2018 - Noticias - Março/Abril

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Notícias

Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Março - Abril / 2018 - Ano LXIV nº 481

“O estrangeiro que reside convosco será tratado como um dos vossos compatriotas e amá-lo-á como a ti mesmo” (Lv 19, 34)


Sumário

Mensagem

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Mensagem de Páscoa do Provincial................................ Mensagem de Páscoa do Ministro Geral........................

Vida Fraterna

08 Frei Juvenal Bonfim Recebe Prêmio.................................12 Frei Elivânio se Prepara para ir a Jerusalém....................13 Às Portas do Noviciado..................................................... 14

Ultimas do I Congresso Definitorial 2018-2020 ...............

Evangelização e Missão

15 Dia Mundial da Água........................................................ .16 CFFB e o Compromisso com as Águas............................17 Carta Compromisso com a Água......... ..................................18 “Malditas as Armas que Ferem e Matam”.............................. 19 Missão da CFMB em Roraima Comemora 25 Anos........20 JPIC Realiza Curso e Discute Sobre Migração................22 Retalhos da Semana Santa na Província.........................23 I Reunião do SPEM..............................................................

Formação 26 Formação sobre OFS e Jufra no Noviciado Comum.....28 Carta Aberta aos Bispos Brasileiros..................................30 Carta da CNBB ao Povo de Deus..........................................33 “A pior Violência é a Pobreza”.................................................35

Francisco: o Homem do Encontro e do Diálogo.............


Mensagem

Palavra

Do Provincial

C

É PÁSCOA, É RESSURREIÇÃO! JESUS VIVE, ALEGREMO-NOS!

aros irmãos e irmãs, durante o tempo santo da Quaresma fizemos um i�nerário de recolhimento, jejum e arrependimento. Fomos convidados a morrer para tudo aquilo que nos afasta de Deus e não nos responsabiliza com os irmãos. Nesses quarenta dias, marcados por acontecimentos que revelam a contraditória divisão humana e o ódio aos que lutam pelos direitos humanos, reconhecemos que é preciso voltar ao Senhor e acreditar na esperança da ressurreição de dias melhores. Essa esperança, que gera vida, quem a oferece ao homem é Deus, na pessoa de Jesus de Nazaré. Não qualquer vida que é ofertada, mas a Nova Vida que vence a morte, as dúvidas, os medos e os vazios da existência! Da nossa parte, homens peregrinos, só alcançamos essa Vida Nova quando estamos perto de Jesus. Ele é sinal da esperança para o mundo chagado pela violência, intolerância, indiferença, individualismo. Jesus, com seu teste-

munho e sua entrega à Cruz nos apresenta uma vida descentrada de si e totalmente centrada no outro. Ele morre pelos homens e na ressurreição oferece ao homem a coragem de não ter medo da morte. Sua Vida é radicada no amor do Pai que se dá aos homens. Aqueles que o seguem poderão desfrutar da Vida Nova “se” se deixarem guiar por Deus. É o próprio Cristo que nos convida para, com ele, par�cipar dessa vida que ressurge. Jesus passou pelo mundo fazendo o bem e curando todo �po de enfermidade porque Deus estava com ele. É por isso que Ele se torna modelo para os discípulos e deve ser modelo para nós. Sua Morte e Ressurreição sinte�zam sua missão que é orientada pela obediência ao Pai que, por sua vez, quer vida para todos. Estar com Jesus na espera da ressurreição é estar unido, como família de Deus, às realidades do mundo que carecem de paz e jus�ça. É estar pronto para lutar em prol da dignidade humana que

não deve ser violada em nenhuma circunstância. A Ressurreição de Cristo age em nosso meio quando despertamos para a promoção da cultura da fraternidade: que aponta os caminhos de jus�ça e que denuncia as ameaças e violações aos homens, sobretudo os mais necessitados. Se nós, Frades Menores, temos como forma de vida o Evangelho, então somos convidados a deixarmo-nos envolver pelo amor, pela luz e pelo encantamento do Ressuscitado que se dá inteiramente pela humanidade. Jesus ressuscitou para nos provar que o amor de Deus aos homens é incondicional. Renovemos, então, nossa confiança n’Ele e sejamos fiéis testemunhas deste amor. Feliz e abençoada Páscoa para cada Irmão e Fraternidade.

Frei João Amilton dos Santos, OFM Ministro Provincial Recife – Pernambuco, 26 de março de 2018

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Mensagem ABRIRAM-LHES OS OLHOS E ELES O RECONHECERAM! Lc 24, 31 Queridos Irmãos, A presença de Jesus ressuscitado e glorioso esteja com todos vocês! Neste ano a nossa Ordem celebrará o Conselho Plenário em Nairóbi, colocando no centro da reflexão o tema da Escuta como condição para poder interpretar criativamente aquilo que o Senhor diz em sua Palavra, nos acontecimentos cotidianos e na vida de cada um dos frades. Pensei então que esta carta pascal deveria estar em sintonia com este tema, buscando na fonte inexaurível da Palavra alguns textos bíblicos paradigmáticos que podem ajudar-nos a compreender melhor o mistério da ressurreição de Cristo e sobretudo o efeito que provoca um evento tão grande na vida de cada um daqueles que creem. A Quaresma nos ofereceu chaves de interpretação muito importantes em nosso itinerário rumo à Páscoa. A cada Domingo nós escutamos algumas leituras que nos mostram o empenho de Deus em oferecer o dom da salvação a um povo que a própria Escritura define como sendo de cabeça dura. No segundo Domingo da Quaresma, de modo particular, a liturgia nos ofereceu um trecho do Novo Testamento sobre a Transfiguração do Senhor que, sem dúvida quer ser um prelúdio do esplendor da glória que o Filho viverá e fará viver todos aqueles que creem nele. Esta condição de glória, porém, não será possível sem antes ter que enfrentar uma das provas mais insidiosas e dilacerantes: a morte. Focalizo o olhar em primeiro lugar sobre este texto porque nele evidencia-se claramente uma situação de perplexidade, confusão e até atordoamento por parte dos três discípulos que Jesus tinha levado consigo. Pedro, por primeiro, deseja um estado de bem-estar que contrasta com a frase que Jesus

tinha pronunciado em precedência: quem quiser salvar a própria vida a perderá, mas quem perder a própria vida por minha causa e por causa do Evangelho, a salvará (Mc 8,35). A versão do evangelista Marcos evidencia o desânimo e a confusão que os discípulos experimentaram depois que receberam o anúncio da paixão e morte de Jesus. Tal perplexidade aproxima-se àquela que os discípulos de Emaús experimentaram. Eles pensam que entenderam o que tinha acontecido em Jerusalém, mas Jesus avalia como insensatos e lentos de coração (cf. Lc 24,25). A cena da Transfiguração acentua particularmente o ato de “escutar”. Quando Jesus se transfigura diante deles, uma voz provinda da nuvem diz: este é o meu Filho, escutai-o (Mc 9,7); um imperativo muito útil para reafirmar a ideia de que o poder da morte e o suplício da cruz não podem superar a eficácia da tarefa messiânica e salvadora, mas que tal sacrifício tornar-se-á uma bandeira da vitória que proclama a derrota da morte (cf. 1Cor 15,55). Escutar aqui significa escolher como escolheu Jesus, aceitar o estilo proposto por Ele, seguir atrás dele (cf. Mc 8,34), em um caminho que inicialmente não é glorioso, nem cheio de estímulos, mas que levará cada pessoa à plenitude da vida, a uma vida verdadeira no amor, na paz e na comunhão com todos. Um segundo texto que eu gostaria de considerar, sempre em chave de escuta, é a narração pós-pascal do encontro de Jesus com os dois discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35). Um texto fascinante, escrito com uma habilidade notável, composto para ser um ensinamento sobre o caminho dos discípulos que aprendem a reconhecer o Senhor ressuscitado. Os textos evangélicos que narram os encontros com o Ressuscitado são vários e diversos nas 2018 / Mar - Abr

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formas, nas modalidades, nos estilos, mas todos concordam em evidenciar como não foi fácil, nem mesmo para os discípulos que tinham vivido com Jesus, de reconhecer o Ressuscitado. Os evangelistas coincidem em dizer que quando os discípulos encontravam Jesus ressuscitado duvidavam e não tinham certeza de quem era, pois não o viam como o tinham visto poucos dias antes, na sua experiência histórica, na carne de sua humanidade, pelo qual se confirma que o Ressuscitado é exatamente o mesmo, mas é completamente diferente. O evangelista Lucas afirma a ideia de que não basta ver Jesus para crer no Ressuscitado. É necessário fazer um caminho inteligente de compreensão das Escrituras para chegar, acompanhados pelo próprio Jesus, a um reconhecimento verdadeiro de sua presença. Em outras palavras, é a meditação das Escrituras e a aplicação destas a Jesus que na comunidade dos fieis faz brotar uma convicção da veracidade da Ressurreição. A fé pascal não é só fruto do ver com os olhos, mas do repensar as Escrituras observando o seu cumprimento na pessoa do Ressuscitado. Eis porque a visão sozinha não é suficiente: não é a aparição que persuade, mas a explicação da Escritura e o itinerário de crescimento que se faz rumo a uma maturidade na fé. O próprio Paulo afirma na carta aos Romanos: como poderiam invocar aquele em quem não creram? E como poderiam crer naquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? (Rm 10,14). Lucas ambienta o episódio em uma tarde em que o sol já vai entrando. Os discípulos dirigemse para Emaús, em uma estrada de descida, é um caminho de retorno para casa, assinalado pela tristeza e pelo desejo de retirar-se em um ambiente privado, caracterizado pelo falimento e pela desilusão. Voltam porque pensam que erraram, que perderam tempo na vida deles. Seguiram um personagem, Jesus, esperando que fosse ele que salvaria Israel, mas ao contrário, tudo acabou tragicamente. A um certo ponto Jesus se une a eles e caminha com eles. Os dois discípulos que deveriam conhecer muito bem Jesus, pois estiveram com Ele um bom período de tempo, agora não são capazes de reconhecelo. Por qual motivo?

