Edição 124 - Revista do AviSite

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A Revista do AviSite

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Editorial

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A Orffa desenvolve, personaliza e oferece aditivos especiais para o mercado de nutrição Animal. Orffa: cria, seleciona e entrega. Nós somos os engenheiros de suas soluções nutricionais. Oferecemos uma combinação de conceitos e uma ampla gama de aditivos nutricionais com uma distribuição de primeiro nível. Orffa oferece uma combinação ideal de aditivos tradicionais e especialidades.

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Sumário

20 ABPA: O que veio e o que esperamos que virá

16 Janice Zanella aponta

Associação Brasileira de Proteína Animal analisa o ano de 2018 e faz projeções para 2019 para o setor avícola

avanços das pesquisas da Embrapa Suínos e Aves

Segundo a Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, a entidade continuará sua atuação com o olhar para as demandas do setor produtivo e da sociedade

28 Aperfeiçoamento da gestão da avicultura de corte visando redução de perdas

Pesquisas visualizam o setor avícola em geral e expõem uma ferramenta app de predição de boas práticas na granja

05 Eventos 8 notícias mais lidas no AviSite em Novembro e 06 As Há 10 anos no AviSite

56 MSD Saúde Animal lança a vacina INNOVAX ND-IBD livre de antibióticos exige atenção extra para a 57 Produção higiene da água

08 Notícias Curtas 14 Exportação indústria da Aurora Alimentos 15 Primeira completa 45 anos

58 VIII CLANA destacou a nutrição do futuro 60 2018 mostra sensibilidade da cadeia ao mercado

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externo

70 Ponto Final

Pesquisa e Saúde Única por: Janice Reis Ciacci Zanella Ph.D. Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves

persiste no mundo, apontam 18 Discriminação mulheres do agro

36 Como gerir dados em tempos de crise 40 Nova tecnologia enzimática para rações de aves Halal destaca a importância da missão da 42 Cdial Autoridade Saudita para Alimentos e Drogas no Brasil nas cadeias produtivas globais 44 Frango Retrospectiva 2018 e Expectativas 2019

46 Manejo de macho reprodutor pesado novo cenário de configuração: o setor avícola se 51 Um posiciona diante de uma nova perspectiva ND-IBD, a revolução das vacinas 52 Innovax recombinantes de L-selenometionina em leveduras 54 Nível selenizadas, análise de amostras comerciais de 2018

Estatísticas e preços 62 63 64 65 66 67 68 69

Produção e mercado em resumo Pintos de corte Produção de carne de frango Exportação de carne de frango Oferta Interna Desempenho do frango vivo Desempenho do ovo Matérias-primas A Revista do AviSite

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Editorial

O risco do excesso de produção Uma notícia divulgada no AviSite e OvoSite no final do último mês chamou muito a atenção do setor. Segundo os analistas da Mundo Agro Editora, “projeções desenvolvidas a partir da estimativas da APINCO sobre a produção brasileira de carne de frango (levando em conta, ainda, os dados de exportação da SECEX/MDIC e os indicadores da população brasileira publicados pelo IBGE) sugerem que a disponibilidade interna per capita no bimestre setembro/outubro de 2018 alcançou o equivalente a 43 kg/ano, ou seja, 10% menos que no trimestre inicial do ano, ocasião em que a disponibilidade média aparente girou em torno dos 48 kg per capita/ano. Fica difícil calcular, efetivamente, em quanto ficou a disponibilidade interna per capita no quadrimestre abril/julho, pois, nesse período, a SECEX/MDIC adotou nova sistemática para o cálculo das exportações, processo que levou à distorção dos primeiros resultados levantados. O certo, sem dúvida, é que a disponibilidade interna não aumentou tanto a ponto de chegar a quase 52 kg per capita em abril, nem caiu mais de um terço apenas três meses depois. Neste caso, o bom senso recomende que se adote a média do período, o que leva a uma disponibilidade próxima de 43,5 kg per capita, cerca de 1% a mais que o registrado no bimestre setembro/outubro. Porém, se considerada a média dos 10 primeiros meses do ano, o volume registrado sobe para 44,732 kg, 1,4% a menos que os 45,371 kg de média apontados para os 12 meses de 2017. Ainda segundo nossos analistas, “o per capita médio de 44,732 kg até agora registrado foi influenciado pelo alto volume do trimestre inicial do ano. E negativamente, pode-se afirmar. Porque opôs-se às leis de mercado, disponibilizando – naquele que é o período de menor consumo do ano – volume superior ao registrado no encerramento do ano anterior, época de maior consumo do ano. Mas não foi só. Pois, ignorando a deterioração do consumo interno e prevendo a retomada das exportações (processo que não se consolidou), o setor acabou disponibilizando no trimestre volume per capita superior ao de idêntico período de 2017. Não foi por menos, portanto, que o setor teve um início de ano não apenas melancólico, mas desesperador. Uma situação que se agravaria na sequência com novas denúncias envolvendo os controles sanitários. Espera-se que desse excesso de otimismo inicial tenha ficado uma lição. E que o setor comece o próximo ano de maneira mais comedida. Se o mercado pedir mais, a avicultura pode responder rapidamente. O que não pode é produzir e não ter quem consumir”. Francisco Turra (Presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal – ABPA), no artigo que é tema de capa desta edição da Revista do AviSite, afirma que 2018...“não foi um ano fácil, foi um período profundamente complexo. Podemos dizer que em 2018 os limites do setor produtivo foram testados como poucos momentos da história do setor”. Mas ele ainda, de forma positiva aponta que “após um período turbulento a expectativa geral é por um momento de maior calmaria para o setor produtivo”. 2018 se vai. Ficam as lições.

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Mundo Agro Editora Ltda. Rua Erasmo Braga, 1153 13070-147 - Campinas, SP

ISSN 1983-0017 nº 124 | Ano X | Dezembro/2018

EXPEDIENTE Publisher Paulo Godoy paulogodoy@avisite.com.br Redação Giovana de Paula (MTB 39.817) imprensa@avisite.com.br Comercial Karla Bordin (19) 3241 9292 comercial@avisite.com.br Diagramação e arte Mundo Agro e Innovativa Publicidade luciano.senise@innovativapp.com.br Internet Gustavo Cotrim webmaster@avisite.com.br Administrativo e circulação financeiro@avisite.com.br

Os informes técnicoempresariais publicados nas páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo Agro Editora.


Eventos Notícias Curtas

2019 Março 26 a 28

XVII Congresso de Ovos Organizado pela APA (Associação Paulista de Avicultura) Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto (SP). Informações: www.congressodeovos.com.br E-mail: congresso@apa.com.br.

Abril 02 a 04

20º Simpósio Brasil Sul de Avicultura Local: Chapecó, SC Promoção: Nucleovet informações: www.nucleovet.com.br Contato: nucleovet@nucleovet.com.br

Maio 14 a 16

Conferência FACTA WPSA-Brasil 2019 Frango: A responsabilidade de alimentar o mundo” Expo Dom Pedro, Campinas (SP) Informações: www.facta.org.br

Junho

Orffa apresenta pesquisa durante o Poultry Science Association A Orffa marcou presença durante a segunda edição do PSA (Poultry Science Association, realizado em Campinas, em Novembro. Luiz Gustavo Rombola, International Technical Manager da empresa, apresentou uma pesquisa feita pela empresa, na qual foram trabalhadas 04 fontes de Selênio (Selenito de Sódio, Levedura Selenizada, L-Selenio Metionina e Selênio Metionina Hidroxi Analoga (OH)) com objetivo de mensurar a deposição muscular de Selênio em Frangos de Corte.

Rombola: “O melhor resultado foi obtido com a suplementação de L-Selênio Metionina (Excential Selenium 4000) por ser a fonte mais biodisponível (100% disponível) comparado com as Leveduras Selenizadas.”

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FAVESU - Espírito Santo Feira de Avicultura e Suinocultura Capixaba Local: Espírito Santo Telefone: (27) 3288-2748 Site: www.associacoes.org.br 16 a 19

CONBRASUL 2019 Local: Gramado/RS Telefone: (51)3228-8844 E-mail: conbrasul@ovosrs.com.br Site: www.conbrasul.ovosrs.com.br

Agosto 27 a 29

Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) Local: Anhembi Parque, em São Paulo (SP). Promoção: Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Informações: www.siavs.com.br

Setembro A confirmar

Curso FACTA sobre Saúde e Integridade Intestinal Local: Campinas, SP Site: www.facta.org.br

Distribuidor da Vetanco promove Simpósio no NE Com o tema UniNdo Forças na Avicultura, a Usivet que é Distribuidora dos Produtos da Vetanco na região nordeste, promoveu a 3º Edição de seu evento técnico, voltado para produtores e profissionais da avicultura da região. O evento aconteceu no Hotel Portal de Gravatá - Pernambuco e contou com o patrocínio da Vetanco. Esse patrocínio constituiu no oferecimento de uma palestra técnica aos presentes, titulada: Alternativas à substituição aos melhoradores de desempenho. A mesma foi ministrada pelo Professor Felipe Caron, da UFPR e consultor da Vetanco. Estiveram presentes neste evento, o M.V. Sr. Mauro Renan Felin, Gerente Técnico Comercial - Aves Sul, o M.V. Sr. David Felipe Araújo Barbosa, Assistente Técnico/Comercial para a região e o M.V. Sr. Fabrizio Matté, Coordenador Técnico da Vetanco. O evento, além de contribuir para o crescimento técnico dos presentes, faz parte da programação dos 15 anos da Usivet, que ao longo de sua trajetória, comercializa produtos Vetanco, Produtos Seguros para Alimentos Seguros. A Revista do AviSite

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Painel do Leitor Fale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h00.

As 8 notícias mais lidas no AviSite em Novembro

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Frango: exportação de outubro registra ligeiro aumento

Desempenho externo das carnes em outubro de 2018

Em sexto, frango mantém posição na pauta cambial

FAO: frango é o menos afetado na queda de preço das carnes

SECEX/MDIC: em out. o Brasil exportou 338.050 toneladas de carne de frango in natura – volume pouco superior às 335.236 toneladas de setembro último e às 335.193 toneladas de out. de 2017.

A receita cambial do mês retrocedeu pouco mais de 4%, ainda que a proporcionada pela carne suína tenha aumentado 16% e a da carne de frango tenha permanecido estável (+0,25%).

Entre jan. e out. de 2018 apenas três entre os 10 principais produtos exportados pelo Brasil enfrentaram queda de receita. A carne de frango foi um deles.

O preço médio das carnes recuou mais de 2% segundo o Índice FAO. Quem menos atuou nesse retrocesso foi a carne de frango, meio por cento, contra quedas de mais de 3% (suína) e de quase 2% (bovina).

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Carne de aves: tendências mundiais em 2018 segundo a FAO Novas previsões da FAO sugerem que a produção mundial de carnes deve aumentar cerca de 1,5% em 2018, atingindo a marca recorde de 335 milhões de toneladas.

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Ligeiro aumento nas exportações de frango de outubro Os dados da SECEX/MDIC relativos às exportações de carne de frango in natura em out. apontaram estabilidade em relação tanto ao mês anterior como ao mesmo mês de 2017, com acréscimos inferiores a 1%.

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Pintos de corte: volume ainda negativo em relação a 2017

Embarques de carne de frango retrocedem quase 7% no ano

De acordo com a APINCO, em setembro último foram produzidos no Brasil perto de 489 milhões de pintos de corte, volume 1,65% inferior ao registrado um ano antes.

O volume dos quatro principais itens exportados não muito superior a 356 mil toneladas, correspondeu a um aumento de 0,23% sobre as 355,6 mil toneladas de setembro e a uma redução de 0,66% sobre as 358,5 mil toneladas de out. do ano passado.

Há 10 anos no AviSite www.avisite.com.br

Oferta interna de carne de frango registra novo recorde Campinas, 16 de Dezembro de 2008 - Com o recorde de produção alcançado no mês (998,6 mil toneladas, segundo a APINCO) e a menor exportação dos últimos 21 meses (235,1 mil toneladas, segundo a ABEF), a disponibilidade interna de carne de frango em novembro passado atingiu novo e surpreendente recorde: 763.525 toneladas, volume que representa acréscimo de 13,14% e de 29,63% sobre, respectivamente, outubro de 2008 e novembro do ano passado. Em função desse resultado, a oferta interna acumulada nos 11 primeiros meses do ano soma 6,678 milhões de toneladas e supera em 4,79% o ofertado no mesmo período de 2007. O índice de incremento registrado pode ser considerado, não há dúvida, modesto frente aos padrões habituais do setor que, em várias ocasiões, se expandiu a taxas bem superiores a 5%. O problema, desta vez, é que esse incremento está concentrado no final do exercício e coincide com um momento econômico em que o consumo não deve alcançar os padrões típicos do período de Festas. Correspondendo a uma disponibilidade média de 607 mil toneladas mensais, o volume até aqui registrado projeta para 2008 disponibilidade interna total da ordem de 7,285 milhões de toneladas, 3,8% a mais que o disponibilizado no decorrer de 2007. É provável, no entanto, que, em decorrência do retrocesso nas exportações, a oferta de dezembro corrente permaneça ainda acima das 750 mil toneladas. Em decorrência, o volume ofertado internamente no ano pode aproximar-se dos 7,450 milhões de toneladas, aumentando mais de 6% em relação ao ano passado.Nos 12 meses encerrados em novembro último, o volume de carne de frango que permaneceu no mercado interno somou pouco mais de 7,323 milhões de toneladas, volume que aumentou 4,83% em relação aos 12 meses imediatamente anteriores.

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Notícias Curtas Exportação

2019: tendências da exportação mundial de carne de frango Em suas primeiras projeções sobre o provável comportamento das exportações mundiais de carne de frango em 2019, o Departamento de Agricultura dos EUA estima que as vendas externas do produto brasileiro aumentarão perto de 2,5%, ou seja, menos que a média mundial (+4,18%), menos que os EUA (+2,85%) e bem menos que dois antigos integrantes da União Soviética, Ucrânia e Rússia, cujas exportações tende a um crescimento de, respectivamente, 16% e 20%. Isto para não falar da Argentina, que pode aumentar suas vendas em 16%. O desempenho previsto para os nossos vizinhos é exuberante. Mes-

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mo assim não se pode deixar de notar que, em comparação a 2014 (um quinquênio), o previsto é uma redução superior a 47% e que não é exclusividade da avicultura argentina: no período, as exportações dos norte-americanos decrescem acima de 3% e a do Canadá 5%. Enquanto as brasileiras crescem pouco mais de 6%. É verdade, neste caso, que estamos abaixo da média mundial (quase 11% de acréscimo no quinquênio) e muito aquém, entre outros, de União Europeia e Tailândia (+32% e +64%, respectivamente). Mas a baixa evolução das exportações brasileiras está relacionada, também, à expansão de exportadores que, até

recentemente, eram grandes importadores de carne de frango. Casos, por exemplo, da Rússia (+260%), da Ucrânia (+108%) e de Belarus (+63%). Segundo o USDA, o volume total previsto para 2019 representa novo recorde mundial. Mas o recorde não se aplica ao Brasil que, nas estatísticas do órgão norte-americano, exportou seu maior volume em 2016, ocasião em que a quantidade embarcada ficou em 3,889 milhões de toneladas e representou 36,3% do total exportado mundialmente (notar, em relação a esse volume, que o USDA desconsidera as exportações de pés/patas de frango).


Mercado

Custo e preço do frango: evolução na presente década Tomando como base a média do período janeiro/setembro - o resultado anual não deve ser muito diferente – é possível constatar que nos oito primeiros anos da corrente década o custo de produção do frango vem registrando índices de evolução superiores aos dos preços alcançados pelo frango vivo e abatido. A análise adotou como referenciais (1º) o custo de produção levantado mensalmente pela Embrapa Suínos e Aves desde janeiro de 2010; (2º) o preço médio recebido pelo produtor do interior paulista pelo frango vivo: e, (3º) o preço médio de comercialização do frango abatido resfriado no Grande Atacado da cidade de São Paulo. E o que se observa é que nesses oito anos, em apenas uma ocasião (2013) o frango vivo apresentou evolução de preço que superou o índice de variação do custo. Mas

foi só.Pior, porém, para o frango abatido, cujos índices de correção de preços sempre evoluíram aquém do aumento de custos. Resultado final: enquanto o custo de produção registra, em 2018, variação de 111% em relação a 2010, a variação acumulada pelo frango vivo e pelo frango abatido resfriado encontra-se em, respectivamente, 72% e 47%. Mas o que quase escapa é a variação na margem entre custo e preço. Em 2010, o frango vivo apresentava um diferencial de preço de 17,6% em relação ao custo, enquanto para o frango abatido esse diferencial era de 68,2%. Já no corrente exercício a diferença entre o custo e o preço do frango vivo está negativa em 3,4%,

enquanto a do frango abatido caiu para 17,33%. Efeito, sem dúvida, da produção em massa e do aumento da produtividade.

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Notícias Curtas Produção

Carne de frango: afinal, quanto vamos produzir em 2018? Mesmo faltando pouco mais de seis semanas para o encerramento de 2018, ainda cabe perguntar: afinal, que volume de carne de frango o Brasil vai produzir no corrente exercício? A resposta cem por cento exata jamais será conhecida. Ainda assim há diversas indicações a respeito, vindas de instituições internas e externas. Como CONAB e ABPA no primeiro caso e FAO e USDA, no segundo caso. As projeções dessas quatro fontes são apresentadas na tabela abaixo. Que, de quebra, traz uma projeção do AviSite baseada no volume de pintos de corte divulgado pela APINCO (neste caso tomou-se como base o acumulado entre janeiro e setembro, projetando-se para outubro e parte de novembro corrente a média desses nove meses). Mas como, independentemente dessas projeções, é possível incluir algo mais concreto, a tabela traz dados do IBGE relativos ao abate de aves em estabelecimentos sob algum tipo de inspeção oficial (federal, estadual ou municipal). Naturalmente, o IBGE – cujos levantamentos são trimestrais – não dispõe ainda dos resultados deste quarto

trimestre de 2018. Assim, o resultado apontado para o ano mantém como dado do período os resultados (preliminares) relativos ao terceiro trimestre do corrente exercício. Como se constata, apenas a projeção do IBGE sinaliza ligeiro aumento de volume. Notar, de toda forma, que os levantamentos do órgão incluem não somente os frangos, mas também reprodutoras e poedeiras. E apenas os

processados em estabelecimentos inspecionados. Ou seja: os números relativos especificamente à carne de frango devem ser menores que os apontados. Isso posto, talvez o melhor caminho seja ficar com a média obtida a partir dos dados dessas seis fontes. E o indicado (números arredondados) é uma produção em torno dos 13,4 milhões de toneladas, cerca de 200 mil toneladas a menos que o registrado em 2017.

Mercado externo

Nos EUA exportação de carne de frango cresce 4% Os últimos dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) mostram que as exportações norte-americanas de carne de frango permanecem crescentes em relação a 2017. Sob esse aspecto, desde junho o volume exportado mensalmente tem-se mantido positivo em relação a idêntico período do ano anterior. Com isso, o setor chegou a setembro acumulando embarques próximos de 2,360 milhões de toneladas, resultado 4% superior ao dos mesmos nove meses de 2017. O acumulado em 12 meses apresenta os mesmos 4% de evolução. Assim, mantido esse índice no trimestre

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final do ano, o total anual irá girar em torno dos 3,2 milhões de toneladas, superando em cerca de 9% o que foi registrado dois anos atrás, quando os EUA ainda sentiam os efeitos da perda de mercado em decorrência de surtos internos de Influenza Aviária. Atingido o volume projetado, as exportações norte-americanas de carne de frango terão alcançado o melhor resultado do último quadriênio. Ou seja: apesar da recuperação, continuarão aquém dos volumes registrados no triênio 2012/2014, período em que chegaram a ultrapassar a marca dos 13,3 milhões de toneladas anuais.


