TOP Magazine Edição 274

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Giovanna Lancellotti

STUDIO MUNDO TOP | VW / pessoas / Camila Loures, Giovanna Lancellotti, Leticia Spiller, Luiza Possi, Marcela Mc Gowan, Natalia Beauty, Nathalie Moellhausen e Pixote: grandes influenciadores brasileiros / cultura / galerias contemporâneas mais icônicas do mundo / lifestyle / self-care é o novo trend / rituais de autoconhecimento para uma vida sexual melhor / viagem / uma villa privativa em Cannes

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“ONCE I DR E AM E D TO B ECOM E TH E FASTE ST DRIVE R . TODAY, I AM A DRIVE R OF CHANG E .” LE WI S H A M I LTO N , 7 TI M E FO R M U L A 1 T M WO R LD C H A M P I O N


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EM CASA NA HORA DO RUSH



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Sumário 12

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Sumário 42

LIFESTYLE

CULTURA

PESSOAS

Os Icônicos Camila Loures, Giovanna Lancellotti, Leticia Spiller, Luiza Possi, Marcela Mc Gowan, Natalia Beauty, Nathalie Moellhausen e Pixote: grandes influenciadores brasileiros.

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Mundo TOP

Galerias contemporâneas

A união de Adidas e Prada, exposição da Patek Philippe no Japão, box colecionável do clássico O Iluminado, histórias de grandes estrelas no Victoria and Albert e uma dica imperdível do Lá na Cozinha.

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Autocuidado

Sexualidade positiva

Self-care é o novo trend em um mundo em que a preocupação com a saúde física e mental vira protagonista na rotina e nas redes.

Saiba mais sobre o movimento que evidencia a necessidade do autoconhecimento e a ligação com o prazer próprio para uma vida melhor e livre de tabus.

126 Cannes

VIAGEM

Um giro por algumas das galerias mais interessantes do mundo para você adicionar à sua bucket list.

Le Grand Jardin, na Riviera Francesa, ocupa uma ilha inteira que pode ser sua por alguns dias. Confira todas as mordomias desse lugar.


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Colaboradores

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Quem Fez Fernanda Ávila Fernanda Ávila foi a primeira editora da TOP, quando a revista foi lançada, no começo dos anos 2000. É jornalista e escritora com especialização em Leitura de Múltiplas Linguagens. Cursou Escrita Criativa em Lisboa. Autora do Guia Nova York com Crianças, coautora do portal Viajo com Filhos. Sócia e diretora de conteúdo da Pulp Edições, lançou a Amora Livros, um clube de assinatura de livros escritos por mulheres.

Iza Ventura Maquiadora há 15 anos, Iza Ventura é a responsável por makes que realçam ainda mais a beleza de nossas estrelas da capa. Pelos corredores da redação, também desfilou seu bom humor e simpatia tão encantadores quanto seu tradicional delineado.

Rosana Pereira

Natalie Rosa Formada em Jornalismo e natural de Curitiba, trabalha com produção de conteúdo para a internet há mais de dez anos. Além de se especializar em entretenimento, área que mais ama, adora escrever sobre ciência, saúde e comportamento.

Diretora de arte da TOP e responsável por coordenar diversos projetos no Mundo TOP, Rosana é adepta de uma alimentação vegana e é a pessoa mais zen e equilibrada da nossa redação. Ela acaba de voltar de uma viagem para conhecer o hotel Le Grand Jardin, em Cannes, e conta tudo aqui.

Gabriela Amorim Jornalista formada e estudante de documentário na Academia Internacional de Cinema (AIC). Como boa curiosa, se interessa por histórias que sejam narradas em diversos formatos. Escreve sobre música, comportamento, artes e cidades. Já colaborou com UOL, Veja São Paulo, NOIZE, Versatille e outros.


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Miro

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único algumas das celebridades mais icônicas do Brasil nesta edição especial de TOP Magazine.


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Expediente

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Publisher Claudio Mello TOP Magazine | Studio Mundo TOP Redação: Renata Zanoni Editora Multiplataformas: Emilia Jurach Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Revisão: Evandrus Camerieri de Alvarenga Produção executiva: Jeane Souza Estagiária: Gabriela Haluli Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Texto Fernanda Ávila, Natalie Rosa, Gabriela Amorim Foto Miro Produção Leandro Milan e Paula Giannaccari (Catering), Ale Monteiro, Edu Hide, Ernesto Campagna, Iza Ventura, Leila Costa, Lucio Fonseca, Marcell Maia, Matteus Brunette, Mônica Garcia, Nat Felipe, Paul Kardous, Paulo Zelenka, Raissa M. Joseph, Vanessa Sena, Vicky Mebarak, Walter Lobato Tratamento de Imagens Fujocka, JC Silva Editora Todas as Culturas Gerência de Projetos: Camila Polido Gerência de Relacionamento: Carolina Alves RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Impressão: Digital Printz Distribuição: Brancaleone TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

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Cultura

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Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / MODA / FO exposição

Divas em exibição Nova exposição do museu Victoria and Albert reconta histórias de grandes estrelas da história

Desde junho, o visitante do museu Victoria and Albert, em Londres, pode chegar um pouco mais perto das maiores estrelas da história. Com a exposição Diva, o V&A celebra artistas que vão do século XIX aos dias de hoje e conta como funciona a relação entre o público, a cultura e os atores e cantores que chegam ao patamar de astros. A exibição reúne 250 objetos, alguns que já faziam parte do acervo do museu e outros que foram enviados de diferentes lugares do mundo para a mostra. São contempladas na exposição divas das óperas, do cinema mudo e as maiores estrelas da atualidade. Além de aproximar o visitante dessas personalidades, a exibição também tem o intuito de mostrar como esses astros se inserem na sociedade em que viveram, os impactos que

causaram e se estavam ligados a movimentos sociais e ao ativismo. Entre os destaques estão algumas roupas exibidas ao público pela primeira vez, como o icônico vestido preto que Marilyn Monroe usou no filme Quanto Mais Quente Melhor, o look que Elton John vestiu para seu aniversário de 50 anos e figurinos de cantoras como Tina Turner, P!nk

e Cher. Diva também conta com artigos pessoais, letras de música escritas à mão, pôsteres e fotografias tiradas por nomes como Sheila Rock, David Corio e Nick Knight. Ainda há um vídeo para celebrar a arte drag e a relação entre drag queens e as divas. O V&A dividiu a mostra em dois atos. O primeiro é voltado a um panorama histórico, de como as

divas surgiram e a reação que elas causaram na sociedade, sejam as maiores cantoras de ópera ou as principais atrizes da Era de Ouro de Hollywood. O segundo ato aborda as divas do mundo moderno, o envolvimento delas em mudanças sociais e no ativismo, a cultura de celebridades e as redes sociais. +infos: vam.ac.uk


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TOGRAFIA / LITERATURA


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Cultura

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relojoaria

Um pouco da Suíça no Japão A fabricante de relógios Patek Philippe leva uma megaexposição com a história da marca para Tóquio Após passar por Dubai, Munique, Londres, Nova York e Singapura, a sexta megaexposição da fabricante de relógios Patek Philippe acontece em Tóquio, no Japão, um dos principais mercados da marca. Os visitantes podem mergulhar no universo de uma das últimas fábricas familiares e independentes de relógio de Genebra, na Suíça. Para a exposição Watch Art Tokyo 2023, a Patek Philippe concebeu um espaço de mais de 2 mil metros quadrados inspirado na paisagem urbana de Genebra e na visão do famoso lago da cidade. A mostra é dividida em diferentes áreas temáticas, através das quais o visitante pode co-

nhecer mais do universo da fabricante de relógios e dos pontos importantes de Genebra. Também fazem parte da exposição mais de 500 objetos do mundo relojoeiro e 190 itens que geralmente ficam em exibição no próprio museu da Patek Philippe, na Suíça. Alguns dos relógios mais velhos do mundo, que datam do século XVI, estão no acervo levado ao Japão. Entre as seções da exposição, está uma sala com relógios projetados pela Patek Philippe, um espaço que mostra os processos envolvidos na confecção do acessório e uma terceira seção dedicada à importância da pesquisa e desenvolvimento. +infos: patek.com


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Cultura

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livro

Um novo olhar para um clássico Taschen lança um box colecionável com fotos e novas entrevistas com o elenco e a equipe do filme O Iluminado, uma das maiores obras de Stanley Kubrick

Muito conhecido por filmes como 2001 - Uma Odisseia no Espaço e Laranja Mecânica, Stanley Kubrick revolucionou o gênero de terror com O Iluminado, lançado em 1980. O longa-metragem, inspirado no livro homônimo de Stephen King, é uma joia para os fãs de horror e pode ser revisitado no box colecionável Stanley Kubrick’s The Shining, lançado pela editora Taschen. O box, com dois volumes e mais de 2 mil páginas, é uma edição de colecionador com apenas mil cópias lançadas. A edição reúne centenas de fotografias nunca vistas antes e extensas entrevistas inéditas com o elenco e a equipe da produção. Os livros são uma combinação da análise dos métodos de Kubrick que tornaram o cineasta um gênio com um olhar aprofundado no making of de O Iluminado. Fãs do clássico dos anos 1980 poderão conferir as diferentes versões de roteiro para o filme, os mecanismos por trás dos efeitos especiais, como o memorável elevador cheio de sangue, o misterioso incêndio nos estúdios que abalou as filmagens e os muitos takes que foram necessários para satisfazer o meticuloso cineasta. Stanley Kubrick’s The Shining foi concebido e editado pelo premiado diretor – e grande fã de O Iluminado – Lee Unkrich, responsável por animações de sucesso como Coco e Toy Story 3. O texto é do autor J.W. Rinzler e, para fechar com chave de ouro, a edição conta com um prefácio escrito por ninguém menos do que Steven Spielberg. +infos: taschen.com


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Mundo Top

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Cultura

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collab

Sofisticação no Campo Adidas e Prada se unem em colaboração que leva alta performance, qualidade e luxo para as chuteiras Historicamente ligada ao futebol desde a década de 1950, a Adidas se une à Prada na collab Adidas Football for Prada. Três modelos de chuteiras mais emblemáticos da marca esportiva, o Predator Accuracy, o Copa Pure e o X Crazyfast, ganham uma nova versão na associação com a tradicional grife italiana. Os calçados foram reinventados por ambas as etiquetas para o lançamento. Por mais que as características essenciais das chuteiras tenham sido preservadas, elas ganharam uma nova cara com a combinação da performance da Adidas com materiais de luxo, artesanato meticuloso e detalhes de design, característicos da Prada. Mesmo tendo o DNA de uma das marcas mais renomadas do mundo da moda, os calçados continuam tendo a finalidade que se espera de uma chuteira: o futebol de alto nível. Os modelos foram confeccionados com alta tecnologia para possibilitar ao jogador ou jogadora um bom desempenho dentro do campo. A colaboração, que conta com um número limitado de produtos à venda,

está disponível desde maio no aplicativo da Adidas, no site da Prada e em lojas selecionadas da grife italiana. Cada modelo ganhou características únicas. O X Crazyfast é confeccionado em couro premium, que mantém a estrutura leve, além de contar com uma sola pensada para a aceleração responsiva. Feito em couro brilhante, o Copa Pure homenageia os sapatos do passado da Adidas e o uso dos melhores materiais pela Prada, tudo isso com estruturas para ajudar no controle da bola e no equilíbrio. Já o Predator Accuracy tem espinhos na lateral para ajudar no controle da bola e teve a ponta transformada em um triângulo, em homenagem à marca italiana. +infos: adidas.com.br/prada


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Leandro Milan e Paula Giannaccari são os criadores do Lá Na Cozinha, empresa desenvolvida para criar soluções para o mercado de Alimentos & Bebidas, com frentes de atuação em setores da área de eventos, treinamentos e consultorias, desenvolvimento de produtos para o “Food Service,” cardápios e locação de cozinha.

coluna

5 ingredientes ou menos O segredo dos clássicos mais amados da culinária

Na correria do dia a dia, é fácil ceder aos apelos dos alimentos processados e ultraprocessados. Porém, ao optar por produtos naturais na gastronomia, um mundo de sabores autênticos e benefícios à saúde se abre diante de nós. A diferença entre produtos naturais, processados e ultraprocessados vai além do sabor: é uma escolha que impacta diretamente no nosso bem-estar. Quando estive na Itália em 2014, para trabalho e estudos, aprendi que um bom prato é (ou pode ser) preparado com até cinco ingredientes. Esse ensinamento ficou tão marcado na minha gastronomia que, hoje, quando crio novas receitas, sempre parto da premissa

de que cinco ingredientes são suficientes para a composição perfeitamente harmoniosa de um prato. Aliás, na cultura/história da gastronomia, temos uma lista de clássicos que levam cinco (ou menos) ingredientes: ovos, bacon, macarrão e temperos da Carbonara; o macarrão, queijo e pimenta do Caccio Peppe; e até mesmo a simplicidade da batata, farinha e água que resultam em um irresistível nhoque fresco. Entre os americanizados, temos torrada, abacate e ovos cozidos; e no Brasil: moqueca de peixe ou palmito; e o trio carne, farofa e pão de alho, que formam sobretudo o churrasco paulista.

Não existe ingrediente certo! O que devem ser acertados sempre são a técnica e combinação corretas para cada preparo. Não estou falando sobre calorias. Estou falando sobre nutrientes! Uma geladeira com variedade permite que você se alimente bem e fuja dos ultraprocessados que nos perseguem no dia a dia. É por esse motivo que a autonomia na cozinha é tão importante. No final do dia, não é sobre saber empratar um prato com dez elementos como em um restaurante premiado. É sobre comer bem e se alimentar bem! Fuja dos temperos prontos: aposte na cebola, no alho, no sal e na pimenta, esses daqui nunca decepcionam.

Ah... e uma dica para terminar a coluna desta edição: para saber se um alimento é um ultraprocessado, leia o rótulo! Se tiver mais de um ingrediente com um nome que você não reconhece, pode ter certeza, esse é um ultra! Em suas escolhas cotidianas, lembre-se: você está a cinco ingredientes – ou menos – de uma vida mais saudável.


A CELEBRAÇÃO DO

AGORA


NO TRÂNSITO, ESCOLHA A VIDA.


