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Nesta edição, tivémos o prazer de entrevistar Ana Verónica Carvalhal, que nos falou um pouco do seu diaa-dia como investigadora numa das maiores empresas americanas, dos desafios que já enfrentou, e dicas para os futuros engenheiros.
Para começar, pode apresentar-se aos nossos leitores.
O meu nome é Ana Verónica Carvalhal, Verónica para os amigos e colegas, nasci e cresci em Lisboa, e no Técnico estudei Engenharia Química, no ramo de Biotecnologia, curso que acabei em 1996. Fiz o doutoramento em Biotecnologia, na área do controlo do ciclo celular para otimização da produção de proteínas recombinantes, no Instituto de Biotecnologia Experimental Tecnológica, IBET, com orientação do Prof. Manuel Carrondo e através do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, ITQB. Durante o Técnico e o doutoramento tive a oportunidade de trabalhar em vários locais na Europa. Depois de me juntar a um projeto aliciante com dois amigos, começando a parte científica da start-up ECBio em Portugal, fui para os Estados Unidos (Bay Area, Califórnia) para a empresa Genentech, agora pertencente ao grupo Roche.
Estátua dos dois fundadores da Genentech - Robert Swanson and Herbert Boyer
Como é o dia-a-dia de um investigador?
Trabalhei em diversos ambientes como em institutos de investigação, IBET em Portugal e ETH na Suíça, e empresas, como a Schering AG e Boehringer Ingelheim na Alemanha, Novo Nordisk na Dinamarca, ECBio em Portugal e, mais recentemente,
na Genentech/Roche, EUA. Assim sendo, o dia-a-dia foi mudando, mas em termos gerais, algo em comum que começou no IBET foi a organização de atividades e responsabilidades por projetos com objetivos definidos e com uma equipa a gerir.
Posso descrever o meu trabalho na Genentech como exemplo. A Genentech é uma das maiores empresas nos EUA, com cerca de 13500 empregados e vários locais de produção. Foi fundada em 1976 e adquirida pela Roche em 2009, passando a ser uma empresa global. Foi pioneira na tecnologia de DNA recombinante, produzindo proteínas recombinantes para tratamento de diversas doenças na área da oncologia, doenças respiratórias, doenças imunológicas entre outras. Embora a maior parte dos produtos sejam anticorpos, desde há vários anos há o desenvolvimento de novos formatos chamados de complexos, como por exemplo, bispecifics e antibodyconjugates. Eu faço parte de um departamento com cerca de 1000 pessoas chamado Pharma Technical Development, responsável pelo desenvolvimento do processo de produção de proteínas recombinantes, fazendo assim a ligação entre R&D e a produção. O meu dia-a-dia envolve a gestão de equipas técnicas na minha área de especialidade de tecnologia de células animais ou de equipas com a responsabilidade de todo o processo até ao produto final num vial.
Foi após os estágios no IBET e na Schering AG no último ano do Técnico que selecionei a área de tecnologia de células animais como base da minha carreira. Dentro desta área, trabalho na definição do processo de cultura de células, chamado upstream, o primeiro passo de produção do medicamento a ser usado em ensaios clínicos e para a fase final de comercialização. Se o produto tiver resultados positivos nos ensaios clínicos de fase 3, também sou então responsável por todo o processo de submissão e aprovação
às autoridades regulatórias (exemplo, FDA e EMA). Esta fase envolve a caracterização e validação do processo, autoria do dossier de submissão, e garantir que o processo é robusto na produção na escala de fábrica. Dentro da área de cultura de células o meu trabalho envolve conhecimentos técnicos e científicos de áreas diferentes como biologia celular, bioquímica e engenharia (sim, a termodinâmica do Técnico é útil).
Na área de desenvolvimento tecnológico tenho-me focado na área de controlo de qualidade da proteína recombinante, por exemplo, glicosilação, e na área de PAT - Process Analytical Technology. Finalmente, também faço apoio a produtos na fase de produção comercial e pareceres na avaliação de potenciais colaborações/ aquisições. Para além de áreas técnicas, há também a gestão de iniciativas globais na área de otimização de recursos e estratégia.
- vista para vários edifícios
O que mais gosta dentro da sua área de estudo?
Penso que em termos gerais as grandes vertentes que me motivam é saber “the why”, para controlo de processo e troubleshooting, e desenvolver um produto útil (e se for na área da saúde, ainda melhor). Adicionalmente, a complexidade de um sistema biológico como células animais sempre me fascinou. Na minha área de trabalho e função tenho de estar sempre a gerir o melhor balanço entre aumento de conhecimento, recursos e rapidez. As áreas de investigação são definidas com base nos problemas existentes e também em objetivos a longo prazo que visam uma produção mais eficiente e rápida. Felizmente a Genentech tem sempre múltiplos produtos por ano que precisam de ser desenvolvidos.
Gosto de desenvolver conhecimento e ferramentas que permitam fabricar produtos sempre com a qualidade certa, sendo necessário neste processo definir modelos de biologia celular, de modelação e causa-efeito.
Mas de particular interesse para mim é a contribuição estratégica para o desenvolvimento de uma equipa (desenvolvimento de carreira, procurar/ desenvolver talento e contribuir para estabelecer a cultura do grupo) e poder gerir e colaborar com as diferentes funções e departamentos envolvidos na produção de medicamentos.
O que lhe despertou o interesse por esta área? Sempre teve interesse ou houve algum turning point?
É interessante pensar nos diferentes turning points que me fizeram escolher esta carreira. Para explicar o turning point 1, volto um pouco no tempo e referencio o porquê do Técnico. Na altura da escola secundária, na área de ciências, não tinha ainda a certeza do que queria escolher em termos de curso universitáriogostava igualmente de química, física e biologia. Tive a sorte de ter o incentivo dos meus pais, ambos engenheiros do Técnico, para procurar mais informação junto a professores universitários que me receberam sempre bem mesmo sendo só uma estudante do secundário. Foi num destes contactos que tive a oportunidade de estar presente numa conferência no Técnico na área da bioprodução (na altura mais virada para a área alimentar). Quando compreendi o processo de produção de farinha de alfarroba e produtos derivados, percebi que queria ir para o Técnico para a área de biotecnologia.
O turning point 2 veio após os estágios no IBET e na Schering AG no último ano do Técnico, que me fizeram escolher a área de células animais. Tive a sorte de estagiar no IBET, gerido pelo Prof. Manuel Carrondo, com excelentes colegas, em que o entusiasmo e rigor pela ciência, aliado a uma organização muito “empresarial” (no seu melhor sentido) me fez realmente decidir o meu caminho na área investigação, começando por um doutoramento internacional nesta área.
Até agora, quais foram os maiores desafios que enfrentou no seu ramo de trabalho?
Comunicação e capacidade de influenciar.
Estas duas áreas são essenciais para conseguir que o produto final seja desenvolvido com sucesso. Existem sempre surpresas cuja resolução envolve decisões difíceis com implicações financeiras, seja por necessidade de mais recursos ou atrasos na aprovação de um produto. Conseguir entender todas as partes, chegar a um plano e conseguir comunicar a diferentes níveis de decisão e aprovação é essencial e uma aprendizagem.