Ciência e Tecnologia

Pesquisadores iranianos usam gordura de frango para produzir biodiesel

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O petróleo bruto é a principal fonte de produção de diesel. Dada a crescente diminuição das reservas de petróleo, os pesquisadores sempre procuraram encontrar uma alternativa adequada aos combustíveis. Uma dessas alternativas é o biodiesel, que é produzido a partir de gordura na presença de um catalisador. Em um projeto de laboratório, pesquisadores iranianos conseguiram realizar síntese baseada em nanocatálise que possibilita transformar gordura de frango em biodiesel. Os pesquisadores dizem que cerca de 70% do custo de produção de biodiesel está relacionado com a aquisição de gordura. "Nos últimos anos, os pesquisadores que trabalham nesta área têm tentado encontrar fontes baratas de gordura, bem como um catalisador adequado para transformar gordura em biodiesel", diz um pesquisador do projeto. “No momento, conseguimos produzir biodiesel sintetizando um novo e eficiente nanocatalisador e usando gordura de frango como fonte de gordura”, acrescenta o mesmo pesquisador. Ele diz que a principal vantagem do uso de nanocatalisadores sintetizados é sua alta produtividade na produção de biodiesel. “Como a gordura de frango inútil é usada neste projeto como a principal fonte de produção de biodiesel, espera-se que o produto final tenha um custo baixo. Além disso, este produto emite muito menos poluição em comparação com o diesel derivado do petróleo bruto”, acrescentou.

Ciência e Tecnologia

Frango e detergente A empresa de alimentos Korin vai fazer sua incursão no mercado de produtos de limpeza para o consumidor final no meio do ano que vem. “É um multiúso que desenvolvemos inicialmente para uso em nossas granjas, atóxico, com o uso de bactérias que fazem o trabalho desengordurante. A ideia é chegar a redes varejistas até agosto”, diz o CEO, Reginaldo Morikawa. O produto já é vendido hoje no mercado corporativo, para desinfecção de granjas. “Fizemos pequenas adequações para o uso doméstico, para que a fórmula seja usada para limpeza de geladeiras, por exemplo.” A empresa também vai expandir sua produção de carne suína, das atuais 200 toneladas anuais para 1.000. “Vendemos essa categoria atualmente só na nossa rede franqueada, mas a ideia é expandir para o varejo em 2019”, afirma.

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Notícias Curtas Certificação

ABPA entrega Certificado de Compartimentação à Hendrix Genetics

Abaixo, Marco Aurélio Pereira de Almeida, Area Director ISA South America - Hendrix Genetics (esq.) e Francisco Turra, Presidente da ABPA

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O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, entregou ontem à Hendrix Genetics o certificado de compartimento avícola de reprodução livre de Influenza Aviária e da doença de Newcastle, concedido pelo Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A compartimentação é um programa que consiste, basicamente, na estruturação da produção em compartimentos, que mapeiam e isolam plantas e estruturas de granjas. Com este modelo produtivo, a reação a eventos epidemiológicos será mais rápida e de mais fácil controle, reduzindo os impactos econômicos gerados e dando maior segurança sanitária à cadeia produtiva. Ao mesmo tempo, por estar isolado, o sistema compartimentado proporciona melhores garantias de continuidade das vendas internacionais em caso de eventualidades sanitárias.

O certificado de compartimentação é conferido a empresas e granjas produtoras de aves e de genética avícola que sigam, de maneira voluntária, recomendações de biosseguridade recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A compartimentação envolve todas as unidades de produção de uma propriedade. Francisco Turra, presidente da associação, ressaltou a importância da conquista da empresa, que é associada à ABPA. “Para nós é uma imensa satisfação participar deste momento, pois é mais uma garantia de qualidade que temos a oferecer aos nossos muitos mercados”, salientou. Com a Hendrix Genetics, o Brasil passa a ter quatro compartimentos avícolas, dos quais três são de reprodução e um de produção de carne de frango. O País é pioneiro na implantação deste sistema de proteção sanitária.


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Exportação

Após 12 anos, Chile reabre mercado para avicultura do RS

Estima-se que o estado deixou de exportar para aquele país algo em torno de 385 mil toneladas de carne de frango ao longo do período

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hile reabriu as portas para Avicultura do Rio Grande do Sul. O trabalho de recuperação deste mercado foi em conjunto com Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI), FUNDESA e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A ASGAV interagiu e deu suporte em muitas etapas dos preparativos para o processo de auditoria e nos procedimentos para reabertura deste mercado. A reabertura deu-se após visita da missão chilena em agosto do corrente que avaliou a estrutura necessária para de-

tectar e identificar a presença de enfermidades no estado. O Rio Grande do Sul se encontra livre de enfermidade de newcastle notificável para a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) desde 2006. “Esta é uma ótima conquista para avicultura do RS em tempos de entraves nas exportações avícolas. Mais uma vez, fica evidente que a soma de esforços da ASGAV, MAPA, SEAPI, FUNDESA e ABPA foi fator decisivo para a solução deste embargo.” destacou Nestor Freiberger – Presidente ASGAV/SIPARGS. Nos últimos 12 anos estima-se que o estado deixou de exportar para aquele país algo em torno de 385mil toneladas de carne de frango.

Freiberger: “Esta é uma ótima conquista para avicultura do Rio Grande do Sul”

Exportação

Exportadores de aves e de suínos lançam campanha de imagem na União Europeia A primeira etapa da campanha é voltada para a União Europeia. Bélgica, Holanda, Alemanha, França e Reino Unido são os alvos-prioritários

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Associação Brasileira de Proteína Animal, que representa a avicultura e a suinocultura do Brasil, lançou em outubro uma campanha internacional de imagem dos setores exportadores da cadeia produtiva. O lançamento acontecerá durante o Salon International de l'Alimentation (SIAL), em Paris (França). A ação, realizada em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), tem como objetivo principal o fortalecimento da imagem da proteína animal brasileira no mercado internacional.

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A primeira etapa da campanha é voltada para a União Europeia. Bélgica, Holanda, Alemanha, França e Reino Unido são os alvos-prioritários. A campanha envolve ações em feiras e outras iniciativas de promoção de imagem junto aos stakeholders e ao público consumidor. A ABPA realizou uma coletiva de imprensa para o lançamento da campanha no estande da avicultura e da suinocultura do Brasil na SIAL Paris. “Os países do Bloco Europeu são importantes formadores de opinião para o mundo. Exatamente por isto, queremos

reforçar a imagem do produto brasileiro neste valioso mercado, não apenas para ampliar o fluxo de exportação, como também para fortalecer a percepção do consumidor europeu sobre as verdadeiras características do produto brasileiro, como a qualidade diferenciada, o status sanitário e o perfil sustentável da produção”, ressalta Francisco Turra, presidente da ABPA. A CAP Amazon é a agência de marketing e relações públicas contratada para a ação. De origem francesa, essa agência brasileira tem uma rede global de parceiros em 73 países, e é especializada em pauta agroalimentar.


Comemoração

Primeira indústria da Aurora Alimentos completa 45 anos História da empresa é marcada por conquistas, união e muita cooperação

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oi em 18 de outubro de 1973 que a Indústria Aurora Chapecó (IACH) iniciou as atividades. A primeira unidade da Cooperativa Central Aurora Alimentos atuava, na época, apenas no abate de suínos com alguns cortes. Para comemorar os 45 anos de história da unidade e a ampliação das instalações e modernização dos equipamentos, ocorreu no final de outubro um almoço festivo com empregados e diretores. Atualmente, a unidade possui 928 trabalhadores e produz um mix variado de produtos como linguiças, salames, copa e empanados, além da linha de fatiados. O gerente da IACH, Victor Batista Nunes Junior, explicou que a produção ocorre de segunda a sábado em três turnos e a capacidade fabril é de 150 mil kg/dia divididos entre produtos cozidos, curados, fatiados e empanados. “Essa é uma história marcada por conquistas, união e, sem dúvidas, muita cooperação. Nossa eterna gratidão aos funcionários que se dedicaram para construir essa marca”, afirmou. A Cooperativa Central Aurora Alimentos é o terceiro maior conglomerado industrial do Brasil e referência mundial na tecnologia de processamento de carnes. É formada por 12 cooperativas filiadas e por mais de 100 mil famílias. “Provamos, ao longo desses anos, que a união e a cooperação são as melhores formas para alcançar resultados. Somos regidos pelos princípios do cooperativismo, que se baseiam no trabalho coletivo e na partilha de resultados”, destacou o presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster. O prefeito de Chapecó Luciano Buligon parabenizou a unidade pelos 45 anos e reforçou a importância que a cooperativa tem no desenvolvimento da economia. “A região oeste abriga grandes agroindústrias, entre elas a Aurora Alimentos que é a maior empresa de Chapecó. O cooperativismo tem o poder de transformar vidas e a Aurora Alimentos é prova disso”. Os dez funcionários mais antigos, entre 30 e 45 anos de atuação, foram homenageados com placas de agradecimento pelos serviços prestados a família Aurora Alimentos.

Almoço festivo comemorou os 45 anos da IACH

Da esquerda para a direita: Gerente da IACH, Victor Batista Nunes Junior, agradeceu a dedicação de todos os funcionários da IACH. O presidente da Aurora Alimentos, Mário Lanznaster lembrou do inicio da historia da IACH. Prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, participou do almoço festivo. Abaixo: Funcionários foram homenageados por tempo de atuação na empresa

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Entrevista

Janice Zanella aponta avanços das pesquisas da Embrapa Suínos e Aves Segundo a Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, a entidade continuará sua atuação com o olhar para as demandas do setor produtivo e da sociedade

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Embrapa Suínos e Aves é uma unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e tem como missão "viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da suinocultura e avicultura em benefício da sociedade brasileira". Dos laboratórios da Embrapa Suínos e Aves surgiram conhecimentos que mudaram a trajetória das duas atividades. A expansão da suinocultura e da avicultura nos anos 1960 e 1970 justificou a criação em 13 de junho de 1975 do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos, destinado à pesquisa em suinocultura. Três anos depois, em 1978, o Centro recebeu também a incumbência da pesquisa em aves, passando a se chamar Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves, hoje denominado Embrapa Suínos e Aves. A partir de 1982, ela passou a ocupar a área de 210 hectares no distrito de Tamanduá, que oferece laboratórios de sanidade animal e de análises físico-químicas, sistemas de produção, campos experimentais, estação meteorológica, fábrica de ração, prédio para administração e pesquisa e biblioteca especializada em suínos e aves. A Unidade tem papel fundamental no controle de doenças, aperfeiçoamento de rações, melhoria da qualidade genética dos animais, preservação do meio ambiente e desenvolvimento de equipamentos para a suinocultura

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e avicultura. Fez ainda um trabalho imprescindível em conjunto com outros órgãos do governo, da indústria e dos produtores para superar as restrições às exportações de carne suína e de frango. Para continuar sendo importante na evolução da suinocultura e da avicultura, a Embrapa Suínos e Aves mantém um constante realinhamento das suas metas de trabalho. Tudo o que é produzido pela Embrapa Suínos e Aves é transferido para as cadeias produtivas por meio de publicações, dias de campo, cursos, unidades demonstrativas, eventos e outras iniciativas. A transferência de tecnologia e a comunicação praticadas pela Unidade influenciam na competitividade do agronegócio. Outra maneira da Embrapa Suínos e Aves influenciar a produção de suínos e aves é por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC). A Revista do AviSite foi conversar com, Janice Reis Ciacci Zanella, Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves, para entender como a entidade está projetando o ano de 2019 em termo de ciência e pesquisa e, acima de tudo, saber o que a avicultura pode esperar da Embrapa Suínos e Aves. Quais foram os principais avanços das pesquisas envolvendo a avicultura desenvolvidas em 2018? Quais são os seus destaques? Debate constante sobre o bem-estar na postura comercial visando a diminuição de perdas e possibilidade de modernização através da automação e

monitoramento remoto dos galpões. A Embrapa Suínos e Aves desenvolve projeto de pesquisa em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Universidades e por meio de elaboração de diagnóstico da realidade nacional, de cursos de capacitação e estudos de análise econômica da implantação de sistemas melhorados, ajuda atender as boas práticas de manejo. Melhorias na ambiência através da utilização de materiais para isolamento térmico em aviários, propiciando melhor conforto, bem-estar, podendo contribuir de maneira significativa para a melhoria do desempenho físico do aviário e maior eficiência energética. Ênfase em boas práticas de produção, em especial nas práticas que garantam a biosseguridade dos rebanhos, que é questão fundamental para a qualidade e segurança da produção, para a viabilidade econômica e para a garantia da competitividade da cadeia avícola. Desenvolvimento de uma técnica de diagnóstico (PCR em tempo real) para rápida multidetecção de sorovares de Salmonella que são considerados riscos à saúde animal e humana, são alvos de barreiras sanitárias e impacta a economia. Adicionalmente estudos foram realizados na dinâmica da infecção - das aves e a consequente contaminação de ovos com cepas brasileiras. Progressos no projeto de Modernização dos Procedimentos de Inspeção (SIF) em Abatedouros de Aves em parceria com o Mapa que irá fornecer ba-


Janice Zanella, Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves.

“A participação da pesquisa da Embrapa tem sido sempre pautada por demandas do setor, seja o mercado ou produtor ou governo”.

ses técnico-científicas como principal premissa o risco do alimento para a saúde do consumidor. Pesquisa sobre o uso da nicarbazina, considerando o efeito do reúso da cama de aviário e dos tratamentos térmicos em carne de frango. A principal preocupação é a presença de resíduos na carne ou miúdos comestíveis. A pesquisa está avaliando se durante o cozimento da carne pode ser gerada a p-nitroanilina, resultado de síntese do DNC (fração de nicarbazina, passível de ser depositada em tecidos), apontada como cancerígena pela Autoridade Europeia de Segurança de Alimentos. Nanovo: testes de qualidade efetivados e parceria para o desenvolvimento no mercado. Este projeto busca desenvolver filmes de revestimento nanoestruturado com potencial para reduzir problemas de contaminação microbiana, além de melhorar as propriedades de permeabilidade da casca evitando a desidratação e permitindo maior vida de prateleira dos ovos de mesa comerciais. Esse produto inovador para revestimento dos ovos proporcionará ganhos econômicos e sociais, pela garantia de um alimento

saudável e de ovos com um tempo maior e significativo de durabilidade de armazenagem (vida de prateleira) sem uso de refrigeração, proporcionando economia de energia e menor frequência de devolução de produto. Como é feito o ‘link’ entre a Embrapa e o mercado e como é possível avançar ainda mais, tornando as pesquisas um suporte ainda mais forte para o setor, como um todo? A participação da pesquisa da Embrapa tem sido sempre pautada por demandas do setor, seja o mercado ou produtor ou governo. Participamos ativamente de uma agenda com agroindústrias e entidades voltadas à cadeia produtiva, como a ABPA e o Instituto Ovos Brasil, por exemplo. Além disso, temos parcerias e trabalhos junto aos órgãos regulamentadores, estabelecendo metas de pesquisa para melhor atender à cadeia produtiva. Nossa atuação também se dá na contribuição com a efetivação de políticas públicas, a exemplo de temas como a reutilização de cama aviária, destinação de animais mortos e a modernização do SIF.

O que setor avícola pode esperar da Embrapa em 2019? A Embrapa continuará sua atuação com o olhar para as demandas do setor produtivo e da sociedade. A agenda de pesquisa contempla temas importantes para o desenvolvimento da avicultura e devemos avançar cada vez mais. A avicultura é a atividade mais dinâmica do complexo brasileiro de carnes. Fatores como qualidade, sanidade e preço contribuíram para aperfeiçoar a produtividade no setor. Além da pesquisa aplicada, a Embrapa está voltada para a inovação. Criar uma agenda contínua de treinamentos e trabalhar o conceito de saúde única, considerando não só o bem-estar dos animais, mas também o das pessoas envolvidas, diminuindo o impacto ambiental e fazendo o uso racional de medicamentos como antimicrobianos e antibióticos, é outra importante ação que está sob nosso olhar de pesquisa. A atuação da Embrapa Suínos e Aves inclui também a realização de estudos de prospecção tecnológica na cadeia produtiva de aves de corte brasileira, fazendo um diagnóstico sobre e identificando as principais demandas tecnológicas. A Revista do AviSite

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Pesquisa

Discriminação persiste no mundo, apontam mulheres do agro No Brasil, 78% das mulheres acreditam que existe discriminação de gênero, maior que a média global de 66%. Além disso, 63% das brasileiras disseram que atualmente existe menos discriminação que há dez anos e 44% consideram que o país levará, em média, de uma a três décadas para alcançar equidade entre os gêneros.

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ulheres ligadas à agricultura em todo o mundo avaliam que a discriminação de gênero persiste e é uma barreira no dia a dia de quem está no campo. É o que mostra um estudo realizado em 17 países a pedido da Corteva Agriscience, divisão agrícola da america-

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na DowDuPont. Foram entrevistadas 4.157 produtoras rurais que vivem realidades distintas em cinco continentes, 433 delas no Brasil. De acordo com a pesquisa divulgada pelo jornal Valor, 90% das brasileiras têm muito orgulho de trabalhar no campo ou na indústria agrícola, percentual que excede o resultado médio nos países incluídos na pesquisa. “Em nosso país, a maior parte indicou que a desigualdade de gênero ainda é um problema, e metade das mulheres ouvidas afirma que tem salários menores que o dos homens que exercem funções semelhantes”, afirmou Ana Claudia Cerasoli, diretora de marketing da Corteva Agriscience na América Latina, em nota. O estudo aponta que, embora as mulheres se orgulhem de estar na agricultura, elas percebem que existe discriminação de gênero: esse dado varia de 78% na Índia a 52% nos Estados Unidos. No Brasil, 78% das mulheres acreditam que existe discriminação de gênero, maior que a média global de 66%. Além disso, 63% das brasileiras disseram que atualmente existe menos discriminação que há dez anos e 44% consideram que o país levará, em média, de uma a três décadas para alcançar equidade entre os gêneros. Quase 50% das brasileiras relatam ganhar menos que os homens. No Brasil, esta percepção é pior do que nos demais países (média de 40%). Outro dado revelado na pesquisa aponta que 89% das mulheres no Brasil gostariam de ter mais acesso a treinamentos. Na América Latina, em países como México e Argentina,

os números são semelhantes - 86% e 84%, respectivamente. Ainda sobre educação, 87% das brasileiras e mexicanas gostariam de ampliar seu nível de formação acadêmica. As argentinas aparecem logo depois, com 85%. “Entrevistamos produtoras de grandes fazendas em economias mais avançadas e também agricultoras de propriedades de subsistência no mundo em desenvolvimento”, disse Krysta Harden, vice-presidente de assuntos externos e sustentabilidade da Corteva, na mesma nota. Dentre as entrevistadas, apenas a metade se considera tão bem-sucedida quanto os homens; 42% das entrevistadas dizem ter as mesmas oportunidades que os colegas do sexo masculino, e apenas 38% afirmam poder tomar decisões sobre como a renda é usada na agricultura e no cultivo. Quase 40% das entrevistadas relataram ter renda menor do que os homens e menos acesso a financiamento. Muitas mulheres disseram que precisam de mais treinamento para aproveitar a tecnologia agrícola que se tornou essencial para o sucesso financeiro e a administração ambiental. Esse desejo de treinamento surgiu como a necessidade mais citada entre as entrevistadas para derrubar os obstáculos à equidade de gênero. Ontem foi o “Dia Internacional das Mulheres Rurais”, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para ressaltar a importância das mulheres na agricultura e identificar as barreiras que as impedem de ter uma participação plena e bem-sucedida no agronegócio.