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é o novo trend O TERMO AUTOCUIDADO É UMA TENDÊNCIA QUE VEM DOMINANDO A INTERNET NOS ÚLTIMOS TEMPOS, REFORÇANDO A IMPORTÂNCIA DE COMEÇAR A SE PREOCUPAR COM A PRÓPRIA SAÚDE FÍSICA E MENTAL. O SELF-CARE PODE SER PRATICADO DE DIVERSAS FORMAS, SEJA POR UMA ROTINA COM MAIS QUALIDADE DE VIDA OU UMA ATENÇÃO MAIOR ÀS NECESSIDADES DO CORPO


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Por Natalie Rosa Fotos Divulgação

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Um dos termos mais citados quando falamos sobre as tendências que dominam a internet nos últimos tempos é “self-care”, traduzido do inglês como “autocuidado”. O próprio nome já diz o que essa trend significa, mas o tema é repleto de camadas que abrem caminho para diversas discussões. Hoje, o autocuidado é de extrema importância para a saúde física e mental, uma vez que vivemos tempos de maior conscientização sobre como a rotina do dia a dia nos afeta. Administrar uma casa, cursar uma faculdade, criar filhos e se dedicar aos estudos são atividades que exigem muitos esforços e, consequentemente, acabamos nos esquecendo de prestar atenção no que acontece de fora para dentro. O self-care, ou autocuidado, torna-se uma tendência quando sentimos a necessidade de nos conectar com nós mesmos. Essa conexão pode ser feita das formas simples às mais complexas, desde cuidar da aparência física até buscar por uma psicoterapia que se encaixe em nossas necessidades. Independentemente da opção, o ato de cuidar de si mesmo é uma tendência que veio com tudo e precisa ficar. Entendendo o autocuidado O autocuidado virou uma tendência tão importante que já é tema de estudos científicos de especialistas em psicologia do bem-estar. Pesquisadores comentam que a depressão e a ansiedade são estados mentais epidêmicos, e que não é difícil conhecer alguém que esteja enfrentando situações complicadas e não saiba lidar com essas emoções. Esses sentimentos tão fortes são provocados não só pelo que está em volta, em um âmbito sociocultural, como também por uma alteração da química cerebral. O autocuidado, portanto, é um processo em que a pessoa se permite entender o que está vivendo e o que precisa fazer para se sentir melhor. Apesar de ser uma tendência atual, muitas pessoas ainda não sabem como fazer isso, seja por não entender os sinais do próprio corpo ou por um certo ceticismo de não achar que há essa necessidade ou que não é uma prioridade. Muitas vezes, uma pessoa só começa a cuidar de si mesma após enfrentar uma situação traumática como o burnout, um distúrbio emocional de exaustão e esgotamento físico e mental.

“O autocuidado, portanto, é um processo em que a pessoa se permite entender o que está vivendo e o que precisa fazer para se sentir melhor”


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Mais do que skincare Uma das primeiras vezes que ouvimos falar sobre autocuidado aconteceu quando outro termo começou a ganhar espaço na internet: skincare. Cuidar da pele, seja apenas com o uso de um bom filtro solar ou ainda com produtos mais elaborados, como ácidos e séruns, é um bom início para entrar na trend do self-care. Faz sentido ver que a tendência começou dessa forma, pois é através do rosto que transparece nosso cansaço físico ou mental. Quem nunca acumulou olheiras de várias noites maldormidas, ou ainda colecionou manchas solares no rosto por não ter tempo nem de usar um protetor solar com frequência? Também existe a questão do envelhecimento, um processo completamente natural de nosso organismo, que pode ser acompanhado de perto com cuidados de skincare para que os sinais sejam os mínimos possíveis. Tudo isso, claro, é uma questão de gosto pessoal, já que há quem não se importe com a aparência da pele. Porém, prestar atenção na superfície é o pontapé inicial para um melhor autoconhecimento. Não demorou, então, para que as pessoas começassem a explorar o autocuidado de diferentes formas, como procurar por terapia, descobrir novos hobbies, dedicar um tempo à família e amigos, e também cuidar

Prestar atenção na superfície é o pontapé inicial para um melhor autoconhecimento


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mais da saúde. O self-care é um processo que vai além do bem-estar emocional, atingindo também a preocupação com o que está acontecendo fisicamente. Então, além de usar bons produtos para a pele, estar com a saúde em dia também é uma forma de autocuidado. Como aderir ao autocuidado? O autocuidado vai além da vaidade, de ter uma pele bonita e bem tratada, de estar com as unhas feitas e os cabelos brilhosos, é uma questão de saúde física e mental. Diferentemente do que se imagina, o termo existe há bastante tempo, mais precisamente desde a década de 1980, e envolve diversas formas de se cuidar. Está ligado à higiene pessoal, à nutrição, ao estilo de vida e aos fatores socioeconômicos. Yuri Busin, psicólogo mestre e doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que o autocuidado e a saúde mental são fatores que se complementam. “O autocuidado alimenta a nossa autoestima, o nosso ser, a nossa visão, nos ajuda a cuidar do nosso eu como um templo externo e interno”, comenta o profissional, reforçando que cuidar de si externamente é o primeiro passo para se sentir melhor internamente, principalmente em casos de depressão. Para iniciar no autocuidado, o Dr. Busin indica começar com uma tarefa constante, como um esporte, ou ainda optar por escolhas que aumentem


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a autoestima, como separar um dia para se dedicar à beleza, cuidando do cabelo e da pele, por exemplo, e em seguida começar uma jornada de psicoterapia. O psicólogo explica que cada atividade completa a outra, resultando em um self-care completo. Aderir ao autocuidado nem sempre exige muitos esforços, mas é essencial entender que as escolhas são diferentes em relação à realidade da vida de cada um. Pessoas com filhos, por exemplo, raramente conseguirão ter as mesmas práticas de uma pessoa solteira e que mora sozinha. Focar no self-care também não precisa ser algo imediato, mas sim um processo que é construído aos poucos. Ele pode, até mesmo, começar a acontecer por meio da própria skincare até evoluir para a questão médica. Você pode iniciar se dedicando à hidratação, ingerindo bastante água todos os dias, e praticando a higiene do sono, quando os dispositivos

É essencial entender que as escolhas são diferentes em relação à realidade da vida de cada um


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conectados à internet são deixados de lado antes de dormir. Ou você pode ainda começar a usar um protetor solar no rosto, o que já é suficiente para ter uma pele mais bonita e evitar doenças graves como o câncer de pele. Entender os sinais do corpo é um grande indício de que você está no caminho certo. Se você sente dificuldade em beber água, deixe uma garrafa grande ao seu lado e crie alarmes para saber a hora de tomar, ou procure por aplicativos que te ajudem nessa missão. Procure também um exercício físico que lhe agrade e comece a criar uma certa frequência, o que é de extrema importância para a saúde do corpo e da mente. Crie também o hábito de deixar o celular de lado na hora de dormir e leia um livro. São diversas as formas de iniciar no mundo do autocuidado e existem muitas inspirações que podem ajudar nesse começo.


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Autocuidado como necessidade O autocuidado já virou tema de influenciadores digitais desde a área de beleza até de sexualidade. Marcela Mc Gowan, por exemplo, ginecologista que conquistou a fama após o BBB 20, aborda o tema sem tabus em suas redes sociais. A profissional fala sobre o prazer feminino e como é importante conhecer o próprio corpo para além da saúde, falando abertamente sobre sexo para deixar o entendimento mais acessível e, assim, favorecer o bem-estar de mulheres de todas as idades. A saúde mental também é tema abordado pelo cantor Vitão, que constantemente recebe mensagens de ódio na internet, seja por sua música, sua vida pessoal ou por um simples corte de cabelo. Mesmo assim, o artista escolhe ignorar as más falas sobre sua vida e se dedica ao autocuidado, fazendo o que gosta para preservar a sua saúde mental sem se preocupar com o que as outras pessoas têm a dizer. Quem também enfrenta duras críticas por seu trabalho e estilo de vida na internet é a influencer Camila Loures, que se envolveu em polêmicas que frequentemente vem à tona. A influenciadora digital dedica a vida à produção de conteúdo para a internet, mas não deixa de explorar o autocuidado para preservar a saúde física e mental, sempre oferecendo uma melhor versão de si mesma. É de extrema importância estar atento à tendência do autocuidado e a todos os seus benefícios ao corpo e mente. Vale pontuar que cada pessoa entende a sua própria necessidade e que o self-care não é sobre comparação, mas sim entendimento sobre bem-estar e qualidade de vida, saúde mental e física, nutrição e psicologia. Que tal começar a praticar o autocuidado hoje mesmo?

O self-care não é sobre comparação, mas sim entendimento sobre bem-estar e qualidade de vida, saúde mental e física, nutrição e psicologia


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CAMILA LOURES É CANTORA, ESCRITORA, APRESENTADORA E UMA DAS MAIORES INFLUENCERS DO BRASIL Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Vicky Mebarak Styling Nat Felipe 5 min

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Camila Loures é uma das principais influenciadoras digitais do Brasil. No perfil do Instagram, tem cerca de 19 milhões de seguidores. No YouTube, a mineira, de Belo Horizonte, está perto de bater os 15 milhões de inscritos. Como tudo em que se envolve se torna um grande sucesso, no PodCats – que apresenta ao lado de Lucas Guimarães – alcança uma média de 160 mil ouvintes simultâneos a cada episódio. Nascida em 7 de fevereiro de 1995, Camila começou a fazer sucesso na internet com o Vine, rede social em que postava vídeos de comédia. Com o crescimento de sua conta, migrou para o YouTube e expandiu os conteúdos para culinária, tags, desafios e paródias musicais. Entre os vídeos de mais destaque estão os da série 24 horas com Camila Loures, onde compartilha um dia de sua vida fazendo alguma atividade: na piscina, no spa, sendo a Barbie, no jardim da mansão, na agência de publicidade e outras situações corriqueiras e inusitadas. A música também é uma das apostas da influencer, que já lançou singles como Segue o Baile, Eu Vou Arrasar e Miga Loka, uma parceria com a dupla sertaneja Henrique & Diego. Como escritora, tem dois livros lançados: Manual de Sobrevivência do Adolescente e 24 Horas com Camila Loures, uma referência a seu quadro no YouTube. Nesta entrevista, Camila compartilha com a gente um pouquinho da sua história, fala sobre a família, sua paixão por carros e os planos de investir mais na carreira de atriz.

abrir meu canal no YouTube e expandir os conteúdos para culinária, tags, desafios e paródias musicais.

Como você teve a ideia de começar a fazer vídeos para o YouTube? Comecei na internet pela plataforma Vine, postava curtos vídeos de comédia. Com o crescimento no aplicativo, decidi

Como você faz para manter a conexão com seus seguidores? Meus seguidores gostam de acompanhar meu dia a dia, meus projetos, minhas viagens, tudo. É importante manter a cone-

Qual é a sua forma de se inspirar para criar conteúdo? O ideal é estar sempre antenada, escutar os seguidores e entender como a minha essência pode ser demonstrada durante os meus conteúdos. Defina o PodCats. O PodCats é um sonho e uma forma de aprendizado constante. Foi um projeto em que me descobri como apresentadora e aperfeiçoei meu lado comunicadora. Tive que aprender a me “virar nos 30” ao vivo e pude, a cada episódio, aprender mais e mais com os convidados e os papos que batemos. Eu e o Lucas Guimarães pensamos em tudo, desde em quem convidar, quais assuntos abordar, é realmente um projeto para o qual me dedico e amo muito fazer. Recentemente você anunciou um pedido de namoro muito romântico do Lucas Rodolfo. Conta pra gente como está sendo esse momento da sua vida? Nossa, está sendo um momento muito lindo e único. Estar apaixonada e viver isso tudo ao lado de alguém é muito especial. Poder compartilhar sonhos, vontades, pensamentos e a vida, né? O Lucas é muito parceiro, me apoia em tudo, é bom demais ter alguém que acredita na gente do nosso lado.

“O PodCats é um sonho e uma forma de aprendizado constante. Foi um projeto em que me descobri como apresentadora e aperfeiçoei meu lado comunicadora”


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xão fazendo com que esse “relacionamento” seja sempre verdadeiro e transparente. Eu conto com eles, e eles contam comigo, é uma troca diária e muito gostosa. Faço de tudo para estar sempre online, até porque tudo que conquistei até hoje é por causa dos meus fãs. Como você lida com o lado negativo da fama, como os haters? Olha, hoje em dia eu não ligo muito pra isso, acho que conforme você vai amadurecendo e vivendo cada vez mais no mundo da internet, você aprende cada vez mais a ignorar e dar atenção somente para o que importa. Mas também não fico procurando, nem olho comentários ruins e fofocas com meu nome, deixo quieto. Antigamente me atingia e eu ficava triste e chateada, acreditava que tudo que falavam sobre mim era verdade, mesmo sabendo que não era. Hoje eu nem ligo mais, tento ignorar ao máximo. Sei muito bem quem eu sou e dou importância apenas para quem quer meu bem. Você tem algum plano para expandir sua carreira, como lançar um livro, uma série ou um filme? Sim, eu gosto muito de inovar e me dedicar a novos projetos. Já tive a oportunidade de lançar dois livros que mostram como é o meu dia a dia no canal. E, recentemente, tive a oportunidade de interpretar a Milena no filme Uma fada veio me visitar, ao lado da Xuxa. Foi um sonho. Quem não cresceu acompanhando a Rainha dos Baixinhos, né? Ainda não sei quando o filme será lançado, mas gostei muito de interpretar, com certeza me vejo fazendo isso novamente caso apareçam novas oportunidades.

Qual é a sua opinião sobre o papel da internet na mudança da forma de consumo de conteúdo? A internet mudou tudo, né? A maneira de adquirir conhecimento hoje vem muito da internet, antes a gente esperava pela TV, jornais, agora está tudo na palma da nossa mão. Por isso, filtro muito o conteúdo e as publis que quero repassar para o meu público, sei que muitos não irão atrás de outra fonte, então preciso ser o mais verdadeira possível. Como você lida com os desafios em ser uma youtuber, influenciadora digital, CEO de um podcast e atriz? É um desafio, eu gosto de me dedicar muito a tudo que faço. Para isso preciso ter muita organização, e sou muito sortuda em ter meu irmão e uma equipe incrível para me ajudar a entregar tudo isso. Qual é a experiência mais memorável que você teve em sua carreira até agora? Tiveram tantas! Mas acho que ganhar o prêmio de Influencer da América Latina, no YouTube Streamy Awards, que é tipo um Oscar da influência digital, foi muito importante. Consegui confirmar mais um pouco sobre a carreira que quero seguir para o resto da vida. Como você acha que as redes sociais influenciam na autoestima e na saúde mental das pessoas? Eu acho que a internet pode ser uma forma muito bacana para trazer para as pessoas várias pautas que devem ser conversadas. É um jeito fácil de disseminar informação para assuntos importantes e se conectar com pessoas que possuem formas parecidas de pensar. Mas também existe o lado

“Eu tenho uma paixão enorme por carros. Poder adquirir alguns modelos que sempre sonhei, é incrível”


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Camila Loures

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ruim, que é meio tóxico, onde a cobrança para certos padrões também existe. Acho que a internet tem muito potencial para ser um lugar incrível, mas ainda devemos tomar cuidado com as pressões que existem. Como você equilibra sua vida pessoal e profissional como uma figura pública nas redes sociais? A minha vida é muito exposta e o meu principal conteúdo é essa exposição, mostrar minha rotina e o “meu ao vivo”. Mas hoje já sei que é importante que eu tenha momentos off das redes. Aproveitando meus momentos de descanso e intimidade com meu namorado, amigos e família. É literalmente conseguir colocar na balança e entender o momento certo de compartilhar e de somente viver. Quais são seus hobbies e interesses fora da carreira de youtuber, influenciadora digital, atriz, empresária? Olha, gosto muito de viajar, conhecer lugares novos e culturas diferentes. Mas pensando em hobbies mais rotineiros, eu “amooo” fazer a unha, escolher a cor, desenhos diferentes, é algo que não deixo de fazer. Além de noites de jogos com a família Loures, é um momento muito especial lá em casa. Quais são as principais dicas para alguém que quer se tornar uma influenciadora digital de sucesso? Ah, ser fiel com a sua essência e criar conteúdos de qualidade, entendendo algum nicho que você se identifique mais e focar nisso. Entender sempre o que está acontecendo no mundo da internet e estar antenado, mas entender o que faz sentido pra você.

