Edição 73

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Ano 9 - N0 73 - Março/Abril 2016

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fonte de vida A água E os 8 objetivos do milênio da ONU

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Seções

ÍNDICE Perfil

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André Ferretti Crise da água

Especial Dia Mundial da Água

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8 objetivos do milênio da ONU 20% da população mundial não tem água

Especial Dia Mundial da Água Um olhar sobre a água no planeta Água é vida, é o recurso natural mais abundante

Dia do índio

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Momento de refletir e transformar O IBGE registra 305 etnias indigenas no Brasil

Ecossistema

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No quintal do nosso mangue Considerado um dos ecossistemas mais produtivos do planeta

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EDITORIAL Oscar Lopes Luiz Presidente do Instituto Neo Mondo oscar@neomondo.org.br

Água fonte de vida. Nunca esta máxima foi tão verdadeira. Elemento purificador na maioria das religiões, este recurso essencial para a humanidade é tema desta edição especial da revista NEO MONDO. Relatório divulgado recentemente pela Organização das Nações Unidas revela que cerca de 20% da população mundial ainda não tem acesso à água potável. E mais: mostra que as mudanças climáticas globais também têm impacto nos rios e depósitos de água de muitas regiões, que estão secando devido a pouca quantidade de chuva e índices de evaporação mais altos. O Brasil vive hoje uma crise hídrica sem precedentes em sua história. No entanto, o problema não está restrito ao nosso país. Estima-se que cerca de 40% da população mundial viva hoje sob a situação de estresse hídrico, com oferta anual de água inferior a 1.700 metros cúbicos por habitante, limite mínimo considerado seguro pela ONU. E foi dentro do clima de alerta e conscientização pela preservação deste recurso indispensável para a vida no planeta que preparamos esta edição especial alusiva ao Dia Mundial da Água. Tenha uma ótima leitura! NEO MONDO, tudo por uma vida melhor!

EXPEDIENTE Publisher: Oscar Lopes Luiz Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794) Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Eleni Lopes, Marcio Thamos, Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci, Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly Martins, Pedro Henrique Passos Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794), Andreza Taglietti (MTB 29.146), Lilian Mallagoli Revisão: Instituto NEO MONDO

Diretora Jurídica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575) Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação) Correspondência: Instituto NEO MONDO Rua Ministro Américo Marco Antônio n0 204, Sumarezinho São Paulo - SP - CEP 05442-040 Para falar com a NEO MONDO: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo.org.br Tel. (11) 2619-3054 98234-4344 / 97987-1331 Presidente do Instituto NEO MONDO: oscar@neomondo.org.br

PUBLICAÇÃO A Revista NEO MONDO é uma publicação do Instituto NEO MONDO, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24. Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização. NEO MONDO - março/abril 2016

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Especial Dia Mundial da Água

UM OLHAR SOBRE A ÁGUA NO PLANETA Água é vida, é o recurso natural mais abundante do planeta. Faz parte do dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Nesta data especial, traçamos um panorama da situação hídrica. Por Eleni Lopes 24

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Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, em 2030, a população global vai necessitar de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de energia. Água e energia estão entre os desafios globais mais iminentes, segundo a organização, e estão profundamente interligadas. Ainda de acordo com a entidade, atualmente, 768 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, 2,5 bilhões não melhoraram suas condições sanitárias e 1,3 bilhão não tem acesso à eletricidade. A situação é considerada inaceitável pela ONU. Outro agravante é que as pessoas que não têm acesso à água tratada e a condições de saneamento são, na maioria das vezes, as mesmas sem acesso à energia elétrica. No entanto, hoje o Brasil vive uma crise hídrica sem precedentes na sua história. Apesar da ampla divulgação na imprensa sobre a falta de água em São Paulo, esse não é um problema somente paulistano. Há uma crise de abastecimento que já castiga cinco das dez maiores regiões metropolitanas do país. Nem tampouco é um flagelo brasileiro. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje sob a situação de estresse hídrico. Essas pessoas habitam regiões onde a oferta anual é inferior a 1.700 metros cúbicos de água por habitante, limite mínimo considerado seguro pela Organização das Nações Unidas (ONU). Um relatório divulgado em fevereiro pela ONU alerta: muitos países estão perto de enfrentar situações de desespero e conflito por falta d'água. Isso seria uma barreira não só à saúde das populações, mas

também ao crescimento econômico e à estabilidade política. Segundo os pesquisadores, daqui a apenas dez anos, 48 países não terão água suficiente para as suas populações. Isso atingiria quase três bilhões de pessoas. E até 2030, a demanda por água doce no planeta deverá ser 40% maior do que a oferta. O estudo aponta como a corrupção é um enorme ralo de dinheiro que chega a absorver 30% do que poderia ser usado em projetos de abastecimento e saneamento básico. O levantamento foi feito em dez países, entre eles Bolívia, Canadá, Uganda, Paquistão e Coreia do Sul. Mas as conclusões valem para o mundo inteiro. Corinne Wallace, uma das autoras do relatório, explica que a água deve ser uma prioridade para indivíduos, indústrias, políticos, sociedade civil. “Todo mundo precisa fazer a sua parte”, diz ela. “E a hora é agora”. A água é um elemento composto por dois átomos de

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Especial Dia Mundial da Água

Panorama hidrogênio (H) e um de oxigênio (O), formando a molécula de H2O. É uma das substâncias mais abundantes em nosso planeta e pode ser encontrada em três estados físicos: sólido (geleiras), líquido (oceanos e rios) e gasoso (vapor d’água na atmosfera). Cerca de 80% de nosso organismo é composto por água. Aproximadamente 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água. No entanto, menos de 3% deste volume é de água doce, cuja maior parte está concentrada em geleiras (geleiras polares e neves das montanhas), restando uma pequena porcentagem de águas superficiais para as atividades humanas. A água está distribuída no planeta Terra da seguinte forma: 97,5% da disponibilidade da água do mundo

está nos oceanos. 2,5% de água doce e está distribuída da seguinte forma: 29,7% aquíferos; 68,9% calotas polares; 0,5% rios e lagos; 0,9% outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.). O Brasil é um país privilegiado com relação à disponibilidade de água. Detém 53% do manancial de água doce disponível na América do Sul e possui o maior rio do planeta (o rio Amazonas). A água doce disponível em território brasileiro está irregularmente distribuída: aproximadamente, 72% dos mananciais estão presentes na região Amazônica, restando 27% na região Centro-Sul e apenas 1% na região Nordeste do país. Evitar o desperdício de água é importante não apenas

Reaproveite água em casa Por Instituto Akatu nos momentos de crise. Adotar um estilo de vida e uma produção com uso racional da água é necessário não só hoje, como sempre. Isso porque as crises de água e energia que brasileiros têm enfrentado não são apenas resultado da seca. Há diversos outros fatores como problemas na estrutura de distribuição, desmatamento e desperdícios no agronegócio, na indústria e no uso residencial. O desperdício de água deve ser combatido com ajuda de todos: governo, indústria/agronegócio e população. De acordo com o Instituto Akatu, as residências, apesar de serem responsáveis por um percentual baixo do gasto total de água (10,6%), também podem contribuir para

que esse recurso não se esgote, pois o ganho de escala é significativo. Para ilustrar: se todos os moradores do Brasil fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água economizada durante um mês equivalerá a um dia e meio do volume de água da queda nas Cataratas do Iguaçu! No entanto, existem riscos em atitudes que parecem inofensivas como acumular água em vasilhames reaproveitados, em piscinas descobertas ou em beber água da chuva. Conheça, a seguir, dicas do Instituo Akatu de como reutilizar a água com segurança: 1. Use a água do aquário para regar as plantas

Vai limpar o aquário? Pois use a água “velha” para outras finalidades, como regar o jardim. A água do seu aquário pode ser uma fonte rica em nitrogênio, essencial para a fotossíntese, além de fósforo e potássio, que fortalecem as plantas, agindo como fertilizantes. Mas lembre-se: as plantas não se dão bem com água salgada ou sem controle de pH. E se estiver muito suja no aquário, utilize só um pouco da água misturada com água limpa.