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Análise 2018/Projeções 2019

ABPA: O que veio e o que esperamos que virá Associação Brasileira de Proteína Animal analisa o ano de 2018 e faz projeções para 2019 para o setor avícola Autor: Francisco Turra – ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

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ão foi um ano fácil. Está é uma conclusão superficial de um ano profundamente complexo. Sem sombra de dúvidas, podemos dizer que em 2018 os limites do setor produtivo foram

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testados como poucos momentos da história do setor. Fatos como a suspensão de plantas brasileiras exportadoras de carne de frango pela União Europeia, a instituição de novos critérios halal por

países Árabes e a aplicação de equivocadas medidas de direito antidumping pela China puseram o setor produtivo em um momento desafiador. O auge da crise ocorreu nos dez últimos dias de maio, durante a Greve dos Caminhoneiros. A paralisação mostrou ao Brasil a grande dependência da avicultura da logística rodoviária. Sobrevivemos, mas não sem cicatrizes. Os impactos superaram os R$ 3,1 bilhões – disto, R$ 1,5 bilhão foi irrecuperável. E, como herança ao Brasil, temos o tabelamento do frete. No caso da avicultura, dependemos do que denominamos como transportes dedicados – por questões sanitárias – tanto para animais, quanto para produtos. Exatamente por isto, são transportes fidelizados, majoritariamente em distâncias curtas. Com a nova tabela, o custo logístico dos setores apresenta uma elevação média de 35% - chegando próximo de 80% em


algumas modalidades, como o transporte de ração. Com a somatória destes fatores – tabelamento de frete e elevação dos custos de produção – os preços das carnes e outros produtos de aves e de suínos impactaram em cerca de 15% para o consumidor final. Em meio às questões diretamente relacionadas às exportações e à logística setorial, convivemos com altas históricas do milho e da soja. Em nosso momento mais crítico, vimos o preço do milho se elevar mais de 50% em relação ao mesmo período de 2017. A soja, que atingiu preços recordes, superou os custos do ano passado em mais de 40%. A situação do câmbio e a menor oferta foram os motores deste quadro, que impulsionou negócios com produtores de grãos de países vizinhos, como a Argentina e o Paraguai. A competência setorial, entretanto, garantiu que a “sorte” não abandonasse o setor. Plantas foram desabilitadas parcialmente pela EU,

mas o fluxo de exportações não se rompeu. E as exportações para a China cresceram no mesmo período, mesmo com a taxa provisória antidumping aplicada. Emirados Árabes, Kuwait e Iêmen reduziram os impactos da retração das importações sauditas. Também tivemos excelentes notícias com a habilitação de novas plantas frigoríficas de aves para exportações ao México. São 26 novas plantas, que se somarão a outras 20 plantas que já estavam habilitadas. O mercado mexicano apresentou um exponencial crescimento nas importações de carne de frango brasileira ao longo de 2018. A sinalização é de um cenário ainda mais demandante no próximo ano, o que deve influenciar o saldo geral das exportações do Brasil. Frente a este cenário, a produção de carne de frango deverá apresentar redução de 1% e 2%, em relação às 13,058 milhões de toneladas produzidas em 2017, girando em torno de

Os indicadores apontam elevação no consumo de carne de frango dentro do Brasil. Pelas projeções iniciais da ABPA, o índice deste ano deve se manter semelhante ao registrado em 2017, de 42 quilos

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Análise 2018/Projeções 2019 13 milhões de toneladas. Esta redução é puxada pela diminuição no alojamento de pintos de corte, estimada entre 3% e 5%, impactando na oferta disponível de carne de frango. Os indicadores também apontam elevação no consumo de carne de frango dentro do Brasil. Pelas projeções iniciais da ABPA, o índice deste ano deve se manter semelhante ao registrado em 2017, de 42 quilos. Já as exportações do setor, em meio às turbulências do mercado internacional, devem ficar abaixo do desempenho registrado em 2017, de 4,32 milhões de toneladas, girando em torno de 4 milhões de toneladas. Se temos menos frango disponível, a expectativa é de mais ovo para o consumidor. Pela primeira vez, os indicadores apontam para consumo per capita superior a 210 unidades anuais. A produção pode ser até 10% maior que em 2017, próxima de 44 bilhões de unidades. As exportações de ovos também se fortaleceram neste ano. Em determinados meses, como agosto e outubro, as vendas foram mais de 100% superior em relação ao mesmo período do ano passado. Superaremos em pelo menos 3 mil toneladas as vendas de 2017, e a expectativa é de se aproximar das 10,4 mil toneladas registradas em 2016.

Recuperação de imagem

Em meio às questões diretamente relacionadas às exportações e à logística setorial, convivemos com altas históricas do milho e da soja. Em nosso momento mais crítico, vimos o preço do milho se elevar mais de 50% em relação ao mesmo período de 2017 22

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Em meio aos problemas vividos pelo setor produtivo neste ano, ficou clara a necessidade de fortalecermos a percepção do mundo sobre o setor produtivo brasileiro. Foi com este objetivo que a ABPA, juntamente com a Apex-Brasil, lançou no Salon International de l'Alimentation (SIAL), em Paris (França) uma campanha de imagem. A primeira etapa da campanha será voltada para a União Europeia. Bélgica, Holanda, Alemanha, França e Reino Unido são os alvos-prioritários. A campanha envolverá ações em feiras e outras iniciativas de promoção de imagem junto aos stakeholders e ao público consumidor. Os países do Bloco Europeu são importantes formadores de opinião


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Análise 2018/Projeções 2019

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para o mundo. Exatamente por isto, queremos reforçar a imagem do produto brasileiro neste valioso mercado, não apenas para ampliar o fluxo de exportação, como também para fortalecer a percepção do consumidor europeu sobre as verdadeiras características do produto brasileiro, como a qualidade diferenciada, o status sanitário e o perfil sustentável da produção.

Genética – Compartimentação e uma nova marca Setor com alto valor agregado, a genética avícola brasileira despontou em 2018. Somente a soma das vendas acumuladas até o mês de outubro (com 919 toneladas) já havia superado as vendas totais em 12 meses dos anos de 2015, 2016 e 2017. Outubro, aliás, registrou um recorde mensal de vendas, com 125 toneladas exportadas. O bom desempenho do segmento de genética também foi visto nas exportações de ovos férteis. Até outubro, o setor já havia embarcado 12,3 mil toneladas – nos 12 meses de 2017, foram exportadas 12 mil toneladas. Novos mercados se abriram para o setor de genética. Zimbábue e Arábia Saudita estão entre os novos importadores. Mas o setor quer ir além. O objetivo é fortalecer a posição brasileira no mercado internacional como plataforma exportadora de material genético. Exatamente por isto, uma marca setorial está em desenvolvimento, engajando as empresas de genética do país em uma ação ampla de fortalecimento de imagem. A marca deve ser lançada em 2019.

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Os machos têm crescimento rápido e padrões de eficiência alimentar iguais aos apresentados pelos frangos de corte jovens. Como estes, os machos devem desenvolver-se conforme a curva de crescimento, permitindo que a ave atinja o pico de desempenho ao longo de sua vida

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Tradição movida pela inovação.

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Análise 2018/Projeções 2019

Sobre 2019 e o novo Governo

A expectativa geral é por um momento de maior calmaria para o setor produtivo. A começar pelos custos de produção 26

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Após um período turbulento – acumulado entre os anos de 2017 e 2018 – a expectativa geral é por um momento de maior calmaria para o setor produtivo. A começar pelos custos de produção. Os indicativos de produção de milho e de soja apontam para uma oferta menos apertada em relação ao ano que termina. Por outro lado, os problemas sanitários da Ásia e Europa apontam para uma oferta internacional de proteína animal apertada. Os focos de Peste Suína Africana estão reduzindo a disponibilidade de animais e de carne suína no mercado chinês. Consultores apontam lacunas que superam 2 milhões de toneladas. Este é um quadro que não deve se restringir à maior necessidade de produtos neste segmento: a demanda por carne de frango também deve ser maior neste mercado asiático, pressionando a oferta internacional. Se as perspectivas das exportações e dos custos produtivos apontam para um horizonte mais calmo para o Brasil, também há um inegável otimismo no setor com o novo

momento político vivido pelo país. A eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República trouxe um clima positivo que há tempos o agronegócio não vivia. As promessas do novo presidente de maior apoio ao campo, desburocratização, liberdade de mercado, combate à violência no campo e nas estradas, privatização de estruturas importantes ao setor produtivo e outras iniciativas soaram como música aos ouvidos de quem exporta para 160 mercados em todo o mundo. E o primeiro grande avanço já foi anunciado. O anúncio da presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Deputada Tereza Cristina (DEM-MS) como futura Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento foi recebido com grande otimismo. Falamos de uma representante que detém conhecimento técnico e respaldo político para assumir o cargo. É uma liderança fundamental para o setor produtivo nacional, com trabalho inquestionável à frente da FPA. Estamos bastante confiantes, pois ela conhece o setor de proteína animal como poucos, e sabe claramente das dificuldades e oportunidades que temos pela frente.


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Ciência e inovação

Aperfeiçoamento da gestão da avicultura de corte visando redução de perdas Autores: Raquel Baracat Tosi Rodrigues da Silva, Irenilza de Alencar Naas, João Gilberto Mendes dos Reis, Arilson José de Oliveira Júnior, Silvia Regina Lucas de Souza, Alexandra Ferreira da Silva Cordeiro, Nilsa Duarte da Silva Lima

Pesquisas visualizam o setor avícola em geral e expõem uma ferramenta app de predição de boas práticas na granja, baseado nas normas brasileiras de boas práticas de produção de frango de corte

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cadeia de produção de carne de frango de corte brasileira é uma das mais importantes do mundo. A oferta de frango brasileira tem acompanhado o crescimento da demanda interna e externa decorrente do aumento da competitividade e produtividades, mas também pelo aumento no nível de urbanização e renda da população, da diversificação das dietas e da mudança de hábitos alimentares, neste sentido avicultura brasileira ocupa a terceira posição na produção mundial. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de carne de frango, produzindo cerca de 12 milhões de toneladas de carne de frango, ficando atrás apenas dos EUA e da China. Este texto procura visualizar o setor avícola em geral e expor uma ferramenta app de predição de boas práticas na granja, baseado nas normas brasileiras de boas práticas de produção de frango de corte.

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Panorama do setor de frango O setor de frangos de corte começa a se desenvolver a partir de 1940. Até então era uma atividade artesanal e de pouca relevância econômica. A Segunda Guerra Mundial teve um papel fundamental no desenvolvimento da avicultura pois, os países envolvidos na guerra ao redirecionarem a produção de carnes vermelhas para os soldados em combate se viram obrigados a produzir carnes alternativas para o consumo imediato da população. Estes países deram início, portanto, a uma grande revolução na produção de carne de frango ao desenvolverem pesquisas de novas linhagens e fórmulas de rações, além de medicamentos específicos para a avicultura. Este conjunto de mudanças foi responsável pela constituição de um moderno setor avícola capaz de uma produção regular em grande escala e com índices elevados de produtividade (BNDES, 1995). Os importadores mais importantes de carne de frango são os países árabes, a Ásia e a África (MDIC, 2010; UBABEF, 2012,2013). Durante os últimos vinte anos, a criação de frangos brasileiros tornou-se importante para a economia do país. O setor de frangos de corte evoluiu significativamente no Brasil e seu dinamismo está ligado a ganhos de produtividade constantes, particularmente através da melhoria dos índices de conversão alimentar, tecnologia de nutrição, pesquisa genética, maior automação de engenhos de frangos e melhor gerenciamento de produção (SOUSA & OSAKI, 2005; PATRICIO et al., 2012). Além disso, A avicultura brasileira por ser um ramo do agronegócio muito lucrativo e promissor tem atraído cada vez mais diversos investidores. O aumento da produtividade na avicultura de corte pode ser observado a partir de três principais indicadores: 1) o índice de conversão alimentar (quantidade de ração, em kg necessária para produzir 1 kg de frango vivo), 2) o peso e 3) a idade de abate do frango. Em 1960, precisava-se de 2,25 kg de ração para produção de 1 kg de carne de frango, já em 2010 foi necessário apenas 1,75 kg de ração para a produção de

1 kg de carne de frango. Em função disso, a idade média de abate foi caindo enquanto o peso médio do frango foi subindo. Em 1960, a idade média de abate girava em torno de 56 dias, já em 2010 a idade média de abate caiu para 41 dias. Enquanto isso, o peso médio do frango passou de 1,60 kg em 1960 para 2,30 kg em 2010. Portanto, as inovações tecnológicas permitiram um aumento da produtividade e, consequentemente, uma queda dos custos de produção e dos preços da carne de frango. Além disso, a preferência do consumidor será cada vez mais por produtos feitos perto de onde ele vive e por marcas engajadas em temas que considera importantes. A busca contínua pela satisfação dos consumidores e a extrema competição junto aos concorrentes têm levado as empresas de alimentos a formalizarem seus processos com o objetivo de garantir a qualidade e segurança de seus produtos de forma a se tornarem competitivas. A qualidade aborda o conceito de Gestão Estratégica da Qualidade como foco estratégico da qualidade o atendimento, a superação das expectativas e a satisfação do consumidor, a relação da concorrência com a satisfação do produto durante toda sua vida útil e a reunião de todos os atributos necessários para maximizar esta satisfação. MERLI (1993) elencou 10 princípios para se alcançar qualidade total: 1) Qualidade em primeiro lugar – satisfação total do consumidor; 2) Foco no mercado e orientação para o consumidor; 3). Cada processo seguinte é um cliente; 4) Gestão por evidências científicas; 5) Controle no processo e planejamento e execução preventivos; 6) Marketing é a chave da qualidade; 7) Atenção às informações poucos importantes; 8) Ações preventivas para eliminar erros crônicos; 9) Respeito e total participação dos colaboradores; e 10) Comprometimento da alta direção. O consumidor de hoje trata-se de um consumidor mais exigente e com mais acesso a informação e, portanto, com expectativas cada vez maiores em relação a qualidade de produtos, serviços, atendimento, etc. Hoje a sociedade vive a era da informação que amplia o

Na avaliação do sistema produtivo foi aplicado um questionário via aplicativo de celular (app) referente ao manual de Boas Práticas de Produção de Frango de Corte, com um questionário desenvolvido através de meta-análises de textos sobre bem-estar animal e para quantificar os problemas encontrados no aviário, sendo assim, para determinar os pontos críticos de controle

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Ciência e inovação

Figura 1. Cadeia avícola e a delimitação do estudo

acesso a informação e o acesso ao conhecimento e participação dos indivíduos modificando de cada vez o mercado de consumo. Na era da informação os consumidores estão mais atentos aos produtos que compram, no caso de alimentos estão interessados nos termos nutricionais e as questões de sua saúde, então é preciso antes de tudo entender o consumidor, conhecê-lo e antecipar suas necessidades. Garantir ao consumidor um produto seguro e saudável, através do controle das fases da produção, industrialização, transporte, distribuição e comercialização vêm segundo NÄÄS et al. (2004), atender as novas demandas dos consumidores mundiais, exigentes quanto à garantia da qualidade e a inocuidade do alimento. No Brasil através dos documentos, Portaria 1428/93 (BRASIL, 1993), dos Ministérios da Saúde (MS) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2014) e da Portaria 326/97 instituiu-se a utilização dos programas de atividades denominadas Boas Práticas Agrícolas - BPA. Concomitante nesse período (através da Organização Mundial da Saúde OMS e em colaboração a Food and Drugs Administration - FDA) estabeleceu-se

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os princípios de Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), que determinam critérios mínimos para a fabricação de produtos sob condições sanitárias e a prática da rotina de inspeção.

Pontos vulneráveis da produção avícola As mudanças no estilo de vida e nos hábitos alimentares da população mundial também são consideradas como fatores decisivos para o aumento do consumo da carne frango. As pessoas passaram a comer mais carnes brancas, como o frango, na busca de uma dieta mais saudável e equilibrada. Organismos internacionais, como a FAO, acreditam que a carne de frango seja capaz de minorar os graves problemas de alimentação da crescente população mundial. Neste sentido, governos de vários países têm incentivado a produção de frango não só como política de geração de renda e trabalho, mas principalmente como política de segurança alimentar (BNDES, 1995). Segundo projeções da OCDE/FAO (2013), já na década de 2020 a carne de frango será a mais consumida no mundo superando pela primeira vez o consumo

da carne suína. Isso ocorrerá porque, segundo projeções da OCDE/FAO (2013), o consumo de carne suína tende a se expandir a uma taxa média que não ultrapassará 1,5% ao ano, enquanto a expansão prevista para o consumo de carne de frango se situará ligeiramente acima dos 2% ao ano. Para estes organismos internacionais, se forem mantidos esses índices de crescimento, em 2043, o consumo mundial de carne de frango ultrapassará a marca dos 200 milhões de toneladas, ficando quase 20% acima do consumo da carne suína que será cerca de 170 milhões de toneladas. De acordo com DEZOUSART (2013), o crescimento do consumo de carnes acima do crescimento da população mundial no período de 1960 a 2010 permitiu um aumento significativo do consumo per capita de todas as carnes, mas principalmente, do consumo per capita mundial da carne de frango que passou de 0,64 kg em 1960 para 11,36 kg em 2010. A segurança dos alimentos cresce em importância estratégica para as empresas, pois lidam com consumidores exigentes amparados por legislação específica. Neste contexto, o objetivo geral do estudo foi


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Ciência e inovação de identificar os pontos críticos da cadeia de produção avícola de corte visando a redução de perdas. Sendo assim, foi quantificada as perdas produtivas na Avicultura de corte em função de um aplicativo para o produtor, analisando os seguintes itens: com meta-análise de bibliografias relacionadas; com o desenvolvimento aplicativo para produtor verificar as perdas avícolas; a validação do aplicativo em campo.

Delimitação da cadeia Na avaliação do sistema produtivo foi aplicado um questionário via aplicativo de celular (app) referente ao manual de Boas Práticas de Produção de Frango de Corte, com um questionário desenvolvido através de meta-análises de textos sobre bem-estar animal e para quantificar os problemas encontrados no aviário, sendo assim, para de-

terminar os pontos críticos de controle (Figura 1).

