





Estivemos à conversa com Ivan Costa Gonçalves, atual presidente da Assembleia Municipal de Almada e anterior aluno de Engenharia Biológica. Desde os seus tempos no Técnico até ao seu atual cargo político, não vais querer perder esta entrevista!
Para começar, pode apresentar-se aos nossos leitores.
Tenho 36 anos, estudei no Técnico e neste momento sou Presidente da Assembleia Municipal de Almada. Fui Secretário Geral da Juventude Socialista (JS) e fui também deputado da Assembleia da República desde 2015 até ao passado mês de abril. Nestes últimos anos, tenho-me dedicado mais à parte política do que à engenharia, mas a minha formação não deixa de ser enquanto engenheiro.
Quais são as principais memórias que traz do Técnico?
O tempo que eu passei no Técnico foi absolutamente decisivo para a minha vida e para tudo o que fiz a seguir. Confesso que tive várias fases, estive um ano em Engenharia Informática porque desde pequeno que pensava que queria tirar esse curso. Por outro lado, na fase final do secundário, comecei a gostar dos temas relacionados com genética e microbiologia. Na altura, pensei em ir para Biologia Celular e
Molecular na FCT, mas quis tirar uma engenharia, então fui para Informática. A meio do primeiro ano no IST é que percebi que existia Engenharia Biológica e acabei por mudar de curso. Eventualmente filiei-me na Juventude Socialista e a partir daí comecei a envolver-me nos órgãos de gestão do Técnico; em 2008 fizemos uma candidatura à Assembleia Estatutária do IST, perdemos essa primeira eleição, mas a minha lista ainda conseguiu eleger um aluno, que fui eu. Acho que se não tivesse sido eleito nessa lista, se calhar não tinha feito nada do que fiz a seguir, porque foi aí que me comecei a envolver, a saber mais e a gostar cada vez mais dessas coisas. No ano seguinte, fui para a Associação de Estudantes, estive um ano na direção como coordenador da recreativa e no ano seguinte fui Presidente da AEIST. Depois de fazer a minha dissertação, na EDP, fiquei lá a trabalhar, mas mais na área da gestão industrial do que propriamente Engenharia Biológica, confesso (nunca estive a dimensionar reatores [risos]). Passado alguns anos fui candidato ao Parlamento, era o oitavo da lista no meu distrito e, como o Partido Socialista apenas elegeu sete, fui o primeiro a não ser eleito. Mas como na altura surgiu a geringonça, o PS formou Governo e houve algumas pessoas na mesa de deputados nomeadas para o Governo, entrando eu no Parlamento.
Tem algum exemplo de como usa esta “mente de engenheiro” na sua carreira atual como político?
É difícil arranjar algo em concreto, mas há! O Técnico foi a coisa mais difícil que fiz na vida, e isso ensinou-me a autonomamente resolver problemas e a desenrascar. A política é muito incerta, nunca sabemos o que vai acontecer num dado momento. Assim, o que eu tento fazer, por exemplo nas campanhas autárquicas, é tentar usar dados concretos. Na política, as decisões muitas vezes são baseadas em “achismos”, e em Portugal não parece haver uma noção de ver os dados e arranjar métricas para perceber se uma decisão tem os resultados que esperávamos ou não. Por exemplo, a questão da imigração passou a ser um tema relevante nos últimos dois ou três anos e, se falarem com qualquer
especialista nestas questões, ele vai dizer-vos que, em Portugal, a percentagem de imigrantes percepcionada é muito superior à percentagem real. Neste caso, as pessoas têm um problema e portanto o político também terá um problema, nem que seja ter de explicar que o problema não existe. Por outro lado, um político não anda só a reboque dos dados, senão depois perde a conexão com a realidade, que normalmente é feita de factoides, coisas que no momento parecem o grande tema do dia, mas que na verdade não têm assim tanta relevância. Quando adotamos políticas públicas, devemos usar o maior número de dados e as melhores métricas para nos ajudar a obter os melhores resultados e descobrir se eram os resultados que estávamos a prever. No entanto, habitualmente, há poucos dados que suportem as sensações. A nível nacional temos alguns dados, mas a nível autárquico e mais local não se tem tantos disponíveis. Assim, as decisões são tomadas de acordo com o que parece ser o problema, e isso em si é um problema.
É presidente da Assembleia Municipal de Almada, em que é que difere esta função da de deputado na Assembleia da República?
É muito diferente! A Assembleia da República tem, por um lado, a função de criar e aprovar leis e, por outro, de fiscalizar o Governo. A nível local, a arquitetura é parecida, mas não é exatamente igual. Ao contrário do presidente da Câmara e alguns vereadores, os deputados da Assembleia Municipal não têm uma profissão, pois, por Lei, só nos reunimos cinco vezes por ano (embora cada uma possa durar vários dias). Neste caso, Almada é um dos dez maiores municípios do país, e o presidente da Assembleia Municipal é uma figura representante do concelho, logo tenho muitas obrigações. O nosso trabalho é claramente relevante dada a grande população que temos. Ah, e descobri há pouco tempo que sou o segundo presidente da Assembleia
Municipal mais novo do país, já que este é um cargo que normalmente é ocupado por pessoas com mais idade. Fui eleito o ano passado (tinha feito 36 anos pouco tempo antes) porque o presidente anterior resignou o mandato de 2023.
Para entendermos um pouco melhor a vida de um político, qual é a melhor e a pior parte desta carreira?
