


1. Igreja do Mosteiro de S. Pedro de Roriz. Santo Tirso.
Segundo parece, o primitivo cenóbio de Roriz foi doado por D. Afonso Henriques, em 1173, aos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra. Começou então a construção da atual igreja, pelo lado da capela-mor, mas durou bastantes anos. O anexo sul foi completado em 1225 e a capela-mor, mas durou bastante anos. O anexo sul foi completado em 1225 e a Capela de Santa Maria, do lado norte, em 1258. O resto só deve ter terminado por volta de 1275. De acentuada verticalidade, o edifício sofreu diversas vicissitudes durante a sua construção e reconstrução. As diferentes marcas de pedreiro e de aparelho da pedra, permitem distinguir quatro fases distintas de trabalhos.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 42-43.

No testamento de Mumadona Dias há uma referência ao templo de S. Pedro de Ferreira. Este Documento remete-nos para o século X. No entanto, os vestígios mais antigos de construção atual, deverão datar do século XI. A Igreja-Colegiada de S. Pedro foi um importante lugar de culto da Idade Média. O portal principal era precedido de um nártex, cercado por paredes, que tinha uma função funerária. Este elemento arquitetónico é raro no romântico português.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 44-45.

3. Igreja de S. Cristóvão de Rio Mau. Vila do Conde.
A construção iniciou-se, provavelmente, no ano de 1151, tendo sido concluída apenas no final no século, ou mesmo no início do século XIII. A fundação da igreja de S. Cristóvão de Rio Mau deve-se aos Cónegos Regrantes de Santo agostinho. A sua estrutura arquitetónica é muito simples e no conjunto é notável o grupo de esculturas realizadas em duas fases claramente diferenciadas, que correspondem também aos dois tempos de edificação da igreja. Uma primeira fase corresponde ao interior, altura em que foram trabalhados os capitéis, e uma segunda inclui a escultura dos portais. Hoje o seu adro é por vezes ocupado por objetos que lhe são estranhos.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 46-47.

4. Memória – Praia da Memória, Pampelido Velho. Matosinhos.
No dia 8 de julho de 1832 desembarcaram na praia de Arnosa do Pampelido, em mais de 50 navios, os cerca de 8000 homens que constituíam o exército liberal. No dia seguinte tomavam a cidade do Porto. Iniciava-se assim a guerra civil entre absolutistas e liberais, que havia de durar dois anos e deixar em estado ruinoso a economia nacional. D. Miguel foi vencido e o regime liberal era reconhecido em 1834. Uma Memória no areal, ao norte do Porto, assinala o local do desembarque. É o símbolo das convulsões a que deu lugar a introdução de ideias novas, mesmo numa área urbana e progressiva como o Porto.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 50-51.

5. Santuário do Senhor da Pedra – Miramar. Vila Nova de Gaia.
O pequeno templo votivo do Senhor da Pedra está construído sobre um afloramento rochoso na praia de Miramar. Desde as terras da Maia a Santa Maria da Feira aqui afluíam, no último domingo de Maio, milhares e milhares de peregrinos que transformavam o areal num enorme terreiro de festa. No Inverno é um lugar solitário e, com as marés vivas, transforma-se numa ilha batida pela espuma das ondas.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 52-53.

6. Forca – Louredo. Paredes.
No sopé da serra de S. Tiago, próximo da aldeia de Louredo, poucos quilómetros a norte de Paredes, encontramos uma forca a marginar a estrada. É a marca da justiça de tempo não muito recuados. A pena de morte era abolida em Portugal, para crimes políticos, em 1852, e para crimes civis, em 1867.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 54-55.

7. Calvário – Caramos. Felgueiras
Debaixo de um enorme pinheiro manso, árvore do Mediterrâneo em clima atlântico, deparamos com um via-sacra que surpreende pela singular qualidade do talhe do granito.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 56-57.