Quais são seus objetivos e sonhos pessoais e profissionais? Profissionalmente eu quero que o meu canal cresça ainda mais, conquiste novos públicos, quem sabe migrar para a TV. Eu me vejo participando de novos filmes e programas, quero me dedicar ainda mais nisso. Também quero continuar vivendo um amor sincero, com a minha família e amigos ao meu lado me apoiando. Acho que tudo que eu faço só faz sentido porque eu tenho pessoas maravilhosas comigo. Quais são seus ídolos e referências na vida? Tem muitos, mas eu sou literalmente fã da minha família, em especial dos meus pais. Eu devo tudo a eles! Todos os ensinamentos, correções e fico muito feliz em saber que através do meu trabalho, hoje nós conseguimos usufruir de muitas coisas, e a mais importante delas é a união. Qual foi a maior conquista que você teve como influenciadora digital até agora? Acho que minha maior conquista é poder prover uma vida tranquila para a minha família. Minha maior felicidade é saber que posso ajudar quem sempre me ajudou e, claro, eu tenho uma paixão enorme por carros. Poder adquirir alguns modelos que sempre sonhei, é incrível. Como você deseja que sua carreira evolua nos próximos anos? Espero conquistar ainda mais público, novos fãs. Mas também me vejo muito na TV, quero focar na minha carreira de atriz. É algo que descobri que me identifico e quero evoluir nessa parte. Nunca vou deixar de ser influenciadora, mas quero também tentar coisas novas.

“Espero conquistar ainda mais público, novos fãs. Mas também me vejo muito na TV, quero focar na minha carreira de atriz” Assessoria de imprensa Textos + Ideias


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GIOVANNA LANCELLOTTI SERÁ BABI NO LONGAMETRAGEM O LADO BOM DE SER TRAÍDA, QUE ESTREIA NO SEGUNDO SEMESTRE NA NETFLIX

Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Walter Lobato Styling Marcell Maia 5 min

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Giovanna Lancellotti nasceu em 1993 na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e cresceu em São João da Boa Vista, cidade pequena onde não havia curso de teatro profissionalizante. Com 15 anos, mudou-se para São Paulo e foi estudar na escola de Wolf Maya. Depois da frustração de ter sido reprovada em um teste para Malhação, não demorou para ser chamada para interpretar Cecília, em Insensato Coração, na Rede Globo. No ano seguinte, destacou-se pelo papel da prostituta Lindinalva, na telenovela Gabriela, da mesma emissora. Ainda na Globo, em 2014, foi a vilã Bélgica, de Alto Astral. Também trabalhou em A Regra do Jogo, Sol Nascente e Segundo Sol, em que interpreta Rochelle, um dos seus maiores desafios como atriz até hoje. Em 2019, integrou o elenco da Dança dos Famosos, quadro do Domingão do Faustão. No segundo semestre, poderemos vê-la em O Lado Bom de Ser Traída, longa-metragem da Netflix baseado no livro homônimo de Sue Hecker, onde vive Babi, uma mulher que descobre uma traição e decide levar uma vida bem mais ousada. Pode nos contar como foi o começo da sua carreira? Sou do interior de São Paulo. Nasci em Ribeirão Preto e fui criada em São João da Boa Vista, uma cidade que não tinha teatro profissional, só amador e de escola. Sempre tive vontade de entrar em algum que eu conseguisse me profissionalizar. Desde pequena, sempre gostei muito de animais, cheguei a falar que queria ser atriz ou veterinária, mas eu achava que veterinária fazia só carinho em cachorro (risos). Mas depois, com a minha minimaturidade de criança, entendi o que era a profissão de um veterinário e decidi ser atriz porque não queria ver os bichinhos morrerem. Com 15 anos, descobri o teatro profissional em São Paulo, que na época era do

Wolf Maya. Fiz a minha mãe me levar, comecei o curso e terminei o colegial em São Paulo. Na escola do Wolf, tinha uma agência que enviava o material para comerciais, publicidade e para alguns testes na Globo. Enviaram para Malhação e me chamaram para um teste. Fiz o teste, passei em todas as fases e, na última fase, eu e o Rodrigo Simas fomos eliminados. Na época, fiquei arrasada, mas deu um mês e eles me ligaram pra dizer que eu tinha sido escolhida para a novela Insensato Coração. E foi onde tudo começou. Me mudei para o Rio onde moro há 13 anos. Como é a sua relação com a família? Eles sempre te apoiaram nas escolhas da vida profissional e pessoal? Sim, tenho um apoio incondicional. Meus pais são separados, mas tanto meu pai e a mulher dele quanto a minha mãe e o marido dela sempre me apoiaram muito. Eu sou aquela pessoa que precisa da opinião da família para seguir em qualquer coisa. Mesmo com 30 anos, seja com personagem, um trabalho diferente, eu consulto meus pais e gosto de ter essa bênção deles. Você é muito amiga do Caio Castro e vocês têm uma história engraçada envolvendo uma tatuagem. Pode nos contar? Sim, tenho uma tatuagem com o Caio Castro. Sempre fomos muito amigos e fizemos uma tatuagem juntos. Resolvemos fazer essa tatuagem em árabe e, é claro, não consultamos um árabe. Consultamos o Google e a tradução dela estava errada. Mas eu amo essa tatuagem e a história que vem junto com ela. Inclusive esse erro. As tatuagens são marcas para sempre na vida. Ela tem que ter uma história, um significado. Não sou uma pessoa que faz tatuagem gratuita, sabe? Essa história da tatuagem ficou ainda mais legal pela história que ela carrega junto.

“Eu sou aquela pessoa que precisa da opinião da família para seguir em qualquer coisa”


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Qual foi o papel mais marcante da sua carreira até hoje? Cada papel representou uma fase da minha vida, teve sua importância na construção da atriz e da mulher que sou hoje. Mas, posso citar a personagem Lindinalva, de Gabriela, no começo da minha carreira, que me marcou muito. Eu tinha 19 anos, era uma personagem muito forte, que o público se identificou muito. Recebi muito carinho, amor e choro também. A Rochelle, de Segundo Sol, que foi minha última personagem na TV Globo, também foi marcante por ter me proporcionado, pela primeira vez, interpretar algo físico. Ela, ao longo da trama, desenvolveu a síndrome de Guillain-Barré, uma síndrome autoimune que provoca a perda dos movimentos. Então chegou uma fase da novela em que eu estava tetraplégica e isso foi muito diferente de tudo que eu já tinha feito. Meus pais são médicos e me ajudaram muito na teoria, mas na parte prática eu tive que mergulhar neste universo. É muito difícil se concentrar para atuar sem mexer nada. Lembro que passei meses no Sarah, que é um centro de recuperação no Rio de Janeiro, gratuito. Fiquei acompanhando vários pacientes com a mesma síndrome. Fora da televisão, o filme Nada é Por Acaso foi um trabalho que me marcou muito por ter a temática espírita. Eu sou espírita. O filme foi baseado no livro da Zíbia Gasparetto, então, para o meu lado pessoal, foi muito marcante. E agora, o meu próximo lançamento da Netflix, O Lado Bom de Ser Traída, em que eu faço a Babi, foi um papel muito marcante. Ainda não estreou, mas foi diferente de tudo que eu já fiz. Não só pela questão do corpo, mas pela história, que foi também bem forte. Tive muito espaço para brincar na criação do meu trabalho.

Se pudesse escolher uma personagem icônica para interpretar, quem seria? Se fosse para escolher uma personagem que já existiu... Eu amo a novela O Cravo e a Rosa e a personagem Catarina, da Adriana Esteves. Acho ela genial. Toda vez que reprisa, eu assisto. Seria uma personagem que amaria interpretar. É uma mulher empoderada mesmo nos anos 20. Agora uma que não exista, difícil, porque sou viciada em desafios, mas existem várias que quero fazer: psicopata, assassina maluca, uma apaixonada destas tipo a que a Giulia Gam fez em Mulheres Apaixonadas… Existem vários estereótipos de personagens muito ricos para a gente desenvolver. Não gosto de rotular os vilões, por exemplo. Os personagens são como as pessoas na vida real, ninguém é uma coisa só. Então, o desafio do projeto no todo é mais interessante do que pensar em uma característica de um personagem que eu queira representar. Para você, é muito diferente atuar em cinema, TV e teatro? Em termos de interpretação, não. Mas no teatro tem a questão de que você precisa falar para o público que está até na última fileira. Tem que usar mais a sua extensão vocal, seus movimentos precisam ser mais abertos. No cinema, talvez você tenha mais tempo para dar as suas falas, para o personagem pensar e responder. Na novela, como são várias cenas, vários núcleos, não tem muito o espaço do tempo porque a novela tem que continuar e os personagens precisam entrar em cena. O que muda para mim é o processo. Na novela é muito mais longo, quase um ano, tem que estar com o corpo aberto para qualquer eventualidade do personagem. Dando o exemplo da Rochelle, que aconteceu no meio da novela.

“Cada papel representou uma fase da minha vida, teve sua importância na construção da atriz e da mulher que sou hoje”


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Tem que estar sempre disponível para ir aonde o autor quiser levar a história ao longo da novela. No cinema, além de o processo ser mais curto, é uma pauleira de dois, três meses filmando 12 horas por dia. É intenso, mas é um período mais curto e tem ali uma obra fechada, você já sabe a curva que o personagem vai percorrer. Como você vê a atual produção cinematográfica no Brasil? Acho que o Brasil tem um potencial gigantesco não só com atores, mas direção, luz e produção. É uma referência para o mundo. Falta, às vezes, incentivo na cultura, política, mas acredito que agora, pós-pandemia, a gente esteja em um momento bom de ascensão, onde o cinema voltou com tudo. O audiovisual no Brasil deixou de ser reconhecido apenas como novela e acho que já expandiu barreiras. Estamos em uma fase muito próspera. Os streamings estão mudando a forma como se produz no Brasil e no mundo. Como você enxerga esse fenômeno? O streaming dá a oportunidade de levar os trabalhos do Brasil para o mundo inteiro. E você não precisa esperar acabar como uma novela, que precisava acabar para vender para outro país. No cinema, no caso da Amazon, Netflix, assim que ele é lançado é compartilhado em tempo real para todo o mundo, e isso facilita a todos conhecerem aquele projeto de uma vez só. O streaming é um grande amplificador do nosso trabalho. Como você se vê daqui a dez anos? Eu terei 40 anos, me imagino já com meus filhos, minha família formada, estruturada, mas me vejo muito na minha profissão. Existem tantas atrizes que foram para seus auges com 40 anos. Eu me espelho nelas. É uma década onde se tem oportunidades de

personagens que eu não tenho agora, mas que são fortíssimos e importantes. Me vejo nos cinemas, nos streamings e respirando minha profissão, que é o que mais amo fazer. Sou geminiana, não gosto de colocar tantos planos concretos em alvo, porque não gosto de me decepcionar. Gosto de deixar o fluxo em aberto para o que a vida me entregar. Mas é assim que me imagino. Como é a sua relação com o seu corpo e sua beleza? Há algo que você gostaria de mudar, ou já mudou, em você? Assim como outras coisas na vida, a maturidade ajuda ter a calma, a paciência e a tranquilidade de entender o fluxo das coisas. Mais jovem já fui aquela pessoa preocupada: “Preciso emagrecer ou engordar até semana que vem por causa da personagem...” Hoje faço tudo com mais calma. Cuido do meu corpo não só por ele, mas para a minha saúde mental, pela adrenalina, para o meu dia render e não só pelo resultado. Isso é a maior diferença que sinto da época em que era mais jovem e agora. Quando era mais jovem, fazia as atividades pensando no resultado e, hoje em dia, penso na consequência. Criei este hábito. Não consigo ficar muito tempo sem me exercitar. Melhoraria alguma coisa, mas não é algo que me incomode. Olho no espelho e fico feliz com o que vejo. Pode nos contar quais são seus próximos projetos? Tem O Lado Bom de Ser Traída para o segundo semestre na Netflix. Estou muito ansiosa e tenho certeza de que o público vai se surpreender. Começo a rodar um filme agora, em agosto, mas não posso dar muitos detalhes. Mas é outro trabalho bastante diferente de tudo que eu já fiz. É um gênero que gosto muito, que é a comédia, e que eu não tinha tido oportunidade de me aprofundar. Quando eu puder, conto mais.

“Olho no espelho e fico feliz com o que vejo”

Assistente de beleza Leila Costa

Assistente de styling Mônica Garcia


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LETICIA SPILLER COMPLETA 50 ANOS CHEIA DE PROJETOS. NA SEGUNDA TEMPORADA DA SÉRIE CIDADE INVISÍVEL, INTERPRETA MATINTA PERÊ, PERSONAGEM DA MITOLOGIA BRASILEIRA Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Vanessa Sena Styling Paulo Zelenka 5 min

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Leticia Spiller foi a paquita Pituxa Pastel, no Xou da Xuxa, com apenas 16 anos. Interpretou uma das personagens mais icônicas da telenovela brasileira, a Babalu, de Quatro por Quatro, e tornou-se umas das atrizes brasileiras mais reconhecidas desde que iniciou sua trajetória. Na Rede Globo, atuou em O Rei do Gado, Zazá, Suave Veneno – onde viveu a inesquecível vilã Maria Regina –, Senhora do Destino e O Sétimo Guardião, entre muitos outros. Com Marcello Novaes, seu par romântico em Quatro por Quatro, teve Pedro Novaes, também ator. Do namoro com o diretor Lucas Loureiro, nasceu Stella, em 2011. Feliz e realizada aos 50 anos, Leticia é casada com o músico uruguaio Pablo Vares. Nesta entrevista, ela fala sobre fama, carreira, maternidade e novos projetos.

Em seguida, você estourou como Babalu, uma das personagens mais icônicas da televisão brasileira. A fama mexeu muito com você? Como você lidou com o sucesso? Com as Paquitas, eu já tinha experimentado a fama de uma forma intensa. E ainda pude ver a Xuxa lidando de forma humilde com toda a fama dela, com a dimensão daquilo tudo. Quando veio a Babalu, eu já estava mais madura, tinha certeza de que queria viver de arte. E ali eu estava realizando um trabalho, que foi uma grande oportunidade. Eu pensava na fama como algo que iria possibilitar mais trabalhos. Como eu digo num poema que escrevi: “Sucesso é mais uma palavra inventada, ambígua, vocação está além de qualquer coisa pré-estabelecida”. Tinha uma visão diferente.

Você começou muito nova como paquita no Xou da Xuxa. Hoje, muitos anos depois, como você avalia aquele momento da sua vida? Tenho muitas lembranças boas. Foi ali que eu aprendi o que era ser uma profissional, lidar com responsabilidades de um trabalho. Eu queria trabalhar para ganhar o meu dinheiro e fazer teatro. Eu conciliava o trabalho como paquita com a escola e o teatro. Foi um período de muito aprendizado.