Bom, a melhor parte para mim é uma que é evidente, é que eu gosto de política. Acho que a política é muito interessante por podermos tentar melhorar a vida da comunidade. Como disse no início, sempre gostei de política, mas houve uma fase da minha vida em que percebi “Ok, ou nós começamos a fazer as coisas ou alguém as faz por nós”. E confesso que quando comecei a participar politicamente, não tinha ambição, nem sequer achava que estava minimamente preparado para coordenar nada nem para presidir a nada. O primeiro cargo político que eu tive foi ser coordenador do Núcleo de Estudantes da JS no Técnico. Eu acabei por ir, mas confesso que na altura pensei “Mas então o que é que eu faço? Sou coordenador, mas o que é que o coordenador faz?”. Mas com o tempo vamos aprendendo, quando entrei para o Parlamento tinha 28 anos e não conseguia fazer metade daquilo que hoje em dia consigo. Nós vamos aprendendo nos cargos, e é por isso que também é importante que os jovens vão assumindo cargos de responsabilidade. Obviamente que há muitas coisas que não vão conseguir fazer, mas, se nós estamos sempre à espera do dia em que estamos absolutamente preparados para desempenhar os cargos, esse dia nunca vai chegar. Por exemplo, ainda há bocado estava a comentar com uma pessoa que eu amanhã tenho dois debates. Vou a uma escola secundária falar sobre a União Europeia, e à noite tenho um debate do Partido Socialista. Se fosse há uns anos atrás, eu hoje deveria passar o dia a preparar esses debates. Hoje em dia já não é preciso, já fiz várias vezes e não se compara. Aprender fazendo é muito importante. Aquilo que eu acho que a política tem de fantástico é nós conseguirmos mesmo fazer. Há uns tempos ouvi uma frase que fica um bocadinho no ouvido, porque eu acho que é verdade, é que o mundo se divide entre aqueles que fazem e os que ficam a ver. Se temos opinião sobre como as coisas deviam ser, então vamos tentar fazer. É que é fácil dizer o que está mal, mas era aquilo que vos estava a dizer há pouco, está mal, mas quais são as soluções? É muito difícil, às vezes, nós conseguirmos ter uma discussão sobre como é que nós vamos mesmo fazer com que as coisas que estão mal fiquem bem. Ainda por cima hoje, no mundo em que vivemos, em que se tem de passar uma mensagem num minuto no TikTok ou
Instagram. Como é que se explica um problema complexo e uma solução nesse tempo? É muito difícil fazer isso, por isso é que os populistas hoje têm um campo para trabalhar enorme, porque é muito fácil chegar ao pé das pessoas e dizer assim: “você tem este problema, e a solução é esta. Você acha que o salário é mau, é porque os emigrantes estão a roubar o trabalho”. Pronto, e isto explora depois aquelas fragilidades todas que o ser humano tem. Nós olhamos para uma pessoa que é diferente de nós e sentimos menos empatia com ela, menos proximidade, e isto é da natureza humana. É isto que os populistas fazem, é explorar estes pequenos sentimentos que nós temos. E toda a gente os tem, temos é de os tentar contrariar de forma a usar alguma racionalidade. E a política é isto, permitir pôr a mão na massa e deixar o mundo um pouco melhor que aquilo que o encontrámos. Agora, o que é que tem de pior? Tem muitas coisas que são más. A primeira coisa é que é uma atividade em que é difícil “desligar”, os problemas surgem a qualquer hora, e se há um problema um político não diz “Epá, não, são nove da noite, eu não quero saber disso para nada”. Quando acordo de manhã já tenho mensagens sobre coisas que é preciso fazer. Esta questão de estarmos permanentemente ligados, permanentemente conectados, é óbvio que é uma dificuldade, é difícil não estarmos sempre em atenção, preocupados. Depois tem outra dimensão que cada vez mais aprendemos a lidar com ela, que eu confesso que ao início não era fácil, que é a questão da exposição. Eu recordo-me da primeira vez que isto aconteceu, eu pus uma coisa qualquer no Twitter e na hora seguinte eram trezentas pessoas a chamarem-me nomes. Acho que ninguém gosta disso, não é? E a primeira vez
que isto me aconteceu acho que até foi por causa de coisas de futebol [risos]. Acho que nunca na vida senti tanto ódio, na altura até tinha gente a mandar mensagens no Facebook a dizer “Devias era morrer”, e isto ao início é estranho. Eu hoje em dia confesso que estas coisas já me passam um bocadinho ao lado, mas o nível em que a política é discutida hoje em dia tem-se vindo a degradar muito nos últimos anos, o Twitter é o exemplo acabado disso, não é? Uma rede social onde há muito ódio, apesar de não ser a única. A entrada em cena da extrema-direita veio ainda mais degradar o ambiente nesse sentido. Também é de dizer que nunca houve nada que me tenha deixado verdadeiramente preocupado, mas há coisas que são desagradáveis, às vezes passa-se um certo limite, eu recordo-me de que ainda há poucas semanas, andavam pessoas de extremadireita a partilhar fotografias do Rui Tavares com o filho ao colo. Quer dizer, o Rui Tavares tem um nível de exposição que é muito superior ao meu, obviamente, mas esse tipo de coisas é algo que é difícil ficar indiferente. E enfim, não é só na política que há esta exposição, mas na política há muito escrutínio. E depois ainda há o princípio que muita gente tem que é que os políticos por princípio são pessoas que não são de confiança e que andam a fazer trafulhices. Essa parte, enfim, também é chata, acho que ninguém gosta de que achem que se desconfia de nós, da nossa credibilidade. Mas a política também é um bocadinho isso, dizem-se cobras e lagartos, mas depois habitualmente não nos dizem na cara, não nos confrontam com isso, mas é chato. Eu recordo-me de quando fui secretário-geral da JS, talvez a altura na qual tive mais exposição mediática, que depois de algumas peças tinha duzentos comentários a dizer que eu era isto e que eu era aquilo. Enfim, eu hoje vou vivendo com isso, mas para alguém que está a começar na política é aborrecido, no mínimo.
Como é que se lidam com resultados inesperados ou indesejados em eleições?
Eu tive a sorte, ou o azar, de nos últimos anos fazer parte de um partido que em quase todas as eleições teve melhores resultados do que aqueles que se esperavam. Por exemplo, em 2017 o Partido Socialista venceu as eleições aqui em Almada, para a câmara municipal, e nunca tinha ganhado. A câmara tinha sido governada desde 1976 pela CDU, pelo PCP, e o Partido Socialista venceu. Não era algo que se esperasse bastante, a maioria absoluta em 2022 não era algo que se esperasse, enfim. Esta derrota que houve agora 2024 em que a AD venceu as eleições era mais esperado, é óbvio que havia expectativa que se pudesse vencer, mas havia noção também de que era muito difícil mesmo que o PS ficasse em primeiro de depois conseguir formar Governo
porque parecia-nos mais evidente que a direita ia ter maioria no Parlamento. Portanto, eu até hoje confesso que nunca tive que lidar muito com essa deceção de achar que os resultados vão ser uns e depois vão ser outros. Naquelas eleições em que eu controlo mais, como quando fui candidato à associação de estudantes do Técnico ou quando fui diretor de campanha aqui em Almada, procurei sempre fazer tudo por tudo, e mesmo nas vezes em que fui candidato, quer no PS, quer na JS, quer nas coisas a nível autárquico, tentar ter o melhor resultado possível e pelo menos que não fique com a sensação que, se o resultado não foi bom, foi porque eu devia ter feito mais. Ou seja, fazer tudo o que estiver ao meu alcance para vencer. E isto não se aplica só em eleições, acho que é um princípio que nós devemos usar em tudo aquilo que achamos que é importante na nossa vida.
Mencionou também a extrema-direita. O que é que tem a dizer em relação ao seu crescimento em Portugal?
Em relação à extrema-direita, eu acho que há vários fatores que contribuem para a forma como a extrema-direita vai trabalhando e os resultados que tem tido. Para já, não é nada que diga só respeito a Portugal, a extrema-direita está a crescer no mundo todo. Depois, eu há uns tempos dir-vos-ia que a extrema-direita aproveita as falhas dos partidos ditos tradicionais, mas também há um fator que me faz pensar, que é se nós olharmos para os países do mundo se vive
melhor, se calhar os países do norte da Europa, a extrema-direita também tem bons resultados. Obviamente que a extrema-direita aproveita pontos onde os partidos tradicionais podiam comportar-se melhor, por exemplo usam muito as questões da corrupção, que é um absurdo porque obviamente que há corrupção em todos os em todos o espectro político, a corrupção não tem que ver com os partidos ou com a esquerda ou com a direita, a corrupção tem que ver com as pessoas e com o poder. Portugal é hoje um país muito menos corrupto do que era há umas décadas atrás, mas se calhar se perguntarmos à maioria das pessoas não é isso que a maioria das pessoas achará. Sabe-se é mais, o escrutínio é maior, os órgãos judiciais funcionam, e isso é tudo bom, quem faz coisas que não deve tem que pagar por isso. A extrema-direita conseguiu fazer de cavalo de batalha a questão da corrupção, mas depois nós vamos ver em concreto e não há nenhuma medida que tentem adotar que resolva a questão da corrupção e depois se formos analisar cada um dos protagonistas têm tantos casos e tantos problemas quanto os outros partidos.