Desenvolvimento de um aplicativo eletrônico Desde a chegada da tecnologia móvel na década de 1970 os telefones celulares transformaram o comportamento das pessoas e toda tecnologia em torno deles cresce exponencialmente (RIES, 2011). Utilizados por pessoas de todas as idades, os telefones móveis perderam a singularidade de sua função básica (fazer ligações) e se transformaram em poderosos smartphones, aparelhos inicialmente utilizados como extensão do computador pessoal (PCs), que ultrapassaram a barreira de aparelhos eletrônicos inteligentes e tomaram lugar dos desktops (computadores de mesa) e dos laptops (computadores de colo). Esses disposi-

Tabela 1. Limites críticos inferiores e superiores de tolerância adotados para a produção de frango de corte, adaptado de MENEZES, 2010

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tivos móveis (mobiles) se fizeram indispensáveis no cotidiano pela sua praticidade e mobilidade, e estenderam as possibilidades do ser humano, que alcança tudo e todos e se faz alcançar da mesma forma (GOTHELF, 2013). Além de permitir fazer ligações sem fio, os smartphones oferecem acesso à internet, email, serviços de mensagens e uma infinidade de opções de funções personalizáveis através de aplicativos dedicados, os apps. Os tablets também são considerados sistemas mobile assim como os smartphones, porém se diferem desses pelo tamanho, resolução de tela e por também permitirem fazer ligações convencionais, por Skype e/ou similares e por possibilitar inputs diretamente na tela, através do toque e/ou movimento dos dedos nela. Com sua fronteira cada vez menos perceptível, smartphones e tablets são usados para navegar tanto pelo mundo real quanto pelo virtual, moldar relações, consumir. De acordo com a pesquisa "The Mobile Consumer" publicada em fevereiro de 2013 pelo instituto de pesquisas NIELSEN HOLDINGS N.V. (2013), o uso dos smartphones no Brasil alcança 36% dos brasileiros adultos entrevistados- todos usuários de internet. Os smartphones mudaram o modo como os consumidores pesquisam por informações, como fazem compras e como se socializam. Os usuários de smartphones usam suas mídias para a realização de várias tarefas simultâneas: 88% usam o telefone durante outras atividades, como ouvir música (63%) e/ou assistir TV (46%). Frente à notável importância de seus produtos, as empresas fabricantes de smartphones investem céleres no desenvolvimento de aplicativos que incrementem a produtividade da rotina de seus usuários e pluralizem as possibilidades de seus aparelhos. Os aplicativos (apps) são aplicativos desenvolvidos para rodar em dispositivos mobile, disponíveis online e adequados ao sistema operacional do fabricante do dispositivo que se propõem a incrementar a produtividade do usuário. Entre os sistemas operacionais para smartphones existentes, quatro destacam-se em termos de expressividade no mercado de apps. São eles: iOS, An-


Figura4. Modelo de aplicativo droid, Windows Phone e Blackberry. Os sistemas operacionais (OS) diferem-se pela estrutura de navegação e pelo vínculo às app stores, a plataforma de distribuição digital dos apps. As apps stores disponibilizam o download imediato dos aplicativos, normalmente dispostos em categorias (entretenimento, produtividade, games, etc) e obedecem às regras de comercialização dos fabricantes do aparelho. Não limitadas à comercialização, essas regras também abrangem conteúdo e qualidade dos apps. A metodologia ágil valoriza: a pronta resposta às mudanças de acordo com o planejamento; a permissão e o incentivo às interações entre os indivíduos e ferramentas durante o processo; a compreensiva documentação de apoio e espera a contínua e necessária comunicação entre clientes e desenvolvedores; a flexibilidade dos clientes no tocante aos pontos estabelecidos no contrato. Os autores HARTSON E PYLA (2012) apontam que os métodos ágeis de desenvolvimento de softwares normalmente são caracterizados por opta-

rem pela informalidade, para que o feedback seja contínuo.

Aviários de Produção Os seguintes dados serão coletados nos aviários: Alojamento e Conforto; Temperatura °C :Velocidade do ar (m/s); Bebedouro; Regulagem de vazão nipple; Regulagem de vazão bebedouro pendular; Comedouro; Tipo de bebedouro; Regulagem comedouro tipo prato ou Regulagem comedouro tubular; Umidade (%); Qualidade da cama; Qualidade da água; Programa de luz; Recolhimento de aves mortas aplicação da matriz de análise de risco para determinar tratar-se ou não de um ponto crítico de controle. As pontuações são atribuídas a cada demanda específica em relação à sua exigência em códigos internacionais, variando de 1 a 5, como: 1 = muito ruim (não há normas relativas a esse assunto em comparação com os padrões internacionais), 2 = ruim (há poucas normas e poucas ou nenhuma conformidade), 3 = média (há normas para pelo menos metade do padrão internacional), 4 =

bom (há uma grande quantidade de normas e regulamentos sobre vários eventos durante o transporte e um bom grau de conformidade), 5 = muito bom. Os valores de limites inferiores e superiores para as granjas que serão baseadas na Tabela 1, descritas de acordo com as literaturas citadas.

Análise dos Dados O aplicativo foi desenvolvido para operar no sistema operacional Android a partir da versão Android 5.0 Lollipop – API 21. O desenvolvimento do aplicativo foi realizado através do ambiente de desenvolvimento integrado Android Studio 2.3.3 AI-162.4069837 (GOOGLE, 2018), por meio da linguagem de programação orientada a objetos Java. Na Figura 1 é apresentado o diagrama de interação entre o usuário e o aplicativo Manu, como demonstrado na Figura 2. O granjeiro entra com as respostas às perguntas desde a primeira semana até a semana do abate e terá a resposta final se houve problemas de boas práticas com seu lote.

Aplicação do app de Boas

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Ciência e inovação práticas de produção de frango de corte Nas granjas será aplicado através de entrevista o questionário do manual de Boas Práticas de Produção de Frango de Corte, com o roteiro que compreendem as respectivas classes: Alojamento e Conforto; Temperatura °C :Velocidade do ar (m/s); Bebedouro; Regulagem de vazão nipple; Regulagem de vazão bebedouro pendular; Comedouro; Tipo de bebedouro; Regulagem comedouro tipo prato ou Regulagem comedouro tubular; Umidade (%); Qualidade da cama; Qualidade da água; Programa de luz; Recolhimento de aves mortas aplicação da matriz de análise de risco para determinar tratar-se ou não de um ponto crítico de controle. Com o resultado dos testes no aplicativo serão aplicados na sequência das classes e as respostas serão assinalados quanto a se atendem (ruim, bom, moderado, bom, muito bom), Após, proceder-se-á uma análise em termos de risco, utilizando a metodologia utilizando a escala de Likert, da matriz de avaliação de riscos para determinar se o risco apontado/classificado precisa ser controlado usando uma medida específica, que pode ser geral ou periódica, dependendo da análise de sua ocorrência e severidade. Espera-se com este trabalho uma melhoria contínua na indústria de alimentos associada à investigação de perdas e suas causas mais importantes, resultando em mais ações corretivas, e como consequência reduzir custos e perdas no processo produtivo avícola. Assim, reduzir custos com insumos, tais como ração, medicamentos e material de limpeza e desinfecção nas instalações avícolas. Reduzir também o uso de água e volume de cama utilizada na criação, bem como o uso de energia elétrica.

Bibliográfica consultada BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES. Relatório Setorial. Avicultura. Rio de Janeiro: BNDES, 1995. Disponível em: http://www.

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Balancius Uma questão de detalhes ™

A produção avícola enfrenta crescentes desafios. São tantos fatores a serem considerados que muitas vezes é difícil conseguir um equilíbrio entre a solução dos desafios e a manutenção da lucratividade da produção. Juntas, a DSM e a Novozymes criaram Balancius™, o primeiro e exclusivo ingrediente alimentar para frangos de corte concebido para liberar o potencial oculto da funcionalidade gastrointestinal.

Através de seu modo de ação exclusivo, esta tecnologia patenteada ajuda a otimizar a absorção e digestibilidade nutricional, de modo que os frangos de corte obtenham o máximo de sua ração. Balancius™ também demonstrou uma melhora consistente do índice de conversão alimentar: de 4 a 6 pontos (3%), trazendo muitos benefícios por um investimento mínimo. Para descobrir a ciência por trás de Balancius™, visite DSM.com/Balancius

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Tecnologia

Como gerir dados em tempos de crise Até que ponto contabilizamos o consumo de energia elétrica nos nossos aviários? Autores: Angélica Santana Camargos e Leonardo Fonseca Faria, Agroceres Multimix

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istoricamente, o Brasil destaca-se por absorver de forma rápida as novas tecnologias voltadas para o aumento da produtividade, em se tratando de produção de alimentos, desde a Revolução Verde que ocorreu no país entre as décadas de 1960 e 1970, até o cenário atual. Dentre as atividades agropecuárias com maior reflexo da adoção de novas tecnologias, a avicultura brasileira é exemplo de competência e virtude, sendo motivo de orgulho pra todos nós.

A primeira pergunta que devemos nos fazer é: estamos mensurando o custo de energia elétrica dentro dos nossos aviários? E, se estamos, será que é da forma correta? 36

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Os números do setor são realmente expressivos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango atingiu seu maior valor desde a série histórica de 2011, mantendo o mesmo número de aves alojadas, ou seja, conseguimos produzir maior quantidade de carne sem aumentar a unidade de área. O aumento da produtividade se deve ao esforço mutuo de áreas como: genética, nutrição, sanidade e ambiência, dando origem à uma ave mais precoce e produtiva (Macari, 1998), com alta taxa de deposição de carne e que pode alcançar até 80 vezes o seu peso ao nascimento, em um ciclo produtivo por volta dos 42 dias. Apesar do contexto promissor, a avicultura vive dias de “regime”. A volatilidade cambial do dólar, a alta do preço dos combustíveis e o aumento do preço dos grãos está provocando uma forte crise, na qual os avicultores estão - em alguns casos - desistindo da atividade, o que é péssimo para o setor com maior PIB da economia. Os aviários implantados no Brasil apresentam forte influência da indústria de equipamentos existentes nos países de clima temperado (USA e países da Europa) e esse fato, associado à pouca observância nas fases de planejamento e concepção arquitetônica, sem os ajustes necessários ao bioclima local, produz instalações que geram desconforto térmico nas aves e

aumento da dependência energética. Segundo Pogi & Piedade Jr. (1991) o uso de energia elétrica em atividades ligadas à avicultura é imprescindível e torna-se cada vez mais necessária sua racionalização frente aos custos que vêm alcançando. A primeira pergunta que devemos nos fazer é: estamos mensurando o custo de energia elétrica dentro dos nossos aviários? E, se estamos, será que é da forma correta? Na literatura, encontramos poucos trabalhos embasados nesse tema, pois talvez, na maioria das vezes, o principal foco seja na resposta da ave à nutrição, que é um componente oneroso no fechamento dos custos de produção. Todo avicultor deve medir seus próprios consumos específicos e identificar os meios de otimizá-los, pois cada caso é único e altamente singular. O potencial para a melhoria de tais consumos específicos é, certamente, muito alto, levando-se em conta as grandes variações existentes entre granjas de diferentes tamanhos e de diferentes regiões. Vale lembrar que: não existe uma “receita de bolo” ou “fórmula milagrosa” para sanar os problemas na produção de frangos de corte. A proposta aqui apresentada é uma reflexão dos pontos mais abrangentes em termos de equipamentos utilizados normalmente nas criações. Sendo assim, iniciaremos nossa avaliação considerando que: nosso galpão de criação possui sistema de


climatização, ou seja, utilizamos equipamentos para fornecer o conforto térmico às aves. Estudos mostram que o sistema de resfriamento adiabático evaporativo por ventilação negativa em galpões Dark House está entre os sistemas de climatização com melhores índices de desempenho. Nesse sistema, a potência do sistema está abaixo do normatizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e apresenta melhor valor agregado (cerca de 35%) no que diz respeito ao consumo de energia elétrica específico por quilo de frango produzido (Bueno & Rossi, 2006). Porém, nesse tipo de instalação, ventiladores e lâmpadas consomem juntos cerca de 90% da energia ativa durante o período de inverno e cerca de 70% no verão, no entanto o tempo médio diário de funcionamento é maior no período de verão em um estudo feito por Turco et al. (2002). 1. Nosso foco aqui é exclusivamente reduzir os custos, por isso, vamos avaliar primeiro as fontes, nesse caso, qual o tipo de rede estamos utilizando para acionar os motores. Se a opção for os motores trifásicos, o produtor terá algumas vantagens, como: menor valor de aquisição (são mais baratos), menor tamanho, não exigem capacitores de partida e o mais importante, possuem menor consumo de energia (a transformação de energia elétrica em mecânica tem menos perda); 2. Visto a necessidade de racionalização da potência dos transformadores para se reduzir o custo global da eletrificação do galpão, utilize transformadores de pequena potência. Isso implica tanto na redução de custo de aquisição quanto na parcela dos custos relacionados às perdas elétricas. Empregar transformadores de pequena potência é uma alternativa viável, baseada em duas características importantes dos transformadores; 3. Sabemos também que um correto programa de luz garante a diminuição do canibalismo, gasto de energia das aves com movimentação, redução do custo com energia elétri-

ca e promoção do bem-estar nas aves. Segundo Bona (2010), a intensidade de luz deve ser de 20 lux nos primeiros dias de vida e entre 5,0 e 10,0 lux posteriormente. Entretanto, para a redução dos custos com esse componente, é recomendado o uso de lâmpadas LED. Suas vantagens e desvantagens são:

VANTAGENS

DESVANTAGENS

Economia de até 70% de energia elétrica

Baixa luminosidade (pelo menos alguns modelos iniciais)

Maior durabilidade (até 6x mais que a incandescente)

Custo elevado (até 4x mais que a fluorescente)

Praticamente não liberam calor

Alta emissão de radiação eletromagnética (aumentos dos casos de degeneração macular relacionada com a idade)

Resistência a impactos e vibrações

Multicores

Todo avicultor deve medir seus próprios consumos específicos e identificar os meios de otimizá-los, pois cada caso é único e altamente singular. O potencial para a melhoria de tais consumos específicos é, certamente, muito alto

Dependência de componentes importados

Fonte: COTTA (2002); OSRAM (2007); LUXEON (2008); ARAÚJO (2014) e SCRIBD (2014). 4. O uso de painéis elétricos é fundamental para que a programação escolhida pelo avicultor seja real no galpão. Para não cometer erros, contrate um profissional habilitado. Os painéis são cruciais para evitar, pelo menos, dois problemas graves: alto consumo e quedas de energia inesperadas; 5. Em um estudo com a caracterização da lucratividade da atividade avícola por meio de indicadores de desempenho ligadas às instalações elétricas, Migliorini (2013) observou que em uma unidade de pesquisa de frangos de corte, com dimensões de 16x125m, climatização e automação dos equipamentos elétricos, destina 25% do seu faturamento mensal para o pagamento da energia elétrica; e mais 6,25% com gastos de manutenção dos equipamentos elétricos. Dentre os custos com manutenção, grande parte se destina aos cabeamentos. A Revista do AviSite

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Tecnologia

Quem não faz a correta gestão dos dados, geralmente toma as decisões precipitadas e acaba por diminuir suas margens de lucro

Como na maioria das instalações no Brasil, os aviários possuem em média 10-15 anos e, com isso, as instalações precisam de manutenção; 6. Outra opção é fazer a instalação dos ventiladores/exaustores associada a termostatos, para evitar o funcionamento dos mesmos por um tempo maior que o necessário. Os termostatos devem ser de acordo com a curva, para que, com pequenas variações de temperatura - para mais ou para menos - o sistema possa acionar rapidamente, mantendo a curva de temperatura e conforto térmico para as aves. De acordo com

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Turco et al. (2002) os sistemas de ventilação (positiva/negativa) representam em torno de 35% do custo de energia durante um ciclo de criação, nesse caso, é recomendado fazer a instalação dos termostatos na região central do galpão, a aproximadamente 50 cm do piso para o melhor controle desses sistemas; 7. Para sintetizar cada bloco de consumo em uma granja um lote, podemos obter os seguintes valores de consumo de energia, que quais pontos devemos levar em conta quando vamos fazer um projeto para dimensionar: 8. Um aspecto estrutural que precisa de atenção é a cobertura dos nossos aviários. O uso de telhas de baixa reflexão e alta absorção (barro e fibrocimento) da radiação solar aumentam a temperatura interna da instalação e forçam os sistemas de climatização a trabalharem por mais tempo que o necessário, principalmente no período de verão e em zo-

nas mais próximas à linha do equador no Brasil; 9. Em termos de modificações primárias (baixo custo de implantação), podemos aplicar a implantação de arvores no entorno das instalações. É a técnica mais barata e que auxilia muito no conforto térmico de uma granja eficiênciente. Silva & Nääs (1996) avaliando o microclima de um aviário, durante os meses de janeiro e fevereiro, verificaram uma redução de até 6% na temperatura interna de um galpão quando este era arborizado em seu redor. Além disso, essa redução da temperatura interna também contribui para a economia de energia elétrica. São muitas as opções de espécies com potencial de uso, o que vai determinar a escolha são fatores como: custo, melhor tipo de solo, tipo de folha, época de perda de folhas, entre outros. Alguns exemplos de árvores são: 10. Por fim não podemos deixar de falar em gestão. Quem não faz a correta gestão dos dados, geralmente toma as decisões precipitadas e acaba por diminuir suas margens de lucro. Ações como: padronização dos processos operacionais; treinamentos direcionados e especializados; adoção de indicadores que permitem uma visão ampla e real do andamento dos processos; registros e tratamento das ocorrências; integração entre colaboradores e o sistema de gestão; garantia de qualidade de processo e de produto, são elementos chaves para determinar o sucesso ou insucesso da produção avícola.


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Informativo Técnico-Comercial

Nova tecnologia enzimática para rações de aves Enzima utiliza substrato já presente no trato intestinal, os Peptidoglicanos, presentes nas parede celular de bactérias mortas Autor: N.E. Ward, Ph.D., DSM Nutritional Products

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a avicultura, as enzimas sempre foram usadas em rações. As fitases melhoram a digestibilidade de Ca e P, enquanto as carboidrases elevam a utilização de energia e, as proteases atuam melhorando a digestibilidade de aminoácidos. O resultado final é a redução dos custos de ração. Uma enzima Inovadora – literalmente, a primeira deste tipo – tem uma abordagem diferente. Direcionada para a melhorar o desempenho das aves, esta enzima utiliza um substrato já presente no trato intestinal, os Peptidoglicanos, presentes nas parede celular de bactérias mortas.

Peptidoglicanos e Fragmentos de Parede Celular Os Peptidoglicanos (PGNs) ocorrem naturalmente na parede celular

das bactérias e são essenciais para a sobrevivência destes microrganismos. Os PGNs representam até 90% da composição da parede celular em bactérias G+ (Alcorlo et al., 2017), que representam 75% ou mais da população do microbioma no trato intestinal das aves (Bedbury e Duke, 1983) e suínos (Robinson et al., 1984). Além disso, à medida que os antibióticos são removidos das rações de aves, as populações bacterianas tendem a se tornar mais densas (Dibner e Richards, 2005; Collier et al., 2003). Estudos concluíram que quase 35% das bactérias em matéria fecal recém-produzida estão mortas (Ben-Amor et al., 2005; Apajalahti et al., 2003). Estas células mortas representam uma fonte abundante de fragmentos de parede celular ricos em PGN na luz intestinal (Figura 1).

Figura 1. Representação gráfica do intestino, contendo bactérias vivas, mortas e fragmentos de bactérias mortas

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As paredes celulares e seus fragmentos podem potencialmente impedir os processos normais de digestão e absorção, uma vez que interferem com as ligações enzima-substrato necessárias para a digestão de nutrientes. Além disso, também podem bloquear os sítios de absorção nas microvilosidades dos enterócitos, reduzindo a captação de nutrientes.

A Secreção Excessiva de Mucina tem um Alto Custo Os PGNs intestinais também atuam como potentes estimuladores da secreção de mucina, tornando o muco mais espesso (Petersson et al., 2011), como demonstra a Figura 2. A mucina é uma glicoproteína encontrada no muco, que confere uma proteção natural contra a penetração de patógenos e absorção de toxinas. Os antagonistas intestinais estimulam a síntese e a secreção de mucina em resposta a desafios (Smirmov et al., 2004). Embora síntese e secreção moderadas de mucina tenham efeitos benéficos, o excesso pode ter um alto custo em termos nutricionais. Um terço da proteína que compõe a mucina utiliza treonina, um aminoácido que é marginalmente deficiente em dietas à base de milho / farelo de soja. Assim, síntese e secreção excessivas de mucina estimuladas por antagonistas como PGNs podem desviar nutrientes e energia, que deixam de ser utilizados pelo animal, piorando seu desempenho.