Você está na 2ª temporada de Cidade Invisível. Uma trama que mistura suspense com folclore. Como é a experiência de interpretar a Matinta Perê, uma personagem tão emblemática da mitologia brasileira? Esse é um trabalho muito especial para mim. Desde que eu soube da possibilidade de viver esta personagem, ou melhor, este mito, esta deusa, senti que estava unindo minha vocação com meu propósito de vida. A luta pelo meio ambiente é uma luta de todos nós, uma responsabilidade nossa. Matinta é o mito que faz a comunicação entre o material e o espiritual. Ela é uma força ancestral que está presente em tudo. Uma responsabilidade enorme vivê-la! Fiquei orgulhosa demais de estar nesse projeto, com aquele time de feras. Pude experimentar no audiovisual essa liberdade da criação artística que eu tanto amo.

Como foi trabalhar com a Xuxa? O sonho de qualquer adolescente da época! Xuxa tem uma luz, uma coisa que é dela. Eu tenho essa lembrança de vê-la pela primeira vez no set e tinha uma luz em cima dela. Ela se preocupava com a gente. E era uma turma de adolescentes reunidos, então, nos divertíamos também.

“Amo ficar no meu sítio, em contato com a natureza, conectada com essa energia divina”


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Vestido Apartamento 03


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Camisa Carlota Costa Calça Silvia Antunes


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Você está casada há alguns anos com o músico uruguaio Pablo Vares. Como define esse momento da sua vida? Eu estou feliz! Vivo um momento bem pleno na minha vida, de viver o presente e o que ele tem para me oferecer, sem querer acelerar os acontecimentos. Pablo é um grande parceiro, um grande encontro de vida. Esse ano você completou 50 anos. Como enxerga a questão do etarismo no Brasil? Acredito que estamos falando cada vez mais sobre esse tema. Ao mesmo tempo, eu vejo mulheres de 50, 60, 70, 80, 90 tão inspiradoras. É lindo olhar para a beleza da vida e não de um momento. Vejo cada vez mais mulheres mostrando isso e me sinto pertencente também. Estou com 50 anos e vejo tantas possibilidades pela frente. E sem aquela ansiedade dos 20. Qual é a diferença entre a Leticia de 25 e a de 50 anos? A Leticia de 25 queria ainda conquistar muitas coisas, se firmar artisticamente. Ao mesmo tempo, eu lembro que na casa dos 20 eu achava que não conseguiria fazer mais de uma coisa. Aos 40, eu estava fazendo novela, filme e teatro no mesmo período. Vamos nos conhecendo mais. Hoje, aos 50, estou indo para o meu quinto projeto em menos de dois anos. E sou verdadeiramente apaixonada pelo que faço. Sou muito grata e realizada por trabalhar com arte. O que você diria hoje para a Leticia que interpretou a Babalu? Siga sua intuição e vai em frente, porque lá na frente, não teremos arrependimentos. Tenho essa alegria de ter feito tudo o que eu quis, como eu quis. E é um privilégio mesmo olhar para trás e ter esse sentimento de gratidão.

Nessa trajetória toda, há algum momento mais marcante, um filme, novela, peça ou série que ocupa um lugar especial no seu coração? Todos os trabalhos são importantes, mas destaco alguns: a Babalu, porque foi a primeira personagem em novelas que me deu notoriedade e reconhecimento do público; o espetáculo O Falcão e o Imperador, que eu produzi e foi especial demais. Tive que fazer escolhas difíceis na época. O filme O Casamento de Gorete, minha primeira produção para longa-metragem e que eu amei contar aquela história. Vou acrescentar agora a Matinta de Cidade Invisível 2, porque ela me deu a possibilidade de criar novas asas no audiovisual. E tem trabalhos novos que sinto que também marcarão. Como você vê o momento em que a classe artística brasileira se encontra hoje? Hoje eu acho que estamos melhor do que vivemos nos últimos anos, porque estamos falando sobre política voltada para as artes e a cultura. Ela não está sendo ignorada. De todo modo, não se recupera anos em dias. A classe artística está sempre se reinventando, porque somos essa força. Quero ver todos os meus amigos com oportunidades e trabalhando. Isso ainda não é uma realidade. O mercado está mudando, estamos descobrindo esse novo momento. Mas eu sou otimista. Sempre espero pelo melhor. Se pudesse escolher apenas mais uma personagem para interpretar na vida, qual seria? Certamente seria uma personagem de Shakespeare. Mas é uma pergunta difícil, porque eu quero ainda fazer muitos papéis. Como é a sua preparação: você tem algum ritual, mania ou hábito recorrente que te ajuda a entrar na personagem?

“A luta pelo meio ambiente é uma luta de todos nós, uma responsabilidade nossa”


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Eu gosto do processo, da criação, da troca com os meus colegas. Isso tudo vai alimentando a minha composição de personagem. E busco sempre estar concentrada, focada no que aquela personagem está dizendo, a mensagem que ela traz. Tenho meus rituais diários de meditação, oração, ritos tibetanos e respiração. Você tem filhos em idades bem diferentes. Acha que é uma mãe diferente para cada um? Acredito que sim. O amor é gigante e igual, mas as relações são únicas, assim como cada filho. Eu amo ser mãe, busco ser presente e atuante na vida deles. Mas tem momentos que um exige uma atenção em determinada área, um foco… Pedro já é um homem, mas eu sou a mãe dele e sigo por perto. Stella tem uma mãe mais experiente, numa outra fase da vida. O que é igual é o amor. Tem vontade de ser mãe novamente? Como você acha que seria a Leticia mãe aos 50? Às vezes, sinto esse desejo. Na pandemia, eu fiquei grávida, mas perdi. Não descarto adotar no futuro, quem sabe. Mas hoje, nesse momento, eu me sinto muito realizada com a maternidade. Pode nos contar se tem algum novo projeto em andamento? Quais são os próximos passos da sua carreira? Tenho sim. Fiz uma série chamada Veronika para o Globoplay. Fiz uma série

para o Star+; A História Delas. E tem um filme para estrear: Inexplicável. E outros trabalhos que quero produzir. Muitos trabalhos, graças a Deus. Estou numa fase profissional feliz. Com quem você adoraria dividir o palco ou o set de filmagens? Aqueles que a vida quiser me presentear! Ah, eu sou tão feliz nas parcerias. Tive o privilégio de trabalhar com os grandes nomes da atuação. E que se tornaram amigos queridos. Mas eu amo conhecer novos artistas também, novos colegas. Essa troca engrandece demais artisticamente e pessoalmente. Quais são seus hobbies e outros interesses para além do trabalho? Amo ficar no meu sítio, em contato com a natureza, conectada com essa energia divina. Adoro passeios em família, estar em família e viajar para conhecer novas culturas. Dançar! Também gosto de escrever poesias, inclusive, lancei um livro de poesias e quero relançá-lo. Que conselho você daria para uma menina que está começando hoje na carreira de atriz? Estude, leve a sério e respeite essa profissão. Você vai trabalhar muito, receberá “nãos”, mas, se essa for a sua vocação, não desistirá. Obstáculos existem para serem ultrapassados.

“Hoje, aos 50, estou indo para o meu quinto projeto em menos de dois anos. E sou verdadeiramente apaixonada pelo que faço”


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LUIZA POSSI JÁ TEM MAIS DE 20 ANOS DE ESTRADA, CONSTRUIU UMA CARREIRA COM MUITOS SUCESSOS E É UMA DAS PRECURSORAS DA UNIÃO DO POP COM A MPB NO BRASIL Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Paul Kardous Styling Matteus Brunette 5 min

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Luiza Possi traz o talento no DNA. Filha de Zizi Possi, uma das maiores cantoras da MPB, e do produtor musical e diretor artístico Liber Gadelha, a cantora foi revelada ao público quando, em 1999, subiu ao palco do Credicard Hall para abrir o show do Skank. Cantou O Vento, do Jota Quest, para um público de 12 mil pessoas, acompanhada apenas por um piano. Mas sua estreia na música foi em 2002, quando lançou o álbum Eu Sou Assim que, de cara, já emplacou o hit Dias Assim, canção tema da novela Mulheres Apaixonadas, da TV Globo. Dois anos depois, a cantora voltou com outro grande sucesso: Tudo Que Há de Bom, faixa do disco Pro Mundo Levar. Versátil, Luiza já atuou na TV, quando apresentou o programa Jovens Tardes e participou dos realities musicais Ídolos e The Voice Brasil. Também foi uma das finalistas do quadro Show dos Famosos, do Domingão do Faustão. No teatro, fez sua estreia como atriz no musical Divas, que ficou em cartaz em São Paulo em 2016. Atualmente Luiza Possi transita entre o pop e a MPB, estilo do qual foi uma das precursoras. Nesta entrevista, a cantora fala sobre família, sobre seu novo álbum, Luiza Pop, e os outros projetos que já estão saindo do forno. Você começou a carreira há mais de 20 anos. Poderia nos contar um pouco sobre como foi o início? O começo foi mágico. Eu fiquei dois anos em estúdio porque não sabia exatamente que tipo de música queria gravar com 16 anos. Mas assim que a primeira música saiu, que foi Dias Iguais, fiquei em primeiro lugar no Brasil todo durante dez meses. E fui vencedora do Prêmio Multishow na categoria Revelação Solo. Aí veio Eu Sou

Assim, que já entrou na novela e ficou em primeiro lugar de novo. Depois lancei o segundo álbum com Tudo Que Há de Bom, que é uma música que eu amo demais. Foi um começo muito meteórico, a ponto de eu, muito inocente, com 18 anos, achar que minha vida ia ser pra sempre aquele mar de rosas. Mas claro que não é assim, todo mundo tem altos e baixos. E depois escolhi outro caminho, da MPB, que é um caminho muito mais plano. Hoje a sua relação com a música é a mesma do que era no começo? O que mudou? É a mesma relação de amor e dependência, com certeza. Me sinto uma dependente da música. E por mais que eu tenha empresas, que faça outras coisas, que tenha uma vida de influencer, é com a música que tenho uma relação de amor profundo. É onde eu me reconheço. O que mudou foram 13 álbuns. E três DVDs. Você começou na música influenciada pelos seus pais? Eles sempre te apoiaram? Eu comecei a música por mim mesma. Eu criava bandas, cantava em vários lugares e avisava os meus pais. Claro que eles tiveram uma influência genética sobre mim. Mas não a influência de me pegar pela mão. Só depois que me descobriram na televisão é que eu fui trabalhar com meu pai, o que foi maravilhoso para nossa relação de pai e filha. Você tem dois filhos. Eles já mostram interesse por música? Está no DNA da família? Eles mostram interesse, sim, está no DNA da família. O Mateu tem um ano e oito meses e canta para dormir, fica emocionado, é impressionante a relação dele com a música. O Luca gosta, mas é mais de “oba, oba”.

“Por mais que eu tenha empresas, que faça outras coisas, que tenha uma vida de influencer, é com a música que tenho uma relação de amor profundo”


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Roupa Moun Off Sapato Versace Colar Dior


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Você fez uma transição da música pop para a MPB? Ou acredita que o estilo segue o mesmo? Sempre estive entre o pop e a MPB. E acho legal que hoje tenham pessoas como Anavitória, Vitor Kley e Melim que pegaram esse segmento de MPB Pop ou Pop MPB. Mas sinto que fui uma das precursoras desse caminho. É o que eu sempre acreditei. Tem horas que estou mais MPB, mais canção. Tem horas que estou mais pop. Esse álbum é mais pop, mas eu sempre fiquei ali nessa intersecção. Houve uma música que foi o ponto de virada na sua carreira? Pode nos contar a história dela? Eu acredito que Escuta foi o ponto de virada na minha carreira. O álbum todo, né? Foi quando concorri ao Grammy. Escuta foi uma música que a Ana Carolina me deu e que acabou virando o nome do álbum. Porque realmente era o que eu queria que as pessoas fizessem comigo, que me escutassem. Foi o momento em que eu me tornei uma cantora adulta e não mais teen. A música A Gandaia das Ondas fez muito esse papel na minha vida. O Nelson Motta falou bem e as pessoas começaram a me respeitar, a me olhar de um jeito diferente. Nos últimos anos a forma de fazer, consumir e divulgar música passou por muitas transformações. Quais mudanças mais te surpreenderam? Acho que o streaming foi o que mais me surpreendeu, né? Eu peguei o vinil, tinha uma vitrola portátil que era supermoderna pra época, que ficava embaixo da minha cama. Passamos do vinil para a fita, depois pro CD e agora o streaming. As músicas estarem numa nuvem é muito surpreendente, é muito incrível. Eu gosto, acho mais prático.

Quais as conquistas que te trazem mais orgulho? Meu público é minha maior conquista. Saber que aonde eu vou tem pessoas pra me ouvir, é maravilhoso. É minha maior vitória, o que me traz mais orgulho, é o meu maior patrimônio. Como é o seu processo antes de subir ao palco? Você tem uma rotina, métodos, manias? Eu me aqueço vocalmente. Faço meus aquecimentos com a Dra. Blacy Gulfier, que é minha médica há mais de oito anos. Sem ela eu não vivo. E tento colocar a vibração lá em cima, ouço música alta, dou risada, estou sempre cercada das pessoas que eu realmente escolhi para estarem na minha vida profissional. São pessoas que eu amo. Essa é a minha maior mania antes de entrar no palco. O que te traz paz e serenidade? Onde você encontra equilíbrio? Equilíbrio ainda não encontrei. O que me traz paz e serenidade são meus filhos, com certeza. É uma loucura. Todos choram, todos gritam, todos fazem tudo ao mesmo tempo, mas é a maior delícia que eu podia ter na minha vida. É a maior paz do mundo. Saber que tem essas duas coisinhas pra mim, que eu coloquei eles no mundo. Hoje mesmo eu precisei ir ao médico, o Luca falou: “Eu vou com você, vou cuidar de você, vou te dar a mão”. Ele tem 4 anos. Do que você tem medo? E como lida com isso? Eu tenho medo de não ter relevância. Acho que esse é o maior medo da humanidade, né? Porque é tudo tão efêmero, é tudo tão fugaz. Quando veio a pandemia, pensei: “Será que as pessoas vão voltar a ir aos meus shows? Será que ainda vai

“Minha relação com as redes sociais é incrível. Porque hoje eu virei uma novela, cada um de nós virou uma novela”


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existir isso?” E como eu lido com esse medo? Eu medito muito e vou vivendo com medo mesmo. Quais são as suas maiores inspirações na música? As minhas maiores inspirações na música ultimamente são melódicas e rítmicas. Eu gosto muito de reggaeton, procuro fazer uma MPB baseada num reggaeton, que é um ritmo muito presente nesse meu álbum Luiza Pop. Das pessoas com as quais já trabalhou até hoje, com quem mais aprendeu? Como foi? Acho que com o DJ Golec, com certeza. Eu sou apaixonada por ele. Ele fez o meu álbum e aprendi muito, aprendi a produzir em casa, aprendi a produzir com poucos elementos, com poucos instrumentos, com quase nada. Eu aprendi muito com ele e com o Mafalda. Da nova geração, quem são os artistas que mais te surpreenderam? A Gloria Groove e a Anitta, que é um fenômeno. E eu posso levantar a bandeira do “eu já sabia”. Sempre acreditei demais que a Anitta ia chegar aonde chegou. Sempre acreditei demais nisso e tenho muito orgulho dela. Como é a sua relação com as redes sociais? Minha relação com as redes sociais é incrível. Porque hoje eu virei uma novela,

cada um de nós virou uma novela. As pessoas me cobram: “Ah, você não postou hoje. Poxa, fiquei esperando. Você só postou até à tarde, não postou o passeio da noite…” É uma loucura, porque as pessoas não precisam mais de um programa de TV pra te ver. Elas te consomem, consomem sua vida, consomem sua relação com seus filhos, consomem você, é uma loucura. Mas é uma loucura boa, porque é um canal muito direto. Acho que a gente sempre quis um canal direto, eu adoro isso. Pode nos contar quais são seus próximos projetos? Estou lançando o Luiza Pop, álbum que tem feats com Gaab, com Elana Dara, com Lulu Santos, com Grag Queen e Wanessa Camargo. É um álbum só de feats. E agora vai vir o meu DVD de 20 anos de carreira que a gente gravou ao vivo em São Paulo. Depois vou fazer um álbum só de regravações com outras roupagens com o DJ Lucas Borchardt, vai ser bem incrível. Estou cheia de planos. Também estou lançando minha linha de cosméticos Beudose e estou me associando a uma franquia de carnes. O que ainda sonha em realizar? Ah, tudo, né? Sonho em ser feliz, em ver o público cantando minhas músicas, em fazer cada vez mais shows. Estou me tornando uma empresária, então também é uma coisa que eu sonho muito que prospere.

