esponjas atadas nas extremidades, parecendo autênticas construções com uma espécie de andaimes ao seu redor. Estes apoios acompanham o bicho em quase todo o seu processo de secagem. Secagem e Cozedura Segue-se mais uma pausa, e o bicho vai secar perto do forno, ou mesmo sobre uma vagona (parte móvel do forno onde se constrói a fornada) e aí fica vários meses até poder ser cozido. Durante a secagem a peça vai contraindo, daí a necessidade de um acompanhamento diário, ou ajustando os apoios, ou tapando a tempo com barro pequenas fissuras resultantes da contracção. Para que esta fase não seja fatal é necessário tapar a peça com plásticos para que seque muito lentamente e protege-la de variações de temperatura e correntes de ar. Durante o primeiro mês tem que ser diariamente destapada, “inspeccionada” e novamente coberta, só depois de estar meia seca se pode “deixar ao ar”, sem resguardo. Vão-se retirando a pouco e pouco alguns apoios que já cumpriram a sua função e o bicho fica assim, aproximadamente mais uns três longos meses, dependendo se estamos no Verão ou no Inverno. Por esta altura a fragilidade da peça é extrema e qualquer trepidar é o bastante para que as partes mais finas partam. O bicho é então transportado para o interior do forno com muito cuidado. O ciclo de cozedura destas peças é geralmente muito longo obedecendo a certas regras. A temperatura no interior do forno atinge os 1100ºc, e o barro entrará em fusão, sendo um autêntico teste para a equipa de trabalho. Se durante o processo, até a esta etapa, algum pormenor tiver falhado, quebrar-se-á ao cozer. Esta operação causa sempre ansiedade ao ceramista transformando o forno num palco onde acorrem os espectadores esperando ver o resultado do seu trabalho, qual espectáculo desejado. Mas um bom ceramista aprende a esperar e a respeitar criteriosamente o comportamento da matéria. Pintura e Última Cozedura O bicho está agora no seu estado de chacota (barro cozido) que é a superfície de aplicação ideal para a pintura com os vidrados cerâmicos. Os de dimensões mais arrojadas são transportados por várias pessoas até a uma boa almofada de esponja no atelier de pintura. Aí é analisado minuciosamente, lixam-se algumas imperfeições, preparando-o para receber o vidrado. O pintor vai efectuando a sua pesquisa documental, misturando os pigmentos cerâmicos com as várias bases fusíveis e realizando experiências. Seleccionam-se finalmente as cores mais puras e estes animais são pintados a pincel obedecendo aos critérios e técnicas naturalistas usadas pelo artista. A segunda cozedura tem também uma série de regras, pois estes animais têm que assentar em vários objectos refractários estudados para o efeito, a fim de evitar que a peça fique agarrada ao mobiliário do forno aquando da fusão dos vidrados que a decoram. O ciclo de cozedura é novamente estudado e programado para esta última cozedura. 25