CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo desenvolvido mostrou, mais uma vez, a atualidade das discussões voltadas para a inclusão social de grupos minoritários, dentre eles as pessoas com deficiência. Logo, criar mecanismos e produtos que promovam a acessibilidade de bens culturais, no caso, textos literários, para essas pessoas, implica no envolvimento de processos de criação, recriação, adaptação e uso de tecnologias diversas que podem ser acionadas para tal fim. Nesse viés, as pesquisas acadêmicas têm muito a contribuir, ao propor um trabalho desenvolvido de forma interinstitucional, a saber, nesse caso, entre o Grupo de pesquisa PRO.SOM da UFBA e o Programa de Educação Especial da Unioeste, juntamente com a ACADEVI, ambos de Cascavel, Paraná. No que concerne à produção do conhecimento científico decorrente de processos tradutórios de textos literários em línguas estrangeiras modernas para o português, avançouse, neste trabalho, no sentido de torná-los acessíveis, especialmente a sujeitos com deficiência visual. Isso ocorre quando o sentido da audição se torna um canal preponderante para tal fim e que o audiolivro passa a ser visto como um produto tecnológico significativo para a fruição literária dessas pessoas. Trilhar, portanto, caminhos para compreender as necessidades dos sujeitos com deficiência visual e atendê-las na produção de um audiolivro constituiu o desafio maior desta pesquisa, trazendo, em seu bojo, possibilidades de contribuição no âmbito da acessibilidade para a inclusão social, ao disponibilizar um produto cultural, com as adaptações tecnológicas pertinentes. A compreensão do processo de produção de uma obra artística – o audiolivro sobre a temática da cegueira, na qual várias linguagens dialogam e as fronteiras de cada uma se ampliam e se interpenetram – encontra-se, portanto, no centro deste estudo. No percurso da sua criação, foram registrados os rastros dos bastidores dos artistas e de todos os envolvidos na produção que, num trabalho coletivo, deram forma ao audiolivro em análise. Os estudos sobre a teoria da tradução e da adaptação, outros sobre a intermidialidade, ou a respeito da estética radiofônica e performática vocal trouxeram elementos teóricos importantes para a construção dessa mídia sonora, bem como para as reflexões que surgiram a partir do referido processo. Tais reflexões sempre buscaram um entendimento cuidadoso de como as pessoas com deficiência visual lidam com as formas de acesso à leitura, especialmente ao fazerem uso de equipamentos eletrônicos para a escuta. Nessa caminhada, o eixo teórico-metodológico da Crítica Genética constitui importante instrumento, ao tornar possível um olhar que busca e identifica o percurso da criação, registrado nos documentos de trabalho. Dentre esses documentos, observou-se a presença de manuscritos que possuem diferentes materialidades, conforme as linguagens artísticas e os suportes trabalhados. Nessa produção, o computador ocupou um lugar central para registro e armazenamento de manuscritos digitais, produzidos pelos recursos tecnológicos utilizados. Dentre eles, destacam-se os arquivos de sons, de imagens estáticas e de imagens em movimento, assim retratando uma ampla amostragem de documentos de estudo do âmbito da crítica genética nos tempos tecnológicos. Tais documentos, muitos deles acessíveis apenas em suportes digitais, passam a exigir novos caminhos de análise, assim como o trabalho de parceria 101