“Meu público é minha maior conquista. Saber que aonde eu vou tem pessoas pra me ouvir, é maravilhoso”

Assessoria de imprensa Access Mídia


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M MARCELA MC GOWAN, MÉDICA E INFLUENCIADORA DIGITAL, AJUDA MILHARES DE MULHERES A DESCOBRIR A MELHOR FORMA DE LIDAR COM A SUA SEXUALIDADE Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura

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Marcela Mc Gowan é médica, com especialização em Ginecologia, apresentadora, influenciadora digital e empresária. Nasceu na cidade de Rancharia (SP), em 1988, e ficou famosa em todo o Brasil em 2020, quando integrou o elenco do Big Brother Brasil 20, da Rede Globo. Com um discurso feminista, logo ganhou milhares de fãs. Hoje, além de contabilizar quase 6 milhões de seguidores no seu perfil do Instagram, ainda administra a loja online Magix, que vende sex toys, e o Magix Café Bar, um espaço temático na Vila Madalena, em São Paulo. Nas redes sociais, Marcela compartilha conteúdo sobre saúde e sexualidade feminina e mostra um pouco da sua rotina com a cantora sertaneja Luiza Martins, com quem sonha em casar e ter filhos. Você sempre sonhou em ser médica? Como foi a decisão de cursar medicina e como foram seus anos na universidade? Desde que me entendo por gente, falava em ser médica. Queria cuidar de pessoas, era apaixonada por séries tipo Plantão Médico. Existiram momentos na minha vida em que pensei em ir para outros caminhos. Sempre gostei muito de comunicação, de moda e de jornalismo. Mas a medicina me pegava, sabe? Fiz medicina no interior, em Presidente Prudente, e é uma história legal, porque na época eu tinha acabado de terminar o terceiro colegial e fui ser modelo nos Estados Unidos. Eu trabalhava lá e tive que vir para o Brasil por uns dois meses para esperar meu visto. Aí, minha mãe foi comendo pelas beiradas: “Por que que você não faz umas aulas de cursinho? Faz a prova pra você ver como é o vestibular”. Fiz e passei. E ela: “Faz umas aulinhas pra ver como que é”. Resultado: me apaixonei, nunca mais

voltei pros Estados Unidos e foram anos muito incríveis. Eu tenho memórias muito boas da faculdade. É uma faculdade intensa, de muito aprendizado, de muito crescimento e eu me diverti muito também. E a escolha em se especializar em ginecologia e obstetrícia, como foi? Eu iniciei querendo ser pediatra, depois querendo ser psiquiatra. Aí, entendi que eu gostava muito da parte de cirurgia, mas também gostava muito do consultório. Então, quando escolhi gineco, foi porque era uma área que conciliava isso. Foi uma decisão bem prática, mas, assim que comecei, fui me apaixonando, principalmente pela parte de obstetrícia, pelos partos, por tudo aquilo que envolve aquele momento tão único e especial. A ginecologia foi a grande responsável por abrir minha cabeça em relação a muitos temas na vida. Muitas lésbicas, mulheres bissexuais e trans reclamam da falta de empatia e conexão nos consultórios ginecológicos, chegando a evitar consultas por ter dificuldades para falar sobre a sua sexualidade. Por que você acha que isso acontece ainda? As faculdades não preparam os alunos para atendimento de diversidade. Hoje, eu acho que deu uma pequena melhorada, mas na minha época não havia aulas sobre diversidade, para entender orientação sexual, questões de gênero. Então, os médicos chegam ao consultório sem conhecimento. Muitas vezes com visões muito equivocadas. Então, infelizmente, isso acontece muito. As pessoas se afastam dos atendimentos, têm menos assistência médica, justamente por medo de sofrer algum tipo de preconceito. Eu diria que as universidades precisam incluir isso

“Existem muitos profissionais que dão recomendações errôneas para mulheres que se relacionam com outras mulheres”


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na grade. É urgente que a gente discuta essas temáticas na universidade. E, quem não teve essa oportunidade na faculdade, que se letre, que estude. O mundo é cada vez mais diverso e a gente precisa aprender não só a parte técnica. Existem muitos profissionais que dão recomendações errôneas para mulheres que se relacionam com outras mulheres. Precisamos aprender também sobre empatia, acolhimento, sobre como transformar a jornada dessas pessoas dentro do ambiente médico. Afinal, esse é o nosso compromisso, né? O compromisso com os seres humanos, com a saúde e bem-estar das pessoas. Como surgiu a ideia de abrir uma loja de produtos focados no prazer feminino? Foi no momento em que eu tive o entendimento de que promovia muitas ferramentas para as pessoas através das redes. Já tinha o livro, já tinha feito curso online, eu estava ali tentando fornecer ferramentas para as mulheres, principalmente, se libertarem sexualmente. Só que eu não tinha muitas coisas físicas, era muito mais no âmbito das ideias, das conversas. Eu queria materializar essas ferramentas. Sempre fui uma grande apaixonada por sex toys e pensei: “Pô, tem tudo a ver comigo, tenho autoridade no assunto, sou uma pessoa que estuda sexualidade, quero que as mulheres entendam esses temas que são tabu de maneira mais leve e mais fluida”. E aí surgiu a Magix, que hoje é o meu xodó. Você acha que a masturbação feminina ainda é um assunto tabu? Eu acho que sim, mas temos alguns avanços. Pelo menos é discutido, né? E as redes sociais têm essa vantagem de fazer

com que as pessoas falem sobre assuntos que, fora das redes, não têm espaço para conversar. A masturbação feminina desde sempre foi condenada e vista como algo errado, sujo, pecaminoso. E as mulheres têm essa ideia até hoje, tem muita resistência em se tocar, em conhecer o seu próprio corpo. Eu acho que podemos promover a mudança nas próximas gerações a partir da educação sexual. Você é uma feminista assumida. Como vê a falta de compreensão do assunto por grande parte da população? Não faria nenhum sentido se eu, como mulher que luta e acredita em tudo que acredito, não apoiasse o movimento feminista, que é um movimento pela igualdade, né? Na verdade, por equidade de gênero. É um movimento para que a gente se liberte das amarras que o patriarcado impõe. Mas parte da população não entende o que é feminismo e se afasta. Até porque essa é uma estratégia da nossa sociedade machista, de colocar o movimento num lugar onde só “mulheres ruins” pertencem. Todos nós, como sociedade, deveríamos abraçar o feminismo, porque é um movimento para mudar estruturas que estão enraizadas há muito tempo e que são muito prejudiciais. Há coisas extremas, como as altas taxas de feminicídio do nosso país. É urgente falar mais sobre isso. Eu sempre tento trazer esse discurso para o meu dia a dia, mesmo que não fale literalmente a palavra feminismo, porque muitas mulheres concordam com as ideias, mas têm medo da terminologia. Você sempre teve o sonho de participar de um BBB? Como foi a sua entrada na casa? Eu já tive o sonho de participar do BBB,

“Não faria nenhum sentido se eu, como mulher que luta e acredita em tudo que acredito, não apoiasse o movimento feminista, que é um movimento pela igualdade”


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era algo que eu achava incrível. A minha entrada na casa foi um momento muito mágico e importante pra mim, que coincidiu com um momento da minha vida de muita busca por liberdade, de me livrar de algumas coisas que me prendiam, de buscar ser cada vez mais eu. E o período em que esteve lá, foi difícil pra você? Como você avalia os prós e os contras de ter participado? Não foi difícil estar lá, foi muito legal, muito positivo. Tem alguns momentos de estresse, momentos complexos, mas no geral a experiência dentro é maravilhosa. Eu acho que o que acaba pegando mais é como você lida aqui fora. O que você precisa encarar depois, com as redes sociais, é o mais impactante. Eu vejo muito mais prós do que contras em ter participado. Me deu a vivência daquela experiência surreal, me levou a lugares que talvez eu não tivesse chegado se não tivesse acesso a essa visibilidade do programa. Sobre os contras, eu acho que o que faltou ali foi um pouco de preparo para entender como é a internet, o que é um hater. Como é a sua rotina como médica? Atende em consultório, trabalha em hospitais? Eu não exerço mais nos consultórios e hospitais. Quando saí do Big Brother, a gente

estava no meio da pandemia e eu acabei caminhando para o lado de comunicação. Fui escrever o livro, fui trabalhar nas redes sociais e entendi que isso era uma ferramenta muito potente de usar a medicina. Que conselhos você dá para as mulheres que estão iniciando sua vida sexual agora? São dois grandes conselhos. O primeiro é: se conheça. Conheça o seu corpo através da masturbação. Saiba como se dar prazer para poder orientar uma pessoa a te dar prazer. A coisa mais poderosa que você pode fazer pela sua sexualidade é conhecer o seu corpo, seus limites, o que você gosta e o que não gosta. E o segundo é: fuja dos scripts sexuais. Esqueça o que te falaram sobre o que você tem que fazer na cama. Cada pessoa é uma pessoa. Existe um universo de possibilidades dentro de você, então explore esse universo. Como você se imagina daqui a dez anos? Daqui a dez anos eu me vejo liderando uma empresa muito maior do que está hoje, alcançando muito mais lugares, promovendo transformações reais na sexualidade de cada vez mais pessoas. Eu espero estar casada com a minha mulher, que é o grande amor da minha vida, vivendo a experiência de ser mãe junto com a Lu.

“A coisa mais poderosa que você pode fazer pela sua sexualidade é conhecer o seu corpo, seus limites, o que você gosta e o que não gosta”

Assessoria de imprensa Caldi


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N NATALIA BEAUTY VEM REVOLUCIONANDO O MERCADO BRASILEIRO COM SEUS PROCEDIMENTOS VISIONÁRIOS, PRODUTOS INOVADORES E PELA FORMA ÚNICA DE EMPREENDER NO MERCADO DA BELEZA Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Ernesto Campagna Styling Ale Monteiro 5 min


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Vestido Samuel Cirnansck Brinco Lázara Design


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Natalia Martins é fundadora do Natalia Beauty Group, composto por clínica, filiados, universidade, shop, unidades próprias, franquias e instituto. Presente na Argentina, Austrália, China, Colômbia, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, Itália, Japão, Portugal e Suíça, o grupo, que tem mais de 100 colaboradores diretos e 200 indiretos, está em plena expansão no Oriente Médio. A expectativa é ter 600 unidades espalhadas pelo mundo nos próximos três anos. Suas clínicas já realizaram milhares de atendimentos, a universidade formou incontáveis profissionais, seus produtos são vendidos de forma global e o instituto capacita mulheres em vulnerabilidade social, além de outras ações sociais, como, por exemplo, a distribuição de próteses de aréolas para as mulheres que tiveram câncer de mama. Natalia também é sucesso no mercado digital. Seu perfil no Instagram tem mais de 10 milhões de seguidores, onde ela compartilha sua rotina, dicas de empreendedorismo, cuidados de beleza e traz mensagens motivacionais, inspiradas na sua própria trajetória. Uma carreira que começou por necessidade – em 2016 se divorciou, voltou para a casa dos pais com uma filha pequena e muitas dívidas – e culminou no império que ela lidera hoje. Você começou em 2017, período em que estava separada, com dívidas e uma filha pequena. Hoje é uma das maiores empresárias do setor de beleza do Brasil. Pode nos contar como foi essa trajetória meteórica? Eu me casei com 25 anos, me mudei para o interior de São Paulo e, em 2015, comecei a gerenciar uma clínica de estética. Na época, tinha uma colaboradora que fazia as sobrancelhas das clientes e de-

cidiu sair, deixando algumas mulheres à espera de retoque. Para não as deixar sem o retorno, fiz um curso na área e atendi todos os retoques, com a intenção de, depois disso, retirar o serviço da clínica. Mas me apaixonei pela área e continuei atendendo. Mas toda a remuneração que recebia era destinada à clínica. Em 2016, eu me divorciei e voltei para a casa dos meus pais com minha filha, que na época tinha 2 anos, meu cachorro e com diversas dívidas. Como não tinha formação nenhuma, a única atividade que eu sabia fazer era sobrancelha e, então, comecei a atender na casa das clientes todos os dias. Eu trabalhava mais de 12 horas por dia e, como sou muito visionária e tenho garra de vencer, resolvi apostar tudo o que tinha. Abri meu próprio espaço de micropigmentação em uma sala de apenas 30 metros quadrados nos Jardins, além de alugar meu primeiro apartamento, onde viveríamos somente eu, minha filha e meu cachorro. O dinheiro que ganhei em seis meses de trabalho foi usado para montar a Casa Rosa, na Avenida Rebouças, que é a matriz com mais de 1.000 metros quadrados, onde ficam a clínica e a universidade. A que você atribui tanto sucesso? Acredito que revolucionei o mercado da beleza por causa dos meus procedimentos visionários, das técnicas inovadoras e composições naturais e minimalistas, dos produtos diferenciados e pela forma única de empreender de forma disruptiva, com muita espontaneidade e determinação. Em que momento você percebeu que poderia chegar muito longe? Quando percebi que a micropigmentação de sobrancelhas estava padronizando as mulheres e que cada uma tinha suas pró-

“Sempre fui espontânea e transparente, e sempre digo que o perfeito atrai, mas somente o imperfeito conecta”