Qual a investigação de que mais gostou e que influenciou a sua vida? E a que mais a surpreendeu, pela positiva ou negativa?
Penso que o tempo do doutoramento é sempre especial, onde temos a responsabilidade (e tempo) de garantir novelty, rigor e relevância. A procura deste caminho durante o doutoramento, a experiência em diferentes locais de trabalho, as pessoas e colegas que me acompanharam foi talvez o que mais me influenciou e definiu a minha base e capacidade técnica. Durante este tempo de doutoramento no IBET, a possibilidade de gerir projetos e ensinar estudantes universitários nos seus estágios também me permitiu expandir áreas de investigação mas, acima de tudo, o meu gosto de ensinar e trabalhar em equipa. Devo acrescentar que o Técnico realmente ensina e confere o lado de rigor e de querer saber “the why” que agora reconheço ter tido um impacto significativo na minha maneira de trabalhar. Quanto a uma pesquisa que mais me surpreendeu… Posso referir em termos gerais. Teve a ver com processos comerciais que estavam a ter problemas e no qual já se tinha investido muitos recursos. Um produto comercial que tenha problemas e que leve a tempo de produção fabril não utilizável envolve a perda de milhões de dólares e a preocupação em garantir o fornecimento aos pacientes. Neste contexto posso referir dois exemplos que poderão ter mais interesse para estudantes de engenharia. O primeiro só foi resolvido após a presença na própria fábrica com a deteção de procedimentos incorretos. O segundo foi resolvido depois de se conseguir fazer experiências à escala industrial, com recurso a bioreatores de 12000L, e de se ter identificado um fator relacionado com o dimensionamento de transferência de gases e o seu impacto celular.
Quais foram as grandes diferenças que notou entre trabalhar (e viver) em Portugal e nos EUA? Do que mais sente saudades em Portugal?
Começo por introduzir um comentário pessoal em relação aos EUA que não será provavelmente surpreendente – não sou fascinada pelos EUA e não estou de acordo com a infraestrutura socioeconómica… Dentro dos EUA estou realmente num estado único, Califórnia, que consegue colmatar vários problemas, e numa área, Bay area, que inclui o Silicon Valley, caracterizada por ser cosmopolita e atrair pessoas de todo o mundo.
São tantas as diferenças, pequenas e grandes… Devo também referir que a minha (boa) experiência em Portugal foi num instituto de investigação e numa startup, enquanto nos EUA foi numa empresa de grande dimensão. Os comentários que farei indicam a experiência acumulada também na Europa e as experiências partilhadas por amigos e colegas.
Em relação ao mundo do trabalho, a infraestrutura e os recursos existentes de um modo geral (e claramente numa empresa da dimensão da Genentech) permitem a progressão de conhecimento que fica agora limitada pelas pessoas e não pelos recursos. Para além disso, a capacidade de definir objetivos coletivos e individuais está patente diariamente. O progresso está sempre a ser aferido de acordo com estes objetivos. As equipas e as pessoas sabem o que têm de fazer e atingir, e a capacidade de simplificar e remover atividades com non-value added é premiada. Posso também dizer que 99% das pessoas são dedicadas e querem fazer um bom trabalho, isto é, ninguém está a fingir que trabalha. Esta observação pode
obviamente resultar, em parte, das leis de trabalho (ou falta delas) e do alto custo de necessidades básicas como seguro de saúde. Mas após ter estado tantos anos nos EUA e ter filhos adolescentes, considero que parte também resulta da filosofia de ensino patente desde a primária: trabalhos de casa em atraso? Automaticamente redução de nota (e exceções são muito raras).
Embora haja uma estrutura típica empresarial de equipas, a flexibilidade e empowerment de todos faz o trabalho mais eficaz. Trata-se de uma cultura que dá bastante responsabilidade cedo na carreira e incentiva a capacidade adquirida de resolver problemas e speak up, sem se precisar de permissão de várias camadas de senioridade. A capacidade de trabalhar em equipa está patente em quase todos. Pequenos exemplos que ajudam esta dinâmica são descritos nestes termos americanos como bottom-up, que promove a procura da opinião de todos, incluindo os mais novos, na definição de objetivos, lead by example e skip level meeting - reunião entre o empregado com a gestão dos níveis acima. Pode parecer utópico referir isto, mas esta estrutura base faz com que as pessoas não abusem do sistema, pelo que não existe corrupção, grande ou pequena.
Em relação ao balanço trabalho/casa, há variações de estado para estado ou entre a West/East coast. Na minha experiência, fiquei inicialmente surpreendida pela flexibilidade em termos de presença no local de trabalho (isto falando pré-COVID e tendo em conta que em áreas de investigação as pessoas precisam de estar presentes para a parte de experiências/produção e aumentar a inovação). Existe flexibilidade, existe muito trabalho e a gestão é feita por objetivos. Alguns aspetos a nível da cultura de trabalho, por um lado, o entusiasmo de fazer as coisas acontecer, a capacidade de comunicação, a capacidade de trabalho de equipa, o respeito. Por outro lado, existe falta de capacidade de dar feedback direto.
Fora do mundo do trabalho, é relativamente fácil a adaptação à vida na Bay Area. As pessoas têm uma mentalidade aberta, muito dedicadas ao desporto no exterior, estilo de vida saudável, e com bom comportamento civil.
"Cidade onde vivo, com vários circuitos de água, e onde dá para fazer desportos ao ar livre."
No entanto, estaria de bom gosto em Portugal. Estive sempre mais inclinada em lutar por um Portugal melhor mas a vida vai dando voltas e acabei por ficar mais tempo nos EUA do que tinha inicialmente planeado. As saudades naturais por Portugal ser a minha “casa”, da família e amigos, de uma sociedade muito mais
consciente dos problemas mundiais e da estrutura socioeconómica.
"Foto no concerto anual da Genentech ("Give back" concert) onde diferentes músicos são convidados. Este concerto acontece depois de uma semana com várias actividades de voluntariado. Aqui estou eu com os meus filhos."
O que acha que falta em Portugal no campo de investigação que a faria voltar?
Não acho que haja falta de visão, talento e dedicação na investigação em Portugal. Existe falta de recursos… Não conheço o suficiente da realidade atual da investigação em Portugal. Sei que se faz muito com pouco. O que posso comentar é sobre uma visão mais geral em que falta trazer e crescer o tecido empresarial com receitas internas. Empresas em Portugal, com talento português. Tem de haver uma visão a longo prazo. A educação universitária é excelente em Portugal. A língua (inglesa) é cada vez menos uma barreira. Tem de haver descomplicação burocrática e incentivos fiscais. Continuar a existir iniciativas que visam a ligação entre novas empresas por portugueses e venture capital. O produto tem de ter mercado e tem de se saber gerir eficazmente pessoas (e empresas) para fazer esse produto.
Se pudesse mudar alguma coisa no mundo relacionada à sua área de estudo, o que mudaria?
Respondo mais a pensar no tratamento de doenças devastadoras como o cancro. Compreender, controlar e minimizar os efeitos secundários no tratamento do cancro usando bioterapêuticos.
Curar e não apenas prolongar a vida no tratamento do cancro.
Felizmente, estamos numa fase promissora nas áreas de terapia celular e terapia genética.
