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Setembro - Outubro/ 2021 - Ano LXVI nº 502
Viva São Francisco!
SUMÁRIO
DO PROVINCIAL 03 PALAVRA Dia de S. Francisco
04 MENSAGEM
Ministro Geral para a Festa de São Francisco
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VIDA FRATERNA - Profissão Solene do Frei Willames Batista - Primeira Profissão do Frei Bruno Henrique - Falecimento do Frei Osmar Gogolok - Encontros Vocacionais a nível Provincial - Painel do Dia de São Francisco
ORDEM - Homilia do Geral na Festa das Chagas - Homilia do Vigário Geral na Festa de S. Francisco - Carta do Geral para a V Jornada Mundial dos Pobres - Nomeações Oficiais da Cúria Geral - Visita do Ministro e Vigário Gerais à Terra Santa IGREJA - Mensagem do Papa o Dia das Missões - Carta da CNBB em defesa do Papa, Dom Orlando Brandes e do Espiscopado Brasileiro
OUTROS REGISTROS - Partilha do Frei Marcos Almeida sobre sua visita ao Postulantado - Praça em Campina Grande homenageia Frei Lauro Schwarte
PALAVRA DO PROVINCIAL PARA A FESTA DE SÃO FRANCISCO São Francisco, sinal da Esperança, da Paz e do Bem.
P
rezados Confrades,
O Senhor vos abençoe e vos guarde!
Com as bênçãos de Deus, de Jesus Cristo e a proteção de Maria Santíssima nutrimos um coração alegre pela chegada de mais uma Festa de São Francisco. Essa ocasião deve ser oportuna para animar a missão na nossa Província. Será olhando para o testemunho desse nosso irmão pobrezinho que direcionaremos nossa missão com esperança e entusiasmo. Desde 2020, a humanidade tem atravessado o desafiador tempo da pandemia da Covid19. Este tempo difícil que é também desesperador e cheio de incertezas, levou a todos nós a reorientar muitos hábitos e até estilos de vida. Nessa mudança tão repentina e brusca, não obstante os esforços de todos os lados, Deus foi a nossa força para não perdermos o horizonte da paz e da saúde física e mental. Foi Ele também que nos ajudou a redescobrir o valor da vida e da criação e a convivermos com ela. Falando desse entusiasmo que provém de Deus, é impossível não recordarmos de São Francisco que nos apresenta a Esperança, a Paz e o Bem e que cultivou o desejo de trabalhar de corpo e alma com os pobres, os preferidos de Deus, levando uma vida de obediência a Deus e de altíssima pobreza. Olhando para Francisco, somos convidados a não desprezar ou desvalorizar a vida que está ameaçada por tantos males. Ele nos ajuda a tratar a humanidade e a natureza com respeito, cuidado, atenção e proteção. Que a Festa de São Francisco deste ano seja um momento de renovação e ação de graças e uma oportuna ocasião para acolhermos o chamado de Deus a fim de vivermos os ensinamentos do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, fonte de vida nova para as nossas fraternidades e a nossa missão. Tenham todos uma festa abençoada e repleta de esperança, paz e harmonia. Recife, 04 de outubro de 2021
Frei João Amilton dos Santos, OFM Ministro Provincial
MENSAGENS
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VIDA FRATERNA
PROFISSÃO SOLENE DE FREI WILLAMES BATISTA DO NASCIMENTO
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correu, no dia 07 de setembro, a Profissão Solene ou Perpétua dos Conselhos Evangélicos de Obediência, Nada de Próprio e Castidade do Frei Willames Batista do Nascimento, OFM. Frei Willames reside na Fraternidade de Nossa Senhora das Dores, Fortaleza, e está fazendo o curso de Teologia. Na ocasião da Celebração que foi presidida pelo Ministro Provincial, Frei João Amilton dos Santos, estiveram presentes seus familiares, confrades, religiosas, vocacionados, amigos e a comunidade. Desde as canções, a bailarina que cortejava a Regra e Vida dos Menores até as expressões culturais e religiosas de sua terra, como o barco e a rede que seu pai trouxe e a imagem de Nossa Senhora Mãe dos Homens que é devoção de sua região e que fora trazida por sua mãe, construíram uma moldura para toda a expressão que denotava a beleza litúrgico-sacramental do Sim definitivo e à forma de vida franciscana abraçada por Frei Willames. Foi uma celebração rica em símbolos que levou os presentes a vivenciar com entusiasmo e alegria este momento tão ímpar na vida de um religioso consagrado. A simbologia também os ajudou a mergulhar na dinâmica da liturgia celebrada. O Sim definitivo do Frei Willames foi iluminado pela perícope: “Senhor, em atenção a tua palavra, eu lançarei as redes” (Lc 5,5), que impulsiona à missão de todo cristão, e em particular aos franciscanos: para serem pescadores de homens, irem ao largo, avançar no claustro que é o mundo a fim de levar a boa semente do Evangelho. Que o Senhor conduza os passos do Frei Willames nessa adesão definitiva à forma de vida iniciada por Francisco de Assis. Frei Willames B. do Nascimento, OFM
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VIDA FRATERNA
CHAMADO A AMAR TOTALMENTE O CRISTO QUE SE ENTREGOU INTEIRAMENTE POR SEU AMOR
O
último dia trinta de outubro amanheceu ensolarado na cidade de Lagoa Seca, na Paraíba, como se a criação sorrisse como um mimo de Deus para o “Sim” que, logo mais, numa celebração iniciada às dez horas, eu daria ao chamado que recebi. Tudo também na igreja conventual enaltecia esta ocasião, na qual professei, pela primeira vez, os Conselhos Evangélicos de Obediência, Castidade e Sem Nada de Próprio: as flores, a Regra de nossa Ordem, as velas, tão bem preparadas pelas irmãs clarissas e o próprio clima de alegria que transbordava no rosto dos frades presentes e das pessoas que foram chegando, vindo tanto das proximidades, como também do Recife, Olinda e Triunfo. É bem verdade que esses momentos festivos na vida da Província nos fazem recordar de que Deus suscita, no meio do povo, homens e mulheres para abraçarem mais de perto a radicalidade do batismo dentro da Vida Religiosa Consagrada e também seguirem os passos deixados por Francisco e Clara que, mesmo já tendo passados mais de oitocentos anos, seus exemplos são tão atuais. Foi neste clima celebrativo que instantes antes do início da missa, ainda rezávamos cantando o refrão meditativo “Ama totalmente a quem totalmente, se entregou por amor”, inspirado numa carta de Santa Clara e que
também inspirou toda a turma de noviços que iniciou o Ano do Noviciado em julho de 2020, acompanhada pelos mestres Frei Sergio Moura e Frei Ronaldo César, juntamente com toda a Fraternidade de Ipuarana. A celebração transcorreu de modo tranquilo e seguindo o rito próprio que compreende momentos como a chamada do professando, as interrogações feitas pelo Ministro Provincial, Frei João Amilton, a acolhida do pedido, profissão e entrega da nova corda e Regra. No momento da apresentação dos dons, sobre o altar depus a fórmula da Profissão, anteriormente preparada, como um gesto que recordava que o sim dado a Deus é uma entrega oblativa e que deve ser vivida com seriedade. Por fim, nos agradecimentos foram recordados todos aqueles que acompanharam, direta ou indiretamente, a minha caminhada vocacional como um gesto de reconhecimento pela importância de cada um, assim como pedi aos presentes e aos que acompanhavam a transmissão pelas redes sociais da Província, que rezassem por minha fidelidade ao Projeto de Deus e perseverança na caminhada. Frei Bruno Henrique Barros da Silva, ofm.