2. Enquanto a água do chuveiro esquenta, encha o balde Seu chuveiro tem aquecimento a gás? Deixar correr para o ralo a água do banho enquanto esquenta pode desperdiçar uma grande quantidade de água limpa. Use um balde para coletar a água limpa que ainda não chegou à temperatura ideal. 3. Colete a água enquanto toma banho Colete também a água que respinga enquanto você toma banho de chuveiro. Essa água pode ser reutilizada para dar descargas, lavar o próprio banheiro ou as áreas externas, como quintais e varandas. Em um ano, uma família pode reutilizar água suficiente para usar a descarga diariamente durante quase 5 meses. Você pode também coletar a água utilizada para lavar as mãos em um pequeno recipiente e acumular o líquido em um balde, para usar nas descargas. 26

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4. Colete a água da chuva, mas não a beba Construir uma cisterna em casa ou usar algum recipiente para coletar a água da chuva é uma ótima dica para economizar. É importante que o recipiente esteja bem tampado, para evitar a proliferação de mosquitos que propagam doenças como a dengue. Nada de tampas soltas, lona, madeiras ou telhas. A água da chuva pode ser utilizada para descarga, limpeza do quintal, do carro e do chão de casa, por exemplo. Porém, não é apropriada para consumo humano ou de animais, pois a água da chuva traz resíduos da atmosfera – fervê-la simplesmente não adianta. Se passa pelo telhado e pela calha antes de cair no recipiente onde será armazenada, é ainda pior. O período máximo de armazenamento da água da chuva é de quatro dias, pois é uma água com muitos resíduos orgânicos. 5. A água do preparo das refeições é nutritiva, reaproveite! Quando se está cozinhando, um dos segredos para consumir água com consciência é seguir as receitas à risca. Para cozinhar macarrão para uma pessoa, por exemplo, você não precisa de uma panela totalmente cheia de água, assim como não há necessidade de muita água para preparar legumes no vapor. Além disso, se usar a quantidade adequada, você vai preservar melhor os nutrientes dos alimentos. E, em alguns casos, a água pode até ser usada novamente. Se você cozinhou legumes e sobrou água, reutilize-a para fazer sopas, ou espere que esfrie e regue as plantas. 6. Gelo derretido deve ser aproveitado Se precisar descongelar a geladeira ou o congelador, remova as placas de gelo e reutilize essa água para regar as plantas e o jardim. E se por acaso derrubar cubos de gelo no chão, coloque-os num recipiente para depois reaproveitar a água. Já quando comprar um saco de gelo, use-o com inteligência: não o deixe derretendo no tanque ou no chão, e sim ponha-o dentro de um balde, para depois reutilizar a água que derreter. 7. Na pressa, descongele alimentos usando um balde com água Se não puder se planejar ou usar o micro-ondas, a comida congelada pode ficar de molho na água, usando uma tina ou uma bacia – e essa água pode ser reutilizada para lavar a louça ou regar as plantas. Descongelando na bacia ao invés de em água corrente, você economizará em um ano, uma quantidade de água equivalente a 300 lavagens de louça, abrindo a torneira apenas para molhar e enxaguar. 8. A água da máquina de lavar deve ser reaproveitada A água que sai da máquina de lavar roupa pode ser aproveitada direcionando o cano de despejo da máquina para um balde. A cada ciclo de uma máquina de cinco quilos são gastos 145 litros. Essa água pode ser coletada e usada na descarga dos vasos sanitários, para lavar o quintal ou o carro. E veja que prático: essa água já vem com um pouco de sabão! Esse reaproveitamento da água da lavadora de 5kg gera uma economia de água suficiente para reduzir em 5% o consumo mensal de uma casa. O segundo enxague da máquina, “a água do amaciante”, mais limpa, pode abastecer a próxima lavagem.

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População indígena no Brasil

MOMENTO DE REFLETIR E TRANSFORMAR por Andreza Taglietti

O IBGE registra 305 etnias e uma população indígena de 897 mil habitantes, correspondendo a 0,47% da população brasileira. Vive-se, hoje, a maior ofensiva contra a política indigenista da história

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ock in Rio. Setembro de 2013. Palco Mundo. 18h30. Encontro da banda brasileira de heavy metal Sepultura e do grupo francês de percussão pós-industrial Tambours du Bronx. Com uma misteriosa referência à Usina de Belo Monte no telão e imagens de índios do Alto Xingu em lutas sagradas, o show começou furiosamente com a faixa Kaiowas (do disco Kaos a.D., do Sepultura, de 1985). A plateia reagiu fervorosamente o tempo todo. Eram as tribos do rock num rito indígena. Criado em 1961, o Parque do Xingu, primeira reserva indígena do país, sempre dependeu de personalidades para uma conscientização pública de sua existência e significado - Sepultura, Sting, Cao Hamburger, irmãos Villas-Bôas, Afonso Pena, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, Juscelino Kubitschek, Marechal Cândido Rondon. Encravados em uma zona de transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica, os atuais 27.974 km² do Parque superam em 25% o território de Israel e guardam, como no polêmico Estado do Oriente Médio, uma cultura igualmente digna e privilegiada – a cultura indígena. Em suas 18 aldeias, o Parque abriga cuicuros, calapalos, nauquás, matipuís, meinacos, auetis, uaurás, iualapitis, camaiurás, trumaís, txicãos, suiás, jurunas, caiabis, metotires, mencragnontires e crenacarores.

Falar hoje sobre índios no Brasil significa explorar uma diversidade de povos. O IBGE registra 305 etnias e uma população indígena de 897 mil habitantes (dados do Censo de 2010), correspondendo a 0,47% da população brasileira. O levantamento também revelou que 572 mil (63,8 %) vivem na área rural e 517 mil (57,5 %) moram em terras indígenas oficialmente reconhecidas. São povos que já habitavam esse espaço há milhares de anos, muito antes da invasão europeia. Os indígenas estão presentes nas cinco regiões do Brasil. O Norte é o responsável pelo maior número de indivíduos 305.873 - aproximadamente 37,4% do total. O estado com maior concentração é o Amazonas, representando 55% do total da região. O Nordeste conta com cerca de 25% da população e possui na Bahia o maior agrupamento de indígenas. Depois vem o Centro-Oeste e, dentro deste universo, Mato Grosso do Sul totaliza 56%. Ainda de acordo com o Censo 2010, o povo Tikuna, residente no Amazonas, em números absolutos, foi o que apresentou a maior quantidade de falantes (46.045) e, consequentemente, a maior população. Em segundo lugar, em número de indígenas, ficou a comunidade dos Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul e, na terceira posição, os Kaingang da região Sul do Brasil. NEO MONDO - março/abril 2016

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Especial Dia do Índio bancada ruralista. Segundo especialistas, a legislação indigenista brasileira é avançada e elogiada no exterior. Revogá-la colocaria o Brasil na incômoda companhia das nações que reprimem minorias como os curdos, o que daria ao País o “Nobel de genocídio”. Além disso, de acordo com pesquisadores e antropólogos, a demarcação não se realiza por si só. Também exige, em outro momento, uma política de uso dos recursos de maneira adequada, assessorada pelo Estado de forma lúcida, para que não sejam devastados ou utilizados inadequadamente. Nos últimos 30 anos, muitas terras foram regularizadas, povos que estavam sob violento assédio, cerco, ameaça, conseguiram se estruturar mais. Dados demográficos recolhidos pelo IBGE mostram uma expansão da população indígena. O contingente de brasileiros que se considerava indígena aumentou 150% na década de 90. O ritmo de crescimento foi quase seis vezes maior que o da população em geral. O percentual de indígenas em relação à população total brasileira saltou de 0,2% em 1991 para 0,4% em 2000, totalizando 734 mil pessoas.

João Bittar - portal.mec.gov.br/

Transformação, expansão e legislação Os índios vivem no Brasil a polêmica da demarcação de terras - condição essencial para se resolver os demais problemas que afetam as populações indígenas, sejam esses temas isolados ou não. E o buraco é mais embaixo – vive-se, hoje, a maior ofensiva contra a política indigenista da história brasileira, com propostas de revisão de demarcações e da legislação que regula a área, com ações no Congresso, na mídia e junto a setores do governo. Enfrentamento com fazendeiros no Mato Grosso do Sul; hidrelétricas e rodovias em áreas indígenas (Belo Monte e Transamazônica, por exemplo); confrontos com sojicultores no Norte; conflitos com grileiros no Nordeste e rixas com pequenos produtores no Sul formam esse cenário, no qual se destaca o forte crescimento do agronegócio, que exige sempre novas terras para cultivo. O governo Dilma Rousseff até agora não definiu como vai agir em relação à questão, mas, ao mesmo tempo, não sinalizou que apoiará propostas como a de transferir para o Congresso Nacional o poder de demarcar terras indígenas, defendidas atualmente pela

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Vamos brincar de índio 3 Nomes de bairros, cidades e rios de origem indígena: Jundiaí, Mooca, Anhangabaú, Ipanema, Uberaba, Mairiporã, Bangu, Grajaú, Itapemirim, Ibirapuera, Tuiuti, Guarujá e Paraná. 3 Os pratos típicos da culinária brasileira de origem indígena: pirão, beiju, pipoca. 3 Palavras de origem indígena incorporadas pela à Língua Portuguesa: açaí, caipira, canoa, mandioca, uirapuru, arapuca, caju, pipoca, tapioca, canga.