Não podíamos deixar de pedir as suas dicas para os futuros engenheiros.
Sem dúvida aproveitar o que o Técnico pode providenciar academicamente e socialmente. Aprendi muito e tenho recordações ótimas, com participação em atividades diversas, muita consideração pelos professores, amigos que ficaram para sempre e colegas que tornaram o Técnico especial. O Técnico é uma instituição que forma engenheiros que sabem pensar e com uma base de conhecimentos excelente.
Quanto a dicas, diria:
- Ter conhecimento do mercado e que áreas de conhecimento são precisas
- Cultivar uma ética de trabalho exemplar
- Questionar e redirecionar os objetivos para que o esforço e trabalho tenho um fim útil
- Saber trabalhar em equipa e colaborar
- Saber comunicar
- Aprender com os outros e com experiências diversas
Teresa Antunes
No “Génios Ocultos” faremos uma breve introdução a um cientista cujas relevantes contribuições não são muito discutidas. O objetivo é dar a conhecer um pouco da sua vida e das suas descobertas mais interessantes.
Alice Ball
Alice Augusta Ball nasceu a 24 de julho de 1892 em Seattle e era a terceira de quatro filhos de uma família abastada.
Frequentou a Escola Secundária de Seattle, formando-se, em 1910, com notas máximas em ciências. Continuou os estudos na Universidade de Washington e em 1914 já tinha completado duas licenciaturas: química farmacêutica e farmácia. Recebeu inúmeras bolsas para aprofundar ainda mais os seus estudos, acabando por aceitar uma oferta da Universidade do Havai, onde fez o mestrado em química. A sua tese envolveu o estudo de propriedades químicas da espécie Piper methysticum, uma planta endógena da Oceânia usada no tratamento de ansiedade, dores de cabeça, problemas nos rins e outras doenças hiperativas. Graças a esta investigação foi posteriormente contactada por Harry T. Hollmann, que necessitava de uma assistente na sua investigação para o tratamento da lepra.
Nesta altura, pessoas com lepra, ou doença de Hansen, eram marginalizadas, com praticamente nenhuma chance de recuperação. O melhor tratamento disponível era o óleo de chaulmoogra, extraído das sementes da árvore indiana Hydnocarpus wightianus. No entanto, existiam vários problemas no seu método de aplicação, pois o óleo era demasiado pegajoso para ser aplicado topicamente e, injetando-o, formava bolhas ao invés de ser absorvido. A ingestão de óleo também não era eficiente, pois tinha um sabor muito amargo que normalmente levava a vómitos e provocava dores de barriga.
Foi neste contexto que, aos 23 anos, Ball desenvolveu uma técnica onde se produziam ésteres etílicos dos ácidos gordos do óleo de chaulmoogra, que apresentavam as propriedades terapêuticas do óleo, estáveis em suspensões aquosas, e, por isso, capazes de ser injetados e absorvidos na circulação. Este isolado, apesar de não oferecer uma cura definitiva ou impedir completamente o avanço da doença, permaneceu o único tratamento disponível e eficiente contra a lepra até 1940.
Ball foi incapaz de publicar as suas descobertas revolucionárias antes da sua morte precoce a 31 de dezembro de 1916, aos 24 anos, após ter adoecido durante a sua investigação. Alguns sugerem que poderá ter sido resultado da exposição a gases tóxicos enquanto ensinava no laboratório.
Depois da sua morte, o seu orientador da pósgraduação, Arthur Dean, continuou a investigação e, em 1919, um laboratório universitário de química já produzia grandes quantidades do extrato de chaulmoogra injetável. No entanto, Dean publicou detalhes do processo sem reconhecer Ball como a grande contribuidora para estes achados, pelo que a técnica ficou inicialmente conhecida como o método de Dean. Na tentativa de defender Ball e atribuir os créditos a quem merecia, Hollmann escreveu em 1922 um artigo onde chamou o processo de método Ball, criando uma secção a mostrar como Dean havia copiado o trabalho. Contudo, esta crítica não provocou grandes efeitos na época.
Assim, até 1970, Ball permaneceu esquecida até que professores da Universidade de Havai encontraram registos da sua pesquisa. Desde então, fizeram-se esforços para garantir que a sua conquista não fosse esquecida, existindo atualmente diversos memoriais desta extraordinária mulher.
“Alice Ball.” Wikipedia, 12 Feb. 2020, https://en.wikipedia.org/wiki/ Alice_Ball (consultado a 17/11/2024)
Henrique Santos e Francisco Barreiros
Nesta edição entrevistamos Bernardo Matos, aluno do 2º ano de Licenciatura em Engenharia Biológica e membro do NEB.
Estás já a acabar a primeira metade da tua licenciatura! Como tem sido a experiência até agora e o que esperas para o que falta do curso?
O Técnico é considerado a melhor universidade de engenharia do país e é muitas vezes associado a um ambiente de trabalho árduo e de competição. Apesar de concordar, não vejo o Técnico como um ambiente cinzento onde não se faz mais nada do que trabalhar e deixar o resto da vida para trás caso quisesse obter bons resultados, uma crítica que ouvi muitas vezes depois de partilhar que me tinha inscrito. Na realidade, não é necessário mais do que uns meses para perceber que não é de todo assim. Entre estabelecer novas amizades, conhecer os professores, que afinal são humanos e alguns até humoristas, bem como estudar o que realmente gostamos de forma desafiante mas gratificante com outras pessoas que partilham a mesma paixão. E com tudo isto ainda com tempo de sobra para ir a uma boa dose de arraiais e churrascos, a licenciatura tem-me aberto novos horizontes e me desafiado a aprender mais, e espero que o continue a fazer.
Se tivesses de resumir toda a tua experiência no Técnico numa só palavra, qual seria e porquê?
Transformadora. Andei durante algum tempo à procura de uma palavra mais complexa, mas o Priberam não colaborou! Apesar de simples, acho que descreve exatamente o efeito que as diferentes experiências que tive no Técnico e através dele tiveram em mim. Transformaramme. Espero que o continuem a fazer e que me tornem em alguém mais capaz de resolver
problemas e de compreender aquilo que me rodeia.
Sabemos que participaste num programa do Técnico que te levou à China. Podes explicar em que consistia esse programa, o que te motivou a participar e como foi a experiência para ti?
O programa foi divulgado pelo Técnico por e-mail. Consistia num curso de Energias Renováveis, na BIT (Beijing Institute of Technology). Já tinha participado no 9º ano num curso de verão na China, na cidade de Tianjin, organizado pelo Instituto Confúcio, onde tive aulas de mandarim. Como adorei essa experiência, decidi que este programa do Técnico seria uma excelente oportunidade para reviver a cultura chinesa, com mais maturidade e explorar, desta vez, a capital. Ficámos numa residência para estudantes internacionais que também participavam em cursos de verão na BIT, embora em áreas diferentes. Foi uma ótima oportunidade para interagir com colegas internacionais e conhecer diferentes perspetivas. No curso que realizei, aprofundei os meus conhecimentos sobre diferentes fontes de energia renováveis, como energia solar, eólica, biocombustíveis e hidrogénio, aprendi a montar e desmontar motores de carros e tive também algumas aulas culturais, onde aprendi técnicas de corte de papel chinês e desenvolvi a minha caligrafia.