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Depois desta aproximação física do Ressuscitado em relação aos discípulos, Ele ainda toma a iniciativa de perguntar: que palavras são essas que trocais? (Lc 24,16). Jesus mostra um comportamento educativo e faz uma pergunta retórica para fazê-los expressarem e envolvelos. Não manifesta-se imediatamente porque o reconhecimento do Ressuscitado requer um caminho. Parafraseando a pergunta, Jesus está dizendo: o que está no coração de vocês, qual é o interesse de vocês? À pergunta feita por Jesus segue uma longa resposta destes dois discípulos carregada de presunção e com o desejo de querer ensinar algo; praticamente é a transmissão oral do falimento que eles estão experimentando naquele exato momento. Eis porque eles não o reconhecem. Eles estão convictos de saberem mais do que aquele forasteiro que acabaram de encontrar. Um particular que precisa notar está no fato do evangelista colocar em cena os dois discípulos, mas nomeia apenas um, Cléofas. Quem poderia ser o outro? Considerando a natureza própria das narrações bíblicas do ponto de vista narrativo, o narrador deixa um espaço para que o leitor se sinta envolvido e ocupe também um lugar dentro da narração. O outro discípulo, então, sou eu, é você, é cada fiel que recebe este anúncio. Existem outros particulares a evidenciar nestes textos, mas tentando vê-los integralmente gostaria acima de tudo propor uma pergunta: estamos convictos, nós os frades de nosso tempo, de reconhecer a pessoa do Ressuscitado que percorre o caminho também conosco? Durante as visitas que tive o privilégio de fazer em algumas Entidades de nossa Ordem, eu pude constatar que uma grande maioria dos irmãos e irmãs sabem testemunhar a ressureição do Senhor com a própria vida; contudo, constatei também que ainda em certos âmbitos existem “rumores” externos e até mesmo internos, que obstaculizam a intenção de colocar-se à escuta do Senhor e impedem de percorrer um caminho de profundo discernimento semelhante àquele que viveram os dois discípulos do Evangelho, depois de terem vivido juntos com Jesus um momento eucarístico sublime e salvador. Para mim, nós estamos expostos a um duplo risco que consigo entrever nas narrações


evangélicas expostas. Por uma parte, o medo e a perplexidade quando temos que enfrentar as adversidades que nos empurram a permanecermos em nossa “área de conforto”, evitando a escolha do caminho da cruz proposto por Jesus. É como se buscássemos economizar os momentos de desconforto para experimentar um estado de falso conforto que nos leva a dar prioridade ao nosso próprio projeto, deixando em segundo plano o projeto de Deus. Por outra parte, podemos adotar um comportamento inicial dos dois discípulos que vão rumo a Emaús, isto é, aqueles que creem saber tudo e instruir os outros, até mesmo no pessimismo e no desânimo, sem sequer parar um instante para escutar os interlocutores. Com dor, de vez em quando eu devo encontrar-me diante da realidade de irmãos que sofrem as consequências da falta de comunicação nas fraternidades locais e provinciais. Isto me confirma mais uma vez que as pessoas “cheias de si mesmas” dificilmente podem abrir um espaço para escutar a voz do outro, e não são capazes de fazer silenciar tantas vozes que falam ao mesmo tempo, para dar prioridade ao silêncio como um espaço privilegiado para escutar Deus e para ler os sinais dos tempos com audácia e sabedoria. O maior problema aparece quando as coisas não vão como estavam previstas. Acontece o mesmo que aconteceu com os discípulos de Emaús: chega a desilusão, o falimento, a desolação, o desejo de deixar tudo para voltar atrás e não querer saber de mais nada. Assistimos então à ruína do projeto individual, pois acreditávamos que éramos o centro de tudo, deixando de lado Jesus, o autor verdadeiro e próprio de cada projeto. O evento da Ressurreição não pode ser reduzido à contemplação de um morto que volta à vida. A Ressurreição vai além da dimensão física e nos leva a uma experiência de autêntica salvação, com os efeitos que esta produz, assim como

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ocorreu com os discípulos da primeira geração. O evangelista Lucas insiste na ideia de que só se pode reconhecer o Ressuscitado se se caminha com Ele, enquanto nos ensina e nos explica as Escrituras e, de modo particular, quando se senta à mesa com Ele para partilhar o pão partido. Seus olhos se abriram e o reconheceram, diz o texto, para evidenciar que, apesar da insensatez deles, depois de percorrer o caminho com Ele, foram capazes de redescobrir a nova presença do Ressuscitado. Esta é a boa nova declarada pelo próprio Evangelho: nós também seremos capazes de vencer cada tentação de autorreferencialidade ou de ceticismo se nos exercitarmos no escutar a Deus e aos nossos irmãos, se formos capazes de entender com a mente e com o coração a Palavra revelada que nos foi entregue. Em São Francisco encontramos o claro exemplo de alguém que faz um caminho de vida evangélica, junto com os seus irmãos e com os pobres, e que chega com o coração cheio de alegria ao reconhecimento daquele que transformou para sempre a sua vida. Concluo esta carta com as palavras que nos presenteou o Papa Francisco na carta de Quaresma deste ano: “Na noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz, tirada do «lume novo», pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia litúrgica. «A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do espírito», para que todos possamos reviver a experiência dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e caridade” (Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2018). Desejo a todos vocês uma abençoada e santa Páscoa na estrada da escuta e do discernimento, isto é, da vida renovada em Cristo.

Roma, 29 de março de 2018 Quinta-feira Santa Fr. Michael Anthony Perry, OFM Ministro geral e servo Prot. 108167

Immagine: Maša Bersan Mašuk, Cristo Risorto, Basilica Marija Pomagaj - Brezje, Slovenia

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ÚLTIMAS DO PROVINCIALADO

PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL Recife – PE, 20 a 22 de março de 2018 Realizou-se de 20 a 22 de março de 2018, no Convento Santo Antônio de Recife o I Conselho Definitorial do triênio 2018-2020. O Conselho transcorreu com bastante tranquilidade e seriedade. Iniciou um dia depois do término do Secretariado Provincial para a Formação e os Estudos, e concluiu com o Encontro dos Párocos com o Definitório e o Conselho Econômico Administrativo, que foi realizado em Olinda. Abaixo segue um resumo dos principais assuntos discutidos, bem como das principais resoluções tomadas. Uma prece pelo luto do irmão O Definitório recordou no início da reunião o falecimento de dona Francisca da Silva Mendes, mãe do nosso confrade Frei Francisco Édson, residente em Fortaleza – CE. E ao recordar, rezou por ele, por sua família e pelo eterno descanso dela. Nossos irmãos idosos e doentes Houve uma partilha muito carinhosa e preocupada sobre a vida e o cuidado dos irmãos idosos e doentes da Província, tendo presente a decisão capitular que o cuidado deles e a questão que se refere à saúde são prioritárias. • Salvador – Foi partilhado que Frei Antônio de Góis ao chegar em Salvador foi muito bem acolhido na fraternidade, e essa tem buscado ajudá-lo naquilo que ele necessita, sobretudo no tocante a sua saúde. Frei Leônidas Menezes expressa sempre a sua satisfação por estar em Salvador e é muito feliz dentro daquele espaço que lhe recorda muitos dos seus feitos do passado. Os demais confrades de Salvador: Frei João José, Frei Hermano Wiggenhorn, Frei Albano Nóbrega, Frei Arnaldo Motta, Frei Vicente Ferreira e Frei Casimiro Pereira, frente a fragilidade da idade e as questões de saúde, estão sendo bem assistidos,

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seja pelos confrades da fraternidade, seja pelos cuidadores que se dedicam com bastante zelo por eles, ou ainda pelos médicos que lhes assistem. Ao falar de Salvador foi recordado que é importante que nossa Fraternidade Provincial se desfaça da infeliz mentalidade que Salvador é o “corredor da morte”, afinal de contas, o que há, na realidade, é uma preocupação bastante acentuada para criar, àqueles confrades que chegam, um espaço de acolhida e que favoreça seu bem-estar e recuperação. • João Pessoa – Frei Anastácio Ribeiro foi surpreendido com um infarto e foi diagnosticado com 90% de duas artérias entupidas. Após passar um tempo na UTI, recebeu alta e se recupera bem. Frei Vito Hoffman, que possui uma vida bastante disciplinada, tem sido atingido cada vez mais pela dificuldade na visão, mas tem sido assistido com atenção. Frei Hermano Heyens continua firme e fazendo seus exercícios físicos. Sobre a adaptação da casa de João Pessoa para acolhimento dos frades idosos, isso já está sendo encaminhado. Um arquiteto e um engenheiro foram ao convento com a finalidade de fazer um projeto que o adapte a essa realidade. As expectativas são as melhores possíveis de criar um espaço que favoreça o bom acolhimento dos frades. • Olinda – Frei José Milton mudou-se para o segundo andar do convento, ficando mais próximo da fraternidade e contribuindo com a finalidade da casa que tem se configurado como casa de encontro. Sobre sua saúde, se encontra bem, e tem feito exames periódicos, embora sinta que já não tem muita força para fazer tanto esforço físico. • Canindé – Dom José Haring tem apresentado certo cansaço e começa a sentir um pouco a mudança da dinâmica da vida, mas, ainda assim, contribui bastante nas atividades de Canindé. Frei Adalberto Lessa, Dom


Vida Fraterna Martinho Lammers e Frei João Sannig estão bem, embora o envelhecimento lhes chegue, são bastante ativos no exercício pastoral do Santuário e das comunidades. • Campina Grande – Frei Josafá Araújo e Frei Petrônio estão bem e são bem cuidados. • Fortaleza – Frei Adimar realizou por volta de um mês atrás um cateterismo, mas passa bem, já está em casa e continua ativo nas atividades. Frei Sigismundo continua com seu quatro de saúde estável e está sendo acompanhado por cuidadores. • Recife – Frei Humberto Bruegger está bem. É assistido por cuidadores e continua exercendo seu ministério presbiteral nas Confissões e Celebrações conventuais. • Alemanha – Frei Crisóstomo Wolters estava se sentindo fraco e para se recuperar foi enviado à Casa de Idosos em Alstätte, perto de Gronau. É nessa mesma casa que já se encontra há alguns anos Frei Wendelin Krüger. Formação Permanente • Encontro da Terceira Idade – Está previsto para acontecer nos dias 02, 03 e 04 de maio desse ano. Os dois primeiros dias será de encontro, em Lagoa Seca, e o último dia de lazer, em João Pessoa. Como assessor para este encontro o Definitório indicou Frei José Edilson Maurício do Santos, que fez um curso sobre cuidado de idosos. Ele, juntamente com o Moderador da Formação Permanente deverá pensar um pouco o programa do encontro. Formação e Estudos Frei Sérgio Moura Rodrigues Secretário Provincial para a Formação e os Estudos apresentou a síntese da reunião deste secretariado que aconteceu no dia 19 de março no Convento de Recife. • SAV – Uma média de setenta jovens tem sido acompanhados no território da Província. Os frades que trabalham no acompanhamento desses jovens são, por região: Ceará – Frei César Lindemberg e Frei Diolindo Santos, Rio Grande do Norte – Frei Alleanderson Brito, Paraíba – Frei Juscelino da Silva e Frei Pedro Junior, Pernambuco – Frei Ronaldo César e Frei Faustino dos Santos, Sergipe – Frei Arthur Bruno, Bahia (Salvador) – Frei Jail-

son Mercês e Frei João Pedro, Bahia (Campo Formoso) – Frei Ricardo Gomes e Frei Dennys Santana. • Postulantado – Frei Paulo Araújo (Mestre) e Frei José Gilton (Vice-Mestre) acompanham uma turma com vinte e quatro jovens originários de diferentes regiões do Nordeste do Brasil. Desses, oito são do segundo ano e se preparam para ingressar no Noviciado em julho, e dezesseis foram admitidos esse ano e passarão um ano e meio nessa etapa. Ele apresentou o programa da casa de formação que é rico de trabalhos e formações. Enfatizou que o povo é solidário e auxilia bastante com a formação da casa do Postulantado. • Noviciado – Frei Wellington Buarque juntamente com a fraternidade que comporá o Noviciado já tem planejado uma série de coisas para essa etapa de formação que tem previsão de início dia 15 de julho deste ano. • Juniorato – Tanto em Fortaleza quanto em Salvador, os formadores estão de chegada e estão dispostos a fazer um processo de caminhada tranquilo e aberto com os jovens dessa etapa de formação. • Experiência Fraterno-missionária – Atualmente são cinco frades que estão nessa experiência: Frei Arthur Bruno está em Penedo – AL, Frei Elias Gertrudes e Frei Willames Batista estão em Boa Vista – RR, na missão interprovincial; Frei Marcondes Uchôa e Frei Clerison Carvalho estão em São Francisco do Conde - BA, esse local foi escolhido estrategicamente, pela proximidade com Salvador, para que eles também se dedicassem à escrituração do TCC do curso de Filosofia. • Curso para Formadores – Frei Sérgio Moura e Frei Francisco Rogério participaram do Curso para Formadores promovido pelo Serviço para a Formação e Estudos (SERFE) da CFMB. O curso contou com a participação de 29 frades e foi rico em assessorias e temas. Evangelização e Missão • Aconteceu no dia 22 de março, em Olinda, o Encontro de Párocos da Província com o Definitório e o Conselho Econômico e Administrativo. Dos participantes, só estavam ausentes os párocos de Fortaleza, Pesqueira e Aracaju. O encontro que iniciou com uma partilha sobre as realidades das paróquias, teve a 2018 / Mar - Abr