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VIDA FRATERNA
FALECIMENTO DO FREI OSMAR GOGOLOK
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rei Osmar Gogolok, filho de Stefan e Hildegard Gronkowsky, nasceu em Friedenshütte, Diocese de Katwitz – Alemanha no dia 06 de julho de 1933. Foi admitido ao noviciado franciscano no dia 21 de outubro de 1953 e emitiu os primeiros votos no dia 22 de outubro de 1954. Os votos solenes da Ordem dos Frades Menores foram emitidos três anos depois, no dia 22 de outubro de 1957, o diaconato no dia 28 de dezembro de 1958 e ordenação presbiteral no dia 19 de dezembro de 1959. Frei Osmar fundou o Comenius-Kolleg em Mettingen-Alemanha no ano de 1972. Ele foi diretor do Kolleg por mais de 40 anos e, posteriormente, representante da associação mantenedora. Da Alemanha, ele se levantou contra a ditadura militar no Brasil de uma forma extraordinária e salvou a vida de muitas pessoas. Co-fundador do Instituto de Estudos Brasileiros na Alemanha, ele ajudou a esclarecer muitos mal-entendidos referentes ao Brasil. Viveu boa parte dos seus anos em Mettingen, em alguns momentos como Vigário do Convento Nossa Senhora dos Anjos, outros como guardião. Foi eleito por algum tempo representante do Provincial na Alemanha. Nos últimos anos, Frei Osmar Gogolok apresentou um quadro de cansaço bastante acentuado com insuficiência cardíaca. Esse quadro se agravou nos últimos meses de 2021 somado a outros problemas: além da insuficiência cardíaca, água nos pulmões, falta de ar e dores nas pernas que inspiraram bastante cuidado. Nas últimas semanas, Frei Osmar ficou sendo cuidado no Convento de Mettingen e aí, no dia 18 de outubro, faleceu. ALGUMAS INFORMAÇÕES • Dia, mês e ano do falecimento: 18.10.2021 • Sobrenome: Gogolok • Nome Religioso: Osmar • Nome de Batismo: Erwin • Lugar de Nascimento: Friedenshütte - Alemanha • Província: Santo Antônio do Brasil • Lugar do falecimento: Mettingen - Alemanha • Idade: 88 anos • Anos de vida religiosa: 67 anos • Anos de Sacerdócio: 61 anos
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VIDA FRATERNA
HOMILIA DO FREI DONATOS KESTEL NO RÉQUIEM DE FREI OSMAR GOGOLOK
Q
Saí com mil desejos Volto para a casa com um desejo humilde. Ainda meu coração abriga apenas uma esperança Eu quero ir para a casa. uerida família em luto, meus queridos irmãos e irmãs no Senhor,
Em nós, humanos, também na vida do falecido Frei Osmar, que hoje enterramos, existe um urgir de luz e criatividade, de felicidade e alegria de viver, de futuro. Não seja isso um indício de que algo está adormecido, vive e opera em nós, que transcende a finitude, os limites da morte e permite que sejam superados. Suspeitamos e sabemos pela fé que existe um poder que nos sustenta e nos completa. Conhecemos a palavra de Deus: eu vivo e vocês também viverão. Nossa morte é superada por sua morte. Em sua ressurreição, a vida ressuscitou para todos nós. Jesus promete: “Existem muitas moradas na casa de meu Pai. Se não fosse assim, eu lhes teria dito, porque vou preparar um lugar para vocês. E quando eu for e lhes tiver preparado um lugar, voltarei e levarei vocês comigo, para que onde eu estiver, estejam vocês também.” (Jo 14,2-3) Especialmente na hora da partida, da dolorosa experiência de nossa transitoriedade humana e de nosso declínio físico, que nosso irmão tão pacientemente assumiu, a perspectiva de um lar melhor, da Jerusalém celestial, ganha em esplendor, em promessa, em realização. A nossa busca, ao longo da vida, por um lugar para ficar, após uma vida em abundância, recebe a sua confirmação final. Nosso lar, diz São Paulo, é o paraíso. O que esperamos e pedimos para nosso irmão Osmar: a luz eterna, sim, ela brilhe para ele. Sua peregrinação terrestre, seu chamado, encontrou o destino eterno. Nosso falecido Frei Osmar, cuja vida recordamos com respeito e admiração, nasceu aos dias 6 de julho de 1933 em Friedenshütte, Alta Silésia. Depois de uma infância tranquila e pacífica, ele experimentou o fim da guerra de forma muito dolorosa. Ele teve que deixar sua terra. A rota de fuga o levou a Dresden; lá ele experimentou de perto o bombardeio devastador, o ataque aéreo. “Minha infância acabou quando eu tinha 12 anos”, dizia o Frei Osmar. Ele finalmente encontrou um novo lar em Oldenburg. Lá, finalmente, decidiu se tornar um franciscano. Em Rietberg fez o noviciado para a Província Franciscana do Nordeste do Brasil. Depois tomou o navio para o Brasil. Em Olinda estudou filosofia na faculdade da Ordem. Seguiu os estudos de teologia em Salvador da Bahia. Foi ordenado presbítero em 19 de dezembro de 1959. Em Aracaju seguiu ainda um estudo pastoral. Após 8 anos no Brasil, ele foi finalmente transferido para a Alemanha por seus superiores para continuar seus estudos em vista do serviço escolar posterior. Além de pedagogia, ele estudou geografia urbana, ciências de literatura e língua alemãs (Germanistik) e filosofia. Toda sua paixão e seu coração, porém, pertencia ainda ao Brasil. Aqui em Mettingen, ele ensinou e promoveu SET-OUT / 2021 NOTÍCIAS