Tabela 1. Efeito da Enzima Muramidase sobre o Peso Corporal e Conversão Alimentar (CA) de Frangos de Corte de 42 Dias de Idade

Leaky Gut – Intestino Permeável Uma das principais condições que prejudica o desempenho animal é a síndrome do ‘leaky gut’ (síndrome do intestino permeável) (Applegate, 2017). As tight junctions vedam o espaço paracelular entre células epiteliais adjacentes e regulam a permeabilidade da barreira intestinal, restringindo a difusão de microrganismos e antígenos. Os PGNs podem potencialmente comprometer a integridade destas junções oclusivas (Mani et al., 2012). Maior permeabilidade intestinal pode permitir que proteínas e outros nutrientes fluam do organismo para a luz intestinal e, por outro lado, permitir que grandes moléculas, como toxinas, entrem na circulação sanguínea (Suzuki, 2013), causando problemas que afetam o desempenho e a eficiência alimentar.

Enzima Muramidase Desenvolvemos recentemente uma enzima muramidase, que atua sobre os PGNs das paredes celulares e em fragmentos de bactérias mortas. Esta enzima (muramidase 007) foi selecionada entre centenas de outras muramidases de ocorrência natural e selecionada uma enzima que não apresentasse atividade antimicrobiana, pois o foco eram as células já mortas (Cohn et al., 2018).

Resultados das Pesquisas Estudos concluíram que esta enzima não tem efeito sobre os organismos aeróbios e anaeróbios presentes nos cecos (Lichtenberg et al., 2017; Sais et al., 2018). Além disso, as populações de lactobacilos foram elevadas nos ensaios realizados. No processo de degradação de PGNs, é possível que alguns dos nutrientes produ-

Figura 2. Aumento da Espessura do Muco através de Administração Luminal de Lipopolissacarídeo (LPS) e Peptideoglicano (PGN) a Camundongos Germ-free (adaptado de Peterrson et al., 2010)

zidos tenham efeito de estimulação do crescimento de lactobacilos. Houve aumento da digestibilidade ileal de proteína e energia em frangos de corte suplementados com esta enzima (Sais et al., 2018). Em outro estudo, a elevação dos níveis sanguíneos de carotenoides com esta muramidase sugere maior absorção de nutrientes resultante da melhor digestibilidade da dieta (Bittencourt et al., 2018). O fato de que o comprimento dos vilos e a profundidade das criptas do jejuno se mantiveram inalterados é consistente com o modo proposto de ação desta enzima (Sais et al., 2018). Diversos ensaios conduzidos em frangos de corte demonstram que esta muramidase 007 resulta em maior ganho de peso e melhora da conversão alimentar (CA) (Lichtenberg et al., 2017; Sais et al., 2018; Bittencourt et al., 2018; Yegani et al., 2018; Ward e Levy, 2018). Em um estudo conduzido no estado da Georgia, EUA, o peso aos 42 dias e a CA de frangos de corte apresentaram melhora de 5,1 e 2,5%, respectivamente, resultante da adição desta enzima muramidase 007 à dieta à base de milho / farelo de soja (Tabela 1). Benefícios semelhantes foram observados recentemente em um estudo conduzido na N.C. State University (Ward e Levy, 2018).

Conclusões Nova tecnologia identifica uma muramidase inédita que melhora a digestibilidade e a absorção dos nutrientes da dieta. Estes resultados resultam em maior peso corporal e melhora da CA. O modo de ação envolve principalmente a degradação de PGNs existentes nas paredes celulares de bactérias intestinais mortas. A Revista do AviSite

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Mercado Halal

Cdial Halal destaca a importância da missão da Autoridade Saudita para Alimentos e Drogas no Brasil A Saudi Food and Drug Authority comprovou em uma missão técnica no Brasil a capacidade produtiva do país para atender ao crescente mercado halal Saifi: O mercado da Árabia Saudita é muito importante para os frigoríficos brasileiros e é o principal destino das exportações de frango brasileiras. “Nosso foco é continuar com esta parceria bilateral. O sucesso desta missão irá influenciar e muito a retomada do crescimento da exportação de carne de frango halal”. Em 2017, foram exportadas 591 mil toneladas de frango brasileiro para o país, o que somou mais de US$ 1 bilhão

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Saudi Food and Drug Authority - Autoridade Saudita para Alimentos e Drogas – esteve em novembro em uma missão técnica no Brasil para verificar as garantias sanitárias às exportações e as caraterísticas do abate halal, rito religioso que tem exigência complementar de acordo com as normas halal. “A visita foi de extrema importância para que avancemos com o nosso trabalho. O objetivo deles é aprovar ou reprovar todos os processos da cadeia produtiva avícola, desde de as fabricantes de ração até as plantas frigoríficas. Mas tenho boas expectativas, principalmente, porque muitas empresas se adequaram às novas regras de abate halal e estão capacitadas para continuar atendendo a Arábia Saudita”, ressalta o diretor executivo da Cdial Halal, Ali Saifi. Para Saifi, o mercado da Árabia Saudita é muito importante para os frigoríficos brasileiros e é o principal destino das exportações de frango brasileiras. “Nosso foco é continuar com esta parceria bilateral. O sucesso desta missão irá influenciar e muito a retomada do crescimento da exportação de carne de frango halal”. Em 2017, foram exportadas 591 mil toneladas de frango brasileiro para o país, o que somou mais de US$ 1 bilhão. “Porém este ano as exportações devem recuar entre 2% e 3% no ano, chegando a 4,25 milhões de toneladas. Esta redução provém de alguns fatores: carne fraca; suspensão de plantas brasileiras exportadoras de carne de frango pela União Europeia; a constituição de novos critérios para o abate halal e a greve


O mercado halal deverá crescer a uma taxa CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 16,2% no período entre 2016 e 2024. “O Brasil é referência mundial e atualmente exporta para 57 países islâmicos, sendo 22 países árabes

dos caminhoneiros, ocorrida em maio. Foi um ano muito atípico para o setor. Mas estamos confiantes no potencial do mercado brasileiro e sei o quanto os sauditas respeitam e acreditam em nossos produtores”, comenta. Segundo Saifi, em entrevista exclusiva à Revista do AviSite, desde a operação carne fraca, a missão da Arábia Saudita tem visitado o pais com o objetivo de verificar se as empresas estão cumprindo com as regras de abate halal. Nesta visita atual, eles vieram conhecer todos os processos da cadeia produtiva de proteína, desde os fabricantes de ração até as plantas frigoríficas, etc. “Estas visitas nos dão a oportunidade de mostrar nossa capacitação de atender às exigências do mercado da Arábia Saudita e continuar sendo o principal parceiro comercial”, destacou. Saifi explica que a busca por produtos halal tem aumentado a cada ano no mundo. De acordo com um recente relatório de pesquisa de mercado - publicado pela Transparency Market Resear-

ch – o mercado halal deverá crescer a uma taxa CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 16,2% no período entre 2016 e 2024. “O Brasil é referência mundial e atualmente exporta para 57 países islâmicos, sendo 22 países árabes. Estima-se que a economia Halal global atinja a marca de US$ 6,4 trilhões, este ano, acima dos US$ 3,2 trilhões contabilizados em 2012, conforme dados levantados pelo ESMA – Autoridade de Padrões e Metrologia dos Emirados Árabes”, explicou. Hoje a exportação de proteína animal brasileira depende do mercado islâmico, ou seja, 50% de exportação de carne do Brasil é via halal. São 60 países muçulmanos no mundo. Atualmente, há em torno de 1,8 bilhão de islâmicos, ou seja, praticamente ¼ da população. O Brasil é considerado o maior produtor e exportador mundial de carne bovina segundo maior de frangos e líder nas vendas de carne Halal, especialmente, comercializada para muçulmanos.

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Análise

Frango nas cadeias produtivas globais - Retrospectiva 2018 e Expectativas 2019 O comércio da carne de aves, este deve aumentar 1,9% (250 mil toneladas adicionais) em 2018 e alcançar 13,3 milhões de toneladas Ariovaldo Zani, Vice-Presidente Executivo do Sindirações

“É possível apostar em avanço da ordem de 4% para a indústria de alimentação animal em 2019, já que seu desempenho é modulado pelo setor produtor/exportador de proteína animal”.

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s previsões extraídas do relatório da OCDE/FAO (Agricultural Outlook 2017/2027) sustentam que o Brasil vai superar 23% das exportações globais de carnes (bovina, suína e aves) até 2027, algo em torno de 8,7 milhões do montante geral de quase 37 milhões de toneladas. A vigorosa participação nacional, prevê avanço da ordem de 49%, 5% e 26%, nas remessas de carne bovina (1,8 milhão tons/2017 e 2,7 milhões tons/2027), suína (688 mil tons/2017 e 720 mil tons/2027) e de aves (4,2 milhões tons/2017 e 5,3 milhões tons/2027), marcas ainda superiores, quando comparadas à esperada taxa de exportação global de 16% (11 milhões tons/2017 e 12,8 milhões tons/2027), 4% (8,3 milhões tons/2017 e 8,6 milhões tons/2027) e 25% (12,7 milhões tons/2017 e 15,8 milhões tons/2027), respectivamente. Outrossim, o estudo da FAO (Biannual Report on Global Food Markets/June 2018) registra que as transações glo-

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bais devem recuperar-se em certa medida, alcançar 33 milhões de toneladas e crescer 1,8% em 2018 (maior avanço desde 2013), constituindo razoável recuperação, quando comparadas ao apura-

do no ano passado que contabilizou trocas de 32 milhões de toneladas. O montante está alinhado à produção mundial das carnes (bovina, suína, aves, outras) esperada, que deve avançar 1,7% nesse ano corrente. A saber, a quantidade adicional somada resultará aproximadamente 336 milhões de toneladas, suprimento sustentado principalmente pelos Estados Unidos, China, Brasil, União Europeia, Rússia, Índia, México e Turquia, ao contrário da mínima contribuição dos países africanos e Oceania. Retomando ao comércio da carne de aves, este deve aumentar 1,9% (250 mil toneladas adicionais) em 2018 e alcançar 13,3 milhões de toneladas, hipoteticamente favorecendo os embarques dos Estados Unidos, Tailândia e Ucrânia para a China, Japão, União Europeia e


Angola, ao contrário do retrocesso nas importações da Arábia Saudita e da Rússia. Apesar de continuar como principal exportador global, o Brasil deve expedir menos frango por causa das dificuldades de acesso aos tradicionais destinos (embargo da União Europeia por questões sanitárias, discussão com a Arábia Saudita por causa do padrão Halal de abate, e até com a China, tradicional parceiro comercial do agronegócio). Em complemento e considerando a generosa disponibilidade e baixo custo dos insumos da alimentação animal, dinamizada pelo vigoroso consumo doméstico em diversos países, a produção global de carnes deve avançar 1,6% e somar 122,5 milhões de toneladas. Abordando agora a cadeia produtiva brasileira, ainda no final de 2017 a expectativa era que em 2018 a indústria de alimentação animal avançaria no mínimo 3%, considerando as perspectivas formuladas na ocasião pelos produtores e exportadores de proteínas de origem animal. No entanto, o revés passou a se manifestar ainda nos primeiros meses, por conta do incremento no custo da alimentação pressionada pelos preços em alta dos grãos e por outros insumos importados e indexados ao câmbio, influenciado externamente pelo crescente conflito comercial global e aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, e internamente por causa do grave buraco das contas públicas e da volatilidade, fruto das incertezas políticas provocadas pelas eleições. Quase que concomitantemente, a cadeia produtiva foi surpreendida pela interrupção dos embarques de frango ao continente europeu que se somou ao embargo russo, deflagrado ainda no final do ano passado, contra a carne suína brasileira. Em seguida, no final de maio de 2018, o Brasil provavelmente presenciou o maior protesto da breve história do século XXI: a “Greve dos Caminhoneiros”. Dentre as estapafúrdias negociações do Governo Federal (subsídio ao preço do diesel, obrigatoriedade da CONAB na contratação de autônomos, liberação do eixo suspenso em rodovias estaduais e municipais concessionadas) para restabelecimento do consagrado direito de ir e vir (principalmente alimentos, medicamentos e combustíveis), a imposição do

tabelamento do frete revelou a arbitrária intervenção estatal no capitalismo de mercado. Além da insegurança jurídica e violação do princípio da livre iniciativa (Artigo 170 da Constituição Federal), desde o final de maio, a interferência ditada pela Resolução da Agência Nacional de Transporte Rodoviário/ANTT impôs insuportável ônus à cadeia agropecuária. Essa compulsória parametrização majorou o frete (de 50% até 400%, dependendo do insumo transportado) e continua “ingenuamente” combinando custos variáveis (jornada do motorista, manutenção do veículo, combustível, lubrificantes, aditivo redutor de poluição, graxas, lavagem) e custos fixos (mão de obra do motorista, depreciação, reposição e tributos sobre o veículo), ao invés de reconhecer a influência natural da sazonalidade e da livre negociações entre os tomadores e fornecedores dos serviços de frete. A influência dos fatores supramencionados, durante o primeiro semestre, promoveu a modulação do desempenho da cadeia produtiva que resultou na contabilização de 32,6 milhões de toneladas, marca que significa um retrocesso de 1,4% em relação à quantidade produzida de janeiro a junho de 2017. Aplicando razoável dose de otimismo a previsão é garantir estabilidade e produzir algo em torno de 69 milhões de toneladas de rações até de-

zembro. No caso da avicultura de corte, é provável que a demanda por rações alcance 31,7 milhões de toneladas, um retrocesso da ordem de 2%, quando comparado ao montante de 32,3 milhões de toneladas produzidas em 2017. Já no caso da avicultura de postura, a estimativa é que a produção de rações tenha alcançado 6,5 milhões de toneladas, um avanço da ordem de 5%, quando comparado ao montante de 6,2 milhões de toneladas produzidas em 2017. Finalmente, levando em conta o histórico apurado nos últimos anos e confiando na retomada econômica é possível apostar em avanço da ordem de 4% para a indústria de alimentação animal em 2019, já que seu desempenho é modulado pelo setor produtor/ exportador de proteína animal. Ademais, caso as reformas Previdenciária e Tributária sejam realizadas ainda no primeiro semestre, é possível apostar na melhora substancial da economia doméstica, geração de mais empregos e renda que será revertida no consumo de gêneros de primeira necessidade (alimentação, principalmente). Por outro lado, o recrudescimento global da guerra comercial trará efeitos imprevisíveis ao agronegócio brasileiro, já que poderá tanto revelar novos mercados consumidores, ou mesmo dificultar as remessas por conta das barreiras tarifárias. A Revista do AviSite

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Manejo de macho reprodutor pesado Acompanhe algumas recomendações gerais para melhorar o desempenho reprodutivo e a eficiência no processo de crescimento e reprodução dentro de um lote de reprodutores Autor: José R. Quintero Serres, médico veterinário, Gerente Internacional de Vendas da Cobb-Vantress jose.quintero@cobb-vantress.com

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mbora o número de machos em uma operação avícola seja relativamente pequeno, eles representarão 50% da contribuição genética de um lote de reprodutores e deles depende 50% do comportamento reprodutivo do lote. Nas últimas décadas, o manejo de macho reprodutor pesado mudou, juntamente com a melhora da sua eficiência genética na transmissão de ganho de peso, conversão alimentar e eficiência produtiva para sua progênie. A seguir, apresentarei algumas recomendações gerais para melhorar o desempenho reprodutivo e a eficiência no processo de crescimento e reprodução dentro de um lote de reprodutores. A produção de machos melhores pode ser facilmente alcançada seguindo os princípios básicos de criação – juntamente com um pouco de bom senso: Estes incluem: 1. Seleção: Verifique qual tipo de macho selecionado será usado e que ele atenda as exigências de mercado. 2. Atenção: Os machos requerem atenção extra durante a fase de cria porque, geneticamente, são muito menores, mais leves e mais sensíveis as condições ambientais que as matrizes. 3. Estrutura esquelética: a estrutura esquelética do macho é um dos pontos

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mais importantes a ser considerado para as características fenotípicas. 4. Quantidade de ração: A fertilidade dos machos não é afetada pelo ganho de peso, entretanto quando restringimos a quantidade de ração para seguir tabelas e padrões, podemos ter problemas com a produção de sêmen. 5. Impacto na progênie (frangos de corte): O impacto na progênie será refletido na seleção genética a nível de reprodutores.

Cria (0-4 semanas) Os machos têm crescimento rápido e padrões de eficiência alimentar iguais aos apresentados pelos frangos de corte jovens. Como estes, os machos devem desenvolver-se conforme a curva de crescimento, permitindo que a ave atinja o pico de desempenho ao longo de sua vida. Um crescimento sólido e consistente deve ser alcançado nos primeiros 28 dias de vida do pintinho macho. Para tal, os machos devem ser criados separadamente das fêmeas, receber a quantidade de ração apropriada sugerida pela casa genética além de ótimas condições de alojamento (temperatura, espaço, comedouros e bebedouros), ter o peso monitorado consistentemente e o comportamento avaliado.

Enquanto pesquisas de campo sugerem que o peso corporal alvo do macho é um número relativo, especialistas concordam que a uniformidade é predominante. A uniformidade deve ser alcançada no início de vida da ave – antes de completar 06 semanas de idade. Após esta, geralmente, é impossível recuperar um esqueleto sub ou superdesenvolvido através da alimentação. Um desenvolvimento correto do esqueleto é muito mais importante que o peso corporal da ave. Na verdade, machos de crescimento rápido devem desenvolver tanto um esqueleto grande quanto pernas longas para a formação do bimorfismo sexual macho-fêmea, que é efetivo no acasalamento. Durante a fase de cria, a ração deve ser distribuída de forma uniforme e consistente. Para tal, coloque as aves de um lote em condições similares, o que elimina a competição. A seguir, selecione aqueles com melhor capacidade genética para ganhar peso e, com efeito, desenvolver um sistema imune e cardiovascular forte. (Esta capacidade é altamente hereditária para a progênie). O tamanho que o macho alcançará na fase de produção é definido, em grande proporção, nesta fase – um fator que é crítico para o desempenho


reprodutivo. Ao final desta fase, os machos devem pesar, pelo menos, 80% a mais que as respectivas fêmeas. Outro fator importante na fase de cria é a debicagem dos machos. Esta prática de manejo é fundamental e deve ser realizada entre cinco e sete dias de idade. Quando disponível, a debicagem a laser deve ser a técnica utilizada, uma vez que é a menos traumática para as aves. Tome cuidado com a altura do corte (não mais que 1/3 do bico da ave), uma vez que o bico é usado durante o acasalamento e ainda, certifique-se que o trabalho seja feito por uma pessoa qualificada. Além disso, assegure que todos os machos tenham o peso corporal adequado e uniforme antes da debicagem, dado que as aves mais leves têm bicos menores e são debicadas mais severamente que aquelas mais pesadas. Com quatro semanas de idade, devemos conduzir uma seleção de machos que descarte aqueles que apresentem deficiência de peso, deficiências

físicas (como problemas de tarsos, dedos, bico, dorso ou plumagem) e comportamento inadequado. Retirar as aves não-qualificadas como machos reprodutores permite realizar seleções genotípicas através do fenótipo e ajuda a garantir o comportamento da progênie. Isto também garante que os machos remanescentes tenham espaços adequados de piso e de comedouro. Busque manter aproximadamente 12% de machos em relação ao número total de fêmeas. Ao final da quarta semana, forneça pelo menos 3.200Kcal de energia e 210g de proteína bruta aos machos de crescimento rápido, antes deles entrarem na fase de recria.