Nos fins de semana livres, aproveitei para visitar locais emblemáticos como a Grande Muralha da China, o Palácio de Verão, a Torre dos Tambores, o Templo do Lama e a Cidade Proibida, acompanhado de grupos internacionais e de residentes locais, que nos desafiavam a visitar novos locais, provar diferentes pratos e nos contavam a história dos diferentes sítios onde nos encontrávamos. Tudo com muito recurso ao Google tradutor, claro!
O que retirei da experiência? Considero que experiências como esta são extremamente enriquecedoras para o desenvolvimento pessoal, tolerância cultural e, no geral, conhecer novas realidades que acabamos sempre por trazer em parte conosco. E esta experiência não foi uma exceção. Além disso e mais importante, trouxe chás e patas de galinha grelhadas até não caber mais nada na mala!
Também tiveste uma experiência de voluntariado em Cabo Verde. O que te levou a querer fazer voluntariado e que impacto teve essa experiência na tua vida?
Já tinha realizado algumas experiências de voluntariado em Portugal e considero que todos os que já passaram por isso se identificam com um profundo sentimento de realização e plenitude. Este foi, sem dúvida, um dos fatores que me levou a querer continuar a fazer voluntariado. Tinha interesse em realizar voluntariado no estrangeiro, pois vejo isso como uma boa oportunidade para descobrir novos países, novas culturas, e conseguir conectar verdadeiramente com as pessoas dessas comunidades. Acredito que o voluntariado é uma forma genuína de compreender uma cultura e o seu povo. No meu caso, a experiência incluiu a construção de casas e o ensino de crianças da vila onde estive. Foi uma boa forma de ter um envolvimento
genuíno na vida daquelas pessoas, ajudando-as a também deixarem a sua marca. Entre conhecer a maravilhosa ilha de Santiago com praias de areia preta e mar translúcido, pescar com os pescadores locais, andar de praia em praia com as crianças (cada uma tentando convencer-me de que a sua favorita era a melhor), bem como alguns momentos não tão agradáveis, como passar quase duas semanas sem tomar banho de água fresca e a remendar a rede dos mosquitos a cada noite para evitar ser o seu "banquete". Tudo isto foram experiências inesquecíveis e completamente fora daquilo que é o nosso normal, e que trarei sempre comigo e vejo como uma enorme oportunidade de desenvolvimento que tive.
Recentemente juntaste-te ao departamento recreativo do NEB. O que te motivou a entrar para o núcleo e como tem sido a experiência?
Juntei-me ao núcleo pois sinto que é uma parte importante da vivência do curso. Além disso, vejo no núcleo uma oportunidade de conhecer, conviver e aprender com colegas de diferentes anos, pessoas com quem, de outra forma, talvez não tivesse a oportunidade de interagir. Outra razão para me ter juntado foi o impacto positivo que as atividades promovidas pelo núcleo tiveram em mim no meu primeiro ano do curso. Por essa razão, o departamento Recreativo foi a escolha óbvia, para poder retribuir o que recebi e para proporcionar a outros alunos as mesmas boas experiências que tive.
Tens algum conselho especialmente para os nossos leitores do primeiro ano de licenciatura?
Aproveitem! Aproveitem os momentos altos, baixos, os amigos criados e digam sim àquilo que vos propõem porque ganha-se sempre muito mais do que o que se perde.
Entrevistámos também Gonçalo Serra, aluno e delegado do 1º ano, que nos falou um pouco sobre a sua escolha, expectativas para o curso e a sua experiência anterior no Técnico.
Para começar, sabemos que este não é o teu primeiro ano no Técnico, em que curso estavas no ano anterior e o que te levou a mudar para biológica?
No ano anterior estava em Eng. Física e Tecnológica, e o que me levou a mudar foi assim um conjunto de vários fatores; eu tinha uma ideia errada do que eu ia fazer no curso, e levei um grande choque com as cadeiras que tive. Acabei por perceber que aquilo era muito difícil e exigente para mim e que talvez não valia a pena fazer aquela licenciatura e dar aquele esforço todo para uma coisa que provavelmente nem ia tirar mestrado. Apercebi-me que, embora seja uma área que eu tenha e que continue a ter interesse provavelmente para sempre, não era de todo o que queria fazer a minha vida toda, e que a minha verdadeira vocação seria a de biológica.
E achas que as expectativas que tinhas com esta mudança foram ou estão a ser concretizadas? Sim, completamente.
Eu diria que estou muito mais satisfeito com o que estou a fazer agora. Pelo menos por agora estou a gostar imenso; acho o curso muito mais fixe e as cadeiras que tenho são também mais interessantes.
Então o que te fez candidatar para ser delegado do primeiro ano?
Para já, eu já tinha pensado nisso no ano passado, mas acabei por não me candidatar. Este ano, na 1ª volta, como não havia ninguém a candidatar-se pensei “porque não?”, pareciame algo interessante e que me dava ótimas experiências/skills para o futuro, para além de que assim também era uma forma de ajudar os meus colegas que estão cá pela primeira vez. Na altura cheguei a falar com o delegado do 2º ano para me poder candidatar, mas na hora final acabei por ter receio de que, com o trabalho que este cargo me traria, não seria possível fazer o que queria desde o início, que era focar-me mais no curso que tinha acabado de mudar para não voltar ao início e começar a tirar más notas por me focar demasiado neste
novo cargo. Mas depois da delegada de 3º ano me ter falado mais sobre o trabalho que realmente iria ter, as dúvidas e os receios que tinha foram se dissipando. Assim na 2ª volta das eleições acabei por me candidatar com o mindset de que teria bastantes benefícios se o fizesse e se no final do ano eu percebesse que ultimamente não gostava do cargo, simplesmente não me iria candidatar no próximo ano, o que penso que não deverá acontecer.
Para além do Técnico, como costumas ocupar o teu tempo? Tens alguma sugestão que queiras dar?
A maioria do meu tempo livre é ocupado com ginásio, amigos e passeios pela cidade, gosto particularmente da zona da Baixa de Lisboa, mas também adoro Belém e Alcântara. Basicamente tudo aqui de Lisboa que seja mais ao redor do rio eu acho que vale a pena experimentar porque também focar-se só no Técnico não é bom para a nossa saúde mental. Mas a minha zona favorita seria mesmo entre a Baixa-Chiado e o Cais do Sodré, gosto imenso daquele caminho ao pé do rio, é lindíssimo e tranquilo.
Pertences ou já pertenceste a algum núcleo ou Comissão de Praxes?
Eu pensei em candidatar-me à Comissão de Praxe de Física no início deste ano, mas como mudei de curso não me queria comprometer a nada que não conseguisse fazer e que eles não estivessem a depender do meu trabalho, para além de que eu queria focar-me mais no meu novo curso para não começar a descambar e a tirar más notas como no ano anterior, então decidi não me candidatar e apenas ajudálos quando pudesse sem me comprometer a nada.
Quanto a núcleos, eu estou no NEB, entrei no departamento da SBE e também entrei no departamento dos Summer Internships, mas acho que vou acabar por sair deste último porque acho que já estou a fazer demasiadas coisas ao mesmo tempo. Vou à primeira reunião do departamento para ter uma decisão informada e logo escolho se fico ou não.