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VIDA FRATERNA jovens adultos numa escola especial preparando-os para o serviço no Brasil, posteriormente. Em 1969 fundou o Instituto de Estudos Brasileiros; em 1972 desempenhou um papel fundamental na fundação do Centro de Educação de Adultos, o chamado Comenius-Kolleg. A partir de 1992, o colégio recebeu estudantes estrangeiros para que pudessem atender os pré-requisitos necessários de admissão em universidades alemãs. Frei Osmar alcançou grandes méritos nos longos anos de serviço escolar. Toda a sua paixão ainda pertencia ao Brasil. Além de um serviço de imprensa, fundou sua própria revista: o Brasilien-Dialog (Diálogo Brasil). Seu principal objetivo era construir uma ponte entre o Brasil e a Alemanha, para aprofundar o conhecimento e a compreensão do Brasil na Alemanha. A idade e problemas de saúde finalmente o forçaram a abandonar a escola e se tornar um merecido aposentado. Todo o seu trabalho foi extremamente benéfico. Que ele receba sua recompensa no céu por isso. Na segunda-feira (18 de agosto), por volta das 5 horas, ele entregou, calma e piedosamente a sua alma ao Senhor da vida e da morte. Alguns detalhes e números sóbrios. Mas que vida rica está se escondendo por trás disso: o mundo colorido e diverso, todos os sentimentos de torcida alta até a tristeza mortal de sua vida dura. Isso não pode ter sido tudo: é por isso que perguntamos com razão: o que significa vida e aprendizagem, qual é o sentido da vida diante da morte certa? A Igreja o expressa na certeza da fé: deixe a luz eterna brilhar sobre ele. Esta não é uma fórmula vazia - o Senhor ressuscitado garante esta oração através da sua luz esplêndida, para que nem tudo acabe com a morte. A vida do Frei Osmar não acabou, mas se completa em Deus, a sua vida não se destrói, mas se renova em Deus, não se rompeu abruptamente, mas atingiu a meta a partir da qual S. Paulo diz: nenhum olho viu, nenhum ouvido ouviu, e em nenhum coração humano pode entrar no que Deus preparou para aqueles que o amam. Respeito, apreço e agradecimento, que devemos ao nosso irmão, Frei Osmar, não se perdem no fim da sua vida e não podem ser sepultados porque Deus, o amante de toda a vida, permite que continue a viver tudo o que uma pessoa doou no decorrer de sua vida e há muito disso na vida de Frei Osmar. Portanto: digam adeus, irmãos, todo retorno é incerto; o céu se arqueia sobre a terra, adeus, adeus. Nós repousamos todos nas mãos de Deus. Adeus e, Senhor, dê-lhe descanso eterno, e a luz eterna brilhe sobre ele. Amém e gosto de acrescentar: Aleluia. Frei Donatos Kestel, OFM Homilia da Missa de Corpo Presente
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FORMAÇÃO
ENCONTROS VOCACIONAIS A NÍVEL PROVINCIAL SETEMBRO: A VOCAÇÃO DE SANTA CLARA E O SEGUIMENTO DE JESUS
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o dia 18 de setembro, sábado, aconteceu mais um encontro vocacional provincial virtual. O tema deste encontro foi: A vocação de Santa Clara e o seguimento de Jesus. Neste encontro contamos com a assessoria da Irmã Chiara, monja clarissa que reside no Mosteiro do Santíssimo Sacramento em Canindé-CE. O encontro e o modo como Irmã Chiara conduziu sua explanação foi bastante interessante, mostrando aos jovens como foi o processo vocacional de nossa mãe Santa Clara. Que pelo exemplo de Santa Clara, nossos jovens possam a cada dia discernir e amadurecer seu chamado vocacional à vida religiosa franciscana. OUTUBRO: SÃO FRANCISCO E A FRATERNIDADE UNIVERSAL: UM APELO PARA HOJE
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o sábado, dia 9 de outubro, aconteceu mais um Encontro Vocacional a nível provincial que teve por tema: São Francisco e a Fraternidade Universal: Um apelo para hoje. O encontro contou com a assessoria do Frei Israel Costa Cardoso, OFM, frade da Custódia do Sagrado Coração de Jesus. Frei Israel nos levou a refletir de modo profundo que São Francisco sentia com fina percepção o laço de fraternidade que une os seres humanos às criaturas não humanas. Ele sentia o pulsar da natureza e nutria veneração e respeito por todos os seres, por menores que fossem. Citando o exemplo de Jesus que não foi indiferente à mulher que a doze anos tinha um fluxo de sangue (Mc 5:24), nem à samaritana à beira do poço de Jacó (Jo 4:4-26), Frei Israel nos ajudou a refletir que, em exemplos como esses, Francisco encontrou motivações para cultivar um coração sem fronteiras, sem a necessidade de fazer guerras de ideias. Francisco de Assis tinha, antes, a convicção que a cultura do encontro é capaz de promover a paz e o bem, e que o caminho certo era o de viver e partilhar o amor de Deus, despertando o sonho de uma sociedade mais justa e fraterna, uma FRATERNIDADE UNIVERSAL. Ser irmãos é o apelo que Jesus Cristo faz hoje a todos os cristãos. Esse convite é o mesmo que o encontro vocacional ressaltou. Se formos verdadeiramente irmãos, não terão vez as particularidades de raça, cor, país, ideias, religião, clube de futebol, gostos pessoais, títulos académicos, conta bancária, emprego, preferências musicais… porque, essencialmente estaremos abraçados e unidos, sendo todos irmãs e irmãos uns dos outros, sem fronteiras. SET-OUT/ 2021 NOTÍCIAS