Sente que há algo que os outros partidos possam fazer para clarificar essas questões ou que é um fenómeno que não é possível travar?
Eu acho que há uma dificuldade, é que a extrema-direita e os populistas em geral vencem sempre num ponto, ao tentar apresentar soluções muito simplistas para problemas que são complexos. É dizer, por exemplo, “Bom, se há um problema de corrupção, o que nós temos de fazer é confiscar os bens das pessoas, mesmo antes de estas serem condenadas”. Ora, isto não existe em lado nenhum, se a pessoa depois é julgada como inocente, como é que é devolvida a casa que o Estado já vendeu? Não é um debate sério. As soluções mais sérias são, no entanto, mais difíceis de explicar, mais complexas e por isso não funcionam tão bem. Na verdade, os dirigentes do Chega sabem disto, há de haver lá quem acredite, mas a maioria, ao dizer aquilo, até há de ter vontade de rir, as coisas não são assim tão lineares como se tenta pintar. Há outra questão que justifica ainda mais o crescimento: não sendo contra elas, as redes sociais dão voz a gente com teorias da conspiração. Umberto Eco veio dizer que “a Internet veio dar voz aos idiotas da aldeia”. Antigamente podia haver uma reportagem sobre as teorias da conspiração, mas aquilo no geral ficava por ali. Agora, permitese que estas ideias passem para toda a gente através da Internet e muitas vezes criando bolhas de desinformação, muito evidentes nos Estados Unidos ou Brasil. Há muita gente que só dialoga com pessoas dessa mesma bolha, o que faz com que haja uma corrente de “factos alternativos”.
Nos Estados Unidos, há uma larga percentagem de pessoas que acredita, por exemplo, que o Trump ganhou as eleições, e é essa a sua narrativa. Cá em Portugal, o Chega veio dar espaço a um conjunto de pessoas que não tinham coragem de dizer um conjunto de coisas no espaço público que talvez já pensassem ou dissessem em casa. Este discurso, que não tinha representação política e que agora pode passar em público sem se ser considerado “um troglodita”. Conheci muita gente que me dizia “Eu não quero saber de política, não percebo, não quero saber e não vou lá votar”, e que hoje em dia se calhar pensa “Bem, eu afinal percebo de política, isto afinal é uma coisa simples” e se identifica com este movimento que quer mudar ou rebentar com o sistema (apesar de que sabemos que não é bem assim). Há muita tese escrita sobre este assunto e mesmo quem passa anos a estudar isto não consegue chegar a respostas absolutas. Podem ser feitos paralelos com o discurso que havia na Europa do século XIX que levou aos nacionalismos e às guerras mundiais, entretanto percebeuse que a Humanidade e a Europa entendeu que havia coisas onde não poderia regressar. Infelizmente, a História vai-se repetindo e a partir do momento em que não há memória histórica, algumas coisas vão retornando. A memória do povo vai-se diluindo, mas temos que ir lutando contra isso, não ignorando que o sistema e os partidos tradicionais tenham falhas, mas que não é o radicalismo que os vai resolver, basta olhar para História.
Para concluir, gostávamos de saber o que é que faz nos seus tempos livres, para esquecer o “caos” da política.
Acho que faço o mesmo que vocês: jantar com amigos, jogar futebol com eles, tentando que seja mesmo um compromisso na agenda para que não apareça sempre algo que se sobreponha. Tento ir fazendo desporto porque é algo de que gosto, gosto também de ler e de ir ao cinema e ver séries, apesar de gostar mais dos filmes. Os políticos são às vezes vistos como extraterrestres, algo até em comum com os engenheiros. Às
vezes tenho compromissos que me fazem andar de um lado para o outro e ter a agenda cheia, mas é importante também ter uma vida equilibrada.
A título de curiosidade, como gosta de cinema, tem algum filme que nos queira recomendar?
É difícil, mas há um filme do Christopher Nolan, The Prestige, que vi umas duas ou três vezes no cinema quando andava no Técnico. Gosto de tudo o que seja suspense, thrillers, acho que já vi quase todos do Hitchcock. Estou agora a tentar recuperar uma série de filmes que acho que devem ser vistos, que são “obrigatórios”.
Por fim, tem alguma mensagem que queira deixar aos alunos de Biológica?
Que tenham força e resiliência, que tudo tem um fim à vista. Às vezes comentamos entre colegas do Técnico que aquilo que lá fizemos foi o mais complicado e que o que se faz depois disso tem sempre tendência a ser mais fácil e menos intenso, apesar de mais repetitivo. É algo que nos influencia para a vida mesmo para aqueles que, como eu, não olham para uma equação química há anos. Posso acrescentar, a todos, que se envolvam politicamente, para melhorar a qualidade da nossa democracia, sejam vocês de qualquer parte do espectro político. Grande parte do nosso atraso estrutural é o défice de qualificações mas também de participação cidadã, muitas vezes os políticos também resolvem os problemas porque são muito chateados pelas pessoas. Nunca pensei que houvesse este espaço na política nem que me fosse tornar deputado antes dos 30 anos, mas as coisas vão acontecendo com a nossa participação e envolvimento.
Nesta edição entrevistámos Patrícia Rodrigues, secretária do NEB e aluna do 1º ano de Mestrado em Engenharia Biológica, que está em Erasmus em Antuérpia.
Sabemos que estás a fazer Erasmus em Antuérpia. Gostavas de falar um pouco de como está a ser a experiência? Está a superar as tuas expectativas?
Acho que a experiência está a corresponder às minhas expectativas, no sentido em que estou a conseguir conciliar tanto a parte universitária como o lazer: desde simplesmente sair com amigos que fiz, ou ao participar em algumas atividades organizadas, por exemplo, pelo núcleo de Erasmus. Sinto que a minha experiência podia estar a ser mais extrovertida, mas visto que estou um pouco longe do centro da Antuérpia, acaba por ser difícil sair tantas vezes à noite, como por exemplo, ir a festas ou hangouts. Mas também não sou uma pessoa extrovertida, sou bastante introvertida, portanto sinto que talvez a minha experiência pode não ser como a de muitas outras, e por isso mesmo não me arrependo nada da maneira como estou a conjugar as coisas. Posso perfeitamente estar a ir para a faculdade e voltar a pé ou de transportes e além disso ainda consigo conviver muito com as pessoas do dormitório e da zona onde eu estou. Estamos todos aqui para o mesmo: estudar, fazer novas amizades e conhecer novas culturas. Muitas vezes encontramo-nos simplesmente para conviver, para conversar, jogar ou jantar. Já tivemos a oportunidade de ter um jantar internacional no
próprio dormitório. Portanto, acho que é sempre uma questão de perspetiva pessoal.
Qual a razão pela qual escolheste essa cidade? Sempre quiseste fazer Erasmus?
Quanto a isso, eu não escolhi esta cidade, acredito que foi mais esta cidade que me escolheu a mim e eu vou passar a explicar porquê. Desde pequena, sempre quis fazer Erasmus. Eu sou uma overthinker, como se diz, penso muito no meu futuro. Então, sempre tive a noção de que se entrasse para a faculdade gostava de fazer Erasmus mais ou menos na altura em que estou a fazer. Tendo em conta as experiências que fui tendo na minha vida, principalmente ao viajar, apercebi-me de que gostaria de ir para um país que me fizesse sentir em casa, um país no qual não me importaria tanto de passar vários meses, mesmo na ausência de familiares e amigos. Itália foi um dos países que me fez sentir assim, mas confesso que a Bélgica também.