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finalidade primordial de discutir sobre os contratos que devem ser encaminhados, o quanto antes, com as respectivas Dioceses onde estão localizadas nossas paróquias. Foi apresentado alguns modelos de contratos, e decidido que em cada realidade o modelo aprovado no encontro deve ser apresentado ao Bispo Diocesano e, em comum acordo com ele, deverá ser feitas as negociações. Foi enfatizado que é importante que se leve em conta as necessidades da Província, uma vez que em algumas situações se tenciona um interesse mais voltado à Diocese que à Província. Para realizar esse diálogo, o Ministro e o Ecônomo Provinciais, após a Semana Santa, e tendo marcadas as reuniões com os respectivos Bispos, de dirigirão às Paróquias, para, juntamente com o Pároco, ir estabelecer esses contratos, como dito, levando em conta, cada realidade. Quanto a marcação dos encontros com os bispos diocesanos, competirá ao Secretário Provincial e ao Ministro Provincial, realizar isso. • Frei Roberto Soares e João Bosco Bonifácio tiveram um momento de participação no Conselho Definitorial para falar do trabalho com os hansenianos que realizam no Centro Social da Mirueira. Eles fizeram um resgate histórico expressando que essa ação, desde a sua fundação, sempre esteve ligada à vida dos frades. Ofereceram seu serviço à Província, e caso as paróquias e presenças se sintam interessadas, podem contactá-los para que eles realizem esse trabalho de formação, orientação e conscientização junto as suas localidades. • Acontecerá dia 07 de abril, em Mossoró, o Encontro do SIFEM Provincial. Os membros participantes desse encontro são: o Secretário de Evangelização e Missão, o Animador do JPIC, o Comissário da Terra Santa, o Animador do SAV, o Representante dos Párocos, um Frade Responsável pelas Missões (Frei Francisco Rogério), um Representante da Comunicação, o Secretário de Formação e Estudos e o Representante da FFB. • O Encontro de Párocos e Leigos acontecerá nos dias 01 e 02 de setembro em Olinda – PE. Cada pároco deverá enviar uma representação de leigos paroquianos (até dois). A chegada é prevista para o dia 31 de agosto. A confirmação deverá ser feita ao Secretário Provincial para a Evangelização e Missão – Frei Gilmar Nascimento.

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• O Encontro anual do Secretariado Interprovincial Franciscano de Evangelização e Missão da CFMB (SIFEM) será realizado de 14 a 17 de maio, na Fraternidade do Convento São Francisco, em Salvador – BA. Economia Provincial Frei Severiano foi convidado pelo Conselho Definitorial para fazer um repasse de como anda a situação econômica provincial. Dados os números que não são surpreendentes, os Conselheiros apresentaram algumas propostas que surgiram como forma de gerar um capital para a Província. As propostas estão sendo estudadas para, de um lado, suprir especialmente as necessidades referentes a Saúde, aos Idosos e a Formação, e do outro, para que seja investido em meios possíveis para rentabilidade financeira. Outro assunto conversado foi sobre a necessidade do urgente contrato com as Dioceses. É importante que as Paróquias, bem como as Casas da Província, se responsabilizem com a Economia Provincial. O contrato com as Dioceses deve contemplar o auxílio à Província. Redimensionamento e entregas • Lagoa Seca – A Paróquia já está sob a responsabilidade da Diocese de Campina Grande. A posse do novo Pároco, Padre Aparecido Camargo, aconteceu dia 28 de fevereiro e contou com uma boa participação do Clero Secular e dos frades da Província. • Cosme de Farias – O processo de entrega está se dando de modo cauteloso, com diálogo entre o Provincial e o Arcebispo. • Cairu – Dom Valdemir, Bispo de Amargosa, prometeu o quando antes receber a Paróquia que está sob a responsabilidade da Província. Quanto ao Convento, a Província tem buscado entrar num acordo com a Diocese. Alteração no Calendário Provincial • II Conselho de Formação - A data do próximo Conselho de Formação – que será ampliado – acontecerá dias 18 e 19 de maio em Recife. A previsão anterior era acontecer nos dias 19 e 20, porém, tendo presente que o dia 20 de maio é a festa de Pentecostes, o Conselho


foi antecipado em um dia. • II Congresso Definitorial do Triênio – Acontecerá 22, 23 e 24 de maio em Canindé – CE. Acolhida de frades para experiência

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encaminhou ao Definitório o pedido para que seu tempo de estágio diaconal fosse realizado em Salvador, na Paróquia de Cosme de Farias, mesmo diante da previsibilidade da entrega dessa Paróquia à Diocese. Seu pedido foi aceito. Quando a entrega for realizada, essa determinação deve ser dialogada com o novo Pároco.

Está prevista a chegada de quatro frades para fazer a experiência em Canindé no segundo Assistência de OFS e JUFRA semestre. Os frades são, dois da Província da Santa Cruz, um da Custódia do Sagrado CoCEARÁ ração e um da Província São Francisco do Sul. *Jufra e Mini-Jufra do Otávio Bonfim: Frei Diolindo Santos Lima. CFMB e ORDEM *OFS e JUFRA de Nova Metrópole: Frei F. Lorrane Clementino. • III Encontro Nacional Franciscano de *JUFRA Regional CE/PI: Juventudes – Será realizado de 19 a 22 de ju- Frei F. Lorrane Clementino. lho de 2018, em Vila Velha – ES. Os frades da Província que participarão desse encontro são: PARAÍBA Frei Alleanderson Brito, Frei César Lindem- *OFS: Frei Hermano Schwartbeck. berg, Frei Gilmar Nascimento, Frei Welling- *OFS Regional PB/RN: ton Buarque, Frei Pedro Junior, Frei Arthur Frei Juscelino da Silva Pinto. Bruno e Frei Dennys Santana. As fraternidades onde os confrades residem serão responsáPERNAMBUCO veis por financiar a participação deles. *JUFRA Regional PE/AL: Foram disponibilizadas 45 vagas para a Pro- Frei Adriano Ferreira da Silva. víncia que poderão ser preenchidas pelos jo- *JUFRA de Camela: vens das nossas paróquias e presenças. Para Frei Faustino dos Santos. a escolha dos jovens, devem ser priorizados *OFS de Trunfo: Frei José Gilton Rezende. aqueles que participaram do Encontro de Juventudes Provincial no ano passado em CaSERGIPE nindé, com a possibilidade de outros poderem *OFS de Aracaju: Frei José Firmino Neto. participar. As despesas serão arcadas pelas paróquias e locais de onde os jovens pertencem. • Projetos à Missão Central (MZF) – Para maiores informações entrar em contato Foram aprovados os projetos: com o Secretário do SIFEM (Frei Gilmar Nascimento). *“Pescando Vida e Dignidade” do Serviço Pas• Conselho Plenário da Ordem - Frei Wel- toral de Assessoria aos Pescadores Artesanais legton Jean foi escolhido pela CFMB para, nos Estados do Ceará e Piauí, assistido pelas juntamente com outros frades de outras Pro- Irmãs Franciscanas Bernardinas. víncias, participar do Conselho Plenário da Ordem, em Nairobi – África, no período de 11 *“OSSAM na luta pela superação da Violência” a 29 de junho de 2019. da Obra Social Santa Maria das Irmãs Fran• Capítulo Geral Under Ten 2019 – Acon- ciscanas de Maristella. tecerá em julho de 2019 em Taizé na França. O Definitório indicou os nomes de Frei Pedro Junior Freitas e Frei Faustino dos Santos para Dado no Convento Santo Antônio do Recife, participarem. aos 23 de março de 2018 Pedidos •

Estágio Diaconal – Frei José Edilson

Frei Faustino dos Santos, OFM Secretário Provincial 2018 / Mar - Abr

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Vida Fraterna

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FREI JUVENAL BONFIM RECEBE PRÊMIO DOM EXPEDIDO LOPES EM GARANHUS

rei Juvenal Bonfim, que dedicou sua vida à causa dos mais pobres na região do Sítio Cruz e circunvizinhança, na Diocese de Garanhuns, recebeu no dia 19/03, dentro da celebração do centenário da Diocese, o prêmio Dom Expedito Lopes. Frei Juvenal se dedicou anos a fio na militância nas CEB’s, juntamente com uma equipe. Lutou durante os anos de sua vida pela dignidade de vida das pessoas menos favorecidas. Um marco importante foi a luta pela acessibilidade da água ao povo da Zona Rural onde residia. Criou a Festa da Colheita, importante evento que reúne os produtores simples que generosamente apresentam os dons, frutos do trabalho diário. Possuía uma espiritualidade encarnada na vida das pessoas, tanto que elas o tinham como um irmão: o Irmão Juvenal! De fato ele era um com o povo, estava com eles nas dores e nas alegrias. Foi nessa dinâmica de doação que ele entregou-se até o momento de sua morte. Frei José Carlos Fernandes e Frei Adriano Ferreira foram os representantes da Província na celebração de homenagem.

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FREI ELIVÂNIO LUIZ SE PREPARA EM ROMA PARA IR A JERUSALÉM

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Senhor nos arrancou da trevas e da sombra da morte com sua paixão, morte e ressurreição! É com o coração transbordando de alegria pascal que me alegro em partilhar um pouco dos meus anseios e desejos de me lançar nas águas profundas que o próprio Senhor nos convida. As experiências vividas em nosso cotidiano existencial devem ser verdadeiras “escolas” que nos ensinam a experimentar com liberdade e decisão aquilo que acreditamos que sejam os verdadeiros valores. Valores estes que nos levam a nos questionar sobre qual o nosso verdadeiro papel na Igreja e na sociedade, como cristãos, mas também como herdeiros e continuadores do carisma que o Espírito Santo suscitou no coração de Francisco e Clara de Assis. O tempo vivido aqui em Roma para mim tem sido, acima de

qualquer coisa, um tempo de graça e conversão, mas também tempo de confronto com as minhas próprias limitações humanas, porém tenho aproveitado cada momento com profunda intensidade e paciência. Tudo isso vivo com convicção profunda que é a minha vontade que se encontra com a vontade do Senhor. Digo tudo isso com bastante liberdade e desejoso de corresponder a esse novo ciclo em minha caminhada franciscana. Já fazem dois meses de minha chegada aqui na cidade de Roma. Estou vivenciando um tempo (três meses) de estudo da língua italiana, isso tem exigido de mim muita calma e paciência comigo mesmo. Quero destacar com alegria a calorosa acolhida dos frades da Custódia da Terra Santa que aqui moram no Convento da Delegação. Essa grande acolhida me fez relembrar com muita emoção o primeiro contato com os franciscanos quando cheguei em Recife para iniciar meus encontros vocacionais. Tudo que vivi e que desejo viver, tenho plena certeza que é fruto da graça de Deus que me faz

dizer com todas as minhas forças: “Como é bom ser franciscano!”. Estando já para terminar meu tempo aqui, as minhas expectativas são as mesmas de uma criança que nos primeiros passos de sua vida tem em sua mente uma explosão de sentimentos, medo, o sentimento de incapacidade mas, acima de tudo, confiança pois “Aquele nos chamou é sempre fiel”. O sentimento que trago comigo é o de Gratidão, uma forma simples de expressar um sentimento que não é feito de palavras, mas de gestos. Ao chegar a Terra Santa irei residir no convento de São João, em Ain Karem, região montanhosa da Judéia. Assim como Maria partiu com pressa para servir sua prima Isabel, desejo também partir com pressa para a cada dia deixar-me guiar pela vontade do Senhor. Com minhas orações e com o coração cheio de alegria desejo a todos confrades da Província de Santo Antônio toda paz e todo bem d’Aquele a quem consagramos nossa vida. Em Cristo, Francisco e Clara. Frei Elivânio Luiz, OFM

