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MEIO AMBIENTE UMA FAXINA QUE DÁ GOSTO
from MURAL 84
Projeto Limpeza dos Mares já recolheu mais de 105 toneladas de resíduos do fundo do mar e encostas de SC
UMA FAXINA QUE DÁ GOSTO
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MICHELE CASTILHO fotos


texto ANDRÉ SEBEN (PALAVRACOM) fotos CARLOS STEGEMANN e MICHELE CASTILHO
Foram 23 etapas, um exército de voluntários e mais de 105 toneladas de resíduos retirados do fundo do mar e encostas de Santa Catarina. Tudo começou em 2014, quando a Associação Náutica Brasileira (Acatmar), sediada em Floripa, focou na situação ambiental de mostrar o quanto quem navega não quer fazê-lo em mar sujo – a ideia era desmistificar e mostrar que tipo de lixo é jogado no mar. O que encontrou foi desolador, diante da falta de consciência de todos. E, debaixo dessas águas, a desagradável surpresa de que muita coisa não deveria estar ali. De bitucas de cigarro a pneus. De geladeiras a aparelhos de televisão e brinquedos, além de metros de redes de pesca artesanal. Tudo escondido dos olhos mais atentos.
“Sempre soubemos desse problema e resolvemos agir. Acabamos logo de início conseguindo detectar um descaso social com o mar”, afirma Michele Castilho, diretora da entidade, ressaltando que somente a limpeza seria inócua. “Se apenas recolhêssemos os resíduos, seria ‘enxugar gelo’. Daí a ideia de um trabalho de consciência social junto a escolas e comunidades de cada local onde realizamos a ação”, explica, ressaltando a importância da Marinha do Brasil. “Não poderíamos deixar de estar ao lado da Acatmar nesta iniciativa. Além de garantir a segurança da navegação, nossa missão também é conscientizar a população sobre a preservação”, aponta Alexandre Lopes Vianna, capitão dos portos de Santa Catarina.
E foram muitos – e belos – locais contemplados: o canal da Barra da Lagoa, a Ilha do Arvoredo, a Ilha do Francês, Bombinhas, Guarda do Embaú, entre outros, receberam e acolheram o projeto, com o apoio do poder público, de empresas privadas e moradores locais, além de muitos mergulhadores voluntários, que sempre estão a postos em cada iniciativa do Limpeza dos Mares. Patrocinador do evento, o Fort Atacadista também integrou a ação, parte de seu braço de responsabilidade social. Leandro Hommerding, gerente regional de marketing da empresa, explica a escolha do apoio. “Estamos muito presentes no litoral e é um orgulho integrar a causa”, diz.

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MEIO AMBIENTE Economia do mar
Se a Acatmar surgiu para que todos deixassem de dar as costas para as águas – sejam do mar, rios, lagoas, lagos ou represas – com o objetivo de explorar o turismo e demais possibilidades econômicas e sustentáveis, essa conscientização ambiental era parte integrante do processo. “Enxergamos uma opção de crescimento, desenvolvimento, empregos e renda. Mas, para isso, despertar essa necessidade de acolhimento consideramos ser uma medida essencial”, revela Michele. Segundo ela, a construção da viabilidade do Parque Urbano e Marina da Beira-Mar Norte, na Capital, tem tijolos da Acatmar e do Limpeza dos Mares.

foto MICHELE CASTILHO CARLOS STEGEMANN foto

Lagoa da Conceição tem solução?
Apesar de várias edições do projeto Limpeza dos Mares na Lagoa da Conceição e no canal da Barra da Lagoa, o trabalho efetivo para ao menos amenizar o descaso desse ativo ambiental e turístico não chegou a uma solução definitiva. A tragédia que acometeu as águas da região, com o rompimento de um sistema da Casan, é reflexo de que pouco adiantou. “Ao menos conseguimos limpar – e muito – o que é depositado ilegal e irresponsavelmente”, contemporiza Michele Castilho, diretora da Acatmar.
Além disso, a entidade sempre trabalhou com afinco junto às marinas associadas da região para que seus resíduos fossem destinados corretamente – ação essencial para as licenças ambientais destas empresas –, que é capitaneada pelo projeto Marina Legal.
“Ao menos esse drama ambiental abriu os olhos do poder público para ações concretas, que começam a aparecer. Acredito que todos têm sua parcela de culpa por esta situação e continuamos proativos e dispostos a encontrar caminhos que salvem este paraíso ao alcance de todos. E vamos encontrar”, finaliza a otimista Michele Castilho.

foto MICHELE CASTILHO