É importante lembrar que essas áreas não são apenas destinadas aos indígenas e não pertencem a eles. São terras da União. Em grande parte são reservas ambientais e santuários ecológicos desrespeitados: Xingu, a área ianomâmi, algumas regiões da fronteira do Javari, Rio Negro. As poucas partes preservadas são frequentemente habitadas por indígenas, e só estão protegidas porque são terras indígenas ou porque existe terra indígena no entorno. Extensas regiões do País estão sendo destruídas. No Sul do Brasil, os conflitos envolvem pequenos proprietários rurais. No Norte e no Nordeste, frequentemente os índios brigam contra garimpeiros, grilagens, obras do governo, grandes propriedades, latifúndios muitas vezes desocupados. No Amazonas, no Pará, no Acre, em Mato Grosso, Rondônia e Goiás, há estudiosos que se dedicam a localizar povos para tentar protegê-los e evitar a destruição dos locais onde vivem. Tribos digitais É desejo de todo índio é fazer parte da modernidade. A população brasileira ainda o associa ao estereótipo de 500 anos atrás. Para muitos brasileiros, em pleno século XXI, não podem usar roupas e nem ter óculos de sol ou aparelhos celulares. Estar inserido em um ambiente moderno e digital não significa abdicar de sua origem nem das tradições e modos

de vida próprios. Trata-se apenas de uma interação consciente com outras culturas. Mesmo usando os gigabytes, os índios mantêm suas tradições. Na verdade, a tecnologia ajuda a disseminar e reforçar essa identidade em um mundo cada vez mais global e, ao mesmo tempo, profundamente segmentário no que diz respeito à cultura, à ancestralidade, à origem étnica, a partir das quais os direitos econômicos, sociais, culturais contemporâneos se articulam e se fundamentam. As ferramentas de última geração são aliadas até na hora de vender os produtos feitos nas aldeias. Mas fazer parte de uma sociedade moderna tem um preço. Ou melhor, um pedágio. Revoltados com a construção da Rodovia Transamazônica (BR-230), há cerca de dez anos, os índios da etnia Tenharim cobram pedágio na região Humaitá, no sul do

Tudo começou com o Marechal Rondon Nascido no Mato Grosso, Cândido Mariano da Silva Rondon foi o idealizador do Parque Nacional do Xingu, quando mentor e diretor do Serviço Nacional de Proteção ao Índio (SNPI), meio século antes da saga dos irmãos Villas-Bôas. Militar, Rondon começou a “desenhar” um novo interior em 1892, valorizando seus moradores, os donos do CentroSul brasileiro, que não eram outros senão as tribos caiamos, terenas, guaicurus e bororos (a mãe do Marechal era descendente desta última). Levou as linhas telegráficas do Rio de Janeiro a Cuiabá – onde tinha se formado professor – e de Cuiabá ao Acre, recém-incorporado ao País. Cândido Mariano da Silva Rondon – reconhecido em 1939 pelo IBGE como “Civilizador do Sertão” – abriu estradas onde ninguém passava, levou notícias entre o sertão inóspito e a civilização e demarcou áreas que protegeram os indígenas durante décadas. Descobriu o rio Jurema e inspecionou as fronteiras do sul com a Argentina e o Uruguai e também com as colônias europeias no norte, nas Guianas. Em 1913, o presidente americano Theodore Roosevelt o acompanhou pelo rio Amazonas porque sabia que com ele descobriria “outro mundo”. Foi um precursor como quase nenhum outro. Rondon, considerado “Grande Chefe” pelos índios silvícolas e “Marechal da Paz” pelos índios civilizados, só em 1956 – dois anos antes de morrer – recebeu a maior homenagem de todas por parte dos brancos: o então Território do Guaporé foi rebatizado e até hoje é denominado Estado de Rondônia. Atrás dele, chegaram os irmãos Villas-Bôas.

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Especial Dia do Índio Amazonas, como forma de compensação pela chegada da rodovia, uma vez que não foram criadas alternativas para minimizar os impactos sobre a terra indígena Tenharim Marmelos. O clima é tenso desde dezembro de 2013. Os conflitos entre indígenas e a população se intensificaram após o desaparecimento de três homens, vistos pela última vez no dia 16 de dezembro de 2013, quando passavam de carro no quilômetro 85 da Rodovia Transamazônica. Moradores acusam os índios de os terem sequestrado em represália à morte do cacique Ivan Tenharim. A polícia instaurou inquérito para apurar os desaparecimentos. Os índios estão isolados nas aldeias. Impedidos de cobrar o pedágio e impossibilitados de se deslocar até a cidade, dependentes da assistência do governo federal. A Fundação Nacional do Índio (Funai) tem distribuído cestas básicas e medicamentos. O Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM) entrou com ação na Justiça Federal para responsabilizar a União e a Funai por violações aos direitos humanos das etnias Tenharim e Jiahui. O órgão alega que a construção da Rodovia Transamazônica, que passa dentro das áreas indígenas, provocou danos permanentes nas comunidades. O governo precisa encontrar uma nova forma de compensação para os impactos da obra. Assim, os índios não retomariam os bloqueios. Armadilhas Os problemas da população indígena não são causados apenas por agentes externos. É importante frisar que as variadas culturas das sociedades indígenas modificam-se constantemente e se reelaboram com o passar do tempo, como a cultura de qualquer outra sociedade humana. E é preciso considerar que isto aconteceria mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem europeia e africana. As comunidades indígenas também vêm enfrentando problemas concretos e desafiadores, tais como drogas, depressão e alcoolismo. Este fatores fazem com que a taxa de mortalidade dos índios brasileiros seja três a quatro vezes maior do que a média nacional brasileira não-indígena. Vários estudos traçam o

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Os irmãos Villas-Bôas Orlando, Cláudio e Leonardo. De uma família de onze filhos, pai fazendeiro de café, os três tiveram de interromper os estudos na adolescência, depois que o pai ficou doente, vendeu a fazenda e trouxe todos para São Paulo (SP). No ano de 1941 o pai morreu e, cinco meses depois, a mãe. Os três deixam o casarão que a família ocupava no bairro de Pinheiros, alugam uma casa menor para os irmãos e vão para uma pensão na Vila Buarque, bairro no centro de São Paulo. Nada mais os prendia à cidade e decidiram juntar-se à Marcha para o Oeste, projeto de ocupação do interior criado pelo governo Getúlio Vargas, em 1943. Na primeira tentativa de alistamento, foram rejeitados por serem muito urbanizados. Pouco tempo depois, Cláudio e Leonardo foram ao interior de Goiás para fazer uma nova tentativa, dessa vez passando-se por sertanejos analfabetos e acabaram sendo aceitos. Orlando, mais velho dos três, então com 29 anos, largou o emprego em São Paulo pouco depois para juntar-se aos irmãos. O objetivo inicial da expedição de vanguarda Roncador-Xingu, braço da Fundação Brasil Central, da qual tomaram parte, era abrir caminho e desbravar as áreas mostradas em branco nas cartas geográficas brasileiras. De início, os índios eram vistos como obstáculos a serem superados. No entanto, os Villas-Bôas, à frente da expedição, preferiram conduzir o contato com as tribos da região de forma pacífica e foram tocados por sua riqueza cultural. Entenderam logo que era necessário garantir-lhes algum isolamento e iniciaram os esforços que culminariam na criação do Parque Nacional do Xingu, em 1961, primeira terra indígena homologada pelo governo brasileiro. Foi justamente durante as negociações para a criação do parque que Leonardo teve que se afastar da expedição por ter se envolvido com uma índia da tribo Kamayurá, fato que chegou ao conhecimento da imprensa e causou escândalo na época. O mais jovem dos irmãos Villas-Bôas morreria pouco depois, em 1961, aos 43 anos, devido a problemas cardíacos. Cláudio e Orlando ainda se dedicariam à questão indígena até a morte, o primeiro em 1998 e o segundo em 2002. Para saber mais sobre os irmãos Villas-Bôas, assista Xingu (direção de Cao Hamburger, 2012).

mapa do consumo de bebidas alcoólicas por populações indígenas e da correlação alcoolismo-violência. De acordo com a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind Amazonas), a presença de bebidas alcoólicas tem deixado espaço para a ocorrência de crimes como violência doméstica, suicídio, homicídio e envolvimento com narcotráfico. O acesso

às aldeias é facilitado, principalmente, em cidades fronteiriças onde há fragilidade na fiscalização. Soma-se a este quadro o aumento das doenças sexualmente transmissíveis. Índices preocupantes de uma pesquisa do Ministério da Saúde (MS) mostram o crescimento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como sífilis e Aids,