Recria (4-13 semanas) Nesta fase de crescimento corporal controlado é essencial aumentar a quantidade de ração com muito tato para alcançar os ganhos de peso exigidos. Se o ganho de peso semanal não for alcançado gradualmente, a maturi-

Outro fator importante na fase de cria é a debicagem dos machos. Esta prática de manejo é fundamental e deve ser realizada entre cinco e sete dias de idade A Revista do AviSite

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Enquanto pesquisas de campo sugerem que o peso corporal alvo do macho é um número relativo, especialistas concordam que a uniformidade é predominante 48 A Revista do AviSite

dade sexual será, consequentemente, afetada. É crítico manter um bom registro de peso corporal e utilizá-lo como um guia para os futuros aumentos de quantidade de ração. Da semana quatro a seis, as aves passam por várias mudanças, incluindo o desenvolvimento de muitos músculos, ligamentos e tendões das pernas. O próximo período de desenvolvimento iniciará na semana 13, o qual é tipicamente associado com o crescimento testicular. Qualquer deficiência nutricional durante estes dois períodos poderá causar problemas a nível locomotor e impactará negativamente o futuro reprodutivo das aves. Antes das 13 semanas, medidas corretivas podem ser adotadas para ajustar as metas de peso dos machos. Porém, depois deste período, qualquer mudança nos ganhos de peso deve ser evitada. Se o lote estiver acima da meta estimada de peso devemos traçar uma linha paralela de crescimento padrão e não tentar baixar o peso da ave.

Densidade do galpão e dos equipamentos: Naturalmente, os machos são mais agressivos que as fêmeas, especialmente quando estão no mesmo galpão. O espaço/ave abaixo da exigência mínima aumenta a competição, limita os recursos, prejudica o comportamento social e estimula a agressividade. Em alguns casos, a agressividade dos machos pode levar a mortalidade – de 1 a 5%. Dentre as várias linhagens de machos reprodutores disponíveis no mercado, algumas são mais agressivas que outras. Uma das melhores maneiras de manter a ordem social é ter

um galpão bem equipado. Os machos nunca devem ter que andar mais de 3 metros para encontrar ração ou água. O espaço de piso e dos equipamentos, a densidade de luz e o movimento do ar devem ser aumentados à medida que as aves crescem. Os requisitos mínimos podem ser obtidos dos fabricantes de equipamentos ou dos manuais das empresas de genética. As densidades específicas podem mudar, dependendo do projeto do galpão, do clima e linhagem genética do macho.

Equipamentos e Espaço Necessário para machos Comprometer qualquer dos padrões anteriores, possivelmente, aumentará a competitividade entre os machos pelos recursos disponíveis, e, como consequência, perturbará a ordem social, aumentará a desuniformidade do lote e promoverá a agressividade dos machos.

Programa de Luz Cria Os machos devem receber um controle de luz muito parecido com o das fêmeas, uma vez que a intensidade e a uniformidade da iluminação são essenciais para produzir um lote sexualmente uniforme. Oito horas de penumbra (2-4 lux) e 16 horas de escuro durante 19 semanas são ideais para a sincronização sexual. Cada linhagem genética de machos pode ter uma recomendação específica para a duração do tempo de fotoestimulação. Para isso, devemos estar presentes no galpão para determinar o tempo ideal de início de fotoestimulação e o percentual de acasalamento com as fêmeas. Um outro fator


durante este período é a ventilação, pois este pode ser um fator relevante no desenvolvimento corporal e testicular dos machos.

Seleção Ao final da fase de recria, uma nova seleção fenotípica de machos deve ser realizada antes da transferência destes para os galpões de produção. Esta seleção deve incluir machos com pés robustos e paralelos entre si, sem dedos torcidos, quilha desviada e/ou dividida, defeitos esqueléticos, lesões nas almofadas plantares e bicos defeituosos. Após esta seleção, a proporção entre machos e fêmeas deve ser de aproximadamente 10,5%.

Acasalamento O principal objetivo do manejo do acasalamento é atingir a maior sincronização no desenvolvimento sexual

entre machos e fêmeas, minimizando o grau de atraso ou adiantamento que possa existir entre ambos os sexos. O acasalamento ocorre, geralmente, entre 21 e 22 semanas de idade. Durante esta fase, podem ocorrer duas situações: 1. Macho claramente adiantados em seu desenvolvimento sexual. Neste caso, as poucas fêmeas que se encontram maduras e receptivas para o acasalamento podem ser assediadas pelos machos até um ponto que pode lhes levar à morte. Um sinal claro desta atividade é grupos de machos seguindo uma fêmea e/ou alta mortalidade de fêmeas com dorso lesionado – uma ocorrência ainda mais grave em granjas com slats. A fertilidade é fortemente afetada neste caso. Esta situação pode ser resolvida através da prevenção e acasalamento com baixo percentual de machos (6%), incorpo-

rando mais machos gradualmente, até alcançar o número desejado de machos (9,5-9,75%) à medida que as fêmeas amadureçam sexualmente. 2. Maturidade sexual dos machos atrasada: Neste caso não há razão para monitorar a mortalidade de fêmeas. Porém, se percebemos que a fertilidade do lote está progredindo lentamente, alcançar os picos ideais de fertilidade e de nascimento será um desafio. Isso pode ser prevenido ao incorporar machos sexualmente ativos com peso ideal e aqueles que apresentam de pés, cristas e barbelas vermelho vivo. Alcançar a sincronização entre machos e fêmeas depende do manejo de ração e de peso, assim como do manejo de luminosidade. Para o acasalamento, a relação macho:fêmea não deve ultrapassar 11%. Para algumas linhagens, 9,5% é o recomendado.

Produção Equipamento de alimentação para machos O êxito no arraçoamento separado por sexo (SSF) na fase de produção depende do manejo adequado dos equipamentos de alimentação e da distribuição uniforme de ração. Os quatro sistemas de arraçoamento comumente utilizados para machos são: comedouro automático com prato, comedouro tubular, comedouro de calha e baias para machos. Independentemente do sistema adotado, garanta o espaço mínimo de comedouro de 18 cm e a distribuição uniforme da ração. Na fase de produção, o controle do peso dos machos é essencial para atingir o comportamento produtivo. Os machos devem ganhar peso de forma consistente (um macho deve ganhar de 25 a 30 gramas por semana). Para isso, aumente o fornecimento de ração cada duas a três semanas, variando de 1 a 3 g/ave/dia. A frequência e a quantidade será definida pelo monitoramento do peso. O consumo de ração do macho ao final desta fase varia amplamente, de 130 a 145 g/ave/dia. Nota: Machos com sobrepeso podem apresentar deficiências de fertilidade, problemas de pés, dentre outros. Porém, os machos que perdem peso – A Revista do AviSite

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Os machos têm crescimento rápido e padrões de eficiência alimentar iguais aos apresentados pelos frangos de corte jovens. Como estes, os machos devem desenvolver-se conforme a curva de crescimento, permitindo que a ave atinja o pico de desempenho ao longo de sua vida

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tanto por um processo alimentar deficiente quanto por baixo consumo de ração – apresentarão fertilidade menor devido aos danos radicais ao tecido testicular.

Monitoramento das Condições do Macho: A dispersão dos machos no lote faz com que o uso de boas práticas de manejo sejam mais difíceis para eles do que para as fêmeas. Por isso, é essencial implementar e manter a rotina para identificar possíveis mudanças na condição corporal do macho. As principais características a serem monitoradas são: 1. Atividade: É essencial observar o lote várias vezes ao dia para supervisionar a atividade de acasalamento, o consumo de ração, o acesso a área de descanso e a distribuição das aves – tanto durante o dia quanto imediatamente após apagar as luzes. 2. Condições físicas: A cor da cabeça, crista e barbelas pode indicar a presença de uma condição física. O tônus muscular, o grau de deposição de massa muscular no peito (fleshing) e a proeminência da quilha também devem ser bem analisados para determinar a deterioração da condição do macho. Atenção especial deve ser dada a pernas, articulações e pés. 3. Empenamento: É importante observar as condições de empenamento e procurar por perda parcial de penas e queda na região do pescoço. 4. Tempo de consumo de ração: É necessário observar e registrar o comportamento individual e em grupo de machos, assim como o tempo gasto no consumo de ração em diferentes áreas do galpão. Se necessário, é possível alterar a textura da ração para aumentar o tempo de consumo e permitir que todas as aves consumam a quantidade suficiente. Neste aspecto (consumo e ganho de peso) é necessário agir com prontidão ante qualquer novidade, pois os machos ativos gastam suas reservas corporais rapidamente, causando perda de fertilidade. 5. Cloaca: A intensidade da cor vermelha da cloaca auxilia no manejo da atividade dos machos dentro do

lote. Os machos que trabalham em nível ideal apresentam cor rosa na cloaca, com escassa plumagem ao redor. Os machos com problemas de acasalamento apresentam essa área com excesso de plumagem, de cor branca e aparência seca. 6. Peso: É importante registrar e reavaliar o peso médio corporal e a uniformidade para determinar se o aumento semanal é aceitável. Compare estes com os dados das semanas anteriores para determinar se o fornecimento de ração deve ser aumentado ou não.

Spiking É a adição de machos jovens a um lote de matrizes mais velhas (40-45 semanas de idade) para compensar quedas de fertilidade. Como regra geral, um número de machos é adicionado para compensar a perda por mortalidade e restabelecer o percentual inicial de machos. Geralmente, os machos jovens têm 25 a 28 semanas de vida.

As duas razões para spiking são • Necessidade. Lotes que onde a fertilidade atribuível ao macho segue a menos que 90%; • Rotina de manejo: Alguns produtores a utilizam como uma medida preventiva, independente dos níveis de fertilidade.

Desvantagens da prática de Spiking 1. Riscos de biosseguridade envolvidos na transferência de aves de lotes mais velhos para lotes mais jovens. 2. É necessário ter galpões especiais disponíveis para a criação de machos, gerando um custo adicional. 3. Promove a agressividade (machos jovens são alojados em seus próprios lotes até 25 semanas de idade, o que pode levar ao aumento da agressão) 4. Forçar machos mais jovens, que não alcançaram tamanho e peso adequados, a competir com os mais velhos, pode afetar negativamente a fertilidade dos primeiros.


Opinião

Um novo cenário de configuração O setor avícola se posiciona diante de uma nova perspectiva Autor: Reginaldo Ferreira Rocha, consultor Empresarial em Agronegócio pela Ecco2 Gestão de Negócios Ltda - Escritório especializado em Regularização Ambiental - com MBA´s em Gestão Executiva de Negócio, Marketing Estratégico e Estatística Empresarial, palestrante sobre o tema Regularização Ambiental, com atendimento em São Paulo-SP, Manaus-AM e Uberlândia-MG.

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s tendências de mercado estão delineando mudanças substanciais em todo o cenário de expectativas para este próximo ano em diversos setores da economia do país, o que no Agronegócio positivo e almeja novas posições no mercado mundial. As exportações de carne de frango mantiveram-se em alta no mês de Outubro, totalizando em 366,3 mil toneladas, volume que supera em 0,4% as exportações realizadas no mesmo mês do ano de 2017, com 364,3 mil toneladas. No entanto, em receita, as vendas do período alcançaram US$ 578,5 milhões, número 8,3% menor que o resultado obtido em outubro de 2017, com US$ 631,2 milhões. Vale considerar que no acumulado do ano, o setor exportou 3,425 milhões de toneladas, volume 6,7% menor que as 3,673 milhões de toneladas embarcadas entre janeiro e outubro de 2017. Em receita, a retração é de 11,2%, com US$ 5,4 bilhões de toneladas nos 10 primeiros meses deste ano, contra US$ 6,1 bilhões registrados no mesmo período do ano passado. “A média das exportações registradas ao longo deste segundo semestre, de 397 mil toneladas mensais, superam em mais de 8% do desempenho alcançado no ano passado. As perspectivas são de melhoras pois após o período eleitoral, as expectativas, ânimos e cenário posiciona-se como otimista não só para este final de ano mas também como para o início de 2019 com uma nova con-

figuração governamental do país, um novo presidente, novos ministros, novos propósitos econômicos – o que dentre outros aspectos – não deixa de gerar um pequeno desconforto em razão do desconhecido. Aguarda-se por uma paginação econômica gradual de favoreça um crescimento sem que hajam muitas perdas... Na cadeia da avicultura, é sabido que o plantio de grãos para fabricação de ração e insumos é vital e sofre com esse vai e vêm do mercado internacional no que tange à oscilação do Dólar frente ao Real – o plantio ocorreu com o dólar na ordem de R$4,10, com previsão de mercados futuros, digamos, incertos para com o volume negociado, mas a safra ocorre em um momento que estará em meio a mudanças e a queda do valor do dólar pode afetar as expectativas de receita dos componentes do Agro que plantaram. Ademais, considerando que possa haver uma manobra gradual da economia que venha a equilibrar perdas e ganhos e em se confirmando estas tendências, é possível enxergar um cenário de desenvolvimento iminente para todos os segmentos do Agro. Em consequência da dependência das exportações, é válido considerar que a avicultura nacional deve continuar a cumprir fortemente todas as exigências sanitárias dos mercados externos, o que podemos exemplificar como o mercado Chinês que pode absorver boa parte da demanda dos excedentes de carne de frango do Brasil, entretanto, aplicou

medidas antidumping à carne de frango brasileira. – de maneira a tangibilizar melhor este mercado internacional de aves em 2018, 18 plantas que exportavam carne de frango para a UE (União Européia) foram suspensas, que dentre as razões estão novos critérios Halal que foram instituídos por países Árabes, a China Internamente com suas alterações de gestão de mercado, a paralisação dos caminhoneiros que causou prejuízos ao setor. Todos os revezes enfrentados pelo setor em 2018 devem refletir em um aumento de cerca de 15% nos preços das carnes e outros produtos de aves e suínos para o consumidor final. Mas como todo cenário possui dois lados a serem contemplados e que se fundem no aprendizado, no último fechamento com base no mês de julho, o Brasil alcançou o maior fluxo mensal de embarques de carne de frango da história do setor e os bons resultados devem se projetam para os novos períodos vindouros. Enquanto em julho foram exportadas 463,1 mil toneladas de carne de frango (20,6% superior ao mesmo período de 2017), o volume estimado mensal está previsto para serem exportadas um volume superior a 400 mil toneladas. Acredita-se que o Brasil deverá manter a média mensal de exportações próxima às médias de 2016 e 2017, que acumula atualmente perdas da ordem de 6% em comparação a 2017, mas com expectativa do setor é chegar a um índice de 2% até este final do ano. A Revista do AviSite

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a revolução das vacinas recombinantes Innovax ND-IBD® chega ao mercado brasileiro para iniciar um novo e disruptivo ciclo na avicultura local Autores: Thiago Moreira Tejkowski – Gerente Técnico Avicultura – MSD SAÚDE ANIMAL e André Gomes – Gerente de Marketing – MSD SAÚDE ANIMAL

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nnovax ND-IBD® chega ao Brasil como a nova geração das vacinas recombinantes. O ano ainda não acabou para a MSD Saúde animal, a mesma continua inovando em 2018, após trazer Exzolt® (Fluralaner), para o tratamento de infestações por ácaros das aves, agora chega com mais inovação. Innovax ND IBD é a primeira vacina com tripla ação para atuar na proteção contra a Doença de Marek, a Doença de Gumboro (IBD) e a Doença de Newcastle (ND) em uma só aplicação.. Após 14 anos de estudos, ideias lógicas e suposições, aprendizado massivo, a MSD vagarosamente descobriu qual o sítio de inserção, qual o promotor, o quanto expressa, quais os genes, qual a ordem dos genes e se colocaríamos em um ou dois lugares. Chegamos a uma expressão forte das proteínas, uma excelente viremia, alta capacidade de replicação e estabilidade dos genes inseridos in vitro e in vivo. Innovax ND-IBD® foi projetada para o controle eficaz, permitindo assim a máxima expressão do desempenho zootécnico das aves. É a primeira vacina HVT (Herpesvirus of Turkeys) de construção dupla a fornecer proteção duradoura contra as três principais doenças que ameaçam a integração avícola brasileira.

Este desenvolvimento permitiu que a proteção contra ambas, IBD e ND, agora seja possível em uma única dose, fornecendo melhor proteção ao lote e aumentando a produtividade. A vacinação no incubatório, com uma construção HVT, garante uma proteção mais uniforme, enquanto elimina as perdas de desempenho devido a reações de vacinas respiratórias contra NDV ou a preocupação sobre a interferência de anticorpos maternos com as vacinas tradicionais contra IBD.

Melhorando a proteção e aumentando a produtividade 1. INOVAÇÃO Para construção da Innovax ND-IBD®, utilizou-se o HVT FC126, uma base comprovada para vacinas HVTs de construção única e é a espinha dorsal da construção dupla da nova vacina. O cassete contendo o importante gene da proteína F do NDV e o gene VP2 do IBD é inserido na posição US2 no vírus HVT (Figura 1). 2. CONVENIÊNCIA A Innovax ND-IBD® (Figura 2) é aplicada no incubatório in ovo aos 18 dias de incubação (0,05 ml) ou em pintos de um dia de idade por via subcutânea (0,2 ml). Uma vez que as aves são vacinadas, o vírus infecta os linfócitos T e B, expressando e apresentando as proteínas do HVT (Marek), F (NDV) e VP2 (IBD). O sistema imuno-

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A Revista do AviSite


altamente protetiva nos testes in vivo, garantindo assim um controle eficaz para as três doenças.

lógico desenvolve imunidade (anticorpos e células mediadas) ao vírus HVT, mas também às proteínas IBD-VP2 e ND-F expressas pelos genes inseridos. Os anticorpos contra a proteína F previnem que o vírus da Doença de Newcastle se funda ou se una às células, fornecendo proteção contra o NDV. Os anticorpos contra a proteína VP2 impedem que o vírus da Doença de Gumboro infecte as células, fornecendo proteção contra a IBD.

4. PERFORMANCE Uma vantagem desta tecnologia é que não será preciso, em muitos casos, expor as aves aos vírus vacinais vivos, contra as doenças de Gumboro ou Newcastle. Consequentemente, elas reduzem o gasto de energia para criar imunidade contra essas enfermidades, o que contribui para melhor desempenho das aves nas granjas. A diferença de performance positiva é observada em todas a situações já

3. RÁPIDA E ALTA PROTEÇÃO Após inúmeros testes in vitro, a INNOVAX ND IBD mostrou-se rápida e

DOENÇA DE MAREK

Contra a Doença de Marek, aves SPF (Specific Pathogen Free) foram vacinadas com Innovax ND-IBD® por via subcutânea e desafiadas aos 9 dias pós vacinação com a cepa muito virulenta do vírus (vvMDV) RB1, de acordo com a monografia 0589 da EU Farmacopéia. As aves do grupo controle devem apresentar >70% de mortalidade ou lesões macroscópicas severas e a proteção deve ser >80% nas aves vacinadas. Após o desenvolvimento da imunidade, a proteção é para toda a vida da ave, devido a característica da vacina HVT persistente.

DOENÇA DE GUMBORO

Aves SPF foram vacinadas com Innovax ND IBD por via subcutânea e desafiadas aos 14, 21, 28 e 42 dias de idade com o vírus muito virulento (vvIBDv) CS89, de acordo com a monografia 0587 da EU Farmacopéia. Os controles foram vacinados apenas com vacina HVT. A rápida proteção contra vvIBDv já é observada aos 14 dias de idade.

comparadas com utilização da Innovax ND-IBD®. No Peru, primeiro país da América Latina a lançar a vacina, foram observados ganhos significativos em comparação com programas vacinais utilizando cepas W2512 (IBD) (Tabelas 1 e 2).

Considerações finais A MSD Saúde Animal busca dia após dia desenvolver tecnologias que agreguem valor aos mercados em todas as suas áreas de atuação, com o claro objetivo de melhorar a vida das pessoas com foco em ciência para animais mais saudáveis. Neste sentido,

DOENÇA DE NEWCASTLE

Para fornecer informações adicionais à América Latina, Ásia e Oriente Médio, testamos Innovax ND-IBD® contra um desafio do vírus da Doença de Newcastle genótipo VII. Neste estudo, a Innovax ND-IBD® sozinha alcançou 90% de proteção em 20 dias. A adição de Nobilis® ND C2 forneceu proteção completa a partir dos 12 dias de idade.

