TOP Magazine Edição 275

Page 1

Marina Sena

STUDIO MUNDO TOP | VW / pessoas / MC Cabelinho, Cynthia Luz, Davi Kneip, Grag Queen, Johnny Hooker, Lia Clark, Marina Sena, Mateus Carrilho, Paula Lima, Otto, Valesca Popozuda, Veigh, WC no Beat e WIU: as diferentes faces do universo dos festivais / Bob 13, Christian Malheiros, Luana Watanabe, Van Nobre: Presença Preta leva diversidade e manifestações artísticas periféricas ao The Town / cultura / o maior evento de música de São Paulo reúne mais de 500 mil pessoas / lifestyle / um guia de sobrevivência para curtir eventos de música com tranquilidade / T-Cross The Town: a fusão perfeita entre alta tecnologia e design em homenagem ao festival

R$40,00




“ONCE I DR E AM E D TO B ECOM E TH E FASTE ST DRIVE R . TODAY, I AM A DRIVE R OF CHANG E .” LE WI S H A M I LTO N , 7 TI M E FO R M U L A 1 T M WO R LD C H A M P I O N


IW3894 THE REFERENCE.

IWC PILOT’ S WATCH CH RONOG R APH 41 TOP G U N Desempenho máximo e versatilidade: quando se trata de cronógrafos, estabelecemos os mais altos padrões há mais de quatro décadas. Como a família do calibre 69000, desenvolvida com foco absoluto na robustez e na durabilidade. Porque apenas aqueles que se superam podem se tornar referência para os outros.

IWC B O U TI Q U E · I G UATE M I S H O P P I N G · SAO PAU LO






EM CASA NA HORA DO RUSH



TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Sumário 12

228

194 46

32

162


13

Sumário 46

162

MC Cabelinho, Cynthia Luz, Davi Kneip, Grag Queen, Johnny Hooker, Lia Clark, Marina Sena, Mateus Carrilho, Paula Lima, Otto, Valesca Popozuda, Veigh, WC no Beat e WIU falam sobre suas experiências e expectativas no mundo dos festivais.

Bob 13, Christian Malheiros, Luana Watanabe e Van Nobre contam suas trajetórias, vivências pessoais e a parceria com a Vivo.

20

194

Mundo TOP

Para todos os gostos

O violão do futuro; Beto Lee eterniza a memória de Rita Lee; coleção superexclusiva dos designers Eduardo Caires e Filipe Bulhões; a experiência da Galeria Yayoi Kusama, no Instituto Inhotim; e Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Skyline, The One, São Paulo Square, Factory ou New Dance Order? A Cidade da Música promove uma grandiosa diversidade musical nos diferentes palcos.

32

228

Seja autêntico!

O carro do festival

Um guia prático com dicas para permanecer vivo depois de ir a um evento de música.

Para um evento como o The Town, um carro do seu tamanho: a Volkswagen criou uma versão especial do SUV T-Cross que une design robusto e a paixão pela música.

LIFESTYLE

CULTURA

PESSOAS

As faces do festival

Presença Preta

236

Representatividade + música A Vivo apresenta ao The Town um squad de mais de 100 influenciadores negros, empreendedores e artistas de batalhas de rima oriundos da periferia.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Colaboradores

14

Quem Fez Vinny Araújo Stylist e diretor criativo de Belém (PA) em São Paulo (SP). Com oito anos de carreira, encontrou-se como profissional trabalhando com artistas e músicos - já assinou figurinos de diversos clipes e capas de álbuns. Nesta edição, ele criou a produção apresentada por Johnny Hooker. @vinny_araujo

Iza Ventura Maquiadora há 15 anos, Iza Ventura é a responsável por makes que realçam ainda mais a beleza de nossas estrelas da capa. Pelos corredores da redação, também desfilou seu bom humor e simpatia tão encantadores quanto seu tradicional delineado.

Renan Tavarez

Marillia Salgueiro 28 anos, stylist de street wear. Focada e atenta no que está nas ruas de fora do Brasil, ela busca sempre trazer em suas composições um pouco de lugares que ama, como Los Angeles e Nova York. A profissional fez a produção de Cynthia Luz nesta edição. @salgueirostylist

O maquiador paulistano Renan Tavarez é apaixonado por arte desde criança. Já esteve na TOP Magazine como assistente de Maxweber Lira e hoje é responsável por assinar a beleza da cantora Paula Lima. Já trabalhou com renomados fotógrafos e artistas nacionais e internacionais, e em projetos editoriais e comerciais. @eurenantavarez


15

Miro

Um dos maiores nomes da fotografia nacional, Miro retratou com seu olhar único alguns dos artistas que estrelam o The Town nesta edição especial de TOP Magazine.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Expediente

16

Publisher Claudio Mello TOP Magazine | Studio Mundo TOP Diretora de Arte: Rosana Pereira Assistente de Arte: Luana Jimenez Editora Multiplataformas: Emilia Jurach Redação: Camila Borba e Renata Zanoni Revisão: Evandrus Camerieri de Alvarenga Produtor Artístico: Marcos Mazini Produção executiva: Jeane Souza Social Media: Gabriela Junqueira Projeto Gráfico Marcus Sulzbacher Lilia Quinaud Paulo Altieri Fabiana Falcão Colaboradores Foto Miro Produção Leandro Milan e Paula Giannaccari (Catering), Alê Bertoldo, Ana Carolina Ferraz, Ariel Marques, Bianca Lima, Camila Ferza, Camila Monteiro, Camila Souza, Erico Colaço, Guilherme Orlando, Ictor, Igor Clover, Iza Ventura, Jonas Santos, Koichi Sonoda, Larissa Yumi, Lee Evangelista, Louis Brum, Lucas Bueno, Maicon Douglas, Marillia Salgueiro, Mayara Alves Vieira, Odara Makeup, Pedro Mendes, Renan Tavarez, Rodrigo dos Santos Melo, Sanny Elias, SOANY, Van Nobre, Vinny Araújo, Yumi Kurita Tratamento de Imagens Fujocka, JC Silva Editora Todas as Culturas Gerência de Projetos: Camila Polido Gerência de Relacionamento: Carolina Alves RP & Interface de Atendimento: Dianine Nunes Financeiro: Marcela Valente Circulação: Regiane Sampaio Assessoria Jurídica: Bitelli Advogados Impressão: Digital Printz Distribuição: Brancaleone TOP Magazine é uma publicação da Editora Todas as Culturas Ltda. Rua Pedroso Alvarenga, 691 - 14º Andar - Itaim Bibi - CEP 04531-011 - São Paulo/SP Tel.: (11) 3074-7979 As matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da revista. A revista não se responsabiliza pelos preços informados, que podem sofrer alteração, nem pela disponibilidade dos produtos anunciados. /topmagazineonline

@topmagazine

/topmagazine





TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

20

Mundo Top UMA SELEÇÃO DE TUDO O QUE FAZ A DIFERENÇA SOBRE LIFESTYLE / CULTURA / MODA / FO

tecnologia

O violão do futuro Com recursos supertech, o violão acústico elétrico da LAVA MUSIC é objeto de desejo para quem ama música

Uma verdadeira obra-prima que combina a rica tradição da fabricação de violões com inovações modernas e um design único. Criado por um grupo de artesãos apaixonados e músicos talentosos, o BLUE LAVA transcende os limites do que um violão pode ser, oferecendo uma experiência sônica excepcional, aliado à alta tecnologia e uma aparência deslumbrante. Como a própria marca diz, ele é intuitivo, criativo e poderoso. Dentro da LAVA, a equipe de design desempenha um papel que vai muito além da mera concepção de produtos. Eles se dedicam por completo ao processo de produção, resultando na metamorfose de uma fábrica em um


21

TOGRAFIA / LITERATURA

dos ambientes mais vanguardistas do setor. Para ilustrar o impacto dessa transformação, eles constroem do zero mais de 80% das máquinas e dos dispositivos necessários para tornar a produção do violão uma realidade. O design 4-MASS do BLUE LAVA acentua as vibrações por todo o corpo da guitarra, promovendo a produção de tons equilibrados e ricos. Os elementos de reforço incorporados na estrutura interna guiam as vibrações de baixa frequência em direção à base da caixa, criando

assim espaço para que as vibrações de alta frequência ressoem ao redor da abertura sonora. O BLUE LAVA não é apenas um violão bonito que produz um som excepcional, ele é uma extensão da expressão musical de quem o toca. Seja nas mãos de um músico de estúdio que busca timbres perfeitos, de um compositor que procura inspiração ou de um intérprete que deseja se destacar no palco, ele responde com versatilidade e qualidade premium.


Mundo Top

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

22

música

Eternizando a memória de Rita Lee A homenagem do filho Beto Lee para a rainha do rock percorre o Brasil, deixando o legado de Rita Lee eternamente vivo Desde que nasceu, Beto Lee foi embalado pela mente criativa da mãe, Rita Lee, e do pai, Roberto de Carvalho. Ele foi testemunha da criação de hits que moldaram – e

mudaram – o pop/rock brasileiro. Beto cresceu, apareceu e acabou se tornando parte da banda de Rita. Agora, o músico passeia por sucessos da “Rainha do Rock” com seu novo show Uma homenagem a Rita Lee por Beto Lee in concert, todo dedicado a Rita, com um repertório contagiante da “big mamma” roqueira. A turnê especial já está rodando o Brasil e mais do que simplesmente cantar e tocar Rita, Beto Lee tem Rita e rock no sangue. Além disso, é dono de muito know-how e background para que o rock da Rita role nos palcos novamente. Beto iniciou o projeto para enaltecer a vida de sua mãe quando ela ainda estava entre nós – ela inclusive aben-


23

çoou o projeto. E nessa turnê, ele leva grandes nomes como Lee Marcucci no baixo, ex-Tutti Frutti, que acompanhou Rita Lee & Roberto de Carvalho em diversos espetáculos; a banda tem também Débora Reis (vocais), Danilo Santana (teclado), Edu Salvitti (bateria) e Rogério Salmeron (guitarra), todos artistas que já passaram pela escola Rita Lee e participaram durante anos de shows da “Rainha”. A turnê teve convidados superespeciais, em algumas de suas apresentações, como Fernanda Abreu interpretando vários sucessos da Rita Lee, a Orquestra Sinfônica Villa Lobos, regida pelo Maestro Adriano Machado, e Luísa Sonza.


Mundo Top

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

24

Adidas e Prada se unem em colaboração que leva alta performance, qualidade e luxo para as chuteiras


25

exposições

Inhotim celebra a obra de Yayoi Kusama Yayoi Kusama é reconhecida mundialmente pelo seu trabalho caracterizado por uma imaginação criativa e cativante, com diversidade de suportes e linguagens, sobretudo nas instalações imersivas que convidam o espectador a adentrar seu universo. Performances, pinturas, esculturas, instalações, trabalhos literários e filmes fazem parte de seu acervo. A participação coletiva em suas instalações de imersão dá sentido às suas obras, concretizando uma experiência sem limites, sem bordas, com cores, contrastes, luzes e sombras. O projeto arquitetônico da Galeria Yayoi Kusama, no Instituto Inhotim, possui uma área de 1.436,97 m² e sua proposta dedica-se não somente a um espaço protegido para receber as instalações, mas também para o seu público, trabalhando com a ideia da espera e da permanência em um espaço de convívio. O paisagismo traz um caminho sinuoso feito de pedras que desvela a galeria ao público, perante as curvas do caminho, despertando a curiosidade de quem chega. A obra I’m Here, But Nothing (2000) consiste em um ambiente doméstico iluminado por luz negra, onde adesivos fluorescentes são aplicados nas paredes, móveis e objetos. Sob a luz negra (UV-A), esses adesivos brilham, transformando a percepção do espectador. A instalação explora a auto-obliteração, onde o espectador se funde ao ambiente, gerando sensações de segurança pela familiaridade dos objetos ou de ausência, conforme o título sugere. Já a obra Aftermath of Obliteration of Eternity (2009) é fundamentada nos princípios da filosofia de auto-obliteração da artista, onde ela busca anular sua própria existência ao se unir ao infinito como parte de um todo. A instalação cria um ambiente imersivo que transporta o espectador para um cosmos transcendental, desconectado do mundo exterior. A peça evoca uma miragem contínua iluminada por lanternas, que gradualmente desvanece à medida que nos distanciamos da realidade. Essa forma de iluminação tem raízes na tradição espiritual japonesa, simbolizando uma ligação com os antepassados da artista.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

26

Mundo Top cinema

O glamour do 80º Venice Film Festival Organizado pela La Biennale di Venezia e dirigido por Alberto Barbera, o evento promete movimentar a cidade de Veneza durante o mês de setembro A “La Serenissima”, cidade de Veneza, será sede da 80a edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, que além de ser o evento do gênero mais antigo do mundo, é também o mais glamouroso festival de cinema, depois de Cannes. A edição de 2023 apresenta uma série de lançamentos badalados, como Priscilla, de Sofia Coppola, Poor Things, de Yorgos Lanthimos, Ferrari, de Michael Mann, e Maestro, de Bradley Cooper. Ainda não se sabe o quanto as greves do setor cinematográfico impactarão o prestígio do evento, mas ele, sem dúvidas, ficará marcado na história. O festival tem como principal objetivo sensibilizar e promover o cinema internacional em todas as suas formas como arte, entretenimento e indústria, num espírito de liberdade e diálogo. O Venice Film Festival também organiza retrospectivas e homenagens a grandes figuras como contribuição para uma melhor compreensão da história do cinema. Revisite algumas das imagens mais icônicas do festival ao longo de seus 80 anos de história.



TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

28

collab

Glam at home A habilidade artesanal, que tem como base muito brilho e cristais, do designer paulista, Eduardo Caires se une com maestria ao talento do designer de produto originário do Rio Grande do Norte, Filipe Bulhões. Os dois criaram uma coleção superexclusiva intitulada The Gallery, que tem como objetivo mostrar que a arte também pode ser funcional. Os detalhes de pontos de luz provenientes dos materiais usados por Caires são colocados nos objetos e mobiliários que possuem como principais características as linhas retas e objetivas de Bulhões. A coleção possui três peças: um biombo e uma cadeira que abraçam a estética pro-

posta pela marca de acessórios, com franjas de cristais, e uma mesinha lateral mais minimalista, produzida em madeira de cumuru preto, aço escovado e vidro. As peças possuem tiragem limitada para manter a singularidade. Os materiais escolhidos para a confecção são nobres e sofisticados: veludo, aço inox e strass fazem parte das preferências dos designers para os objetos, que são numerados e assinados com o nome do cliente, mantendo ainda mais o status de exclusividade dos produtos. Os objetos possuem preço sob consulta e podem ser adquiridos pelo site www.eduardocaires.com.br.



A CELEBRAÇÃO DO

AGORA


NO TRÂNSITO, ESCOLHA A VIDA.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

32

Não entre em pânico! Você vai sobreviver UM GUIA PRÁTICO COM DICAS PARA PERMANECER VIVO DEPOIS DE IR A UM FESTIVAL DE MÚSICA — SIM, ISSO É POSSÍVEL


33


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

34

Por Camila Borba Fotos Divulgação

5 min

“Tudo o que você precisará quando o universo acabar é de uma toalha”, essa frase curiosa é um marco na série literária escrita por Douglas Adams, em 1979. E bem, assim como o personagem principal de O Guia do Mochileiro das Galáxias, Arthur Dent, que é lançado em uma jornada intergaláctica para sobreviver à destruição da Terra, um festival de música também se torna um universo a ser explorado, uma experiência única e, muitas vezes, transformadora para os seus participantes. Para você aproveitar ao máximo, vamos te guiar por esse mundo de festivais para que a sua vivência seja minimamente planejada, de modo que a sua “sobrevivência” não seja apenas a esse evento, e, sim, a vários. No ano de 2018, uma pesquisa feita pela plataforma Sympla em parceria com a SIM São Paulo revelou um levantamento que contabilizava 1.928 festivais ocorridos no Brasil durante o período de 2016 a 2018. Em fevereiro de 2019, a União Brasileira de Compositores (UBC) divulgou um artigo projetando a realização de mais de 130 para aquele mesmo ano. Logo depois, tivemos a pandemia, época em que os eventos foram zero, visto que não podíamos nem sair de casa. E o ano de 2022 marcou o retorno pós-Covid-19: foram mais de 120 festivais de música que passaram pelas terras brasileiras. The Town, Rock in Rio, Lollapalooza, Popload, Mita, Coala, Festival de Verão de Salvador, Primavera Sound, Planeta Atlântida, Villa Mix, Rock the Mountain, Floripa Eco Festival, Meca, Coolritiba, Só Track Boa, Tomorrowland, Planeta Brasil e mais outros tantos festivais colocam o Brasil no mapa dos artistas internacionais e proporcionam experiências únicas para pessoas com diferentes gostos musicais. Nesse contexto, a TOP Magazine preparou um guia para te ajudar – e desta vez, você vai precisar de mais coisas além de uma toalha.

"Cada pessoa tem um jeito de ser, por isso, apostar em peças que tenham a ver com o seu estilo no dia a dia é mais coerente e vai te deixar mais confiante. Se você gosta de calça estampada, use! Se o seu tênis favorito é um megacolorido, se joga! Eles refletem quem você é!”


35


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

36

Conforto em primeiro lugar O desejo de expressar a criatividade e criar um look incrível é forte, no entanto, nenhum elogio vale a pena diante do desconforto de passar um festival inteiro sofrendo. A designer de moda Simone Passarin, proprietária do Atelier Passarin e do Fashionlab.co, acredita que o mais importante, depois do conforto, é que o outfit escolhido seja superfuncional e também reflita a sua identidade. “Cada pessoa tem um jeito de ser, por isso, apostar em peças que tenham a ver com o seu estilo no dia a dia é mais coerente e vai te deixar mais confiante. Se você gosta de calça estampada, use! Se o seu tênis favorito é um megacolorido, se joga! Eles refletem quem você é!”, ressalta a profissional. Pensando em peças que sejam mais funcionais, um shorts é mais confortável do que uma saia. Um coturno é muito melhor do que uma bota de salto. A grande dica para escolher a roupa certa é optar por peças levinhas, que não apertam seu corpo quando você usa. O mesmo vale para os sapatos, pois em festivais, andar muito é normal. A escolha do sapato errado pode impedir que você se locomova pelo espaço, fazendo com que a sua experiência geral seja ruim. Use peças que permitam que a sua locomoção não seja restrita. Transporte Opte por usar o transporte público. Você vai economizar tempo e muito dinheiro. Normalmente, na hora de ir embora, todo mundo já está bem cansado e esperar o Uber ou táxi pode demorar, por conta do fluxo e do trânsito na região do festival. Outra boa dica é combinar com um amigo, parente ou motorista de confiança para te levar/buscar em um lugar específico perto de onde está acontecendo o evento.

“Nesse último ano comecei a usar também um wallpaper no celular com a agenda daquele dia de festival. Facilita bastante”


37

Segurança Documentos, carteirinha do plano de saúde e seus pertences pessoais precisam estar seguros e de fácil acesso para o caso de acontecer alguma emergência. Use uma bolsa ou mochila que possua fechos seguros e fique com ela sempre perto de você. Não leve objetos de valor desnecessários. O programador Eduardo Quagliato, que já foi a 17 edições de nove diferentes festivais de música, dá a dica de ir com uma sling bag, assim, é mais fácil deixá-la na parte da frente do corpo. Ah, calças e bermudas com zíper no bolso também são uma boa! “No último ano, adotei uma "carteira de celular". É uma bolsinha com zíper que você pode passar no cinto da calça ou fazer como eu: passar ela na alça da sling. Assim, mesmo que a bolsa esteja virada para trás, o celular está sempre no meu peito sob minha supervisão.” Boa hidratação Nem é preciso lembrar que água é o que nos move e, por isso, manter-se hidratado em um festival de música é crucial para garantir a saúde, bem-estar e, claro, o melhor aproveitamento dessa experiência. Festivais de música, muitas vezes, envolvem longos períodos de exposição ao sol, atividades físicas e o possível consumo de álcool, que podem levar à desidratação. A nutricionista Aline Amorim explica que a questão da hidratação no festival é muito importante, ou seja, é para beber água o tempo todo. “O ideal é que a todo momento — a cada meia hora — você se preocupe em pegar uma água para se hidratar, principalmente se você estiver consumindo bebidas alcoólicas. A hidratação vai diminuir os efeitos causados pelo álcool. Se você perceber que está demorando muito para ir ao banheiro, é sinal que você está se hidratando pouco. Portanto, fique atento aos sinais do seu corpo”, explica a especialista.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle 38


39

Use filtro solar Falando sobre um festival ao ar livre que dura o dia inteiro, é essencial se lembrar de aplicar protetor solar. Isso é válido mesmo se o sol estiver escondido entre nuvens. Afinal, os raios ultravioleta permanecem ativos mesmo em dias nublados. Aplique o protetor solar antes de sair e, se possível, faça reaplicação a cada duas ou três horas para garantir uma proteção ao longo de todo o dia. Vale apostar em versões em spray para facilitar a aplicação. Não esqueça que o protetor solar de rosto precisa ser específico para ele, pois possui um teor a mais de proteção. Ninguém quer ficar com uma lembrança em forma de marca de sol dos óculos, não é? Itens básicos e mais do que essenciais Sabe aquela máxima que sua mãe sempre fala? O casaquinho aqui é parte do look, melhor ainda, se ele for impermeável. Assim como um boné ou chapéu, que protege do sol e ainda dá um upgrade no estilo. Os óculos também entram nesse mood. A canga, que você usa na praia, pode servir para você descansar no gramado. “Tem até alguns cintos que são utilitários, dá para pendurar uma garrafinha de água, as comprinhas da lojinha oficial do festival, além da pochete que você pode carregar o mundo dentro dela e ela fica superpróxima do seu corpo”, comenta a designer Simone. Ponto de encontro A bateria pode acabar, o sinal falhar ou até mesmo sua atenção dispersar. O mundo online pode não funcionar em um local imenso com várias pessoas. Por isso, se você for com mais pessoas para festivais, marcar um ponto de encontro é muito importante, porque pode ser que vocês e seus amigos tenham prioridades de atrações diferentes para curtir, mas queiram aproveitar os momentos de descanso ou entre um show e outro juntos. Então, escolha um lugar de fácil acesso e que todos saibam onde é como o safe place de vocês. Faça a sua programação Analise cuidadosamente o cronograma para determinar quais são as atrações que você não quer perder nenhum segundo e também os shows que podem ser encaixados ao longo do dia enquanto aguarda suas escolhas principais. Não se esqueça de levar em consideração possíveis imprevistos ao se deslocar de um palco para outro. Eduardo conta que sua estratégia para não perder os shows que quer ver é deixar a agenda do festival offline de alguma maneira, além disso, ele coloca os horários de cada uma dessas atrações no aplicativo do calendário do smartphone/ smartwatch, assim, esse avisa quanto tempo falta para começar. “Nesse último ano comecei a usar também um wallpaper no celular com a agenda daquele dia de festival. Facilita bastante”, divide Edu. Se alimente de verdade Alimentar-se de forma saudável durante festivais de música pode ser um desafio. Além das frequentes filas para adquirir alimentos, as escolhas disponíveis nem sempre são as mais nutritivas e, muitas vezes, o corpo implora por comfort food. A nutricionista Aline Amorim reforça que para dias de festival, uma alimentação adequada faz parte da preparação e ela precisa ser rica, principalmente, em macronutrientes, como carboidratos, proteínas, gordura, para que seja possível assistir ao festival por um maior período de tempo. “O corpo precisa principalmente


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle 40


41

de carboidratos para ter muita energia, para cantar, dançar, se deslocar, para aguentar ficar durante o festival inteiro. Dá para levar coisas práticas, pequenas que caibam na bolsa, como uma fruta que não precise de preparo: uma maçã ou uma banana. Junto com a fruta, leve a barrinha de proteína, que é um alimento completo com carboidrato, proteína, lipídio”, explica. Carregue o dinheiro do festival antes de chegar a ele Normalmente, em festivais, o dinheiro convencional não é aceito como forma de pagamento. Em vez disso, é necessário converter em fichas específicas do evento ou na moeda utilizada no local. Faça isso antes de chegar ao festival e evite filas imensas. Os valores costumam ser arredondados, o que torna a transação mais simples tanto para os participantes quanto para os atendentes dos caixas. Leve itens de higiene pessoal Utilizar um banheiro químico é sempre uma experiência peculiar. Especialmente após várias horas de festival, onde encontrar um deles abastecido com papel higiênico se torna quase um milagre. Para evitar o desconforto de embarcar nessa caçada ou arriscar a higiene pessoal, é uma ótima ideia carregar consigo um pouco de papel ou, ainda melhor, um lenço umedecido em sua bolsa. Para Eduardo, a primeira regra aqui é tentar fazer tudo o que você precisa fazer em casa. Mas se você precisar usar o banheiro, ele dá algumas dicas. “Leve com você sabonete em folhas, porque festival nunca tem sabonete e, às vezes, a única coisa que a gente precisa é lavar a mão direito; lenços umedecidos também são uma boa pedida para dar aquele frescor nas partes íntimas, e lenços com álcool, afinal, nunca se sabe quando você vai querer tirar aquele resto de comida da mão ou limpar uma roupa que você derrubou Campari”, brinca o programador. Registre os momentos, sem deixar de viver o momento Entre mil fotos dos seus momentos favoritos dos shows, stories com o seu look “bafo” para curtir o festival e troca de mensagens com seus amigos, não esqueça que você está ali para viver a experiência. Vale mesmo ver o show da sua banda favorita pela tela do celular? Largue-o e veja esses momentos com seus olhos atentos a cada detalhe. As “polaroids invisíveis”, nesse caso, valem mais que as fotos reais. Registre uma ou duas músicas e tire algumas fotos. Não deixe de fechar os olhos e curtir aquele momento, ele é único! Nenhuma foto ou vídeo vai fazer com que você o reviva por completo. Plano recuperação Um banho demorado, pernas para cima, muita água e um sono revigorante são essenciais. Mas, é importante lembrar que após o festival, é preciso se preocupar com a alimentação, e investir em alimentos que sejam ricos em proteína para fazer a recomposição muscular daquilo que o corpo gastou.“Os carboidratos vão repor os estoques de glicogênio. Aposte também nas verduras, legumes e vegetais ricos em fibras, já que, com certeza, você ficou longe deles durante o evento. E para melhorar a fadiga pós-festival, o legal é investir também em bebidas isotônicas que são ricas em eletrólitos, para fazer a recomposição de minerais”, lembra a nutricionista Aline Amorim.

“Os carboidratos vão repor os estoques de glicogênio. Aposte também nas verduras, legumes e vegetais ricos em fibras, já que, com certeza, ficou longe deles durante o evento. E para melhorar a fadiga pós-festival, o legal é investir também em bebidas isotônicas que são ricas em eletrólitos, para fazer a recomposição de minerais”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

42

O que não pode faltar na mala/bolsa/pochete: •

protetor solar;

boné ou chapéu;

óculos de sol;

snacks;

álcool em gel;

barrinha de cereal;

bala ou chicletes;

lenços umedecidos;

carregador portátil;

cabos para carregar celular (seu e dos amigos);

saquinho ziploc, para não molhar seus pertences caso chova;

capa de chuva ou jaqueta impermeável;

isqueiro (mesmo que você não fume, pode ser útil).


43


v

O que há de melhor pra cuidar do seu sorriso. A Clínica Omint Odonto e Estética faz isso por

Nas clínicas Omint Odonto e Estética, você conta com o que existe de mais avançado em tratamentos odontológicos e estéticos, com aquela qualidade e credibilidade que só uma marca que é referência em saúde pode oferecer.