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CAPÍTULO FESTA DE SÃOPROVINCIAL FRANCISCO
São Francisco
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FESTA DE SÃO FRANCISCO
Cheio de Amor
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ORDEM
HOMILIA DO MINISTRO GERAL PARA A ESTA DOS ESTIGMAS DE SÃO FRANCISCO
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La Verna, 17 de setembro de 2021
sta celebração começou com uma oração intensa: dissemos ao Pai que Ele mesmo marcou a carne de Francisco com os sinais da Paixão e a intenção é inflamar o nosso espírito com o fogo do Seu amor. Portanto, o Stigmata não é um privilégio “privado” de Francisco, mas uma realidade viva e ardente para nós hoje. O objetivo é permitir-nos participar na morte e ressurreição de Cristo e, portanto, da sua Páscoa. Mas não é este o cerne de toda nova vida de acordo com o Espírito que recebemos no batismo? É o que Paulo diz: compartilhar seu sofrimento (dor) para entrar em sua vida (alegria). Aceitar a rejeição que Jesus enfrentou, permitir-nos ser tocados e transformados pelo seu amor. Encontramos esta tensão entre dor e alegria, rejeição e amor, na visão de Francisco sobre esta montanha: Quando o bendito servo do Altíssimo viu essas coisas, ficou maravilhado, mas não conseguiu decidir o que essa visão significava para ele. Além disso, ele se alegrou muito e ficou muito contente com o olhar bondoso e gracioso que viu que o Serafim lhe deu. A beleza do Serafim estava além da compreensão, mas o fato de que o Serafim estava fixado na cruz e o sofrimento amargo daquela paixão o assustou completamente. Conseqüentemente, ele se levantou triste e feliz enquanto a alegria e a tristeza se reviravam em seu coração. Preocupado com o assunto, ele continuou pensando sobre o que essa visão poderia significar, e seu espírito estava ansioso para discernir um significado lógico da visão . Francisco é tomado por um novo encontro com o Senhor, tão grande que o domina e o deixa quase atordoado. Ele não consegue entender. Pelo contrário, é chamado a deixar-se abraçar, a ser tocado na sua realidade mais profunda, onde o espera a conformidade a
Cristo, a aceitação da sua forma, do seu modo de ser, de viver, de amar e de morrer. Francisco nos mostra que nem tudo é claro e direto, acessível ao nosso entendimento na vida do Espírito. É preciso aceitar que admiração e incompreensão se misturam, que algo nos escapa, que nem tudo pode ser absorvido. Nós o experimentamos em nossas próprias vidas e em tudo o que se move ao nosso redor: quanta dor e amor se misturam! Quanta busca e luta com medo e incerteza! E o quanto tudo isso nos incomoda e nos confunde. Gostaríamos de um caminho direto e tranquilo e, em vez disso, como o Seráfico, nosso espírito está agitado porque não podemos captar o significado do que está acontecendo conosco. Como crentes, essa perturbação nos assusta. Talvez não tenhamos fé? Ou somos chamados a percorrer outro caminho para crescer na fé: o abandono e a entrega de nós mesmos à sua presença viva e ativa em meio às contradições e fragilidades de nossa existência mortal e limitada. O chamado à vida, a Páscoa da morte e da ressurreição acontece precisamente no emaranhado de nossas pobres vidas, que somos chamados a acolher e reconhecer como lugar de salvação. Hoje, mais do que nunca, precisamente naquela fraqueza radical que vivemos em primeira mão como resultado da pandemia. O que nos permite passar para a alegria da Páscoa? Sem dúvida, a consolação que podemos experimentar pela confiança no Pai que não nos engana, mas quer que entremos na sua intimidade de dor e de amor, oferecendo-nos a si mesmo. Sim, porque se o Serafim assim se mostra ao Poverello, significa que no próprio Deus o amor e a dor se encontram, na lógica da entrega total, que em certo sentido tira o Senhor de si, o dirige para o mundo e nós, a ponto de torná-lo participante do nosso grito. Se o Serafim se volta para Francisco em fuga veloz, este sabe que o Senhor o encontrará, o buscará, o abraçará e o marcará para sempre. Perguntemo-nos porque é que no Testamento São Francisco não fala desta iniciativa do Senhor, enquanto recorda as outras (leprosos, sacerdotes, irmãos, a Igreja ...). Certamente por um lado ele queria esconder o segredo do grande Rei e por outro lado este encontro não tem outros assuntos com ele, mas é dirigido apenas a ele, o pequeno, é o selo em seu caminho e um sinal poderoso para aqueles que o seguem.