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prias características que poderiam ser potencializadas de forma natural. Foi aí que percebi que tinha um oceano imenso de oportunidades para navegar. Na contramão das tendências da época, que exaltavam sobrancelhas mais marcadas, eu criei minha própria técnica de nanopigmentação: a Flow Brows, onde a proposta é exaltar a beleza natural das sobrancelhas com linhas desenhadas fio a fio, uma a uma, utilizando pigmentos orgânicos. O resultado é sobrancelhas naturalmente desenhadas, com fios mais comportados ou selvagens, volumosos ou alinhados. Você revelou que cobra R$ 8 mil por hora e tem lista de espera. Que resultados você oferece que ninguém mais oferece no Brasil? Além da técnica exclusiva Flow Brows, que une tratamento e reconstrução das sobrancelhas, tem o tempo que a cliente fica comigo (cerca de uma hora), em que conversamos sobre tudo: elas me pedem dicas de empreendedorismo, dividem suas dores comigo, pedem conselhos. É como se fosse uma mentoria individual, onde eu compartilho toda a minha experiência. Na pandemia, a NB University teve um crescimento enorme. Poderia nos contar como foi? Até o início da pandemia, nossos cursos eram somente presenciais. Com a chegada da pandemia, rapidamente transformamos todos os conteúdos dos cursos, inclusive as demonstrações em modelo, para o ambiente online. Isso fez com que conquistássemos alunos em qualquer lugar do mundo. A acessibilidade e a facilidade foram a chave da virada. Também comecei a fazer lives ensinando, gratuitamente, algumas técnicas exclusivas Natalia Beauty. Somente em uma live, tivemos

mais de 500 mil alunos. Foi um sucesso. Atualmente temos cursos online e presencial, não só das técnicas Flow Brows, Flow Up, Flow Design, Grow Up, Shine Face, Flow Lips, e todas as demais, mas também de gestão, marketing, branding, influência e até curso de formação para professores em qualquer área de atuação. Que planos você tem para a NB University? Quero tornar a NB University a primeira universidade de beleza do mundo. Um lugar onde todos os segmentos de beleza tenham cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação, com espaços para aulas teóricas e práticas. Uma estrutura disruptiva para fornecer fundamentos sólidos e proporcionar aos alunos um ambiente de ensino altamente envolvente, com cursos de esmaltação, nail art, cabelos, hair extension, pele, sobrancelha e muito mais. Você também vai lançar uma linha de produtos. Pode nos contar um pouco mais? Sim, vamos lançar produtos B2C e B2B, além de uma linha de produtos de skincare, mas ainda não posso contar mais detalhes. Porém, já adianto que serão produtos de altíssima qualidade e com resultados jamais vistos. Hoje, como é a sua rotina? Procuro acordar cedo, me exercitar, passar as manhãs com minhas duas filhas, Julia e Bela, e depois seguir para a clínica para os compromissos de uma agenda que a cada dia está mais caótica, mas que eu amo muito! Quem cuida da sua imagem e como você gerencia sua exposição na mídia e nas redes sociais? Eu tenho uma equipe de personal stylist,

“Não vejo o trabalho, o tempo pessoal e os momentos sociais como compartimentos separados”


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make e hair que cuida da minha imagem no dia a dia. Tenho uma agência de comunicação que está comigo desde o início, que elaborou uma estratégia de gestão em comunicação e exposição na mídia nacional e internacional, com posicionamentos específicos e seus respectivos horizontes (curto, médio e longo prazo). Já as minhas redes sociais são minhas melhores amigas e eu cuido delas com muito carinho. Foi graças a elas que consegui sair do fundo do poço e ter apoio emocional para seguir em frente. Sempre fui espontânea e transparente, e sempre digo que o perfeito atrai, mas somente o imperfeito conecta. E eu faço questão de manter essa conexão com meu público, dividindo com eles minha rotina, minhas vitórias, minhas dores, meus sonhos, minhas conquistas. É meu diário online e meus seguidores me acompanham e interagem comigo todos os dias. Onde você encontra equilíbrio? Integrando todos os aspectos da minha vida. Não vejo o trabalho, o tempo pessoal e os momentos sociais como compartimentos separados. Em vez de competir uns contra os outros, eles devem colaborar. E a remoção dessa parede imaginária libera muita tensão. Muitas vezes, abrir mão do controle é a chave para deixar as coisas se encaixarem por conta própria. Como você se vê daqui a dez anos? Escolho hoje os motivos certos para exis-

tir além do tempo. Quero ser lembrada na eternidade e, por isso, me vejo, nos próximos anos, mobilizando a sociedade, resgatando a autoestima e contribuindo para a transformação da vida das mulheres, fortalecendo a liderança feminina não apenas nos negócios, mas principalmente no desenvolvimento pessoal, colaborando para a geração de renda e benefícios psicossociais significativos e impactando positivamente a sociedade e o mundo. O que ainda sonha em realizar? Além de atender a Lady Gaga, quero muito levar meus projetos sociais de empoderamento feminino para os quatro cantos do mundo. Eu diria que é meu maior propósito, pois as mulheres precisam ser empoderadas, principalmente para ter independência financeira e, desta forma, ser donas de suas decisões e de suas ações. Quando iniciei o meu trabalho social com milhares de mulheres, não fazia ideia de como ele afetaria positivamente a vida de tantas pessoas. Só tive consciência da importância desse trabalho depois que comecei a receber, diariamente, mensagens com afirmações de “você mudou minha vida, salvou minha vida, me transformou, me fez realizar sonhos”. É uma experiência maravilhosa e tem sido um presente incrível do universo entender que o meu trabalho pode desempenhar um papel significativo na vida das pessoas.

“Além de atender a Lady Gaga, quero muito levar meus projetos sociais de empoderamento feminino para os quatro cantos do mundo”


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N NATHALIE MOELLHAUSEN, UMA DAS MAIORES ESGRIMISTAS DO MUNDO, NASCEU NA ITÁLIA MAS REPRESENTA O BRASIL DESDE 2014 Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Edu Hide Styling Lucio Fonseca 5 min

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Nathalie Moellhausen vive o ciclo da fênix, como ela mesmo define. Desde que foi eliminada no seu primeiro combate nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020 – momento em que pensou em não disputar mais os Jogos Olímpicos – terminou o casamento, trocou de técnico e iniciou uma nova fase em sua vida. Hoje, ela está em quarto lugar no ranking mundial de esgrima, treinando para as Olimpíadas de Paris e trabalhando no projeto Be the hero of yourself (seja seu próprio herói), em parceria com o muralista Kobra, que tem como objetivo inspirar e apoiar financeiramente as novas gerações do esporte. Nascida na Itália, Nathalie é filha do alemão Philippe Moellhausen e da estilista ítalo-brasileira Valeria Ferlini. Nos Jogos Pan-Americanos de 2015, conquistou a medalha de bronze. Nos Jogos Olímpicos de 2016, venceu três vezes e chegou às quartas de final, terminando entre as oito melhores da Olimpíada. Em 2019, conseguiu uma inédita medalha de ouro para o Brasil no Campeonato Mundial de Esgrima, na Hungria. Desde 2006, a esgrimista mora em Paris, cidade pela qual é apaixonada. Como a esgrima entrou na sua vida? Quando eu tinha 5 anos de idade. Eu nasci em Milão e, na Itália, a esgrima é um esporte muito popular. Foi o esporte que escolhi na escola simplesmente porque achei que era diferente do tênis e de outros esportes mais conhecidos. Achei interessante, mas não tinha muita consciência do que realmente poderia significar fazer esgrima. Como é a sua rotina de treinos? Depende dos períodos. Nesse momento específico, mudaram muitas coisas. Eu passei de uma rotina de treinos muito intensos para um treino mais de qualidade

e menos de quantidade. Mas estamos falando mais ou menos de três horas por dia, em média, e normalmente de segunda a sábado. Às vezes, também no domingo. Tem períodos em que posso relaxar mais e me dedicar mais ao resto das minhas atividades profissionais e pessoais. Quais são as suas expectativas para os Jogos Olímpicos de Paris? A coisa mais importante que a esgrima me ensinou é não ter expectativas. E a vida me ensinou que existe uma diferença entre expectativa e responsabilidade. Eu gosto de desafios e, pessoalmente, tenho esse sonho de uma medalha nos Jogos Olímpicos. Estou num ponto da minha carreira em que vivo a esgrima como uma arte, uma arte de combate, uma arte de viver, que está me servindo através das competições. Os meus objetivos são claros, mas aprendi a focar no momento presente e viver cada competição como uma experiência, uma performance, uma criação. Acho que a coisa mais importante é focar no dia a dia, que é o mesmo que a gente tem que fazer quando está na pista de esgrima, toque após toque, sem pensar em qual vai ser o resultado final. Recentemente você anunciou uma mudança de técnico. Como isso tem impactado no seu desempenho? Essa mudança teve um impacto forte na minha visão da esgrima. Ele me trouxe inspiração, inteligência no jogo e alma no combate. A esgrima não é um esporte onde se pode calcular, não é um esporte mensurável. A gente tem que trabalhar a preparação para que seja a mais perfeita possível. Mas é um combate, uma interação com outra pessoa. Então, tem que ter uma visão macroscópica para poder chegar aos detalhes. Esse novo técnico era assistente do meu técnico anterior, com

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quem eu treinei 15 anos, que foi quem me formou e com quem fui campeã mundial. Ele viu muitas experiências, mas reinterpretou com a ajuda de outros campeões franceses, que nesse momento dominam a esgrima no mundo. No meu time, agreguei o ​​Ulrich Robeiri, que é um campeão mundial da minha geração, tem muita experiência e é muito amigo do meu treinador. Juntos, estamos desenvolvendo todo um trabalho de pesquisa, de análise de vídeo, de correção dos erros. Mas, para mim, o que mais mudou é a inspiração, a tranquilidade, a serenidade e o desejo de me divertir naquilo que eu faço. Na vida, há momentos em que precisamos fazer mudanças, e essas mudanças demoram para trazer resultados. Depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, decidi mudar radicalmente e só um ano depois consegui o resultado que tenho hoje, o quarto lugar mundial. É possível que as Olimpíadas de 2024 sejam a última da qual você participa? Como se sente em relação a isso? Ninguém acredita quando eu falo que vai ser a minha última, porque na verdade eu sempre falo que é a última Olimpíada, desde a primeira que participei. O que eu sinto é que vai ser a minha última, e me sinto muito tranquila em relação a isso, porque consegui voltar a ser o número quatro mundial depois de tanto tempo. O que conta também é que estou treinando com o campeão mundial de boxe, que foi três vezes campeão mundial de boxe e kickboxing. Ele foi campeão com 40 anos e sempre me fala que, na vida, a coisa mais importante é saber durar no tempo. Então, eu quero que a minha carreira possa ser uma inspiração para as futuras gerações. Todos os métodos que eu apliquei

durante todos esses anos vão servir para as futuras gerações. Sua vida pessoal também passou por grandes mudanças. Como você define o momento que está vivendo hoje? As máscaras têm sido a minha temática, minha matéria artística. E, para definir, eu usaria a máscara da fênix. Consegui, pouco a pouco, no silêncio, voltar e renascer. Considero esse período como um período de liberação, de descobrir quem eu sou realmente. Mas os processos de libertação precisam de uma morte. É uma morte interna, uma morte emocional, uma morte espiritual. Essa é uma fase de renascer, mas isso só foi possível porque passei por um processo muito duro, muito profundo, onde fui obrigada a entrar dentro da minha máscara, me esconder para entender o que eu realmente queria. Como é viver em Paris? E por que escolheu morar na cidade? Eu moro em Paris desde 2006. É uma cidade que eu amo, eu vivi várias vidas aqui, várias situações. É uma cidade que oferece muito no plano cultural, é muito estimulante, é o lugar ideal pra viver, oferece muitas oportunidades. É aqui que eu quero realizar os meus projetos. Paris me deu muito, mas não posso dizer que foi fácil, porque não é uma cidade fácil. Como você vê o apoio e incentivo aos esportes no Brasil? Acho que o que tá faltando no Brasil é incentivo para a construção do sonho, para manter esse sonho e para o fechamento desse sonho. Dando um exemplo: uma atleta como eu resolve parar de fazer esporte – visto que aconteceu depois de Tóquio, em 2020 –, não tem um plano que

“A cozinha é um dos elementos que eu uso de inspiração para a esgrima, porque é uma arte que exige disciplina, a preparação dos detalhes”


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cubra o esforço feito durante anos. Acaba a carreira, acabou tudo, os apoios, os incentivos estatais, públicos, olímpicos. Do Comitê, então, isso não existe. Em muitos países, não é assim. Realmente seria bom que houvesse uma consciência sobre o que significa a realidade de um atleta que treina cinco, seis horas por dia, sobre o esforço físico e mental que é feito naquela atividade. E um jovem atleta, que não tem um apoio, só a ajuda da família? Se ele tem o sonho de ser um campeão mundial, um campeão olímpico? As possibilidades oferecidas para que ele possa se sustentar são mínimas. Chega uma hora em ele precisa buscar um trabalho que lhe dê bases sólidas e se perde no esporte. Praticar esgrima, em muitos países, é um trabalho que pode trazer muitos benefícios. Eu sou uma esgrimista italiana que escolheu o Brasil, mas muitos atletas escolhem o contrário: sair do Brasil por causa da falta de apoio. Pode nos contar um pouquinho sobre o projeto Be the hero of yourself? Be the hero of yourself, seja seu próprio herói, passa pela demonstração concreta daquilo que eu faço – a minha carreira, as minhas vitórias –, que é possível ser herói de si mesmo. Ser herói de si mesmo não é uma coisa fácil. Então, a minha ideia com esse projeto é trazer inspiração através de ações. Quais são seus hobbies e interesses fora do esporte? Dançar, cozinhar, viajar. Também gosto de tudo que está ligado com arte: cinema, espetáculo, teatro… A cozinha é um dos elementos que eu uso de inspiração para a esgrima, porque é uma arte que exige disciplina, a preparação dos detalhes. A

capacidade metódica que tem um chef é bem parecida com a que é necessária para quem pratica esgrima. Quem são seus ídolos no esporte? Tenho ídolos históricos, como o Muhammad Ali, pelo sentido de liberdade que ele conseguiu na expressão do seu talento, da generosidade, da sua missão social. Então, normalmente, os meus ídolos não são só ídolos porque ganharam, mas porque têm uma missão. Na esgrima, em específico, eu tenho uma ídola que é a Laura Flessel, que foi a maior esgrimista da história. Ela foi minha treinadora durante três anos, eu cheguei ao Rio de Janeiro com ela como treinadora, cresci ao lado dela. Ela me ensinou tudo, foi campeã olímpica, campeã mundial, é realmente uma instituição da esgrima. Ela é de Guadalupe, foi ministra do esporte na França, uma mulher que conseguiu não só ser uma grande esgrimista, mas marcou a história, sempre defendeu o direito das mulheres. Foi a primeira mulher preta a entrar na equipe da França. Ela é uma revolucionária. Também na esgrima, outro ídolo é o venezuelano Ruben Limardo, grande amigo meu. No tênis, sempre tive uma grande paixão pelo Nadal e pelo Federer. No futebol, o Cristiano Ronaldo. Acho que ele é um exemplo de grande profissional, que tem humildade e uma história de vida maravilhosa. Que conselhos você daria para quem sonha em participar de uma Olimpíada? A mensagem que eu quero passar é: sejam os heróis de vocês mesmos. Tudo é possível se nós acreditarmos em nós mesmos. Isso posso confirmar, comprovar que é real, porque eu provei na minha pele.

