da Casa Civil e formado por representantes da Secretaria do Planejamento, Procuradoria Geral do Estado e Controladoria Geral do Estado.

TWITTER ELEITORAL Dois usuários da rede social twitter como mecanismo de comunicação com o eleitorado, o senador José Agripino e o deputado Fábio Faria, vão apresentar suas próprias experiências, hoje, no Seminário Democracia & Voto . Os dois foram dos primeiros políticos brasileiros a utilizarem essa ferramenta, cada vez mais usada por candidatos e assessores.

NOVIDADE NA ASSEMBLÉIA

A Assembléia Legislativa tem novidade na próxima semana. O médico Salismar Correia, que atua no eixo Pau dos Ferros-São Miguel, assume o mandato no lugar do deputado Arlindo Dantas (PHS), nomeado Secretário Extraordinário para Articulação com o Legiuslativo e Assuntos de Governo.

SEM CHÃO

A prefeita Micarla de Sousa baixou decreto determinando a remissão total de crédito tributário decorrente da incidência de taxa de licença sobre a ocupação de área para a promoção de eventos, sem fins lucrativos, destinados a promover manifestações de interesse cultural. No Popular: a Prefeitura deixará de cobrar “o chão” dos arraiás que vão se multiplicar pela cidade.

PRESENÇA INCÔMODA

O desempenho do deputado José Dias como Líder do PMDB na Assembléia Legislativa, sobretudo a vigilância que tem exercido nas ações do Governo, começa a incomodar a cúpula partidária. Já são visíveis os sinais de que se está tentando um processo de fritura de Dias, que vai resistindo. Pelo menos até a eleição.

JOVENS NA FEIRA.

O grupo Junior Achievement realiza, hoje e amanhã, no Natal Shopping, a 9ª Feira de Miniempresas, contando com a participação de estudantes da UFRN, IFRN e mais cinco escolas de Natal que poderão mostrar o seu espírito empreendedor, desenvolvido ao longo de 15 semanas e materializado na Feira.

TREM DO FORRÓ

Hoje é dia do trem do Forró, já na sua sexta edição. O comboio sai da Estação da Ribeira, às 17.30 h, com destino a Ceará-Mirim, parando em Extremoz. O evento se repete todo sábado de junho. Hoje, contando com a presença do Prefeito de Ceará-Mirim, Antônio Peixoto.

ZUM ZUM ZUM ▶

Hoje completa 72 horas da aprovação do remanejamento do Orçamento e o pessoal do Programa do Leite ainda não viu a cor do dinheiro atrasado. ▶ Zé Agripino vai, hoje, a Pau dos Ferros, depois de participar do seminário Democracia & Voto. Lá, tem show do sertanejo Leonardo. ▶ No Praia Shopping, hoje, tem Lis Rosa cantando Chico Buarque.

A jornalista Rejane Serejo pediu exoneração do cargo de Assessor Especial do Governo. O posto está sendo transformado em Secretaria Extraordinária. ▶ Carlos Eduardo Alves pega a estrada. Vai hoje a Areia Branca, Jardim do Seridó e Caicó. ▶ Hoje tem o 2º São João do Lógico, Cursos Aliados, com quadrilha, comidas típicas e muito forró.

▶ A deputada Fátima Bezerra participa do Encontro do PT do Seridó, em Caicó, e vai a Mossoró assistir o espetáculo “Chuva de balas”. ▶ Como diria o mestre Zózimo Barrozo do Amaral: “ E a Alemanha, hein!” ▶ A Corrida Batalha Naval de Riachuelo larga hoje, às 8 h, no Hotrel Imirá e termina oito quilômetros depois, no Forte dos Reis Magos.

▶ O Espaço Infantil Primeiros Passos faz sua festa junina na tarde de hoje, no ginásio de esportes do CEI na Romualdo Galvão. ▶ Hoje completa 35 anos que era criada a Casa do Trabalhador, em Natal. ▶ Acontece hoje o Arraiá da ABO, a partir das 18 h, na nova sede da entidade na av. Jaguarari (próximo ao condomínio Green Village).