ORDEM
Francisco quer sentir na alma e no corpo a dor que Jesus sofreu na hora da Paixão e, ao mesmo tempo, pede sentir no coração aquele amor excessivo com que o Filho de Deus ardeu por nós pecadores. . Mais uma vez, a dor e o amor se cruzam e mostram em Francisco - e em nós - a lógica da Páscoa. Tomar a cruz e seguir Jesus neste caminho de dor e amor é o centro incandescente da experiência cristã de Francisco. O resto deve ser compreendido e esclarecido a partir deste centro. A glorificação de Deus nas criaturas, o amor pelos irmãos, a missão da paz: tudo nele é reverberação e fruto da Páscoa do Senhor. Eis a resposta do Senhor que Francisco esperava, diante da incompreensão e da amargura de seus irmãos e do medo de ter errado o alvo com suas escolhas: Deus convida Francisco, mais uma vez, a cruzar a Páscoa de morte e ressurreição do Filho, tão poderosa que deixou marcas na carne de Francisco. Ele o convida a perder a vida na liberdade do amor, a não se conter, a se deixar ir, a se encontrar num novo caminho: doação e não acumulação, acolhida e não posse. Só assim a pessoa de Francisco e a nossa alcançam a sua verdade. Uma pessoa que se relaciona, que sai de si mesma, encontra-se na liberdade do amor que pode se submeter ao outro e não se afirmar a todo custo. Francisco até deixou que o Senhor entrasse em sua carne e lhe deixasse um sinal, um beijo ardente de amor, assim como ele havia permitido que os leprosos o abraçassem, os padres pecadores o impedissem de pregar, os irmãos o recebessem e os incrédulos falassem com ele. Um homem desarmado e pobre porque era livre para amar e servir. Por isso é livre para se deixar amar. O mistério dos Estigmas está então tão perto de nós, tão familiar. Ao celebrá-la em memória da Páscoa do Senhor, pedimos para ser atraídos e transformados por ela. FONTE: OFM
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ORDEM
HOMILIA DO VIGÁRIO GERAL FREI ISAURO COVILI PARA A SOLENIDADE DE SÃO FRANCISCO
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onvido-vos a voltar ao Evangelho que ouvimos e que Francisco viveu de tal maneira que Jesus Cristo, que é o Verbo encarnado, o igualou a ele. No começo, compartilho três pequenos pensamentos com você. Primeiro. A alegria de Jesus manifestada no louvor do Pai pela sua revelação aos simples e pela acolhida que estes manifestam da mensagem da Salvação. Os judeus pensavam que quem tinha conhecimento, os entendidos eram dignos da revelação de Deus, mas para Jesus, não é o caso. Jesus tem outros critérios, sempre nos surpreende. Ele olha para a realidade de uma maneira diferente. Segundo. Jesus nos mostra sua identidade, sua intimidade, sua alma. Ele fala de sua relação especial com seu Pai e de seu profundo desejo de nos abraçar com nossas fraquezas e enfermidades, com tudo o que somos e temos. Terceiro. Jesus se dirige aos aflitos e oprimidos com a promessa de que n’Ele, estes encontrarão descanso. Reconhecendo Jesus como Servo e Senhor, encontrarão caminhos de liberdade, serão seus discípulos, descobrindo que a alegria do discípulo é seguir Jesus e seguir seus passos. As pessoas que o ouviam estavam cansadas, certamente como muitos de nós. A voz de Jesus era certamente como uma cachoeira de água viva. Quem
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ouviu Jesus é uma pessoa simples, mas capaz de compreender e acolher a novidade da mensagem de Jesus, que transforma a vida e o olhar. O convite de Jesus é para segui-lo, como fez nosso irmão Francisco. Seguir a Jesus é uma experiência que liberta e alegra mesmo em meio ao cansaço e à desilusão. Você está cansado? Quais são seus projetos, suas lutas, seus sofrimentos. Jesus te convida, nos convida: venha a mim e encontrarão descanso. É um convite sempre aberto ao futuro. Eu me pergunto e pergunto a vocês: por que e para que estamos nos encontrando? Por que você veio para esta abençoada cidade de Assis? A resposta parece óbvia e todos podemos responder com um único grito: para celebrar São Francisco. Mas em um nível mais profundo, convido cada pessoa a olhar para dentro e tentar encontrar uma resposta para a pergunta: Por que e para que vim? Talvez eu tenha vindo por tradição, por costume. Vim apresentar as minhas preocupações, a minha saúde, os problemas, a vida da minha família, da minha comunidade cristã e paroquial. Vim simplesmente para festejar este grande e pequeno santo que mudou a história do mundo e da Igreja no seu tempo e em cada época, assim como no presente. Certamente você já pensou em algumas outras respostas para a pergunta e que bom que seja assim. Creio também que estamos aqui, queridos irmãos
ORDEM