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Vida Fraterna

ÀS PORTAS DO NOVICIADO: UM APRENDIZADO A CADA PASSO DADO

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ano de 2018 começou com muita esperança. Logo em janeiro aconteceu o Capítulo Eletivo da Província na cidade de Lagoa Seca – Paraíba. Foi um momento muito intenso e, sem dúvida, proveitoso. Logo após o aconteceu o Congresso Capitular, onde foi tomada a decisão que o Noviciado se iniciará no dia 15 de julho de 2018. Desta feita, a nós, postulantes que concluímos o segundo ano do Postulantado: Antônio Jeferson Guerra Lima, Clebson de Carvalho Cruz, Luiz Antônio Souza Oliveira e Paulo José do Nascimento, competiria passar um período a mais a espera do tão sonhado tempo da Provação. Para esse tempo de espera foi nos aconselhado ir a Fortaleza, para o Convento Nossa Senhora das Dores, até quando, na segunda quinzena de maio, pudéssemos nos dirigir a Triunfo para um tempo de convivência com os outros Postulantes que, em Lagoa Seca, farão juntos conosco o tempo do noviciado. Chegando em Fortaleza no início de fevereiro, fomos recebidos com muito carinho e alegria pelos frades da fraternidade. Aos poucos nos adaptamos ao ritmo da casa que, sendo lugar de formação de junioristas, tem sua dinâmica própria. Os dias em Fortaleza têm sido bastante intensos e dinâmicos. Somos preenchidos de atividades, momentos de oração, formação e missões a

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nível paroquial. Na fraternidade estamos ajudando Frei Erick Ramon com o “Jardim do Sertão” no sitio do Convento, e também auxiliando os Freis Diolindo Santos e Jean Santos na construção de um galinheiro. Às quartas-feiras fazemos visitas nas Comunidades da Paróquia e encerramos a noite com a Santa Missa. Durante a Semana Santa fomos a Canindé e passamos esses dias na Comunidade do Ipu onde rezamos com o povo e fizemos visitas às famílias da comunidade. Aquelas pessoas nos ensinaram bastante com sua cultura, suas experiências de vida, seu jeito de celebrar a vida. Além dessas atividades, estamos tendo uma experiência nova que é o cuidado mais de perto com Frei Sigismundo, o frade mais idoso desta fraternidade. O seu gosto pela vida religiosa e testemunho de fraternidade nos ensina muito e nos motiva a não desanimar. Essa primeira parte, de um ano de expectativas, tem sido de bastante aprendizado. Cada frade com sua peculiaridade tem nos ensinado muita coisa. Esperamos ansiosos pelas próximas etapas confiando na oração das pessoas e no auxilio divino para podermos caminhar perseverantes nessa estrada que Francisco trilhou. Paz e bem

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Luiz Antonio (Pré-noviço)


I REUNIÃO DO TRIÊNIO 20182020 DO SECRETARIADO PROVINCIAL DE EVANGELIZAÇÃO E MISSÃO (SPEM)

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o dia 07 de abril de 2018 no Convento dos Franciscanos, em Mossoró – RN ocorreu a primeira reunião do Secretariado Provincial para as Missões e Evangelização do Triênio (2018 – 2020). Participaram deste encontro: Frei Gilmar Nascimento da Silva (Secretário Provincial para as Missões e Evangelização), Frei Francisco Rogério de Sousa (Moderador das Missões), Frei José Carlos Fernandes (Articulador com a Família Franciscana), e Frei Alleanderson Brito (Animador Provincial do Cuidado Pastoral das Vocações). Inicialmente realizou-se um estudo do Capítulo V dos EEPP (Estatutos Particulares) que diz respeito a Evangelização e Missão. Com uma leitura partilhada foram feitas algumas observações em vista de uma futura revisão

Evangelização e Missão

destes Estatutos. Em seguida realizamos o estudo das Diretrizes Pastorais da Província, que são de 1989. Estas Diretrizes são bem elaboradas, porém, também precisam de uma atualização. Precisa fazer constar nelas a Frente de Comunicação e o Comissariado da Terra Santa. Na parte da tarde refletiu-se sobre a caminhada dos serviços que compõem este Secretariado. Percebe-se que todos estão caminhando e que a articulação destes serviços precisa ser enfatizada. No final do encontro foi apresentada a seguinte programação para este ano: • No período de 14 a 17/05 ocorrerá em Salvador o Encontro anual do SIFEM (Secretariado Interprovincial Franciscano de Evangelização e Missão). São convocados para este encontro: o Secretá-

rio para as Missões e a Evangelização de cada entidade, o Moderador das Missões de cada entidade, O Coordenador do Serviço Franciscano de Justiça e Integridade da Criação (SFJPIC) e o Coordenador da Pastoral Educativa. O tema abordado será “O Protagonismo dos Leigos na Evangelização” e o assessor será Dom Frei Carlos Alberto (Beto) Breis, OFM. • No período de 19 a 22/07 será realizado o III Encontro Nacional Franciscano de Juventudes, em Vila Velha – ES. Cada entidade poderá enviar no máximo 45 jovens. Os párocos já receberam a carta com todos os detalhes para a participação deste encontro. • O Encontro Provincial de Párocos e Leigos será realizado nos dias 31/08, 01 e 02 de setembro, em Olinda - PE. Serão convocados os párocos e dois leigos por paróquia. • E nos dias 17 e 18 de outubro ocorrerá a próxima reunião do Secretariado Provincial de Evangelização e Missão, em João Pessoa – PB. Esta reunião encerrou-se com uma breve avaliação e com o agradecimento do Secretário Provincial de Evangelização e Missão pela realização deste momento de comunhão. Frei Gilmar Nascimento, OFM Secretário do SPEM 2018 / Mar - Abr

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Evangelização e Missão

DIA MUNDIAL DA ÁGUA: FRANCISCANAS E FRANCISCANOS EM DEFESA DAS ÁGUAS

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ranciscanos estiveram presentes no Fórum Alternativo Mundial da Água acontecido de 17 a 22 de março, em Brasília, em vista da “água como direito e não mera mercadoria”. O Fórum Alternativo Mundial da Água, o FAMA, tem acontecido em contraponto ao Fórum promovido pelas corporações, este último com a finalidade da privatização e mercantilização da água, em prejuízo das populações, especialmente dos mais pobres. O Fórum das corporações, em sua 8ª edição, ocorre também nestes dias em Brasília. O FAMA o questiona em seus debates e conclusões que geram mais devastação, desmatamento e poluição, bem como exclui a milhares do acesso à água potável e limpa, e do acesso a serviços de saneamento com qualidade. Desse modo, uma delegação de irmãs e irmãos da OFS, JUFRA, OFM, OFMCap, irmãs de diversas congregações participou do FAMA, desde sua preparação e nesta semana intensa, junto com mais dezenas de movimentos sociais, pastorais, entidades, sindicatos e outros. De modo específico, o Serviço

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Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia (SINFRAJUPE) participou com outras entidades da organização da atividade autogestionada “água como bem comum – estratégias e resistências frente à mercantilização” no dia 18/3 (UNB). Dia 19/3, a delegação realizou uma reunião na Igreja dos Capuchinhos em vista de se organizar para as próximas atividades. E, de modo geral, a delegação participou das atividades autogestionadas dias 18 e 19/3 (UNB) e de 19-21/3 no Parque da Cidade, onde o FAMA aconteceu com diversas plenárias e assembleias populares. Finalizando no dia 22/3, Dia Mundial da Água, com uma marcha no centro de Brasília, visibilizando com milhares de manifestantes que “água é um direito, não mercadoria”, direito dos povos, dos pobres e direito de todos seres vivos, e não mera fonte de lucros às grandes corporações, que vem destruir, devastar e explorar a natureza e as populações! Assim, os franciscanos reafirmam que a espiritualidade é uma força propulsora que nos agrega e direciona ao meio dos “pobres desta terra”, questionando-nos enquanto cidadãs e cidadãos e nos servindo de inspiração na defesa da Casa Comum. Frei Marcelo Toyansk, OFM cap. Washington Lima, JUFRA/OFS


Evangelização e Missão Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB

Irmãs e Irmãos, O Senhor lhes dê a paz! Em continuidade com a Assembleia Geral de 2015, de dinamizar a Laudato Si e aos compromissos que assumimos com o Capítulo das Esteiras de 2017, de eleger “dentre os diversos apelos, um compromisso particular com a Irmã Água [...] através da participação da família em jornadas, fóruns e nas iniciativas de fortalecimento dos trabalhos ligados à Justiça e à Integridade da Criação” (Carta de Aparecida CFFB). Estivemos presentes no Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA 2018, em Brasília. A pós nosso Capítulo, ainda em 2017, fizemos um caminho de preparação ao FAMA, a saber: (a) Um “Curso online de animadores de Laudato Si”, com os temas: em 18 de outubro, Águas Vivas, Rios Voadores; 25 de outubro, Água, Bem Comum; 1 de novembro, FAMA - Água Não é Mercadoria. (b) A 8a Jornada Franciscana de Direitos Humanos, organizada pela JUFRA, em torno da defesa da água como bem comum, que aconteceu de 01 a 10 de dezembro de 2017. Agora, neste mês de março, um grupo da Família Franciscana, animados pelo SINFRAJUPE, participou das atividades do FAMA 2018. O SINFRAJUPE, com diversas outras organizações da Igreja e da sociedade civil da América Latina, África e Europa, organizou um Seminário Internacional, com o tema “Água como direito humano e como bem comum: estratégias e resistências frente à privatização”, que aconteceu no dia 18. Para afirmar o resultado dos debates realizados no seminário as organizações presentes assumiram um compromisso comum através de uma carta intitulada “Para a concretização do direito humano e da natureza à água”. Essa carta traz denúncias a respeito da negação ao direito à água e sugere caminhos possíveis para a superação das situações de injustiça que afetam especialmente as populações originárias em todo o mundo. Apresentamos aqui essa carta, como nosso compromisso em relação à Irmã Água. Pedimos a todas as irmãs e irmãos de nossa Conferência, que a leiam, divulguem e assumam esse compromisso, no dia a dia de seus trabalhos e vida, nas fraternidades e comunidades. Conforme, o que assumimos em nosso Capítulo das Esteiras 2017, vamos continuar nossa caminhada rumo ao Congresso de JPIC da Família Franciscana, que será realizado em 2018. Vamos apresentar em breve um roteiro rumo ao Congresso, tendo como base essa carta compromisso em relação à nossa Irmã Água. Segue em anexo a Carta Compromisso: “Para a concretização do direito humano e da natureza à água”.