Candidatei-me para Itália, mas não fiquei colocada. Entrei na minha segunda opção, Antuérpia.. De qualquer modo, em Milão teria apenas equivalência a 2 das 3 cadeiras obrigatórias e então se tivesse de deixar cadeiras obrigatórias por fazer seria mais difícil. Por isso, queria um país que me permitisse fazer o máximo de cadeiras obrigatórias possível neste semestre. Penso que de facto foi um sinal e sinto que entrar em Antuérpia foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Além disso, estou aqui com uma das minhas melhores amigas da faculdade, o que não foi planeado, mas foi bom, porque assim podemos compartilhar esta experiência e conhecer de forma diferente uma pessoa que pensamos que já conhecemos bem. Portanto o que pode parecer o fim do mundo, pode apenas ser um sinal. Outra coisa que acho que é importante é não hesitar em mandar email ao coordenador de mobilidade, porque, no caso de Antuérpia, não havia informação nenhuma no Instagram do NEB, noutros locais, ou até mesmo no site. Por isso, foi um pouco um tiro no escuro que se revelou em algo muito positivo, porque é uma cidade em que as pessoas podem ficar e ter a possibilidade de acabar todas as cadeiras obrigatórias deste semestre.
Agora que estás no Mestrado, queríamos saber se tens alguma perspetiva do que queres fazer no futuro, em que área queres trabalhar?
Sim, eu penso muito no futuro. Desde pequena que já tinha uma ideia do que queria fazer. Para terem um pouco de contexto: quando me candidatei à faculdade, estava indecisa há muito tempo entre Engenharia Biológica (ao contrário de muita gente, eu já sabia da existência do curso) e Medicina Veterinária. São cursos bem diferentes, mas eu acabei por pôr em primeira opção Engenharia Biológica e, felizmente, entrei. No entanto, fiquei sempre com a Veterinária um pouco atravessada. Por isso, gostaria de um dia poder juntar as duas áreas, por exemplo, trabalhando num laboratório de análises veterinárias. Era algo de que eu gostaria muito. O PIC, o qual tive oportunidade de ir autonomamente à procura ao contactar algumas instituições, contribuiu para que eu ganhasse mais interesse por plantas. O meu interesse sempre foi mais numa área que estivesse ligada ao laboratório. No entanto, à medida que foram passando os anos, descobri outro interesse que é a qualidade da água, portanto dependendo do que o futuro me traga, não me importaria de trabalhar numa ETAR. Mas acho que consigo entrar numa dessas áreas, será mais uma questão de ver as oportunidades que surgem.
Como tem sido a tua experiência no NEB, principalmente agora com o atual cargo na presidência?
Sei que toda a gente diz isto, mas acho que todos os alunos de biológica deviam, pelo menos uma vez, fazer parte do NEB como colaborador no
departamento com o qual se identificam mais. No meu primeiro ano, atípico, uma vez que entrei na época de COVID, senti que não estava preparada para ter esse tipo de experiência, não me candidatando a nenhuma atividade extracurricular. Pensei que seria demasiado para o meu “prato”. Não me arrependo disso, porque há pessoas que conseguem conciliar, outras que não, e eu como sou uma pessoa com bastante ansiedade não senti que tivesse capacidades para tudo. Portanto, foi no segundo ano que decidi ganhar coragem e candidatar-me a algum departamento. Acabei por entrar na minha última opção, mas não foi um grande problema, porque eu não tinha propriamente uma ordem de preferência, foi só a ordem que no momento achei melhor. Então não fiquei infeliz com a minha escolha e foi, de facto, incrível. Adorei ser colaboradora de comunicação, foi super divertido. Confesso que é um dos departamentos que se concilia muito bem com a vida académica. Em geral, as pessoas acham que dá muito trabalho, mas acho que não dá assim tanto, porque acaba sempre por valer a pena. Pode parecer um pouco cliché, mas é uma experiência diferente que se ganha, e acaba por ser meio que um trabalho ao mesmo tempo que se está a estudar. Pude conhecer imensa gente do nosso curso e foi por aí, também, que eu pude sair um pouco da minha caixa. Sinto que isto fez com que eu me conseguisse pôr mais out there, por assim dizer. Por isso acho que isto só me trouxe coisas positivas.
Depois fui promovida a coordenadora de comunicação. E na SBE, por acaso, precisavam de ajuda quanto a esse departamento, por isso aceitei e pensei já que esta era já a minha área. Consegui, perfeitamente, conciliar os dois, mesmo que possa parecer muito trabalho. De facto, ser coordenadora acaba por dar um pouco mais de trabalho, porque se é chefe de um grupo. Trouxe-me outra visão do que é estar na faculdade. Agora, como parte da Presidência, tenho ainda uma visão mais geral de tudo. No entanto, posso continuar a dar a minha opinião,
tal como o Vicente e o Diogo. Sinto que escolhi este cargo mais pelo facto de ir de Erasmus. Quando me perguntaram se queria fazer parte da Presidência disseram que eu podia escolher qualquer um dos cargos, mas eu decidi ficar como Secretária, para que fosse mais fácil conciliar com a mobilidade. Não me arrependo porque continuam, na mesma, a precisar de opiniões e sinto que continuo a contribuir imenso. Para mim, sinto que pessoas não quererem fazer parte no primeiro ano é OK, mas depois disso não tenham medo, porque dá perfeitamente para conciliar com a vida académica, é uma questão de sair um pouco da nossa zona de conforto.
Se pudesses resumir toda a tua experiência no Técnico numa palavra, qual seria e porquê?
Penso que toda a gente gostaria que dissesse palavras como: inesquecível, única, maravilhosa. Mas acho que a palavra que mais se adequa é desafiante. Primeiro, porque a entrada na faculdade é sempre complicada, temos mais trabalho e temos de ter sempre em atenção para não deixar tudo para última hora. Mas sinto que também não são só coisas más. Dános imensas coisas boas, nomeadamente experiências, pessoas novas, a oportunidade de participar em diferentes iniciativas. A faculdade não é só estudar. Acabamos também por fazer amigos para a vida. Eu não acreditava muito nisso, quando entrei pensava que isso era tudo mentira. Mas, de facto, acho que posso dizer que conheci gente que quero levar para o resto da vida, nomeadamente a minha maltinha. É desafiante, as aulas, os trabalhos que temos de entregar, o tempo de estudo, os exames… mas tudo se faz a seu tempo. Sinto que por vezes é preciso parar e pensar que não há nada de mal nisto, vai correr bem. É preciso ver as coisas com atenção, com calma, porque tudo se faz, aliás, até agora tudo se fez. Esta faculdade é excelente apesar de todas as dificuldades e problemas que podem vir. É daquelas coisas que vale mesmo a pena, é um curso excelente, com imensas saídas.
Muitas vezes, quando falo com as pessoas sobre o meu curso, elas respondem que é um ótimo curso para o futuro, com imensas oportunidades profissionais.
Sabemos que tens uma banda… podes-nos falar um pouco sobre o processo de criar e fazer parte de um grupo musical?
