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ENCANTOS DA ILHA QUATRO (LINDOS) CANTOS DE FLORIPA
from MURAL 84
QUATRO (LINDOS) CANTOS DE FLORIPA
Florianópolis fez aniversário dia 23 de março, e pela segunda vez, a data não foi marcada com festas e comemorações públicas
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texto LÚ ZUÊ fotos EDUARDO VALENTE e MARCO CEZAR
Em 2020, ainda sob o impacto do início da pandemia e da necessidade de nos acostumarmos a viver com o tal “distanciamento social”, tivemos que encontrar formas particulares e alternativas de dizer “Parabéns!” para a nossa cidade. Foi tudo muito diferente do que sempre aconteceu, e parece que ficou faltando algo: as pessoas nas ruas, a alegria, o clima festivo, os shows e programações especiais... Foi um aniversário sombrio, e a esperança era que em 2021 fosse tudo diferente. Mas não foi!
Este ano, os 348 anos de Florianópolis foram marcados por um feriado normal, com respeito ao decreto estadual para controle da pandemia (que naquele momento atingiu níveis críticos em toda Santa Catarina, especialmente na Capital), e anúncio de pacote de obras pela prefeitura da Capital, especialmente revitalização de ruas, requalificação de praças, entrega de novas áreas de lazer, acessos a praias e decks.
Muita coisa nova de presente para a cidade e para as pessoas. Também gostamos do novo, mas lembrando dos lugares onde o florianopolitano sempre gostou estar – seja para comemorar o aniversário da Capital, ou para viver a vida boa que ela nos propicia – a Revista Mural pinçou quatro “cantos” que têm a cara de Floripa, encantam pela beleza, pela história – ou por ambos – e mostram que nossa cidade é especial, independente da direção para a qual olhamos.
Lagoa da Conceição

Na Ilha da Magia, o feitiço que encanta os olhos e arranja um lugarzinho no coração da gente fica ainda mais evidente na Lagoa da Conceição. Místico para uns, pitoresco para outros, impactante e inesquecível para todos.
A surpresa começa já lá no alto do morro, quando a beleza da paisagem seduz. Não importa se é a primeira ou centésima vez que se vê, o efeito se repete.
Ok! Sabemos que em janeiro deste ano a Lagoa sofreu muito com o rompimento de um lago artificial de tratamento de esgoto, que causou estragos em dunas e restingas e alterou a qualidade da água. Um desastre, com certeza, mas isso só serviu para confirmar o quão importante é a Lagoa da Conceição para a cidade e o lugar especial que ela ocupa no coração do florianopolitano.
É muito fácil encontrar motivos para ir até lá. Seja o casario antigo dos arredores, a variedade de “tribos” que convivem pacificamente no Centrinho, a diversidade gastronômica, a riqueza cultural, as dunas branquinhas que sempre criam uma paisagem diferente, ou mesmo a energia do lugar, que é única. Aliás, na Lagoa da Conceição até o tempo parece ter um ritmo próprio, e as pessoas se adaptam.
Paraíso de quem curte atividades esportivas, tem espaço para quem escolhe a água, a terra ou o ar, seja na calmaria do stand up paddle e da simples caminhada, na energia das pipas do kitesurf ou no equilíbrio do slack line, cada um encontra seu lugar. E quando chega a hora de ir embora, bem lá no final da tarde – ou início da noite –, é bom escolher um lugar na beira da Lagoa, sentar na grama e ver o dia ir embora, não sem antes dar um show com os mais lindos pores do Sol que se pode observar. Mas é só um “Até breve!”, porque no dia seguinte, tudo começa novamente.
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ENCANTOS DA ILHA Parque de Coqueiros
Logo ali, depois de atravessar a ponte e chegar no Continente, temos uma mostra de um parque que caiu mesmo no gosto popular. Construído num local antes conhecido como Saco da lama, no período pré-pandemia – principalmente nos finais de semana – era até difícil encontrar vaga nos estacionamentos (que comportam cerca de 300 veículos), tamanha a quantidade de pessoas que escolhiam o parque como destino. Ficou um tempinho proibido para o público, mas aos poucos, com o relaxamento das restrições para utilização de espaços abertos, os frequentadores estão voltando. Tem pista para corrida e caminhada com 850 metros de extensão, academia ao ar livre, parque infantil, duas quadras de futebol de areia, campo de futebol suíço, quadra de vôlei de praia, quadra de basquetebol e espaço cercado para pets. Ou seja: opções para toda a família.
O local é privilegiado e a infraestrutura vem recebendo cada vez mais incrementos, consolidando o Parque de Coqueiros como um dos destinos mais apreciados pela comunidade, seja por quem procura lazer, deseja praticar atividades físicas ou simplesmente quer passar um tempo ao ar livre, contemplando a natureza.
E a natureza, aliás, é um capítulo à parte, pois ali, bem no extremo de um bairro com grande especulação imobiliária, há um mangue que resistiu às construções. Em maio de 2020, a partir de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) feito com uma construtora, o parque ganhou um deck com cerca de 150 metros para observação do mangue. De acordo com o inventário ambiental do local, só em relação às aves, há cerca de 80 espécies frequentes no local.