“A mensagem que eu quero passar é: sejam os heróis de vocês mesmos” Assistente de styling Raissa M. Joseph

Assessoria de imprensa Agência Priscila Monteiro


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PIXOTE, UMA DAS BANDAS DE PAGODE MAIS ICÔNICAS DO BRASIL, COMPLETA 30 ANOS DE ESTRADA Por Fernanda Ávila Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura

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Músicas como Insegurança, Nem de Graça e Manda um Sinal fazem parte do repertório de qualquer pagode que se preze. É só começar a tocar o refrão, que a galera toda canta junto, evocando as letras cheias de sentimento da banda Pixote, que celebra 30 anos de carreira. Entre as comemorações, está o lançamento do DVD ao vivo com participações de grandes artistas como Belo, Thiaguinho, Xanddy Harmonia e Péricles. Formada inicialmente por sete integrantes, os Pixotes agora são três: Douglas Fernando Monteiro, o Dodô (vocal); Thiago Carvalho Santana, o Thiaguinho (teclados); e Agnaldo Nascimento Apolinário, o Tiola Chocolate (tantan). Em 1993, ainda crianças mas já com a banda formada, o grupo participou de um festival de samba, onde acabou sendo descoberto pelo pessoal da gravadora Zimbabwe. Foram eles que sugeriram a mudança de nome do grupo para Pixote, que acabou pegando. O primeiro trabalho foi a participação na coletânea Pagode de Primeira. Em 1996, Pixote lançou o primeiro disco, Brilho de Cristal, que fez um grande sucesso. Entre os diversos shows que já fizeram, o mais marcante na opinião de Dodô, vocalista que nos concedeu esta entrevista, aconteceu no dia 1º de maio de 1997 no CERET-SP para um público de mais de 100 mil pessoas. Como foi o início da carreira musical de vocês? Eu já tinha influências dentro de casa, já cantava desde pequeno na igreja e gostava muito de pagode. Meu tio sempre

me levava no pagode, eu tinha 8 anos de idade, por aí, e já cantava várias canções. Quando estava na roda de samba, meu tio colocava o sobrinho pra cantar e eles ficavam impressionados. Quais são as principais influências musicais do Pixote? Acho que todos os grupos de pagode foram influenciados pelo Fundo de Quintal, né? E tem também Dona Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Almir Guineto, Jovelina Pérola Negra. Essas foram nossas influências pro pagode. Como vocês escolhem o repertório de cada show? Hoje, pra escolher, a gente faz um catálogo das músicas todas de sucesso do Pixote, que é muito difícil, né? Temos que sacrificar algumas canções pelo tempo do show, mas as escolhas primordiais são as canções que todo mundo já conhece. E nisso a gente coloca algumas músicas inéditas. Então, basicamente é isso, principalmente as canções de grande sucesso. Qual foi o show mais memorável que vocês já fizeram? O show mais memorável foi em 1997, no Dia do Trabalhador, 1º de maio. A gente ouviu a galera cantar Brilho de Cristal, tinha 100 mil pessoas, foi o primeiro show grande que a gente fez, foi maravilhoso. Então, esse foi um show que a gente não esquece nesses 30 anos de Pixote. Como é o processo de composição das músicas do grupo?

“Esse DVD foi especial, foram os 30 anos, ao vivo, depois de uma pandemia, com nossos convidados e o nosso público”


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A gente sempre recebe as canções, que são milhares de composições, né? São muitas coisas que a gente já escutou. E a gente escuta todo mundo. Acho que esse é o nosso principal valor, damos oportunidade para muita gente. Então, as composições já vêm prontas. Qual é a mensagem principal que vocês querem transmitir através das letras das músicas? O que prevaleceu na carreira do Pixote foi sempre falar de amor, né? Sempre digo que a letra diz tudo, principalmente para os homens, que têm poucas palavras para falar. Ele fala assim: “Ouve essa canção que tem tudo a ver com a gente”. Ali naquela letra já explica tudo o que ele quer falar. Então, acho que é isso aí que a gente passa para as pessoas. Nunca vamos parar de falar de amor. Como vocês se mantêm motivados e criativos depois de 30 anos de carreira? Ah, a motivação são os shows, né? Sempre cheios, a galera curtindo… E tem uma galera nova que agora está curtindo o nosso som. Então, essa é a nossa motivação: estamos nos renovando, fazendo coisas novas para que a galera continue curtindo o nosso show, o nosso som. Qual é a importância das redes sociais para a divulgação do trabalho do Pixote? As redes sociais são importantes demais, né? Porque assim que você lança uma canção, as pessoas já sabem, já ficam esperando. Você já deixa aquele gostinho pra galera poder curtir. Outra coisa é que elas também mostram os shows. Então, a internet veio dando esse suporte que antigamente não tinha. Pra você conhecer o grupo, tinha que

ir numa loja de discos. Você tinha que tocar no rádio para ficar conhecido. Qual é a relação do grupo com o público e como vocês mantêm essa relação forte? Nossa relação com o público é a melhor possível. Em todos os shows tentamos atender todo mundo que chega ao camarim, que chega perto da gente. E também tem essa coisa das redes sociais, de poder ver as opiniões deles. São eles que fortalecem a nossa carreira. Eles que estão ali curtindo e levando outras pessoas a curtirem também. Como vocês veem o estado atual do pagode no Brasil e no mundo? Eu acho que é um momento maravilhoso para o pagode com esses festivais sempre lotados, né? O Brasil inteiro está curtindo pagode e acho que tem espaço pra todo mundo. Eu acho que, nesse momento, a galera tá curtindo pagode no mundo. Os brasileiros estão levando para fora essa cultura. Qual é a opinião do Pixote sobre a presença feminina no cenário do pagode? A presença feminina no pagode é uma coisa maravilhosa. As meninas também têm vontade de cantar pagode e isso só influencia a ter mais talentos. Tem talentos escondidos que ficam com medo. Eu só desejo tudo de bom e que venham mais pagodeiras com grupos de pagode ou cantoras solos. Pra gente vai ser muito legal. Qual é a música mais popular do Pixote até hoje? A música mais popular do Pixote até hoje é Insegurança. Tem outras, né? Mas Insegurança eu acho que é a música que todo

“Estamos nos renovando, fazendo coisas novas para que a galera continue curtindo o nosso show, o nosso som”


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mundo conhece, todo mundo canta. Faz parte da nossa história de verdade. Como foi a experiência de gravar um DVD ao vivo? A experiência foi a melhor de todas. Esse DVD foi especial, foram os 30 anos, ao vivo, depois de uma pandemia, com nossos convidados e o nosso público. Então, foi a emoção à flor da pele, maravilhoso. Qual é a maior lição que vocês aprenderam como músicos até agora? A maior lição é que você tem que fazer um bom trabalho, levar uma boa música, respeitar o seu público. Tem que saber o que o público quer e o que temos a oferecer pra ele. Como vocês se preparam para os shows e qual é o clima nos bastidores? A nossa preparação é no camarim. Antes

a gente reza pra que tudo corra bem. O astral já lá em cima pra passar essa energia pra galera que está esperando lá fora. Qual é a próxima grande meta do Pixote? Uma meta que a gente quer alcançar é chegar a um Grammy. Vamos trabalhar pra isso, pra que a gente possa ter esse trofeuzinho na nossa estante. O que vocês gostariam de dizer para os fãs que acompanham o trabalho da banda desde o começo? Dizer pra galera que curte o Pixote desde o começo que elas são as pessoas mais importantes da nossa carreira. Desejar tudo de bom, desejar muita paz, muita saúde. Continuem curtindo Pixote e não parem de curtir “nem de graça”. Um beijo no coração de vocês. Obrigado por fazerem a gente chegar até aqui.

“A nossa preparação é no camarim. Antes a gente reza pra que tudo corra bem”

Assessoria de imprensa Access Mídia


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A sexualidade positiva O RITUAL DE AUTOCONHECIMENTO É IMPORTANTE PARA A SAÚDE SEXUAL E UMA MAIOR QUALIDADE DE VIDA


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Por Gabriela Amorim Fotos Divulgação

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O estímulo do autoconhecimento, a ligação com o próprio prazer, uma educação sexual erguida com diálogo e uma comunicação sem tabus: esses são alguns fatores que a sexualidade positiva está pautando nos últimos anos. O movimento tem entre as suas disseminadoras, a médica, empreendedora e influencer Marcela Mc Gowan e a sexóloga, escritora, podcaster, terapeuta tântrica e orgástica, Lua Menezes, que esclarece: “A sexualidade positiva surgiu recentemente diante da necessidade de as pessoas compreenderem uma sexualidade menos patologizante, ou seja, entender que várias práticas sexuais são saudáveis e que a gente não precisa achar uma sexualidade universal que funciona para todo mundo. Isso começou a trazer mais significados e sentidos positivos para a sexualidade com base em ciência”. A compreensão sobre o que excita ou não uma pessoa é construída com base nas crenças sobre o que é o sexo, e igualmente sobre seus desejos. E é nesse ponto que a sexualidade positiva quebra as barreiras de convicções e paradigmas de uma sociedade. Lua Menezes lembra ainda que a saúde sexual está totalmente relacionada à educação sexual, que vai muito além de métodos contraceptivos. “Uma educação saudável é uma educação que não foca apenas nas formas de prevenir gravidez indesejada, ou ficar falando só em Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), que são assuntos importantes, porém não os únicos. Uma educação sexual saudável é aquela que também ensina sobre o prazer, e ensina caminhos para que as pessoas descubram e sintam a vontade de explorar o próprio prazer”, explica. Com uma maior autonomia feminina para interpretar desejos, amplia-se o debate sobre saúde mental, tema urgente que passou a ser muito mais discutido após a pandemia de Covid-19. Uma pesquisa do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), realizada em 2020, comprova esse cenário: as mulheres foram as mais afetadas emocionalmente pela pandemia.


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“Uma educação sexual saudável é aquela que também ensina sobre o prazer, e ensina caminhos para que as pessoas descubram e sintam a vontade de explorar o próprio prazer”


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Nessa onda de autoinvestigação, a masturbação feminina passou a ser mais disseminada como um elemento fundamental de autocuidado. A exploração do próprio corpo – com os dedos ou acessórios eróticos – ajuda a mulher a compreender suas zonas erógenas e encontrar os caminhos para o prazer. Liberando endorfina e dopamina, dois hormônios do prazer, a ação também estimula benefícios fisiológicos e um avanço que prepara o corpo para a menopausa. “A masturbação causa maior prazer na prática sexual sozinha e acompanhada, com orgasmos mais intensos e mais fáceis de sentir, além de melhor percepção da excitação genital. Chegar à menopausa conhecendo o corpo e o próprio prazer é uma potência. A mulher que se masturba amplia a capacidade orgástica do seu corpo, o que intensifica a resposta sexual de excitação, resultando em um maior ingurgitamento da vulva e vagina, mais lubrificação e prazer nas práticas penetrativas”, afirma a ginecologista Andrea Cronemberger Rufino, membro da Comissão Nacional Especializada em Sexologia da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). “A masturbação é garantia de prazer na hora do sexo. A mulher vai descobrir onde e como sentir prazer. Vai poder orientar sua parceria para que a prática sexual a dois seja mais prazerosa para ela. Não há nenhum malefício”, prossegue. O relaxamento, a melhora do sono, o fortalecimento do sistema imunológico – que previne a endometriose e outras infecções –, a redução dos sintomas de ansiedade e controle de dores também podem ser efeitos positivos da masturbação. A ONU (Organização Mundial da Saúde) define o termo saúde sexual como “um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade, não é meramente a ausência de doenças, disfunções ou enfermidades”. Logo, é indispensável criar uma intimidade maior e dar espaço, com segurança, para a libido. Para Stephanie Barreto, o autoconhecimento chegou após fazer uso de um sex toy, presente do seu antigo companheiro. A surpresa foi feita em 2019 e, desde então, o brinquedo se tornou um acessório na sua rotina: “Eu uso com bastante frequência os meus sex toys e acho que melhora muita coisa no meu dia, porque acaba me ajudando com algumas questões físicas e mentais, principalmente como eu vejo meu corpo. Eu passei a me sentir melhor em relação a mim mesma”.

“A masturbação é garantia de prazer na hora do sexo. A mulher vai descobrir onde e como sentir prazer. Vai poder orientar sua parceria para que a prática sexual a dois seja mais prazerosa para ela. Não há nenhum malefício”


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De acordo com os dados da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME), houve alta de 12% nas vendas de brinquedos eróticos em 2020 e o faturamento do setor chegou a R$ 2 bilhões no Brasil. A prospecção é que até 2027, o mercado de sex toys deva faturar R$ 108 bilhões no mundo. Por onde começar a coleção de sex toys Entre as empresas brasileiras que chegaram ao mercado de cuidados sexuais está a Magix, uma loja virtual e física, localizada na Vila Madalena, em São Paulo (SP). A proposta do local é reunir mulheres para rir, beber, comer e mergulhar num universo de brinquedos sexuais e literatura. Em sua definição, a loja carrega que a questão da sexualidade feminina precisa ser compreendida como algo único, entre todas as suas particularidades e potências. Para as pessoas que já estão familiarizadas com os produtos eróticos a dica é sempre ler as avaliações dos produtos e cosméticos para alcançar o prazer que se está buscando. No site, é possível encontrar vibradores, dildos, plugs anais, strap-ons, masturbadores e mais. Entre os vibradores está o Rockie (R$ 439,90), que é dois em um, ou seja, é um vibrador e pulsador anatômico. Macio e superflexível, conta com dez modos de vibração e cinco de pulsação, além do estímulo da penetração. Enquanto a parte inferior é penetrada no canal vaginal, a parte superior estimula o clitóris. Silencioso, o sex toy é a prova d’água e pode ser recarregado via cabo USB. Para quem está começando a se aventurar por esse tipo de compra, e quer aproveitar tanto sozinha como acompanhada, é indicado começar pelo Kit Masturbadores Eggy (R$ 189,90). Esses masturbadores, nas cores roxo, rosa e verde, contêm três texturas que prometem elevar a masturbação, seja no pênis ou na vulva, a outro nível. Para usar é simples: basta adicionar lubrificante à base de água, encaixar no pênis ou nos dedos (para estimular a vulva) e massagear. Faça movimentos lentos intercalados com outros mais intensos, vai e vem e circulares, usando a capa dos dois lados.

“Eu passei a me sentir melhor em relação a mim mesma”


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Veja abaixo cinco dicas para uma boa saúde sexual, segundo a ginecologista Andrea Cronemberger Rufino: 1. Conhecer o próprio corpo. Se olhar no espelho e aprender a se gostar. Vida sexual de qualidade depende de uma boa autoestima. 2. Praticar atividade física regularmente. A liberação de neurotransmissores na atividade física melhora o humor, a disposição física e o bem-estar. 3. Ter uma alimentação de qualidade e bem balanceada garante mais saúde. Doenças como o diabetes e dislipidemias afetam a resposta sexual de forma negativa. 4. Ter tempo livre para descansar, relaxar e curtir o prazer de viver. Sexo bom combina com relaxamento e entrega. Não conseguimos isso com estresse, tensão e cansaço. 5. Conhecer seu corpo erótico e o que dá prazer a ele. A masturbação é caminho certo para uma vida sexual boa, sozinha e acompanhada.