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Nina B / Shutterstock.com

Mario? Que Mario? O primeiro deputado federal brasileiro de etnia indígena foi Mario Juruna. Nascido numa aldeia xavante do Mato Grosso, ficou famoso na década de 70 ao percorrer os gabinetes da Fundação Nacional do Índio, em Brasília (DF), lutando pela demarcação de terra para os índios, portando sempre um gravador “para registrar tudo o que o branco diz” e constatar que as autoridades, na maioria das vezes, não cumpriam a palavra. Foi eleito deputado federal pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT - 1983-1987), representando o estado do Rio de Janeiro. Sua eleição teve uma grande repercussão no País e no mundo. Foi o responsável pela criação da Comissão Permanente do Índio no Congresso Nacional do Brasil, o que levou o problema indígena ao reconhecimento formal.

em aldeias indígenas. Em 2012, mais de 45 mil pessoas de aldeias remotas ou de localidades de difícil acesso no Amazonas e Roraima passaram por testes médicos. Cerca de 18,59% dos índios avaliados apresentaram resultado positivo para a sífilis. O número representa um índice elevado da doença, até mesmo comparados à estatística da população geral do País. Também foram estudadas as áreas do Leste de Roraima, Alto Rio Negro, Médio Solimões, Vale do Javari e terras indígenas próximas à Manaus. Já o vírus HIV, causador da Aids, é encontrado com menor frequência, porém também deixa as autoridades em alerta. Enquanto o índice de soropositivos na população geral do País é de 0,6%, entre os povos indígenas os dados chegam a 3,4% em aldeias do Alto Rio Negro. A prevalência da doença em indígenas gestantes também preocupa: 0,08% das futuras mães de todas essas tribos possuem a doença e, sem tratamento adequado, podem transmití-la para os bebês. Fatores internos e externos são os causadores dessa vulnerabilidade indígena para as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a ocupação ilegal de não indígenas e o turismo. Como fator interno foram apontados o desconhecimento sobre esse tipo de doença, o consumo de álcool, a restrição ao uso de preservativos, a presença de comunidade indígena em centros urbanos e as festividades com a participação de não indígenas. Outro fator alarmante é a resistência destes povos ao uso de métodos para prevenir as DSTs, além da própria falta de conhecimento em relação às alternativas. Atualmente, o Ministério da Saúde realiza prevenção diferenciada com povos indígenas. As ações são feitas respeitando as especificidades de cada cultura. A abordagem e o aconselhamento são pensados e trabalhados nas aldeias dentro da peculiaridade de cada etnia. Os resultados obtidos devem ser enfrentados de acordo com a ética da medicina ocidental, mas o modo como cada etnia entende essas doenças também está nos planos de ações. O tratamento nos casos de diagnóstico de sífilis é realizado na própria aldeia e tem início imediatamente após a confirmação da doença. Os portadores de HIV são removidos para centros do Sistema Único de Saúde (SUS), em municípios próximos das aldeias onde vivem.

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Aquecimento global

DESESPERO NO GELO De acordo com o Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Por Eleni Lopes

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Onda de calor? Culpa do aquecimento global. Esfriou demais? Debita na conta do efeito estufa. Tsunamis? Furacões? Seca? El Niño? Aumento do nível dos mares? O responsável é sempre o mesmo.

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ara melhor entender este cenário, imagine a Terra como um carro estacionado sob o Sol. Os raios solares entram pelas janelas do carro; uma parte do calor é absorvida pelos assentos, painel, carpete e tapetes. Quando esses objetos liberam o calor, este não sai pelas janelas por completo. Uma parte é refletida de volta para o interior do carro. O calor irradiado pelos assentos é de um comprimento de onda diferente do da luz do Sol que entrou pelas janelas. Então uma certa quantidade de energia entra e menos quantidade de energia sai. O resultado é um aumento gradual na temperatura interna do carro. No nosso paralelo com a Terra, quando os raios solares chegam à atmosfera

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Aquecimento global e à superfície do planeta, aproximadamente 70% da energia fica no planeta, absorvida pelo solo, pelos oceanos, pelas plantas e outros. Os 30% restantes são refletidos no espaço pelas nuvens e outras superfícies refletivas. Mas, mesmo os 70% que passam, não ficam na Terra para sempre (se isso acontecesse ela se tornaria uma bola de fogo). Parte vai para o espaço e o resto é refletido em gases ao redor da atmosfera, tais como dióxido de carbono, gás metano e vapor de água (conheça mais no box). O calor que não sai pela atmosfera terrestre mantém o planeta mais quente do que o espaço sideral, porque mais energia está entrando pela atmosfera do que saindo. Isso tudo faz parte do chamado efeito estufa. Desta forma, o aquecimento global é uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. De acordo com o Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos cinco, com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar profundamente a biodiversidade, desencadeando vários desastres ambientais.

Cenário alarmista? Em 1997, em busca de alternativas para minimizar o aquecimento global, 162 países assinaram o Protocolo de Kyoto. Nele, as nações desenvolvidas se comprometiam a reduzir sua a emissão de gases que provocam o efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis de 1990. Essa meta teria que ser cumprida entre 2008 e 2012. Dezessete anos depois da assinatura, uma certeza: muito pouco foi feito. Qual o impacto de promessas não cumpridas, iniciativas que não saíram do papel? Alguns exemplos: - O derretimento das calotas polares é um fenômeno verificado nas últimas décadas e está diretamente relacionado ao aquecimento global. Estudo recente divulgado pela

revista Science mostra que o derretimento anual de 4.260 bilhões de toneladas de gelo na Antártida e na Groenlândia, em um período de quase 20 anos, aumentou em 11 milímetros o nível do mar — o equivalente a um quinto do aumento observado no período. - Os efeitos mais devastadores e também os mais difíceis de ser previstos são aqueles na biodiversidade. Muitos ecossistemas são delicados e a mais sutil mudança pode matar várias espécies. E mais: a maioria dos ecossistemas são interconectados então a reação em cadeia dos efeitos é hoje imensurável. - Outras consequências do aquecimento global são a desertificação, alteração do regime das chuvas, intensificação das secas em determinados locais, escassez de água, abundância de chuvas em algumas localidades, tempestades, furacões, inundações, alterações de ecossistemas, redução da biodiversidade, perda de áreas férteis para a agricultura, além da disseminação de doenças como a malária, esquistossomose e febre amarela. - O IPCC estima que o nível do mar tenha subido 17 centímetros durante o século 20. Projeções feitas por cientistas mostram que até 2100 o nível do mar vai subir de 18 a 55 cm.

Impacto no Brasil O Brasil, por ser um país com dimensões consideradas continentais, acaba, inevitavelmente, ficando mais exposto aos riscos provocados pelo aquecimento global. Além disso, uma considerável parte de seu território encontra-se próxima à Linha do Equador, zona da Terra que recebe os raios solares de forma mais intensa. Além disso, o fato de o território brasileiro apresentar uma extensa faixa litorânea

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também merece atenção. No Nordeste, o aumento das temperaturas poderá oscilar, nas próximas décadas, entre 2ºC e 4ºC. De acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o principal e mais alarmante efeito possível do aquecimento global no Brasil é a redução da Floresta Amazônica, que poderá perder entre 30% e 50% de seu território durante o século XXI. Um estudo do Banco Mundial, intitulado “Impactos da Mudança Climática na Gestão de Recursos Hídricos: Desafios e Oportunidades no Nordeste do Brasil”, aponta ainda que a variabilidade das chuvas e a intensidade das secas no Nordeste continuarão aumentando até 2050, com graves efeitos para a população, caso os governos locais não invistam em infraestrutura e gestão hídrica.

Gases tóxicos Conheça um pouco mais dos gases que contribuem para o aumento do efeito estufa: - Dióxido de carbono (CO2): gás incolor, subproduto da combustão de matéria orgânica. A atividade humana bombeia enormes quantidades de CO2 na atmosfera. O aumento de sua concentração é considerado o fator primário no aquecimento global, porque o CO2 absorve radiação infravermelha.

- Óxido Nitroso (N2O): embora as quantidades liberadas pela atividade humana não sejam tão grandes quanto as de CO2, o óxido nitroso absorve muito mais energia do que CO2 (cerca de duzentas e setenta vezes mais). Por esse motivo, os esforços para que sejam reduzidas as emissões de gás estufa têm sido direcionados para o N2O também. - Metano: principal componente do gás natural, ocorre naturalmente, oriundo da decomposição de material orgânico. Atividades desenvolvidas pelo homem produzem o metano de várias formas, como, por exemplo: • extração do carvão; • a partir de grandes rebanhos de gado (por exemplo, gases digestivos); • decomposição do lixo em aterros.