Esta banda surgiu com o meu irmão a tentar convencer-me a criar uma banda. Desde pequena que adoro cantar e tocar piano. Eu toco piano desde os 5 anos. Já tive a oportunidade de cantar em recitais e espetáculos, enquanto tocava piano. Sempre me disseram que cantava bem, mas acho que eu não tinha autoestima suficiente para pensar o mesmo. Depois de muitos anos do meu irmão a tentar convencerme, eu finalmente cedi, mas apenas porque achei que estava preparada. Então, em 2022, deu-se início a este projeto chamado Safyre, do qual fazemos parte eu, o meu irmão e mais dois amigos dele, que agora também são meus amigos. Tem corrido muito bem, é uma experiência incrível. Já atuamos em eventos na nossa terra e na escola de música, da qual os outros membros faziam parte. Agora temos até fãs e tudo tem corrido bem. Em princípio, neste verão, surgirão outros eventos para atuarmos na nossa terra e arredores. Tentamos ter ensaios todas as semanas para manter a prática e temos vários originais, o que é muito bom. É sempre giro quando as pessoas me perguntam se posso mostrar alguma música da minha banda e posso simplesmente dizer para irem ao Spotify ou ao Youtube. Os géneros oficiais são soft rock e rock alternativo, mas eu sinto que é um bocadinho mais o género que a banda gostar de ouvir. Nos nossos concertos tocamos também covers. Os covers vão desde pop a blues e rock, obviamente, mas é sempre pouco variado. A banda é sempre uma escapatória à faculdade, dá sempre para distrair e é muito bom.
Nesta edição entrevistámos Ana Lopes, uma das coordenadoras do departamento de Relações Externas no NEB, de Design na SBE e vice-presidente da Comissão de Praxe.
Quando é que percebeste que este era o curso querias?
Ao longo de toda a minha vida, sempre quis algo relacionado com a Saúde ou com a Biologia, e então tive sempre uma ideia bastante fixa na Medicina. No entanto, cheguei ao 10º ano e percebi que, efetivamente, Medicina não era para mim. No 12º ano, andei a procurar o que havia relacionado com Biologia, pois sabia que apenas Biologia me restringia em termos de opções. Tentei perceber que cursos relacionados com esta área existiam em Portugal, e principalmente aqui em Lisboa, uma vez que sempre quis vir para Lisboa. Por acaso, ouvi falar deste curso por uma amiga minha que tinha a prima a tirar Engenharia Biológica, depois fui a uma daquelas sessões, ”ISTO É Técnico”, em que falaram sobre o nosso curso, e a partir daí decidi que queria ir para Engenharia Biológica.
Como consideras que a tua entrada no NEB e na SBE contribuiu para a tua adaptação ao primeiro ano?
Primeiramente, a adaptação ao primeiro ano foi muito, muito difícil. Eu sempre quis vir para Lisboa, no entanto não estava à espera da independência da vida da faculdade. Eu vivo sozinha, para os lados de Cascais, ou seja, bastante longe da faculdade e, de repente, passei de ter tudo a não ter nada. Entrar no Técnico também não é nada fácil, as desilusões começam a surgir e vêm umas atrás das outras, mas acontece e faz parte. Decidi, então, que me ia envolver na Praxe, e também me pareceu bem candidatarme ao NEB. Curiosamente, no 1º ano, a NEBletter foi o departamento onde estive e gostei imenso, conheci imensas pessoas, principalmente no grupinho da NEBletter, éramos uma mini família. A SBE pareceu-me interessante e candidateime aos departamentos que considerei que ia gostar mais. Entrei em Design, gostei tanto que me mantive neste departamento durante 3 anos. No final do primeiro ano ponderei mudar de curso, só pensava que odiava o Técnico e que queria sair. Contudo não saí por duas razões: todo o trabalho que seria ter de repetir exames para subir algumas décimas e tentar mudar para Medicina, porque sinceramente foi uma opção que me passou pela cabeça. A outra razão foram as pessoas que eu tinha aqui e com quem já tinha estabelecido ligações importantes na minha vida, tanto do NEB, da SBE, como da Praxe. Acho
que isso me ajudou imenso, fiquei pelas pessoas e não propriamente pelo curso, até chegar agora ao terceiro ano.
Já falaste um pouco da tua jornada na Praxe, neste momento és vice-presidente da Comissão de Praxe. Quando e por que é que decidiste ser candidata à Comissão de Praxe, e mais tarde vir a fazer parte da direção da CP?
Gostei tanto da incrível jornada que me proporcionaram enquanto caloira, que quis passar isso aos caloiros dos anos seguintes. Queria fazê-los sentirem-se tão integrados como eu me senti. Quando estava completamente desamparada em Lisboa, sabia que ao ir à Praxe tinha ali sempre alguém. As minhas amizades começaram na Praxe, formámos um grupo incrível. Foi muito engraçado porque as pessoas que se candidataram à CP no meu ano foram as pessoas que acabaram por ir a todas as praxes, mesmo àquelas às quais quase ninguém ia. Mais tarde, escolhi fazer parte da direção da CP, porque depois de sofrer também queremos ter o prazer de fazer parte da direção. Considero que foi mais difícil o ano em que fiz parte da direção
comparativamente com o que era candidata. Ser candidata é um trabalho muito físico, temos de estar sempre lá, e por vezes nem dá jeito nenhum. No entanto, na direção tem de existir um planeamento das atividades e também temos de comparecer, pelo que acabamos por gastar o dobro do tempo. É mais intenso, requer muito mais compromisso e responsabilidade.
Quais têm sido os principais desafios e conquistas neste ano em que estás como vicepresidente da CP?
Primeiro de tudo, sempre fui horrível na gestão do tempo. De repente vim para Lisboa e tive de encaixar todas as minhas responsabilidades num dia, que infelizmente não tem mais de 24 horas. A organização foi dos principais desafios, demora muito tempo, temos muito em que pensar e muitas variáveis a ter em conta. Então, é tentar distribuir as tarefas consoante a sua prioridade e ir resolvendo. Outro dos grandes desafios foi o facto de termos de “comandar” um grupo de pessoas, que no início não nos conhece de lado nenhum e tem de “encher” e fazer coisas porque nós mandamos. É preciso transmitir que não somos apenas pessoas autoritárias, mas também alguém que vai lá estar se houver algum problema. A maior conquista é mesmo olhar para um grupo enorme no início e perceber que há pessoas que realmente gostam e provavelmente vão continuar o nosso “legado”. Como tudo na vida, gostamos sempre de ter alguém que siga um bocadinho o nosso caminho.
Como surgiu o convite para seres coordenadora do departamento de Relações Externas no NEB? O que estás a achar?
Como já disse, no 1º ano estive na NEBletter,
no 2º decidi mudar para Formação. De repente, no início do 3º ano, recebo uma mensagem do presidente do NEB, que me tinha lançado o desafio de ocupar o lugar de uma das coordenadoras de Relações Externas. Tinhamme dito que os dois departamentos (Formação e Relações Externas) eram semelhantes, pelo que pensei que ia ser tranquilo, mas não foi bem assim. Teve as suas dificuldades, os departamentos são diferentes. Felizmente, tive uma grande ajuda da outra coordenadora, que trabalha imenso. Consegui trazer métodos que funcionavam bem em Formação e implementá-los em Relações Externas, ajudou-me a diversificar o meu pensamento, a forma de resolver problemas e a desenrascar-me a mandar muitos e-mails, algo que odiava e neste momento é bastante tranquilo. Passei por um desafio importante, passei de não fazer quase nada para, de repente, fazer quase tudo. É difícil, contudo considero extremamente gratificante ver aquilo que organizamos a acontecer, por exemplo visitas de estudo.