Frei Éderson Queiroz OFMCap Presidente da Conferência da Família Franciscana do Brasil - CFFB

SCLRN 709 – Bloco B – Entrada 11 CEP: 70.750-512 Brasília – DF CNPJ: 31.166.622/0001-18 Telefones: (61) 3349-0157 | 3349-0187 E-mail: ffb@ffb.org.br Site: www.ffb.org.br

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Evangelização e Missão PARA A CONCRETIZAÇÃO DO DIREITO HUMANO E DA NATUREZA À ÁGUA

Nos, organizações participantes ao seminário autogestionário “Água como direito humano e como bem comum: estratégias e resistências frente à privatização” no Forum Alternativo Mundial da Água (FAMA) 2018 estamos convencidos de que não podemos permitir que:  As empresas e os mercados, no Fórum Mundial da Água, se apoderem da água e estabeleçam as modalidades de acesso e concretização dos direitos humanos à água e ao saneamento;  Os Estados e a comunidade internacional, depois de oito anos da resolução da ONU, ainda não se encarregaram de definir as formas de garantir o acesso à água como um direito humano;  A agenda 2030 dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) não inclua o compromisso dos Estados em cumprir o direito humano a água e propondo somente o acesso a água através de um “preço acessível”;  Os/as defensores/as dos direitos da Natureza e Humanos continuem sendo criminalizados, perseguidos e exterminados;  Existam tantas violações do direito humano em todo o mundo a água e ficam os responsáveis estão impunes;  Nas terras indígenas já demarcadas não é garanta às comunidades o Direito à Natureza, sobre tudo à água. Como movimentos comprometidos na defensa do direito humano à água e do direito da natureza consideramos urgente uma mobilização dos Movimentos da água, do Meio Ambiente, dos Direitos Humanos para obter a adoção de ferramentas jurídicas de direito internacional que possua as seguintes características:  Ser um instrumento de direito internacional, que regule os direitos humanos universais à água;  Ser vinculante para os Países que o ratifiquem e seja referencia para os outros Países;  Traduzir em normas vinculantes para os Estados o princípio, até agora reconhecido apenas em termos "Declarativos", de que a água é um direito humano universal mantendo os aquíferos, mananciais e as áreas de recarga para continuidade do ciclo hídrico da água;  Estabelecer princípios de implementação como: prioridade do uso humano para a vida, que inclui uso pessoal e para a produção de alimentos; gratuidade do mínimo vital de água para o consumo humano, animal e para produção de agricultores/as familiares. E defina normas quantitativas do uso da água pelas corporações do agronegócio;  Ser adotada ferramenta de justiciabilidade das violações no Conselho dos Direitos Humanos;  Reconhecer de modo universal o direito humano à água e ao saneamento como um Direito e Bem Comum;  Reconheça e Garantir os Direitos da Natureza; Os elementos característicos das ferramenta jurídica são:  a quantificação do direito à água e a obrigação dos Estados a garanti-los através de uma quantidade vital mínima de água por pessoa por dia, que define os direitos garantidos pelo Estado (min. de 50 a 100 litros de acordo com as diretrizes da OMS);  a gestão publica, participativa e sem finalidade de lucro do serviço hídrico e do saneamento;  o reconhecimento da gestão comunitária do serviço de água e saneamento, que tem o direito de determinar o tipo de serviço de água e as formas como esse serviço deve ser gerenciado;  reconhecer que as comunidades organizadas que auto-gerenciam a água, autogarantem o direito o humano a água;  processar todas as formas de apropriação inadequada da água, (atividades minerarias, extrativistas, produtivas) Convencidos de que estes princípios se tornem compromisso comum pelas organizações participantes deste seminário, esperamos que possam ser levados para contrastar a expropriação do direito à água pelas multinacionais e os mercados financeiros, através de mobilizações para adotar:  No âmbito nacional: leis vinculantes para a concretização do direito humano a água e para o direito da natureza, e o reconhecimento da gestão publica e comunitária dos serviços hídricos;  No âmbito internacional uma ferramenta jurídica vinculante por a concretização do direito humano a água e para o direito da natureza, através da adopção de um Pacto Internacional no marco dos Direitos Económicos, Sociais y Culturais da ONU (PIDESC). Caritas Brasileira (Brasil) – Cáritas Uruguay (Uruguay) - Comitato Italiano Contratto Mondiale Acqua (Italia) – Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB) - Articulação do Semiárido ASA (Brasil) - Red VIDA (Americas) – Comission Nacional em Defensa da Agua CNDAV (Uruguay) – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (Brasil) – Movimento Atingidos por Barragem (MAB Brasil) - Red Iglesias y Minería (Americas) People's Dialogue (Americas e Africa)– SINFRAJUPE (Brasil)– EWM (European Water Movement - Europa) - Movimento Católico Global pelo Clima (Mundial) - Conselho Indigenista Missionário CIMI (Brasil).

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MALDITAS AS ARMAS QUE FEREM E MATAM Acompanhavam Jesus os Doze e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, o procurador de Herodes; Suzana e muitas outras, que o serviam com seus bens. (Lc 8, 1-3).

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stimadas irmãs e irmãos, Paz e Bem! Nossa vocação primeira enquanto franciscanos é “seguir os passos de Cristo ao modo de Francisco”. São cristalinamente manifestos na Sagrada Escritura, o respeito, o carinho, a dileção e a confiança que Jesus depositava na figura das mulheres. Desde Maria, sua Mãe, passando por Marta e Maria, grandes amigas, as muitas mulheres que ele curou e libertou, inclusive Maria Madalena, sua discípula, o Mestre sempre soube valorizar e promover a participação feminina na Missão Evangelizadora por Ele proposta e apresentada. Diante deste direcionamento que o próprio Senhor nos apresenta, não poderia deixar de manifestar, em nome de todos os frades da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, minha indignação e tristeza diante de dois fatos que tingiram de sangue esta fatídica quarta-feira, dia 14 de março, menos de uma semana após o Dia Internacional da Mulher. Duas mulheres, atacadas de forma covarde, que encarnam duas lutas profundamente sintonizadas com a proposta do Reino de Deus encarnada em Jesus Cristo. A primeira, Luciana Xavier, Professora da Rede Municipal de São Paulo há 14 anos, teve o nariz fraturado durante uma confusão na Câmara Municipal, onde a Guarda Civil Metropolitana agiu com truculência contra um grande grupo de professores. Eles estavam ali para manifestar seu descontentamento em relação à Reforma da Previdência Municipal que, aos moldes da Reforma Nacional, corta benefícios e aumenta a taxação e o número de anos de trabalho para aqueles que já recebem pouco para sobreviver. Desejavam o diálogo e

receberam bomba, gás e balas de borracha. A segunda, Marielle Franco, vereadora da cidade do Rio de Janeiro, morta a tiros na Região Central da capital fluminense. De acordo com os jornais, a principal linha de investigação aponta para o crime de execução. Marielle foi morta às 21h30, quando voltava de um evento sobre o protagonismo das jovens mulheres negras. Ela tinha 38 anos, foi a quinta vereadora mais votada no Rio nas eleições de 2016, formou-se pela PUC-Rio e destacava-se pelo firme engajamento nas causas sociais e na defesa dos direitos humanos. Em suas redes sociais vinha denunciando com frequência casos de abuso de autoridade e execução de jovens pobres e negros em diversas regiões do Rio de Janeiro. Que estas barbáries, sinais de uma sociedade doente e cega por conta de interesses egoístas e antievangélicos, nos ajudem a renovar nosso compromisso cristão e franciscano no engajamento firme e comprometido pela superação da violência. Que o Senhor da Vida nos livre de toda tentação ao revanchismo e ao combate da violência com mais violência: malditas as armas que ferem e matam, maldito o dinheiro que oprime ao invés de servir, malditas estruturas que roubam a humanidade das pessoas e as transformam em objetos usados de acordo com a conveniência de quem domina. Que Deus ilumine nossos passos e inspire nossas ações. Fraternalmente, Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil 2018 / Mar - Abr

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Evangelização e Missão MISSÃO DA CFMB EM RORAIMA COMEMORA 25 ANOS E RECEBE FRADES DA PROVÍNCIA FRANCISCANA DE SANTO ANTÔNIO DO BRASIL. “Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras”.

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os dias 18, 19, 20 e 21 de abril deste ano, Roraima comemora 25 anos da presença dos Frades Menores em suas terras. A Missão Franciscana da Conferência dos Frades Menores do Brasil (CFMB) na cidade de Boa Vista-RR teve início em 1992 e perdura até os dias atuais. A missão hoje se destina ao oferecimento da esperança e da alegria para o povo que enfrenta os desafios do intenso fluxo migratório, principalmente dos Venezuelanos. Nestas últimas semanas a missão roraimense conta com a presença de dois frades da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil. Frei Elias Pereira Gertrudes, OFM e Frei Willames Batista do Nascimento, OFM, vivem o tempo da Experiência Fraterno-Missionária que consiste em proporcionar aos frades jovens da entidade a que pertencem, um momento de vi-

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vência da missão franciscana nas mais diversas realidades do território provincial, assim como em outras entidades, configurando assim um aprendizado baseado na interprovincialidade. Além dos dois freis já mencionados, constituem a fraternidade outros três frades, a saber: Frei João Bosco Resende da Silva, OFM, da Província de Santa Cruz de Minas Gerais, Frei Pedro Geremias Bruxel, OFM, da Província São Francisco do Rio Grande do Sul e Frei José Durvan Tabarquino, OFM, da Custódia São Benedito da Amazônia. Nestes 25 anos a missão tomou-se importante presença frutuosa junto às comunidades que os frades prestam assistência na Diocese de Roraima, mas é interessante dizer que tudo começou em um momento histórico marcado pelo fluxo migratório, assim como grandes conflitos envolvendo

a defesa do povo indígena. Assim sendo, depois de formadas algumas áreas periféricas na região de Boa Vista, a Diocese foi dividida em partes menores para maior efetividade do serviço missionário. Os frades são responsáveis pela “Diaconia Missionária” que, atualmente, conta com 22 comunidades; nelas os frades exercem sua missão colaborando com o serviço Pastoral. Os freis Elias e Willames chegaram à Roraima dia 15 de fevereiro do ano corrente, portanto, estão se inteirando das ações mobilizadas pela presença franciscana, para assim, poder ajudar com mais eficiência a partir dos setores que mais se identificam pastoralmente. Contudo, percebe-se de forma geral, que são necessárias abertura e disponibilidade para contribuir nos mais diversos aspectos da vida da comunidade. A vida fraterna dessa presen-


ça é marcada pela leveza da convivência, pela vivência de momentos de oração que trazem a vida do povo para próximo da fraternidade, assim como pelo trabalho partilhado nas mais diversas funções domesticas da vida comum. Desta forma, os frades vivem de forma tranquila, realizando eles próprios os afazeres domésticos, como limpeza da casa, cuidados com Jardim, horta e sítio, e cuidados com a cozinha e alimentação. Os que são presbíteros prestam assistência sacramental às comunidades, bem como se dividem para realizar as Celebrações Eucarísticas. Frei Willames começou a estabelecer sua presença missionária se dedicando a ajudar as comunidades na liturgia no tocante a preparação das Celebrações Eucarísticas, mas também as Celebrações da Palavra. Ainda se dedica na instrução e formação dos acólitos, ou seja, o serviço que envolve os coroinhas. Sua atuação tem sido importante por ele possuir segurança nessa função. Frei Elias, além do envolvimento com a pastoral da música está prestando serviço voluntário no SJMR (Serviço