Urso polar: vítima inocente Habitante das terras geladas do Ártico, o urso polar sobrevive a uma temperatura que varia de -37°C a -45°C, graças a duas camadas de pele e uma camada de gordura de 11,5 cm de espessura que fazem o isolamento térmico de seu corpo. O animal é encontrado apenas em cinco países: Estados Unidos, Canadá, Rússia, Noruega e Groenlândia. Carismáticos, são considerados os símbolos do aquecimento global. A espécie está classificada como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), com oito das dezenove subpopulações em declínio. O principal perigo causado pela mudança climática é a desnutrição e inanição devido à perda do habitat. Os ursos-polares caçam focas nas plataformas de gelo, e a elevação da temperatura pode fazer com que o gelo do mar derreta mais cedo a cada ano, levando os ursos para a costa antes de terem constituido reservas de gordura suficientes para sobreviver ao período de carência alimentar no final do verão e início do outono. A redução da cobertura de gelo também força os ursos a nadarem

longas distâncias, o que esgota ainda mais seus estoques de energia e, ocasionalmente, leva ao afogamento. Além de criar estresse nutricional, o aquecimento climático afeta vários outros aspectos da vida do ursopolar, como a capacidade das fêmeas grávidas em construir tocas de maternidade adequadas devido às mudanças nas plataformas de gelo. Doenças causadas por bactérias e parasitas também podem se estabelecer mais rapidamente num clima mais quente, afetando a espécie.

China, Estados Unidos, Rússia, Índia, Brasil, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Coreia do Sul são os principais emissores dos gases do efeito estufa. NEO MONDO - março/abril 2016

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Ecossistema

NO QUINTAL DO NOSSO

MANGUE Por Andreza Taglietti

Considerado um dos ecossistemas mais produtivos do planeta, os manguezais contribuem para a biodiversidade, mas são menosprezados pelos projetos de conservação

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uando se fala em ecossistemas ameaçados pela ação humana, logo vêm à mente a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica, que sofrem desmatamento acelerado. Menos lembrados são os manguezais, embora tenham importância crucial para a manutenção da vida na costa de forma geral. Considerados um dos ecossistemas mais produtivos do planeta, contribuem para a biodiversidade de relevância mundial, asseguram a integridade ambiental da faixa costeira e são responsáveis pelo fornecimento dos recursos e serviços ambientais que sustentam atividades econômicas. O Brasil abriga a terceira maior área de manguezais do planeta (162 mil km2). Cerca de 26 mil km2 (cerca de 16% do total) estão distribuídos por 16 estados do território brasileiro, desde o Amapá até Laguna, em Santa Catarina, e são a base da biodiversidade no litoral. Em Pernambuco, existem cerca de 270km2, espalhados por Goiana e Megaó, Itapessoca, Jaguaribe, Canal de Santa Cruz, Timbó, Paratibe, Beberibe, Capibaribe, Jaboatão e Pirapama, Massangana e Tatuoca, Ipojuca, Macaraípe, Sirinhaém, Ilhetas e Mamucabas, Uma e Meireles e Persinunga. Na costa do Amapá, Pará e Maranhão, os manguezais chegam a ter 40 quilômetros de largura e suas árvores alcançam mais de 40 metros de altura. Apesar de sua importância, esse ecossistema é cada vez mais vulnerável a uma série de ameaças, tais como a perda e fragmentação da cobertura vegetal, a deterioração da qualidade dos habitats aquáticos, devido, sobretudo, à poluição e à mudanças na hidrodinâmica, o que tem promovido a diminuição na oferta de recursos dos quais muitas comunidades tradicionais e setores dependem diretamente para sobreviver. Outros fatores que causam alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do manguezal são: aterro e desmatamento; queimadas; deposição de lixo; lançamento de esgoto e de efluentes industriais; dragagens; 38

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construções de marinas; pesca predatória. Estima-se que 25% dos manguezais brasileiros tenham sido destruídos desde o começo do século 20. Além disso, muito dos que ainda existem são classificados como vulneráveis ou ameaçados de extinção. A situação é particularmente séria no Nordeste e no Sudeste, que apresentam um grande nível de fragmentação. Estimativas recentes sugerem que cerca de 40% do que foi um dia uma extensão contínua de manguezais foi suprimido. Hoje, no Brasil, a faixa mais ameaçada é a área conhecida como apicum, palavra de origem tupi que significa “brejo de água salgada”. Os apicuns ocorrem geralmente nas regiões onde as marés têm dificuldade em avançar na costa por encontrar terras elevadas. A água que chega a essas terras se evapora rapidamente e o chão acumula tanto sal que nele sobrevive apenas a vegetação rasteira. Ecossistema-chave Manguezais são inquestionavelmente considerados como uma das organizações mais produtivas do planeta. Na América Tropical, na qualidade de zonas úmidas, são reconhecidos como “ecossistemachave”, cuja preservação é crítica para o funcionamento de outros grupos maiores e mais diversos que se estendem além dos limites de um bosque de mangue. Desempenham importante papel como exportador de matéria orgânica para o estuário, contribuindo para a produtividade primária na zona costeira. Cerca de 70% das espécies de peixes, moluscos e crustáceos pescados comercialmente no litoral brasileiro têm relação com os manguezais em alguma fase de sua vida. É nessa área que encontram as condições ideais para reprodução, berçário, criadouro e abrigo para várias espécies de fauna aquática e terrestre, de valor ecológico e econômico. É comum a coleta dessas espécies que vivem enterradas

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E na lama para o comércio. A manutenção é vital para a subsistência das comunidades pesqueiras que vivem em seu entorno. Esse ecossistema também serve de refúgio para aves migratórias. Os mangues do Maranhão e Pernambuco, e também os da região de Cubatão, no litoral paulista, recebem batuíras e maçaricos, aves típicas do norte do Canadá e Estados Unidos, que se recuperam ali após a longa viagem. A vegetação dessas áreas serve para fixar as terras, impedindo assim a erosão e, ao mesmo tempo, estabilizando a costa. As raízes do mangue funcionam como filtros na retenção dos sedimentos. Constitui, ainda, importante banco genético para a recuperação de áreas degradadas. Falta de projetos de preservação O manguezal é considerado, no Brasil, área de preservação permanente, incluído em diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). Mas sua deterioração é também resultado da ausência de iniciativas, em escala nacional, que visem à sua preservação e ao uso sustentável. Durante muito tempo, os únicos trabalhos produzidos sobre o tema eram de cunho científico, com circulação limitada às universidades e com foco em regiões restritas. O primeiro mapeamento nacional foi feito apenas em 2008, pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Um projeto lançado há três anos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), batizado de Manguezais do Brasil, recebeu financiamento do PNUD, órgão das Nações Unidas que cuida do combate à pobreza e também lida com questões ambientais. Foram escolhidas cinco regiões na costa brasileira, no Pará, Maranhão, Piauí, Paraíba, São Paulo e Paraná, onde serão feitas experiências de gestão e preservação dos recursos. O mapeamento do ecossistema também será atualizado, em parceria com o Ibama e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Espera-se que a iniciativa ajude a preservar os berçários da vida do litoral brasileiro.

Erro conceitual Em outubro de 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou 32 modificações no Código Florestal. Determinou que os manguezais de todo o País passassem a ser Área de Preservação Permanente (APP) e também vetou os dois parágrafos da lei que permitiam a municípios e estados decidir sobre a proteção de manguezais e dunas. Os vetos da presidente Dilma Rousseff, no entanto, ao Código Florestal não incluíram o trecho da nova lei que tratava da carcinicultura, a técnica de criação de camarões em viveiros. Segundo especialistas, esta falha é desastrosa para o manguezal no Nordeste, que terá 35% de sua área suscetível a aterros para a implantação de fazendas de camarão. No texto aprovado pelo Congresso Nacional em setembro de 2012, que não sofreu interferência do executivo federal, a prática é permitida em até 10% na Amazônia e até 35% nas demais regiões, inclusive no Nordeste, em apicuns. Para especialistas em ecossistema, um erro conceitual possibilitou a abertura de uma “brecha” para parlamentares que defendiam os interesses dos carcinicultores. Devido a esta falha, a crescente conversão de apicuns em viveiros de camarão reduzirá a produtividade dos estuários. Um exemplo claro é quando consideramos o caso de crustáceos como os caranguejos, que fazem as tocas nestes locais, revolvendo o solo e trazendo nutrientes para a superfície. Quando a maré enche, esse material é transportado para o estuário, contribuindo para a manutenção da cadeia alimentar do estuário e dos mares.

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Ecossistema

Além disso, os apicuns, da forma como está no novo Código Florestal, não são considerados Área de Preservação Permanente (APPs), apenas o mangue. Mas o manguezal não é só a floresta de mangue - é nos apicuns que se espraia a água no estuário, na maré alta. Com a ocupação deles, essa água vai invadir as áreas habitadas.