e irmãs, peregrinos, para que não nos tornemos indiferentes ao que se passa à nossa volta. Descobrir e reconhecer que o caminho da pobreza evangélica e da fraternidade é a forma franciscana de se reconhecer como irmãos, como nos convida o Papa Francisco em sua carta Fratelli Tutti . Acredito que estamos aqui para que todos possamos renovar nosso compromisso de fazer deste mundo uma lugar, uma casa melhor, onde haja paz, justiça e cuidado com a vida. Um lugar onde os gestos de ternura são cultivados e todas as formas de violência e dominação são banidas. Iniciando empenho no local onde cada um vive e trabalha. Viemos aqui para que Francisco e Clara nos ajudem a percorrer os caminhos do mundo, acolhendo e dialogando com todos, especialmente com os migrantes e com aqueles que pensam e creem de uma forma diferente. Estamos aqui de novo, queridos irmãos e irmãs, para que, à luz da experiência de Francisco, possamos fazer o nosso próprio caminho de conversão e de encontro com Jesus Pobre e crucificado e sustentados pela alegria do Ressuscitado. Viemos para que Francisco nos torne homens e mulheres crentes, apaixonados por Jesus Cristo e nos ajude a ver em profundidade a realidade do coração humano e de todas as estruturas sociais, políticas, culturais e religiosas que tornam milhões de pessoas invisíveis como se eles não existissem. Nós, franciscanos, que vivemos nos cinco continentes, viemos este ano a Assis, para pedir a São Francisco, deste lugar sagrado, que nos acompanhe para dar vida aos renovadores convites que os irmãos reunidos no Capítulo Geral, recentemente celebrado, nos ofereceram: um convite à gratidão, um convite a renovar a nossa visão, um convite à conversão e penitência, um convite à missão e à evangelização, um convite a abraçar o nosso futuro. Estas exortações são um belo itinerário para testemunhar com a vida a Misericórdia que Deus tem e sempre terá pela humanidade e por toda a criação. Termino esta homilia, convidando-vos a repetir três vezes as palavras de esperança que Jesus nos dirige no Evangelho de hoje: Vinde a mim, eu vos aliviarei. FONTE: OFM
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NOMEAÇÕES OFICIAIS DA CÚRIA GERAL
Ministro Geral, Frei Massimo FUSARELLI, junto com o Vigário geral, Frei Isauro COVILI LINFATI, e os oito Definidores gerais se reuniram de 6 a 15 de setembro de 2021 na Casa Geral OFM de Roma para discutir assuntos relacionados ao governo, a administração e animação da Ordem. Nesta reunião do Tempo Forte, o Governo Geral se reuniu com os Secretariados Gerais e diversos Escritórios, tratou de assuntos internacionais de necessidade imediata e discutiu a orientação da Ordem para o sexênio 2021-2027, incluindo as formas práticas de implementação das orientações e diretrizes do Capítulo Geral em julho de 2021. Depois de confirmar o Frei Giovanni RINALDI como Secretário Geral ad interim até 31 de agosto de 2022, o Definitório Geral elegeu para o próximo sexênio: Fr. Francisco GÓMEZ VARGAS, da Província de San Pablo Apóstol, Colômbia, Secretário Geral para as Missões e Evangelização; Fr. Darko TEPERT, da Província dos Santos Cirilo e Metódio, Croácia, Secretário geral para a Formação e os Estudos; e Fr. Claudio DURIGHETTO, da Província Seráfica de São Francisco de Assis, Itália, Procurador Geral da Ordem. Junto com as eleições para o sexênio, o novo Guardião da Fraternidade da Cúria Geral-Santa Maria Mediatrice foi eleito para este triênio na pessoa do
Fr. Maciej (Krzysztof) OLSZEWSKI, da Província de San Francisco de Asís, Polônia. Além disso, as seguintes nomeações oficiais foram feitas: Fr. Dennis TAYO, da Custódia de Santo Antônio de Pádua, Filipinas, Animador geral para as Missões; Fr. Hieronimus Yosep DEI RUPA, Secretário Geral Adjunto para a Formação e os Estudos; Fr. Chryzostom (Jaroslaw) FRYC, Secretário do Gabinete do Procurador-Geral; Fr. Evodio JOÃO, da Custódia de Santa Clara, em Moçambique, Diretor do Gabinete de Comunicação; Fr. Fabio César GOMES, da Província da Imaculada Conceição da BVM, Brasil, Delegado Geral Pró-Monialibus; Fr. Israel PORRAS ALVARADO, da Província dos Santos Pedro e Pablo, México, Subdiretor do Escritório de Protocolo Geral; Pe. Baptist D’SOUZA, da Província de Santo Tomás do Apóstolo, Índia, Vice-Diretor do Escritório para o Desenvolvimento; Fr. Angel Edwin MONTOYA MONTOYA, da Província de São Francisco, Equador, Reitor dos Estudantes da Fraternidade “Beato Gabriele M. Allegra”, CISA; A confirmar: Secretário Pessoal do Ministro Geral; e A confirmar: Diretor do Escritório de Desenvolvimento.
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ORDEM
VISITA DO MINISTRO GERAL E DO VIGÁRIO GERAL À TERRA SANTA
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Ministro Geral, Frei Massimo Fusarelli, e o Vigário Geral, Frei Isauro Covili, visitaram a Terra Santa. Tratou-se da primeira visita deles fora da Itália. Foram dias de encontro e oportunidade de contato para ouvir os confrades que desempenham seus trabalhos naquele território, conhecer as obras da Custódia da Terra. A presença da Ordem naquela terra abençoada é muito preciosa e uma ocasião para rezar pela paz entre os povos que nela habitam. Na ocasião desta visita, Frei Massimo e Frei Isauro tiveram um encontro de caráter ecumênico com o Patriarca ortodoxo grego de Jerusalém, Teófilo III.
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O dia 23 de outubro ficou marcado pela entrada solene do Ministro geral na cidade de Belém que, seguindo à esteira dos Reis Magos, levou consigo o fogo ardente da fé de São Francisco de Assis e da esperança, apesar das difíceis condições vividas pela população local. Frei Massimo foi recebido na Praça em frente à Basílica da Natividade pelas autoridades religiosas e civis. As gaitas de foles e os instrumentos de latão dos batedores precederam a procissão do Frei Massimo Fusarelli. Muitas crianças e famílias de Belém estavam esperando por ele. Fonte: OFM
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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE O PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2021 «Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20)
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ueridos irmãos e irmãs!
Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra SET-OUT/ 2021 NOTÍCIAS
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que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: «Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes» (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão. A experiência dos Apóstolos A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: «Eram as quatro da tarde» (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41). Com Jesus, vimos, ouvimos e constatamos que as coisas podem mudar. Ele inaugurou – já para os dias de hoje – os tempos futuros, recordando-nos uma caraterística essencial do nosso ser humano, tantas vezes esquecida: «fomos criados para a plenitude, que só se alcança no amor» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 68). Tempos novos, que suscitam uma fé capaz de estimular iniciativas e plasmar comunidades a partir de homens e mulheres que aprendem a ocupar-se da fragilidade própria e dos outros (cf. ibid., 67), promovendo a fraternidade e a amizade social. A comunidade eclesial mostra a sua beleza, sempre que se lembra, com gratidão, que o Senhor nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4, 19). Esta «predileção amorosa do Senhor surpreende-nos e gera maravilha; esta, por sua natureza, não pode ser possuída nem imposta por nós. (…) Só assim pode florir o milagre da gratuidade, do dom gratuito de si mesmo. O próprio ardor missionário nunca se pode obter em consequência dum raciocínio ou dum cálculo. Colocar-se “em estado de missão” é um reflexo da gratidão» (Francisco, Mensagem às Pontifícias Obras Missionárias, 21 de maio de 2020). E, no entanto, os tempos não eram fáceis; os primeiros cristãos começaram a sua vida de fé num am-
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biente hostil e árduo. Histórias de marginalização e prisão entrelaçavam-se com resistências internas e externas, que pareciam contradizer e até negar o que tinham visto e ouvido; mas isso, em vez de ser uma dificuldade ou um obstáculo que poderia levá-los a retrair-se ou fechar-se em si mesmos, impeliu-os a transformar cada incómodo, contrariedade e dificuldade em oportunidade para a missão. Os próprios limites e impedimentos tornaram-se um lugar privilegiado para ungir, tudo e todos, com o Espírito do Senhor. Nada e ninguém podia permanecer alheio ao anúncio libertador. Possuímos o testemunho vivo de tudo isto nos Atos dos Apóstolos, livro que os discípulos missionários sempre têm à mão. É o livro que mostra como o perfume do Evangelho se difundiu à passagem deles, suscitando aquela alegria que só o Espírito nos pode dar. O livro dos Atos dos Apóstolos ensina-nos a viver as provações unindo-nos a Cristo, para maturar a «convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos», e a certeza de que «a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15, 5)» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 279). O mesmo se passa connosco: o momento histórico atual também não é fácil. A situação da pandemia evidenciou e aumentou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que já tantos padeciam, e desmascarou as nossas falsas seguranças e as fragmentações e polarizações que nos dilaceram silenciosamente. Os mais frágeis e vulneráveis sentiram ainda mais a sua vulnerabilidade e fragilidade. Experimentamos o desânimo, a deceção, o cansaço; e até a amargura conformista, que tira a esperança, se apoderou do nosso olhar. Nós, porém, «não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor, e nos consideramos vossos servos por amor de Jesus» (2 Cor 4, 5). Por isso ouvimos ressoar nas nossas comunidades e famílias a Palavra de vida que ecoa nos nossos corações dizendo: «Não está aqui; ressuscitou» (Lc 24, 6); uma Palavra de esperança, que desfaz qualquer determinismo e, a quantos se deixam tocar por ela, dá a liberdade e a audácia necessárias para se levantar e procurar, criativamente, todas as formas possíveis de viver a compaixão, «sacramental» da proximidade de Deus para connosco que não abandona ninguém na beira da estrada. Neste tempo de pandemia, perante a tentação de mascarar e justificar a indiferença e a apatia em nome dum sadio distanciamento social, é urgente a missão da compaixão, capaz de fazer da distância necessária um lugar de encontro, cuidado e promoção. «O que vimos e ouvimos» (At 4, 20), a misericórdia com que
fomos tratados, transforma-se no ponto de referimento e credibilidade que nos permite recuperar e partilhar a paixão por criar «uma comunidade de pertença e solidariedade, à qual saibamos destinar tempo, esforço e bens» (Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 36). É a sua Palavra que diariamente nos redime e salva das desculpas que levam a fechar-nos no mais vil dos ceticismos: «Tanto faz; nada mudará!» Pois, à pergunta «para que hei de privar-me das minhas seguranças, comodidades e prazeres, se não vou ver qualquer resultado importante», a resposta é sempre a mesma: «Jesus Cristo triunfou sobre o pecado e a morte e possui todo o poder. Jesus Cristo vive verdadeiramente» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 275) e, também a nós, nos quer vivos, fraternos e capazes de acolher e partilhar esta esperança. No contexto atual, há urgente necessidade de missionários de esperança que, ungidos pelo Senhor, sejam capazes de lembrar profeticamente que ninguém se salva sozinho. Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20). Tudo o que recebemos, tudo aquilo que o Senhor nos tem concedido, ofereceu-no-lo para o pormos a render doando-o gratuitamente aos outros. Como os apóstolos que viram, ouviram e tocaram a salvação de Jesus (cf. 1 Jo 1, 1-4), também nós, hoje, podemos tocar a carne sofredora e gloriosa de Cristo na história de cada dia e encontrar coragem para partilhar com todos um destino de esperança, esse traço indubitável que provém de saber que estamos acompanhados pelo Senhor. Como cristãos, não podemos reservar o Senhor para nós mesmos: a missão evangelizadora da Igreja exprime a sua valência integral e pública na transformação do mundo e na salvaguarda da criação. Um convite a cada um de nós O tema do Dia Mundial das Missões deste ano – «não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos» (At 4, 20) – é um convite dirigido a cada um de nós para cuidar e dar a conhecer aquilo que tem no coração. Esta missão é, e sempre foi, a identidade da Igreja: «ela existe para evangelizar» (São Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 14). No isolamento pessoal ou fechando-se em pequenos grupos, a nossa vida de fé esmorece, perde profecia e capacidade de encanto e gratidão; por sua própria dinâmica, exige uma abertura crescente, capaz de alcançar e abraçar a todos. Atraídos pelo Senhor e a vida nova que oferecia, os primeiros cristãos, em vez de cederem à tentação de se fechar numa elite, foram ao encontro dos povos para testemunhar o que viram e ouviram: o Reino de Deus está próximo. Fizeram-no