Jesuíta aos Migrantes e Refugiados). Este trabalho consiste na acolhida do migrante, visita aos abrigos e também nos encaminhamentos burocráticos documentais (carteira de trabalho, pedido de residência permanente e pedido de refúgio), uma vez que os refugiados precisam regularizar seus documentos para permanecerem no Brasil. Ambos, Frei Willames e Frei Elias ainda ajudam no serviço da secretaria da Diaconia Missionária. Os frades missionários de Roraima têm se esforçado para contribuir com a situação difícil que este lugar enfrenta. O fluxo migratório não pára de crescer e a cidade de Boa Vista já não comporta tantas pessoas em situação de rua. Os abrigos estão cheios. Alguns são mais bem estruturados que outros, mas todos apresentam situações semelhantes no que se refere às necessidades básicas de alimentação dos refugiados Venezuelanos. Muitas famílias dividem espaços que se tornam pequenos diante do grande número de pessoas. Além das situações mencionadas acima, verifica-se a rápida proliferação de doenças infectocontagiosas dentro dos

abrigos. Segundo o exército que gerencia toda a logística da entrada e permanência dos migrantes, o abrigo de Pacaraima-RR, cidade que se situa na fronteira, além de abrigar cerca de 101 famílias também convive com a proliferação de cerca de 12 tipos diferentes de doenças infectocontagiosas em seu interior. Toda essa situação mobiliza o coração não somente da Vida Religiosa presente neste chão, mas também de todo povo que procura ajudar como pode. Um exemplo são as mais de 10 mil refeições distribuídas diariamente pela iniciativa privada. Dessa forma, como o baluarte da vida francisca, São Francisco de Assis afirma, os frades devem estar onde ninguém mais deseja estar, ajudando o povo crucificado pela injustiça e sendo sinal vivo da presença de Deus. Como diz uma canção de nosso querido Padre Zezinho “Shekinah! Emanuel! Deus desceu do Céu! [...]”. Deus desceu para estar perto dos seus, assim é feliz quem o enxergar nos irmãos. Rezem por essa missão. Frei Elias Pereira, OFM

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Evangelização e Missão

JPIC REALIZA CURSO EM GUADALAJARA E DISCUTE SOBRE MIGRAÇÃO

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Curso Internacional de Justiça Paz e Integridade da Criação (JPIC) foi promovido pela Secretaria de JPIC da Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores em Guadalajara - México. Teve seu início no dia 09 de abril e seguiu até o dia 16 do mesmo mês. Foi direcionado para os frades que assumem o serviço de animador de JPIC de suas respectivas Províncias, sobretudo os mais jovens nesse serviço, porém foi aberto para qualquer membro da família franciscana que trabalha na área. Participaram pessoas dos Continentes Americano, Europeu, Africano e Asiático, sendo eles frades menores, membros da OFS e outros. Da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil participou Frei César Lindemberg Serafim, OFM, animador desse serviço. O tema abordado no curso foi: “Migração: Causas, muros e perspectivas franciscanas”. Este é sem dúvida, um tema relevante e que tem sido pauta frequente no cenário social e eclesial e apela a todos para

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uma reflexão e ação mais eficazes. Essa temática se subdividiu em diversos outras como “violência social, econômica, política e mudanças climáticas”, “as escravidões do século XXI”, “religião e cultura”, etc. Depois de tantos casos de morte, exclusão e opressão, nota-se a convicção que o tema da migração não é só de sofrimento, mas de uma fraternidade que confia em Deus, que tem esperança, que sonha e que vive na alegria do ressuscitado, partilhando tudo o que tem, como a oferta da viúva. Em comunicação com a Província, Frei César, durante as horas do curso, disse que no primeiro dia (09/04) Frei Jaime Campos, responsável pela animação do JPIC na Ordem, conduziu o tema “Animação de JPIC: um desafio para o irmão menor”. Na sua partilha ele alertou para o cuidado que as ações deste serviço não se tornem ações funcionais, mas autênticas Ações Evangelizadoras, onde todos são responsáveis e comprometidos. Despertou para o fato que não se deve perder tempo em ser

revolucionário ou não, em se definir como sendo de direita ou de esquerda, mas a preocupação fundamental é fazer da vida uma prática do Evangelho de Jesus Cristo. O Curso seguiu bastante rico e produtivo com diversas partilhas e trocas de experiências nos trabalhos diários realizados em grupo, dos quais vale salientar os trabalhos do dia 13 que foi auxiliado por José Luiz González (Jesuíta) – da Universidade Centro-americana “José Simeón Cañas” (UCA) – que ajudou a fazer uma leitura bíblica do contexto e fenômeno migratórios. Alertou que é importante superar os muros que impedem a fraternidade nos textos bíblicos, afinal há um grande distanciamento entre Deus e muros: os muros são para separar, controlar, dividir, reter, Jesus por sua vez, veio não para abolir a lei, mas para mostrar que a lei verdadeira é a do amor. São Francisco também derruba os muros da separação quando se encontra com o leproso, com o Sultão e quando


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denuncia pela sua vida a eclesialidade do seu tempo. Durante o curso os participantes fizeram a experiência de conhecer a história de alguns migrantes. Visitaram a casa El Refugio e a casa FM4 paso libre. Nestas visitas notaram que a vida dessas pessoas são como retalhos que as vezes querem ser invisíveis para se defenderem das injustiças, e em outros momentos desejam apenas serem tratadas com humanidade”. Eles desejam simplesmente os seus direitos. Nesse sentido é forte o apelo do papa Francisco quando convida a derrubar muros e criar pontes. O encontro finalizou-se com muita alegria. Notava-se a disponibilidade em querer romper barreiras e em assumir a responsabilidade pelo outro. Essa realidade recordou o que diz o filósofo Emmanuel Lévinas: “desde que o outro me olha, sou por ele responsável, sem mesmo ter que assumir responsabilidades a seu respeito; a sua responsabilidade incumbe-me. É uma responsabilidade que vai além do que faço”. Que no local onde estivermos possamos espalhar a cultura da paz e do bem!

Frei César Lindemberg, OFM Animador Província do JPIC 2018 / Mar - Abr

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Sabe aquele lance de que a Esperança não engana? Então até chegar na Esperança temos um longo caminho pela frente, o caminho do Calvário, do Sofrimento. E Jesus sofreu.

“Sabemos que a história da Paixão não terminou (…). A Paixão de Cristo se renova em todo discípulo de Jesus que é perseguido pela justiça.

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Não teria como a Igreja ignorar os últimos passos de Jesus, por isso ela faz memória de tudo o que Jesus passou, todas as “emoções” que Ele sentiu, suas dores, medos, angústias, a sua decisão de beber do cálice que o Pai estava lhe dando.

Viver a experiência com a Paixão de Cristo é mergulhar neste mistério de salvação. É importante lembrar, ainda, do compromisso de entrega que foi ofertado a Deus a partir do momento em que nos decidimos por Ele e por suas causas, para que a única conseqüência seja a salvação da humanidade.

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Formação

rancisco de Assis recebeu ao longo da história vários atributos que fazem referência aos fatos de sua vida, revelando sua extrema sensibilidade com as criaturas todas. Embora o mundo tenha se deixado marcar pela compreensão de “diálogo” há aproximadamente um século, que por sinal deixou marcas importantes na sociedade e na Igreja, Francisco de Assis consegue com sua vida, enriquecer tal conceito e deixar um importante legado desde muito antes. Sua vida foi permeada por encontros e diálogos que o ajudaram a superar muitos muros e divisões. Francisco foi um homem marcado por constantes relações: com o Senhor, com os leprosos, com o Sultão, etc. Seus encontros nem sempre exigiam linguagem verbal, embora todos eles se configurassem como formas autênticas de dialogar. Esses encontros tornam Francisco um homem sensível à Criação. Na verdade ele se reconhece criatura divina, sente-se irmanado com o todo criado. Isso favorece a Francisco uma mudança estrutural no modo de enxergar as coisas. Podemos constatar a sensibilidade de Francisco nas Fontes Franciscanas, no modo como ele envia seus irmãos ao mundo: “Aconselho, admoesto e exorto a meus irmãos em nosso

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FRANCISCO: O HOMEM DO ENCONTRO E DO DIÁLOGO Senhor Jesus Cristo que, ao irem pelo mundo, não discutam, nem porfiem por palavras, nem façam juízo de outrem, mas sejam mansos, pacíficos, modestos, afáveis e humildes, tratando a todos honestamente como convém ”. A novidade de Francisco é que ele consegue contemplar em cada criatura uma ligação profunda com o Criador. E porque são criaturas de Deus, todos merecem respeito e obediência. Um exemplo profundo presente na vida de Francisco é quando vai ao encontro do Sultão Malek Al-Kamil em 1219. Marcado pelo desejo do martírio, bem como pelo anseio de tornar a Palavra de Deus conhecida, Francisco parte para o Oriente Médio com Frei Iluminado. Estando em Damieta, depois de terem sido capturados por espiões, eles conseguem contato com o Sultão. Ao ser questionado “o servo de Deus respondeu com intrepidez que sua missão não procedia de nenhum homem, mas de Deus altíssimo” . Francisco é ouvido e fica alguns dias com o Sultão que os descobre como homens de oração. “Cinco vezes por dia, Francisco e Iluminado ouvem o Muezim chamar para a oração” . Pela experiência junto aos muçulmanos, “o homem de Deus, vindo do país dos Francos, descobre, na luz divina, um aspecto desconhecido. Essas pessoas, não são apenas seus irmãos como criaturas, ele já o sabia; não são apenas


seus irmãos por causa do sangue derramado por Jesus pela multidão, isso também ele o sabia; eles são seus irmãos também por essa comunhão na oração ao único Deus” . Esse encontro o desperta e marca profundamente sua vida e compreensão de missão, exemplo disso é quando envia seus confrades junto aos infiéis: “os irmãos que partirem poderão proceder de duas maneiras espiritualmente com os infiéis: O primeiro modo consiste em abster-se de rixas e disputas, submetendo-se ‘a todos os homens por causa do Senhor’ (1Pd 2,13) e confessando serem cristãos. O outro modo é anunciarem a palavra de Deus quando o julgarem agradável ao Senhor” . Francisco não é alguém que teoriza sobre a importância do encontro das religiões, mas ele mesmo se faz diálogo com o Sultão porque entende a importância de transcender as barreiras pessoais e institucionais, sem precisar negar a sua fé, mas revelando-a no seu modo mais autêntico. A forma como Francisco realiza isso segue uma linha contrária aquela que a Igreja do seu tempo utilizava por meio das cruzadas, marca característica da cristandade que se prolongou por tantos séculos. Ele passou a entender que o autêntico modo de evangelizar era pelo testemunho de vida e fraternidade. Por isso “em sua Regra, Francisco recomenda aos irmãos que desejam ir entre os sarracenos, em primeiro lugar, que não se envolvam em discussões ou disputas e de serem sujeitos a toda criatura humana por amor de Deus. Eles deveriam proclamar a palavra de Deus somente no momento em que sabem que isso agrada ao Senhor” . O encontro de Francisco com o Sultão o enri-