O Porto do Capim é uma comunidade de baixa renda localizada às margens do rio Sanhauá, em João Pessoa, na Paraíba. São cerca de 350 famílias pobres vivendo sob condições precárias, morando em casas simples de alvenaria ou barracos de madeira à beira do mangue. Os moradores, em geral, trabalham em oficinas mecânicas e madeireiras próximas, ou como descarregadores de caminhão, entre outras ocupações. Muitos recebem o Bolsa Família, que, porém, não é suficiente para o sustento das famílias. Na comunidade não há posto de saúde, quadra poliesportiva ou equipamentos culturais. E a única escola pública atende apenas alunos da primeira à quarta série do ensino fundamental. A total ausência de opções de lazer e cultura e a necessidade de complementar a renda se traduzem numa triste realidade que acompanha o Porto do Capim há anos. Crianças e adolescentes passam horas coletando caranguejos-uçás e guaiamuns – outro tipo de caranguejo – nos mangues locais para depois vendê-los para a população da cidade. Durante o ano inteiro, eles armam a ratoeira pela beira do mangue para pegarem o guaiamum e depois comercializarem. Durante a andada do caranguejouçá, há muitas crianças dentro do rio. A andada é o período em que há o acasalamento e a desova dos caranguejos-uçás, o que os leva a ficarem mais tempo fora da toca, tornando-os presas fáceis. A cata desses crustáceos é proibida durante essa época. Os meninos também pegam os caranguejos para comer. Muitas vezes precisam levar alguma comida para casa. Mas Porto do Capim é uma amostra da realidade de um universo muito maior. E um problema também. A atividade em mangues é considerada uma das piores formas de trabalho infantil, de acordo com o decreto presidencial 6.481, de 2008. Segundo o documento, nesse tipo de trabalho, crianças e adolescentes são expostos à umidade e excrementos, ferimentos ocasionados por caranguejos, perfurações e picadas de serpentes. Além disso, podem contrair doenças como rinite, resfriado, bronquite, dermatite, leptospirose e hepatite viral. Por isso, é importante reforçar a fiscalização da incidência de trabalho infantil nos mangues, para que as crianças sejam encaminhadas, por exemplo, ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) e ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), ambos do governo federal.

Antonio Cícero/FotoArena/AE

Lixo, caranguejos e urubus O manguezal foi sempre considerado um ambiente pouco atrativo e menosprezado. No passado, as manifestações de aversão eram justificadas, pois a presença do mangue estava intimamente associada à febre amarela e à malária. Embora estas enfermidades já tenham sido controladas, a atitude negativa em relação a este ecossistema perdura em expressões populares em que a palavra mangue adquiriu o sentido de desordem, sujeira ou local suspeito. A destruição gratuita, a poluição doméstica e a química das águas, derramamentos de petróleo e aterros mal planejados são os grandes inimigos do manguezal. Nessas regiões, as condições físicas e químicas existentes são muito variáveis, o que limita os seres vivos que ali habitam e as frequentam. Os solos são formados a partir do depósito de siltes (mineral encontrado em alguns tipos de solos), areia e material coloidal trazidos pelos rios. Estes solos são muito moles e ricos em matéria orgânica em decomposição. Em decorrência, são pobres em oxigênio, totalmente retirado por bactérias que o utilizam para decompor a matéria orgânica. Como o oxigênio está sempre em falta nos solos do mangue, as bactérias se utilizam também do enxofre para processar a decomposição. O fator mais importante e limitante na distribuição dos manguezais é a temperatura. Um fato interessante de se observar é a altura das árvores. Na região Norte, podem alcançar até trinta metros. Na região Sul, dificilmente ultrapassam um metro. Quanto mais próximas da linha do Equador, maiores. As plantas se propagam a partir das plantas filhas, chamadas de propágulos, que se desenvolvem ligadas à planta mãe. Esses propágulos soltam-se e se dispersam pela água, até atingirem um local favorável ao seu desenvolvimento. As plantas típicas do mangue se originaram na região do Oceano Índico e se espalharam a partir daí para todos os manguezais do mundo.

CRIANÇAS E ADOLESCENTES TRABALHAM NA CATA DE CARANGUEJOS

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O MANGUEBEAT E A MANGUETOWN

PROJETO MANGUEZAIS DO BRASIL

UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL DOS MANGUEZAIS Muitas atividades podem ser desenvolvidas no manguezal sem lhe causar prejuízos ou danos, entre elas: • • • • •

Pesca esportiva e de subsistência, evitando a sobrepesca, a pesca de pós-larva, de juvenis e de fêmeas ovadas Cultivo de ostras Cultivo de plantas ornamentais (orquídeas e bromélias) Criação de abelhas para a produção de mel Desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, educacionais e pesquisa científica

Antonio Cícero/FotoArena/AE

O Projeto Manguezais do Brasil foi criado pelo Ministério do Meio Ambiente com o objetivo de melhorar a capacidade do Brasil de promover a efetiva conservação e uso sustentável dos recursos em ecossistemas manguezais, baseado no fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e na designação de áreas de preservação permanente a todos os manguezais do Brasil. O projeto é executado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade que, para cumprir tal objetivo, busca elaborar uma estratégia de gestão de áreas protegidas para a conservação efetiva de uma amostra representativa dos ecossistemas manguezais no Brasil.

Divulgação

Um estilo musical muito interessante e cheio de ideias inovadoras surgiu no Recife por volta dos anos 1990: o Manguebeat (algo como “ritmo do mangue”, “batida do mangue”). Uma mistura de rock, hip hop e música eletrônica, quase uma música de contestação, para protestar sobre o descaso sofrido pela cultura local, a desigualdade entre as pessoas e também sobre o abandono sofrido pelo mangue. Apesar das raízes do Manguebeat existirem desde a década de 70, com discos do guitarrista Robertinho de Recife, o estilo foi associado à figura do músico Chico Science (1966-1997), que era vocalista da banda Nação Zumbi, em atividade até os dias de hoje. Mesmo depois da morte de Chico Science, o movimento continua vivo e forte, sempre ligado ao seu papel social e representado por bandas como Mundo Livre S/A, Nação Zumbi, Sheik Tosado e Eddie. Inclusive, muitas homenagens foram prestadas a esse ritmo tão especial, como é o caso da estátua do caranguejo - animal símbolo do movimento - construída na rua da Aurora, bairro do Recife.

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Sustentabilidade é mais relevante para trabalhadores de países emergentes

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studo realizado pela consultoria Bain & Company com funcionários de diversos segmentos da indústria mostra que, em países emergentes, a sustentabilidade é mais importante para os entrevistados, pois questões como poluição, segurança e trabalho infantil são mais evidentes. De acordo com o levantamento, nessas nações, são geralmente as empresas que assumem o protagonismo da questão.

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De acordo com o levantamento, 43% dos entrevistados de países em desenvolvimento disseram que os funcionários têm uma influência considerável sobre compromissos de sustentabilidade das empresas em que trabalham, contra 25% em mercados desenvolvidos. Para a realização da pesquisa, foram ouvidos cerca de 750 funcionários de diversas indústrias no Brasil, China, Índia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

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Brasil investe em energia eólica

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Rio Grande do Sul, despontando como um dos estados que mais contribui com o crescimento da energia eólica na matriz elétrica brasileira, será também o detentor do maior empreendimento da América Latina no segmento. O Complexo Eólico Campos Neutrais – empreendimento da Eletrosul e parceiros em implantação nos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí – está recebendo investimentos de aproximadamente R$ 3,5 bilhões. O Complexo Eólico Campos Neutrais reúne três grandes parques: Geribatu, Chuí e Hermenegildo somando 583 megawatts (MW) de capacidade instalada – suficiente para atender ao consumo de 3,3 milhões de habitantes. Uma notícia recente chamou a atenção: o Brasil gerou, em fevereiro, 7,8% a mais de energia eólica do que o registrado no mesmo mês de 2013, de acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Dos 734 megawatts (MW) gerados a partir do

vento pelas 91 usinas desse tipo em operação no país, 71% (ou 521 MW médios) têm origem no Nordeste. A Região Sul está em segundo lugar, com 28% de participação na geração (203 MW médios). Desde fevereiro de 2013, foram agregadas mais 12 usinas eólicas às 79 que operavam no Sistema Interligado Nacional. Com isso, a capacidade total instalada desse tipo de fonte energética apresentou crescimento de 17,3% no período, chegando a 2.250 MW. O Nordeste foi a região brasileira que apresentou maior crescimento anual da capacidade instalada para essa fonte energética: 1.461 MW – um salto de 20,2% em comparação a fevereiro de 2013. Os estados com maior participação na geração média em fevereiro são o Ceará (243 MW médios), o Rio Grande do Sul (150 MW médios), o Rio Grande do Norte (143 MW médios), a Bahia (105 MW médios) e Santa Catarina (50 MW médios).