Tabela 1: Teste 1 PARÂMETROS PESO MÉDIO KG

PROGRAMA VACINAL 1

PROGRAMA VACINAL 2

rHVT ND + W2512

Innovax®ND IBD + ND C2

2.915

2.914

IDADE

42.25

41.68

GPD

69.01

69.93

MORTALIDADE (%)

2.61

2.50

CA

1.68

1.65

399

410

IEP

Tabela 2: Teste 2 PROGRAMA VACINAL 1

PROGRAMA VACINAL 2

PARÂMETROS

rHVT ND +ND ENTERICA+ W2512

Innovax®ND-IBD +ND ENTÉRICA

PESO MÉDIO KG

2.910

3.000

IDADE

41.38

41.02

GPD

70.32

73.14

MORTALIDADE (%)

2.91

3.50

CA

1.74

1.71

IEP

383

402

Innovax ND-IBD® chega ao mercado brasileiro para iniciar um novo e disruptivo ciclo na avicultura local, buscando auxiliar a agroindústria a seguir competitiva e a atender as necessidades cada vez maiores do mercado consumidor. Innovax ND-IBD® traz como palavras-chave a inovação, a conveniência, a eficácia e a performance, fazendo destes os seus grandes pilares que ao final do dia trazem retorno sobre o investimento ao usuário. Innovax ND-IBD® veio para ajudar nossa indústria a construir o futuro, que já começou. Em caso de dúvidas, procure o profissional da MSD responsável pelo seu território. Estamos à disposição para esclarecer qualquer questionamento que exista. Conte conosco!

Fonte: Dados internos MSD A Revista do AviSite

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Informativo Técnico Comercial

Nível de L-selenometionina em leveduras selenizadas, análise de amostras comerciais de 2018 Com o intuito de avaliar a concentração de L-SeMet em diferentes leveduras selenizadas disponíveis no mercado, foi elaborado um estudo de mercado Autor: Brecht Bruneel, Orffa Additives BV, Países Baixos

E

xistem vários produtos à base de levedura selenizada destinados a nutrição animal. Para avaliar a qualidade destes produtos, é importante avaliar a concentração de L-selenometionina (L-SeMet). A L-SeMet é o único composto que vai ser diretamente incorporado à proteína animal (carne, ovos e leite), reforçando-se assim as reservas de selênio (Se) e assegurando fornecimento ótimo durante os períodos de estresse (por exemplo: crescimento, desafios sanitários e de saúde e reprodução). O nível de L-SeMet em leveduras selenizadas é regulado/fiscalizado pela União Europeia (UE). Os níveis mínimos foram propostos pelos produtores de levedura selenizada, durante a avaliação destes aditivos para a alimentação animal e, por fim, estes valores foram integrados nos regulamentos da UE. Ou seja, qualquer levedura selenizada deve obedecer a estes níveis mínimos para poder ser comercializada na UE. O valor mínimo de L-SeMet

estabelecido na legislação, dependendo da fonte, é de 63% para a maioria das leveduras selenizadas (apenas uma levedura selenizada tem um valor mínimo de 70%). O que significa que 63% (ou 70%) do teor de Se total presente na levedura selenizada deve estar presente na forma de L-SeMet.

Análise de amostras comerciais Com o intuito de avaliar a concentração de L-SeMet em diferentes leveduras selenizadas disponíveis no mercado, foi elaborado um estudo de mercado. Um primeiro estudo foi publicado em 2015 e recentemente em 2018, foram coletadas um total de 13 amostras de 4 produtores diferentes. Estas amostras foram analisadas para selênio total e selênio na forma de L-SeMet. O estudo foi conduzido pela Orffa em colaboração com um laboratório independente (CODA; Tervuren, Bélgica). O método de análise aplicado é es-

pecífico para a L-SeMet e baseia-se na cromatografia líquida de alta pressão - espectrometria de massa de plasma por acoplagem indutiva (HPLC-ICP-MS) após a extração enzimática, cujos resultados são apresentados na Figura 1. A análise das amostras comerciais de 2018 mostram que apenas dois lotes estão conforme o padrão mínimo de 63% estabelecido nos regulamentos da UE. Isso é extremamente baixo, considerando as conclusões das análises de amostras comerciais realizadas em 2015, na qual 28 amostras foram testadas seguindo os mesmos parâmetros (Figura 2). O produtor “A” produz, de forma consistente, leveduras selenizadas com níveis de L-SeMet extremamente reduzidos (inferiores ao limite legal). Os clientes estão adquirindo os produtos de levedura selenizada com base no teor de L-SeMet e muitas vezes não estão cientes destes níveis reduzidos e da variância de concentração, apresentada pelos produtos disponíveis no mercado. É difícil analisar o nível de L-SeMet com precisão e, por isso, não é uma análise de rotina, realizada em qualquer laboratório ou por todos os clientes. O teor de Se total é de maior facilidade e amplamente analisado, mas isso não nos fornece qualquer informação sobre o teor de L-SeMet, a qual é o único composto de interesse.

Considerações para os nutricionistas Pode-se concluir com base nestes dois estudos realizados pela Orffa e laboratório independente, que existe uma grande variação no nível de Se na forma de L-SeMet entre diferentes amostras de pro-

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dutos comerciais. Os resultados em geral demostram diferenças entre produtos e produtores, bem como grandes variações entre lotes de um mesmo produto. Esta variação também tem sido descrita na literatura científica e foi confirmada em outras análises comerciais. Os nutricionistas estão cada vez mais cientes desta variação e pedem garantias aos seus fornecedores no que diz respeito ao teor de L-SeMet dos produtos. Tendo em conta estes resultados, as preparações de produtos que contenham L-SeMet pura são as melhores alternativas, uma vez que fornecem ao animal L-SeMet 100% biodisponível, quando comparadas com a levedura selenizada, onde a L-SeMet apresenta apenas 50% de biodisponibilidade (considerando uma taxa de digestibilidade das proteínas da levedura de 80%). Van Beirendonck et al. 2016 demostra que a deposição de Se no músculo está linearmente correlacionada com o nível de L-SeMet na dieta, confirmando o benefício das preparações à base de L-SeMet pura. Duas leveduras selenizadas, disponíveis no mercado, foram incorporadas no

ensaio de deposição. Uma levedura selenizada continha 69% de Se na forma de L-SeMet e a outra continha 26% de Se na forma de L-SeMet. Contudo, a deposição mais elevada foi obtida através da adição de Excential Selenium 4000 (Orffa Additives BV, Países Baixos), que contém 0,16% de Se na forma de L-SeMet (100% do Se está presente na forma de L-SeMet).

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Para o acumulo e reservas de Se nos tecidos e proteínas animais, é fundamental o fornecimento de produtos que contenham L-SeMet em sua forma pura. Desta forma, o animal dispõe de níveis adequados para a produção de selenoenzimas durante as condições de estresse (por exemplo: crescimento, desafios sanitários e de saúde, reprodução, etc.)

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A Revista do AviSite

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Empresas

MSD Saúde Animal traz nova ferramenta para o controle de doenças na avicultura: a vacina INNOVAX® ND-IBD Com uma única aplicação, a vacina proporciona proteção contra três enfermidades importantes para a avicultura brasileira: Marek, Gumboro e Newcastle

A

MSD Saúde Animal lançou em São Paulo (SP) no final de novembro a INNOVAX® ND-IBD, uma vacina dupla recombinante, que protege em uma única aplicação, ainda no incubatório, contra as doenças de Marek, Gumboro e Newcastle. Essa é uma tecnologia exclusiva que marca uma nova geração de vacinas que a MSD Saúde Animal traz para o mercado, principalmente para o segmento de frango de corte. Em um evento bastante criativo e recheado de surpresas aos convidados, a empresa realizou o lançamento desta tecnologia. Com a conveniência da tripla proteção em uma dose, a INNOVAX® ND-IBD é administrada individualmente in-ovo (com 18 dias de incubação) ou no primeiro dia de vida dos pintinhos. O que representa uma evolução em todos os sentidos, como o bem-estar animal, otimização dos processos e a proteção duradoura. “Como resultado, INNOVAX® ND-IBD é eficaz no controle de três enfermidades desafiadoras da indústria avícola mundial. Outra vantagem desta tecnologia é que não será preciso em muitos casos expor as aves aos vírus vacinais vivos, contra as doenças de Gumboro ou Newcastle. Consequentemente, elas reduzem o gasto de energia para criar imunidades contra essas enfermidades, o que contribui para melhor desempenho das aves nas granjas”, diz Thiago Moreira, gerente técnico da Unidade Avicultura da MSD Saúde Animal. É importante ressaltar que, até hoje, a vacinação contra estas três enfermidades no incubatório ainda carecia obrigatoriamente da aplicação de, no mínimo, duas vacinas sendo a contra

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A Revista do AviSite

Newcastle ou Gumboro obrigatoriamente composta de vírus vivos. “Hoje, a empresa que deseja se proteger contra a doença de Gumboro, Marek e Newcastle necessita aplicar duas vacinas nos incubatórios. Com a nova tecnologia, a MSD Saúde Animal traz somente uma única aplicação, o que oferece redução da demanda por espaço em armazenamento nos incubatórios e otimização de mão de obra. Além disso, claramente contribui para bem-estar animal, pois uma aplicação de vacina a menos é realizada.”, diz.

Importância da prevenção A Doença Infecciosa da Bursa (IBD), conhecida como Gumboro, é altamente contagiosa, sendo responsável por uma série de impactos econômicos para produção. Ela atinge a bolsa de Fabrícius, um importante órgão linfoide primário, e compromete a resposta imune das aves causando imunossupressão e aumento da mortalidade. Já a doença de Marek afeta populações de aves no mundo todo. Sem nenhuma medida de controle, é capaz de causar perdas econômicas importantes em lotes comerciais. Mesmo na ausência de sinais clínicos, os efeitos imunossupressores da doença de Marek podem levar ao crescimento e ao desempenho inadequado, o que afeta de maneira significativa a produção - assim como a doença de Newcastle, que é uma enfermidade viral, aguda, altamente contagiosa, que acomete aves, com sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, como diarreia e edema da cabeça. Não há tratamento, porém, a vacinação pode ajudar a prevenir a doença causada pelo vírus.


Empresas

Produção livre de antibióticos exige atenção extra para a higiene da água Para maximizar a biossegurança, os criadores de aves devem usar limpadores de água eficazes para manter suas linhas de água livres de biofilmes

C

onsumidores de todo o mundo começam a se preocupar com o uso de antibióticos na produção animal e seus efeitos sobre a saúde humana. Frango livre de antibióticos começa a se tornar um padrão em supermercados e restaurantes. Para produzir frangos sem antibióticos, os produtores precisam prestar mais atenção à manutenção da saúde e da biossegurança do lote. A higiene da água é uma parte importante e o “I-Flush foi desenvolvido apoiando isso”. O medo da resistência aos antibióticos na saúde humana estimula mais e mais governos a proibir o uso de promotores de crescimento de antibióticos (AGPs) na produção animal. Tal proibição requer ação imediata para preparar os produtores sobre como produzir frangos sem o uso de antibióticos. A questão mais importante aqui é manter a biossegurança ótima dentro e ao redor dos aviários. Uma vez recebendo pintinhos saudáveis, é dever do produtor mantê-los saudáveis, evitando o contato com patógenos causadores de doenças. Ele tem que considerar todas as maneiras diferentes pelas quais os patógenos podem ser trazidos para produção: água, ração, roedores, aves silvestres, insetos, pessoal, equipamentos agrícolas e os próprios frangos são fatores potenciais. Sem AGPs não há linha final de defesa para patógenos, tem que ser interrompido antes de entrar nas aves, melhorando a biossegurança ao redor, incluindo as partes internas do sistema de água.

Protegendo a qualidade da água Geralmente as aves consomem 1,6 a 2 vezes mais água do que ração por dia. Se essa água estiver contaminada, o lote sofrerá com problemas de saúde

intestinal e com baixo desempenho. O nível máximo recomendado de bactérias na água potável é de 100cfu / litro. Com a introdução de bebedouros tipo nipples, para substituir as bandejas ou bebedouros manuais nas quais as bactérias poderiam proliferar, a indústria fez grandes progressos no fornecimento de água potável "limpa". Mas, ainda assim, os modernos sistemas de bebedouro só podem ser usados com segurança quando a água está livre de organismos causadores de doenças e as linhas de água são mantidas limpas. O principal perigo aqui é que na tubulação de plástico os biofilmes prejudiciais podem se acumular. Esses biofilmes atuam como núcleo de organismos infecciosos que podem ser espalhados pela água. Para maximizar a biossegurança, os criadores de aves devem usar limpadores de água eficazes para manter suas linhas de água livres de biofilmes. Na produção isenta de antibióticos, é essencial verificar regularmente a higiene das fontes de água originais, bem como limpar completamente a tubagem e o equipamento do bebedouro entre os lotes. Esses procedimentos de limpeza costumavam ser demorados, mas hoje em dia isso pode ser feito facilmente usando a o sistema de solução de higiene total pela Impex (Holanda) " o I-Flush" (lavagem automática). Possui programas de lavagem pré-estabelecidos para todos os sistemas de consumo de aves e não causa desperdício de água ou medicamentos.

Detectando formação de biofilme A solução de higiene total I-Flush consiste em um computador de descarga I-Control, um regulador de pressão o I-Flow, e um conjunto de saída de ar final. O computador controla a

descarga e, com isso, a higiene total no sistema de bebedouros. Sensores individuais nas linhas de água registram as informações necessárias e retransmitem isso para o computador, que irá agir de acordo com a programação inserida. As configurações podem ser personalizadas para atender às preferências individuais de descarga, enquanto durante a medicação o programa pode ser interrompido para evitar o desperdício de medicamentos. Um sensor de biofilme opcional detecta água suja e biofilme por meio de luz e indica o nível de poluição. Quando o nível máximo predefinido for excedido, as linhas serão automaticamente liberadas. O mesmo acontece quando o sensor de temperatura indica que a temperatura máxima da água predefinida nas linhas de bebedouros a é atingida ou quando a diferença de temperatura entre a linha de abastecimento de água é muito alta. Caso a nebulosidade da água não se dissolva durante a lavagem ou a temperatura da água permaneça além do permitido, casos raros, pode acontecer que o número máximo de rodadas de lavagem seja alcançado. Este número máximo está definido para evitar a descarga excessiva. Quando exceder este número, o computador emitirá um alarme indicando que é necessária uma ação adicional. Essas novas ferramentas de economia de mão-de-obra ajudam os produtores a garantir a entrega de água potável segura e fresca às aves. E isso é, sem dúvida, um trunfo para as aves crescerem e terem um bom desempenho em um ambiente livre de antibióticos. I-Flush foi desenvolvido pela Impex da Holanda e é importado e distribuído no Brasil pela Agro Select Ltda (www.agroselect.com.br) A Revista do AviSite

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Evento

VIII CLANA destacou a nutrição do futuro

Em congresso, especialistas debateram nutrição animal e seus impactos na saúde, no bem-estar dos animais e no impacto ambiental da produção

C

omo compreender as melhores práticas de produção em um mundo em acelerada transformação? Como a dieta dos animais pode impactar nos resultados do campo? Como produzir cada vez mais alimentos com menor impacto ambiental? Analisar questões como essas e buscar respostas para elas foram os objetivos do VIII Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal (CLANA), promovido pelo Congresso Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) em parceria com a Associação Mexicana de Especialistas em Nutrição Animal (AMENA), no mês de outubro, em Campinas, no interior de São Paulo. O encontro teve cerca de 600 participantes vindos de todo o país e de vários outros países da América Latina, Europa e Estados Unidos, entre médicos veterinários, zootecnistas, pesquisadores, empresários e representantes das principais empresas do segmento de nutrição animal de espécies como aves de corte e postura, suínos e bovinos de corte e leite. O uso da nutrição animal como fer-

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A Revista do AviSite

ramenta na promoção da saúde intestinal do plantel e, consequentemente, na redução do impacto da produção no meio ambiente e também na melhora do bem-estar animal foi um dos pontos altos das discussões, avalia o médico veterinário e presidente do CBNA, Godofredo Miltenburg. "Hoje é possível melhorar a imunidade dos animais através da nutrição. E o resultado técnico contribui não apenas em uma melhor transformação dos ingredientes em carne, ovos e leite, como também ajuda em uma importante diminuição de resíduos no meio ambiente", avalia o especialista defendendo que "a nutrição animal visa ainda o fornecimento de um alimento de melhor qualidade para consumidor. Quando promove melhor saúde dos animais, promove uma qualidade melhor de carnes, ovos e leite". Os debates também apontaram a dieta dos animais como resposta para o crescente desafio de se produzir cada vez mais proteína de origem animal com uso cada vez mais restrito de antibióticos. "As empresas do setor vêm se movi-

mentando no desenvolvimento de novas tecnologias e inovações nesta direção (de minimizar o impacto da retirada dos antimicrobianos na eficiência produtiva). Este é assunto bem atual e que deve continuar atual ainda nos próximos anos porque é um dos desafios mais importantes da cadeia produtiva", salienta Miltenburg lembrando que a nutrição está cada vez mais precisa e mais focada em fortalecer a imunidade dos animais. Ao final de três dias de evento, o congresso debateu as mais recentes pesquisas e inovações tecnológicas em nutrição animal com um público altamente especializado. "Nós, do CBNA, estamos realmente focados em trazer as mais novas informações em nutrição animal. Nossa equipe é formada por profissionais de empresas, agroindústria, universidades e institutos de pesquisa que trabalham voluntariamente no incentivo e divulgação de produção científica", afirmou.


A Revista do AviSite

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Mercado

2018 mostra sensibilidade da cadeia ao mercado externo Em 2018, fatores externos, como as novas exigências feitas pela Arábia Saudita em relação ao abate halal e o descredenciamento de algumas plantas frigoríficas habilitadas a exportarem para a União Europeia implicaram em restrições ao volume embarcado pelo País Autores: Juliana Ferraz1, Maristela de Mello Martins1, Luiz Gustavo Tutui1 e Sergio De Zen2 1) Analistas da Equipe de Aves, Suínos e Ovos do Cepea, da Esalq/USP; 2) Professor Dr. da Esalq e pesquisador responsável pela área de pecuária do Cepea, da Esalq/USP.

