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Acervo M

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a respeito da assimilação de grupos étnicos: quanto mais rapidademente esta se processar, melhor”, afirma o doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade Federal de São Carlos, Oswaldo Mário Serra Truzzi, em artigo publicado na edição 28 da revista Sociabilidades, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O professor tem trabalhos na área da sociologia voltados à História Social da Imigração, dentre eles a pesquisa concluída em 2001, “Imigrantes, elites e sociedade em São Paulo”, da qual foi coordenador tendo Maria do Carmo Carvalho Campello de Souza como pesquisadora. O primeiro bloco do estudo, intitulado “Etnias em convívio”, é ambientado no bairro paulistano do Bom Retiro, que foi utilizado como microcosmo social, por ter recebido uma grande variedade de imigrantes ao longo de sua história. Inicialmente ocupado por italianos, o bairro recebeu judeus durante as décadas de 1920 e 1930 e, posteriormente, por volta dos anos 60, foi a vez dos coreanos e gregos também se instalarem por lá. Atualmente, os dois últimos são majoritários.

o Imigran

te

Por meio de depoimentos de moradores das várias etnias, o estudo descreve os diversos tipos de relações que se formavam entre eles, desde as de vizinhança até as comerciais. Apesar dessas relações se desenrolarem em clima harmônico, os relatos Imigrante também dão conta da s japonese s passara resistência ao casamento m a ser a ceitos no Brasil, a p interétnico e outras forartir de 1 908 mas de preconceito. A maior parte dos depoimentos colhiServiço – Memorial do Imigrante dos entre os mais idosos tendeu à aproxiRua Visconde de Parnaíba, 1.316, Mooca, mação entre os judeus e os italianos, conperto do Metrô Bresser. trapondo suas experiências e costumes Tel.: (11) 2692.1866 com os dos coreanos. Horário de funcionamento: De terça a domingo, “De qualquer modo, podemos afirdas 10h às 17h horas (inclusive feriados) mar que essas apreciações pouco inIngressos: R$ 4,00 e ½ entrada para estudantes terferiram na trajetória, de modo geral Entrada gratuita para menores de 7 (sete) anos e bem sucedida, dos imigrantes coreanos adultos com mais de 60 (sessenta) anos. em São Paulo e, em particular, no Bom Obs: A entrada é gratuita no último sábado do mês Retiro”, conclui Truzzi no artigo publiMais informações: www.memorialdoimigrante.org.br cado na revista.

História acessível - Memorial do Imigrante preserva dados e curiosidades Entre os serviços oferecidos pelo Memorial estão ainda a emissão de certidões de desembarque, documento oficial, aceito nos países europeus e no Japão. De acordo com a diretora-executiva da instituição, Ana Maria da Costa Leitão Vieira, a intenção é que o Memorial se firme cada vez mais como Centro de Excelência no estudo dos movimentos migratórios, históricos e contemporâneos. “Buscamos cada vez mais acentuar o seu papel de referência nacional e internacional sobre

a história e memória dos imigrantes por meio da adoção de políticas museológicas que valorizem o fenômeno da diversidade cultural”, destacou por meio da assessoria. A própria estrutura do Memorial, com seus belíssimos jardins e uma plataforma de trem ambientada nos idos de 1900, propicia uma viagem no tempo. O trem funciona aos sábados, domingos e feriados, transportando os visitantes por um trajeto de mil metros, com duração aproximada de 20 minutos.

Acervo Memorial do Imigrante

Em um prédio centenário próximo às estações de trem e metrô Brás, na capital paulista, funciona o Memorial do Imigrante, órgão vinculado à Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, que reúne acervo memorável sobre a imigração no país, incluindo documentos textuais e livros de registros da antiga Hospedaria de Imigrantes. O local é carregado de história. Construído entre 1886 e 1888, era lá mesmo que funcionava a Hospedaria, um enorme conjunto de prédios em forma de “E”, destinado a abrigar os recém–chegados nos seus primeiros dias em São Paulo. Após a cansativa viagem, os imigrantes ficavam lá hospedados por até oito dias. Nesse período, utilizavam gratuitamente todos os serviços disponíveis, dormiam, faziam suas refeições, recebiam atendimento médico e conseguiam seus empregos. O Memorial recebe atualmente cerca de 10 mil visitantes por mês e quase 60% desse total é representado por estudantes do ensino fundamental. Os visitantes podem conferir a produção museológica, documentação, reserva técnica, iconografia, acessar pesquisas e a biblioteca.

Memorial do Imigrante

Neo Mondo - Agosto 2009

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