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Reuters/Sarah A. Hnutie

Ave usa algodão com pesticida para fazer ninho e elimina ameaça parasita

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ientistas desenvolveram um método curioso para ajudar pássaros ameaçados nas Ilhas Galápagos a se defender contra uma ameaça parasita, de acordo com matéria recente da agência Reuters. Os tentilhões-de-Galápagos - pássaros famosos por terem inspirado Charles Darwin a criar a teoria da evolução por seleção natural - são frequentemente ameaçados por larvas de moscas parasitas que matam os filhotes nos ninhos. Os pesquisadores colocaram bolas de algodão com um suave pesticida perto de onde os pássaros faziam seus ninhos. Os pássaros pegavam pedaços do algodão

com os bicos e os incorporavam aos ninhos, matando as larvas de moscas sem prejudicar os filhotes. A descoberta foi publicada na revista “Current Biology”. O pesticida escolhido foi a permetrina, geralmente usado para tratar piolhos em pessoas. Ele também é capaz de matar a espécie de mosca Philornis downsi, aparentemente introduzida involuntariamente por pessoas nas Ilhas Galápagos. Essa espécie tem sido responsabilizada pelo declínio dos tentilhões-de-Galápagos, incluindo duas espécies ameaçadas.

França cria a maior área protegida do mundo

O

governo da Nova Caledônia, um arquipélago pertencente à França, situado na Melanésia, sudoeste do Pacífico, anunciou oficialmente a criação de uma Área Marinha Protegida (AMP) de 1,3 milhão de quilômetros quadrados – equivalente a três vezes o território da Alemanha. A área protegida, chamada Parque Natural do Mar de Corais, engloba ambientes marinhos extremamente ricos em biodiversidade, já declarados desde 2008 como Patrimônio Mundial da Humanidade. Nos próximos meses, um comitê de gestão será estabelecido com a missão de elaborar um plano de manejo do parque

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em até três anos. O plano determinará os diferentes usos permitidos em cada área do parque. Jean Christophe, da ONG Conservação Internacional (CI), vem apoiando vários países insulares do Pacífico em seus esforços de conservação e enfatiza que a área da nova AMP abrange formações geológicas únicas, como montes marinhos e bacias sedimentares, além de um dos maiores recifes de corais do mundo. Entre as ameaças presentes na região, estão a pesca ilegal, o crescente trânsito de embarcações para a Austrália e as perspectivas de mineração e exploração de petróleo em alto mar.

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Conservação de jaguatiricas é preocupante

conservação. “O Parque Estadual da Serra do Mar tem 315 mil hectares e sofre com a caça ilegal, então o maior problema que eu vejo é a redução da quantidade de indivíduos pela falta de alimento, pois as pessoas caçam e eliminam as presas naturais das jaguatiricas, como roedores, tatus, aves, gambás e macacos”, destaca. Segundo o Plano de Ação Nacional (PAN) de Conservação dos Pequenos Felinos, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), outras pressões que a jaguatirica sofre além da caça são as alterações de habitat e conflitos com atividades antrópicas como expansão agrícola, silvicultura e queima de pastagens.. A jaguatirica, também chamada de gato-maracajá ou maracajá-verdadeiro, é um felino de pequenomédio porte que habita regiões de Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e Pantanal onde existe cobertura vegetal mais densa. É o terceiro maior felino das Américas, ficando atrás apenas da onça-pintada e do puma.

Haroldo Palo Jr

A

jaguatirica (Leopardus pardalis), felino com poucas populações remanescentes na Mata Atlântica, está sendo estudada no Parque Estadual da Serra do Mar (SP). A espécie foi escolhida para estudo por ser predador de topo de cadeia alimentar, desempenhando importante papel na manutenção dos ecossistemas. Outro fator que levou a pesquisá-la foi o fato de estar fortemente associada à cobertura vegetal, sendo consequentemente muito sensível a perdas do seu habitat. Além disso, a espécie consta na lista nacional dos animais ameaçados de extinção. A conservação da jaguatirica está sendo avaliada num projeto realizado pelos pesquisadores Fernando dos Santos Fernandez e Patrícia Mendonça, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. O Parque Estadual da Serra do Mar foi a região escolhida para o projeto, porque a unidade de conservação (UC) está localizada dentro da maior área contínua preservada de Mata Atlântica do Brasil e também é a maior área de proteção integral desse bioma. Segundo os pesquisadores, provavelmente nesse parque esteja uma das maiores populações de jaguatiricas ainda existentes na Mata Atlântica. “Fazemos captura, marcação e recaptura fotográfica (visualização por meio de armadilhas fotográficas). A primeira vez que você detecta um bicho é como se o estivesse capturando e quando o detecta novamente é como se o estivesse recapturando. Assim, estimamos o tamanho populacional das jaguatiricas na região”, explica o pesquisador Fernandez. Esse método não invasivo é eficaz e possibilita o estudo de felinos identificáveis individualmente pelo seu padrão de manchas nos pelos. De acordo com o pesquisador, foram encontrados cerca de 160 felinos, um número que indica a necessidade de ações efetivas de conservação. Para Fernandez, um grande fator de ameaça aos felinos é a caça ilegal de animais dentro da unidade de

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Qualidade do ar com 48 horas de antecedência

U

ma ferramenta computacional desenvolvida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) permite prever com pelo menos 48 horas de antecedência como será a qualidade do ar nas diferentes partes da região metropolitana de São Paulo, considerando as condições meteorológicas e os níveis de emissão e dispersão de poluentes. Os resultados das simulações de qualidade do ar estão disponíveis para consulta gratuita na página http://www.lapat.iag.usp.br/. “Um dos principais objetivos da plataforma é combinar a estimativa de concentração de poluentes com a previsão de possíveis impactos na saúde pública e o impacto de uso dos diferentes combustíveis para a qualidade do ar. A ideia é antecipar eventos de maior poluição que possam causar aumento na admissão em hospitais decorrente, por exemplo, de doenças respiratórias. Isso ajudaria no planejamento dos serviços de saúde”,

explica a professora do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP) Maria de Fátima Andrade. Outra vantagem da ferramenta é permitir estimar a qualidade do ar em áreas da Região Metropolitana de São Paulo que não contam com estações de monitoramento da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Uma terceira utilidade, de acordo com os pesquisadores, é a possibilidade de desenhar cenários futuros de concentração de poluentes, considerando fatores como mudanças climáticas, estimativas de desenvolvimento urbano e alteração no perfil e no tamanho da frota veicular. Isso poderia, por exemplo, ajudar a avaliar benefícios de políticas públicas que visam a estimular o uso de etanol, biodiesel e outros combustíveis considerados menos prejudiciais ao ambiente.

Comprar produtos sazonais pode render economia de até 30%

C

onsultar a tabela sazonal de produtos hortifrútis é uma excelente forma de substituir os alimentos que estão mais caros no mercado e economizar. Além disso, os produtos de época oferecem uma qualidade maior ao produto, uma vez que seu processo de maturação é natural e não envolve em sua maioria processos artificiais como superexposição à luz ou a produtos químicos. Segundo o economista da CEAGESP, Flávio Godas, a economia para quem compra os alimentos sazonais pode ser, no mínimo, de 30%, dependendo da safra, do produto e principalmente do clima.

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A tabela de produtos sazonais também é uma boa opção para as pessoas poderem substituir alimentos que estão fora de época. Por exemplo, para quem gosta de batata, por que não substituí-la pela mandioca? Para quem é fã de verduras, o agrião é uma boa opção, assim como o brócolis e o espinafre. O gráfico completo de sazonalidade pode ser encontrado no portal da CEAGESP, na seção de produtos: http://www.ceagesp.gov.br/produtos/ epoca/produtos_epoca.pdf

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Telescópios investigam relação entre ciclo do Sol e clima