8. Convento de Arouca.
O lugar de Arouca, situado num vale fértil entre montanhas, deverá ter sido fundado quatro ou cinco séculos antes da nossa era. O sítio é posteriormente romanizado e sofreu depois as incursões dos Árabes. D. Afonso Henriques integra a vila na Coroa portuguesa e concede-lhe foral em 1151, sendo posteriormente confirmado por D. Afonso II e, por D. Manuel, já no século XVI. O primitivo mosteiro foi construído em meados do século X por Loderigo e sua mulher Vandilo. O maior desenvolvimento da casa religiosa e o sei incremento económico deu-se pela mão da infanta D. Mafalda, filha de D. Sancho I, que aqui professou e estabeleceu uma comunidade de monjas cistercienses. Reconstruções sucessivas, particularmente a efetuada no século XVIII, quase não deixaram vestígios de tempos anteriores, exibindo hoje o grande conjunto edificado um desenho característico daquele período.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 60-61.

A igreja de Vairão integrou um antigo mosteiro benedito situado nas Terras da Maia. A sua arquitetura é de raiz medieval, mas foi profundamente alterada durante o século XVIII, quando muitos dos cenóbios daquela Ordem tiveram o mesmo destino. Aqui foi poupada a antiga cabeceira, sendo transformada em coro da nova igreja. Estes vestígios mais remotos diferenciam-se claramente das reconstruções posteriores, não apenas pela diferença de acabamento, mas por não se integrarem de forma clara no conjunto.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 62-63.

10. Casa de Amadeu de Souza – Cardoso – Manhufe. Amarante.
O pintor Amadeu de Souza-Cardoso partira para Paris em 1906. Depois de um convívio próximo com os valores mais altos da arte ocidental de então, regressa a Portugal após o início da guerra em 1914. Em 1916, relacionado com intelectuais de vanguarda como Almeida Negreiros ou Fernando Pessoa, organizou duas exposições, no Porto e em Lisboa, que causaram grande escândalo nos meios culturais da época. Aqui, na casa de seus pais, em Manhufe, continuaria o seu trabalho. A guerra acabava em 1918 e, numa altura em que se preparava para regressar a Paris, more de «gripe espanhola». Foi uma das expressões mais singulares e inovadoras da arte portuguesa.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 64-65.

11. Vila Meã. Amarante.
O pequeno largo de Vila Meã situa-se à beira da estrada entre Ataíde e Real, próximo de Amarante. Tem uma escala singela e, em torno do pelourinho, os poucos edifícios conformam um espaço equilibrado e poupado a uma urbanização recente que tudo altera à sua passagem.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 66-67.

12. Edifício agrícola Água Longa. Santo Tirso.
Os sequeiros são uma tipologia arquitetónica frequente nas terras do milho, entre Minho e Douro. São edifícios de grande dignidade, de marcado racionalismo e de lógica construtiva simples. A arquitetura popular exterioriza aqui uma personalidade forte e uma adequação notável à função.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 68-69.

13. Porto Antigo. Cinfães.
Quando no rio Douro ainda não existiam barragens e a navegação era a principal forma de deslocação, Porto Manso, na margem direita, e Porto Antigo, na margem esquerda, eram dois pequenos e movimentados povoados onde se atravessava o rio de barca.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 76-77.

14. Ponte de Caninhas – Rio Paiva, Escamarão. Cinfães.
Toda a fisionomia da região é originada a partir de profundo entalhe erosivo que é definido pelo rio Douro. Os seus afluentes Tâmega e Sousa, na margem direita, e Arda e Paiva, na esquerda, contribuem também, de forma significativa, para a estruturação deste território.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 78-79.

15. Cemitério de Barrô. Resende.
O cemitério localiza-se ao lado da Igreja de Barrô e, tal como esta, está voltado para o Rio Douro. A presença da vinha deixa já anunciar a entrada no “País Vinhateiro”. Lugar de fascínio, paisagem de deslumbramento.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 80-81.

16. Paços de Ferreira.
O lugar “chã de Ferreira” é de povoamento muito antigo. Não longe daqui, na direção do sol nascente está o povoado castrejo de Sanfins, um dos maiores e mais importantes do género, no Noroeste da Península Ibérica. A área é aqui plana, rica em água e, os solos, de boa aptidão agrícola. Uma urbanização rasteira alastra progressivamente.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 82-83.

17. Gondomar.
No alto do monte Crasto foi construído um santuário. Houve aqui um povoado castrejo de que já não restam vestígios. Em torno do morro desenvolveu-se depois Gondomar, que viria a ser integrada na crescente área de influência da cidade do Porto. No dia 29 de junho de 1847, consumou-se em Gondomar a Convenção de Gramido. Era assinada entre governantes do Porto e tropas estrangeiras que vieram para Portugal a pedido de D. Maria II para pôr termo à rebelião da Patuleia e ao governo autoritário, então conhecido por cabralismo. Findara assim uma guerra civil. Como acontece sempre, as grandes mudanças políticas consumam-se nos espaços mais urbanizados.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 84-85.