Conheça nossos serviços: • clareamento. • restaurações estéticas. • facetas de resina. • lentes de contato.

• implantes dentários. • plástica de gengiva. • ortodontia, inclusive com Invisalign ®. • harmonização facial e muito mais.

Para agendamentos, ligue:

(11) 2132-4003 @omintodontoestetica


c ê.

São dois endereços abertos para todos os clientes Omint e particulares.

Unidade Vila Omint (CRO 40238) Rua Franz Schubert, 33 - Jardim Paulistano - São Paulo - SP Responsável técnico: Maurício Bellonzi Abissamra Unidade Berrini (CRO 38955) Rua James Joule, 92 - Berrini - São Paulo - SP Responsável técnico: Milton Maluly Filho

VALET CORTESIA nas duas unidades. Escaneie o QR Code e saiba mais:

Valor ao que é importante pra você, por você.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

MC Cabelinho 46


C

SEM SEGREDOS, MC CABELINHO FAZ DE SUA HISTÓRIA ARTE PARA CRIAR O FUTURO. ELE SE APRESENTA NO THE TOWN NO DIA 2 DE SETEMBRO, AO LADO DE MC RYAN SP E MC HARIEL, LEVANDO CANÇÕES QUE REFLETEM A REALIDADE DAS FAVELAS CARIOCAS PARA O PALCO SKYLINE - O PRINCIPAL DO FESTIVAL Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Sanny Elias 5 min

47


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

MC Cabelinho 48


49

MC Cabelinho é um funkeiro de 27 anos que saiu das favelas Pavão-Pavãozinho e Cantagalo para se tornar um sucesso nacional. Com mais de 9 milhões de ouvintes mensais no Spotify, seus hits como Toda Hora e Era Uma Vez fizeram com que ele conquistasse uma base leal de fãs, realizando 25 shows mensais em todo o país. Desde cedo, Cabelinho sabia que queria ser cantor, inspirado por grandes nomes do funk como MC Orelha e Amy Winehouse, que influencia boa parte de sua jornada. Além do funk, ele também explora o rap, com destaque para sua colaboração em Poesia Acústica 6. Sua jornada reflete a fusão entre os gêneros e sua fé orienta sua trajetória. Em 2019, fez sua estreia como ator, em Amor de Mãe e participou recentemente da novela Vai na Fé. Conta para a gente, como foi o início da sua vida profissional? Como você se tornou MC? Cara, o funk sempre fez parte da minha vida, né? Cresci ouvindo uns caras “tipo” MC Orelha e MC Smith, e eu queria ser igual a eles. Aí, quando os caras da minha área descobriram que eu queria virar MC, me falaram para fazer uma música para o bonde deles, e eu fiz. Aí, quando vi, “geral” queria uma música minha para o seu bonde, e nisso eu fui me aprimorando. Decidi parar de fazer música de bondes e comecei a fazer solo. Hoje, tô aqui.

Por que MC Cabelinho? Quem te batizou? Quando eu era mais novo, me chamavam de “Vitinho”, e aí, quando comecei a cantar, minha ideia era usar esse nome. Só que por volta de 2012, me falaram que “Vitinho” seria muito comum. Um dia, estava no estúdio com o DJ Mandrake e ele me disse: “Pô, adota Cabelinho como nome”. Isso foi devido ao meu corte de cabelo, que eu sempre mantive pintado e arrepiado para cima. Como as suas vivências refletem na sua arte? Ah, isso reflete em tudo, né? Eu tento sempre seguir os passos dos caras que eu cresci ouvindo, como já falei, que eram caras que cantavam sobre o que a gente vive na favela. Então, acho que desde o funk, o trap e agora como ator, eu levo a favela comigo, as coisas que passei, vi e vivi. Tudo isso é minha base. Quem é sua maior inspiração? Minha maior inspiração é a Amy Winehouse. O jeito como ela escrevia e não tinha medo de colocar seus sentimentos nas músicas era incrível. Sou muito fã do trabalho dela e admiro demais tudo o que ela construiu. Não posso deixar de falar sobre o MC Orelha. Ele me inspirou bastante também. Sempre me identifiquei com o trabalho dele. De que forma você lida com toda a fama e influência que tem nos dias de hoje?

“Então, acho que desde o funk, o trap e agora como ator, eu levo a favela comigo, as coisas que passei, vi e vivi”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

MC Cabelinho

50

Eu sou muito tranquilo e procuro sempre ser um exemplo de superação e sucesso para quem veio debaixo. Eu lido de boa com a fama, porque, para mim, vejo como amor dos fãs. Então, recebo essa atenção com muito carinho por parte deles. Quantas tatuagens você tem? O que elas representam para você? Tem uma favorita? Ih, já até perdi as contas, nem sei mais. Eu faço muitas tatuagens porque gosto, mas geralmente elas representam coisas sobre mim, minha personalidade, minhas vivências e minhas referências. Acho que um pouco de tudo. Minha favorita é o rosto da Amy, que tenho tatuado no braço. Se você não fosse artista, o que você seria? Acho que eu iria focar na minha outra pai-

xão, que é o esporte, principalmente o jiu-jitsu e o boxe, que são sagrados para mim. Ser atleta seria uma realização também. Quando você começou a atuar? Como é isso para você? Foi através da Maria (Andrade). Ela disse que a Marcela Bérgamo estava procurando pessoas para fazer um teste para Amor de Mãe, para o papel do Farula. Aí, depois de fazer o teste, acabei passando. Para nós, que somos do trap e viemos da favela, é a maior satisfação estar fazendo novela. É um progresso. Quais os próximos passos até o final do ano? Tô focado na minha gravadora, a Bairro 13. Estamos com um grupo de artistas bem talentosos, que queremos lançar logo.

“Eu sou muito tranquilo e procuro sempre ser um exemplo de superação e sucesso para quem veio debaixo. Eu lido de boa com a fama, porque, para mim, vejo como amor dos fãs”


51

Look FORCA STUDIO Tênis COP CLUB


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

MC Cabelinho

52

Assistente de styling Ana Carolina Ferraz

Camareira

Camila Souza


53

“Minha maior inspiração é a Amy Winehouse. O jeito como ela escrevia e não tinha medo de colocar seus sentimentos nas músicas era incrível”




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cynthia Luz 56


C

DONA DE MUITA AUTENTICIDADE, CYNTHIA LUZ VALORIZA OS TROPEÇOS DA VIDA PARA CONSTRUIR O SEU FUTURO DENTRO DO UNIVERSO DO RAP. A MINEIRA ESTÁ NO THE TOWN NO DIA 10 DE SETEMBRO, NO PALCO FACTORY

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Marillia Salgueiro 5 min

57


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cynthia Luz

58

Mineirinha, decidida e inspiradora. Cynthia Luz iniciou sua carreira cantando no coral da igreja, por influência da família, logo depois que se mudou para São José dos Campos (SP). Com o tempo, se descobriu no mundo do rap, mas também ama um reggae e MPB. Seu nome é mais que uma simples identidade, ele é um símbolo genuíno de pura luz: a cantora é também a compositora por trás de sucessos marcantes como Olhares, Deixa Ela e Sejas bem feliz. Em 2017, a vida de Cynthia foi repleta de acontecimentos marcantes. O rapper Froid a descobriu no Instagram e a convidou para colaborar em um projeto conjunto. Cynthia mal pôde acreditar quando se deu conta de que estava vivendo esse sonho. O resultado desse encontro não poderia ter sido mais incrível, juntamente com Medulla, ela participou do acústico de Froid realizado pelo Casa 1. Esse momento não apenas impulsionou a carreira dela, mas escreveu também o seu futuro. Hoje, Cynthia é parceira de Froid não só nas músicas, mas também na vida. O casal tem uma filha juntos, a Helena. Como a música entrou na sua vida? A música entrou na minha vida desde o meu nascimento. Eu venho de uma família de músicos, pessoas que sempre tiveram amor pelos instrumentos, pela música no geral, pela sensação que ela traz. Suas músicas abordam temas muito relevantes e emocionais. Quais são as principais inspirações para suas letras? Eu sou a inspiração das minhas composições. Assim, acredito que a minha história, meu dia a dia, tudo o que vivenciei, faz parte de um aprendizado, e é a única

coisa que gosto de compartilhar: as coisas que já aprendi e as que estou aprendendo. Acredito que isso confunde mais as pessoas em suas mentes. Portanto, aquilo que já passei, transformo em música e compartilho esse sentimento. Essa história, essa sensação, compartilho com os meus fãs, com as pessoas que me ouvem. Então, acredito que é isso. A inspiração vem de mim e de tudo o que aprendo todos os dias. Como você descreveria seu estilo musical e quais são as influências que mais contribuíram para o desenvolvimento do seu som? Como faço música brasileira, gosto de estudar MPB. Faço acontecer tanto no rap quanto no reggae, e também no rock. Acredito que, dessa forma, o que fazemos aqui no Brasil é exatamente construir uma diversidade dentro da musicalidade, que talvez em outros lugares não se encontre. Portanto, penso que sou a prova viva disso: a musicalidade no Brasil pode se unir e se transformar em música. Quais foram os maiores obstáculos que você teve que superar no caminho até aqui? Bem, parece ser uma entrevista bastante centrada em mim, mas o maior obstáculo que encontrei fui eu mesma. Às vezes, tentei me sabotar por medo e por falta de autoestima. Enfim, há momentos em que nos sentimos de determinada maneira e começamos a acreditar que somos apenas aquele momento, mas não nos resumimos a um único momento, certo? Somos um grande universo, não é mesmo? Cada parte de nós possui uma representatividade significativa no mundo. Às vezes, achamos que estamos aqui sem um propósito, mas todo mundo tem uma razão de

“Eu sou a inspiração das minhas composições. Assim, acredito que a minha história, meu dia a dia, tudo o que vivenciei faz parte de um aprendizado, e é a única coisa que gosto de compartilhar: as coisas que já aprendi e as que estou aprendendo”


59


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cynthia Luz

60

ser, não é? Essa razão está no coração, na consciência, no consciente de cada um... Então, acredito que todas as vezes em que enfrentei dificuldades foram momentos nos quais não fui capaz de me enxergar verdadeiramente, e não percebi que estava sendo eu mesma atrasando todo o meu processo, sabia? Tanto em relação à evolução na carreira quanto à evolução espiritual. Portanto, acima de tudo, acho que quando você reconhece isso, quando entende que é o autor tanto da sua história quanto dos problemas que existem nessa história, é aí que começa a conseguir lidar melhor com as coisas, a desmembrar os problemas e compreender que eles têm raiz, causa e efeito de aprendizado, que é o aspecto mais importante. Como você lida com a pressão e a responsabilidade de ser uma influência para os seus fãs? Bom, essa pressão simplesmente não existe na minha cabeça, você sabe? Porque é uma responsabilidade que eu escolhi assumir. Apesar de ser desafiadora, é surpreendentemente leve. Acredito que meus fãs, principalmente, compreendem que me vejo como um ser humano comum. Não me enxergo como um semideus ou algo do tipo: “Nossa, sou uma artista, então sou completamente diferente de você, melhor, sei lá”. Me reconheço como uma pessoa exatamente igual a eles em tudo o que faço. Portanto, essa responsabilidade é mais uma questão de eu ser um ser humano em busca de crescimento, estou aqui para aprender, carrego muito amor no meu coração pelo que faço e pelas pessoas que me acompanham. Acredito que eles entendem isso muito bem, porque não sou uma artista de publicidade,

não sou uma artista comercial. Sou muito autêntica, é assim que sou, é a artista que represento. Assim, não carrego o peso de ser alguém que não sou, ou de mostrar que sou superior, que evolui mais... não! Sou eu mesma, e é isso. Eles têm plena consciência de como as coisas são (risos). Você acredita que a música pode ser uma ferramenta importante para promover mudanças sociais e culturais? Por quê? Bem, não vejo isso apenas como uma ferramenta importante. É, na verdade, uma das maiores e mais coerentes ferramentas que temos para nos comunicar com várias pessoas simultaneamente, abordando assuntos que têm significados distintos para diferentes pessoas. Acredito que a música é o único meio capaz de unir pessoas completamente diferentes ao redor da mesma ideia. Portanto, se não for a mais importante, certamente é uma das mais significativas ferramentas que dispomos para desmantelar muitos estigmas presentes na sociedade, e também para construir uma cultura mais inclusiva e acessível para todos. Quais foram as maiores lições que você aprendeu ao longo da sua carreira? Acredito que uma das maiores lições que já aprendi até hoje em minha carreira é a de não desistir. Vale realmente a pena lutar até o fim por um objetivo que está enraizado no coração. Além disso, destaco a importância de aprender a enxergar o que há de melhor e pior nas pessoas, o que é uma habilidade crucial. Temos a capacidade de perceber isso com clareza. No entanto, às vezes, acabamos fechando os olhos e permitindo que alguém entre em um universo tão precioso, não é mes-

“Cada parte de nós possui uma representatividade significativa no mundo. Às vezes, achamos que estamos aqui sem um propósito, mas todo mundo tem uma razão de ser. Essa razão está no coração, na consciência, no consciente de cada um”


61


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cynthia Luz 62


63

mo? Portanto, ao longo da minha trajetória profissional, aprendi a dedicar mais cuidado e a praticar uma audição mais atenta. Acho que é isso. O que é felicidade para você? Felicidade pra mim é um momento. Eu acho que a gente consegue sentir a felicidade em momentos únicos assim, não é todo tempo, não é sempre, não é qualquer hora, mas quando ela vem você percebe. O que você quer conquistar nos próximos anos? Então, nos próximos anos, meu objetivo é produzir uma quantidade significativa de álbuns. Quero olhar para trás e reconhecer que dediquei um esforço considerável. Se Deus quiser, espero estar colhendo os frutos de todo esse trabalho que estarei realizando ao longo desses anos. Além de ser mãe, também gerencio duas empresas. Temos responsabilidades a ser delegadas e tarefas a ser realizadas, tanto no dia a dia quanto na vida profissional. Portanto, meu desejo é alcançar uma estabilidade, talvez com a realização de uns 20 álbuns lançados, pelo menos. Acredito que seja isso.

Qual a sensação de tocar em um festival tão grande como o The Town? Ah, é realmente a concretização de um sonho, não é? Fazer um show no The Town é a materialização de um desejo profundo. Além de estarmos pisando neste palco, algo que nos deixa incrivelmente honrados por compartilhar o espaço com mulheres tão talentosas, estamos oferecendo um espetáculo totalmente inédito. Essa experiência está sendo incrivelmente gratificante, marcada por um progresso notável e um verdadeiro crescimento. No geral, este show trouxe uma imensa alegria para todos nós. Quais são seus planos e expectativas para o futuro da sua carreira? Há alguma colaboração ou projeto especial que você tem em mente? Bom, futuramente temos um grande álbum, o maior da minha carreira até hoje com muitas participações legais. Eu amo fazer collabs, então daqui pra frente é Cynthia movimento 360, porque eu tô fazendo roteiro, eu tô produzindo um show junto, eu tô ensaiando, eu tô terminando a produção do álbum, então eu vou entregar muita coisa. Eu espero que os fãs estejam preparados.

“Felicidade pra mim é um momento. Eu acho que a gente consegue sentir a felicidade em momentos únicos assim, não é todo tempo, não é sempre, não é qualquer hora, mas quando ela vem você percebe”




TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Davi Kneip 66


D

DAVI KNEIP TRANSFORMOU SUA FUGA EM REALIDADE, AOS 24 ANOS ELE É UM DOS NOMES MAIS PROMISSORES DO CENÁRIO E QUER MUITO MAIS Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura

5 min

67


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Davi Kneip

68

Look Forever, Ellus e Schutz Adesivo Facial AFRODITE


69

Nascido em Belo Horizonte, Minas Gerais, Davi Toniut Kneip é um DJ e produtor musical em ascensão. Com apenas 24 anos, ele já fez parcerias com grandes nomes do funk, como MC L da Vinte, MC Rick, Felipe Original e MC Gustta, entre outros. Sua jornada musical teve início aos 16 anos, após ter atuado como youtuber, influenciador e modelo. Seu canal no YouTube acumula milhões de visualizações com seus sucessos, que incluem sentaDONA (remix), ao lado de Luísa Sonza, MC Frog e DJ Gabriel do Borel, Furacão e Vem Se Apegar No Vilão. Ele ainda conta com mais de 3 milhões de seguidores no Instagram e 2,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify. O mineirinho não brinca em serviço e quer ir muito além. Confira: Como a música entrou na sua vida? A música entrou na minha vida há muitos anos. Eu comecei a tocar bateria na igreja, e desde então eu já amei. Quando eu tinha 15 anos, comecei a ver videoaulas na internet sobre como produzir e como fazer música, e desde então não parei. Fui aprendendo cada vez mais com artistas como Delano, vários DJs me ensinando, e assim foi indo. Por que você decidiu apostar na internet tão cedo? Eu comecei na internet. Na época, eu estava passando [sofrendo] bullying na escola, estava num processo de anorexia também, emagrecendo, e acabou que a internet era meio que uma fuga da realidade. Eu criava uma nova realidade, era algo que eu gostava muito, era algo que me distraía e era algo que eu gostava de fazer. Eu sempre gostei de estar em frente às câmeras.

Qual é a sua melhor lembrança dessa época? A minha melhor lembrança dessa época foi quando meu primeiro vídeo bateu 100 mil visualizações, que era uma trollagem com meu pai. Nossa, eu me senti superfamoso, superfeliz, e foi algo muito bacana. E a pior? A minha pior lembrança dessa época é que a galera zoava muito quem fazia vídeo no YouTube. A galera da minha cidade zoava muito. “Olha os ‘youtuberszinhos’ de merda! Olha os ‘youtuberszinhos’ falidos. Olha os ‘youtuberszinhos’ ali, cara acha que é famoso”. Ficavam zoando a gente porque a gente fazia vídeo na internet. O que essa decisão mudou na sua vida? Ter entrado na internet mudou totalmente a minha vida. Hoje em dia, amo fazer o que eu faço. Amo a música, amo a internet, amo ser um digital influencer, amo já ter participado de reality show. Eu falo que Deus sabe de tudo, entende? Que tudo tem um momento certo. A gente cresce no momento certo. Às vezes, a gente não entende o que está acontecendo, mas tudo é no momento de Deus, e hoje em dia sou muito grato por isso. Como é ser famoso? O que você mais gosta em relação a isso? Olha, eu acho uma loucura a gente ser conhecido, as pessoas pedirem pra tirar foto. Acho que o que eu mais gosto é o carinho das pessoas, quando chegam para conversar. Qual foi o seu maior hit, na sua visão? O meu maior hit foi, com certeza, sentaDONA. Foi o que mudou a minha vida. Foi uma música que bateu Top Global, Top 35 Global no mundo todo de mais

“Eu criava uma nova realidade, era algo que eu gostava muito, era algo que me distraía e era algo que eu gostava de fazer. Eu sempre gostei de estar em frente às câmeras”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Davi Kneip

70

tocada, e foi algo assim muito “top”. A Luísa Sonza pediu para gravar um remix, então foi uma coisa que mudou a minha vida mesmo. E cresce até hoje: ela bate mais de 100, 200 mil visualizações por dia.

O que ainda falta realizar? Eu ainda quero comprar uma casa nos Estados Unidos, uma casa em Miami, para viajar sempre com meus pais, isso seria muito legal.

Que música não teve a repercussão que você esperava? Acho que não teve nenhuma música assim que não teve repercussão. Sou muito tranquilo em relação a isso. Eu lanço a música porque gosto, se estourar, estourou, se não estourar é porque não era o momento certo. Pode estourar lá pra frente, então sou bem tranquilo em relação a isso.

Com quem você gostaria de trocar uma ideia? A pessoa não precisa estar viva, pois é fictício. Por quê? Uma pessoa que eu gostaria muito de trocar uma ideia é com o Justin Bieber. Sou realmente fã dele, do trabalho dele, ele é um cara em quem eu me inspiro muito. Também o Maluma, é um cara com quem eu tenho vontade de trabalhar e trocar uma ideia. Eu acho que eles são muito talentosos, artistas assim de grande performance, e isso eu acho muito “top”. E eu com certeza aprenderia muita coisa com eles em questão de produção musical, de como cantar.

Com quais artistas você ainda quer trabalhar? Eu ainda tenho muita vontade de trabalhar com a Anitta, com o Léo Santana e muitos artistas de fora, como Martin Garrix, Tiësto, Post Malone. Eu tenho vários sonhos grandes. Qual a sua maior realização material até hoje? Quanto custou? Minha maior realização material até hoje é um Supra, um carro que eu comprei, fora outros negócios, mas o Supra, eu comprei um carro de 1 milhão à vista! Então, foi algo muito louco pra mim.

O que podemos esperar para o próximo semestre? Nesse próximo semestre vai ter muito lançamento, muita coisa nova, muitos remixes, muitas novidades, e vem muita coisa... vai vir um dado aí que vocês não imaginam, e não estão esperando!

“O meu maior hit foi, com certeza, sentaDONA. Foi o que mudou a minha vida. Foi uma música que bateu Top Global, Top 35 Global no mundo todo de mais tocada, e foi algo assim, muito ‘top’”


71


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Davi Kneip 72


73

“Eu lanço a música porque gosto, se estourar, estourou, se não estourar é porque não era o momento certo”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Grag Queen 74


G MUITO ALÉM DE CONQUISTAR O TÍTULO DE “RAINHA DO UNIVERSO”, GRAG QUEEN PROVA QUE DEDICAÇÃO E AMOR TRANSFORMAM REALIDADES. ELA SE APRESENTA NO DIA 9 DE SETEMBRO NO PALCO FACTORY DO THE TOWN

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Koichi Sonoda Cabelo Lee Evangelista Styling Yumi Kurita 5 min

75


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Grag Queen

76

Atriz, cantora, vencedora de reality gringo e agora, apresentadora do Drag Race Brasil. Limites não existem para a “mami” Grag Queen. Ela é a definição da palavra fenômeno, viralizou na época da pandemia com vídeos no TikTok e logo depois participou da primeira temporada de Queen of The Universe, feito pela mesma produtora de RuPaul’s Drag Race, ela venceu e faturou US$ 250 mil. Natural de Canela, no Rio Grande do Sul, ela mudou-se para Nova York, em 2014, para estudar artes em uma universidade conhecida por criar estrelas da Broadway. Hoje, com mais de 180 mil ouvintes mensais no Spotify e 520 mil seguidores no Instagram, a “rainha do universo” sabe que tudo isso é só o começo de um trabalho árduo ao qual ela tem dedicado a sua vida. Com quantos anos você iniciou sua carreira? Como foi? Então, minha carreira artística teve início quando estava saindo da escola. Eu tinha 16, 17 anos e já realizava algumas atividades. Cheguei a trabalhar no especial de Natal da Xuxa para a Rede Globo e atuava bastante em Canela e Gramado, no Rio Grande do Sul, onde tem o Natal Luz, incluindo shows e grandes concertos musicais. Foi assim que tudo começou. Recentemente, iniciei minha trajetória como ator e, dentro do teatro, acabei por descobrir a música e a expressão artística da arte cênica, que sempre é a primeira a nos envolver e a última a nos deixar. Nesse processo, descobri também que sabia cantar. Continuamos a explorar diversas facetas. O que você mais gosta no seu trabalho? Eu amo essa sensação de simplesmente estar fazendo coisas que amo, sabe? Aquele sentimento de se envolver em atividades

que trazem grande satisfação, uma combinação de elementos que realmente me encantam, fazendo com que ele nem pareça um trabalho, entende? Mas também aprecio muito a seriedade desse lado, o aspecto de mulher de negócios. Adoro saber que através do meu trabalho tenho a oportunidade de tocar o coração das pessoas, transmitir energias positivas, fazê-las dançar e ajudá-las a esquecer os problemas. Acredito que ter essa capacidade, ser alguém que pode influenciar emoções através da arte, para mim, é como se eu fosse uma integrante do X-Men Evolution, sabe? Considero isso um dom que possuímos, um privilégio, não acha? Como lidar com o preconceito pela sua profissão no século XXI? Graças a Deus, já alcançamos o ponto em que nem pergunto mais o que as pessoas acham, não é mesmo? Porém, é bastante surreal ser um artista no Brasil. E se especificarmos mais, ser um artista queer no Brasil, enfrentamos interferências vindas da própria indústria, boicotes, obstáculos de gravadoras e interferências de contratantes. São esses pequenos desrespeitos que continuam a acompanhar pessoas queer em todas as áreas de atuação. Esse ambiente de falta de respeito, subestimação e descrédito. Agradecemos a Deus por nos mostrarmos de todas as maneiras possíveis e utilizarmos esses obstáculos como incentivo, pois somos indivíduos incríveis, talentosos e extremamente competentes. No entanto, ainda há algumas barreiras. Como foi vencer um programa tão legal quanto Queen of the Universe. O que mudou depois dele? Mudou muito assim… eu tenho melhores condições. Viver no Brasil e ter con-

“A gente é ensinada a se odiar, a se negar, a não se aceitar, que hoje, eu não vou mentir, eu não queria ser ninguém se eu não fosse eu”


77

Look Fabricio Neves


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Grag Queen 78


79

dições para ter sua casinha, ser um gay que veio para São Paulo trabalhar e poder me manter por aqui. A gente, enquanto artista, sabe que é importante ter por nós, né? Poder fazer as coisas, fazer clipes que são caríssimos, fazer músicas que são caríssimas. Nós, enquanto família, para dar às pessoas que nos ofereceram amor e nos ofereceram suporte a vida toda, para dar esse suporte de volta… Eu falo isso, não digo que é obrigado, mas faz parte dos meus princípios retornar de alguma forma, seja financeiramente ou dando muito orgulho estando em evidência, fazendo o que eu faço da melhor forma, levando uma mensagem incrível para as pessoas, isso também é fruto de muito orgulho da minha família assim. E é óbvio, levar o título de “rainha do universo” nas costas muda sim um pouco a vida, mas descobri que sim, eu sou a melhor pessoa para isso. Qual é o momento mais feliz da sua vida até hoje? Então, são tantos momentos felizes em tantos cenários da vida que a gente acaba ficando confuso. Mas o mais feliz, foi quando a minha vida mudou, quando eu passei a ter condições financeiras e, assim, eu pude seguir a minha arte e dar uma vida confortável para a minha família. Agora, esse fato de ter sido chamada para apresentadora do Drag’s Race Brasil, no mesmo mês em que saiu The Town, né? Então, não tem como não estar mais feliz. Ah, não teria como não estar muito feliz. Eu estou muito feliz, vivendo um dia de cada vez.

Quanto tempo leva para você se montar? Como é o processo? O tempo pra eu me montar hoje são quatro horas, inteira assim, “bonecona”. O que é amor para você? Amor para mim é o molho da vida. Eu acho que todo mundo vem com uma vida para levar, uma vida para viver, sabe? Mas o amor é a possibilidade de trocar com as pessoas que estão aqui nessa jornada muito doida na qual você não se inscreveu para estar, e você, do nada, está aqui. Então, se a gente ama as pessoas que estão conosco, sejam nossos companheiros, nossa família, nossa equipe, as pessoas que nos rodeiam, as nossas amigas, eu acho que sem isso, para uma canceriana extremamente intensa, eu não conseguiria viver; a vida seria só mais um jogo de videogame no qual você completa uma fase e tudo acaba. Tudo acaba, né? Mas o que faz valer a vida é o amor. Se você não fosse você, quem gostaria de ser? Eu gostaria de ser a “rainha do universo”, eu acho... Eu gostaria de ser apresentadora do Drag Race. Eu sou tão feliz em ser eu. Tenho descoberto tanto... O quanto é bom ser eu, o quanto é bom estar nesse corpo, que é uma coisa que nos é roubada, que nos é negada, né? A gente é ensinada a se odiar, a se negar, a não se aceitar, que hoje, eu não vou mentir, eu não queria ser ninguém se eu não fosse eu. E eu acho isso incrível, e acho maravilhoso falar isso para que muitas pessoas se inspirem e amem ser elas mesmas.