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esquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) construíram dois telescópios para funcionar de forma sincronizada na detecção contínua de partículas derivadas da radiação do Sol e para investigar possíveis relações entre os ciclos solares e as variações climáticas da Terra. O trabalho é resultado da pesquisa “Detecção e estudo de eventos solares transientes e variação climática”, realizada no âmbito de um acordo de cooperação entre a FAPESP e a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). De acordo com o coordenador da pesquisa na Unicamp, Anderson Campos Fauth, professor associado do Instituto de Física Gleb Wataghin, já se sabe que os ciclos solares e suas flutuações apresentam alguma relação com a intensidade com que os raios cósmicos atingem a Terra, apesar de não serem considerados uma das principais causas das mudanças climáticas globais. “Não existe um consenso sobre o mecanismo que relaciona a atividade solar e as mudanças climáticas. Há uma hipótese de que o aumento do fluxo de raios cósmicos pode estar associado ao surgimento de nuvens baixas, que globalmente exercem um efeito de resfriamento e, nas regiões polares, onde a incidência da radiação solar é baixa, têm impacto contrário, provocando aquecimento”, disse. Fauth explica que cientistas têm observado que certos fenômenos climáticos – oceanos mais quentes, maior quantidade de chuvas tropicais, menos nuvens

subtropicais, circulação mais intensa de ventos – parecem estar em parte associados ao ciclo de atividade solar, que dura, em média, 11 anos. Diante disso, o trabalho da Unicamp e da UFF com os telescópios foca em um dos sinais do ciclo solar: a presença e o comportamento das partículas múons na atmosfera terrestre. O múon é a mais abundante partícula com carga elétrica presente na superfície da Terra, representando cerca de 80% dos raios cósmicos com carga elétrica em altitudes próximas ao nível do mar. A cada segundo surgem, aproximadamente, 140 múons por metro quadrado. O fato de a partícula quase sempre possuir trajetória retilínea facilita sua detecção com um arranjo de poucos detectores. O ano de 2014 é propício à detecção de múons pelos telescópios da Unicamp e da UFF. Ao longo deste período, o ciclo atual do Sol atinge sua máxima atividade: o número de manchas solares observadas aumenta consideravelmente e os flares – explosões que ocorrem na superfície do Sol – irrompem com grande intensidade, libertando milhões de toneladas de gás magnetizado. Além disso, Campinas (SP) e Niterói (RJ), onde os telescópios estão instalados, têm localização privilegiada para a detecção de partículas derivadas da radiação solar, pois estão próximas à região central da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (SAA, da sigla em inglês), onde a resistência magnética para entrada de partículas carregadas vindas do espaço é muito baixa.

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NEO MONDO INFORMA Por Eleni Lopes

Conheça os 50 primeiros colocados no ranking da Corporate Knights: Rank

Empresa

País

Indústria

Pontuação

1

Biogen Idec

Estados Unidos

Biotecnologia

73,5%

2

Allergan

Estados Unidos

Farmacêutica

72,8%

3

Adidas

Alemanha

Têxtil. Vestuário e Artigos de Luxo

72,6%

4

Keppel Land

Singapura

Gestão Imobiliária e Incorporação

71,3%

5

Kesko

Finlândia

Alimento e Varejo

70,0%

6

Bayerische Motoren Werke (BMW)

Alemanha

Automotiva

69,2%

7

Reckitt Benckiser Group

Reino Unido

Produtos domésticos

68,8%

8

Centrica

Reino Unido

MultiUtilidades

68,5%

9

Schneider Electric

França

Equipamentos elétricos

68,4%

10

Danske Bank

Dinamarca

Bancos

68,4%

11

Tim Hortons

Canadá

Hotéis e Lazer

68,2%

12

Outotec

Finlândia

Construção e Engenharia

67,8%

13

Novo Nordisk

Dinamarca

Farmacêutica

67,6%

14

L'Oréal

França

Produtos de Uso Pessoal

66,8%

15

BT Group

Reino Unido

Telecomunicação

66,8%

16

Marks & Spencer Group

Reino Unido

Varejo

66,6%

17

Dassault Systemes

França

Software

66,6%

18

Johnson & Johnson

Estados Unidos

Farmacêutica

66,2%

19

Enagas

Espanha

Gás

66,0%

20

Storebrand

Noruega

Seguros

66,0%

21

Commonwealth Bank of Australia

Austrália

Bancos

65,8%

22

Unilever

Reino Unido

Produtos Alimentares

65,7%

23

Atlas Copco

Suécia

Máquinas

65,4% 65,3% 65,2%

24

StarHub

Singapura

Serviços de Telecomunicação Wireless

25

Koninklijke Philips Electronics

Holanda

Conglomerados Industriais

48

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Rank

Empresa

País

Indústria

Pontuação

26

Coca-Cola Enterprises

Estados Unidos

Bebidas

65,2%

27

Statoil

Noruega

Petróleo, Gás e Combustíveis

65,2%

28

Kone

Finlândia

Máquinas

65,1%

29

Teck Resources

Canadá

Metais e Mineração

65,0%

30

Galp Energia

Portugal

Petróleo, Gás e Combustíveis

64,5%

31

Neste Oil

Finlândia

Petróleo, Gás e Combustíveis

64,4%

32

Syngenta

Suíça

Química

64,0%

33

Nokia

Finlândia

Tecnologia

64,0%

34

City Developments

Singapura

Gestão Imobiliária e Incorporação

63,7%

35

Vivendi

França

Telecomunicação

63,6%

36

POSCO

Coreia do Sul

Metais e Mineração

63,4%

37

TELUS

Canadá

Telecomunicação

62,9%

38

Sigma-Aldrich

Estados Unidos

Química

62,9%

39

Henkel

Alemanha

Produtos de Uso Doméstico

62,7%

40

Electricité de France

França

Engenharia Elétrica

62,6%

41

Westpac Banking

Austrália

Bancos

62,2%

42

Crédit Agricole

França

Bancos

61,7%

43

Novozymes

Dinamarca

Química

61,5%

44

Natura Cosméticos

Brasil

Produtos de Uso Pessoal

61,5%

45

Samsung Electronics

Coreia do Sul

Equipamentos e Semicondutores

61,4%

46

DNB

Noruega

Bancos

61,4%

47

Ecolab

Estados Unidos

Química

61,2%

48

Legrand

França

Equipamentos Elétricos

60,8%

49

General Mills

Estados Unidos

Produtos Alimentícios

60,8%

50

Eisai

Japão

Farmacêutica

60,5%

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Núcleo de Educação

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Faça seu projeto educacional conosco. Nossa equipe está pronta para trabalhar o conceito do seu cliente e/ ou empresa de modo absolutamente personalizável. Consulte-nos.

Sair da mesmice, transmitir informação de um jeito divertido e diferente. Mais que um norte, um compromisso.

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Sustentabilidade, criatividade e educação de mãos dadas com o futuro. É a partir desse conceito que surge o novo núcleo do Instituto NEO MONDO, voltado para o desenvolvimento de projetos especiais de cultura e educação infantil. A criança é multiplicadora de informação e, sempre, o cidadão do amanhã. É para este público que desenvolvemos conteúdos diferenciados capazes de promover o aprendizado de forma lúdica, divertida e com tecnologia de ponta.

- Projetos educativos para empresas que desejam aliar sua imagem à educação, cultura e temas específicos. - Projetos especiais de livros para os governos Federal, Estadual e Municipal sobre temas relevantes para a sociedade em geral. - Tecnologias disponíveis a serviço da educação: REALIDADE AUMENTADA, 3D, GAMEFICAÇÃO, IMERSÃO VIRTUAL, HOLOGRAFIA, APLICATIVOS, entre outros.

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Fábrica de Brinquedos – Livro referencial quando o assunto é diversão e aprendizado. A partir da construção de brinquedos temáticos, e sempre por meio da utilização de material reciclável, os leitores são sensibilizados para a importância cada vez maior de se construir um futuro que tenha como base o respeito aos recursos naturais. Fábrica de Brinquedos também é um projeto maior, que permite a adaptação e a personalização de uma série de ações para empresas e prefeituras, por exemplo. Fábrica de Comidinhas – Projeto derivado da Fábrica de Brinquedos com foco na necessidade crescente de divulgar informações relevantes sobre alimentação infantil saudável. Além de divulgar conteúdos sobre o tema, receitas e divertimentos, a Fábrica de Comidinhas (que já está perto de ser inaugurada) também prevê a publicação de livros personalizáveis e uma série de outras ações de branded content.

Projeto

O Núcleo de Educação NEO MONDO é liderado por profissionais capacitados e entusiasmados com a construção de um mundo melhor. Oscar Lopes Luiz – Publicitário, pós-graduado em Marketing. É presidente do Instituto NEO MONDO Eleni Lopes – Diretora de Redação da revista NEO MONDO. Ricardo Ditchun – Sociólogo especializado em comunicação corporativa, jornalista e editor. Valéria Cabrera – Jornalista e relações públicas. Ricardo Girotto – Publicitário e ilustrador de livros infantis. Alda de Miranda – Publicitária e autora de livros infantis.

O rio que ri – Que tal tratar do tema da água, dos rios, das lagoas, dos mares? Esta obra alia poesia infantil à construção de personagens com materiais reciclados para ensinar a criança a utilizar a água de forma responsável e a respeitar o meio ambiente. Um reino sem dengue – Passando longe da forma habitual de abordar a questão da dengue, este livro leva a criança a se envolver numa historinha divertida, com rei e princesas, num formato recheado de ilustrações. Aprender a combater o mosquito Aedes aegypt deixou de ser uma complicação. Ótima ferramenta para pais, professores, empresas e prefeituras.

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