18. Santa Justa (prox.) – Serra de Valongo. Valongo.
Aqui, nas proximidades do alto de Santa Justa, como noutros lugares da serra de Valongo, foram encontrados vestígios de atividades mineiras remotas. São enormes buracos, “fojos” na designação popular, que formavam galerias de acesso ao interior da montanha. Correspondiam a filões quartzíticos auríferos e antimoníferos, escavados desde a dominação romana, por homens em busca do metal dourado. Utensílios, como lucernas ou vasos de cobre, reforçam a ideia de uma exploração intensa do minério da serra. A maior parte dos seus acessos foram entretanto aterrados. Do alto da serra avistamos Valongo e a extensa veiga em que o aglomerado está implantado.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 86-87.

19. Barragem de Crestuma – Lever. Vila Nova de Gaia.
Subindo o curso do Douro, a partir da sua foz, a Barragem de Crestuma-Lever é a primeira que encontramos das cinco que existem daqui para montante, até Barca d’Alva. A navegabilidade do Douro praticamente desaparecia e as suas águas eram em parte contidas, mas as cheias cíclicas que se afirmavam domadas, continuam a assolar as povoações ribeirinhas.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 88-89.

20. Minas de S. Pedro de Cova. Gondomar.
Ervedosa era uma pequena aldeia rodeada de montanhas, onde foi descoberta uma jazida de carvão em 1795. Em prospeções posteriores encontraram-se outros locais onde o minério abundava. A principal zona de trabalhos ficava em S. Pedro da Cova. A exploração sistemática do subsolo inicia-se em 1809 e dura ininterruptamente até ao ano de 1970. Constituía, na altura do seu encerramento, um documento vivo sobre as difíceis condições de vida de toda uma população que dependia da mina. É um testemunho típico da industrialização do país no princípio da época contemporânea.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 90-91.

21. Santa Maria de Lamas. Feira.
Entre 1958 e 1968 o Sr. Henrique Amorim, industrial da cortiça, recolhe o espólio que viria a constituir o seu futuro museu. Todas as semanas chegavam carregamentos dos mais variados objetos, mas onde predominava a talha dourada de igrejas que eram “restituídas à traça antiga”, pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, e esculturas de arte sacra, algumas notáveis. Durante aqueles dez anos foi construído um mundo sem igual, de fantasia e imaginação, que se anuncia já no exterior do museu por modelos reduzidos de edifícios, figuras a ornamentar lagos, esculturas de bandas de música, ranchos folclóricos, ou mesmo um desafio de futebol de jogadores habilidosos.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 94-95.

22. Igreja – Marco de Canaveses.
Toda esta região é um espaço constantemente recriado, reinventado todos os dias. Este processo assume as mais variadas formas e contribui, incessantemente, para a modificação da face visível desta terra. Na igreja de Marco de Canaveses, com desenho do arquiteto Siza Vieira, observamos uma reinterpretação dos elementos arquitetónicos tradicionais, que definem aquela tipologia de edifício religioso.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 96-97.

23. Espinho.
Em 1840 apenas existia no lugar um aglomerado de palheiros de pescadores. Com a construção da linha de caminho-de-ferro começa o desenvolvimento de um povoado de traçado ortogonal. Em 1899, a já então vila era elevada a sede de concelho. O avanço do mar iria causar danos consideráveis em terra. Em vinte e sete anos avançou cerca de 300 metros e destruiu centenas de casas, processo que só foi interrompido localmente após a construção de molhes perpendículos à linha de costa. Continua a ser a praia mais popular dos arredores do Porto.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 100-101.

24. Leça da Palmeira. Matosinhos.
As “ilhas” eram aglomerados de casas de habitação de área muito reduzida e densamente ocupadas por uma população muito pobre. Desenvolveram-se no Porto e no seu perímetro industrial. Hoje, estes lugares precários, praticamente desapareceram.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 104-105.