Que planos tens então para o teu futuro? No fundo, vieste para cá com que objetivos?
Bom, a minha segunda opção para a área que eu queria trabalhar, mesmo no ano passado, foi sempre uma engenharia relacionada com biologia, que sempre achei muito interessante, e que juntasse os mundos da física e da matemática, que sempre gostei. Quando me apercebi que Física não era de todo o que queria fazer a tempo inteiro e mudei o meu mindset para esta área, encontrei Engenharia Biológica. O que quero fazer no futuro com este curso é seguir para mestrado, não necessariamente em
Engenharia Biológica, mas dentro da área da bioengenharia para trabalhar em laboratório e desenvolver terapias e medicamentos para tratamento de doenças como o cancro, ou mesmo seguir algo relacionado com biofísica porque continuo a gostar imenso do mundo da física e da matemática e não consigo me desfazer deles.
Para terminar, queres dar algum conselho aos futuros alunos que estão ainda no secundário ou que pensam em fazer o mesmo caminho que tu fizeste?
Sim, para os futuros estudantes acho que não se devem deixar levar pela popularidade ou média do curso em questão e tenham especial atenção às cadeiras do curso que estão a escolher para não cometerem o mesmo erro que eu cometi com Física e para terem uma decisão mais informada. Escolham aquele que acham que realmente vão ter gosto em fazer. E para estudantes que estavam na mesma situação que eu, não hesitem em mudar de curso se sentem que não estão felizes com o que fazem porque assim estão apenas a sacrificar-se em vão. Foquem-se no que realmente querem fazer e tenham em mente que mesmo se chegarem ao final do curso e perceberem que, embora gostassem do que estavam a fazer, não é o que querem dedicar a vossa vida, podem prosseguir para uma área completamente diferente. Lá por terem tirado uma licenciatura numa engenharia não significa que não possam prosseguir para um mestrado em medicina ou gestão ou outra área qualquer. No fundo, façam o que realmente gostam, não tenham medo de errar e/ou mudar o vosso caminho, e mais importante que tudo não se foquem apenas nos estudos. Saiam de casa, conheçam pessoas novas e descontraiam a vossa mente para não entrarem em burnout. Afinal de contas, o técnico não se faz sozinho.
Teresa Antunes
Workshop Investimentos: Primeiros Passos, Academia Doutor Finanças
Às 19h00 do dia 10 de dezembro, a oficina Investimentos: Primeiros Passos, organizada pela Academia Doutor Finanças, promete, em apenas 90 minutos, dar as bases necessárias para entrar com o pé direito no mundo dos investimentos. Serão abordados tópicos como as melhores formas de alocar recursos, o funcionamento do mercado de ações, quais os veículos de investimento disponíveis e a sua fiscalidade. Para participar, será necessário inscrever-se através da plataforma Ticketline e pagar um custo total de 20€.
Cada vez mais se ouve falar de casos de violência devido à aparente dificuldade de convivência entre pessoas com diferentes perspetivas ideológicas e de realidades sociais diferentes. É neste âmbito que pode ser interessante conhecer a proposta ética pluralista de Adela Cortina, membro da Real Academia Espanhola de Ciências Morais e Políticas e catedrática emérita de Ética e Filosofia Política da Universidade de Valência, uma vez que poderá ajudar na criação de espaços que possibilitem uma vida ética na atualidade e futuro. No dia 16 de janeiro, às 19:00, terás a oportunidade de ouvir, de forma gratuita, a proposta da autora. A moderadora desta sessão será Fernanda Henriques, filósofa e professora emérita da Universidade de Évora e coordenadora do Centro de Filosofia e Género da Sociedade Portuguesa de Filosofia. Possibilidade de levantamento do bilhete 30 minutos antes, porém sujeito a lotação da sala. Para mais informações, consultar o site da Culturgest.
Com o uso cada vez mais recorrente de Inteligência Artificial no dia-a-dia, é importante conhecer bem as suas implicações além do futuro “tecnológico utópico”. Assim, poderás aproveitar esta conferência performance para conhecer todo o processo associado, desde as minas de onde se extraem os minerais raros para a fabricação de computadores, até aos centros de distribuição das grandes empresas tecnológicas, onde os seus trabalhadores são mecanizados em prol de eficiência. Dessa forma, conseguirás entender os impactos sociais, ambientais e políticos da IA. Para assistir poderás escolher entre as seguintes sessões: 4-7 de fevereiro às 11h, por 3,5€, ou 8 ou 9 de fevereiro às 16h, por 7,5€. Para mais informações, consultar o site do Centro Cultural de Belém.
A exposição Living Van Gogh, no Museu da Água, tem sido alvo de grandes elogios desde a sua abertura a 24 de outubro deste ano. Em 1h e 15min proporciona uma experiência única que encoraja os visitantes a entrar nas obras do artista holandês e, dessa forma, a conhecer um pouco do seu génio. Inclui projeção a 360° de mais de 150 pinturas, atividades interativas como uma “pintura participativa”, realidade virtual e o espetáculo “Sinfonia dos Girassóis”. Existem diversas sessões disponíveis (consultar o site Fever para saber as opções) com custo de 10,5€ para estudantes.
Dias 21 e 23 de março a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos vão apresentar no grande auditório do Centro Cultural de Belém a obraprima do compositor checo, a ópera Jenůfa, uma tragédia que relata o “amor louco” entre jovens de uma aldeia checa: amor louco de Jenůfa por Števa de quem está grávida, e o amor louco de Laca, meio-irmão de Števa, por Jenůfa. Se tiveres interesse, assegura a tua presença o mais rápido possível, pois as vagas já não são muitas. Os bilhetes têm um custo mínimo de 42€ e máximo de 65€ e podes consultar o site do Centro Cultural de Belém para a sua compra e mais informações deste espetáculo imperdível.
Com a sua grande estreia a 21 de setembro no Casino Lisboa, esta peça de teatro promete ser um dos espetáculos mais divertidos do ano. Esta comédia conta a história de Rogério que acaba de ser despedido da sua posição de gerente bancário onde trabalhou por 25 anos. No meio desta crise, da noite para o dia, o saldo da sua conta bancária passa de negativo a milhões. De repente, todos os seus problemas financeiros parecem ter desaparecido, já consegue ajudar a sua mulher e filho e até mesmo comprar o seu carro de sonho, um modesto VW Golf. O responsável pelo erro, um poderoso banqueiro, não tem opção senão dirigir-se a Rogério e reclamar o seu cheque de 5 milhões. Por isso, quem acabará por ganhar? Até 23 de fevereiro de 2025 poderás assistir a este espetáculo e aproveitar uma noite de gargalhadas bem passada. Os bilhetes têm um custo de 22€ a 24€ e podem ser comprados através do Ticketline, onde poderás também encontrar mais informações.
Catarina Matos e Daniel Pereira
No “Ciência em Perspetiva” apresentamos o resumo de dois artigos científicos, para enriquecer o teu conhecimento. Se quiseres aprofundar mais o tema, podes sempre encontrar o respetivo artigo seguindo as referências!