“Adoro saber que através do meu trabalho, tenho a oportunidade de tocar o coração das pessoas, transmitir energias positivas, fazê-las dançar e ajudá-las a esquecer os problemas”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Grag Queen

80

O que você faz no seu tempo livre? Então, eu procuro trabalhar muito, mas para que eu tenha um tempo livre lá na frente. Porque, graças a Deus, já não temos muito tempo livre, já estamos na correria doida. Então, vamos trabalhar para que o tempo livre seja... onde? Nas Maldivas, em uma lancha (risos). Quem é o seu participante favorito de todos os tempos de RuPaul’s Drag Race? Por quê? A RuPaul é a minha favorita. Porque ela está desde a primeira temporada até a última. A “gata” está lá ainda. E eu gravei uma temporada, e eu sei que o trabalho de host é tão desgastante quanto o das competidoras. Então, eu “pago pau” para a nossa “mãe” RuPaul... Ela é realmente a minha favorita. Quais conselhos você daria para quem está iniciando na sua carreira? Então, eu daria um conselho muito lógico, muito prático: eu acho que vale para todas as áreas que existem, não adianta ser apaixonado pelo que faz, não basta simplesmente viver a sua verdade. Eu já fui assim, e hoje, eu acho que não se deve ro-

mantizar. Acho que a gente tem que estar muito consciente do lado que a gente quer seguir. Por exemplo: “eu quero ser uma queen maquiadora”, “eu quero ser uma queen que trabalha com isso ou aquilo”, “eu quero fazer drag pra ganhar dinheiro”, “não quero fazer drag pra ganhar dinheiro”. Então, é ter seus pés no chão e saber aonde quer chegar. Óbvio, drag é uma brincadeira. É para fazer a gente se divertir, para a gente se sentir bem. Mas estamos falando de carreira. Então, é mais pela função. Quer fazer uma carreira? Estuda o que você quer. Você vai cantar? Você vai dançar? Com drag, por mais que seja divertido, por mais que seja maquiagem, é tão sério quanto qualquer carreira. O que você vai aprontar nos próximos meses? Então, agora é hora de baixar a cabeça, colher os frutos do show do The Town e trabalhar muito. E, óbvio, muitos projetinhos sigilosos dos quais eu não posso falar, porque essa é a graça de ser uma artista (risos).

“É bastante surreal ser um artista no Brasil. E se especificarmos mais, ser um artista queer no Brasil, enfrentamos interferências vindas da própria indústria, boicotes, obstáculos de gravadoras e interferências de contratantes”

Assistente de styling

Pedro Mendes e Larissa Yumi


81


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Johnny Hooker 82


J

A PRESENÇA DE PALCO E A MÚSICA REPLETA DE FUSÃO DE GÊNEROS SÃO OS SEGREDOS PARA O SUCESSO DE JOHNNY HOOKER, QUE EXPRESSA SUA ARTE COM TODO SEU CORAÇÃO

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Vinny Araújo 5 min

83


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Johnny Hooker 84

Look Casa Juisi


85

Reconhecido por sua abordagem única, que combina elementos de diversos gêneros musicais, ele se destacou na cena musical com o álbum Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!(2015), cujas canções abordam temáticas LGBTQ+ e identidade. A autenticidade e representatividade o tornaram um ícone na comunidade LGBTQ+ no Brasil. Hoje, Johnny Hooker conta com mais de 700 mil ouvintes mensais, e sua arte e forma de viver são influências para toda uma geração que busca autenticidade e representação. Ele também se envolveu em colaborações musicais e projetos artísticos com outros artistas, como Liniker e Maria Gadú. As músicas de Johnny já fizeram parte de seis trilhas sonoras de folhetins da TV Globo e de inúmeras séries e filmes brasileiros e internacionais. Ele também é Embaixador da Igualdade da ONU – Organização das Nações Unidas, pela campanha Livres & Iguais.

tranhos” quando eu montei uma banda aos 15 anos.

O que você queria ser quando era criança? Acho que o que me marca primeiro é o cinema. Queria fazer parte daquele universo. Acho que é minha grande paixão até hoje.

E o seu maior sonho? Meu maior sonho acho que é, daqui a alguns anos, ir morar numa praia, viver uma vida mais tranquila. Perto do mar, me sinto em casa. Sem avião, morro de medo de avião. Risos e lágrimas.

Como foi que sua carreira começou? Na época de adolescente, acho que a música ajuda a gente a encontrar nossa turma, né? Encontrei minha turma de “es-

Qual é a melhor lembrança da época? Acho que a inocência do sonho, as risadas e as noites inesquecíveis com os amigos, a gente fazia show até em bordel. A vida tinha mais poesia. Você já pensou em desistir? Por quê? Em desistir nunca. Acho que já pensei em voltar para o cinema talvez, escrever, outras paixões. Qual é a sua maior realização até hoje? Minha carreira é um milagre. Ter conquistado tudo o que eu conquistei nesse país do jeito que é. Estar vivo e continuar, já tendo deixado um legado. São 300 milhões de streams, prêmios, turnês nacionais e internacionais, discos de platina, ouro, etc. Cada uma dessas conquistas é um milagre.

O que você quer transmitir com a sua arte? Acho que minha arte fala sobre muitas coisas diferentes: sobre o poder do amor,

“Minha carreira é um milagre. Ter conquistado tudo o que eu conquistei nesse país do jeito que é. Estar vivo e continuar, já tendo deixado um legado”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Johnny Hooker

86

da amizade, da intensidade, da insubmissão, do desejo e da construção de um senso de país. Acho que quero fazer as pessoas pensarem, provocar o pensamento delas, fazê-las se questionarem. E claro, é também um grande ritual de exorcismo. O que não pode faltar no seu dia a dia? Silêncio e paz. O que mais falta! Risos e lágrimas. Mas, sem brincadeiras, gosto de acordar, tomar café e fazer meus exercícios. Ver filmes e conversar com os amigos. Sou muito caseiro, tenho evitado sair muito no mundo porque acho o ambiente hostil demais. Preciso dessa rotina de paz para poder criar. Quem é a sua maior referência? Eu diria que é Madonna. Ela, para mim, é a maior artista do século. Qual foi o look mais marcante que você usou até hoje? Ah, gosto de muitos, especialmente os de assinatura das turnês. O “garoto de programa” da turnê do ØRGIA, o “guerreiro mítico” da roupa do Coração e o

“deus do desejo” do Macumba. E ah, amei o look de boxeador que fizemos para a revista! As fotos ficaram lindas! O que você gostaria de falar para o Johnny de 18 anos? Que ele já tem tudo no coração dele. É só seguir em frente. E pare de fumar! Com quem você gostaria de tomar um café? Por quê? Com Madonna. Queria perguntar tantas coisas pra ela. Ver um insight dela assim ao vivo. Quais são os próximos projetos? Bem, estamos com a turnê do Clube da Sofrência, que está sendo um sucesso de público. É um show que homenageia Marília Mendonça e o gênero da música romântica em geral. Onde você sonha em se apresentar? O que eu mais gosto de fazer é televisão. Se eu pudesse, me apresentaria na TV toda semana. Sem avião! Risos e lágrimas!

“Acho que minha arte fala sobre muitas coisas diferentes: sobre o poder do amor, da amizade, da intensidade, da insubmissão, do desejo e da construção de um senso de país”


87


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Johnny Hooker 88


89

“Perto do mar, me sinto em casa. Sem avião, morro de medo de avião. Risos e lágrimas”

Assistente de beleza Erico Colaço

Assessoria de imprensa Italo Martins


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lia Clark

90

L

IT’S LIA CLARK, BITCHES! A PRIMEIRA DRAG QUEEN DO UNIVERSO DO FUNK BRASILEIRO CONQUISTOU AS MAIORES PARADAS DE SUCESSO. ELA SE APRESENTA NO THE TOWN NO DIA 3 DE SETEMBRO NO PALCO FACTORY Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza e Styling Igor Clover Cabelo Ictor 5 min


91


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lia Clark

92

Look Forever, Ellus e Schutz Adesivo Facial AFRODITE


93

Seguindo os passos da icônica Britney Spears ao cativar fãs com autenticidade e performances envolventes, Lia Clark conquistou a cena musical com sua paixão e determinação. De origem simples, ela quebra barreiras e tabus, desafiando convenções com sua moda ousada e visuais icônicos. Embora tenha enfrentado desafios, Lia emergiu resiliente, reafirmando-se como influência inspiradora e revitalizando o cenário pop brasileiro. Lia Clark é uma das principais figuras da vibrante cena musical LGBTQIA+, sendo pioneira como drag queen a conquistar espaço no cenário do funk nacional. Com suas canções contagiantes, carregadas de sensualidade e batidas envolventes, essa artista santista é reconhecida pela forma bem-humorada com que funde os estilos funk e pop em sua música. Conheça um pouco mais sobre a trajetória dessa artista incrível. Quando você se descobriu artista? Acho que desde criança essa artista esteve dentro de mim. Sempre gostei muito de dançar e participava do grupo de dança de rua da minha escola. Quando fui fã da Britney Spears, sempre ficava no quarto tentando dançar e cantar. Eu consegui colocar isso para fora na primeira vez que me montei, e me senti muito mais confiante e feliz. Entendi que era desse jeito que queria expressar tudo o que estava dentro de mim. Como é participar de um festival tão grande como o The Town? É uma realização pessoal e profissional muito grande, muito importante, algo que realmente nunca imaginei quando estava fazendo minha primeira música, quando comecei a me montar, quando subi nos primeiros palcos. Mas esse sonho sempre esteve dentro de mim, e estou muito feliz por saber que toda a equipe do The Town, Zé Ricardo, todos da curadoria, olharam

para o meu trabalho e viram esse potencial para ocupar esse espaço, sendo a drag queen que levará o funk ao palco Factory. É emocionante demais. Qual foi o momento mais legal da sua carreira até hoje? São muitos, mas vou falar sobre o Rock in Rio, porque vieram muitos flashbacks à minha mente, de eu estar assistindo ao RiR, quer seja de casa, quer seja pelo YouTube, como público também. Já fui uma vez ao RiR com meus amigos, mas sem ingresso. Tentei comprar ingresso e não consegui, acabei ouvindo o show da Rihanna do lado de fora, enquanto meus amigos entraram e eu fiquei meio que sozinho. Tive que voltar para a casa da minha amiga onde estava hospedado, então agora na minha história esses dois pontos se entrelaçam: eu já fui até a porta sem ingresso e também já cantei no palco. Acho que foi um momento de superação muito legal. Foi mágico. Qual é o seu maior sonho? O meu maior sonho é ver minha carreira avançando e crescendo cada vez mais, assim como estou sentindo que tem acontecido nos últimos anos. Além disso, quero ser capaz de ajudar minha família e conquistar uma estabilidade financeira melhor. Ter algumas posses, como dar uma casa para minha mãe, possuir uma casa própria e comprar um carro, é parte desse desejo de ter o básico para uma vida confortável. Estamos empenhados nessa batalha. Quais são as suas maiores referências na música? As minhas maiores inspirações vieram da minha adolescência. Eu escutava muito Britney Spears, então ela está sempre presente em tudo o que faço. Por muito tempo da minha vida, eu só consumia

“Quero ser capaz de ajudar minha família e conquistar uma estabilidade financeira melhor”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lia Clark

94

Britney Spears e só queria saber dela: clipes, turnês, álbuns, tudo... Além disso, eu também escutava muito funk (risos), e eu até brinco que se você pega uma Britney Spears e adiciona um toque de funk, resulta em uma Lia Clark. Eu adoro a Gaiola das Popozudas, Tati Quebra-Barraco e toda a galera que fez essa fusão do funk com o pop, como Anitta, Ludmilla e todas as minhas amigas drag queens que também fazem música, elas me inspiram de alguma forma. Sou fã do movimento, e também admiro muito a Nicki Minaj, que traz um fluxo de rap que, às vezes, eu arrisco e adoro. Então, é toda essa mistura que carrego comigo como Lia Clark. Como é ser a maior artista drag queen do funk? São vocês que afirmam que sou a maior drag queen do funk (risos). E é algo que sempre digo: isso não foi planejado quando comecei a fazer minha música, tipo “Ai, você é a drag queen do funk?” Foi algo muito natural, porque fazia parte de mim. Sinto muito orgulho disso, por ter sido abençoado com a oportunidade de lançar a música certa na hora certa e saber o que estou fazendo, é por isso que estou aqui. Há mais de sete anos, estou fazendo música e ocupando todos os palcos, levando esse “Funk Queer”, “Funk LGBTQIAPN+” para todos os lugares... eu nem gosto de me rotular, porque funk é funk, a única diferença entre mim e os outros é que sou um gay de peruca, mas é isso! Fico muito feliz com esse título e espero inspirar cada vez mais pessoas a fa-

zerem funk, seja drag queen ou não, porque é um estilo incrível e, quando toca, ninguém fica parado. Qual é o feat que você sonha em fazer? Eu não tenho muitos sonhos de feat. Não sei, acho que as coisas acontecem muito naturalmente, mas como a Anitta é a pessoa que tá levando o funk para o mundo, eu acho que seria muito legal ter essa junção da primeira drag queen (funkeira) do Brasil com ela, que é essa representante do funk que está indo lá para fora. Amo a Ludmilla também, que é um dos pilares do funk. E as internacionais eu amo, né? Minha Britney, a Nicki Minaj seria um grande sonho, mas aí são sonhos muito distantes, né? Nem falo. O que você faz quando ninguém está olhando? Eu amo não fazer nada, adoro ficar sentado sem realizar nenhuma atividade, porque tudo e qualquer coisa exige muita energia quando se é um artista independente, tentando tirar todos os projetos do papel e lançá-los. Então, quando tenho a oportunidade de estar sozinho, sem ninguém me mandando mensagens para responder algo, eu aproveito para não fazer nada, entende? Fico deitado, com os olhos fechados — não que eu esteja dormindo, é mais como se estivesse me concentrando na tranquilidade. Uma saudade do anonimato. Eu adorava sair com as minhas amigas quando estava montada. Gostava de me

“Por muito tempo da minha vida eu só consumia Britney Spears e só queria saber dela: clipes, turnês, álbuns, tudo... Além disso, eu também escutava muito funk (risos), e eu até brinco que se você pega uma Britney Spears e adiciona um toque de funk, resulta em uma Lia Clark”


95


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lia Clark 96


97

produzir e, junto com outras amigas que também se montavam, íamos para a balada e aproveitamos bastante. Naquela época, conseguia aproveitar mais porque eu era anônima. Hoje em dia, se me produzo, não consigo sair. Então, sinto saudades disso (risos). Um hábito diário. Um hábito diário que mantenho é ir para a academia. Na verdade, fico ansioso se não consigo ir no meu horário habitual. Quando não faço isso, o meu dia parece mais desordenado e estranho. Minha ansiedade parece se intensificar e os problemas parecem crescer. A academia não só me auxilia a ficar em melhor forma, mas também é uma forma de lidar com essa ansiedade. Uma memória de infância que você gostaria de reviver. Eu adoro lembrar de mim mesmo na infância e pré-adolescência, isolado no quarto assistindo Britney Spears. Isso me traz uma imensa alegria. Eu não tinha noção naquela época — mas agora tenho — de como isso me moldou como pessoa. Afinal, não foi por apenas um ou dois anos; desde os meus 11 ou 12 anos até hoje, eu fui e ainda sou um grande fã dela. Naqueles momentos, mesmo com amigos ao redor, eu me sentia bastante solitário. Crescer como uma criança LGBT, sem compreender completamente o que estava acontecendo, levando a crer que algo estava errado ou que eu tinha algum defeito, era desafiador. Contudo, de alguma forma, encontrei conforto na música dela. Passava horas e horas absorvendo tudo relacionado a ela, e isso me ajudou a superar muitas dificuldades. Além dis-

Assistente de beleza Maicon Douglas

Assessoria de imprensa Ari Prensa

so, era incrivelmente divertido (risos). E é realmente emocionante saber que realizei meu sonho de subir nos palcos e cantar minhas próprias músicas, assim como ela. Qual é o sentimento que você quer que a sua arte desperte nas pessoas? Alegria. Adoro criar música para transmitir alegria. Seja alguém ouvindo uma linha da minha música e achando engraçada, sentindo-se atraente, superando um momento difícil ao ouvir minha música para se animar, dançar, quando amigos se reúnem para beber ou assistir algo juntos, “tipo” um aquecimento antes da festa, e toca a minha música para dançar, se divertir e conversar, ou quando alguém vai à balada e quer dançar. Quero que as pessoas se divirtam e temporariamente esqueçam de seus problemas, porque a vida não é fácil para ninguém. Todos têm suas preocupações, têm muitas coisas acontecendo em suas mentes e vidas. Com a Lia Clark, desejo trazer esse mundo utópico onde não tenho problemas, “hoje só quero me divertir”. Quais as novidades para os próximos meses? Para os próximos meses teremos muitas coisas acontecendo. Tem a estreia da turnê nova no The Town, vamos ter o lançamento do álbum Lia Clark que foi dividido em duas partes: a primeira parte foi ano passado e agora vamos completar o projeto. Eu tenho um projeto que está para ser anunciado com televisão, mas ainda não posso falar. E a gente tá começando a produzir a nossa aposta musical para o Carnaval também. Então, tem muita coisa vindo aí, né (risos)?

“Adoro criar música para transmitir alegria. Seja alguém ouvindo uma linha da minha música e achando engraçada, sentindo-se atraente, superando um momento difícil, ou ouvir minha música para se animar, dançar”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Marina Sena 98


M OUSADA, GENUÍNA E GENIAL. MARINA SENA É EM SUA ESSÊNCIA UMA MINEIRINHA MUITO IRREVERENTE, NÃO SE CONTENTA COM POUCO E ESTÁ DISPOSTA A PAGAR O PREÇO DA FAMA PARA CONQUISTAR O QUE MAIS QUER: O MUNDO. E, PARA ISSO, ELA ESTÁ DISPOSTA A ENTREGAR O QUE TEM DE MAIS PRECIOSO: A SUA ARTE

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Sasa Fereira Styling Leandro Porto 5 min

99


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Marina Sena

100

De Taiobeiras, Minas Gerais, uma cidade de 33 mil habitantes, Marina Sena, que era conhecida como a “doidinha da cidade”, prova que ser excêntrica pode ser um caminho para o sucesso. Sua carreira começou em Montes Claros, quando ela tinha 18 anos e cantava na A Outra Banda da Lua. Em 2019, passou pela banda Rosa Neon e viralizou a música Ombrim. De lá para cá, Marina se jogou na carreira solo com o álbum De Primeira (2021) e o hit Por Supuesto ganhou as redes sociais. Vivendo o auge de sua carreira e divulgando seu novo álbum Vício Inerente, Marina está ganhando cada vez mais notoriedade, participando de diversos projetos, viajando com famosos, os quais sempre admirou, e fazendo shows em festivais por todo país. Como você começou sua jornada na música? Acho que já nasci artista, mas comecei a compor pra valer aos 15 anos, e iniciei minha jornada de profissionalização do meu talento aos 18 anos em Montes Claros com A Outra Banda da Lua. Depois, passei pelo Rosa Neon, e há dois anos lancei meu primeiro disco solo, o que marcou uma mudança significativa em minha carreira. Quem é Marina por Marina Sena? Sou uma menina de 26 anos de Taiobeiras, do norte de Minas Gerais, que decidiu, ou

melhor, que decidiram por ela, Deus decidiu que eu seria uma cantora. E que eu ia trabalhar muito com isso, e aí, eu saí lá da minha cidade para seguir esse destino. Quais foram as suas principais influências musicais no início de sua carreira? A maior de todas sempre foi Gal Costa. Tive muita influência das músicas que tocavam nas novelas, nas rádios, e também da música que toca na região do norte de Minas Gerais, muito forró, sertanejo e pagodão baiano. Mas sempre tive a MPB como favorita. Como você descreveria seu estilo musical? Eu faço música pop. Como é o seu processo criativo para compor uma música? Depende. Antes, eu normalmente fazia no violão. Agora eu também componho sobre o beat já pronto. Quais elementos você considera essenciais para uma boa composição? Metáforas bem colocadas, erros de prosódia apenas se necessários e muito bem colocados, e malandragem. Alguma vez um fã te mandou uma mensagem que te tocou profundamente? O que ela dizia? Muitas vezes recebo mensagens lindas

“O mundo é muito grande, existem muitas pessoas e cada uma com sua particularidade, nada mais justo que a arte represente todas elas”


101


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Marina Sena

102

de fãs sempre me dando muito apoio pra continuar na minha trajetória, meus fãs acreditam muito em mim, e vivem junto comigo minha evolução como artista, como cantora. Vivem comigo a delícia que é todo o processo. Conta para nós: como é ser amiga de pessoas famosas como a Juliette? Então, a gente já se identificava online, já se seguia e super se gostava. Eu curtia o “rolê” dela e ela o meu. E aí, um dia ela me mandou uma mensagem, e logo foi na minha casa para a gente se conhecer. Nós nos conhecemos, conversamos, e realmente, olhamos uma na cara da outra e entendemos a “onda”. E aí, depois disso, ela me mandou uma música e falou: “Tenho uma música que é a sua cara, para a gente lançar juntas”. Quando eu escutei, eu também achei a minha cara e eu topei fazer com ela. Foi bem rápido, gravamos a música e o clipe de Quase não namoro super-rápido, que é cheio de referência de filmes icônicos e românticos. E foi maravilhoso fazer tudo isso com ela, pois eu a amo. Você acredita que a diversidade musical é importante para o cenário artístico atual? Por quê? Com certeza! O mundo é muito grande,

existem muitas pessoas e cada uma com sua particularidade, nada mais justo que a arte represente todas elas. Como você analisa a sua trajetória de ascensão? Como você lida com a fama? Eu acho que estou subindo os degraus sempre, me reinventando sempre e me sinto muito corajosa sempre. Eu lido sendo mais reservada e sempre deixando a música como pauta principal. Existe alguma lição ou ensinamento que você espera que suas músicas deixem para as pessoas que as ouvem? Quero que as mulheres se achem cada vez mais maravilhosas, mais gostosas e poderosas com as minhas músicas. Quero mostrar minha visceralidade nas minhas músicas, independente do assunto eu me sinto visceral em qualquer um deles. E eu quero que as pessoas sintam isso. Quais são seus planos e objetivos para o futuro da sua carreira? Continuar sempre fazendo música boa que me preenche e acessando cada vez mais pessoas que se identificam com isso. Nunca vou parar!

“Quero que as mulheres se achem cada vez mais maravilhosas, mais gostosas e poderosas com as minhas músicas”


103


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Marina Sena 104


105

“Eu acho que estou subindo os degraus sempre, me reinventando sempre e me sinto muito corajosa sempre. Eu lido [com a fama] sendo mais reservada e sempre deixando a música como pauta principal”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Mateus Carrilho 106


107

M O MENINO QUE QUER CONQUISTAR SEU MERECIDO SUCESSO, SABE QUE O CAMINHO É LONGO E DIFÍCIL, MAS NADA PARA MATEUS CARRILHO E SUA ENERGIA DE DESMISTIFICAR QUE A MÚSICA BRASILEIRA TEM MUITO ESPAÇO PARA CRESCER E SE TORNAR CADA VEZ MAIS CONHECIDA Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura

5 min


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Mateus Carrilho

108

Natural de Goianésia, em Goiás, o millennial Mateus Carrilho é cantor, compositor e ícone da música pop brasileira. Ele iniciou sua carreira como vocalista da Banda Uó com o meteórico hit Shake de Amor. Depois, em 2017, lançou a música Corpo Sensual em parceria com Pabllo Vittar, que acumula mais de 500 milhões de reproduções. Seu primeiro trabalho solo chegou em 2018 com Privê, que já alcançou mais de 9 milhões de visualizações no YouTube. Além disso, Mateus Carrilho brilhou em outras músicas autorais, como Toma, em parceria com Tainá Costa, Inimigo do Fim, e sua participação em Chega com Duda Beat e Jaloo, que se tornou um single de platina. Mateus vive o auge de sua carreira com o lançamento de Paixão Nacional, seu álbum solo de estúdio, que mostra que além de ele ter amadurecido como artista, prova que é sim possível encontrar um equilíbrio entre gêneros musicais com as próprias ideologias. Conta para a gente: como você começou a sua carreira musical? Acho que minha carreira musical se inicia na minha cidade natal, Goianésia, em Goiás. Lá eu tive algumas experimentações enquanto artista. Desde muito novinho, participei de festivais de música e tive ali as minhas primeiras bandas. É muito engraçado que eu sempre levei isso muito a sério, o que intrigava um pouco os meus pais, porque eu formava um grupo e eu já falava que a gente ia conseguir um show, que a gente ia cantar e que a gente ia aparecer na televisão, então isso foi uma busca minha desde muito jovem. Aí, me mudei para Goiânia, comecei a fazer faculdade, dei uma abandonada nessa coisa da música, porque a vida acadêmica ficou em primeiro lugar, o YouTube ainda estava ali naqueles primeiros passos de viralização,

então não tinha essa consciência de que na internet se ficava famoso ou que se fazia dinheiro, então fui pela vida acadêmica. No final da faculdade, as coisas digitais já estavam bombando muito mais, isso era em 2011, e a Banda Uó surgiu. Nós nos encontrávamos na noite goiana, eu estava na faculdade, no caso, mas nós frequentávamos as mesmas festinhas. Fiquei seis anos na Banda Uó, fiz shows pelo Brasil todo. Em 2018, a banda pausou e aí fiquei solo, lancei vários feats com a Pabllo, com a Duda Beat, com a Gloria Groove. Como está este novo momento da sua carreira, após o lançamento de álbum e carreira solo? Estou agora no meu momento lançando esse “discão” que é o Paixão Nacional, que é também um grande brinde a todos esses anos de carreira que eu tenho, que já são dez, e é uma grande contemplação ao Brasil. Quem conhece a minha trajetória consegue identificar muito bem a minha maneira de fazer pop, que é fazer com elementos brasileiros, elementos nacionais, desde a estética até a parte de sonoridade. Quais são as suas principais influências musicais? Quais artistas ou gêneros inspiraram o seu trabalho? Eu estudo diferentes vertentes, a música pop é realmente a música que eu faço, é o que me balança, mas para fazer esse disco, eu bebi de fontes um pouquinho mais maduras. A faixa Menino, que é a primeira que lancei, tem um quê de Jorge Ben, se você analisar ali. Outra faixa, chamada Sedento, você vai sentir a essência de Kevin O Chris. Eu amo o funk, sempre foi uma das minhas músicas brasileiras favoritas, apesar de não ter nascido no Rio de Janeiro. Fui uma criança que consumiu muito Furacão 2000 e os programas que

“Eu formava um grupo e eu já falava que a gente ia conseguir um show, que a gente ia cantar e que a gente ia aparecer na televisão, então foi uma busca minha desde muito jovem”