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UM GIRO POR ALGUMAS DAS GALERIAS DE ARTE MAIS INTERESSANTES DA CONTEMPORANEIDADE


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Por Gabriela Amorim Fotos Divulgação

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Para conhecer verdadeiramente um país, é preciso mais do que visitar pontos turísticos, lojas e restaurantes badalados. Imergir na arte local, em especial a contemporânea, é uma das formas mais eficazes – e interessantes – de desvendar a cultura de uma sociedade. Para isso, nada melhor do que incluir galerias de arte no roteiro. As galerias, além de comercializar obras, têm a função de retratar o modo de viver e de pensar de um povo em um determinado momento. Elas refletem temas que fazem parte do cotidiano e provocam reflexões sobre o tempo em que vivemos. Frequentemente localizadas em áreas urbanas modernas, as galerias expõem obras nas mais diversas plataformas: pinturas, esculturas, fotografias, performances multimídia. Apresentam desde os suportes mais tradicionais até inovações tecnológicas que rompem com aquilo que entendemos como arte. Selecionadas por curadores e galeristas renomados e visionários, as obras e artistas ajudam a ampliar nossa visão de mundo e contribuem para que o nosso repertório vá muito além daquilo que está nos guias tradicionais de turismo. Por isso, escolhemos oito galerias icônicas para você incluir nas suas próximas viagens.


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Cécile Fakhoury / cecilefakhoury.com Trabalhando para promover a arte contemporânea do continente africano, a galeria Cécile Fakhoury está estabelecida em três cidades diferentes: Abidjan, na Costa do Marfim; Paris, na França; e Dacar, no Senegal. Fundada por Cecília, francesa radicada na Costa do Marfim, a galeria investiga artistas locais criativos para proporcionar maior visibilidade e diversidade do continente através de sua programação de exposições individuais e coletivas, mas também através da sua participação em feiras e bienais internacionais. Entre os princípios da fundadora está o de escrever e manter a memória viva de um país, conduzindo o pensamento de todo um planeta. Em entrevista ao site de notícias Jeune Afrique, Cecília afirmou: “Vender arte é uma forma de defender vozes que me fascinam e me interessam. É uma ferramenta, não um fim”.

As galerias, além de comercializar obras, têm a função de retratar o modo de viver e de pensar de um povo em um determinado momento


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Galeria de Arte Tokyo Opera City / operacity.jp Centro de referência em arte contemporânea da capital do Japão, a galeria realiza exposições especiais cerca de quatro vezes por ano, apresentando o trabalho dos artistas por meio de exibições únicas em uma ampla gama de temas, incluindo pintura, escultura, fotografia, vídeo, design, moda e arquitetura. Há também mostras específicas, expostas no 4º andar do prédio, que têm como objetivo centralizar as obras de artistas japoneses emergentes, um desejo do pintor Tatsuoki Nambata (1905-1997), um dos principais artistas da coleção da galeria.


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Las Misiones / galeriamisiones.com Atualmente localizada no balneário de José Ignácio, a galeria de arte Las Misiones foi fundada em 1990, na capital do Uruguai, Montevidéu. Tendo passado por outros dois endereços, o espaço expositivo foi pensado para dar foco ao construtivismo de Joaquín Torres García (1874-1949) e à Escola do Sul, transformando-se rapidamente numa referência para os compradores de arte. No espaço, situado a 30 quilômetros de Punta Del Este, o visitante pode encontrar conteúdos sobre o movimento Arte Madí, nascido na Argentina, e sobre o Grupo de Arte Não Figurativa, criado no início dos anos 50 no país. No ano passado, a galeria, especializada na abstração geométrica latino-americana, foi a primeira do Uruguai a realizar uma exposição em NFTs (tokens não fungíveis). Entre os eventos de destaque dos quais a galeria participou no circuito de arte estão: SP-Arte, Arco Madrid, Art Paris, Knokke Art Fair e Art Nocturne Knocke.

O visitante pode encontrar na Las Misiones conteúdos sobre o movimento Arte Madí e sobre o Grupo de Arte Não Figurativa, criado no início dos anos 50 no país


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Senda / galeriasenda.com Localizado em Barcelona, na Espanha, a 3,4 quilômetros da Igreja Sagrada Família, o espaço está aberto desde 1991. Nestes 32 anos, a galeria procurou construir iniciativas para tornar o espaço da arte mais amplo e acessível, seja por meio do envolvimento em projetos artísticos de vanguarda internacional, incluindo LOOP Barcelona, feira internacional de videoarte, ou da Talking Galleries, iniciativa de debate e discussão sobre o desenvolvimento da indústria da arte. Em números, a galeria já realizou pelo menos 161 exposições, sendo 140 individuais e 21 coletivas, com 107 artistas de maioria local, mas também dos Estados Unidos e da Alemanha. Para visitar a Senda, o visitante deve se atentar aos horários. Às segundas-feiras o espaço só funciona com hora marcada, enquanto de terça a sexta abre das 11h às 20h, e aos sábados faz pausa de uma hora, no meio do dia.


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Galeria Nacional da Austrália / nga.gov.au Sendo um farol para o design experimental, a Galeria Nacional da Austrália tem uma arquitetura brutalista, projetada pelo premiado arquiteto Colin Madigan AO (1921- 2011) e considerada um patrimônio do país. São mais de 155 mil obras de arte, incluindo a maior coleção do mundo de arte aborígine e das ilhas do Estreito de Torres, distribuídas em 23 mil metros quadrados. A coleção inclui alguns dos melhores exemplos na Austrália do impressionismo francês, dadaísmo, surrealismo, vanguarda russa, expressionismo abstrato, arte pop, minimalismo e arte conceitual. Concebida em 1967 pelo governo australiano como uma galeria de arte pública nacional, a entrada é gratuita, com cobrança de ingressos apenas para exposições ocasionais.

A Galeria Nacional da Austrália é considerada um patrimônio do país, possuindo a a maior coleção do mundo de arte aborígine e das ilhas do Estreito de Torres


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Marian Goodman / mariangoodman.com Representando mais de 40 artistas influentes, como Adrián Villar Rojas e Andrea Fraser, a Marian Goodman foi fundada em 1977. Com dois espaços principais, em Paris e Nova York, a galeria abrirá um espaço para exposições em Hollywood, Los Angeles, ainda neste ano. As mudanças não param por aí: sua atual sede em Nova York será transferida, em 2024, para um edifício em Tribeca, área conhecida pelos antigos edifícios industriais. Segundo o The New York Times, em fevereiro passado, a nova galeria terá um subsolo e cinco andares, dois dos quais abrigarão espaços expositivos.

Na Galeria de Arte de Ontário, a arte contemporânea mistura obras significativas de artistas indígenas com artistas do mundo todo Galeria de Arte de Ontário / ago.ca Localizada em Toronto, Canadá, a galeria atrai aproximadamente 1 milhão de visitantes anualmente. Em sua coleção existem mais de 120 mil obras de arte, distribuídas ao longo de seus 45 mil metros quadrados. Lá, a arte contemporânea mistura obras significativas de artistas indígenas com artistas do mundo todo. Entre os nomes famosos estão Paul Gauguin, Claude Monet, Pablo Picasso e Andy Warhol. Também ganha notoriedade a coleção canadense, com obras de Tom Thomson e do Grupo dos Sete, renomados pintores paisagistas do país. A famosa fachada foi concluída em 2008 e tem mais de 180 metros de largura, toda feita em vidro e madeira. Desde 2019, o espaço está com uma prerrogativa mais inclusiva e permite a entrada gratuita para menores de 25 anos.


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Gagosian / gagosian.com Especializada em arte contemporânea e moderna, a galeria apresenta o pioneirismo em seu estado mais puro desde sua fundação por Larry Gagosian, em 1980, em Los Angeles. Seis anos depois da abertura, a galeria se tornou a primeira a criar uma editora própria, que produziu mais de 600 títulos, entre catálogos raisonné, monografias, livros de artista, catálogos de exposições acadêmicas e edições limitadas. As edições impressas e online da Gagosian Trimestral fornecem acesso exclusivo a artistas em seus estúdios e residências por meio de entrevistas e perfis dos principais profissionais do mundo da arte. Para quem está programando uma viagem internacional, é provável que encontre alguma unidade da maior galeria de arte do mundo, já que estão abertos 19 espaços de exibição entre Europa, Ásia e América do Norte, e duas lojas, sendo uma em Londres e outra em Nova York. Entre as personalidades com as quais a galeria global trabalha estão nomes que incluem a brasileira Adriana Varejão, o japonês Takashi Murakami e a inglesa Rachel Whiteread.


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Oásis Secreto em Cannes A JOIA DA RIVIERA FRANCESA, LE GRAND JARDIN, É A ÚNICA PROPRIEDADE PARTICULAR NA ILHA DE SAINTEMARGUERITE, SITUADA EM CANNES, REPRESENTANDO O CUME DO LUXO Por Rosana Pereira Fotos Divulgação

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Bem-vindo ao esplendor incomparável da Riviera Francesa, abrigo de uma joia oculta, conhecida como Le Grand Jardin. Esta propriedade singular, que se destaca como a única propriedade privada na encantadora ilha de Sainte-Marguerite, é um autêntico santuário de luxo, ostentação e elegância, em pleno coração de Cannes. Quando pensamos na célebre Côte d’Azur, os termos que surgem de imediato à mente são glamour, festas, luzes brilhantes e agito constante. No entanto, Le Grand Jardin, com sua presença majestosa e discreta, contradiz com graça essas associações, posicionando-se como o mais desejado retiro de verão, um refúgio paradisíaco particular para aqueles poucos afortunados que têm o privilégio de conhecer suas maravilhas. A história de Le Grand Jardin é tão fascinante quanto sua beleza, com

O Le Grand Jardin é um santuário de luxo em uma exclusiva ilha


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suas raízes profundamente ancoradas no século 13. Esse pedaço de paraíso de 3,5 acres está aninhado em uma ilha pitoresca, apenas a uma curta distância de barco da mundialmente famosa praia de Croisette, em Cannes. Depois de um ano de relativo anonimato e êxito silencioso, a luxuosa villa privada está pronta para mais uma temporada esplêndida em 2023, convidando visitantes a se perder em sua magia, história e tranquilidade. O fascínio de Le Grand Jardin é ampliado pelo mistério que envolve sua rica história. A ilha de Sainte-Marguerite já foi a residência de figuras notáveis como Louis XIV e os duques de Guise no século XV. Além disso, existe uma lenda popular que afirma que Napoleão Bonaparte, o imperador francês, costumava deixar seus cavalos pastando nos frondosos jardins da propriedade, enquanto ele contemplava o fluxo constante de


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navios navegando no azul infinito. Os visitantes que têm a sorte de pisar nesse solo sagrado são instantaneamente envolvidos pela aura histórica que permeia cada canto desse inigualável patrimônio. Le Grand Jardin é um emblema de exclusividade e requinte na região sul da França. A propriedade foi projetada de maneira inteligente para acomodar confortavelmente grandes grupos de visitantes. Com um total de 12 quartos luxuosamente decorados, espalhados por sete estruturas distintas em seus 3,5 acres de terreno, a propriedade oferece a Casa do Governador, três chalés charmosos, uma acolhedora casa de hóspedes e a antiga torre da fortaleza. O design arquitetônico de Le Grand Jardin é uma celebração harmoniosa da precisão e da elegância. As linhas nítidas da arquitetura moderna se misturam perfeitamente com as características originais da propriedade, criando um encantador equilíbrio entre o passado e o presente. Cada elemento do design foi escolhido com consideração à sustentabilidade e ao ambiente, desde o uso de mármore branco e cinza até a seleção de mobília em tons suaves de bege, que acentuam o charme discreto e sem esforço da propriedade. Os jardins são enriquecidos pela presença de uma escultura de Gregory Bonnard, que confere uma singularidade distinta à paisagem. Além disso, as várias áreas de convivência da propriedade são adornadas com obras de arte modernas e vibrantes, refletindo um equilíbrio perfeito entre a natureza e a cultura.


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O Ecomuseu Subaquático, feito por Jason deCaires Taylor, é impressionante

Nesse refúgio, a natureza desempenha o papel de um constante lembrete do bem-estar e da paz. O aroma suave das árvores cítricas paira no ar, enquanto um lago Koi sereno e um jardim botânico magnífico oferecem um oásis de tranquilidade dentro da propriedade. A atmosfera é perfeita para uma sessão rejuvenescedora de yoga sob a orientação de um instrutor profissional ou qualquer outro programa de bem-estar personalizado para atender às necessidades específicas dos visitantes. Para quem busca uma pausa no luxo opulento e se voltar para o eu interior, há várias salas de tratamento dentro da villa particular, oferecendo uma gama de terapias holísticas personalizadas com especialistas em bem-estar. As instalações também incluem um hammam tradicional e uma sauna, permitindo momentos de puro relaxamento e revitalização. Ou talvez, simplesmente deite-se ao lado da piscina sob o sol morno, e deixe as horas passarem languidamente. Situado em um local de beleza serena e envolvente, o Ecomuseu Subaquático, concebido pelo renomado escultor subaquático Jason deCaires Taylor, é uma verdadeira joia para os visitantes. Além de apreciar a serenidade do ambiente, os visitantes são agraciados com uma experiência incomparável ao explorar esse museu subaquático fascinante. Transportando-os para as profundezas do reino submerso, o museu revela um mundo mágico e cativante que encanta os sentidos e deixa uma marca indelével na memória de todos aqueles que têm o privilégio de vivenciá-lo. Localizado na ilha de Saint-Honorat, próxima ao Le Grand Jardin, La Tonnelle é um refúgio de paz com vistas deslumbrantes para as águas cristalinas do Mediterrâneo. Esse restaurante encantador abre diariamente ao meio-dia, oferecendo aos visitantes um menu de pratos frescos, coloridos e sazonais, com sabores provençais.


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No cardápio, você encontrará uma variedade de opções deliciosas, desde saladas refrescantes até peixes grelhados suculentos, carnes saborosas e frutos do mar frescos. Cada prato é cuidadosamente preparado com ingredientes de qualidade, trazendo à tona os sabores autênticos da região. Para complementar a sua experiência gastronômica, você pode desfrutar dos vinhos e licores produzidos pelos monges locais em seus próprios vinhedos na ilha. Além da comida excepcional, La Tonnelle oferece um ambiente encantador onde a natureza e a culinária se encontram. Imagine-se desfrutando de uma refeição deliciosa em meio a uma paisagem deslumbrante, cercado pela tranquilidade da ilha. Cada momento passado nesse cenário único certamente encantará todos os seus sentidos. A ilha de Sainte-Marguerite, onde Le Grand Jardin está localizado, pode ser facilmente acessada por barco ou helicóptero de Cannes. A lista de atividades para os visitantes desfrutarem nessa ilha privada é extensa e emocionante. Graças aos serviços de alto padrão oferecidos pela propriedade, passeios de helicóptero sobre Cannes e a Riviera Francesa, jantares e sessões de cinema ao ar livre sob o céu estrelado, explorar a costa em uma Vespa e saborear coquetéis no ensolarado bar, tudo pode ser organizado com a ajuda de uma equipe de concierge dedicada. Le Grand Jardin não é apenas uma propriedade, mas uma experiência de vida. É um convite para desfrutar da luxuosa simplicidade da vida, emoldurada pela beleza incomparável da Riviera Francesa. Em meio à agitação do mundo moderno, esse refúgio oferece um momento de serenidade e renovação, um lugar onde a história, a natureza e o luxo se encontram para criar uma experiência inesquecível. +infos: lgj-cannes.com

Le Grand Jardin não é apenas uma propriedade, mas uma experiência de vida


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