Como foi fazer parte da coordenação de Design na SBE?
Não estava nada à espera de ser uma das coordenadoras de Design. Nos primeiros dois anos estive em Design e este ano voltei a candidatar-me e entrei novamente, estava tranquila como colaboradora e de repente, dizem-me que precisam de outra coordenadora e convidaram-me para o cargo. Aceitei e mais
uma vez estava com outra coordenadora muito trabalhadora e sem ela teria sido tudo muito mais difícil. Considero que tivemos um bom desempenho, resolvemos os problemas que iam aparecendo. Como coordenadora, o mais desafiante foi a coordenação da equipa: estabelecer prazos, certificar-me de que foram cumpridos e, em caso contrário, intervir. É um orgulho enorme entrar no Técnico pela Alameda e ver a lona que nós fizemos. Foi desafiante, mas acabou por ser muito gratificante.
Como descreves estes últimos 3 anos de licenciatura?
Bastante difíceis. A palavra principal neste momento que da melhor forma descreve o meu percurso é desafiante. Por toda a parte inicial de integração que foi bastante difícil, por ter quase desistido do curso. Aconteceu tanta coisa que neste momento estou muito orgulhosa de mim mesma por ter superado muitos desafios e problemas que nunca achei que conseguiria ultrapassar. A palavra principal que o descreve é mesmo desafiante. Claro que há coisas muito boas, obviamente se fosse tudo mau acredito que já não estaria aqui. Aprendi tanto com as pessoas, com o curso, e sobretudo aprendi imenso sobre mim própria, não sabia que tinha esta resiliência dentro de mim e afinal ela apareceu.
Que planos tens para o futuro?
Tenho imensos planos a curto e a longo prazo. Recentemente fiz a pré-matrícula para o mestrado, portanto vou ficar a fazer mestrado em Biológica no Técnico, penso estar pronta para isso. Queria também aproveitar e fazer Erasmus no 4º ano e a Tese fora no 5º ano. Em relação ao resto, estou ainda encantada com a história do laboratório, mas é uma vida muito difícil. Este encanto pela parte laboratorial não é de agora,
para além daquela ideia que tinha de ir para Medicina. Há sempre alguma dificuldade em arranjar bolsas de investigação, daí eu não saber bem o que quero fazer e tenho como opções C ou D consultoria. Agora, ao fazer o PIC, estou a começar a ter umas luzes mais reais do que acontece mesmo, mas por enquanto continuo a gostar de investigação e de trabalhar em laboratório, pelo que vou tentar arranjar algo que esteja relacionado com isso. Não tem de ser exatamente investigação académica, pode ser por exemplo investigação numa empresa, para mim era perfeito pela parte monetária. Aquela perceção de que todos querem investigação no início do curso e depois quando terminam, já mudaram de ideias. Eu percebo, pois nem todos gostam disto e quando entram têm uma ideia um pouco errada e ao fazer o PIC ou a tese percebem que afinal não gostam, conheço vários casos assim. Contudo, se perceberes que gostas daquilo realmente, acho que é sempre uma opção tentar continuar. Sei que numa altura da minha vida vou querer trabalhar no estrangeiro durante algum tempo e quem sabe o que daí advém. Claro que gostaria de voltar a Portugal, nem que fosse já só reformada, porque a vida aqui é ótima e muitas vezes nós nem a valorizamos.
3 Minutos de Tese - Final da Competição 2024
A final da competição 3 Minutos de Tese – ULisboa de 2024 decorre no dia 6 de junho, às 17h, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da ULisboa. Para promover novas competências de comunicação científica, 3 Minutos de Tese desafia alunos de doutoramento a explicar o impacto da sua investigação a um público não especializado, em apenas três minutos e recorrendo a um único diapositivo. Esta iniciativa decorre pela segunda vez na Universidade de Lisboa, onde no dia 6 de junho será conhecido o principal vencedor da competição – que receberá 5000 euros de prémio.
10 Anos, 10 Visitas - Jardim Botânico da Ajuda e Jardim Botânico Tropical
No âmbito das comemorações do seu 10º Aniversário em 2023, alguns espaços emblemáticos da Universidade de Lisboa estarão abertos à comunidade académica, ao público e à cidade. O programa ULisboa 10 Anos, 10 Visitas inclui um conjunto de visitas e passeios com convidados que guiarão os participantes. A nona visita será feita aos espaços da Ajuda e Belém: Jardim Botânico da Ajuda e Jardim Botânico Tropical, respetivamente, no dia 15 de junho de 2024, às 15h. As visitas e passeios são gratuitos, com inscrição obrigatória até 24h antes. Têm um máximo de 20 participantes e duração de 3h. O ponto de encontro para esta visita será à entrada do Jardim Botânico da Ajuda, Calçada da Ajuda.
“A Paz, o Pão, Habitação…”:
Esta exposição estará patente no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa de 22 de maio a 30 de setembro. A inauguração terá lugar a 22 de maio, pelas 17h. Através de um conjunto de autocolantes que fazem parte do acervo do Arquivo de História Social do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, esta exposição evoca os valores fundamentais de Abril: a Paz, o Pão, a Habitação, a Saúde e a Educação, como expressa a canção “Liberdade” escrita por Sérgio Godinho, há 50 anos.
Já se veem as luzinhas mágicas nos bosques e matas mais densas fora da cidade de Lisboa. Maio e junho são ótimos meses para ver este espetáculo natural do início do verão, por isso, as empresas de caminhadas na natureza têm muitas datas já anunciadas (e algumas já esgotadas). Seja no fim de semana ou mesmo durante a semana, é possível encontrar um passeio noturno para observar as luzes de acasalamento dos pirilampos. Para mais informações, e pesquisando por “caminhadas de pirilampos”, podes consultar os sites das seguintes empresas: Arrábida Walks & Crafts (Serra da Arrábida), Green Trekker (Bosque do Silêncio, Sintra e Mata de Belas), Hike Land (Trilho das Pontes, Sintra).
Na primeira metade de junho, especificamente nos dias 1, 5 a 7 e 13 a 15, de quarta-feira a sábado, das 17h30 às 19h, o Largo do Picadeiro será palco de sete concertos de jazz de entrada gratuita. Esta é uma iniciativa do Teatro São Luiz, que pretende reunir diversos estilos, contextos e gerações musicais, contando com a participação de alguns dos mais entusiasmantes artistas do panorama nacional e internacional. Com uma forte aposta em música aventureira e original, o Picadeiro Jazz combina som e silêncio com a paisagem do Chiado e com o ambiente festivo e quente típico de junho. Para consultares o programa de artistas, visita o site do São Luiz Teatro Municipal.
Olivia Rodrigo – artista multiplatinada e vencedora de três Grammys – traz a sua digressão mundial a Lisboa em 2024. O concerto tem como mote o seu mais recente disco, Guts (lançado em setembro de 2022), e acontece a 22 de junho na Meo Arena. Nesta digressão, a cantora norte-americana farse-á acompanhar por diversos artistas, sendo Remi Wolf a convidada especial para este espetáculo em Lisboa.