109


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Mateus Carrilho 110


111

passavam na televisão com eles. Tem Caetano também no meu disco, acho que é fácil perceber essa referência. Dos internacionais, teve um cara que me ajudou muito na formação desse álbum, chamado C. Tangana. Ele é um artista pop espanhol, foi um dos grandes ídolos que me fez enxergar como esse disco poderia ser. O que você mais gosta no processo de criação de música? Alguma vez você teve um momento de inspiração particularmente marcante? Essa história de ter um caderninho onde coloco todas as palavras é só um conto mesmo. Hoje, uso meu gravador, a tecnologia nos ajuda muito nisso, e eu tenho várias técnicas, desde compor aqui sozinho mesmo, algo totalmente do zero, até encontrar uma base no YouTube, que acredito ter potencial. Coração de Biscate, que é uma vertente mais familiar, próxima da Banda Uó, foi uma música feita dessa forma. Encontrei uma base de piseiro no YouTube, compus em cima dela. Então, eu fui desenvolvendo técnicas ao longo do tempo, que me fizeram compor todas as músicas deste disco, e depois as passo para o meu produtor musical. Juntos, acabamos desenvolvendo e trazendo uma variedade de músicas, por isso, este disco é muito completo. Ele inclui desde uma orquestra na entrada até percussão, sintetizadores e instrumentos de sopro, como trompetes e saxofones. Portanto, é um disco muito recheado e poderoso, e quem o ouviu foi impactado por ele. E como é ser um artista tão jovem, conquistando tudo isso de forma independente? Digamos que o mercado publicitário hoje dá um suporte, porque a gente acaba fazendo uma publi aqui e outra ali, e é uma remuneração boa que acaba contribuindo para que eu consiga fazer esse investimento na minha carreira artística. E na pandemia foi caótico exatamente por isso, nós não

estávamos fazendo shows, e automaticamente era difícil gravar clipes, porque tinha toda aquela coisa dos testes de Covid, mas a gente conseguiu sair dessa, e o que me faz estar aqui enquanto cantor independente é o amor pelo que eu faço mesmo, é isso que eu sei fazer da minha vida, é isso que eu gosto de fazer da minha vida, e eu espero que esse trabalho chegue à maior quantidade de pessoas possíveis, porque eu acho que é um disco que merece ser ouvido. Sua música muitas vezes apresenta letras e temas que desafiam normas de gênero e sexualidade. Como você vê o papel da sua música na promoção da diversidade e inclusão? Sim, eu vejo como hoje, mais do que nunca, eu preciso contar a minha história e automaticamente eu estou ali falando de mim. Às vezes, eu não estou nem querendo levantar uma bandeira, eu estou simplesmente fazendo uma música de amor para outro garoto. E claro que isso já entra, já é enquadrado como essa coisa da militância, que também é necessária para a gente romper [preconceitos]. E eu acho que hoje o que o mercado precisa realmente é dessa quebra de barreiras, isso já vem acontecendo de uma forma muito positiva. Nós vemos vários representantes da LGBTQIAPN+ nos grandes festivais sendo reconhecidos e abrindo portas para que venham muito mais pessoas, porque é isso, sabe, nós não podemos ser poucos, não pode ser um ou dois, tem que ser vários, eu quero ver vários artistas conquistando as paradas do Spotify. Então é sobre ocupar esses lugares que ainda não estamos tão inseridos. Como é a sua relação com os fãs? Existe alguma experiência com um fã ou grupo de fãs que o tenha marcado profundamente? É muito próxima, eu adoro os meus fãs, eu trato eles como realmente parte da minha equipe. Por exemplo, agora eu quero lançar um novo videoclipe, eu consultei

“Eu estudo diferentes vertentes, a música pop é realmente a música que eu faço, é o que me balança”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Mateus Carrilho

112

eles, porque eu falei: “Cara, é eles que vão escutar minha música, é eles que vão dançar, é eles que vão dar play, então eles precisam ficar felizes”. Então, eu trato com uma proximidade respeitosa para que eles estejam envolvidos e também me guiando para que eu saiba o meu caminho artístico. Acho que os fãs têm um olhar muito importante. Eu trago o meu olhar de dentro, mas eles também são um olhar de fora e podem muitas vezes estar vendo coisas que eu não enxerguei. Eu fico muito feliz com esse carinho, outro dia um menino mandou um recado lindo, falou assim: “Eu te conheci lá no início da Banda Uó, eu acabei de escutar seu disco, meu Deus, como é bom ser seu fã”. E para mim isso é o que mais vale, sabe? Aquela pessoa que está ali para te consumir e te enaltecer, e é isso que também traz essa força para que a gente continue com tudo. Qual foi o momento mais importante de sua carreira até hoje? Olha, sem puxar sardinha para nenhum lado, eu vivi muita coisa maravilhosa e linda, só que eu acho que o momento mais importante da minha carreira é o agora, porque eu lancei um disco que eu achei que eu não era capaz de fazer. Quando eu fiquei solo, eu pensei muitas vezes: “O que eu vou fazer agora?”, tipo, eu tive que fazer tudo sozinho. Tive que compor e fazer uma coisa totalmente autoral, então em termos de trabalho, de orgulho e de falar assim: “Nossa, eu consegui chegar até aqui, consegui fazer o meu disco”, o momento é esse. O que você curte fazer no seu tempo livre? Eu sou um criativo obsessivo, né? Então, por mais que eu tente me divertir, eu tô sempre, sempre, sempre criando. E pra mim, é um processo sem fim, sabe? Porque quando você acha que já chegou em um lugar, você vai descobrir ali uma lacuna de um novo artista, de um novo compositor.

Você vai falar: “Caraca, nem sabia que isso aqui era possível, gente”. Amo, amo compor e amo me divertir também. Tomar uns “gorozinhos”, ir para uma festinha com os amigos. Amo receber gente em casa ou ser convidado pra ir pra casa de alguém. É o meu tipo de “rolê” favorito. Se você não fosse cantor, o que você seria? Eu iria abrir um hostel num país paradisíaco. Ia viver lá, assim, sossegado. Longe da fama e dos holofotes. Vou falar uma coisa, eu acho que todas as pessoas que vivem na indústria do entretenimento tem esse tipo de pensamento. Porque é tanta informação, é tanta coisa que a gente tem de fazer que eu acho que todo mundo pensa nessa válvula de escape. Como você lida com a pressão e os desafios da indústria da música? Você tem alguma estratégia para manter sua saúde mental e criatividade? Olha, enquanto artista independente, não vou mentir que não é fácil, porque a gente sabe que essa indústria é uma indústria financiada, o engajamento é financiado, né? Mas, em contrapartida, eu acho que nós, hoje, até com o próprio TikTok, estamos conseguindo burlar essas regras criadas pela indústria e conseguindo chegar a públicos que antes não era possível. E eu sou o artista que está aqui para oferecer esse tipo de coisa. Eu decidi remar contra a maré, exatamente por eu entender que o público não quer mais do mesmo. Se você pudesse realizar um dos sonhos, qual seria e por quê? Eu quero um Grammy. Eu quero um Grammy maravilhoso. E eu não vou colocar empecilhos nisso, né? Se a gente tem um sonho, a gente tem que sonhar. Um Grammy Latino, tá? Também não sou maluco da cabeça. Eu já tô feliz com o latino.

“Eu decidi remar contra a maré, exatamente por eu entender que o público não quer mais do mesmo”


113


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Otto 114


O

115

MORADOR DA “SELVA DE PEDRA”, “AMOSTRADO”, PERNAMBUCANO, CANCERIANO E AUTÊNTICO, ESSE É OTTO. UM CARA QUE JÁ ACEITOU QUE SER QUEM ELE FOI PREDESTINADO A SER É A MELHOR MANEIRA DE VIVER ESTA JORNADA NA TERRA. AGORA, NO ANO QUE MARCA OS 10 ANOS DE FALECIMENTO DE REGINALDO ROSSI, ELE TRAZ O SHOW INÉDITO EM QUE CELEBRA A OBRA DO “REI DO BREGA”, FAZENDO RELEITURAS DE SEUS MAIORES SUCESSOS COMO GARÇOM, A RAPOSA E AS UVAS E MON AMOUR, MEU BEM, MA FEMME Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Bianca Lima Styling Camila Ferza 5 min


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Otto

116

Jaqueta, camisa e calça Studio Ferza e Eduardo Ferreira Medalhão Marcela Sambrano


117

As fronteiras da musicalidade de Otto são inexistentes. Em quase 30 anos de trajetória, o artista, nascido no sertão pernambucano, explorou uma ampla gama de estilos musicais. Da vibração do maracatu ao charme do brega, trilhando pelos caminhos do mangue beat, samba, rock e eletrônica, entre outros, criando uma sonoridade única e marcante. É um artista completo: cantor, compositor, percussionista, escritor e o que mais ele decidir ser. Destacou-se como pioneiro ao mesclar a efervescência da música eletrônica dos anos 1990 com elementos rítmicos genuinamente brasileiros. Ao longo de sua carreira, ele navega por arranjos que se baseiam tanto em batidas digitais quanto em criações instrumentais elaboradas. Suas letras, que inicialmente possuíam um caráter minimalista, evoluíram para incorporar um estilo romântico, apresentando versos que capturam sentimentos universais relacionados ao amor. Como foi o seu início na música e o que te tornou cantor? Nasci em Belo Jardim, interior de Pernambuco, cresci envolto pela rica cultura nordestina, com destaque para a música folclórica brasileira e a influência de artistas como Luiz Gonzaga. Ao mudar para Recife na adolescência, ampliei meu repertório musical para incluir ícones como Caetano, Gil, Alceu e Raul. Desde criança, nutri uma paixão pela percussão, sendo o álbum Canta, canta minha gente, de Martinho da Vila, uma influência marcante que me levou a me tornar percussionista e me conectou à cultura afro-brasileira, candomblé e religiões africanas. Minha trajetória musical evoluiu durante uma temporada em Paris, onde aprimorei minhas habilida-

des de percussão e descobri meu desejo de criar música. Retornando para o Pernambuco, integrei o Movimento Manguebeat com nomes como Chico Science e Nação Zumbi, representando uma parte da cultura pernambucana globalmente. Minha jornada culminou em uma carreira solo que já abrange oito álbuns, alcançados com esforço e colaborações valiosas. Minha estética musical é profundamente influenciada pela cultura afro-brasileira, jazz e a influência duradoura do Manguebeat. Aos 30 anos deste movimento, reconheço as mudanças que impulsionamos em Recife e celebro a realização contínua do meu sonho musical. Ao longo de sua carreira, você teve a oportunidade de colaborar com diversos artistas. Existe alguma parceria que foi especialmente marcante? Eu tive várias parcerias legais, mas uma que posso mencionar é a parceria com Zé Renato em Carinhosa. Eu fiz a letra e Zé Renato, um grande cantor e músico brasileiro, contribuiu com a música. Também tive uma com o Chorão em Cuba, que foi uma colaboração maravilhosa. Essas são duas parcerias inesquecíveis. Como é o seu processo criativo? Geralmente, começo a criar meus álbuns a partir do título. Observo o que está por vir... A minha criação musical ocorre incessantemente. Aquelas letras que permanecem, não saem da minha mente. Assim, o meu processo criativo envolve captar a essência do mundo, a essência do ser humano, tentar expressar o significado de ser... Busco transmitir isso através da poesia e da música, não tanto como uma explica-

“Minha jornada culminou em uma carreira solo que já abrange oito álbuns, alcançados com esforço e colaborações valiosas. Minha estética musical é profundamente influenciada pela cultura afro-brasileira, jazz e a influência duradoura do Manguebeat”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Otto

118

ção, mas como uma forma de comunicar por que existimos, por que estamos aqui. Essa é a grande troca do artista: refletir para o público o que o público também é. Portanto, o meu processo criativo está entrelaçado com a humanidade, com o ser humano, com os relacionamentos, com o amor – um amor profundo. Além de ser um cantor talentoso, você também é instrumentista. Como foi o seu aprendizado em relação aos instrumentos que toca? Eu toco percussão e agora estou com um violão de verdade, que pratico muito. Não sou um cara que vê as notas, vou tocando, a banda diz “meu Deus” e está dando certo (risos). Acho que tenho uma mão boa, uma “pegada” boa. Toco baixo, bateria, mas de um jeito muito simples. Um amigo meu disse: “Otto, você não é apenas um músico, você é a música, cara!” Do jeito que estou atrevido (risos), posso dizer que qualquer instrumento para mim não é um bloqueio, toco e vai dar certo. A percussão, o pandeiro, foram muito importantes para minhas composições; o batuque, o ritmo, são fundamentais para as minhas músicas. Agora, estou no violão, fazendo harmonias no teclado, mas meu instrumento é minha voz, minha interpretação e minha musicalidade. Sou um cantor. Suas músicas, muitas vezes, abordam questões sociais e políticas. Qual é a mensagem que você quer transmitir com a música? A política está presente, mas não de maneira panfletária. Sou alguém que aspira a escrever sobre verdades, sobre essa resistência necessária no mundo. Logo, eu me pauto nisso: estar um passo adiante para refletir, para entoar isso. Observo atentamente o estado do mundo e penso em criar uma melodia, um código que troco com o meu público. Sempre de forma mental,

espiritual, romântica e contemporânea. Vivemos em um mundo muito difícil, em um país com muitos problemas. Precisamos estar sempre alertas em relação ao que o sistema pode fazer, enxergar o outro socialmente, ser seres sociais, seres humanos... Há muitas pessoas que necessitam de apoio. Existem questões que precisamos enfrentar: pobreza, injustiça... Acredito que trago palavras de conforto, mantendo o apelo popular, a diversão e a informação musical. Conseguir isso nos meus discos é importante... Desejo deixar algo que perdure. Costumo dizer que minha música é como uma fonte, e eu devo cuidar dela. Quando cuidamos da fonte, sempre haverá água. Estou sempre zelando para que a fonte contenha informação, bom gosto, juventude, entusiasmo, entre outras coisas. Além da música, existe alguma outra forma de arte que você aprecie ou que te inspire? Qual? Escrevo, pinto e tenho grande interesse em criar. Já tinha uma inclinação para a pintura, mas durante a pandemia, com semanas de tempo livre, comecei a praticar mais. No final da pandemia, consegui vender quadros para todo o Brasil e até em outros países. Também lancei o meu livro Vermelho, pois tenho gosto pela escrita. Com 55 anos, percebo que não sei fazer nada na minha vida além de cantar, pintar, viver a arte! Sinto que esta é a minha missão, tenho consciência do que posso oferecer, produzir e transmitir para as gerações futuras. Não sou alguém que para. Após lançar o livro, mergulhei na pintura. Depois, precisei parar para me dedicar à música e ao projeto do Reginaldo Rossi. Já não tenho mais medo de me expor ou de expressar o que observo. A arte é abstrata e democrática, qualquer pessoa com grande desejo pode praticá-la e ser reconhecida. Entretanto, é uma liberdade diferente

“Essa é a grande troca do artista: refletir para o público o que o público também é”


119


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Otto 120


121

da de um médico, que precisa de uma base sólida tanto prática quanto teórica. A arte também exige isso, mas no meu caso, é tão intuitiva, tão genuína, que acredito ser capaz de abraçar tudo. Como você enxerga a evolução da música brasileira e qual a sua contribuição nesse cenário? O nordestino deve abraçar sua própria cultura, já que, muitas vezes, é o que temos de mais valioso. Mantemos uma forte conexão com a cultura, como o folclore. O São João é uma celebração vivida e cultivada há muitos anos; colocamos bigodes, dançamos quadrilhas. Temos uma ligação profunda com a oralidade, com os poetas, com os cantadores. O nordestino é uma parte fundamental na construção deste país. Luiz Gonzaga, devido à sua idade e à relevância das suas músicas, quase se torna uma figura divina. O que ele cantou, o que assimilamos como nordestinos, nos educa, nos alimenta. A cultura desempenha um papel revolucionário e educativo em nossas vidas, e nossa relação com ela é magnífica e profunda. É uma raiz incrivelmente sólida. Se eu continuar a falar, vou até chorar (risos), dado o quanto isso é importante. Como todos sabem, musicalmente, nossa originalidade e musicalidade são imensas. O maracatu veio da África, os portugueses trouxeram a rabeca, o branco trouxe o jazz, um instrumento clássico, e nós pegamos a viola e realizamos nossas próprias alquimias. Quando surgiu o Movimento Manguebeat, quando Chico Science uniu o maracatu, algo com séculos de história, com Lúcio Maia, com guitarra, com calça jeans, foi explosivo! Contribuímos enormemente para a música brasileira

nos anos 1990, o que demonstra o quanto ela é poderosa, o quanto está profundamente enraizada em nós. O que você faz quando ninguém está olhando? Como escondido, crio de madrugada. É quando eu mais gosto de escrever, pintar e pensar. Gosto quando o dia está clareando assim, quando todos estão dormindo e eu estou lá escrevendo. Estou pensando no mundo, é uma loucura. Se você não fosse você, quem gostaria de ser? Talvez um capitão de um navio lá dos idos anos, que gostava de escrever (risos). Um artista que você gostaria de conhecer. Por quê? O Raul Seixas. Acredito que ele entenderia algumas das minhas angústias e vontades. Quais são seus planos e projetos futuros na música? Podemos esperar novos álbuns ou colaborações? Minha meta agora é fazer com que esse projeto do Reginaldo Rossi caminhe mais, voe pelo Brasil, as pessoas precisam conhecer mais do trabalho dele. E que eu possa mostrar a potência desse projeto, para depois vir com um disco de carreira. Ultimamente, estou um pouco fechado com isso, mas daqui a pouco vai abrir, e vou ter o título desse novo disco, mas espero falar dessas relações que estão sendo discutidas, porém não me vejo com um local de fala. Estou buscando esse local de fala para poder falar sobre tudo (risos). Estamos em um período tão difícil que até a verdade pode não ser compreendida e isso é muito complicado.

“Observo atentamente o estado do mundo e penso em criar uma melodia, um código que troco com o meu público. Sempre de forma mental, espiritual, romântica e contemporânea”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Paula Lima 122


P

PAULA LIMA É PURA AUTENTICIDADE COM DUAS DÉCADAS DE CARREIRA E O COMPROMISSO DE CONTINUAR INSPIRANDO E ENCANTANDO COM TODA SUA POTÊNCIA VOCAL E SOCIAL. ELA ESTÁ NO THE TOWN COM A SÃO PAULO BIG BAND NO DIA 7 DE SETEMBRO NO PALCO SÃO PAULO SQUARE Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Renan Tavarez

5 min

123


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Paula Lima

124

Paula Lima é conhecida pela sua voz poderosa e sua versatilidade musical. Começou a sua carreira nos anos 1990 como vocalista da banda de samba-funk Unidade Móvel. A presença de palco carismática e o talento vocal único a destacaram no cenário musical brasileiro. Ao longo dos anos, Paula usa a sua influência para promover a visibilidade, igualdade e empoderamento da comunidade negra, tanto no cenário artístico quanto na sociedade em geral. Através das suas músicas, atuações e envolvimento em projetos sociais, ela tornou-se um exemplo inspirador de como uma figura pública pode usar a sua plataforma para lutar por justiça social e contribuir para a quebra de estereótipos e preconceitos. Desde 2011, ela apresenta o programa Chocolate Quente, que dá voz a grandes artistas negros na Rádio Eldorado. Como a sua vida e a música se encontraram? A música faz parte da minha vida. Minha mãe conta que eu canto desde os 3 anos... já acordava cantando no berço. Aos 6, me apresentava solo nas festas da escola. Aos 7, comecei a estudar piano erudito e me formei aos 17. A partir da 6ª série, tornei-me a cantora oficial da minha turma. Fui a oradora e cantora na formatura da 8ª série. No colegial, fazíamos sarauzinhos na própria sala de aula e eu cantava. Fiz um ano de Publicidade na FAAP, mas foi enquanto estudava na faculdade de Direito no Mackenzie, onde me formei, que conheci Eugênio Lima. Ele acreditou, cheio de ideias e arte, que comecei a cantar no estúdio, no palco e para um público... Me apaixonei, me encontrei no mundo e achei o meu lugar. É uma tremenda ale-

gria respirar, ter experiências singulares, usar a voz para levar bons sentimentos e sensações, me apresentar, sonhar acordada e ser uma agente transformadora através da música. Como foi o início da sua carreira? Quando conheci Eugênio Lima, passei a fazer shows com a banda dele, a Unidade Móvel. Desdobramos para Unidade Bop e gravamos pelo selo Eldorado. Com as duas Unidades, nos apresentamos no Programa Livre do Serginho Groisman, no Aeroanta e em muitos lugares legais. Conheci Thaíde & Dj Hum e Bid, que mais tarde formariam o Funk Como Le Gusta, e a partir daí foram shows pelo Brasil e alguns lugares da Europa, com direito ao hit Senhor Tempo Bom. Em 2001, fui convidada para criar o meu primeiro trabalho solo, o É isso aí, um álbum especial com músicas e participações de Seu Jorge e Ed Motta. O álbum recebeu muitas indicações, e a partir dele me apresentei também no Japão e fiz shows com Milton Nascimento, Jorge Ben Jor, Marcelo D2, Nando Reis e Elza Soares. No ano passado você completou 20 anos de carreira. O que te trouxe até aqui? O meu amor pela música, dedicação, transpiração, o meu amor pelo público e o público em si. Qual é a importância de uma mulher forte e determinada como você ser a presidente de um órgão como a União Brasileira de Compositores? É importante que estejamos em lugares estratégicos, que sejamos donas das nos-

“É uma tremenda alegria respirar, ter experiências singulares, usar a voz para levar bons sentimentos e sensações, me apresentar, sonhar acordada e ser uma agente transformadora através da música!”


125


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Paula Lima 126


127

sas vidas e carreiras. Que uma mulher negra ocupe um lugar de destaque podendo e somando, claro, de forma eficaz para o seu entorno e para o coletivo. Inclusive abrindo portas para outras. União Brasileira de Compositores (UBC) é uma associação sem fins lucrativos, dirigida por autores, que tem como objetivo principal a defesa e a promoção dos interesses dos titulares de direitos autorais de músicas e a distribuição dos rendimentos gerados pela utilização das mesmas, bem como o desenvolvimento cultural. De onde surgiu a ideia de criar a EVE NFT? O que ele representa para a sociedade? O Project EVE é um negócio de impacto social criado por um grupo de mulheres de áreas como tecnologia, cultura, empreendedorismo e mercado financeiro, com o objetivo de democratizar o acesso à Web3. Estamos vivenciando transformações poderosas, migrando da internet baseada na troca de informações para a internet baseada na troca de valor. Este é um novo mundo, muito interessante e empoderador. Através do poder aquisitivo, sabemos que muitas mulheres podem ter suas vidas transformadas e alcançar, de forma real, a liberdade, literalmente falando. Como é ser uma referência e inspiração dentro de sua área de atuação? Eu tive referências e muitas inspirações, desde os meus avós até os meus filhos. O conceito da minha família sempre foi o de estudarmos para sermos quem quisermos ser. Tive os meus padrinhos e os irmãos da minha mãe como exemplos de sucesso, pois foram os primeiros a alcançar o en-

sino superior. Isso fez com que nós, a geração seguinte, seguíssemos esses mesmos passos. E agora, falando da minha área, tive como referências Alcione, Elza, Sandra de Sá, Glória Maria e tantas outras mulheres deslumbrantes para admirar e acreditar que seria e é possível. Está longe de ser fácil, mas uma coisa ninguém pode tirar de você: o seu talento. Precisamos cada vez mais democratizar e diversificar os espaços para que todos tenham o futuro desejado. Como mencionei, pensar no coletivo e ser uma agente transformadora é uma realidade para mim. Qual é sua lembrança mais gostosa do Carnaval no qual você foi marcante e atuante como comentarista na Globo? Visitar e conhecer as cabeças e mãos dos carnavalescos e das pessoas da comunidade que fazem a magia acontecer. Máximo respeito. Quais as suas melhores lembranças da infância e o que gosta de reviver? Os encontros e festas em família. Das festas do meu tio Beto, com churrascos cheios de novos discos, o som que ia do jazz, soul ao samba. Do tanto de amor que vivi e da união. As conversas, os sorrisos, as chegadas. Você é workaholic? Você tem um programa na Rádio Eldorado vencedor do APCA. Como é fazer tantas coisas ao mesmo tempo? Sou motivada pelas coisas que me tocam e me movimentam. Portanto, mesmo quando tenho mil coisas acontecendo ao redor e ao mesmo tempo, preciso dizer sim para o que pode se transformar em uma experi-

“Eu tive referências e muitas inspirações, desde os meus avós até os meus filhos. O conceito da minha família sempre foi o de estudarmos para sermos quem quisermos ser”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Paula Lima

128

ência surpreendente. O Chocolate Quente é o meu programa de rádio que vai ao ar às terças-feiras e domingos. Ele é o resultado de uma pesquisa que realizo com o melhor da música negra nacional e internacional, unindo clássicos e novidades, artistas consagrados e emergentes. Toco desde Marvin Gaye, Stevie Wonder e Ella Fitzgerald até Anderson .Paak, SZA, Banda Black Rio, Gil, Liniker e Emicida. O Chocolate Quente é um verdadeiro xodó. O que te inspira? As pessoas, as experiências, a alegria de viver. Algo que você tenha aprendido nos últimos tempos. Que a vida é uma caixa de surpresas e é

uma só, e é preciso amar e viver, como se não houvesse amanhã. E que é preciso saber viver, já que recebemos um presente divino. Uma curiosidade sobre você. Adoro o silêncio. E adoro o barulho. Eu amo demais gente bacana que acredita em coisas boas. E sobre o The Town, conta para a gente, como é participar desse festival enorme? É um enorme prazer cantar na primeira edição do The Town! Feliz em cantar Milton Nascimento e Elza Soares com a SP Big Band. Celebrar dois artistas negros desse quilate que fizeram e fazem história é emocionante demais. O convite do Zé Ricardo, genial mentor, pensador e criador é um grande presente para mim.