O protozoário Toxoplasma gondii é um parasita intestinal, que tem como principal hospedeiro os gatos, e muitos outros intermediários, incluindo humanos. Na maioria das vezes a infeção é assintomática, no entanto, pode em certos casos causar doenças letais.
Este parasita pode ser contraído através de alimentos, fezes de gato, ou solo contaminado. Além disso, apresenta a capacidade de atravessar a “blood-brain barrier”. Esta é uma membrana semipermeável e extremamente seletiva no sistema nervoso central, que separa o fluxo sanguíneo do fluido extracelular do cérebro, sendo muito importante para a regulação do transporte de materiais necessários ao bom funcionamento do cérebro e à sua proteção contra a invasão por substâncias estranhas. Como esta reduzida permeabilidade dificulta a administração de substâncias ao cérebro é necessário analisar a possibilidade deste parasita como um novo método para administrar substâncias terapêuticas.
Apesar de ainda ser desconhecido o método utilizado por este parasita para atravessar a BBB, sabe-se que esta ocorre na ausência de um aumento generalizado da permeabilidade da barreira podendo, no entanto, estar associada a elevações focais transitórias da permeabilidade. A invasão das células hospedeiras ocorre associada a organelos secretores, as roptrias e os grânulos densos, que libertam tanto proteínas necessárias à invasão como proteínas que manipulam a célula hospedeira (“effector proteins”). As roptrias utilizam o mecanismo “kissand-spit” para injetarem, antes da invasão celular, proteínas no citosol das células do hospedeiro em que o parasita “toca”. Contrariamente, os grânulos densos secretam proteínas assim que o parasita entra na célula hospedeira. De facto, são estes organelos que irão ser utilizados, pelos investigadores, como auxiliares no transporte de substâncias terapêuticas ao cérebro, com recurso ao T.gondii
Para avaliar esta possível aplicação biotecnológica de T.gondii, em especial, no caso de transporte de proteínas terapêuticas ao cérebro, os investigadores do estudo fundiram as proteínas
de interesse tanto a proteínas secretadas pelas roptrias como pelos grânulos densos. Tendo neste último processo ocorrido uma maior percentagem de sucesso, provavelmente relacionada ao facto dos organelos secretarem as proteínas após o parasita ter entrado na célula. Tal foi testado in vivo com roedores que não mostraram sintomas, sugerindo que nem a infeção pelo parasita, nem a fusão das proteínas levou a uma reação imunológica. No entanto, visto que o parasita não foi neutralizado este poderia ainda levar à ocorrência de graves doenças nas pessoas. Assim, é ainda necessário descobrir um método em que seja possível neutralizar o parasita sem, ao mesmo tempo, lhe retirar as características que lhe permitem ultrapassar a BBB.
Em suma, o facto deste protozoário conseguir atravessar a “blood-brain barrier” e segregar proteínas nas células do hospedeiro torna-o particularmente promissor, pois muitos dos métodos usados atualmente para transportar substâncias terapêuticas até ao cérebro têm dificuldades em atravessar esta barreira. Apesar das grandes descobertas feitas até agora é ainda necessário efetuar mais pesquisas para melhorar os métodos utilizados, tanto a nível da secreção, como na neutralização dos efeitos negativos deste parasita.
Bracha, S., Johnson, H.J., Pranckevicius, N.A. et al. Engineering Toxoplasma gondii secretion systems for intracellular delivery of multiple large therapeutic proteins to neurons. Nat Microbiol 9, 2051–2072 (2024). https://doi.org/10.1038/s41564-024-01750-6
Os cloroplastos são os organelos celulares responsáveis pela realização da fotossíntese nas plantas e algas, permitindo que estes organismos possam sintetizar oxigénio e glucose, uma fonte de carbono orgânica, através da captação de luz solar e dióxido de carbono, que posteriormente serão necessários para uma atividade metabólica que possuem em comum com todos os animais, a respiração. A existência destes organelos, devese à implementação por endossimbiose de bactérias semelhantes às atuais cianobactérias em células dos organismos que precederam as plantas e algas dos dias de hoje. Há 80 anos realizou-se a descoberta de que, mesmo isolados das suas células, os cloroplastos continuam a ser capazes de realizar a fotossíntese durante um certo período. Como é possível estes organelos manterem as suas atividades fora do meio celular, mesmo tendo perdido uma grande porção do genoma que codifica os métodos metabólicos necessários para tal continua um mistério.
Esta capacidade levou inúmeros investigadores durante o último meio século a tentar implementar este organelo em células animais numa tentativa de que os cloroplastos realizassem a fotossíntese no interior destas células. Mas tal provou-se mais difícil do que o esperado, pois, quando implementados em células animais, os cloroplastos são identificados como agentes externos e como tal as células rapidamente procedem à sua destruição. Após uma década de tentativas sem sucesso, a investigação nesta área foi parada e assumiu-se que tal era impossível.
No entanto, recentemente ocorreu um retorno à investigação nesta área, como por exemplo a investigação de terapia fotossintética em 2022, realizada com o intuito de tratar doenças degenerativas que causam o esgotamento de NADPH e ATP, através da injeção de tilacoides de dimensões nano em tecido animal. Os resultados obtidos com esta pesquisa levaram a que este ano um grupo de investigadores da Universidade de Tóquio liderado pelo Professor Sachihiro Matsunaga finalmente conseguisse, após 50 anos, que ocorresse fotossíntese em células animais através da implementação de cloroplastos isolados, mas sem serem alterados, no meio de cultivo das células. Desta forma ao serem consumidos os cloroplastos conseguem manter-se nas células sem serem destruídos pela resposta imunitária, sendo possível que estes realizem fotossíntese até serem digeridos. Para os cloroplastos manterem-se viáveis no interior da célula animal, os investigadores recorreram ao isolamento dos cloroplastos da
alga vermelha Cyanidioschyzon merolae. Como esta alga é encontrada em termas vulcânicas, a sua temperatura de cultivo é a 42ºC, sendo bastante próxima da temperatura de cultivo de células animais, 37ºC. Para além disso, o genoma dos seus cloroplastos inclui 243 genes, enquanto o da maioria das algas inclui aproximadamente 100. As células animais selecionadas para serem hospedeiras foram da linha celular (CHO)-K1 dos ovários de Hamster Chinês por serem boas receptoras de substâncias exógenas.
Esta descoberta expande um novo horizonte da forma como nos debruçamos sobre o cultivo celular. A realização da fotossíntese nas próprias células é uma resposta a inúmeras dificuldades do cultivo celular, como por exemplo a insuficiência de oxigénio nas células das camadas mais interiores após a cultura tornar-se multilayered Assim, é esperado um enorme impacto em várias áreas como a medicina e a engenharia biológica, desde a produção de lab-grown meat até o melhoramento dos tratamentos médicos e mesmo novos métodos de combater as alterações climáticas.