No “Ciência em Perspetiva” apresentamos o resumo de um artigo científico, para enriquecer o teu conhecimento. Se quiseres aprofundar mais o tema, podes sempre encontrar o respetivo artigo seguindo as referências!
Manipulação dos sistemas imunitários de roedores e células cultivadas pode ser uma forma de reverter o processo de envelhecimento.
A manipulação do sistema imunitário de forma a retardar o envelhecimento celular tem sido vastamente explorada. A investigadora Carolina Florian, focada no estudo de células estaminais hematopoiéticas, descobriu que a administração de um comprimido de um inibidor específico (CASIN) de uma proteína de alta atividade em tecidos envelhecidos (Cdc42) reorganiza-a dentro destas células, rejuvenescendo ratos de laboratório. Isto sugere que a composição molecular das células estaminais muda com a idade, afetando o equilíbrio das células imunes produzidas.
Na Escola de Medicina de Harvard, David Sinclair tem estudado os fatores de Yamanaka, quatro proteínas que podem reprogramar células adultas diferenciadas para um estado semelhante ao de uma célula estaminal embrionária. Esta reprogramação parcial pode reverter dramaticamente os fenótipos relacionados à idade em vários tecidos de células de mamíferos cultivadas e até de pequenos roedores.
“Hacking the immune system could slow ageing - here's how.” Nature, 07/05/2024, https://www. nature.com/articles/d41586-024-01274-3. Acedido a 10/05/2024.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Tóquio descobriu o que poderá provocar a queda de cabelo com a idade.
Investigadores da Universidade de Tóquio estudaram a queda de cabelo relacionada com o envelhecimento e descobriram um mecanismo chave. Em situações normais, as células estaminais nos folículos pilosos proliferam através de divisões celulares cíclicas, num equilíbrio entre divisões simétricas e assimétricas, mas este equilíbrio é perturbado com o avançar da idade. A equipa usou ratos jovens e idosos para o estudo e observou que a divisão celular nos ratos idosos era atípica e deteriorada. Após observarem estes resultados, focaram-se no estudo dos hemidesmossomas, estruturas que ligam as células à matriz extracelular, conferindo-lhes polaridade. Descobriram que estas proteínas se desestabilizam com o envelhecimento, levando a um crescimento atípico das células, o que resulta no cansaço das células estaminais. Este cansaço reduz a capacidade de regeneração dos folículos, levando à queda de cabelo com a idade.
“The Bald Truth: Altered Cell Divisions Cause Hair Thinning.” ScienceDaily, 16/03/2021, https://www. sciencedaily.com/releases/2021/03/210316093424. htm. Acedido a 17/03/2024.
Seleção exclusiva do melhor entretenimento para te acompanhar este mês!
“Arte corporal e de resistência, os limites do corpo e as possibilidades da mente”: neste memoir, poderás conhecer vida e obra de uma das maiores artistas de performance de sempre, através da própria. Em Walk Through Walls, Marina Abramović descreve a forma fascinante como encara a arte, e se ainda não a conheces tens mesmo de descobrir!
Maria Paixão
Radical Optimism é o terceiro álbum de Dua Lipa, lançado no início deste mês. Dizendo adeus à sonoridade disco característica do seu álbum anterior, a cantora britânica-albanesa entra na sua era neo-psicadélica, inspirada em música dos anos 70. Pelas suas próprias palavras pode dizer-se que o álbum é “um tributo à cultura rave do Reino Unido”.
Diogo Velez
Han Jia, de 32 anos, vive desempregada na casa dos pais, pressionada constantemente a encontrar um parceiro para a vida. É no meio desta diária crise que, por mero acaso, se reencontra com um amigo de infância, a quem propõe, gozando, que se casem. Este seu amigo, porém, não vê esta sugestão como piada. Numa série de episódios cómicos e românticos, os amigos de infância descobrem que são muito mais compatíveis do que pensavam…
Teresa AntunesInspirando-se no filme Ponyo do Studio Ghibli e na sua recém-nascida filha, o mais recente álbum de Julia Holter, Something in the Room She Moves, prova uma vez mais que a artista é uma das grandes mestres do art pop. Nele, Julia prioriza sons minimalistas e fluidos, e ainda assim consegue criar um imersivo mundo onde o silêncio parece gritar. Destaque para a transcendente “Evening Mood” e a sublime “These Morning”. Henrique Alves
Isaac é obrigado a fugir da sua mãe, que, ao receber uma mensagem divina, convence-se de que deve sacrificar o próprio filho. Refugia-se no porão da casa, onde tem de lutar contra monstros - reflexos dos seus próprios pecados. Inspirado na história bíblica do sacrifício de Isaac, The Binding of Isaac: Rebirth, remake do primeiro jogo (The Binding of Isaac), é um dos melhores e mais aclamados roguelikes que existem, conhecido pela sua jogabilidade desafiadora.
Ana António
No coração da floresta polaca, coberta de neve, Janina Duszejko, professora reformada, divide os seus dias a traduzir William Blake e a estudar astrologia. A pacatez dos seus dias vê-se interrompida quando vários membros do clube de caça local começam a aparecer mortos. Certa de encontrar respostas, Janina decide investigar o caso, chegando a uma estranha teoria que espalhará o terror pela comunidade. “Nós temos uma visão do mundo e os Animais têm um sentido do mundo, sabias?” (pág. 214).
Helena Ramalho
Persépolis: A História de Uma Infância
Real, comovente e cativante - Persépolis: A História de Uma Infância, autobiografia gráfica de Marjane Satrapi, aclamada pela crítica internacional e vencedora do prémio Angoulême Coup de Coeur em 2013. Uma obra astuciosamente estruturada, onde os momentos traumáticos são entrelaçados com momentos cómicos. As simples ilustrações, exclusivamente a preto e branco, aliviam a intensidade dos temas discutidos, permitindo que o leitor maximize a digestão do complexo testemunho de Marjane. É-nos oferecida uma visão pessoal dos tumultos sociopolíticos no Irão do início da década de 80 e acesso à mente rebelde da personagem principal, que sonha em ser o último profeta - a personificação da justiça, amor e fúria divina.
A história começa em Teerão, no ano de 1979. Marjane Satrapi tem 10 anos e estuda numa escola laica francesa. A autora retrata habilmente os dilemas de Marji, que não compreende a seriedade do que está a acontecer no seu país e tem o privilégio de viver uma vida confortável em meio a uma revolução, entretendo-se com livros e refugiando-se na sua imaginação. Satrapi é filha de um casal de classe alta, politicamente ativo, que apoia causas progressistas, nomeadamente a queda do governo autocrático do xá Reza Pahlavi, que implementou um processo de modernização, fortemente influenciado por aliados ocidentais movidos pela riqueza petrolífera iraniana. Os pais de Marjane aliam-se diariamente aos protestantes nas ruas de Teerão que idealizam a democracia e a libertação do Irão de influências externas.
A revolução, que prometia liberdade, acaba por ser ironicamente apropriada por líderes religiosos extremistas que implementam uma república islâmica repressiva. Em 1980 é decretado o uso obrigatório de véu para as mulheres, os homens já não podem usar gravata e as bebidas alcoólicas são banidas. A vida de Marjane muda drasticamente e esta debate-se entre os ideais modernos que traz da sua vida familiar e os ideais nacionalistas incutidos pelo novo regime. O caos social é intensificado com o início da guerra Irão-Iraque: os rapazes preparam-se para serem soldados e as meninas choram os mártires. Uma grande parte dos amigos e familiares de Marjane foge do país e os que ficam sujeitam-se a perseguição, prisão e execução. A obra ilustra, de maneira pertinente, a luta de Marji e da sua família, que desafiam as normas impostas e batalham pelo seu direito de autodeterminação, correndo perigos inimagináveis por decisões tão simples quanto ouvir a música que gostam.