“Sou motivada pelas coisas que me tocam e me movimentam. Então, mesmo quando tenho mil coisas acontecendo ao redor e ao mesmo tempo, preciso dizer sim para o que pode ser uma experiência surpreendente”


129


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Valesca Popozuda 130


V 10 ANOS SE PASSARAM DESDE O HIT BEIJINHO NO OMBRO E ELE CONTINUA SENDO UM MARCO NA CARREIRA DE VALESCA POPOZUDA, UMA DAS PRECURSORAS DO FUNK NO INÍCIO DOS ANOS 2000. HOJE, A CANTORA ESTÁ MAIS MADURA E TEM CONSCIÊNCIA DE QUE O SEU TRABALHO É UMA GRANDE REFERÊNCIA PARA AS MULHERES DENTRO DO FUNK E NA REALIDADE DA VIDA DE CADA UMA DELAS

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Alê Bertoldo Cabelo Jonas Santos Styling Ana.Ca’s Styling 5 min

131


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Valesca Popozuda

132

Nos últimos anos, a carioca Valesca dos Santos, conhecida como Valesca Popozuda, consolidou ainda mais a sua posição como uma influente figura no cenário do funk brasileiro. Após sua saída do grupo Gaiola das Popozudas em 2012, Valesca embarcou em uma bem-sucedida carreira solo. Em 2022, ela assinou contrato com a Mousik, retomando seus lançamentos com grande vigor e colaborando com diversos artistas renomados do gênero, como WC no Beat, Os Hawaianos, DJ Zullu, Tati Quebra Barraco e DJ 2F. O ano de 2023 começou com grande destaque, com o lançamento do single Popo Girando em parceria com o Psirico, projetado especialmente para o Carnaval, e sua participação no hit Proibidona, ao lado de Gloria Groove e Anitta, que acumula mais de 20 milhões de streams. Demonstrando a contínua relevância da artista no mundo da música brasileira, Valesca Popozuda é uma voz muito ativa na luta feminina: ela está sempre se posicionando a favor do bem-estar físico, psicológico e sexual das mulheres. Você se tornou uma figura icônica no cenário da música brasileira, principalmente no funk. Como descreveria sua jornada até aqui? Com muita luta e determinação, ser mulher no funk não era fácil, mas, aos poucos, fomos quebrando barreiras e abrindo caminhos. Hoje, fico satisfeita com tudo o que conquistei. Quais foram as suas maiores influências musicais ao longo da sua carreira? Foram tantas... Eu olhava e admirava uma galera que já estava caminhando,

como Tati Quebra Barraco, Deize Tigrona e Mr. Catra. O Catra foi um pai pra mim, me ensinou tudo e me deu a mão, ele me colocou nos braços dele e ali eu aprendi o que precisava aprender. Sua música, muitas vezes, aborda temas relacionados à autoestima, empoderamento e sexualidade. Como você vê o papel da sua música na promoção desses temas? Eu gosto de levantar a liberdade sexual das mulheres, gosto de enaltecer e deixar sempre claro que nós somos iguais aos homens e também temos desejos, e mandamos em nossos corpos! Eu gosto de levantar a moral feminina. Você é conhecida por ser uma defensora da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres. Como se envolve nesses temas e quais ações considera importantes? Considero importante a igualdade de prazer. A mulher é taxada de vagabunda se fica com vários e o homem, garanhão. Eu gosto de demonstrar que toda mulher tem sua liberdade e sua voz. Só queremos ter os mesmos direitos sem sermos julgadas por isso. Além disso, você também se envolve em causas sociais. Poderia compartilhar um pouco do seu trabalho fora dos palcos? Eu sou filha de empregada doméstica e nós já passamos muitas dificuldades, então quando eu posso, eu faço. Faço doação de roupas, alimentos, ajudo muitas pessoas que estão necessitadas, mas gosto de fazer isso quietinha, sem mostrar. Eu converso muito com meninas e mulheres que sofrem abusos, que estão sem empregos e por trás eu procuro dar apoio.

“Eu gosto de levantar a liberdade sexual das mulheres, gosto de enaltecer e deixar sempre claro que nós somos iguais aos homens e também temos desejos, e mandamos em nossos corpos! Eu gosto de levantar a moral feminina”


133

Look COLLAB_HANDMADE


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Valesca Popozuda 134


135

A indústria da música está sempre evoluindo. Como você vê a transformação da música brasileira e do funk? Tudo mudou. Nos dias de hoje, a música e o ritmo não são mais marginalizados, e fico muito feliz em ver o funk sendo reconhecido em grandes premiações, onde antes só poderia concorrer na categoria pop. Até mesmo aqueles que criticavam no passado estão ouvindo e cantando funk. Essa abertura é linda! As redes sociais e plataformas de streaming têm desempenhado um papel importante na promoção da música. Como você utiliza essas ferramentas para se conectar com seus fãs? Eu sempre fui muito próxima a eles, eu tenho consciência da importância das redes e procuro estar mais próxima possível, eu gosto do contato e uso ao meu favor também para divulgar meu trabalho. São ferramentas e vamos aprendendo a usá-las da melhor maneira possível. Você tem uma base de fãs dedicada e diversificada. Existe alguma mensagem ou conselho que gostaria de compartilhar com eles? Não se preocupem se estamos no Top 10 ou fora dele. Eu nunca desisti de mim, e é só isso que eu peço a vocês: não desistam de lutar junto comigo, porque com vocês eu chego a qualquer topo!

Quando foi o momento que você percebeu que era famosa? Conta pra gente? Quando vi o DVD da Tsunami sendo vendido nos camelôs, com a música Agora eu sou solteira e ninguém vai me segurar, eu estava assistindo a uma cópia pirateada. Venci na vida (risos). Como é um dia feliz para você? É um dia em que acordo e vejo que estou com saúde para continuar trabalhando e realizando meus sonhos, os da minha família e dos meus fãs. Tendo saúde, você pode conquistar e ter tudo. O que a palavra amor representa para você? Para mim, vida e amor significam viver e estar viva! Quando se tem amor, vive-se bem. Qual a sua maior realização? Ter dado uma vida de rainha para minha mãe. O que ainda falta realizar? Gravar um DVD e quem sabe um documentário sobre a minha história. Qual é a parte que você mais gosta do seu trabalho? De conhecer e abraçar o público que gosta de mim!

“Considero importante a igualdade de prazer. A mulher é taxada de vagabunda se fica com vários e o homem, garanhão. Eu gosto de demonstrar que toda mulher tem sua liberdade e sua voz”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Valesca Popozuda

136

“Tudo mudou. Nos dias de hoje, a música e o ritmo não são mais marginalizados, e fico muito feliz em ver o funk sendo reconhecido em grandes premiações, onde antes só poderia concorrer na categoria pop” Produção de Moda Lucas Bueno


137


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Veigh 138


V

DAS COMUNIDADES DA ZONA OESTE DE SÃO PAULO PARA O MUNDO! VEIGH ESTOUROU A BOLHA DO TRAP E É UMA DAS VOZES MAIS PROMISSORAS DO PAÍS. SUA VOZ FORTE E MELODIOSA COM A MISTURA DE BEATS ELETRÔNICOS E LETRAS PROFUNDAS SOBE AO PALCO FACTORY DO THE TOWN, NO DIA 3 DE SETEMBRO Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Bianca Lima

5 min

139


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Veigh

140

Look Forever, Ellus e Schutz Adesivo Facial AFRODITE


141

Com mais de 4,6 milhões de ouvintes mensais no Spotify, Thiago Veigh vem conquistando o mundo com a potência visceral de sua música. Com apenas 22 anos, o cantor já foi Top 1 Global e, hoje, está entre os artistas mais ouvidos do mundo no Spotify, ao lado de grandes nomes da música. Veigh cresceu em Itapevi, localizada na zona oeste de São Paulo. Atualmente, ele se destaca como uma das novas e mais promissoras vozes na cena musical brasileira, especialmente nos gêneros de trap e R&B. É importante ressaltar que o rapper possui o recorde da maior estreia nacional já registrada na história da plataforma de streaming. O álbum Dos Prédios Deluxe alcançou mais de 6,5 milhões de reproduções no Spotify. Sua música abrange uma ampla variedade de estilos em suas composições. As canções como Pelo Momento e London Freestyle são apenas algumas que merecem ser ouvidas com atenção. Como foi o início da sua carreira? Difícil, eu diria... Tive que me desdobrar ao limite para conseguir manter uma rotina no estúdio. Na época, estudava e trabalhava. Diversas vezes, passava dois dias sem dormir. Meu tempo de descanso virava horas de estúdio. Como é sair do anonimato e se tornar um dos maiores cantores de trap do país? Muito gratificante, mas não são os núme-

ros que me alimentam. Espero que minha caminhada inspire outros jovens periféricos como eu, mostrando que é possível. O que te inspira? De onde você tira as letras de suas músicas? O mundo e a realidade à minha volta, tudo o que eu vivo, vivi e vejo nos lugares por onde passo. Quais são as suas maiores referências na música? Pharrell Williams, Seu Jorge e Justin Bieber. Qual é a sua maior realização até hoje? Poder ter tirado minha família da favela, proporcionando uma condição de vida mais digna para os meus. Qual é o seu maior sonho? Isso é uma pergunta complicada, pois alguns deles eu já realizei e, ainda assim, vivo com novos sonhos todos os dias. São novas perspectivas, lugares que nunca imaginei que seria possível alcançar. Algo inusitado que você recomenda que todos tenham a oportunidade de fazer uma vez na vida. Como acabei de voltar da “eurotour”... Conhecer novos continentes e culturas é algo que todos que tiverem a oportunidade devem fazer, pois isso muda a sua mente e a sua visão sobre o mundo.

“Não são os números que me alimentam. Espero que minha caminhada inspire outros jovens periféricos como eu, mostrando que é possível!”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Veigh

142

Uma lembrança marcante e feliz da sua infância. A única viagem que eu fiz na minha infância foi o dia em que fui para o Rio de Janeiro, que na época era o meu sonho de moleque, de avião, com minha mãe, para passar o fim de semana. Ela realizou um dos meus sonhos naquele aniversário. Uma curiosidade sobre você em sua vida cotidiana. Sou tímido e inseguro com algumas coisas. Se você não fosse você, quem gostaria de ser? Por quê? Muito provavelmente o Pharrell Williams ou o Justin Bieber, e é porque eles são simplesmente eles mesmos, não precisa de outro motivo.

Novo Balanço, porque foi a minha primeira música a atingir a marca de 100 milhões de reproduções no Spotify. Acredito que tenha sido o single que me fez ultrapassar as fronteiras do rap/trap e alcançar pessoas além desse gênero. Como foi para você ficar entre os primeiros artistas do Spotify ao lado de cantores como Taylor Swift, Harry Styles e Lady Gaga? Como mencionei anteriormente, não são os números que me alimentam... no entanto, eles me mostram a relevância que o álbum teve para o público. Um álbum de trap brasileiro compartilhando o topo com artistas e projetos internacionais gigantes como esses é uma grande vitória para todos os envolvidos no movimento urbano do Brasil.

Qual é a música mais importante da sua carreira? Por quê?

“Isso é uma pergunta complicada, pois alguns dos meus sonhos eu já realizei e, ainda assim, vivo com novos sonhos todos os dias. São novas perspectivas, lugares que nunca imaginei que seria possível alcançar”


143


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Veigh 144


145

“Um álbum de trap brasileiro compartilhando o topo com artistas e projetos internacionais gigantes como esses é uma grande vitória para todos os envolvidos no movimento urbano do Brasil”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

WC no Beat 146


W

A PALAVRA “DETERMINADO” LHE CAI BEM, ASSIM COMO “AUDACIOSO” E “INTELIGENTE”. WC NO BEAT VEM COLOCANDO A MÚSICA CAPIXABA NO MAPA. DESDE PEQUENO, SABIA QUE SEU DESTINO ESTAVA ATRELADO AO SUCESSO E NUNCA ENCAROU ISSO COMO UM DESAFIO, POIS A SUA VIDA SEMPRE LHE MOSTROU OS MELHORES CAMINHOS PARA QUE ELE CHEGASSE AONDE QUERIA. AUTODIDATA, O ARTISTA NÃO TOCA NENHUM INSTRUMENTO, MAS É MESTRE EM PRODUZIR MÚSICA EM PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Camila Monteiro 5 min

147


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

WC no Beat

148

“WC no Beat” é o pseudônimo do talentoso artista capixaba Wesley Costa, que se destaca por seu estilo único e inovador, sendo considerado um dos pioneiros do gênero musical conhecido como TRAPFUNK. Graças à habilidade e visão musical, ele ganhou reconhecimento ao adotar uma abordagem inovadora, colaborando com renomados artistas da cena do funk e rap em seus hits de sucesso. Como resultado, suas performances ao vivo têm conquistado o público, e beats únicos, efeitos especiais e muita dança fazem com que suas apresentações sejam uma experiência emocionante. WC já deixou sua marca como produtor em uma extensa lista de artistas renomados, incluindo Marcelo D2, Cacife Clandestino, Anitta, Orochi, Ludmilla, Costa Gold, DJ Guuga, Xamã, PK, Djonga, Luccas Carlos, Kawe, Igão, Mc Cabelinho, Kevin o Chris, MC Maneirinho, Pedro Sampaio, FP do Trem Bala, MC Rebecca, Pocah, Karol Conká, Don Juan, e muitos outros. O que poucos sabem é que “W” é um cara superfamília, que faz o possível para estar sempre junto dos seus. O que você queria ser quando era criança? Músico, desde sempre. Assim, meu primeiro contato com a arte foi a dança. Quando conheci a dança, foi uma reviravolta que transformou todo o meu caminho musical. E a música fez parte da maior parte da minha vida. Desde os meus 8 anos de idade, eu conhecia a música e a fazia como hobby. Eu gostava de fazer música, mas naquela época, eu tinha muito envolvimento com o futebol. Não é aquela coisa de todo jogador ter aquele lado musical, né? Conheço vários hoje em dia que um canta em pagode, o outro

se aventura no rap. E na música, eu realmente me encontrei. É uma sensação que você experimenta quando é de você para você e de você para o mundo, e o mundo para você. E quando chegou o momento em que o mundo mostrou que você é isso. Como a música entrou na sua vida? Sabe quando você tem certeza de que aquilo é você? Você vê dentro de um buraco escuro um pedaço de algo brilhante e você diz: “Aquilo ali está brilhando para mim?” Quando a música chegou, ela me mostrou um caminho, assim, eu estava muito cego. Porque eu vivia a arte como hobby. Mas enquanto eu vivia a arte como hobby, não conseguia enxergar a arte como arte. Porque eu a vivia como hobby. Então, eu queria ser jogador de futebol. Não é que fosse meu sonho, meu sonho sempre foi fazer música. Mas eu tinha que ter algo ali que pudesse alavancar financeiramente, dar uma condição melhor para minha família. Mas lá no fundo, eu sabia que a música também me faria mais realizado. E hoje tenho certeza de que sou muito mais realizado na música do que estaria fazendo qualquer outra coisa, além do futebol. E não tem jeito, né? Quando você nasce para isso, pode estar no escritório, pode estar em qualquer lugar fazendo o que não gosta, a arte vai te salvar. Foi isso que vi quando disse: “Cara, eu sou DJ, jogo bola, faço minhas coisas, mas a música não tem como eu largar”. Largaria tudo isso hoje, mas a música é algo que não consigo abandonar. Porque se encontrar naquilo que ama é muito difícil. E as pessoas hoje em dia, na era da informação, têm muito medo de dar o primeiro passo em direção às coisas,

“Na música eu realmente me encontrei. É uma sensação que você experimenta quando é de você para você e de você para o mundo, e o mundo para você”


149

Look ACERVO FARPELA


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

WC no Beat 150


151

né? Porque há muita informação, uma imensa crise de ansiedade. Então, na minha época, pude dar o primeiro passo de forma mais tranquila, de poder escolher. Quem são suas maiores referências na música? Ah, eu ouço muita coisa! Eu normalmente não uso as plataformas digitais. Normalmente pesquiso por gêneros e uso sites que me mostram uma espécie de árvore genealógica da música. Não sou o cara que ouve música das plataformas modernas. Tenho meus próprios segredos. Claro que ouço coisas que os artistas lançam e tal. E gosto do que eles lançam. Mas se for para ouvir música de verdade, gosto de descobrir. Sou assim. Sempre fui meio “nerdinho”, sabe? Meio “cabeçudo” para as coisas. E não digo que gosto de ouvir uma coisa. Gosto de ouvir muita coisa. Desde música de anime até, sei lá, harpa grego-romana. Como você definiria seu estilo musical? Ah, eu sou músico, sou produtor musical. Não me limita. Nós que somos produtores musicais, somos diferentes de beatmakers, sabe? O beatmaker é aquele cara que faz o beat. Dentro do cenário do rap, eu já fui esse cara, só que já trabalhei com tantos artistas que passei desse nível. Hoje em dia, posso dizer que sou um produtor musical sem limites, um produtor musical sem barreiras, sabe? É algo que eu conquistei com o tempo. Eu poderia muito bem ficar no rap, no funk, mas não é só isso, eu quero mais. Como as suas raízes interferem na sua carreira e em suas músicas? As minhas raízes têm muita originalidade. Eu vim do funk capixaba. Eu fui DJ de

vários MCs da época do funk quando eu tinha meus 11 anos de idade. Então, eu sou fruto disso, do funk capixaba que me levou para muitos ares diferentes do que é a música hoje em dia. Porque quando é feito muito regional se torna uma coisa muito original que as pessoas não conhecem. E hoje em dia está se popularizando. E o Espírito Santo infelizmente não é um cenário tão bom para a música, ainda. Porque lá tem muito “monstro”. Lá tem muita gente boa. Na música em si, geral. Não digo só no funk, no rap, em tudo. Tem muitos instrumentistas que são incríveis. Tem muitas pessoas que são fora da curva no Espírito Santo. Tanto é que eu estou aqui. Eu sou uma pessoa fora da curva. Eu sempre preguei isso. Tanto é que eu tenho tatuado na minha cara para mostrar realmente de onde eu vim, das minhas raízes. Porque é tão difícil você colocar um estado no mapa. Foi o que eu fiz. Foi o que o Matuê fez. Foi o que a galera do Sul está fazendo. A galera do funk de BH está fazendo. É muito difícil. Você é uma pessoa supertecnológica. Como isso agiliza a sua vida? Existe algo em que ela atrapalha? O quê? Eu não digo a tecnologia. Mas o som mesmo. Eu não ouço música como uma pessoa comum. Não ouço as coisas como uma pessoa comum. Eu não ouço as coisas ao meu redor como uma pessoa comum. Mas eu não sei tocar teclado. Eu não sei tocar violão. Eu não sei tocar guitarra. Eu não sei tocar baixo. Nada de sopro. Nada de nada. Tudo que eu faço é de ouvido. Eu sei quando as coisas estão erradas. São poucos da cena entre os 100% que têm conhecimento sobre música geral. Eu tenho alguns amigos que tocam

“Sabe quando você tem certeza de que aquilo é você? Você vê dentro de um buraco escuro um pedaço de algo brilhante e você diz: ‘Aquilo ali está brilhando para mim’. Quando a música chegou, ela me mostrou um caminho, assim, que eu estava muito cego”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

WC no Beat

152

tudo. Mas não sabem mexer no programa que eu mexo, sabe? E eu não toco nada e sei mexer em todos os programas que existem. Eu acho que o meu lance é mais tecnológico mesmo. Hoje, eu trabalho com qualquer programa. Qual sua maior realização até hoje? Ter conquistado o meu primeiro milhão, fazer música lá fora nos Estados Unidos, conhecer pessoas que são grandes dentro da cena que eu nunca pensei que iria me conectar, ter participado como DJ do Lollapalooza e do Rock In Rio no mesmo ano, ter a minha família. Eu era um cara que não tinha família, então as pessoas que estão comigo me conheceram cedo e sabem o quanto eu era sozinho. E, hoje, ter uma família pra mim é tudo. Eu sou fruto de uma adoção. Eu conheci a minha mãe no meio de um show que eu estava fazendo, ela era chefe de segurança. E eu não entendi direito na primeira vez. Só quem estava comigo naquele dia talvez tenha entendido o quanto, além de não ter uma família e seguir sozinho, você ser um fruto de adoção, sabe? Viver sem conhecer realmente a tua história. Então, quando eu decidi ter a minha família, eu falei: “Cara, vou fazer tudo diferente. Eu não vou buscar mais o passado”. Mas foi uma coisa que me tornou mais forte pelo fato de, pô, eu não conheço a minha história, então eu posso ser o que eu posso ser. Eu não tenho família, então eu vou criar a

minha família. Eu vim de um lugar ruim, eu vou fazer com que esse lugar seja reconhecido. E as pessoas vão ter que falar de onde eu vim. A minha história é muito louca. Se eu começar do início, desde quando eu nasci, é loucura. Não era nem para eu estar vivo, porque eu tinha todas as condições para dar muito errado, sabe? Eu entendo isso hoje em dia perfeitamente. Eu sou muito grato por estar vivo e ter tudo o que eu tenho. O que ainda falta realizar? Muita coisa. Agora tem meus filhos, eu tenho que realizar o sonho deles. Eu quero poder estar presente, para poder levar meus filhos para onde eles quiserem, fazer o que eles quiserem. Vamos andar de skate, vamos surfar, vamos na rua, vamos correr, vamos jogar bola, vamos fazer balé, vamos dançar, vamos fazer alguma luta. Eu quero ter saúde para acompanhá-los. Com quem você gostaria de trocar uma ideia? Bob Marley, sem dúvidas. Pelas pequenas entrevistas que eu já vi, ele era um cara muito sábio que não ligava pra dinheiro. Queria entender um pouco da mente dele, afinal, estamos falando do Bob Marley, ele era desprendido de si e de tudo. Eu queria dividir essa ideia, para entender como me desprender de mim, de tudo, e não ligar para nada também.

“Eu estou aqui por algum motivo e eu sei que é para alguma coisa muito grandiosa, porque eu tinha todas as condições para dar muito errado, sabe? Eu entendo isso hoje em dia perfeitamente. Eu sou muito grato por estar vivo e ter tudo o que eu tenho” Assistente de Styling

Guilherme Orlando

Assessoria de imprensa Ari Prensa


153


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Wiu 154


W COM APENAS 21 ANOS, O MENINO INTROSPECTIVO DE FORTALEZA, QUE CRESCEU JOGANDO VIDEOGAME E SE APAIXONOU PELA TRILHA SONORA DE GTA E FIFA STREET, TEM CONQUISTADO O MUNDO DO RAP DESDE QUE COMEÇOU A PARTICIPAR DE BATALHAS DE RIMA NA ESCOLA. RECENTEMENTE, WIU ULTRAPASSOU AS FRONTEIRAS NACIONAIS E TAMBÉM VEM GANHANDO ESPAÇO EM TERRAS PORTUGUESAS

Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Mayara Alves Vieira Styling Louis Brum 5 min

155


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Wiu

156

Vinicius William Sales de Lima, também conhecido como WIU, é um talentoso rapper e produtor musical brasileiro nascido em 2002, em Fortaleza, Ceará. Seu interesse pelo hip-hop foi inspirado nas trilhas sonoras de games, e ele aprimorou suas habilidades de freestyle participando de batalhas de rima na escola. Aos 15 anos, lançou sua primeira mixtape, Trvpical Mixtape, por conta própria no SoundCloud e YouTube. Sua parceria com Matuê e a produção de seis faixas do álbum Máquina do Tempo o catapultaram para o sucesso, e seu álbum de estreia, Manual de Como Amar Errado, recebeu milhões de reproduções nas primeiras 24 horas de lançamento, consolidando-o como uma figura em ascensão na cena do rap/ trap brasileiro. Em 2023, WIU continua a brilhar, sendo o terceiro rapper mais ouvido do Brasil, com faixas de sucesso como Coração de Gelo. Ele também está levando seu álbum aos principais palcos do país e do mundo. Além de sua carreira musical, ele é ativo nas redes sociais, possui mais de 1,8 milhão de seguidores no Instagram e desfruta de atividades como jogar FIFA e acompanhar jogos de futebol em seu tempo livre. O que você queria ser quando era criança? Quando eu era criança, a primeira coisa que eu realmente queria ser era da Marinha brasileira. Eu desejava muito conhecer os mares, gostava muito da ideia de estar no mar e explorar os oceanos. Ah, depois, à medida que fui crescendo um pouco mais, ao observar meu irmão, eu quis ser DJ. Acabou acontecendo que me tornei algo mais próximo de um DJ do que de um marinheiro, né?

Conta para nós: como é que as trilhas sonoras dos jogos te influenciaram a se tornar rapper? Eu sempre fui uma criança muito solitária. Sempre gostei muito de ficar sozinho e eu também tive muitos amigos, brinquei na rua e aproveitei a minha infância como qualquer um. Mas, ao mesmo tempo, eu sempre gostei muito de curtir a minha companhia, passava horas jogando videogame, sabe? Sempre fui mais introspectivo. E a trilha sonora dos meus jogos era predominantemente de rap e hip-hop, porque naquela época, quando eu jogava no PlayStation 2, era o estilo de música que estava em alta. Eu ouvia muito disso indiretamente através dos jogos, e gostava muito, mesmo sem saber quem eram os artistas. Eu pensava: “Essa música estava naquele jogo”. Então, de certa forma, aquelas músicas me influenciaram e estiveram presentes durante toda a minha infância. Como foi o começo da sua carreira? Como as batalhas de rima te impulsionaram na indústria musical? Eu gosto de dizer que a comunidade do rap me acolheu de uma maneira muito calorosa, pelo menos dentro da bolha em que eu estava, né? Eu via muita gente mais velha que eu participando ativamente do movimento de diversas maneiras. E a batalha de rima foi a maneira que mais me cativou para participar do movimento do hip-hop. Comecei a rimar e a desenvolver uma paixão por aquilo, a filosofia do freestyle e o estilo de viver o freestyle me envolveram profundamente. Por onde eu ia, buscava deixar uma semente disso com as outras pessoas, e muitos amigos meus que não conhecia na época se envolveram nisso depois de me ve-

“Eu acho que a fama é um jogo, sabe? Ela não é uma prioridade para mim. Eu simplesmente jogo. É um jogo divertido para brincar. Você se torna conhecido, adquire uma reputação e tem pessoas te observando”


157


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Wiu 158


159

rem rimar. Eles gostaram, quiseram aprender e se juntaram a nós para se divertir na cena de Fortaleza. Portanto, graças a Deus, isso também foi uma maneira que encontrei para impactar positivamente. Como é analisar aonde você chegou? Você ainda é muito jovem, como lida com a fama? Eu acho que a fama é um jogo, sabe? Ela não é uma prioridade para mim. Eu simplesmente jogo. É um jogo divertido para brincar. Você se torna conhecido, adquire uma reputação e tem pessoas te observando. O que você faz com isso depende de como você quer jogar. Dentro do rap, sempre houve essa dinâmica, o que chamamos de mídia, a fofoca, a “fervura” em torno do seu nome é muito intrigante, e você pode brincar com isso. Lançar um tênis mais incrível do que aquele que o fulano lançou na semana passada, ou fazer um videoclipe ainda mais impressionante do que o dele, entende? É flertar com a forma como as pessoas interpretam certas ações, deixar algumas coisas no ar. Muitas pessoas não têm paciência para isso, mas outras sabem jogar muito bem. Qual é o momento mais importante da sua vida até hoje? Acho que o momento mais importante da minha vida até hoje foi a primeira vez que lancei uma música. Foi a primeira vez que coloquei uma música no YouTube sem saber o que estava fazendo, sem saber se estava boa, sem ter noção de qualidade estética, mas fiz isso porque essa voz dentro da minha cabeça, essa minha vontade, esse desconforto, essa vontade de melhorar, de mudar minha realidade, eram muito grandes.