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quece na sua própria fé e na fraternidade universal. Francisco é capaz de descobrir a ação de Deus presente no Islã. Seu testemunho inaugura um marco importante para o Cristianismo: a espiritualidade do encontro de Francisco favorece à Igreja uma memória de fraternidade, mesmo com aqueles taxados como opositores da Igreja e da Religião. Reflexo disso é “o memorável encontro de Assis, a cidade de São Francisco, a 27 de outubro de 1986, entre a Igreja Católica e os representantes das outras religiões mundiais, mostra que os homens e as mulheres de religião, sem abandonar as respectivas tradições, podem empenhar-se na oração e agir pela paz e o bem da humanidade . O encontro de Francisco com o Sultão, bem como com os leprosos e com todos os seres criados, é antes de qualquer coisa, uma ação de paz. Aqueles, portanto, que aderem ao seu modo de vida têm a responsabilidade de zelar pelo dom do encontro e do diálogo tão bem compreendido por Francisco; têm a responsabilidade de serem promotores da paz. É o carisma do diálogo de Francisco que nos compromete com seu empenho de reverência pela ação de Deus presente na humanidade, nas criaturas e nas religiões. A responsabilidade de continuar alimentando a cultura do respeito, da acolhida do diferente e do compromisso comum é passada para todos, mas de modo especial para os franciscanos e franciscanas do mundo. Trabalhar para a cultura do diálogo entre as gentes, as culturas e as religiões e respeitando a criação, é ser fiel ao carisma de São Francisco. Frei Faustino dos Santos, OFM

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FORMAÇÃO SOBRE OFS E JUFRA NO NOVICIADO COMUM

ostaria de partilhar com a Fraternidade Provincial uma experiência vivida recentemente, de partilha e convívio fraterno, no Noviciado Comum, em Catalão, Goiás, experiência essa que se traduz inicialmente por um ‘conhecer’. Conhecer de minha parte, que pela segunda vez pude desfrutar do convívio daquela fraternidade e ‘aprender’ um pouco da dinâmica do processo formativo na Casa do Noviciado, e um ‘conhecer’ da parte dos Noviços, com os quais pudemos partilhar um pouco a nossa experiência na assistência à OFS e à Jufra. Foi assim que entre os dias 21 e 25 de março tivemos a oportunidade de apresentar um pouco do que significa pertencer e servir à nossa Família Franciscana. Um primeiro convite para contribuir na formação dos noviços em Catalão já tinha surgido no final do ano passado, quando recebi a proposta de partilhar um pouco de nossa experiência vivida

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ao longo desses últimos cinco anos no serviço da Assistência Espiritual Nacional à Jufra e à OFS. Na ocasião conhecer o Noviciado Comum – como assim é chamado – foi uma oportunidade de viver uma nova experiência, uma vez que não conhecia aquela realidade. Vivida essa primeira experiência, logo veio ao final desta o convite para já deixar marcado um retorno nesse ano, para assim repetirmos a experiência desses dias formativos junto à nova turma de noviços, e que atualmente somam nove, provenientes das três entidades que integram o Noviciado Comum: a Província do Santíssimo Nome, a Custódia das Sete Alegrias e a Custódia do Sagrado Coração de Jesus. Tal experiência já vem sendo vivenciada há quase vinte anos, e tem se configurado como uma iniciativa que, mais do que interprovincial, é ‘comum’, porque sinaliza um mesmo sentido de pertença e de manutenção por parte de cada uma das Entidades en-

volvidas. Pessoalmente, até já arriscaria dizer que essa pode se configurar como uma ‘experiência-modelo’ para toda a CFMB, seja por sua metodologia, seja pelo sentido de corresponsabilidade e de pertença à Ordem com que vem sendo conduzida. Pois bem, ao longo destes dias de formação, os noviços foram introduzidos no estudo das origens e do desenvolvimento do Movimento Penitencial, do qual brotou a forma de vida abraçada e vivida por Francisco de Assis e do qual se formou a fraternidade primitiva que depois se ramificou para gerar os diversos ramos do Franciscanismo. A proposta inicial foi a de mergulhar um pouco na história da Ordem Franciscana Secular, tida inicialmente como Ordem Terceira da Penitência, e que tem como fundamento de sua Regra e Vida a proposta evangélica de Francisco de Assis. Apresentando em linhas gerais como essa Regra foi sendo atualizada ao longo da História, juntos pudemos


perceber os traços do carisma que vão se evidenciando e sendo testemunhados, não só entre os Franciscanos Seculares, como também nos diversos outros ramos de nossa Família, aliás, tão numerosa e diversa, como pudemos constatar. Podemos destacar aqui alguns objetivos propostos para aqueles dias: buscar entender como se demonstra a vivência do carisma franciscano da forma como é abraçado e vivido secularmente pela OFS e pela JUFRA. E refletir a presença da Primeira Ordem e da TOR junto aos Franciscanos Seculares, no âmbito do serviço da Assistência Espiritual e Pastoral, a partir do que se entende sobre um ‘perfil de assistente’, proporcionando assim um primeiro contato com os Estatutos para a Assistência Espiritual e Pastoral à OFS e à Jufra. Em nossa avaliação se percebeu muito forte a marca da alegria por esse até então ‘desconhecido lado’ – por parte da maioria – de nosso carisma e, ao mesmo tempo, a perspec-

tiva recheada de esperanças e de sonhos, de se lançarem à experiência de uma ‘comunhão vital recíproca’, que nos faz nos sentirmos uma só família, na complementaridade dos jeitos e formas diversos de viver o carisma francisclariano. Num contexto trienal em que a Província agora se desafia oficialmente – inclusive com uma decisão Capitular – a encaminhar a efetivação da participação em um Noviciado Interprovincial, creio que a experiência de Catalão tem muito a nos dizer e a nos ensinar. Sem exageros podemos afirmar que essa experiência tem se configurado com uma real vivência e consciência de pertença à Ordem, o que, aliás, tem sido sempre lembrado pelo nosso Ministro Geral. Sabendo que o Ministro Provincial e seu Definitório deverá encaminhar essa questão já nos próximos anos, se faz importante reforçar o ‘intercâmbio’ de serviços e a troca de experiências entre as entidades da CFMB. Pessoal-

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mente, tendo tido a oportunidade de refletir junto aos noviços a importância de sermos uma só família, que assume testemunhar a comunhão de nosso carisma, vejo que muitas possibilidades se abrem, ao considerarmos um olhar de construção de uma mútua ajuda no campo da Formação bem como da Missão. Mas, é preciso ainda dar muitos passos, mais firmes e seguros, em vista dessa cooperação. É preciso ousar... Desse tempo de aprendizado vivido junto aos nossos confrades da Fraternidade do Noviciado em Catalão, fica meu agradecimento pela acolhida tão fraterna e calorosa que tive, bem como pela confiança depositada para que juntos pudéssemos ‘caminhar juntos pelos caminhos do Senhor’. Frei Wellington Buarque, OFM Assistente Espiritual Nacional para a Jufra e OFS Mestre de Noviços

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CARTA ABERTA AOS BISPOS BRASILEIROS, POR OCASIÃO DA 56ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB [1]

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enhores bispos,

Mais uma vez a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se reúne em assembleia para discutir os rumos da Igreja Católica no Brasil. A CNBB nasceu da inspiração de Dom Hélder, o “santo rebelde”. E Dom Helder se tornou referência ética e profética para os cristãos porque sempre foi um discípulo que tinha lado: o lado dos pobres, dos excluídos, dos marginalizados, dos sem voz e sem vez. Optou por seguir, radicalmente, Jesus de Nazaré – que nunca deixou de afirmar com gestos, palavras, ações e testemunhos que o Deus da vida é do Deus dos pobres e dos sofredores. Neste ano do laicato, a CNBB está a insistir no protagonismo dos leigos. Pois muito bem! Estou aqui para incitá-los a um debate e uma reflexão sobre a vida (e a morte) dos brasileiros e o papel da Igreja Católica no momento atual do nosso país. Num país marcado pela secular e avassaladora desigualdade social [2], pela violência estrutural [3] e pela injustiça [4], a impossibilitar condições de vida com dignidade a milhões de brasileiros [5], o testemunho cristão é um imperativo ético, um dever profético e uma atitude de fé. Mar - Abr / 2018

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Nos últimos anos assistimos em nosso país ao recrudescimento de disputas reais e simbólicas que redundam num quadro de deterioração sem precedentes de conquistas sociais e políticas dos brasileiros. Como se não bastasse tão grandiosa desventura, um clima de ódio e de violências se espraiam no país. A CNBB já se manifestou algumas vezes sobre alguns desses temas [6]. Não obstante, a coalizão governista toca uma avassaladora política ultraliberal e continua a empreitada de privatização e esfacelamento do estado e das políticas sociais. Por outro lado, há um vertiginoso crescimento de grupos religiosos ultraconservadores, inclusive dentro do espectro do catolicismo, colonizando os poderes públicos e usando de estratégias violentas para a criminalização dos mais pobres, dos defensores dos direitos humanos, dos movimentos sociais organizados; enfim, de segmentos que lutam por uma sociedade mais justa, igualitária, fraterna e inclusiva. No quadro político, a deterioração dos três poderes da República sinaliza a ausência de qualquer perspectiva para saídas democráticas e constitucionais à crise institucional que se instalou no país desde as eleições de 2014, agravando-se com o impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff, sem comprovação de crime de responsabilidade, e a controversa


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prisão do ex-presidente Lula, marcada por um processo caracterizado pela politização judicial [7]. Esses fenômenos não podem ser naturalizados e refletem os caminhos tortuosos da vida política nacional. A imprensa, dominada por oligopólios econômicos, atua em uníssono como um partido político, a impor uma “verdade única” e a insuflar a radicalização dos discursos de ódio. As redes sociais se transformam num patíbulo. O desrespeito à ordem constitucional levou membros das Forças Armadas, na ativa, a desrespeitarem flagrantemente a lei [8], manifestando publicamente suas posições políticas e partidárias. O Supremo Tribunal Federal se transformou num campo de batalhas, exibidas em rede nacional, para o constrangimento geral. O panorama eleitoral é dos mais complexos: projeções especializadas dão conta que é alta a tendência, nas eleições deste ano, de manutenção dos atuais ocupantes do Congresso Nacional [9], caracterizado pelo conservadorismo [10] e por implementar uma série de reformas que maculam a Constituição Federal de 1988. Sob outra perspectiva, há uma clara estratégia de empoderamento político-partidário de muitas igrejas evangélicas pentecostais e neopentecostais e partidos ligados a elas para ampliarem suas bancadas na Câmara e no Senado a partir de 2019. [11] O quadro torna-se ainda mais complexo à medida que está cada vez mais incerta a realização das eleições, previstas para outubro deste

ano. Nesse cenário, a tendência de um acirramento das disputas parece evidente. Além do escandaloso contingente de homicídios no país (cerca de 60 mil por ano, vitimando principalmente pobres, negros e jovens), o número de ativistas executados nos últimos cinco anos já chega a 194, sendo 20 apenas no Rio, segundo levantamento do jornal “O Estado de São Paulo”. A União de Vereadores do Brasil informa que o número de vereadores e de prefeitos mortos entre 2017 e 2018 já chega a 23. Estão de volta os crimes políticos, a nos recordarem, entre outros acontecimentos, os tempos sombrios da Ditadura. Como é sabido, num país historicamente marcado pela aniquilação das vozes que discordam do establishment, certamente serão os pobres, os movimentos sociais e os grupos vulneráveis que padecerão da violência estatal à medida que se aprofundam as crises política, econômica e institucional. Por isso, penso que a CNBB, tendo em vista sua história na luta pelas liberdades democráticas e pela justiça social, é convidada a se posicionar claramente sobre a situação política atual do nosso país, a indicar à sociedade brasileira caminhos de superação da crise. Está em jogo, no atual momento, o futuro da nossa Nação. Muitos podem argumentar que a pior atitude da Igreja, com vista a agradar gregos e troianos, seria a omissão. É fato que uma atitude profética sempre implicará em riscos. O medo e a paralisia que se abateram sobre 2018 / Mar - Abr