Ryota AOKI, Yayoi INUI, Yoji OKABE, Mayuko SATO, Noriko TAKEDAKAMIYA, Kiminori TOYOOKA, Koki SAWADA, Hayato MORITA, Baptiste GENOT, Shinichiro MARUYAMA, Tatsuya TOMO, Kintake SONOIKE, Sachihiro MATSUNAGA, Incorporation of photosynthetically active algal chloroplasts in cultured mammalian cells towards photosynthesis in animals, Proceedings of the Japan Academy, Series B, 2024, Volume 100, Issue 9, Pages 524-536, Released on J-STAGE November 11, 2024, Advance online publication October 31, 2024, Online ISSN 1349-2896, Print ISSN 0386-2208, https://doi.org/10.2183/ pjab.100.035, https://www.jstage.jst.go.jp/article/pjab/100/9/100_ pjab.100.035/_article/-char/en https://www.earth.com/news/animal-cells-capable-ofphotosynthesis-created-for-the-first-time/ (consultado a 11/11/2024)
Seleção exclusiva do melhor entretenimento para te acompanhar este mês!
Três irmãos, exaustos da monotonia da vida, buscam a verdadeira felicidade, cada um à sua maneira, para finalmente se sentirem realizados. O Meu Diário para a Liberdade retrata com precisão o nosso quotidiano, os problemas que enfrentamos, quase como um documentário, impressionando pelo quanto nos revemos nas personagens principais. Todos os que gostam de séries calmas e introspetivas têm realmente de dar uma chance a este k-drama.
Teresa Antunes
Já vencedor da Palma de Ouro em Cannes, Anora arrisca-se a ser um dos grandes nomes indicados a filme do ano no circuito de Hollywood. Segundo o realizador, Sean Baker, o intuito do filme é "contar histórias humanas, contando histórias que, esperançosamente, sejam universais”, e fá-lo de forma exímia, através de Ani, uma stripper, e Ivan, um jovem filho de um oligarca russo. Será esta história um conto de fadas?
Maria Paixão
O Obra Dinn desapareceu em 1803, enquanto dobrava o Cabo da Boa Esperança, aportando com todos os seus 60 tripulantes mortos ou desaparecidos. Cabe ao jogador investigar o paradeiro de cada alma a bordo, incluindo os seus nomes, quem ou o que os matou e a sua localização, caso estejam vivos. A estética de dithering monocromático de Return of the Obra Dinn confere-lhe uma unicidade que remete aos gráficos dos primeiros jogos de computador.
Ana António
Rain World é um indie 2D platformer, com exploração tipo metroidvania e elementos de sobrevivência. Na pele de um slugcat, criatura híbrida entre um gato e uma lesma, terás de explorar um mundo desconhecido repleto de ruínas de uma civilização há muito extinta, que deram lugar a um rico ecossistema de criaturas bioengineered. Sendo predador e presa conseguirás alcançar abrigo antes que este estranho mundo seja engolido pela chuva?
Daniel Pereira
Maxton Hall - The World Between Us é uma série de drama juvenil com temas como a manipulação, amor e desigualdades sociais. Através de uma crítica incisiva sobre a juventude privilegiada e os desafios por ela enfrentados, a série explora a história de Ruby. James Beaufort, o milionário da escola, tenta silenciar Ruby, uma estudante bolseira, que acidentalmente descobre um segredo comprometedor relacionado a James, desencadeando inúmeras reviravoltas.
Catarina Matos
Se estás à procura de uma websérie que te faça rir, chorar, e questionar se o mundo é uma simulação (tudo ao mesmo tempo), então experimenta procurar no Youtube (vídeo e áudio) ou no Spotify (apenas áudio) por UNHhhh, com as famosas drag queens Trixie Mattel e Katya Zamolodchikova, onde elas falam sobre o que raio que elas queiram, porque é o programa delas, e não o vosso. Francisco Barreiros
Beatriz Casaca
Yours
Truly de Abby Jimenez
Podem ter ouvido falar de Grey 's Anatomy, e este livro sem dúvida que tem as suas parecenças. Yours truly é um desenrolar de uma história de amor, que contém vários plots, desde fake-dating, workplace romance e slow burn O divórcio da Dr. Briana Ortiz está prestes a ser dado como finalizado, o irmão está a ficar sem tempo para receber um rim e a promoção que ela quer no trabalho? Essa promoção provavelmente vai para o novo doutor que acabou de chegar às urgências, o que a Briana mais detesta, Dr. Jacob Maddox.
Mas um bom livro, não seria algo sem um plot twist nesta história, porque é ele quem decide mudar o rumo ao enviar uma carta. Esta carta demonstra toda a empatia e o quão divertido Jacob pode ser, apesar de ser alguém péssimo com as primeiras impressões. Quem diria que, passado pouco tempo, ele e a Briana iriam trocar notas, cartas, post-its e partilhar o almoço no “sob closet”. E o dador do rim? Isso deixo para irem descobrir.
Um livro que é muito além de uma história de amor, que começa de uma maneira completamente diferente e acaba em algo magnífico. Pode ser referido como um livro de romance, mas inclusão é algo que não falta.
Jacob é um médico das urgências com ansiedade social, algo que nem toda a gente se apercebeu na altura, talvez esse seja o motivo pelo qual ele não é tão bom a estabelecer primeiras interações? Este livro conseguiu transmitir todos os sentimentos e descrições na perfeição acerca do que uma pessoa com esta doença sente, sentindo-me transportada para o livro em diversos cenários vezes e vezes sem conta.
Além deste ponto bastante importante, temos a perspetiva da Briana que sabe da doença existente e que tem uma forma incrível de lidar com a situação, elaborando juntamente com o Jacob, uma frase que, quando fosse utilizada na conversa, seria sinal de que ele precisava de se ausentar da situação, criando assim uma rede de segurança para tudo.
A Briana criou um local seguro para Jacob, um local onde não são precisas palavras para encher a sala, mais conhecido como o silêncio. E tal como referido pelo próprio Jacob “There was something comfortable about the silence, a kind of understanding in it”.
Ao longo deste livro, somos levados para outro local. Um em que não é sempre acerca do namorado, marido, etc. Mas também para o conforto da melhor amiga da Briana, Alexis. O livro da história dela é o primeiro desta série de 3 (Part of Your World).
A melhor amiga, Alexis, é alguém que se mostra sempre disponível para ajudar a amiga, mesmo vivendo a bastantes quilómetros de distância. Sente-se também o conforto dado pela melhor amiga durante os momentos mais difíceis da vida da Briana.
E para concluir, uma frase bastante marcante que se pode extrair deste livro “We’re all a little broken, Briana. We are a mosaic. We’re made up of all those we´ve met and all the things we’ve been through. There are parts of us that are colorful and dark and jagged and beautiful. And I love every piece of you. Even the ones you wish didn’t exist.”
Ana António
Ultimamente tenho sentido o meu cérebro a fritar. Se antigamente me vangloriava pela minha potentíssima capacidade de memorizar até as coisas mais singelas do meu dia-a-dia, hoje vejo-me grega para me lembrar do que comi ontem ou, pior, do trabalho que tenho para entregar amanhã. Houve uma mudança drástica na minha capacidade de armazenamento interno que parece ter surgido subitamente. Serei a única a sentir-me assim? E será que foi realmente súbito?