Com quem você ainda quer fazer um feat, por quê? Eu adoraria fazer um feat com o Kevin o Chris. Amo a voz dele e a forma como ele utiliza as melodias, acho isso muito legal. Acredito que nossa colaboração seria incrível, pois minha maneira de enxergar as coisas e criar se alinha muito bem com a dele. Acho que poderíamos criar um grande sucesso juntos. Sou um grande fã dele. Como o seu cotidiano interfere nas suas músicas? Eu sou alguém que valoriza muito a sensibilidade, então tudo o que eu vivo, o que meus amigos vivem, as experiências que compartilhamos e, principalmente, os meus sentimentos no momento em que eu fico na frente do microfone para gravar, influenciam profundamente a minha música. Eu acredito que a música é a melhor terapia. Não sei o que seria da minha mente sem a música hoje, sabe? Para mim, é uma das melhores maneiras de me expressar, de me sentir melhor comigo mesmo e de buscar autoconhecimento. Além disso, a música também me permite fazer as pessoas refletirem, de lhes dar a oportunidade de pensar. Eu acho que a música é um espaço incrível para plantar ideias na mente das pessoas e levá-las à reflexão, e o meu cotidiano tem um impacto total nisso. Tudo o que eu vivo e a maneira como me sinto em uma determinada semana são parte fundamental desse processo criativo. O que é amor para você? Eu sinto que o amor é paixão, é um calor que permanece no coração e nunca para

“Eu sinto que o amor é paixão, é um calor que permanece no coração e nunca para de queimar, sabe? É como o fogo que arde em você, que faz você querer estar sempre ligado a uma pessoa ou a uma atividade específica”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Wiu

160

de queimar. É como o fogo que arde em você, que faz você querer estar sempre ligado a uma pessoa ou a uma atividade específica. Eu mesmo considero que o meu maior caso de amor na vida foi com a música, sou completamente apaixonado, e tenho que fazer isso para me sentir vivo, entende? Eu acredito que o amor se resume a essas coisas e pessoas com as quais você precisa estar e se envolver para realmente sentir-se vivo. O que você curte fazer no seu tempo livre? No meu tempo livre, gosto de ouvir música, é claro. Também gosto de jogar videogame, eu nunca perdi esse hábito. Acredito que os jogos eletrônicos são também uma forma de arte. Muitos jogos são tão significativos e profundos quanto filmes ou outras obras de arte. Acho que eles despertam minha criatividade. Além disso, dedico muito tempo à música, toco instrumentos, gosto de ler. Atualmente, estou lendo o livro O Ato Criativo: Uma Forma de Ser do Rick Rubin, que aborda muito a criatividade. Ah, eu também sou fã de sushi. Se você não fosse rapper, o que seria? Por quê? Eu acredito que, se eu não fosse rapper, seria apenas produtor. A criatividade sem-

pre chamou muito mais a minha atenção do que outras atividades. Acho que eu seria apenas um produtor, porque gosto muito de criar batidas de música e tocar instrumentos. Se não fosse um produtor, talvez fosse um beatmaker ou algo do tipo, mas uma coisa é certa: minha vida sem a arte não existiria. Você está conquistando um espaço muito legal em Portugal, como é isso para você? É realmente incrível para mim. Sei que são culturas que se conectam, são pessoas que se conectam através da linguagem, e essa barreira já foi derrubada há algum tempo. Nós entendemos muito bem isso. Recentemente, fizemos uma turnê em Portugal que foi muito bem-sucedida, e ver pessoas de uma realidade completamente diferente, que falam outra língua do outro lado do oceano, curtindo a nossa música, para mim, ainda é algo muito surpreendente. Estou me acostumando com isso, mas, meu Deus, fico extremamente feliz. Eu sempre fui o mesmo, o mesmo garoto fazendo música no meu quarto, me expressando, falando sobre as coisas que sinto, sobre as pessoas que gosto, sobre meus amigos, cantando sobre nossas experiências. E ver que isso chegou tão longe é uma das coisas mais incríveis que vivo hoje.

“Eu acredito que a música é a melhor terapia. Não sei o que seria da minha mente sem a música hoje, sabe? Para mim, é uma das melhores maneiras de me expressar, de me sentir melhor comigo mesmo e de buscar autoconhecimento”


161


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Bob 13 162


B

BOB 13 É MC, COMPOSITOR, APRESENTADOR E EMPRESÁRIO. FEZ DE SUAS DORES COMBUSTÍVEL PARA MUDAR A SUA REALIDADE E TAMBÉM A DE MUITAS PESSOAS QUE ESTÃO AO SEU REDOR. SUA ARTE ECOA POR MEIO DAS BATALHAS DE RIMA NO BRASIL, E ELE É FUNDADOR DA BATALHA DA ALDEIA, QUE MOVIMENTA VÁRIAS VIDAS E REALIDADES DESDE 2016. BOB É UM DOS APRESENTADORES DAS BATALHAS QUE ROLAM NO STAND DA VIVO DURANTE O THE TOWN Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura

5 min

163


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Bob 13 164


165

Com um microfone na mão desde muito novo, por incentivo de sua mãe, Bob 13 é o elo condutor que interliga todo o ecossistema da Batalha da Aldeia. Ele deu origem a esse movimento com o simples desejo de cultivar novas amizades, quando aterrissou recentemente em Barueri, sem antecipar o quanto essa iniciativa poderia alcançar, ou a vitalidade de que sua visão poderia dar mais voz à cultura urbana. Hoje, ele se destaca como um dos nomes mais conhecidos no movimento de batalha de rimas pelo país. Além disso, é responsável pela Aldeia Records, que tem como objetivo dar espaço para novos talentos do rap e do trap. Já participou de grandes festivais, como o Planeta Atlântida, Sons da Rua e a Virada Cultural. Ademais, teve a oportunidade de compartilhar o palco com lendas do rap nacional, como Racionais, Djonga e Matuê. Como sua história se cruzou com o rap? Bom, minha mãe comprou o CD do Gabriel Pensador em 1998. Eu tinha 8 anos de idade e ficava dentro do carro ouvindo em repeat. Eu ouvia o CD inteiro, por horas e horas, aquilo me empolgou demais, sabe? Depois de um tempinho, conheci Racionais com o disco Sobrevivendo no Inferno. Depois, conheci a Facção Central, que era um dos grupos mais importantes da época, e eu acabei me apegando bastante ao rap com o rock. Gostava muito de rock também; minha adolescência inteira foi no rock. Então, era sempre nessa pegada. Em 2012, decidi escrever minha primeira letra de rap, porque um amigo tinha começado um projeto de

rap. Fiz uma letra para ele cantar, e ele me pediu para cantar para ouvir. Quando cantei a letra que tinha feito para ele, ele disse: “Mano, esse som é a sua cara. ‘Velho’, começa a escrever também para você. Vamos fazer algo acontecer.” Foi ali que meu melhor amigo me motivou a começar a cantar também. Então, em 2013, tive meu primeiro grupo de rap. Como surgiu o nome “Bob13”? Há algum significado especial por trás dele? Em 2013, eu formei meu primeiro grupo de rap chamado Tribo Treze. Em 2015, quando o grupo acabou e eu decidi seguir carreira solo, precisava de um nome. Então, pensei em colocar Bob Tribo Treze, mas era um nome muito longo. Então, retirei Tribo, que era o nome do meu grupo, e ficou Treze Bob. Essa é a ideia por trás do meu nome, sabe? Esse número é considerado meio místico e tem uma energia caótica e animada que contagia as pessoas. É mais ou menos por aí, “Bob 13”. Como você aborda a criatividade e a inovação em seus projetos? Cara, nossa equipe é extremamente unida, uma equipe sólida que foi moldada ao longo desses sete anos. Tudo o que fazemos aqui é resultado de um brainstorming intenso. Tudo é muito bem estruturado para que possa ser algo incrível, sem espaço para questionamentos, entende? O fato de a Batalha da Aldeia ter crescido e se tornado a maior do Brasil em tão pouco tempo, e de termos mantido esse legado até agora, nos colocou sob os holofotes.

“O fato de a Batalha da Aldeia ter crescido e se tornado a maior do Brasil em tão pouco tempo, e de termos mantido esse legado até agora, nos colocou sob os holofotes. Conseguimos trazer muitas inovações para a cena”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Bob 13

166

Qual é a importância social das batalhas de rima? Com certeza é sobre o resgate. As batalhas de rima trazem uma energia de acolhimento, um espaço para todos onde não há julgamentos. É um ambiente onde você encontra pessoas de todos os tipos, de todos os lugares e crenças. As pessoas vão até lá através da rima para se curarem, é uma válvula de escape. É uma energia de cura em uma escala grandiosa. Elas proporcionam um espaço para socialização em qualquer esquina, praça ou viaduto. É um local onde as pessoas praticam sua cultura, sua forma de cura e sua conexão com o divino. Com qual objetivo você fundou a Batalha da Aldeia? Cara, o motivo pelo qual fundei a Batalha da Aldeia é bem interessante. Eu tinha chegado em Barueri há três meses, recém-casado, depois de transferir meu trabalho como carteiro para São Paulo. Eu era funcionário público federal e trabalhava no interior, viajando muito por diversas regiões de São Paulo, Campinas, Sorocaba, entre outras. Foi nesse momento que conheci minha esposa através de um aplicativo de relacionamento. Nos apaixonamos e, em oito meses, me mudei para São Paulo, conseguindo a transferência e nos casamos. No entanto, minha adaptação na cidade estava sendo difícil. Eu estava entrando em um estado depressivo, sentindo falta de amigos e da minha família. Foi então que uma palavra amiga do meu cunhado mudou tudo. Ele disse que eu era uma pessoa legal e que conseguiria

fazer amizades, precisava me enturmar, dar o primeiro passo. Ele me apresentou a um amigo dele chamado Geovane, juntos, fundamos a Batalha da Aldeia. No primeiro dia, conseguimos seis pessoas. A partir daí, brincamos com o freestyle, fazendo rimas temáticas e as pessoas começaram a se envolver, zoando umas às outras. Percebemos que ali estava algo especial. Formamos a primeira competição da Aldeia e aquilo mudou minha vida. No final, eu e Geovane nos abraçamos e a decisão de continuar nasceu ali. Semana após semana, continuamos, mesmo com dificuldades para encontrar MCs naquela época. Desde a 6ª edição, filmamos tudo e postamos no YouTube, organizando o evento de forma rápida. O objetivo inicial era fazer amizades, à medida que crescia, percebemos nosso impacto, como poderíamos melhorar vidas, inclusive a nossa. Foi então que entendi a missão que tínhamos recebido de uma maneira muito especial. Como o rap mudou a sua vida? O rap mudou completamente a minha vida. Me trouxe a coragem necessária para enfrentar o mundo como ele realmente é. Se não fosse pelo fato de ser um artista, apaixonado pelas batalhas e dedicado a ajudar e motivar pessoas a explorarem seu potencial, eu não teria tido a coragem de sair e enfrentar tudo o que enfrentei. O rap foi uma virada de chave, mudou tudo, o rap trouxe sentido para minha vida. A Batalha da Aldeia aconteceu na aldeia de Barueri, e eu vindo de Tupã, que é quase um apelido para aldeia, foi uma conexão perfeita. Conseguimos trazer

“As batalhas de rima trazem uma energia de acolhimento, um espaço para todos onde não há julgamentos. É um ambiente onde você encontra pessoas de todos os tipos, de todos os lugares e crenças. As pessoas vão até lá através da rima para se curarem, é uma válvula de escape”


167


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Bob 13 168


169

a essência da minha vida para esse projeto, junto com pessoas que se envolveram de cabeça e são igualmente parte essencial. O que você acredita que diferencia o rap brasileiro dos demais? Eu vejo o rap brasileiro se destacando dos demais pela autenticidade. Os produtores internacionais estão cada vez mais usando elementos do funk, referências do rap brasileiro. Nós conseguimos quebrar barreiras e furar bolhas. O rap brasileiro é incrível. Embora haja a ideia de que copiamos os artistas estrangeiros, estamos sendo vistos e copiados também. Precisamos enxergar por essa ótica, que estamos criando algo original, algo que nos enche de orgulho. Essa autenticidade sempre existiu. Nossa linguagem e estilo musical estão sendo reconhecidos e são os mais ouvidos no mundo. O trap e o rap superaram até mesmo o sertanejo no Brasil. É uma quebra de paradigma. Olha só o exemplo do Veigh, da nossa quebrada na zona oeste. Ele é o terceiro artista mais ouvido no mundo no Spotify. Isso é incrível. Há apenas um ano e meio, ele era assistente de telemarketing, e agora está no topo. O rap brasileiro tem esse poder, é uma expressão que vem das favelas, das origens humildes, e consegue conquistar o mundo. Qual a importância de projetos como o #PresençaPreta para a sociedade? Eu acredito que o #PresençaPreta tem um papel significativo na sociedade, contribuindo para o fortalecimento da base, que é a parte mais fundamental de qualquer estrutura. Quando você identifica líderes na comunidade, profissionais de

diversas áreas, e os reúne em um festival de grande importância como o The Town, está levando representatividade genuína. Além disso, oferecer ingressos direcionados para a comunidade, para aqueles que não teriam condições financeiras de participar de um evento desse porte, é um passo crucial. Essa iniciativa é de extrema importância. Se todos adotarem essa abordagem, certamente veremos melhorias. Como é o seu trabalho dentro desse projeto? A Batalha da Aldeia tem o prazer de convidar outras batalhas que estão crescendo e têm grande importância no cenário brasileiro de freestyle. É um Batalha da Aldeia com vida, onde a ideia é convidar diferentes batalhas a cada dia para participar de um desafio de rimas ao vivo no estande da Vivo. Essa experiência promete ser maravilhosa. Já fizemos algo semelhante em outras ativações e o público adorou. A conexão que é criada é surreal, é uma experiência única. Uma dica para quem está começando no rap. Tenha coragem. Enfrente seus medos, suas inseguranças. Treine incansavelmente, sinta-se preparado. Porque não é apenas o talento que conta, o esforço é uma parte essencial de tudo isso. Eu nunca fui o mais talentoso, mas sempre fui o mais esforçado, buscando trazer resultados positivos para todos. Se você deseja seguir esse caminho, não desista. Continue avançando, mesmo quando as dificuldades surgirem. A recompensa virá. Não pare, não desista. Mantenha-se persistente, porque é através da perseverança que os frutos colhidos são mais saborosos.

“Quando você identifica líderes na comunidade, profissionais de diversas áreas, e os reúne em um festival de grande importância como o The Town, está levando representatividade genuína”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Christian Malheiros

170

C

DA PERIFERIA DA BAIXADA SANTISTA PARA O MUNDO, CHRISTIAN MALHEIROS COMEÇOU SUA VIDA DE ATUAÇÃO DESPRETENSIOSAMENTE QUANDO PEQUENO, MAS AGARROU A OPORTUNIDADE E VEM MOSTRANDO QUE A SUA GARRA E COMPETÊNCIA PODEM SER ESTÍMULOS PARA VÁRIOS JOVENS ACREDITAREM EM SEUS POTENCIAIS. NO THE TOWN, ELE SE UNE AO TIME DE EMBAIXADORES DO PROJETO PRESENÇA PRETA DA VIVO PARA DAR AINDA MAIS VOZ PARA A INICIATIVA INCRÍVEL DA EMPRESA DE TELEFONIA Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Odara Makeup Cabelo Rodrigo dos Santos Melo 5 min


171


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Christian Malheiros 172


173

Christian Malheiros é um ator brasileiro que iniciou no teatro ainda criança, em uma oficina da escola pública. Sua grande estreia no cinema deu-se com o filme Sócrates, em 2018, no qual protagonizou a vida de um jovem que precisava sobreviver na cidade de São Paulo, sozinho, após o falecimento de sua mãe e o enfrentamento do preconceito por sua orientação sexual. O filme lhe rendeu diversos prêmios e indicações. Além disso, fez parte da série Sessão de Terapia e teve o papel principal em 7 Prisioneiros da Netflix. Em 2021, a Forbes o destacou como um dos nomes mais relevantes na categoria Artes Dramáticas com menos de 30 anos. Atualmente, está na série Sintonia, da Netflix, que se encontra na quarta temporada, bem como nas produções Aqueles dias, do Arte 1, que relata a história da Semana de Arte Moderna de 1922, e Biônicos, o filme com o maior investimento da Netflix no Brasil, cuja estreia está agendada para 2024. O que você queria ser quando era criança? Eu nunca tive esse sonho assim, mas sempre fui uma criança muito ativa. Então, já quis ser professor de história, já quis ser juiz e, quando conheci o teatro através de um projeto social, foi aí que comecei a gostar da coisa. Quando a oficina de um ano acabou e me vi sem aquilo, falei: “É isso que quero para minha vida”. Foi aí que disse: “Eu preciso, eu quero ser ator, quero contar histórias, viver outras vidas”. A partir daí, descobri que queria ser ator. Isso foi o mais bonito da minha carreira. Você já interpretou uma variedade de personagens em diferentes produções. Existe

algum papel que você considera um dos mais desafiadores até agora? Por quê? Todos são muito desafiadores, mas o que me marcou muito foi quando eu fiz Sessão de Terapia. Uma série que é um projeto muito íntimo e muito profundo, sabe? Quando a gente está fazendo uma dramaturgia, a coisa acontece ali, agora, por exemplo, se é uma cena de ação, a ação está acontecendo ali, agora, o personagem vai viver aquilo naquele momento. Em Sessão de Terapia, aquele personagem já viveu, e ele tem que contar para o terapeuta aquilo que ele já viveu, e aquilo já está carregado de emoções. Então, é muito desafiador, porque eu tinha que ter uma memória afetiva daquilo que aconteceu e ter o sentimento do pós para compartilhar com o terapeuta, que é o que acontece em uma terapia. Esse foi um projeto muito desafiador para mim, muito íntimo, sabe? Quais são as características ou temas de um roteiro que mais o atraem ao escolher um projeto? Na hora de escolher um projeto, a primeira coisa que me pega é que o cinema possui um viés que é social. Ele traz para nós assuntos que tendemos a excluir de nossas vidas. Dramas que, muitas vezes, não recebem a devida atenção e vidas que também não ganham relevância. Portanto, acho que tanto a grande comédia quanto o grande drama estão aqui para trazer questões que não são discutidas no dia a dia, por diversos motivos, seja por tabu ou devido a um sistema em que vivemos. O que me chama a atenção é que o cinema desempenha uma função social. Então, penso nisso em relação à

“Toda vez que pego um roteiro para ler, tento compreender o que ele está trazendo para discussão, para reflexão”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Christian Malheiros

174

nossa sociedade atual e ao nosso cinema nacional. Assim, toda vez que pego um roteiro para ler, tento compreender o que ele está trazendo para discussão, sabem, para reflexão. Quando você se prepara para um novo papel, como mergulha na mente do personagem e se conecta com suas emoções? As emoções, na realidade... porque emoção e sensação são coisas universais. Você sente frio e eu também sinto. O frio que você sente é o mesmo que o meu. O que muda é a intensidade, sabe? Então, assim, a dor de uma perda para mim é a mesma dor de uma perda para você, mas depende do que perdemos. Eu pego a história dele, vejo, sinto, pego esse sentimento que possuo, e aprofundo na magnitude da situação. Assim, o personagem sempre emerge de mim, porque utiliza o meu corpo e a minha voz. É por isso que digo, os meus personagens são um pouco de mim, e eu sou um pouco deles. É nesse espaço que gosto de atuar, sabem? Existe algum diretor, ator ou atriz com quem você sonha em colaborar? Eu tenho uma pessoa com quem eu quero trabalhar um dia, que é a minha mãe, tá? Tudo que eu aprendi na vida foi minha mãe que me ensinou. Então, eu teria o maior prazer de contracenar com a minha mãe, Dona Maria Célia. Muitas vezes, obras cinematográficas e televisivas têm o poder de transmitir mensagens importantes. Você já trabalhou em algum projeto do qual se sentiu particularmente orgulhoso, devido à mensagem que ele transmitia? Todos os projetos! Sinto orgulho de cada

um que fiz. São escolhas pelas quais não me arrependo. Nenhuma delas! Não há arrependimento. Assim, todos os projetos em que estive envolvido, todos os personagens que tive a honra de dar vida, de emprestar o meu corpo e a minha voz. Cada um deles trouxe algo, e mesmo se algo não está no roteiro, eu o incorporo. Componho, trago à tona. Não é possível fazer uma cena em que esteja trabalhando, mas não esteja pensando em algo? Portanto, sempre trago essa noção de reflexão a tudo o que faço, e orgulho-me de todos os projetos nos quais participei. Como é trabalhar com a Vivo em um projeto tão significativo como o #PresençaPreta? Cara, trabalhar com a Vivo nesse projeto foi algo que me deixou extremamente feliz, porque foi a primeira vez que uma marca se posicionou dessa maneira, revertendo todas as suas cotas de ingressos para pessoas pretas. Afinal, sabe-se muito bem que pessoas pretas têm muito menos oportunidades para acessar esses espaços, né? Então, ela realizou essa ação direcionada a essa questão, o que é algo nobre e belo. Fazer parte disso, estando lá desde a primeira ação do Presença Preta, é incrível. Poder contar essa história e dizer: “Olha, eu estava lá, vi acontecer e foi uma coisa maravilhosa”, isso é muito significativo para mim. Esse posicionamento genuíno se estende não apenas ao festival, mas também às grandes campanhas publicitárias veiculadas na televisão e na internet. Portanto, sinto-me imensamente feliz por estar junto com a Vivo e contribuir para que tudo isso se torne realidade. Com quem você gostaria de trocar uma ideia? Por quê? Vale pessoa viva ou já falecida.

“Eu tenho uma pessoa com quem eu quero trabalhar um dia, que é a minha mãe, tá? Tudo que eu aprendi na vida foi minha mãe que me ensinou”


175


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Christian Malheiros 176


177

Elza Soares. E deixa eu contar uma coisa: eu nunca fui a um show da Elza. E quando ela faleceu, isso me marcou profundamente. Meu sonho era ter assistido a um show da Elza, mas, muitas vezes, nos vemos presos nesse ciclo, você sabe, de não ter tido oportunidade, não conseguir comparecer, estar ocupado com o trabalho, enquanto a pessoa está ali, disponível. Eu realmente queria ter tido a chance de conversar com ela, de me ajoelhar, de beijar a mão daquela mulher incrível, mas agora não tenho mais essa chance... No entanto, eu realmente desejava ter tido essa conversa com ela. O que você gosta de fazer no seu tempo livre? Viajar, eu amo viajar, amo, amo, amo. Para qualquer lugar, vamos até Peruíbe?

Vamos. Qualquer lugar, absolutamente qualquer lugar, eu amo viajar. Gosto de conhecer os lugares, de explorar outras culturas, de desaparecer do mapa. Qual é a sua viagem dos sonhos? África do Sul! O meu sonho é conhecer a África do Sul, essa vontade é algo tão forte que, mesmo quando tenho um período de folga de 15 dias, não é suficiente. Para mim, 15 dias não são o bastante, vou sempre preferir dedicar um ou dois meses, entende? Prefiro usar meus 15 dias para ir a outro lugar que também gostaria de conhecer, mas quando finalmente tiver a oportunidade de fazer essa viagem à África do Sul, será uma realização incrível em minha vida.

“Cara, trabalhar com a Vivo nesse projeto foi algo que me deixou extremamente feliz, porque foi a primeira vez que uma marca se posicionou dessa maneira, revertendo todas as suas cotas de ingressos para pessoas pretas”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Luana Watanabe 178


L

EMPREENDEDORA, DETERMINADA, MÃE DE TRÊS — SENDO UMA DELAS “ATÍPICA”, COMO ELA MESMA CONTA. LUANA WATANABE É A CURADORA POR TRÁS DOS ACESSÓRIOS LINDOS DA TRISSO, QUE ESTÁ NO MERCADO HÁ 14 ANOS, MAS FOI APÓS A PANDEMIA E A CONEXÃO COM O QG NOBRE QUE A MARCA DECOLOU, PROVANDO MAIS UMA VEZ QUE, PARA CHEGAR LONGE, UMA DAS CHAVES É IR ACOMPANHADO Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Styling Van Nobre 5 min

179


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Luana Watanabe 180


181

Paulistana de 37 anos, filha de uma mistura de pai negro e mãe japonesa. Mãe de três filhos: Davi, de 14 anos; Ana Clara, de 12 anos; e Isadora, de 6 anos. A Ana Clara é uma criança “atípica”: ela tem Síndrome de Down e autismo, além de um atraso cognitivo — uma deficiência cognitiva maior do que outras crianças com Síndrome de Down ou autismo. Ela tem 12 anos, mas é como se o seu cognitivo fosse equivalente ao de uma criança de 3 ou 4 anos. Com muita determinação e propósito, Luana empreende na Trisso, uma marca de acessórios que tem a acessibilidade como um de seus pilares. O que te trouxe até aqui? Desde muito nova eu trabalhava. Meus pais são separados, então minha mãe sempre trabalhou muito. Tive fases em que precisei morar com parentes. Depois de um período com meu pai e, mais tarde, com minha mãe na adolescência, comecei a trabalhar. Estudava e trabalhava. Desde muito jovem, corri atrás. Sempre tive um grande interesse em acessórios como pulseiras, colares e brincos. Quando eu era mais nova, minhas tias tinham suas profissões, mas também eram artesãs como hobby. Elas bordavam, faziam crochê e, em certo momento, uma delas trabalhava com bordado de paetê. Sempre estive envolvida com atividades manuais devido à minha família: meu avô era alfaiate, minha avó também, além de algumas de minhas tias, já que a família é bastante numerosa. Cresci imersa no mundo do artesanato e do “faça você mesmo”, e atualmente trabalho nesse campo. Embora tenha tido outras ocupações ao longo do tempo, sempre mantive uma paixão por criar pulseiras e colares. À medida que cresci, essa paixão

persistiu e eu costumava frequentar a Rua 25 de Março para comprar peças para mim. Sempre fui em busca de coisas únicas e diferentes, o que chamava a atenção das minhas amigas. Elas comentavam que, mesmo quando visitavam a 25 de Março, não conseguiam encontrar peças como as que eu encontrava. Isso me levou a desenvolver um olhar de curadora. Hoje, trabalho com a Trisso, selecionando peças para a minha própria empresa. Algumas delas eu mesma crio, especialmente produções específicas e especiais, de acordo com os pedidos dos clientes, principalmente para projetos artísticos e publicitários. A Trisso, que tinha um nome diferente anteriormente, começou nessa jornada: eu comprava produtos na 25 de Março para minhas amigas e, com o tempo, surgiram encomendas. Como sacoleira, carregava uma maletinha com meus produtos e vendia por aí. Um dia percebi que estava indo bem e decidi ampliar meu público, procurando fornecedores que fossem fabricantes. Comecei a procurar fabricantes, mas sem sucesso. Continuei trabalhando com a revenda da 25 de Março. Então, a pandemia chegou e surgiu a pergunta: “O que te trouxe até aqui?” Quais foram as maiores dificuldades que você já enfrentou na sua vida? Vou contar que, na minha vida pessoal como Luana, acho que a questão que mais me impactou foi viver muito tempo sem a presença da minha mãe. Ela sempre desejou trabalhar muito, evidentemente porque se esforçava ao máximo para proporcionar o melhor para nós na nossa vida. Ela dava o melhor dela por mim, por isso essa ausência, sabe? Até hoje as coisas continuaram desse jeito, mas para mim era

“Cresci imersa no mundo do artesanato e do ‘faça você mesmo’, e atualmente trabalho nesse campo. Embora tenha tido outras ocupações ao longo do tempo, sempre mantive uma paixão por criar pulseiras e colares” Look Van Nobre Acessórios Trisso