EDUARDO VALENTE fotos
Praia do Forte
Passando pela glamourosa e famosa Jurerê Internacional – que atrai olhares e rende comentários pelos edifícios e residências de alt(íssim)o padrão e pelos carros importados que desfilam pelas impecáveis avenidas, vamos chegar a um outro canto muito especial de Floripa. Cadastrada como sítio arqueológico protegido por Lei federal desde 1987, a Praia do Forte ganhou esse nome graças às ruínas do Forte São José da Ponta Grossa, uma fortaleza construída no século XVIII, que em conjunto com outros dois fortes – a Fortaleza de Santa Cruz, na Ilha de Anhatomirim, e a Fortaleza de Santo Antônio, na Ilha de Ratones Grande – formava um sistema de defesa em formato de triângulo na entrada da baía norte da Ilha de Santa Catarina, idealizada pelo Brigadeiro José da Silva Paes para defender a Ilha dos invasores.
O nome da praia veio como herança, e é claro que traz consigo o peso da história, que por si só já é um ingrediente atrativo. Mas o que faz dela um “cantinho” especial é um conjunto de coisas, e se inicia no acesso único ao local, que é inclinado, estreito e sinuoso, e que por isso precisa ser feito com bastante cuidado.
Mas lá em baixo, o que chama atenção é a simplicidade e tranquilidade de um lugar que abriga uma praia não muito extensa (não mais do que 400 metros), com uma faixa de areia branquinha e convidativa, com largura que varia entre dois e 15 metros. Se no início de sua história foi um local voltado à defesa e à pesca, hoje o que a caracteriza é o ambiente acolhedor e receptivo, além da vocação para a prática de atividades de recreação e esportivas.
O lugar pitoresco fica praticamente de costas para o oceano, e tem à sua frente a vista para a Ilha de Anhatomirim e os morros de Biguaçu e Governador Celso Ramos. Completam o “pacote” as águas quentinhas, mansas e clarinhas. É ou não é um cantinho especial?

Ribeirão da Ilha
Passear pela Freguesia do Ribeirão da Ilha é mergulhar nas origens açorianas. Apesar da passagem do tempo e do crescimento da cidade, os hábitos e os traços da cultura dos primeiros colonizadores dos Açores (que chegaram à região entre os anos de 1748 e 1756, segundo os historiadores) se mantêm vivos nos moradores, especialmente nos mais antigos. A forma de falar, os hábitos da culinária, a arquitetura ou mesmo a aura do ambiente, fazem do Ribeirão um “cantinho” à parte – e indiscutivelmente, encantador.
Como lá no princípio da história da comunidade os acessos eram muito precários – e até mesmo pelas características dos açorianos – a relação com o mar sempre foi muito forte e presente na vida dos moradores do Ribeirão da Ilha, que faziam dele a principal via de acesso às outras regiões da Ilha e do Continente.
Ainda hoje, especialmente fora da temporada e durante a semana, a rotina do bairro é bem pacata, com muita qualidade de vida. Lá não se vê prédios, e as casas do centro histórico e a praia calma compõem um lindo e especial cenário, não apenas para as fotos de turistas, mas também dos moradores de Florianópolis e região que escolhem o Ribeirão como destino para passear.
Não poderia ser diferente, afinal de contas, na gastronomia o Ribeirão da Ilha dá um banho! Se Florianópolis ostenta com orgulho o título de maior produtor de ostras do Brasil, por conta do tradicional cultivo de moluscos de reconhecida qualidade na região, o setor gastronômico se desenvolveu muito, e consolidou os restaurantes locais – a maioria de tradição familiar – como referência nacional nesse tipo de prato. Falou em Ribeirão da Ilha, lembrou de ostra.
Ah! E quem gosta de aventura e contato com a natureza também tem opção. É lá da parte mais extrema do bairro que parte uma trilha que liga a localidade da Caieira da Barra do Sul à Praia de Naufragados. Depois de cerca de uma hora de caminhada, os aventureiros chegam a uma praia de areia branca, ondas fortes e água fria. Os mais de 700 metros da praia são limitados por costões de pedra (do Farol à direita, e do Frade, à esquerda). Vale a caminhada!

