Jornal North News - Edicao 37

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ANGOLA

pedromalungo@gmail.com

Junho - 2013

Inimigos de África

rezados leitores, ainda aproveitando o embalo da atmosfera do mês da família, gostaria de falar de dois inimigos africanos que passam despercebidos, mas que causam maiores mortalidades que as guerras civis que assolam o continente de Mandela e clamam mortes na ordem dos milhões… Tenho ainda viva na memória as jornadas de vacinação durante a minha infância nos anos 80, quando as escolas se transformavam em centros de educação, prevenção e combate a malária. Os famosos carros de fumo que faziam a festa da miudagem enquando pestecidas eram espalhados pelo ar ao entardecer: a amarga cloroquina que compulsivamente tomávamos por ser um milagroso anti-palúdico*. A malária veio aliar-se a SIDA e fazem, hoje em dia, os maiores inimigos da África ao sul do Saara. Os regimes corruptos e insensíveis que dominam a região são, sem dúvida, factores que contribuem para a proliferação destes

males, cujos números são tão assustadores. 3,3 bilhões da população mundial corre o risco de contaminação pela malária, enquanto que 655 mil pessoas morrem todos os anos por malária a agravante é que 90% destas mortes ocorrem em África, onde 1 em cada 5 crianças morrem desta epidemia. A medicação usada no combate a malária nos países africanos não é eficaz, pois existe uma mutação nos transmissores que não é acompanhada pelos fármacos, pois não existe um investimento dos países africanos como acontece com a prevenção da gripe no Norte de América. A solidariedade e os direitos humanos, infelizmente, não conta nestes casos… Outros números assustadores são os do SIDA que apontam 69% de pessoas, ou seja, 23,5 milhões de portadores do vírus vivem na África ao Sul do Saara, incluindo 91% de crianças soropositivas mundialmente. Verdade que os números são assustadores… mais

assustador que isto é a atitude de espectadores que os governos africanos e o mundo tem perante a situação de calamidade e destruição das famílias africanas e o legado para as gerações vindouras. Para o combate destes males que dilaceram nossas famílias é preciso ter uma população educada, no sentido de que cada indivíduo possa ser uma voz ativa na prevenção e contra a proliferação destas doenças. Se faz necessário que nossos governantes apostem em desenvolver setores como a educacao, saúde e saneamento básico. Acredito que exista uma vontade política de atacar estas áreas, mas faz-se urgente que seja agora. Importante é acabarmos com discursos retóricos ou supervalorização de obras públicas e investirmos na população com saúde e bem estar, começando em nossas casas. Se o fato de Angola ser a Pátria Mãe da primeira mulher bilionária do continente africano também representar melhoria nas condições de vida da população, ou trouxesse investimentos para tal, poderáamos voltar a acreditar que tantos anos de um governo no poder se justifica.

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“Melhor amigo” de Portugal é Angola, diz secretário de Estado

secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que Angola é o “melhor amigo” de Portugal. Angola é o “melhor amigo” de Portugal e os investimentos angolanos, mais do que “bemvindos”, são “desejados”, disse à Lusa em Luanda o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Francisco Almeida Leite, que foi a Luanda para uma visita oficial de cinco dias a Angola, considerou que a sua deslocação visa ainda preparar a primeira cimeira bilateral, a realizar no segundo semestre. “Vim a Angola para celebrar o Dia de Portugal e das Comunidades e que é também o Dia da língua portuguesa. Cada vez mais temos de dar atenção a este espaço comum, da língua e, obviamente, Angola, como um dos melhores

amigos de Portugal, senão o melhor amigo, é um espaço onde nós queremos também potenciar esse que é o valor económico da língua”, salientou. Francisco Almeida Leite, no cargo desde Abril deste ano, destacou as três dimensões, política, económica e de cooperação para o desenvolvimento. “Em relação à dimensão política, é óbvio que o ponto principal na agenda será a tentativa de realizar a 1ª cimeira bilatera1. Estamos a trabalhar dos dois lados e acho que há um óptimo ambiente para que finalmente se faça a cimeira bilateral, talvez no segundo semestre deste ano”, frisou. O governante português considerou ainda que as bases em que se apoia a relação entre Portugal e Angola devem ser avaliadas.


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