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Luana Watanabe

182

muito difícil não ter minha mãe tão presente. Além disso, ser filha de pais separados desde pequena também contribuiu para sentir muita falta de um ambiente familiar completo. No âmbito dos negócios, acredito que minha maior dificuldade era encontrar fornecedores de qualidade. As pessoas têm a ideia equivocada de que podemos simplesmente pegar qualquer brinco ou colar de qualquer lojinha e colocar à venda. Não é bem assim. Acho que a maior dificuldade para um pequeno empreendedor, como eu, é fazer com que as pessoas valorizem nosso trabalho. Como somos pequenos, eu, pelo menos, prezo muito pelo atendimento individualizado. Mesmo com um site e tudo mais, mantenho um atendimento muito pessoal e humano. Por conta disso, construí um relacionamento muito especial com minhas clientes ao longo do tempo. Hoje em dia, atendo até um público masculino, já que estou sempre lá para ajudar. Assim, tenho clientes que dizem: “Luana, preciso comprar uma peça para um determinado evento. Minha roupa é essa. O que você acha?” Torna-se quase uma consultoria. As pessoas, muitas vezes, não entendem o trabalho que envolve: desde ir aos fornecedores, fazer pesquisas, curadoria, entender sobre materiais e selecionar os melhores, até verificar cada peça, verificar se os fechos estão funcionando corretamente (muitas vezes, tenho que trocar fechos em algumas peças), depois lidar com embalagem, tag personalizada, pacote cuidadosamente montado, brindes, entre outros. Enfim, tudo isso exige muito esforço e é difícil para nós, pequenos empreendedores, porque repassamos um valor justo e ainda assim algumas pessoas não reconhecem esse esforço. O que a inspirou a iniciar esse negócio? Houve algum momento específico que de-

sencadeou a sua paixão pela criação de acessórios? O momento em que realmente percebi que minha marca tinha um grande potencial de crescimento foi durante a pandemia. Todo mundo enfrentou desafios nesse período, e em minha casa não foi diferente. Felizmente, eu tinha meu trabalho, que me proporcionava apoio e me sustentava. Na época, eu era casada, meu ex-marido trabalhava com arte e música, e as coisas começaram a ficar mais apertadas financeiramente. Foi então que investi tudo o que pude na loja, e foi nesse momento que ela realmente começou a crescer. Embora a Trisso tenha 12 anos de existência, foi entre 2020 e 2021 que ela realmente se destacou. Por meio do site, eu realizava transmissões ao vivo e a marca cresceu consideravelmente. Após passar pela fase mais crítica da pandemia, foi quando estreitei minha amizade com a Van Nobre. Já nos conhecíamos antes, mas nossa amizade cresceu muito durante esse período desafiador. Foi nesse contexto que nasceu a parceria entre a Trisso e o QG Nobre. Hoje, a Trisso é uma das marcas disponíveis para locação e publicidade no QG Nobre, abrindo portas para novos públicos conhecerem a empresa. É uma experiência muito gratificante. Como você descreveria a sua marca/negócio de curadoria e criação de acessórios? O nome anterior da marca era diferente, e após o período da pandemia, quando a marca começou a crescer, minha organização em relação a ela não estava completa. Não tinha registrado o nome da marca nem nada relacionado a isso, o que resultou em uma surpresa terrível: descobri que o nome já estava sendo usado e não poderia ser utilizado em nenhum segmento. Foi um momento de choque, e me vi diante do dilema: “Meu Deus, o que faço

“As pessoas têm a ideia equivocada de que podemos simplesmente pegar qualquer brinco ou colar de qualquer lojinha e colocar à venda. Não é bem assim”


183


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Luana Watanabe 184


185

agora?” Foi quando comecei a refletir sobre as características essenciais da minha loja, buscando ir além do empoderamento feminino. Eu percebi que a loja deveria ser inclusiva, para todas as pessoas. Queria criar uma marca onde não houvesse julgamento de gênero, um lugar onde não fosse errado alguém usar uma peça independentemente de quem usaria. Como você promove a inclusão e a diversidade em sua marca? Então, eu pensei: “Não, as nossas peças são para todos, porque a forma como alguém gosta de usá-las varia, dependendo da roupa, do estilo pessoal, e todas as combinações são possíveis, tanto para homens quanto para mulheres”. As peças designadas como femininas podem ser usadas por homens, e as peças tidas como masculinas também podem ser usadas por mulheres, e assim por diante. Foi aí que percebi que a minha marca deveria visar a inclusão de todos e ser acessível a todos. Mas então, como alcançar essa acessibilidade? Embora ainda não consiga focar completamente na inclusão de pessoas com deficiências, decidi começar por proporcionar acessibilidade financeira. Meu objetivo é oferecer não apenas joias e peças mais caras, mas também criar peças incríveis com um preço acessível para todos. Portanto, a Trisso é diversa em relação aos seus preços e valores. Todas as peças têm qualidade, embora haja diferenças na qualidade, tamanho e classificação, que inclui bijuterias finas, semijoias e joias. Essa abordagem veio muito da experiência da Ana Clara, minha filha, mostrando que até mesmo as pessoas que são diferentes podem experimentar o incrí-

vel sentimento de se sentir bem usando um acessório, por exemplo. Como é participar do #PresençaPreta? Participar do Presença Preta é algo surreal! Ser uma das empreendedoras a fazer parte desse projeto, que visa a inclusão das pessoas pretas em grandes eventos, é incrível. Eu me sinto muito privilegiada, principalmente porque vou estar levando a minha marca e podendo apresentá-la para as pessoas conhecerem a sua história, quem eu sou, como a gente trabalha, quais são os nossos objetivos, sabe? Nós não queremos só vender, fazer dinheiro e pronto. Eu quero levar peças e acessórios com valores acessíveis a todas as pessoas. Qual é a importância de projetos como esse? O Presença Preta é muito importante em uma fase em que ainda estamos vivendo, acredito que há muito tempo, né? Devido à questão do preconceito e do racismo, onde algumas pessoas tentam dizer qual é o lugar que os outros devem ocupar. Uma empresa do porte da Vivo dar visibilidade a uma causa como essa é algo realmente muito bacana. Ela está sendo um porta-voz para que possamos expressar quem somos e que não nos limitamos às definições impostas, não somos o que nos tentam impor de forma pejorativa, tentando nos diminuir, dizendo para não virmos porque este não é o nosso lugar, desencorajando-nos ao afirmar que aqui não tem espaço para nós. Pelo contrário, esse projeto é bacana porque proporciona visibilidade e faz com que outras pessoas abram os olhos e entendam que pessoas negras podem e devem estar presentes em todos os lugares.

“Após passar pela fase mais crítica da pandemia, foi quando estreitei minha amizade com a Van Nobre. Já nos conhecíamos antes, mas nossa amizade cresceu muito durante esse período desafiador”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Van Nobre

186

V

A CRIATIVIDADE FAZ PARTE DO SEU DNA E QUEM A CONHECE SABE QUE ELA ARREGAÇA AS MANGAS PARA FAZER ACONTECER. VAN NOBRE É A PONTE QUE UNE PESSOAS GENIAIS E MARCAS INCRÍVEIS. A PROFISSIONAL ESPECIALIZADA EM RP E MODA USA TODO O SEU CONHECIMENTO PARA CONECTAR PESSOAS Por Camila Borba Fotos Miro Tratamento de imagem Fujocka Beleza Iza Ventura Cabelo SOANY 5 min


187


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Van Nobre

188

Acessórios Trisso Terno Undelete Project


189

Entre a moda e a comunicação, Van Nobre fez seu nome e seu legado. Desde o início de sua trajetória, ela concentrou seus esforços na intersecção desses dois universos, dedicando-se a encontrar soluções criativas e personalizadas para seus clientes. Para ela, moda e imagem transcendem a mera estética, assumindo o papel de ponte para conexões significativas com aqueles ao nosso redor. E esse é o seu trabalho dentro do grande projeto Presença Preta, é ela quem abre a porta para as pessoas que acredita que possuam o match perfeito para a criação de conteúdo com a Vivo. O que você faz profissionalmente? Como explicaria o seu trabalho? Bom, eu explico o meu trabalho como uma junção de coisas que eu amo. Porque eu trabalho com o sonho de outras pessoas. Eu sou stylist, visto as pessoas para clipes, para campanhas. Então, o clipe é uma coisa muito importante. O que para você é apenas uma música, para essa pessoa pode ser o diferencial na vida dela. E isso faz toda a diferença. Há alguns anos, faz muito tempo, o cantor cantava a música, você ouvia essa música e gostava desse cara. Hoje não, hoje é muito visual. Então, a música, o styling e o visual andam juntos. Portanto, é muito importante não apenas para o desenvolvimento desse artista, mas também para a autoestima. O QG Nobre é uma combinação de coisas. Ofereço sete tipos de serviços diferentes: relações públicas, styling, consultoria, palestras, acervo, casting e direcionamento de marca. No QG, realizo toda essa desenvoltura, porém com um pensamento voltado para o lado social, trazendo essa galera da “quebrada”, da periferia para perto e mostrando que todos podem participar. Minha missão é possibilitar que mais pessoas tenham acesso ao que eu tenho hoje.

Como foi o caminho profissional até aqui? Tem muita coisa de Deus na minha vida, porque todas as coisas aconteceram naturalmente. Eu era funcionária dos Correios, mas gostava de sair nos finais de semana. E nisso, o dono de uma balada onde trabalhei me chamou para ir. Na primeira vez que eu fiz uma festa, compareceram mil pessoas. A partir daí, comecei a organizar eventos – eu já era formada em Relações Públicas. Trabalhei nesse lugar por sete anos. E lá, a New Era, uma marca de streetwear, começou a ajudar nos aniversários. Aí, eu pensei: “Quando eu sair daqui, quero trabalhar lá”. Nesse período, fiz um curso de moda. Eu saía às 4h da manhã do trabalho e entrava às 7h no curso. Então, fiz moda e, quando me formei, comecei a trabalhar na New Era. Lá, eu fazia exatamente isso, a conexão das pessoas com a marca. Foi logo no início desse tipo de trabalho. Hoje, há uma continuidade do que faço, porém com uma ampliação. E com um olhar voltado para as minorias. Quais os maiores desafios enfrentados? Um grande desafio é ser uma mulher negra nesse mercado, porque, na época em que comecei, o mercado era predominantemente masculino. Portanto, é muito difícil ganhar respeito e se firmar. Quais são as suas maiores inspirações? Por quê? Sem sombra de dúvidas, as minhas maiores inspirações são a minha avó, o meu pai e a minha mãe. São pessoas que batalharam desde sempre, nunca tiveram nada, nem oportunidades. Eles buscaram as suas próprias oportunidades, mesmo com os poucos recursos que tinham. Eles se esforçaram, persistiram e sempre colocaram um foco grande na nossa educação, tanto na minha como na dos meus irmãos. A

“Minha missão é possibilitar que mais pessoas tenham acesso ao que eu tenho hoje”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Van Nobre

190

admiração que tenho por eles é imensa. Se hoje sou a mulher que corre atrás dos meus objetivos, é porque me espelho neles. Eles são a minha base mais sólida, as pessoas que me criaram, que me proporcionaram educação e, principalmente, o discernimento para distinguir o certo do errado e tratar todos com igualdade. Qual foi o job mais importante da sua carreira até hoje? Com certeza, o Presença Preta, por ser a maior operadora de telefonia do Brasil e também por eu poder trazer toda essa galera junto comigo. Já trabalhei com diversas marcas e sempre tive essa abertura. No entanto, na Vivo, conseguimos realmente trazer um grupo grande, com números significativos e pessoas reais. A Vivo não se preocupou em momento algum se essas pessoas tinham números ou não; elas eram indivíduos genuínos dentro do espaço da empresa, e isso teve um valor imenso. Sou extremamente grata à Vivo por ter me proporcionado essa oportunidade de mostrar esse trabalho e também por dar a chance a muitas pessoas de participarem e se sentirem parte desse movimento.

em cultura e representatividade? A minha seleção é feita com base na empatia, no amor e no comprometimento da pessoa com o trabalho. Trabalho com indivíduos que já são bastante conhecidos no mercado, mas também reconheço que existem pessoas talentosas que ainda não tiveram uma oportunidade. Não tenho uma abordagem fixa para escolher essas pessoas. Ao longo do ano, vou me envolvendo com elas, tendo conversas, e se a conexão se estabelecer, a colaboração continua. É o que geralmente acontece. Estou extremamente feliz por ser a porta-voz do Presença Preta e por proporcionar oportunidades a essas pessoas. É incrivelmente gratificante ver essas pessoas trabalhando, com sorrisos de orelha a orelha, agradecendo.

Quais os impactos do projeto que podem ser destacados? Ah, a qualidade profissional, porque essas pessoas que eu levo, todos eles têm muito talento, são muito importantes e, às vezes, as pessoas só precisam de uma oportunidade para mostrar o que eles fazem, porque são pessoas realmente de talento extraordinário.

Além da presença nos festivais, como o projeto abre portas para essas pessoas? Eu tenho muitos exemplos. Tenho uma amiga chamada Tati Grands. Ela faz tranças e é simplesmente maravilhosa. Quando olho nos olhos dela, vejo a dedicação... o marido dela até me liga para expressar a gratidão. Ela é, de fato, uma inspiração. Na verdade, são todas. Elas nunca estariam lá se não fosse pelo processo de seleção que faço. Todas elas são imensamente agradecidas, talvez até mais do que imaginamos. Às vezes, sinto vontade de chorar quando olho para essas pessoas e vejo quão felizes elas estão por algo que pode parecer tão pequeno. No entanto, elas são felizes e precisamos reconhecer, tanto elas quanto nós, que estão lá por mérito.

Como é o seu trabalho nesse projeto? Como você seleciona as pessoas que irão ao festival dentro de um universo tão rico

Com quem você gostaria de trocar uma ideia? Por quê? Vale pessoa viva ou já falecida. Ela nem é negra, mas lembro de uma ma-

“A Vivo não se preocupou em momento algum se essas pessoas tinham números ou não; elas eram indivíduos genuínos dentro do espaço da empresa, e isso teve um valor imenso”


191


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Van Nobre 192


193

téria dela, de uma marca que queria contratá-la para cantar em um show. Porém, ela recusou porque nenhum dos funcionários estaria presente, apenas a diretoria, e as pessoas presentes não teriam acesso ao show. Estou falando da Elis Regina. Gosto muito dela, das músicas dela. Outra pessoa que eu sempre quis conhecer é a Elza Soares. Sempre tive vontade, mas depois de assistir à peça de teatro dela, meu apreço aumentou ainda mais. Ela foi uma guerreira, criando filhos, enfrentando dificuldades, caindo e se levantando para vencer. Ela era alguém que eu admirava muito, e realizei esse sonho. Se não fosse você, quem iria querer ser? Minha avó, dona Lurdes. Ela é incrível. Criou cinco filhos sozinha. Depois trabalhava nos Correios. Veio para cá sem ter onde morar, ela tem 85 anos e ainda trabalha, é empreendedora. Quando converso com ela, vejo que é superlúcida, uma pessoa maravilhosa... Minha avó é minha inspiração. Sua lembrança de vida mais feliz. Conta ela pra mim? Tenho muitos momentos que são especiais, mas um que permanece sempre no meu coração é o dia em que me formei na faculdade. Foi um período muito difícil, já que meu pai fez muitos sacrifícios para

pagar minha educação. Sou a primeira da minha família a conquistar uma graduação. Lembro que fiz a faculdade em Santos, mas morava aqui, então precisava ir e voltar todos os dias, o que era um grande desafio. Tinha medo de chegar ao Jabaquara e não ter mais transporte para ir para casa, não ter mais metrô... Não cheguei a passar a noite na rua, mas houve um momento em que liguei para o meu pai, pedindo que ele me buscasse. O dia da minha formatura foi incrivelmente significativo. Lembro de olhar e ver meu pai lá embaixo, com um sorriso radiante, enquanto eu descia as escadas para entregar a rosa. Foi um momento muito importante para ele, e é um dos dias mais marcantes da minha vida. Eu amo muito o meu pai, ele é tudo para mim. Essa lembrança de vê-lo esperando lá embaixo para receber a flor é um dos momentos mais felizes e emocionantes da minha vida. Um fato que te faz acreditar que o futuro será melhor que o presente. Claro, posso dar um exemplo da Vivo mesmo, que está dando oportunidades para essas pessoas. Há muito a ser feito, mas já estamos percebendo mudanças acontecendo em algumas marcas e empresas. Algumas empresas fazem isso apenas para mostrar que estão fazendo, mas independentemente disso, nós estamos fazendo.

“Trabalho com indivíduos que já são bastante conhecidos no mercado, mas também reconheço que existem pessoas talentosas que ainda não tiveram uma oportunidade”


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

194

O festival que é a cara da cidade COM CINCO PALCOS DISTINTOS, O PÚBLICO TERÁ A OPORTUNIDADE DE SE ENVOLVER EM EXPERIÊNCIAS MUSICAIS ÚNICAS AO LONGO DE MAIS DE 235 HORAS DE IMERSÃO NO NOVO MUNDO DO THE TOWN Por Camila Borba Fotos Divulgação

7 min


195


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

196

São Paulo é uma metrópole diversificada que abriga uma profusão de culturas entrelaçadas. Com uma rica mistura de influências de imigrantes e migrantes de todo o mundo, a cidade exibe uma eclética fusão de tradições, línguas e culinárias. A cena cultural efervescente é evidente em sua música, teatro, museus e festivais. Agora, São Paulo ganha um grande festival que nasce na “terra da garoa” para chamar de seu e se apropriar: o The Town traz consigo a essência paulista em sua história. Do mesmo grupo por trás do Rock in Rio, o The Town faz sua estreia na imponente metrópole em 2 de setembro de 2023 e continuará nos dias 3, 7, 9 e 10, no Autódromo de Interlagos, abrangendo uma vasta área de 350 mil m² que passou por completa revitalização. O recém-nascido festival já se destaca como um evento de notável importância, não apenas para a cidade de São Paulo, mas também para todo o território brasileiro, pois outra característica da “selva de pedra” é que tudo acaba acontecendo nela. E como nos últimos anos, o Brasil emergiu como um destino empolgante e cobiçado nas rotas de shows internacionais, o maior festival de São Paulo recebe grandes nomes para deixar marcado que sua estreia foi um enorme sucesso. Bruno Mars, Demi Lovato, Post Malone, Foo Fighters, Queens Of The Stone Age, H.E.R. e Iggy Azalea têm presença


197

confirmada! Além deles, o The Town fará uma imersão incrível no cenário musical paulista, promovendo encontros únicos em seus palcos. O The Town contará com espaços impressionantes, 5 palcos distintos e uma cenografia que busca inspiração nos ícones da arquitetura de São Paulo. E essa é apenas uma parte da história. Em toda a extensão da Cidade da Música, você encontrará uma eclética diversidade de ritmos, desde o jazz até o rock, do hip-hop ao blues, do pop ao heavy metal, abraçando também a MPB e muito mais. Confira nas próximas páginas mais sobre cada palco!

O recém-nascido festival já se destaca como um evento de notável importância, não apenas para a cidade de São Paulo, mas também para todo o território brasileiro, pois outra característica da “selva de pedra” é que tudo acaba acontecendo nela


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

198

Skyline, parada principal COM MAIS DE 40 METROS DE ALTURA E 100 METROS DE COMPRIMENTO, O MAIOR PALCO DO THE TOWN HOMENAGEIA GRANDES MARCOS ARQUITETÔNICOS DA CIDADE DE SÃO PAULO O cenário do principal palco do festival, que ganhou o nome de “Skyline”, atinge a altura de 41 metros em seu ponto mais elevado, o que corresponde à de um prédio de 14 andares. Ele encontra sua inspiração nos emblemáticos edifícios de São Paulo, refletindo a imponência dos arranha-céus que dominam a paisagem urbana. Essa representação visual destaca a dualidade de uma cidade que nunca descansa, enquanto mantém enraizada a tradição de sua história. A ambientação foi cuidadosamente criada com réplicas precisas do edifício da Fiesp, situado na Avenida Paulista, além da Oca do Parque do Ibirapuera e do Hotel Unique. Também foram incorporados dois ícones do centro da cidade: o Copan e o Edifício Martinelli. É nesse espaço que artistas vindos dos quatro cantos do mundo irão criar atrações inesquecíveis ao longo dos cinco dias de The Town. É no Skyline que acontecerão os shows de luzes e a queima de fogos de artifício, na abertura e no encerramento de cada dia. Conheça um pouco mais dos astros que vão subir no palco Skyline!


199

Bruno Mars @brunomars O dono dessa edição do The Town! São dois dias em que o cantor havaiano é headliner, e dois dias em que os ingressos esgotaram em poucas horas. Ao longo de sua carreira, Bruno Mars acumulou inúmeros prêmios, incluindo vários Grammy Awards. Ele também se destacou por suas performances enérgicas e cativantes em palco, bem como por seu talento como multiinstrumentista. Mars é frequentemente elogiado por sua capacidade de reviver a música e o estilo das décadas passadas, ao mesmo tempo em que adiciona um toque contemporâneo. O cantor não vem ao país desde 2017 e, com toda certeza, seus shows serão grandes destaques do festival. Ele toca nos dias 3 e 10 de setembro, ambas as apresentações às 23h.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

200

Demi Lovato @ddlovato Brasileira de coração, a cantora, compositora e atriz norte-americana ganhou fama com sua participação em programas da Disney Channel, quando ainda era criança. Sua carreira artística já soma mais de 20 anos, o que fez com que ela lançasse vários álbuns de sucesso, abrangendo diversos gêneros musicais. Sua relação com o Brasil é significativa, com inúmeras visitas ao país para shows e promoções. Demi sobe ao palco às 20h25 no dia 2 de setembro.

Bebe Rexha @beberexha A cantora, compositora e produtora musical de origem albanesa-americana esteve no Brasil para o Rock in Rio 2019 e retorna agora para um show no festival mais esperado de 2023. Reconhecida por suas composições para artistas renomados, ela se destacou com o single Me, Myself & I em colaboração com G-Eazy. Sua carreira solo se solidificou com sucessos como I Got You e The Way I Are (Dance with Somebody), além do álbum de estreia Expectations (2018). Rexha é admirada por sua voz poderosa e versatilidade musical, navegando entre pop, R&B e elementos eletrônicos. Ela se apresenta no dia 3 de setembro, às 20h25.


201

Queens Of The Stone Age @queensofthestoneage A banda de rock alternativo e stoner rock liderada por Josh Homme, ex-membro do Kyuss, iniciou em 1996 e passou por diversas mudanças em sua formação. Ela evoluiu de riffs pesados e grooves característicos para um som mais polido e acessível, alcançando sucesso comercial com álbuns como Songs for the Deaf (2002) e explorando influências de dance e pop em Villains (2017). Ao longo de sua carreira, eles têm sido aclamados por sua constante evolução sonora e impacto no cenário do rock alternativo. Vale lembrar que o lendário Dave Grohl, líder do Foo Fighters, já fez parte da banda. Será que teremos uma participação especial dele no show do QOTSA? Afinal, ambos se apresentam no dia 9.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

202

Garbage @garbage O grupo de estilo alternativo/indie e eletrônico foi formado em 1993 em Madison, Wisconsin. Composta por Shirley Manson (vocal), Steve Marker e Duke Erikson (guitarras) e Butch Vig (bateria), a banda ganhou reconhecimento nos anos 1990 pelo seu som distintivo que mescla rock, eletrônica e pop. Seu álbum de estreia homônimo, lançado em 1995, e sucessos subsequentes como Version 2.0 solidificaram sua presença na cena musical, com mais de 25 milhões de discos vendidos. Após um hiato, o Garbage retornou com Not Your Kind of People em 2012 e continuou a lançar álbuns nos anos seguintes, mantendo seu legado como uma força inovadora na música. Eles sobem no palco Skyline no dia 9 às 18h15.

Kim Petras @kimpetras A popstar alemã vem ao Brasil pela primeira vez para se apresentar no The Town, é conhecida por sua música dançante e por ser uma mulher transgênero. Ela ganhou destaque com o lançamento de singles virais como I Don’t Want It at All e o álbum Clarity em 2019. Sua carreira inclui uma série de colaborações, turnês internacionais e projetos musicais que incorporam elementos de música pop e eletrônica. Além de sua música, Petras também é reconhecida por seu ativismo e representação de pessoas transgênero na indústria musical e na sociedade em geral. Kim se apresenta no dia 10 de setembro às 18h15.


203

H.E.R. @hermusicofficial Poucos sabem quem é Gabriella Wilson, mas este é exatamente o objetivo de H.E.R., um acrônimo para “Having Everything Revealed”. A cantora é contra a exploração de sua própria imagem e história pela mídia. Para ela, o fato mais importante de sua vida é a sua música. E se é isso que ela deseja, é o que vamos enfatizar: suas canções invadem almas e acalentam os corações. Sua trajetória musical começou cedo, mas foi sob o seu pseudônimo que ela ganhou notoriedade, lançando uma série de elogiados EPs de R&B e soul, mantendo sua identidade oculta. Seu sucesso foi solidificado com hits como Focus e o álbum de compilação H.E.R. Com uma voz única e temas emotivos, ela já recebeu vários prêmios, incluindo Grammys, e se destacou não apenas por sua música, mas também por seu ativismo e mensagens sociais. Sua influência na cena musical contemporânea permanece forte, consolidando-a como uma das artistas mais proeminentes de sua geração. H.E.R. se apresenta no dia 10 de setembro às 20h25.

Iggy Azalea @thenewclassic A rapper australiana já se apresentou no Brasil em 2018, quando abriu uma partida de futebol beneficente, e em 2019, com um show único em São Paulo, com participação de Pabllo Vittar. Alcançou o auge de sua carreira com o single Fancy em 2014, que liderou as paradas em vários países. Sua abordagem ousada e visual marcante a ajudaram a se destacar na indústria. A carreira de Iggy Azalea é marcada por hits cativantes e colaborações com outros artistas renomados, solidificando sua presença como uma figura influente no mundo do rap e da música pop. Ela toca no The Town às 18h15, no dia 2 de setembro.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

204

Liam Payne @liampayne Ex-membro da boy band mais aclamada dos últimos tempos, One Direction, Liam Payne chega ao Brasil para acalmar o coração das directioners, que ainda esperam por um revival da banda. Após a pausa por tempo indeterminado do grupo, Liam iniciou uma carreira solo, lançando músicas como Strip That Down e explorando um estilo mais voltado para o R&B. Além de sua carreira musical, ele se envolveu em atividades de caridade e projetos humanitários. Seu show será na noite do dia 7 de setembro, 18h15.

Post Malone @postmalone Post Malone, nome artístico de Austin Richard Post, emergiu na cena musical ainda adolescente, escolhendo seu nome por meio de um gerador de nomes. Sua carreira decolou com a música White Iverson, depois de sua ascendente popularidade no SoundCloud e dos elogios de artistas como Mac Miller e Wiz Khalifa. Após assinar com a Republic Records, colaborou com figuras como Kanye West e Justin Bieber. Seus álbuns Stoney, beerbongs & bentleys e Hollywood’s Bleeding o solidificaram como um artista de sucesso, com hits como Rockstar e Circles. Em 2022, lançou seu quarto álbum, twelve carat toothache, mantendo sua influência na música contemporânea através de uma fusão de estilos musicais e de sua forma de se expressar como pessoa, utilizando a moda e suas tatuagens como parte importante de sua comunicação. O rapper se apresenta no dia 2 de setembro, às 23h.


205

Maroon 5 @maroon5 A história de amor entre a banda liderada por Adam Levine e o Brasil já é longa. A primeira vez deles no país foi em 2004 e, de lá pra cá, esse romance se fortalece a cada vez que eles incluem o Brasil na rota de suas turnês. O grupo ganhou reconhecimento significativo em meados dos anos 2000. Seu álbum de estreia, Songs About Jane (2002), impulsionou sua popularidade com hits como This Love e She Will Be Loved. O álbum vendeu milhões de

cópias e conquistou uma base leal de fãs. Adam Levine, o vocalista da banda, destacou-se como um talentoso cantor e compositor. Sua voz de timbre marcante e inconfundível, assim como suas habilidades musicais ajudaram a consolidar o sucesso da Maroon 5. O estilo musical deles abrange pop, rock e elementos de funk, R&B e eletrônica, o que fez com que acumulassem vários prêmios e nomeações ao longo dos anos, incluindo Grammy Awards, e suas canções continuaram a dominar as paradas musicais em todas partes do mundo. Eles são headliners do dia 7 de setembro, subindo ao palco às 23h.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

206

Foo Fighters @foofighters A banda de rock alternativo foi formada em 1994 por Dave Grohl, ex-integrante do Nirvana. Desde então, eles conquistaram sucesso global com uma série de álbuns influentes, incluindo The Colour and the Shape e Wasting

Light. Seus maiores sucessos, como Everlong, Best of You e The Pretender, capturam a essência de sua energia e melodia distintas. Com vários prêmios e uma carreira duradoura, o Foo Fighters permanece como uma das principais e mais reverenciadas bandas do cenário musical contemporâneo. O grupo americano é headliner do The Town e se apresenta no dia 9 de setembro às 23h.