Sempre fui pessoa de buscar entender as causas de cada efeito, e este caso não foi exceção. Do pouco que me lembro da altura da pandemia, que é, suspeito, o momento em que começaram os meus sintomas, recordo-me de algo que ganhou bastante popularidade: TikTok. Não quero com isto dizer que o TikTok foi a causa da minha memória decrépita - decerto que a falta de socialização, os horários de sono completamente invertidos e a quantidade de horas seguidas que passei vidrada ao computador a fazer trabalhos com prazos minúsculos (que agora me parecem gigantes) também tiveram a sua influência. Foi com o TikTok que surgiram em massa vídeos curtos, de apenas alguns segundos, que vemos para soltar uma gargalhada e esquecer a sua existência imediatamente depois. São como talheres descartáveis.
Muitas pessoas são ávidas consumidoras de short form content (seja no TikTok, no YouTube Shorts ou no Instagram Reels) e é necessário entender o porquê. O constante scrolling, o overload de informação a que os nossos cérebros são submetidos são viciantes. Somos escravos de um algoritmo “meticulosamente construído para maximizar a libertação de dopamina”*. Querendo ou não, se somos constantemente bombardeados com informação e estímulos audiovisuais, o nosso cérebro é condicionado a querer mais. De repente, o nosso jogo favorito já é enfadonho por si só, mas um vídeo a acompanhá-lo torna-o novamente interessante. E quando damos por nós já estamos a ver um vídeo e a mexer no telemóvel ao mesmo tempo que jogamos. Seria impossível levar uma vida assim sem consequências na nossa forma de adquirir e armazenar informação.
Acredito, no entanto, que não seja tarde demais para contrariar esta tendência. O que tenho feito quando dou por mim a scrollar furiosamente pelas minhas redes sociais é largar o telemóvel, respirar fundo e brincar com a minha cadela. Tenho dado prioridade a consumir vídeos longos (se tiverem mais de 2 horas melhor) sobre os meus assuntos de interesse e foco-me em manter o foco durante toda a sua duração. Sei que não sou a única a sentir este brain fog e sei que não foi algo que surgiu subitamente. Se até os telemóveis têm memória limitada, não haveremos nós também de ter?
*https://neurolaunch.com/tiktok-dopamine/
Maria Paixão
A Lei de Murphy diz-nos que qualquer coisa que possa correr mal, vai correr mal. O nome desta lei vem de um projeto realizado pelo engenheiro aeroespacial Edward Murphy, no qual se queria testar a quantidade de força que uma pessoa conseguiria suportar no caso de uma colisão. Poderíamos pensar que tudo correu mal e morreu um monte de gente e no fim tudo explodiu mas, por sorte, aquilo que fez Murphy proferir a célebre expressão foi um erro de instalação de um equipamento que registava os batimentos cardíacos dos pilotos envolvidos na experiência. Então por que raios é que o sr. Murphy decidiu ser tão pessimista?
Podemos pensar que um cenário tão fatalista fosse conduzir a uma mentalidade de aceitação. Na verdade, o piloto John Stapp, que estava presente na maioria dos testes e que popularizou a expressão, tinha uma interpretação bastante diferente da mesma: quando um repórter o questionou acerca do perigo inerente ao projeto, este respondeu que se guiavam pelo princípio da Lei de Murphy e que tal significava que, se as falhas são inerentes a qualquer projeto, ao invés de as usarem como motivo para desistir, eles usavam isso para se precaver contra todos os cenários possíveis e imaginários. Os engenheiros tiveram sucesso não porque pensavam que tudo iria mas sim poderia dar errado. Isto não tem nada de estóico.
Na investigação científica tentamos aplicar esta lei e controlar todas e mais algumas variáveis independentes e através disso as dependentes e fazer montes de cálculos e ainda assim as coisas, por vezes, correm mal. No entanto, na nossa vida só nos podemos controlar a nós e só isso já é uma tarefa mais que complicada, no meio de traumas e de mimos e relações interpessoais e a relação connosco próprios, os hobbies que temos e os que não temos, cada mini e maxi-decisão que nos poderá mudar a vida. Oiço dizer que pensar em todos os cenários possíveis se chama ansiedade, o que é outro problema para resolver e voltamos assim à estaca zero. Ainda me falta falar das coisas boas, para não deixar o leitor deprimido.
Tendo uma postura mais positiva, as incertezas acabam por tornar a nossa vida mais interessante, ninguém quer ver um filme em que não há peripécia, a hipótese de algo correr bem assume em si a chance de correr menos bem e não há como fugir disso. Penso que a verdade esteja algures entre a lei pessimista e a lei otimista (que neste caso são a mesma - a de Murphy). Se tudo é uma questão de perspetiva então tentemos escolher a que nos pareça ser mais equilibrada. Não há nada que valha a pena que não tenha um certo risco associado, é através das dificuldades que podemos de facto crescer em qualquer área da nossa vida. É estando cientes de que desafios irão existir e de que os podemos ultrapassar que teremos espaço mental para decidir as nossas prioridades. A equipa de Murphy e de John Stapp aprendeu com os erros e priorizou um projeto importante, que contribuiu substancialmente para a aeronáutica. Trabalhando a partir do pior cenário imaginável, apenas se pode melhorar.
Beatriz Casaca
Inspirado no Strands do New York Times, o Strands versão Biológica acabou de chegar. Com letras para ligar e palavras formar, 7 será o número mágico. Será que as irás conseguir descobrir?
Uma palavra principal (spangram) e 6 complementares. Mas qual será o Spangram?
No mínimo cada palavra terá 3 letras, o máximo terás de ser tu a descobrir.
engenharia (8,3), microscopio (8,1), petri (5,1), investigar (1,6), RNA (1,4), DNA (7,4), enzimas (5,5)
SOLUÇÕES com a coordenada (linha,coluna) da primeira letra:
Com o Natal a chegar, os Mestres tiveram uma ideia: trocar presentes na noite da ceia. O Amigo Secreto é divertido, mas há sempre aquele amigo… O que se lhe há de dar?
Na hora do sorteio, o Mestre com medo ficou, e se lhe calhasse a pessoa do grupo com quem nunca falou?! Não é que lhe saiu a sorte grande e o seu pesadelo realidade se tornou, o amigo que nem conhece foi o nome que tirou!
As redes mostraram-se inúteis na tarefa, o Mestre continua sem ideias. Desesperado, seguiu o amigo na rua para ver algo que a sua rotina inclua… Em nada resultou, concluiu o coitado. Decidiu então dar-lhe um par de meias.
Depois do grande susto, em vez de se dedicar, o Mestre deixou o tempo passar, muitos testes e trabalhos a entregar. Por isso, menos de 1 dia sobrou, para a grande prenda preparar e um desastre evitar.
Depois de muito planear e nada fazer, o Mestre correu sem tempo a perder. Porque as lojas fechavam, sem tempo para pensar, pegou o que dava e correu para pagar. A prenda foi um desastre, bem fraquinha, vamos esperar que as outras também sejam pequeninas!
O Mestre então passou à ação: empenhado e de telemóvel na mão pôs-se a stalkear as redes do amigo. Pensou “com sorte consigo encontrar algo que ele goste”. Distraído e com a mão no ecrã deu like na foto do nascimento da sua irmã… Socorro!!
Oh não, o Mestre recebeu um iPhone. Envergonhado, começou a improvisar. Falou do valor sentimental que a sua prenda tinha para dar. Deu certo, não foi um desastre, mas foi uma lição. Para a próxima vez o Mestre tem mais atenção!