25. Penafiel.
O aparelho das pedras em blocos regulares é certamente uma herança cultural antiga que deverá remontar ao tempo da construção das igrejas românticas, ou mesmo a um período anterior. O granito era aparelhado nas próprias pedreiras, de onde era extraído segundo uma norma geométrica, que permitia o empilhamento de forma regular na construção dos edifícios. Na região de Penafiel esta tradição manteve-se através dos séculos, dando origem a uma arquitetura onde é notável a qualidade da construção, não só no espaço urbano, mas também nas imediações do antigo burgo.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 106-107

“Vejo um rio atravessado por uma ponte de pedra. Nas duas margens acumulam-se as casas de um velho burgo: Amarante exposta à luz, sobre um outeiro e o Cuvelo, escorrendo sombra húmida sobre as fragas de um Calvário…” (Teixeira de Pascoaes – O Bailado). Teixeira de Pascoaes nasceu em Amarante, em 1877. Lugar que, com a Gatão um pouco a montante, nas margens do Tâmega, e a serra do Marão, vão construir as referências primordiais da sua obra literária.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 108-109.

27. Igreja dos Grilos – Porto.
Sob um grande desnível, um pouco abaixo da Sé-Catedral do Porto, em frente da Igreja dos Grilos, edificada pelos padres jesuítas em 1577, desenvolveu-se um pátio. É conformado pela fachada da igreja, por uma imensa parede de rocha viva e uma escadaria e por outros pequenos edifícios. É o Porto do granito, das notáveis ruas e praças articuladas nas encostas ingremes de uma cidade grande, que cresceu graças à presença de um rio.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 112-113.

28. Porto.
É nas caves de Vila Nova de Gaia que o vinho do Porto é armazenado. Encerra-se aqui o ciclo de produção do vinho generoso do Douro. Terminam os trabalhos e as canseiras da produção de um vinho que levou o tempo de muitos homens e mulheres e que alterou toda a fase visível de um vale grandioso, de uma região. Vem das terras do xisto para repousar agora frente à cidade do granito.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 114-115.

29. Porto.
“Imensa, troglodita, ambiciosa, vai a cidade até à praia; perdeu no campo as rochas cor-de-rosa, e o mar, se a busca, evita-a, não desmaia, antes se ergue negro o desconforto. O rio leva casas debruçadas que já, com o tempo, foi cavado em arcos de perfil sem cal, inclinado e morto… e leva também barcos.
No céu, as nuvens correm desviadas, Enquanto o Sol, em dardos, sobre o mar as crava.”
Jorge de Sena, Poesia I
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 118-119.

30. Rio Douro – Porto.
“O Douro é carregado e triste! A sua corrente rápida, como que angustiada pelos agudos e escarpados rochedos que a comprimem, volve águas turvas e mal-assombradas. Nas suas ribas fragosas raras vezes podeis saudar um sol puro ao romper da alvorada, porque o rio cobre-se durante a noite com o seu manto de névoas, e, através desse manto, a atmosfera embaciada faz cair sobre a vossa cabeça os raios de sol semimortos, quase como um frio reflexo de lua ou como a luz sem calor de tocha distante.” (Alexandre Herculano.)
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 120-121.

31. Capela de Nossa senhora do Socorro – Vila do Conde.
A Capela de Nossa Senhora do Socorro situa-se num lugar sobranceiro ao rio Ave, no limite do bairro de pescadores e trabalhadores dos estaleiros navais. É um pequeno templo, construído em 1603, de planta quadrangular rematado por uma enorme cúpula caiada de branco. Marca de forma significativa o perfil ribeirinho de Vila do Conde.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 48-49.

32. Mosteiro de S. Salvador de Grijó. Vila Nova de Gaia.
Em 1574 apeou-se a velha igreja para, no mesmo ano, se iniciar a construção da atual. O lugar de culto era fundado no ano 922, pelos clérigos Guterre e Ausindo Soares. Mas não se conhece a sua história nos anos seguintes, até ser novamente fundado como mosteiro por Soeiro Fromarigues, em finais do século XI. Posteriormente adotou a observância dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra. Foi extinto em 1770, pelo papa Clemente XIV.
MATOSO, José; BELO, Duarte; DAVEAU, Suzanne – Portugal: o sabor da terra. Porto. Lisboa: Círculo de Leitores: Pavilhão de Portugal/Expo'98, 1997, p. 58-59.