The Chainsmokers @thechainsmokers O duo de música eletrônica composto por Andrew Taggart e Alex Pall ganhou destaque internacional na década de 2010. Eles começaram remixando músicas populares, mas alcançaram reconhecimento com o viral Selfie (2014) e subsequentes sucessos como Don’t Let Me Down e Closer. O álbum Memories... Do Not Open (2017) consolidou sua presença, enquanto continuaram a explorar uma evolução sonora, incorporando elementos de pop e indie. O duo lançou vários singles e EPs, colaborando com diversos artistas e experimentando diferentes estilos musicais, vivendo um período de sucesso na música eletrônica que perdura até os dias de hoje. Eles se apresentam no dia 7 de setembro, 20h25.


207

Além dos artistas internacionais, Alok, Pitty, Luísa Sonza, Ludmilla, Iza e MC Hariel, MC Ryan SP e MC Cabelinho se apresentam no Skyline.

Iza

MC Cabelinho Ludmilla

MC Ryan SP

MC Hariel Pitty

Luísa Sonza


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

208

The One: o palco onde a diversidade cultural brilha A DIVERSIDADE CULTURAL DE SÃO PAULO É O GRANDE DESTAQUE. ESSE PALCO PROPORCIONA UMA FUSÃO DE ESTILOS E APRESENTAÇÕES EXCLUSIVAS

O palco The One transcende a música, levando-a a um patamar superior! Renomados artistas vão passar por ele, que possui uma cenografia incrível inspirada nos museus de arte de São Paulo. São mais de 30 telões de LED que compõem o cenário e se modificam para proporcionar uma experiência imersiva singular. Sua estrutura, feita em contêineres, será tela para vários grafites característicos da capital paulista. Essa encantadora jornada oferece um espetáculo que propicia uma vivência única ao público. Além disso, o The One atua como cenário de grandes encontros, apresentando artistas renomados e ao mesmo tempo fomentando discussões e reflexões relevantes no âmbito musical e social. Com apresentações significativas, o palco do The Town não apenas trará música, mas também mesclará a arte provocativa, resultando em uma experiência inesquecível para os amantes da cultura.


209

Angélique Kidjo @angeliquekidjo Angélique Kidjo, vencedora de quatro Grammys e reconhecida como uma proeminente artista internacional, teve seu álbum de estreia, Logozo, liderando as paradas em 1991, sendo apenas o começo de uma carreira com 14 álbuns e colaborações que englobam nomes como Philip Glass e Alicia Keys. Sua habilidade ímpar em mesclar gêneros como afrobeat, pop, jazz e tradições africanas a tornam uma figura distinta. Além da música, Kidjo exerce seu papel como embaixadora da UNICEF e da OXFAM, fundando uma organização para a educação de meninas africanas, culminando em sua eleição como uma das pessoas mais influentes do mundo pela Time Magazine em 2021. Ela se apresenta no dia 7 de setembro, às 17h10.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

210

Leon Bridges @leonbridgesofficial Atua como compositor, dançarino e ator, incorporando no palco The One os diversos elementos de sua trajetória profissional. Com uma discografia de três álbuns, Leon cativou audiências em todo o globo, conquistando shows esgotados nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Europa, Austrália, Japão, México e muito mais. Já fez parcerias com John Mayer, Lucky Daye, Kacey Musgraves, Jazmine Sullivan e Diplo. Sua apresentação acontece às 19h10, no dia 3.

Wet Leg @wetlegband Com influências de Björk, Adrianne Lenker do Big Thief, The White Stripes, The Strikes, Kings of Leon, PJ Harvey e Joanna Newson, as amigas britânicas, Rhian Teasdale e Hester Chambers, oficializaram a banda no final de 2019 e vêm conquistando muitos fãs, além de chamar a atenção de grandes nomes da música, como Harry Styles, que gravou um cover da música Wet Dream. Suas músicas curtas e marcadas pela espontaneidade fizeram com que elas ganhassem dois prêmios no Grammy de 2023: Melhor Álbum de Música Alternativa e Melhor Desempenho de Música Alternativa. Elas se apresentam as 21h45, do dia 9 de setembro.


211

Masego @masego Com mais de 7 milhões de ouvintes mensais no Spotify, Masego é um artista que mistura introspecção, vivacidade e paixão em suas composições, criando o gênero TrapHouseJazz. Sua mãe é cantora e dirigia um coro de igreja, enquanto seu pai jamaicano influenciou seu EP Studying Abroad de 2020. Quando adolescente, ele amava hip-hop, e na universidade estudou jazz, resultando em sua música única e cheia de elementos que compõem seus maiores sucessos: Tadow, Mystery Lady e Navajo. Masego sobe ao palco The One no dia 7, às 19h20.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

212

Ne-Yo @neyo Ele personifica o conceito de produtor de sucessos desde o seu impressionante início em 2005, com o lançamento do single So Sick, que alcançou o topo da Billboard Hot 100 e conquistou a certificação de platina por quatro vezes. Desde então, Ne-Yo acumula uma série de músicas, e já contribuiu com sucessos para Rihanna, como Russian Roulette e Take a Bow, bem como criou a canção Irreplaceable para Beyoncé. Além disso, suas composições também brilharam nas vozes de artistas como Jennifer Hudson, Céline Dion, Usher e diversos outros. Ele se apresenta no feriado de 7 de setembro às 21h45.


Samuel Rosa

213

Liniker

Pabllo Vittar

Jão Seu Jorge

Maria Rita

Barão Vermelho

Ney Matogrosso

Terno Rei

Com a premissa de ser um local onde todos os estilos se encontram dentro da Cidade da Música, o The One promove encontros inusitados, como as apresentações do Racionais MC’s & Orquestra Sinfônica de Heliópolis, Barão Vermelho convida Samuel Rosa, Terno Rei convida Mahmundi e Fernanda Takai, Pabllo Vittar convida Liniker e Jup do Bairro e tantos outros que vão fazer a primeira edição do festival entrar para a história! Além de parcerias exclusivas feitas entre artistas para tocar no The Town, o palco The One também recebe nomes que não saem das paradas de sucesso de todo país: Seu Jorge, Jão, Maria Rita, Ney Matogrosso e Marina Sena, que fará uma homenagem à Gal Costa.

Racionais MC’s

Marina Sena


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

214

Palco Factory: onde a arte das Ruas encontra seu Holofote COM O OBJETIVO DE ESTABELECER UM VÍNCULO COM A EXPRESSÃO ARTÍSTICA E PERIFÉRICA, O PALCO FACTORY DESTACA AS CRIAÇÕES QUE NASCERAM NAS RUAS Inspirado na arquitetura das fábricas históricas de São Paulo e aliado a um ambiente vibrante, o palco Factory é impregnado com a energia do hip-hop e do street dance, onde as performances transcendem as fronteiras tradicionais do palco. Dentro dessa programação diversificada, dançarinos, estátuas vivas, composições poéticas e representantes da cena do rap se unem a um eclético grupo de artistas, abrangendo gêneros como funk, rap, trap, jazz, rock e samba. O propósito desse espetáculo é promover a democratização da cultura paulistana. A concepção desse palco vai muito além das manifestações que ganham vida nas ruas, como o grafite, a cultura e a dança, e cria um cenário poderoso, abraçando figuras proeminentes como Afrocidade, Caio Luccas, Cynthia Luz, Grag Queen, Lia Clark, Marvvila, MC Don Juan, MC Dricka, TETO, Urias, Veigh e Xênia França. Esses são artistas que, por meio da música, estabelecem um diálogo vívido com a essência da arte urbana e frequentemente servem de inspiração para aqueles que lutam contra as dificuldades da vida, em busca de estabilidade e dignidade.


215

Afrocidade

Caio Luccas

Cynthia Luz

Grag Queen

Lia Clark

Marvvila

MC Don Juan

MC Dricka

TETO

Urias

Veigh

Xênia França


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

216

New Dance Order: o encontro das maiores batidas eletrônicas COM MAIS DE 45 HORAS DE APRESENTAÇÕES, O PALCO PROMOVE O ENCONTRO E A ENERGIA DAS BATIDAS DE MÚSICA ELETRÔNICA COM OS MAIORES DJS DO BRASIL E DO MUNDO Durante os cinco dias do festival, o palco recebe 30 espetáculos memoráveis, iniciando às 15h30 e encerrando às 02h da madrugada. Ao contrário do formato contínuo do festival irmão, Rock in Rio, o New Dance Order do The Town adota intervalos de 15 a 40 minutos entre as apresentações, rompendo com o padrão “sem parar” entre as atrações. Cada dia tem seis performances, permitindo uma apreciação mais profunda de cada show dentro desse espaço.


217

O New Dance Order chega a São Paulo com uma energia amplificada, apresentando uma estética musical fresca e proporcionando encontros únicos para o festival. A programação inclui performances de DJs, bandas e artistas, e também explora as vibrantes festas independentes da cidade, capturando a essência cultural paulistana. Com 45 horas de apresentações e um palco amplo composto por 250m² de LEDs, o local oferece uma experiência inédita, distinta de tudo o que se conhece no cenário da música de pista. O New Dance Order marca sua presença na cena cultural de São Paulo, trazendo consigo a energia pulsante das festas independentes, que transformam as noites em fábricas e galpões desativados pela cidade. Além disso, o palco apresenta performances exclusivas e inovadoras, combinando talentos locais e internacionais, artistas, bandas e instrumentistas, tudo isso envolto por uma cenografia completamente envolvente na maior pista de dança da Cidade da Música. A primeira edição do festival The Town traz atrações estrangeiras icônicas ao palco New Dance Order, tornando o evento ainda mais memorável. O duo Shermanology promete encantar a plateia com seu som único. Inner City faz um show histórico após 30 anos, acompanhado por um set especial de Kevin Saunderson. Paul Kalkbrenner traz sua energia performática e sintetizadores para a música eletrônica. Vitalic, da França, mistura diversos gêneros, resultando em um som marcante. Kerri Chandler apresenta sua autêntica house music. Crazy P Soundsystem combina disco underground e batidas eletrônicas. Natasha Diggs fará um show inédito com dois instrumentistas. Lion Babe, de Nova York, e Aerea, de Madri, também se apresentam. Saiba mais sobre os artistas gringos que sobem nesse palco!

O palco apresenta performances exclusivas e inovadoras, combinando talentos locais e internacionais, artistas, bandas e instrumentistas, tudo isso envolto por uma cenografia completamente envolvente na maior pista de dança da Cidade da Música


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

218

Aerea @aerea000 Uma evolução sonora em direção a um techno notavelmente mais temperamental e cheio de vibrações intensas, esse é o casal espanhol Al’ e Caar. A habilidade do duo em mesclar os contornos dos subgêneros, convertendo cada set em uma experiência profundamente estimulante, destaca-se como o traço mais distintivo na música produzida por AEREA. A apresentação no The Town é inédita e acontece no dia 9.


219

Kerri Chandler @kerrichandler O renomado DJ é conhecido por ser um dos nomes responsáveis por inovar no gênero de deep house, misturando elementos de soul, jazz, funk e outros ritmos em suas performances. Conhecido como o “Stevie Wonder da house music”, ele cria sets que transcendem limites musicais. Além disso, Chandler é pioneiro na tecnologia de gravação e sistemas de som, constantemente desafiando fronteiras na produção musical e performances ao vivo. Sua influência é duradoura e inspiradora no cenário da música eletrônica. Com set inédito, o artista vai fazer o público viver uma experiência incrível no dia 7.

Crazy P Soundsystem @crazypmusic Com mais de 650 mil ouvintes mensais no Spotify, possui nove álbuns e uma agenda de turnês que leva o trio formado em Nottingham há mais de 20 anos por todos os lugares do mundo. Jim Baron, Chris Todd e Danielle Moore equilibram de forma majestosa o antigo e o novo, mantendo seu público sempre fresco e jovem. Suas apresentações ao vivo são genuinamente singulares, e as batidas eletrônicas, melódicas e disco são realmente distintas. O trio se apresenta no dia 10 de setembro.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

220

Shermanology @shermanology Com referências gospel, R&B e soul, os irmãos Andy e Dorothy Sherman dedicaram-se a aprimorar sua envolvente fusão entre tech house e elementos do soul. Inspirados por suas heranças caribenha e holandesa, eles difundiram suas criações com uma energia única, conferindo às pistas de dança e ondas de rádio um impulso singular. Eles vão mostrar sua sinergia no dia 7 no palco New Dance Order.

Vitalic @vitalicofficial Vitalic, nome real Pascal Arbez, é um renomado artista francês na música eletrônica. Como DJ e produtor desde 1996, ele é conhecido por sucessos como La Rock 01 e My Friend Dario. Sua presença marcante e shows cativantes o estabeleceram como um ícone do “French Touch”. Com mais de 30 anos de carreira, seu show é repleto de pirotecnia digital e batalhas a laser. Ele se apresenta no dia 3.


221

Inner City @innercitydetroit O duo Inner City foi criado em 1987 pelo produtor musical e DJ Kevin Saunderson e pela cantora Paris Grey. Seus primeiros singles, Big Fun e Good Life, conquistaram o primeiro lugar na parada da Billboard nos Estados Unidos. Após 30 anos de carreira, Dantiez, filho de Saunderson passa a fazer parte do grupo e o primeiro single da nova formação é Good Luck. Os três sobem ao palco no dia 9.

Paul Kalkbrenner @iampaulkalkbrenner Com uma série de álbuns que conquistaram as posições mais elevadas nas paradas, uma base de fãs que se estende aos milhões e atuações nos palcos de festivais ao redor do globo, ele se consagrou como um dos principais ícones do universo techno. Paul tem mais de 2,4 milhões de ouvintes mensais no Spotify e suas composições são cheias de energia para levar seus ouvintes ao êxtase. Ele sobe no palco no dia 3.

LION BABE @lionbabe O duo de música funk e soul originário de Nova York é composto por Jillian Hervey e Lucas Goodman. A singularidade sonora e estética deles combina elementos vintage com nuances contemporâneas, alcançando reconhecimento global. A dupla tem colaborações com artistas como Childish Gambino e Shermanology, e o ponto de partida deles é expandir a música, conectando pessoas através da dança e da energia positiva da house music. Eles se apresentam no dia 10.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

222

Natasha Diggs @natashadiggs Ela é DJ residente da Soul In The Horn, uma marca global de estilo de vida, música, tecnologia e entretenimento com a missão principal de elevar a vibração coletiva. O movimento se originou na cidade de Nova York como uma visão colaborativa, entre Natasha Diggs e o curador musical DProsper. A apresentação para o The Town é inédita e exclusiva, e acontece no dia 7.


223

O palco é decorado com arte dos grafiteiros OSGEMEOS, que fazem uma apresentação pintando o espaço. Tropkillaz homenageia São Paulo em seu décimo aniversário de carreira. L_cio foca na sustentabilidade em sua apresentação. Noporn e Paradise Guerrilla agitam o público com suas músicas únicas. Renato Cohen proporciona um set memorável. Geninho Nacanoa e Ramiro Galas apresentam o Forró Red Light e o Baile Encantado. Kenya20hz explora as baixas frequências de forma agressiva e imprevisível. Além disso, o New Dance Order conta com performances temáticas de artistas e bailarinos com visuais e figurinos especiais.

L_cio

Paradise Guerrilla

Tropkillaz

Noporn

OSGEMEOS

Renato Cohen

Kenya20hz

Forró Red Light e o Baile Encantado


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

224

Palco São Paulo Square: Jazz e blues na cidade da música UMA GRANDE VIAGEM NO TEMPO DENTRO DA CIDADE DA MÚSICA EMBALADOS PELOS RITMOS DO JAZZ, BLUES E BIG BANDS A cidade de São Paulo, desde sua fundação pelos jesuítas em 1554, viu sua história entrelaçada com o jazz ao longo do tempo. Com a evolução de vila colonial para metrópole diversificada, a migração de culturas moldou a cena musical da cidade. Assim como a música funde tradições, São Paulo abraça essa diversidade no cenário do jazz e do blues, celebrando a improvisação e a expressão individual. Os ritmos musicais jazz, blues e big bands são os focos do palco São Paulo Square, que tem como principal ideia brindar o passado e celebrar o presente. Inspirado na região em que a cidade foi fundada, seus principais ícones históricos como a Catedral da Sé, Estação da Luz e o Teatro Municipal são homenageados. O palco também quer desmistificar que certos estilos de música são elitizados, mostrando que eles fazem parte da vida, muito mais do que a gente imagina, de forma que torna plural o São Paulo Square, comunicando-se com diferentes tribos. Sobem ao palco os renomados Hamilton de Holanda e Ivan Lins, além de São Paulo Big Band, Jonathan Ferr e os nomes mundiais Esperanza Spalding, Richard Bona e Stanley Jordan.


225

Jonathan Ferr

Hamilton de Holanda

Ivan Lins

São Paulo Big Band


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Cultura

226

Esperanza Spalding @esperanzaspalding Esperanza Spalding, também reconhecida como Irma Nejando, é uma destacada figura do jazz contemporâneo. Desde os primeiros passos de sua carreira, quando ainda era uma jovem promessa, atraiu atenção significativa com o lançamento de seu álbum inaugural, Junjo. O contrabaixo, o piano, a composição, a performance, a voz e suas letras são as esferas nas quais Esperanza dedica sua atenção com zelo e elegância, explorando a vibração, o som e a presença. É dessa maneira que ela se empenha em criar música com potencial terapêutico. Já ganhou cinco Grammys, sendo o primeiro de Artista Revelação e o último de Melhor Álbum. O talento e a musicalidade de Esperanza Spalding estarão presentes na Cidade da Música. Não perca a oportunidade de vivenciar esse espetáculo especial, ela se apresenta nos dias 2 e 3.


227

Richard Bona @richardbonaofficial Renomado baixista, compositor e multiinstrumentista internacional, destacandose por sua música que expressa suas raízes africanas e aborda tradições e desafios do continente. Ele colaborou com grandes nomes como Quincy Jones e Sting, além de ensinar jazz na NYU e se envolver em projetos sem fins lucrativos. Atualmente, ele produz música latina e brasileira, bem como explora afrobeat e afropop. Já recebeu reconhecimento por seu talento em eventos como o Golden Melody Award, o Grande Prêmio SACEM Jazz, o Prêmio Antonio Carlos Jobim, o Montreal International Jazz Festival (2010) e o Grammy. O artista sobe ao palco São Paulo Square no dia 10 de setembro.

Stanley Jordan @officialstanleyjordan Desde 1985, Stanley Jordan é reconhecido por sua versatilidade musical, marcando sua estreia com o álbum Magic Touch, que dominou as paradas de jazz por 51 semanas e vendeu mais de meio milhão de cópias. Sua carreira abrange apresentações em mais de 60 países, colaborações com notáveis artistas como Art Blakey, Richie Cole, Stanley Clarke, Kenny Rogers, Quincy Jones, Les Paul, BB King e muitos outros. Jordan é conhecido por reinventar clássicos de forma ousada e emocionante em seu repertório, além de dominar uma técnica especial na guitarra. Em vez de usar palheta ou dedilhar, Jordan é um tapper e faz isso num nível de excelência. Ele se apresenta nos dias 7 e 9 de setembro.


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

228

Harmonia Sobre Rodas DO CONFORTO DE SUA CABINE ATÉ O SISTEMA DE SOM AVANÇADO: DESCUBRA COMO O T-CROSS THE TOWN ESTÁ ESTABELECENDO NOVOS PADRÕES EM MOBILIDADE URBANA, CONECTIVIDADE E ENTRETENIMENTO SOBRE RODAS


229


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

230

Por Ariel Marques Fotos Divulgação

5 min

A Volkswagen apresenta uma novidade que promete sacudir o mercado automobilístico e o coração dos amantes de música: o T-Cross The Town. Uma fusão perfeita entre alta tecnologia, design robusto e uma homenagem ao prestigiado festival de música The Town. Esse lançamento é mais do que um SUV; é a representação da inovação que a Volkswagen trouxe ao Brasil. O novo T-Cross The Town da Volkswagen é uma prova evidente de como a automação avançada pode se mesclar perfeitamente com um design estilizado e a paixão pela música. Inspirado no The Town, esse veículo destaca-se não apenas pela sua construção meticulosa, mas também pela sua homenagem à cena musical contemporânea.

Esse lançamento é mais do que um SUV; é a representação da inovação que a Volkswagen trouxe ao Brasil


231

À primeira vista, o design distinto do T-Cross chama a atenção. As rodas de liga 17” escurecidas, em conjunto com um teto bicolor e a gama diversificada de cores, incluindo Preto Ninja, Azul Norway, Cinza Platinum e Prata Pyrit, garantem que ele se destaque em qualquer cenário. A sofisticação é realçada com a grade e os retrovisores em preto piano e o distintivo exclusivo do The Town. E se tem festival, tem versão especial. Desta vez, o escolhido foi o T-Cross, o SUV mais vendido de 2023 até o momento. Baseado na versão 200 TSI, o T-Cross The Town é limitado a 3 mil unidades e tem como características singulares, além dos logos escurecidos na dianteira e traseira, rodas de 17” e teto na cor preta, bem como insígnias do festival acima dos para-lamas. Internamente, o T-Cross The Town é um hub de tecnologia. Com o sistema multimídia VW Play de 10", oferece uma conectividade impecável,


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

232

O lançamento do T-Cross The Town pela Volkswagen é uma afirmação ousada de design, tecnologia e paixão pela música, oferecendo uma experiência de condução inigualável e uma conexão única com a cena musical contemporânea


233


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Lifestyle

234

integrando-se facilmente com dispositivos via Apple CarPlay e Android Auto. O quadro de instrumentos digital de 8" adiciona um toque moderno, garantindo que o motorista tenha informações precisas e de fácil leitura. A segurança também não foi negligenciada. Equipado com o ACC (Controle Adaptativo de Velocidade de Cruzeiro e Distância) e a Frenagem Autônoma de Emergência (AEB), o veículo assegura que o motorista e os passageiros estejam sempre protegidos, independentemente das condições de tráfego. Em termos de desempenho, o T-Cross The Town não decepciona. O motor 1.0 TSI flex, entregando 128 cv de potência e 20,4 kgf.m de torque, juntamente com o câmbio automático de seis marchas, garantem uma condução ágil e responsiva. Em resumo, o lançamento do T-Cross The Town pela Volkswagen é uma afirmação ousada de design, tecnologia e paixão pela música, oferecendo uma experiência de condução inigualável e uma conexão única com a cena musical contemporânea.

O T-Cross The Town possui tecnologia avançada e conectividade impecável com sistemas como Apple CarPlay e Android Auto


235


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Pessoas

236

O futuro é um corre coletivo A VIVO CHEGA AO THE TOWN COM UM SQUAD DE MAIS DE 100 INFLUENCIADORES NEGROS, ARTISTAS E BATALHAS DE RIMA ORIUNDOS DA PERIFERIA, ALÉM DE UMA REDE DE EMPREENDEDORES PRETOS, QUE ASSINAM OS LOOKS DE TODOS OS CONVIDADOS


237


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Pessoas

238

Por Camila Borba Fotos Divulgação

5 min

Identificar-se com alguém que compartilha características, identidades, vivências ou perspectivas é uma forma de enxergar possibilidades e experiências similares como algo realmente possível. A representatividade tem como objetivo fazer com que pessoas e grupos superem desigualdades históricas, preconceitos e discriminações. De olho nesse contexto, o Presença Preta, projeto lançado pela Vivo em 2022 e que prevê a ocupação de espaços majoritariamente brancos por pessoas pretas, renova seu propósito e direciona os holofotes do The Town à diversidade. O movimento, que foi protagonista nas duas últimas edições do Lollapalooza Brasil, fortalece o senso de coletividade e dá luz a essa questão ainda tão latente na sociedade. O The Town, que acontece em setembro, chega a São Paulo para valorizar a potência da maior cidade da América Latina. Partindo desse contexto, a Vivo incorpora as lentes das ocupações artísticas e culturais ao Presença Preta e leva as principais Batalhas de Rima ao festival. “No Lollapalooza Brasil de 2022, direcionamos 100% da nossa cota de ingressos a pessoas pretas; já em 2023, reforçamos o potencial da coletividade por meio do empreendedorismo negro”, explica Marina Daineze, diretora de Marca e Comunicação da Vivo. Ela, então, conclui: “Agora, no The Town, vamos além, trazendo também uma das principais manifestações da arte e cultura urbanas de São Paulo, que são as Batalhas de Rima”. Estarão com a Vivo no evento um squad de mais

A Vivo traz Batalhas de Rima ao The Town e trabalha continuamente para promover diversidade e inclusão, visando desafiar estereótipos e incentivar ações afirmativas


239


TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Pessoas

240

de 100 influenciadores negros, uma rede de empreendedores pretos, que garantem os looks de todos os convidados, além dos artistas participantes das principais Batalhas de Rima da cidade – Batalha da Aldeia, da Matrix, da Leste, da Norte e do Ana Rosa. A busca pela representatividade é um esforço contínuo e envolve medidas como políticas de igualdade de oportunidades, diversificação de espaços de poder e tomada de decisão, inclusão de narrativas diversas na mídia e na cultura, além da promoção da conscientização e do respeito pelas diferenças. Ao amplificar as narrativas de grupos periféricos e oferecer modelos inspiradores, a Vivo não apenas desafia estereótipos, mas também fomenta novas ações afirmativas. Mais do que impactos numéricos e quantitativos, a marca é consciente do efeito de suas iniciativas e busca provocar o público – e a sociedade de forma mais ampla – a valorizar a diversidade, e a agir por um futuro mais inclusivo. “Movimentamos nossa cadeia de valor, dentro e fora da Vivo, para fazer o Presença Preta acontecer e, no caminho, buscamos inspirar ações pela diversidade e inclusão em toda a sociedade”, conta Marina. Vale lembrar que todo público é convidado a fazer parte desse movimento coletivo, consumindo os produtos desses talentos pretos, engajando-se com seus conteúdos e celebrando a diversidade, dentro e fora dos festivais. O perfil da marca no Instagram (@vivo) mostra todos os participantes da iniciativa, desde creators convidados até empreendedores e participantes das Batalhas de Rima. O projeto Presença Preta também é fruto de um trabalho que a Vivo realiza dentro de casa de forma consistente – com, entre outras medidas, metas estabelecidas para ampliar a diversidade no quadro de colaboradores e criação de comitês para acelerar as iniciativas voltadas aos pilares de Gênero, Raça, LGBTI+ e Pessoas com Deficiência, permitindo a todos viver o protagonismo dentro da empresa.

O projeto Presença Preta da Vivo busca realçar a diversidade no The Town, fortalecendo a coletividade e abordando desigualdades raciais


241


Por Trás Desta Edição

TOP MAGAZINE EDIÇÃO 275

Backstage

242

Acesse nosso Instagram




Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.