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muitas lideranças sociais e políticas – e que trarão consequências perversas à vida do nosso povo – poderiam ser enfrentados com corajosa atitude profética dessa Conferência, nesse momento crucial da vida nacional. Não poderia ser diferente. Termino essa modesta missiva com um trecho da última exortação apostólica do Papa Francisco: “Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo em que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente”. (Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, 101). ______________________________ [1] De 11 a 20 de abril de 2018, em Aparecida (SP). [2] Relatório de janeiro de 2018 da ONG Oxfam aponta que cinco bilionários em nosso país têm a mesma riqueza que a metade mais pobre dos brasileiros e os 5% mais ricos detém a mesma fatia de renda dos demais 95% da população. [3] CNBB. Texto-base da Campanha da Fraternidade de 2018: “A violência como sistema no Brasil”, pp 24-29. [4] CNBB. Texto-base da Campanha da Fraternidade de 2018: “A ineficiência do aparato judicial”, pp 38-40. [5] “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). [6] Nota sobre o momento nacional, de 21 abr. 2015; Nota sobre a PEC 241, de 27 out. 2016; Nota sobre a PEC 287/2016 (Reforma da Previdência), de 23 mar. 2017; Nota pública contrária ao projeto de reforma trabalhista, de 10 jul. 2017 e Nota sobre o atual momento político, de 26 out. 2017. [7] O jurista italiano Luigi Ferrajoli, um dos expoentes das teorias do garantismo constitucional, escreveu sobre o tema. Confira no link a seguir: [https://rodrigocarelli.org/2018/04/07/

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uma-agressao-judiciaria-a-democracia-luigi-ferrajoli]. O livro “Comentários a uma Sentença Anunciada: o Processo Lula”, reúne 103 artigos, de 122 juristas, que apontam problemas e equívocos na sentença do Juiz Sergio Moro, que condenou o ex-presidente Lula no caso do tríplex. [8] O decreto 4.346, de 26 de agosto de 2002, que regula o comportamento de militares das Forças Armadas Brasileiras não permite a manifestação pública, sem uma autorização prévia, sobre política. Trata-se do item 57 do anexo sobre a relação de transgressões: “Manifestar-se, publicamente, o militar da ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária.” O texto foi assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. [9] “Câmara deverá ter um dos maiores índices de reeleição das últimas décadas, projeta Diap”. Veja em: [http://congressoemfoco. uol.com.br/noticias/camara-deve-ter-um-dos-maiores-indices-de-reeleicao-das-ultimas-decadas-projeta-diap]. [10] Segundo reportagem do jornal “O Estado de São Paulo”, de 06 de outubro de 2014, “o aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, [que] o novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964″. [11] “Evangélicos querem eleger 150 deputados e 15 senadores”. Fonte: [http://www.valor. com.br/politica/5257923/evangelicos-querem-eleger-150-deputados-e-15-senadores-este-ano]. Veja, também: “Evangélicos querem Crivella presidente e bancada de um terço da Câmara em 2018”. Fonte: [https://jornalggn. com.br/noticia/evangelicos-querem-crivella-presidente-e-bancada-de-um-terco-da-camara-em-2018/].


Formação MENSAGEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL AO POVO DE DEUS

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que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho J e s u s Cristo (1Jo 1,3).

Em comunhão com o Papa Francisco, nós, Bispos membros da CNBB, reunidos na 56ª Assembleia Geral, em Aparecida – SP, agradecemos a Deus pelos 65 anos da CNBB, dom de Deus para a Igreja e para a sociedade brasileira. Convidamos os membros de nossas comunidades e todas as pessoas de boa vontade a se associarem à reflexão que fazemos sobre nossa missão e assumirem conosco o compromisso de percorrer este caminho de comunhão e serviço. Vivemos um tempo de politização e polarizações que geram polêmicas pelas redes sociais e atingem a CNBB. Queremos promover o diálogo respeitoso, que estimule e faça crescer a nossa comunhão na fé, pois, só permanecendo unidos em Cristo podemos experimentar a alegria de ser discípulos missionários. A Igreja fundada por Cristo é mistério de comunhão: “povo reunido na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (São Cipriano). Como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela (cf. Ef 5,25), assim devemos amá-la e por ela nos doar. Por isso, não é possível compreender a Igreja simplesmente a partir de categorias sociológicas, políticas e ideológicas, pois ela é, na história, o povo de Deus, o corpo de Cristo, e o templo do Espírito Santo. Nós, Bispos da Igreja Católica, sucessores dos Apóstolos, estamos unidos entre nós por uma fraternidade sacramental e em comunhão com o sucessor de Pedro; isso nos constitui um colégio a serviço da Igreja (cf. Christus Dominus, 3). O nosso afeto colegial se concretiza também nas Conferências 2018 / Mar - Abr

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Episcopais, expressão da catolicidade e unidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, na Lumen Gentium, 23, atribui o surgimento das Conferências à Divina Providência e, no decreto Christus Dominus, 37, determina que sejam estabelecidas em todos os países em que está presente a Igreja. Em sua missão evangelizadora, a CNBB vem servindo à sociedade brasileira, pautando sua atuação pelo Evangelho e pelo Magistério, particularmente pela Doutrina Social da Igreja. “A fé age pela caridade” (Gl 5,6); por isso, a Igreja, a partir de Jesus Cristo, que revela o mistério do homem, promove o humanismo integral e solidário em defesa da vida, desde a concepção até o fim natural. Igualmente, a opção preferencial pelos pobres é uma marca distintiva da história desta Conferência. O Papa Bento XVI afirmou que “a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com a sua pobreza”. É a partir de Jesus Cristo que a Igreja se dedica aos pobres e marginalizados, pois neles ela toca a própria carne sofredora de Cristo, como exorta o Papa Francisco. A CNBB não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político. As ideologias levam a dois erros nocivos: por um lado, transformar o cristianismo numa espécie de ONG, sem levar em conta a graça e a união interior com Cristo; por outro, viver

entregue ao intimismo, suspeitando do compromisso social dos outros e considerando-o superficial e mundano (cf. Gaudete et Exsultate, n. 100-101). Ao assumir posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, a CNBB o faz por exigência do Evangelho. A Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Isso nos compromete profeticamente. Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada. Se, por este motivo, formos perseguidos, nos configuraremos a Jesus Cristo, vivendo a bem-aventurança da perseguição (Mt 5,11). A Conferência Episcopal, como instituição colegiada, não pode ser responsabilizada por palavras ou ações isoladas que não estejam em sintonia com a fé da Igreja, sua liturgia e doutrina social, mesmo quando realizadas por eclesiásticos. Neste Ano Nacional do Laicato, conclamamos todos os fiéis a viverem a integralidade da fé, na comunhão eclesial, construindo uma sociedade impregnada dos valores do Reino de Deus. Para isso, a liberdade de expressão e o diálogo responsável são indispensáveis. Devem, porém, ser pautados pela verdade, fortaleza, prudência, reverência e amor “para com aqueles que, em razão do seu cargo, representam a pessoa de Cristo” (LG 37). “Para discernir a verdade, é preciso examinar aquilo que favorece a comunhão e promove o bem e aquilo que, ao invés, tende a isolar, dividir e contrapor” (Papa Francisco, Mensagem para o 52º dia Mundial das Comunicações de 2018). Deste Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos, por sua materna intercessão, abundantes bênçãos divinas sobre todos. Aparecida – SP, 19 de abril de 2018. Cardeal Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília – DF Presidente da CNBB Dom Murilo Sebastião Krieger, SCJ Arcebispo São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB

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“A PIOR VIOLÊNCIA É A POBREZA”. [1]

eu Deus, ajuda-me! É cruel demais. O que podemos fazer uns com os outros, é muito cruel… A única forma de interromper o circuito da violência é pelo “jejum do perdão” (misericórdia eu quero e não os sacrifícios), como ato concreto pela paz, uma vez que não são as palavras que curam, mas a presença: convivência carinhosa e terna. Se elas, as palavras, nascem dessa terra então também curam. A linguagem não está presa aos sinais gráficos, pois um olhar é linguagem que cura e fere muito mais que mil palavras grafadas. A linguagem transcende a grafia, por isso escrevo minha história com sangue e entranhas. O sangue de todos aqueles jovens assassinados na Praça da Gentilândia, em Fortaleza, grita da terra reivindicando justiça e sou sangue demais para ignorá-lo. A dor das pessoas que sofrem com a falta de água

enquanto que ao lado de suas casas passa um duto que transporta água para um polo industrial – corta nossa carne com o chicote da indignação, e sou entranha demais para não sentir a sede do Complexo do Pici, Fortaleza – CE. Só existe uma atenção verdadeira, é aquela que recebemos quando ouvem de nós aquilo que lhes vai na alma, quando ouvem o que trazem consigo de mais ardente: medos, esperanças e dores desesperadas. Em última instância é a morte quem nos iguala. O viver nos distancia e a distância nos iguala: a distância que mantemos de nós mesmos. Ao ignorarmos a dor do outro nós evitamos, na verdade, ver quem somos. Em não nos envolvermos com a dor do outro não queremos também sofrer injustiças, nem abrir feridas mal curadas. Se “a pior violência é a pobreza” (nudez e fome; indignidade e esquecimento), então, a violência também nos iguala, porque todos nós – ricos e empobrecidos – tememos sentir o peso da indiferença. Talvez na mente de tantos escravocratas, do passado e do presente, seja melhor receber um olhar de ódio ou medo do que ser alvo da indiferença; até os tiranos querem atenção, mesmo que seja de uma forma desumana e deturpada. Tememos o olhar de desprezo. Tememos uma vida oca “cheia de medo e dor”. Mas quando dos olhos de alguém recebemos o afeto e a amabilidade que necessitamos, infiltra em nossa alma a esperança. Esperança é, portanto, a convicção de que há em nós tudo o que precisamos, mesmo que não saibamos ainda o que precisamos, mesmo que a amabilidade daquele olhar que nos percebe seja para nós como uma terra nova, um admirável mundo novo que nos faz acreditar em nós mesmos: isto é perdão. Em homenagem à Mahatma Gandhi e à Marielle Franco, cujas vidas são suas mensagens. Frei Jean Santos, OFM [1] Mahatma Gandhi.

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Convento

Santo Antô

nio do Re

cife 1920

Matriz de N. Sra do Perpétuo Socorro de Lagoa Seca depois de construida

Serviço Provincial de Comunicação Arte e Diagramação: Frei Erick Ramon, OFM Revisão: Frei Faustino Santos,OFM ; Expedição: Secretaria Provincial Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Rua Imperador, 206, Recife - PE. CEP: 50010 - 240 - Tel: (81) 3424-4556 www.ofmsantoantonio.org / E-mail: ofmnordeste@gmail.com


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