Dentro dessa barafunda em que se transformou a investigação batizada de Foliaduto chama a atenção agora o jogo de empurra envolvendo dois auxiliares diretos da ex-governadora Wilma de Faria, um de maior patente que o outro, mas ambos lotados no mesmo setor: o ex-secretário adjunto do Gabinete Civil, Carlos Castim, que foi também secretário de Segurança no mesmo governo, e o ex-coordenador do Gabinete Civil, Italo Gurgel, apontado como executor do esquema, que consistia em pagar, e muito, por shows que não foram realizados. A estimativa do Ministério Público é que teriam sido desviados mais de R$ 2 milhões por meio do Foliaduto, entre o final de 2005 e o início de 2006. A série de depoimentos das testemunhas de defesa, realizada na quarta-feira passada, deixou claro para os promotores que investigam o esquema que a tática é “blindar” o ex-chefe do Gabinete Civil na época do escândalo, Carlos Faria, irmão da ex-governadora. O Ministério Público aponta-o como mentor do esquema; sendo Italo o executor. Da lavagem de roupa suja a que se assiste, com Carlos Castim acusando Italo Gurgel e este prometendo ingressar na Justiça para provar que os atos ilícitos eram comandados pelo próprio Castim, ressalta a impressão de como era precária a utilização dos instrumentos que poderiam dar segurança jurídica aos procedimentos do governo. Não fosse um deslize na hora de publicar no Diário Oficial a relação das cidades “beneficiadas” com os shows (com o objetivo de tentar “legalizar” a irregularidade), até hoje o caso, provavelmente, estaria nas sombras. Se no começo as autoridades insistiam em negar o Foliaduto, atribuindo o episódio a intrigas de natureza política, hoje ninguém mais o contesta, tantas as evidências listadas pelo Ministério Público. Como não se pode mais negar, passase então a tentar dirigir a responsabilidade, ou diluir a culpa. Dá no que se está vendo – muita “folia no ventilador”, como registrou no título reportagem deste jornal A Justiça ainda cumprirá algumas etapas antes de julgar o caso - e dizer que é culpado e inocente - , mas essa é uma boa hora para se fazer uma análise de como os procedimentos jurídicos do governo são aplicados. A lei é rigorosa ao exigir a publicação de editais, a edição de portarias e de decretos. Resta claro que tentar driblá-los, ainda que em nome de uma astúcia momentânea, pode custar caro. Se há algo que pode ser festejado em meio a esse barraco do Foliaduto é a certeza de que a sociedade já está preparada para descobrir irregularidades e cobrar na Justiça pela punição.

Artigo MARCOS BEZERRA Editor de Esportes ▶ marcosbezerra@novojornal.jor.br

Vuvuzelando O mundo foi apresentado às vuvuzelas na Copa da Confederações, ano passado. Desde então, imagino que ninguém tenha gostado. Eu particularmente detestei. É uma coisa estranha. Do começo ao fim aquele zumbido acompanhando a narração enfadonha de algum figurão da TV brasileira - não tenho TV por assinatura. Desenvolvi até uma técnica para o primeiro jogo da manhã. Como trabalho até tarde, escuto a narração por baixo do sono e, inevitavelmente, desperto quando o narrador sobe o tom da voz em algum lance mais perigoso ou gol. Quando o jogo é mais interessante, o jeito é enfrentar as vuvuzelas. Antes de encarar o teclado do computador estava assistindo a poderosa Alemanha cair diante da Sérvia. Os comentários do meia Petkovic, do Flamengo, ajudaram. Nada como ter alguém que conheçe o futebol do país e os atletas que estão em campo - em alguns jogos os comentaristas fingem entender o que muda quando o técnico substitui um desconhecido por outro igualmente desconhecido. O time é bom demais! O da Alemanha. Mesmo com um a menos; Klose foi expulso num lance besta - deve ter sido reza de Ronaldo dito fenômeno para continuar sendo o maior artilheiro da história das Copas -, a turma de Joaquim Löw dominou completamente a partida e só não conseguiu pelo menos o empate porque Podolski perdeu um pênalti. O gol Sérvio parecia obra do Botafogo de Joel Santana e Loco Abreu. Zigic, de 2,02m, ajeitou de cabeça e Jovanovic fez. Os alemães perderam uma carrada de gols e a turma dos Bálcãs ainda mandou duas na trave. Aí termina o jogo e fico aliviado pela vitória Sérvia - mania de torcer pelo mais fraco. Mas o alívio, percebo, vem também de outro fato: acabou o zumbido estressante das vuvuzelas. A França chegou a culpar o barulho pelo fraco desempenho na estreia; parece que foi pior no jogo contra o México - merci beaucoup e um au revoir quase certo já na primeira fase da Copa. A Fifa defendeu a cultura popular africana, sem levar em conta que as benditas cornetas foram introduzidas nos estádios do país há apenas nove anos. Nada mais do barulho da torcida, da pancada seca na bola, do que alguém na blogosfera chamou de humanidade das arquibancadas. Um locutor famoso da Rádio Globo, se não me engano José Carlos Araújo, costumava narrar os lances perigosos com: “E a galera fez uuhh!” Nos estádios da África do Sul, a galera gritou o que mesmo? Pior, daqui mais um tempo, todos eles terão esquecido o que é um grito de torcida, na verdade, nem mesmo poderão ouvir um... Estarão todos surdos.


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