Persépolis: A História de Uma Infância é, para mim, uma ode à resistência. Em meio a condições extremas, as personagens não se resignam, agarrando-se aos momentos triviais e às situações cómicas que, por vezes, acompanham as traumáticas. Marjane guia-nos pela história da sua infância, desmistificando a imagem do seu sofrido povo, comummente rotulado como fanático e fundamentalista. É passada de maneira dinâmica a mensagem de que mesmo em condições de repressão, não podemos deixar que os nossos valores individuais sejam corrompidos. Diante de um mundo tão instável como o dos nossos dias, esta obra continua intemporal e incrivelmente relevante.
O Dia Europeu da Igualdade Salarial, em 2023, foi comemorado a 15 de novembro. Esta data é flexível e simboliza quantos dias extra as mulheres teriam de trabalhar para ganhar o mesmo que os homens num ano, caso no resto do ano ganhassem o mesmo. Podemos ler no Boletim Estatístico de 2023 sobre a Igualdade de Género em Portugal que “Com o ensino básico as mulheres ganham em média, de remuneração base, menos 15,4% do que os homens, mas com ensino superior elas chegam a ganhar, em média, menos 25,8% do que eles.”*
Ou seja, o fenómeno de gender gap é transversal ao nível de qualificação académica, agravado em pessoas com estudos. Além disso, não é explicado por variáveis como o setor de atividade económica, nível de qualificação, experiência ou tempo no emprego. É puramente um fenómeno de segregação sexual do mercado de trabalho.
Desconfiemos, então, de quem afirme com toda a certeza que “já foi alcançada a igualdade de género em Portugal”. Não porque haja uma diferença na lei, mas porque não é feito o suficiente para que esta situação mude, porque apesar de no papel haver igualdade, ela é factualmente escassa no mercado de trabalho. Os direitos não servem para enfeitar, mas para ser protegidos e alcançados. É importante, então, questionarmo-nos acerca das bases (e quais?) que sustentam este fosso salarial, que faz com que as mulheres com o ensino superior cheguem a ganhar, em média, menos 600 euros do que os homens.
Como é que podemos mitigar esta situação? Parte da solução é tratar os sintomas do problema: igualar salários. A única forma de tal ser feito é através da transparência salarial. Em abril do ano passado, o Conselho da União Europeia aprovou novas regras nesta matéria, segundo as quais as empresas com mais de 250 trabalhadores terão de comunicar todos os anos às autoridades nacionais as suas remunerações e, caso a disparidade em função do género seja maior que 5%, “as empresas serão obrigadas a tomar medidas sob a forma de uma avaliação conjunta das remunerações realizada em cooperação com os representantes dos trabalhadores”. Não consegui encontrar qualquer informação sobre o impacto desta diretiva, pelo que teremos de aguardar para saber os seus resultados.
A outra parte da solução, francamente mais ambiciosa, terá de ser chegar à raíz do problema. Mesmo na nossa sociedade dita igualitária nota-se o crescimento de popularidade de fenómenos do “estilo Andrew Tate”, ligados invariavelmente a pessoas e associações afirmadamente anti-feministas e muitas vezes ligadas ao crime violento. Quando estamos desligados entre nós, é fácil porem-nos uns contra os outros; os mais jovens, pela falta de vivência (e de noção), são alvos fáceis. Teremos de, nos próximos tempos, ter longas discussões sobre todos estes assuntos: nas nossas famílias, universidades, a nível local e nacional. É preciso fazer chegar às pessoas informação clara e fidedigna sobre os problemas que existem de acordo com factos comprovados e descartar populismos fantasiosos, para que possamos focar-nos nas verdadeiras questões.
* “Tendo em conta que as mulheres trabalham profissionalmente, em média, menos horas do que os homens, a diferença será sempre maior no cálculo mensal, por isso os cálculos são feitos por hora.”
Para ti
I.
Podes parar?
Apareces-me nos sonhos.
Gasto tempo a pensar em ti.
Acho que gosto de ti.
Não sei se estou pronto.
Por favor, para. O teu gentil sorriso Eletrifica-me.
Tento racionalizar, mas Realmente não consigo.
You truly touched my soul.
03:55 – 04:10
II.
Insólita inquietação…
Só queria não te querer.
Haverá sequer alguma hipótese?
Acho que não.
Lamento nunca me teres dito nada, Lamento nunca te ter dito nada.
Limito-me a
Observar os teus olhos:
Verdes, muscíneos. E fico por aí.
2 flores de diferentes jardins – é isso que somos.
00:52 – 01:27
III.
Harpejo estas palavras, na esperança –Ou ilusão – de que as leias. Uma coisa é certa, Não espero respostas. Duvido que entendas
Sequer que isto é para ti.
Os meus botões dizem-me que o Futuro me reserva outrem…
Lentamente, afasto-me de ti.
Ou pelo menos era o que eu queria.
Vai andando – vai e fica lá.
Eu esperarei por ti.
00:26 – 00:38
IV.
Derrotado, conformo-me com O teu desinteresse.
E, então, ouço os meus botões –Sigo em frente.
Não voltarei a observar Os teus olhos verdes, muscíneos; Tomarei o cuidado de os evitar.
Suspiro e endireito as costas, Uma vértebra de cada vez.
Fito-me no espelho e sacudo a cabeça, Forçando-te a sair da minha mente.
Iço-me até ao cais, Calcifico as nossas memórias
E, por fim, deito-as ao mar.
01:08 – 01:46
ACHA A DIFERENÇA! O verão está a chegar, as aulas a acabar, as 5 diferenças terás de encontrar, para a 2ª fase evitar.
Encalorados, os nossos Mestres estão a passar mal (tal como todos nós neste final de semestre). Junta-te a eles numa aventura para descobrir como poderás apreciar o verão da melhor forma possível!
Ai que calor… os Mestres estão quase a derreter! Incessante suor pelas T-shirts a descer, difunde-se o nauseante e entorpecente cheiro a sovaco. Chegou o verão e é hora de guardar o casaco.
Para combater a insolação, muita água precisam! O país está em seca, nem uma gota desperdiçarão. Só há água do balde, desta mesma beberão!
Não têm tempo para os santos populares nem para dançar, mas os Mestres ainda precisam de se alimentar. Amigos do ambiente, usam a energia do Sol quente! Não há verão sem a bela sardinha, no alcatrão ficará bem tostadinha!
Oh não! Demasiada água o mestre engoliu, tem uma dor de barriga que nunca antes viu! Que situação inusitada, a tarde de verão ficou estragada! Fica aqui uma importante lição: neste verão só água sem sabão.
O Técnico está demasiado quente! Os Mestres precisam de refrescar as ideias imediatamente. Está demasiado longe o mar, aqui mesmo se vão ter de refrescar, até dá para mergulhar!
As rimas a acabar estão, como é que se rima sem ão? Não sei não, os Mestres para o ano saberão, e lá nos ensinarão. Para o ano outros regressarão, até lá aproveitem o verão.