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com a generosidade, gratidão e nobreza próprias das pessoas que semeiam, sabendo que outros comerão o fruto da sua dedicação e sacrifício. Por isso apraz-me pensar que «mesmo os mais frágeis, limitados e feridos podem [ser missionários] à sua maneira, porque sempre devemos permitir que o bem seja comunicado, embora coexista com muitas fragilidades» (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 239). No Dia Mundial das Missões que se celebra anualmente no penúltimo domingo de outubro, recordamos com gratidão todas as pessoas, cujo testemunho de vida nos ajuda a renovar o nosso compromisso batismal de ser apóstolos generosos e jubilosos do Evangelho. Lembramos especialmente aqueles que foram capazes de partir, deixar terra e família para que o Evangelho pudesse atingir sem demora e sem medo aqueles ângulos de aldeias e cidades onde tantas vidas estão sedentas de bênção. Contemplar o seu testemunho missionário impele-nos a ser corajosos e a pedir, com insistência, «ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2), cientes de que a vocação para a missão não é algo do passado nem uma recordação romântica de outrora. Hoje, Jesus precisa de corações que sejam capazes de viver a vocação como uma verdadeira história de amor, que os faça sair para as periferias do mundo e tornar-se mensageiros e instrumentos de compaixão. E esta chamada, fá-la a todos nós, embora não da mesma forma. Lembremo-nos que existem periferias que estão perto de nós, no centro duma cidade ou na própria família. Há também um aspeto da abertura universal do amor que não é geográfico, mas existencial. Sempre, mas especialmente nestes tempos de pandemia, é importante aumentar a capacidade diária de alargar os nossos círculos, chegar àqueles que, espontaneamente, não sentiria como parte do «meu mundo de interesses», embora estejam perto de nós (cf. Francisco, Carta enc. Fratelli tutti, 97). Viver a missão é aventurar-se no cultivo dos mesmos sentimentos de Cristo Jesus e, com Ele, acreditar que a pessoa ao meu lado é também meu irmão, minha irmã. Que o seu amor de compaixão desperte também o nosso e, a todos, nos torne discípulos missionários. Maria, a primeira discípula missionária, faça crescer em todos os batizados o desejo de ser sal e luz nas nossas terras (cf. Mt 5, 13-14). Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Epifania do Senhor, 6 de janeiro de 2021. SET-OUT/ 2021 NOTÍCIAS
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OUTROS REGISTROS
POSTULANTADO EM TRIUNFO AOS OLHOS DO FREI MARCOS ALMEIDA
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ais uma vez em Triunfo, no convento de São Boaventura. Ponto de parada no itinerário das férias que empreendi junto com Frei Severiano Alves Barbosa. Nessa localidade está situada a fraternidade de formação do postulantado com aproximadamente vinte jovens animadamente participando de várias atividades que compõem o processo de formação espiritual e social das Províncias Santo Antônio do Brasil e Nossa Senhora da Assunção de Bacabal. Além de interagir com a comunidade, eu tive a oportunidade, a pedido do mestre dessa etapa de formação, Frei Adriano Ferreira da Silva, de partilhar alguns aspectos sobre a vida e atividade de São Francisco de Assis e a herança assumida pela fraternidade franciscana até o presente. Afinal, discorrer oitocentos anos de história em três horas seria uma ambição desproporcional às nossas capacidades humanas. Na verdade, nós já havíamos tido um encontro à distância em junho de 2021. Revisitamos, então, algumas falas nossas do dito encontro e esclarecemos o que havia ficando em nossas memórias. Sem sombra de dúvida, vivemos um tempo favorável de conhecimento mútuo. Alguns postulantes eu já conhecia, outros os conheci naquele curto momento, mas não menos profundo. Fiquei marcado com o vigor vocacional da comunidade, chamou-me a atenção a curiosidade em conhecer, bem como as atividades manuais que os postulantes exercem em casa: cuidar dos detalhes do dia a dia, atelier de pintura e restauro de imagens, a webrádio Santo Antônio, as criações (porcos, aves), as plantações; a vida fraterna à mesa e na capela; sustento do corpo e da alma, estes são elementos indispensáveis para o desenvolvimento de uma vocação harmoniosa. A última palavra para definir o que vivi e senti: Gratidão. Vocês estão no nosso coração e oração.
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Fr. Marcos Almeida, ofm
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PRAÇA EM CAMPINA GRANDE RECEBE O NOME DE FREI LAURO SCHWARTE
OUTROS REGISTROS
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o dia 2o de outubro de 2021 uma Praça pública no bairro Jardim Continental (entre as ruas Viana Amorim Guedes e Sílvio Romero) da cidade de Campina Grande foi entregue à população pelo prefeito Bruno Cunha Lima. Para as pessoas daquele bairro, a presença do Frei Lauro foi marcante, conforme narra uma moradora e atuante na comunidade eclesial: “Frei Lauro foi um grande homem que esteve entre nós. Ele construiu nossa antiga capelinha, junto com os senhores Antero e Elizeu. Anos depois, viu que precisava de uma Igreja maior e, assim, construiu a Igreja. Ajudou muitas famílias construindo casas, ajudando de várias formas. Construiu também a SAB do Jardim Continental, saneou boa parte do bairro e lutou pelos jovens. Trouxe pra nós as Santas Missões Populares, onde surgiram vários missionários que até hoje continuam a evangelização. Na área central do Bairro num tempo de Santa Missão, foi colocada uma Cruz no meio do bairro, simbolizando essa fé e esperança. Esse lugar se transformou num local de oração pela Comunidade Católica São José Operário. Nesse dia 20/10/2021 tivemos a honra de inaugurar juntamente com o Prefeito da cidade a praça que leva o nome desse nosso querido amigo, servo do Senhor que tanto ajudou nossos moradores. Homenagem mais que justa e merecida. Que Frei Lauro lá do céu esteja vendo esse agrado. Amém”
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Serviço Provincial de Comunicação Arte: Erick Ramon Pereira de Lima Diagramação: Frei Faustino dos Santos, OFM Revisão: Frei Faustino dos Santos, OFM Frei Marcos Almeida, OFM Frei Artur Bruno S. Medeiros, OFM Expedição: Secretaria Provincial
Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil Rua Imperador, 206, Recife - PE. CEP: 50010 - 240 - Tel: (81) 3424-4556 www.ofmsantoantonio.org / E-mail: ofmnordeste@gmail.com