O resultado das exportações de frango foi influenciado pelo recuo na compra de importantes parceiros comerciais. A Arábia Saudita, que em 2017 importou cerca de 14% do total vendido pelo Brasil, recuou em 22% as compras até outubro/18 frente ao mesmo período do ano anterior 60 A Revista do AviSite

O

s desafios enfrentados pela avicultura de corte no correr de 2018 expuseram a sensibilidade que o desempenho da cadeia tem em relação às vendas para o mercado externo. Dentre as principais proteínas produzidas e consumidas no Brasil, a carne de frango é a que tem o maior percentual escoado para o exterior. Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2017, 33,1% da produção brasileira da proteína foi exportada – para a carne suína, esse número foi de 18,5%, ainda segundo a ABPA e, para a carne bovina, de 20,9%, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Em 2018, fatores externos, como as novas exigências feitas pela Arábia Saudita em relação ao abate halal e o descredenciamento de algumas plantas frigoríficas habilitadas a exportarem para a União Europeia implicaram em restrições ao volume embarcado pelo País. Esses fatores trouxeram consequências também ao mercado doméstico, uma vez que resultaram na maior disponibilidade de carne de frango no Brasil, desvalorizando a proteína. De janeiro até outubro de 2018, as exportações de carne de frango totalizaram 3,32 milhões de toneladas, recuo de 7,8% frente ao mesmo período de 2017, segundo dados da Se-

cex. Esse resultado foi influenciado pelo recuo na compra de importantes parceiros comerciais. A Arábia Saudita, que em 2017 importou cerca de 14% do total vendido pelo Brasil, recuou em 22% as compras até outubro/18 frente ao mesmo período do ano anterior. O Japão, que foi o segundo maior importador em 2017, retraiu as importações da carne brasileira em 11,6% no mesmo comparativo. Para Hong Kong, a queda também foi expressiva, de 15,5%. China, Emirados Árabes Unidos, México e Coreia do Sul, por outro lado, aumentaram as suas compras em 2018. De janeiro a outubro, as vendas brasileiras ao país asiático elevaram-se em 8,9%; para o árabe, em 4,5%; para o mexicano, em 7,8% e, para a Coreia, em 25,2%, segundo a Secex. Além dessas altas, o Brasil passou a exportar mais para alguns países que não figuram como os principais demandantes da proteína brasileira, como Cingapura, Chile e Uruguai. Apesar de o País ter conseguido ampliar suas vendas para alguns parceiros comerciais, elas não foram suficientes para melhorar o desempenho do setor agroexportador. Com a queda no volume embarcado, o faturamento com as exportações também foi afetado. Até outubro, a receita em dólares teve queda de 14% frente à do mesmo período do ano anterior, enquanto a receita


Gráfico 1. Receita e volume de exportação de janeiro de 2017 a outubro de 2018 Fonte: MDIC (2018). Elaborado pelo Cepea.

De janeiro até outubro de 2018, as exportações de carne de frango totalizaram 3,32 milhões de toneladas, recuo de 7,8% frente ao mesmo período de 2017, segundo dados da Secex

em Reais recuou 1,5%, em termos nominais. A baixa no faturamento em Reais foi amenizada pela valorização da moeda americana frente à brasileira no correr de 2018. O cenário turbulento no mercado externo e as incertezas durante o período eleitoral resultaram em aumentos sucessivos do dólar no Brasil. Considerando-se a média anual (até outubro), a taxa de câmbio aumentou 13% em 2018 frente ao mesmo período de 2017. A queda no preço da proteína no mercado internacional foi outro fator que pressionou a receita do setor. Enquanto de janeiro a outubro/17 a carne de frango era exportada ao preço médio de US$ 1.633,42/tonelada, no mesmo período de 2018 o preço passou a ser de US$ 1.528,91/t, valor 6,4% menor no comparativo anual. Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a retração nos preços internacionais foi verificada para as principais proteínas, sendo que, para a carne de frango, especificamente, a menor liquidez pressionou as cotações.

Com a retração nas exportações e, consequentemente, a maior disponibilidade da carne de frango no País, os preços da proteína tiveram recuaram sucessivamente no primeiro semestre de 2018. Esse cenário, aliado aos altos custos com os insumos no correr do ano, levou à reestruturação das agroindústrias, que passaram a reduzir a oferta da carne, visando amenizar as perdas. Com essa estratégia, os preços da proteína esboçaram reação a partir do segundo semestre. Segundo levantamento do Cepea, em 2017 (até outubro) o frango resfriado era negociado no atacado do estado de São Paulo ao preço médio de R$ 3,61/kg; já no mesmo período de 2018, o valor médio passou a ser de R$ 3,71/kg, alta de 2,7%, em termos nominais. No Paraná, estado que tem maior viés exportador, a alta foi menos expressiva, de apenas 0,5% na mesma comparação. Enquanto no ano passado a proteína resfriada era negociada a R$ R$ 3,97/ kg, em 2018 (até outubro), a média foi de R$ 3,99/kg. A Revista do AviSite

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Estatísticas e Preços

Produção e mercado em resumo Qual volume de carne de frango o Brasil vai produzir em 2018?

Produção de pintos de corte Setembro 488,926 Milhões | -1,65%

Produção de carne de frango Outubro 1.124,692 Mil toneladas | -2,12%

Exportação de carne de frango Outubro 356,439 mil toneladas | -0,66%

Disponibilidade interna Outubro 768,253 Mil toneladas | -2,78%

Farelo de Soja Novembro R$1.278,00 | +27,80%

Milho Novembro R$38,48 | +16,32%

Desempenho do frango vivo Novembro R$3,02 | +11,73%

Desempenho do ovo Novembro R$56,71 | -14,08%

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A Revista do AviSite

N

o cenário internacional, a indústria avícola da Rússia que há algum tempo esperava a abertura do mercado chinês, enfim, alcançou seu objetivo: Rússia e China assinaram protocolo em que reconhecem os respectivos serviços veterinários visando, especificamente, o fornecimento de carne de frango resfriada. Talvez no início de 2019 a Rússia já comece a fornecer as primeiras cargas de seus subprodutos, em especial, miúdos e pés/patas de frango, itens que não tem demanda local, mas são amplamente consumidos na China.

N

o cenário nacional, quase finalizando o ano ainda cabe perguntar: afinal, que volume de carne de frango o Brasil vai produzir no corrente exercício? Segundo o Avisite levantou, há diversas indicações a respeito, vindas de instituições internas e externas. Como CONAB e ABPA no primeiro caso e FAO e USDA, no segundo caso. Junto a essas indicações, o Avisite também inseriu projeções baseada no volume de pintos de corte divulgado pela APINCO. Entre elas, houveram volumes que variaram de 13,0 até 13,5 milhões de toneladas. De toda forma, a média obtida a partir dos dados das cinco fontes (números arredondados) é uma produção em torno dos 13,3 milhões de toneladas. No mercado de frango, o custo levantado pela Embrapa Suínos e Aves de janeiro a outubro deste ano indica evolução de 17,5% em relação ao registrado no mesmo período do ano passado. Nesse mesmo espaço de tempo, o frango vivo obteve evolução de apenas 7,4%. Em relação às matérias-primas, a CONAB em sua segunda previsão para a próxima safra de milho brasileira (2018/2019) estima que o suprimento do produto pode ultrapassar os 106 milhões de toneladas, que, se confirmado, representará novo recorde na história brasileira do grão. A princípio, matéria-prima não será problema no próximo ano. Entretanto, também é previsto que se atinja novo recorde na exportação do produto. Nesse caso, os preços do grão podem continuar pressionando os custos na produção avícola.


Produção de pintos de corte

Volume mensal continua negativo em relação a 2017

E

EVOLUÇÃO MENSAL MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Outubro

510,632

521,308

2,09%

Novembro

525,170

506,821

-3,49%

Dezembro

560,266

534,215

-4,65%

Janeiro

535,647

556,669

3,92%

Fevereiro

494,423

484,996

-1,91%

Março

517,196

514,578

-0,51%

Abril

508,875

469,768

-7,68%

Maio

522,835

462,848

-11,47%

Junho

526,325

486,324

-7,60%

Julho

515,254

503,995

-2,19%

Agosto

531,982

528,934

-0,57%

Setembro

497,107

488,926

-1,65%

Em 09 meses

4.649,644

4.497,038

-3,28%

Em 12 meses

6.245,712

6.059,382

-2,98%

Fonte dos dados básicos: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

PRODUÇÃO EM PERÍODO DE DOZE MESES

2017

Dez

Jan

Mai

Jun

Jul

6,059

6,068

6,071

6,082

Mar Abr

6,122

Fev

6,182

6,233

6,212

6,238

Nov

6,221

Out

6,224

Set

6,256

bilhões de cabeças

6,246

mbora o número de pintos de corte de setembro do ano passado tenha correspondido, em termos reais, ao mais baixo volume de 2017, a produção registrada um ano depois foi ainda menor. De acordo com a APINCO, em setembro último foram produzidos no Brasil perto de 489 milhões de pintos de corte, volume 1,65% inferior ao registrado um ano antes. Com este resultado, o volume de pintos de corte produzido nos nove primeiros meses deste ano somou 4,497 bilhões de cabeças, ficando pouco mais de 3% aquém do alcançado em idêntico período de 2017. Essa foi, também, para o período, a menor produção da presente década, ficando menos de 1% acima dos 4,456 bilhões de cabeças produzidas entre janeiro e setembro de 2010. É interessante lembrar, no entanto, que nesse espaço de tempo a produtividade dos pintos alojados permaneceu crescente ano após ano. Assim, por exemplo, números do IBGE relativos ao abate inspecionado indicam que o peso médio do frango subiu de 2,143 kg em 2010 para 2,413 kg no primeiro semestre de 2018 – um ganho de mais de 12%. Mas, voltando à produção de 2018, em nove meses alcançou-se volume equivalente a, aproximadamente, 500 milhões de cabeças mensais. Dessa forma, se a média for mantida no trimestre final do ano, a produção do corrente exercício ficará em torno dos 6 bilhões de cabeças. É preciso levar em conta, no entanto, que essa média foi influenciada, para baixo, por problemas de exportação e pela greve dos caminhoneiros. Ou seja: tende a ser superada, podendo ficar acima do registrado no bimestre agosto-setembro (perto de 509 milhões de cabeças/mês). Neste caso, o total anual girará em torno dos 6,020-6,030 bilhões de pintos de corte, 3% a menos que em 2017. Por ora o volume acumulado em 12 meses (outubro de 2017 a setembro de 2018) anda próximo dos 6,060 bilhões de cabeças, resultado que significa redução de 2,98% sobre idêntico período anterior.

Ago Set

2018 A Revista do AviSite

63


Estatísticas e Preços Produção de carne de frango

Recuo de mais de 2% na produção de outubro

P EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

-

1.094,134

-

Novembro Dezembro

-

1.150,632

-

Janeiro

1.211,185

1.166,737

-3,67%

Fevereiro

1.067,817

1.083,073

1,43%

Março

1.173,662

1.199,919

2,24%

Abril

1.131,198

1.132,066

0,08%

Maio

1.138,828

1.094,139

-3,92%

Junho

1.098,920

1.026,523

-6,59%

Julho

1.156,782

1.028,138

-11,12%

Agosto

1.143,201

1.090,765

-4,59%

Setembro

1.096,787

1.093,399

-0,31%

Outubro

1.149,016

1.124,692

-2,12%

Em 10 meses

11.367,395

11.039,451

-2,88%

Em 12 meses

-

13.284,217

-

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

PRODUÇÃO EM PERÍODO DE DOZE MESES

2017

64 A Revista do AviSite

JUN

2018

13,284

MAI

13,309

ABR

13,312

MAR

13,364

13,610

FEV

13,493

13,609

JAN

13,565

13,583

DEZ

13,568

13,612

Milhões de toneladas

JUL

AGO

SET

OUT

artindo da produção anterior de pintos de corte (alojamento realizado entre meados de agosto e primeira quinzena de setembro) e levando em conta, ainda, o volume de carne de frango exportado no mês, a APINCO estimou que em outubro passado foram produzidas no País perto de 1,125 milhão de toneladas de carne de frango, volume 2,12% inferior ao registrado um ano antes, em outubro de 2017. Comparativamente ao mês anterior, setembro de 2018, registra-se, nominalmente, aumento de 2,86%. Vale lembrar, entretanto, que outubro é mês mais longo, com 31 dias. Isso considerado, a média diária produzida no mês, de pouco mais de 36 mil toneladas, ficou cerca de meio por cento abaixo do volume estimado para setembro. Transcorridos 10 meses de 2018, o volume acumulado vai pouco além de 11 milhões de toneladas, resultado que sugere redução de 2,88% sobre idêntico período de 2017. Projetada para a totalidade do ano, a média mensal atual - perto de 1,104 milhão - indica produção total da ordem de 13,247 milhões de toneladas. Se atingido, significará volume 2,7% menor que o registrado em 2017 quando alcançou o total de 13,612 milhões de toneladas. Como, porém, há uma tendência natural de produção maior no bimestre final do ano, o total anual pode chegar aos 13,280 milhões de toneladas, mantendo-se no mesmo nível observado nos 12 meses encerrados em outubro passado. Mesmo assim, a redução no ano seria superior a 2%. Notar que, nessas projeções, o peso médio do frango estimado para 2018 é o mesmo de 2017. Ou seja: bastam pequenos ganhos de produtividade para o resultado negativo sofrer reversão. Aliás, os números do IBGE para os três primeiros trimestres do ano apontam aumento de meio por cento nos abates realizados em estabelecimentos inspecionados.


Exportação de carne de frango

Redução anual deve variar entre 3% a 5%

O

EVOLUÇÃO MENSAL MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Novembro

321,468

318,132

-1,04%

Dezembro

356,915

313,664

-12,12%

Janeiro

354,971

323,279

-8,93%

Fevereiro

325,372

304,376

-6,45%

Março

374,623

367,677

-1,85%

Abril

317,708

247,296

-22,16%

Maio

344,662

327,975

-4,84%

Junho

362,965

230,425

-36,52%

Julho

375,633

454,482

20,99%

Agosto

407,568

387,768

-4,86%

Setembro

380,030

355,617

-6,42%

Outubro

358,809

356,439

-0,66%

3.602,342

3.355,334

-6,86%

4.280,725

3.987,130

-6,86%

Em 10 meses

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC

EXPORTAÇÃO EM PERÍODO DE 12 MESES

Nov

Dez

2017

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

3,987

Out

3,990

4,014

3,955

4,034

4,087

Fev

4,104

4,181

Jan

4,175

4,202

4,234

4,277

Milhões de toneladas 4,281

s dados consolidados da SECEX/ MDIC, confirmam que as exportações de outubro passado permaneceram estáveis - tanto em relação ao mês anterior como ao mesmo mês de 2017. Assim, o volume global dos quatro principais itens exportados (frango inteiro, cortes, industrializados e carne salgada), não muito superior a 356 mil toneladas, correspondeu a um aumento de 0,23% sobre as 355,6 mil toneladas de setembro e a uma redução de 0,66% sobre as 358,8 mil toneladas de outubro do ano passado. Completados os 10 primeiros meses do ano, o total embarcado está na casa dos 3,355 milhões de toneladas, resultado que configura redução de quase 7% em relação a idêntico período de 2017. A média mensal até aqui registrada pelo setor – cerca de 335,5 mil toneladas – sugere volume anual em torno de 4,026 milhões de toneladas, quase 5% a menos que o alcançado em 2017 (4,234 milhões de toneladas). Mas a média dos últimos três meses (366,6 mil toneladas mensais) sinaliza resultado um pouco maior, da ordem de 4,088 milhões de toneladas. Tal desempenho, se confirmado, vai significar redução anual da ordem de 3,5%, ou seja, um índice bem mais palatável que os 6,86% de queda registrados nos 12 meses decorridos entre novembro de 2017 e outubro de 2018. E, diante da constatação verificada em levantamento do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) de que os países líderes nas exportações mundiais (Brasil e Estados Unidos) vêm perdendo participação no espaço no tempo decorrido entre 2007 e 2017, é certo que o Brasil continuará perdendo terreno em 2018. Nesse período analisado, a representação do Brasil caiu quase 12%: detinha 39,6% do total mundial e caiu para 34,9%. Os EUA detinham cerca de 36,3% e retrocederam para 28,4%. Já os demais exportadores tiveram desempenho muitíssimo melhor: aumentaram a participação de 24,2% para 36,7%.

Set

Out

2018 A Revista do AviSite

65


Estatísticas e Preços Disponibilidade Interna de Carne de Frango

Aumento na produtividade neutraliza redução na oferta interna

D

Evolução Mensal MIL TONELADAS

MÊS

2016/2017

2017/2018

VAR. %

Novembro

-

776,002

-

Dezembro

-

836,969

-

856,213

843,458

-1,49%

Fevereiro

742,445

778,697

4,88%

Março

799,039

832,242

4,16%

Abril

813,490

884,769

8,76%

Janeiro

Maio

794,165

766,164

-3,53%

Junho

735,955

796,098

8,17%

Julho

781,149

573,657

-26,56%

Agosto

735,633

702,997

-4,44%

Setembro

716,757

737,782

2,93%

Outubro Em 10 meses

790,206

768,253

-2,78%

7.765,052

7.684,116

-1,04%

-

9.297,087

-

Em 12 meses

Fonte dos dados básicos: APINCO - Projeções e análises: AVISITE

OFERTA EM PERÍODO DE DOZE MESES

2017 66 A Revista do AviSite

9,538 9,478

9,506 A

M

9,297

M

9,319

F

9,298

J

9,331

9,365

D

9,402

9,378

9,435

Milhões de toneladas

J

A

S

O

J

2018

eduzido da produção estimada pela APINCO (cerca de 1,125 milhão de toneladas) o volume exportado no mês (356,4 mil toneladas, conforme a SECEX/ MDIC), a conclusão é a de que permaneceram no mercado interno em outubro passado pouco mais de 768 mil toneladas de carne de frango, volume 2,78% inferior ao registrado no mesmo mês do ano passado. Nominalmente, esse volume foi 4% superior ao registrado no mês anterior, setembro de 2018. Como, porém, outubro é mês mais longo, com 31 dias, a oferta real aumentou apenas 0,77%, a média diária registrada (24.782 toneladas/dia) ficando 2,9% abaixo da média diária dos últimos 22 meses (25.524 toneladas/dia entre janeiro de 2017 e outubro de 2018). Em outubro, o volume disponibilizado internamente correspondeu a 68,31% da produção total, índice ligeiramente inferior à média de 69,18% registrada nos últimos 22 meses. A propósito, nesse período analisado, é preciso relevar os altos índices registrados em abril (78,2%) e junho (77,6%) de 2018. Eles decorrem da atualização dos sistemas de acompanhamento das exportações da SECEX/MDIC e, por isso, não refletem adequadamente os embarques de carne de frango efetivados naqueles meses. A esta altura do ano pode-se dizer que o volume acumulado em 10 meses é praticamente o mesmo de idêntico período de 2017, pois a diferença a menos – perto de 81 mil toneladas – está apenas 1% aquém, índice facilmente neutralizável pelo aumento da produtividade dos frangos criados e abatidos no período. A oferta total projetada para os 12 meses encerrados em outubro passado se encontra próxima dos 9,3 milhões de toneladas. É um resultado 0,86% inferior ao registrado nos 12 meses de 2017, quando atingiu 9,378 milhões. Diante dos números apresentados, uma coisa é certa: haverá nova retração no consumo per capita em 2018. No ano passado, atingiu 45,3 kg. Em 2018, deve ficar próximo de 44,5kg.


Mercado

Desempenho do frango vivo em novembro e em 2018

Onze primeiros meses com valorização das cotações em torno de 8% em relação ao mesmo período de 2017 dade de preservar os preços do frango abatido: controlar a oferta do produto, para isso colocando no mercado de aves vivas parte da produção própria. Desta vez, porém, o processo teve um agravante: problemas operacionais diversos ocorridos em alguns frigoríficos impediram o pleno abate de tudo o que estava programado. E a saída foi despejar no mercado grandes volumes de aves vivas. Independente desse fato, os onze primeiros meses de 2018 foram fechados com um valor médio – R$2,77/kg – perto de 8% superior ao alcançado no mesmo período do ano passado. E esse índice, tudo indica deve persistir com variação mínima até o final do ano, pois continuam sendo fracas as possibilidades de reversão radical das condições atuais. Assim, a tendência é a de fechar-se 2018 com um valor médio próximo, mas ainda inferior a R$2,80/kg. Ou seja: embora na maior parte do ano as condições de produção tenham sido as mesmas de dois anos atrás, o setor encerra o exercício com uma remuneração nominal inferior à de 2016.

FRANGO VIVO

Evolução de preços na granja, interior paulista – R$/KG Média mensal e variação anual e mensal em treze meses MÊS.

MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

2,70

-12,90%

DEZ

2,70

-10,72%

0,00%

JAN/18

2,57

-2,98%

-4,84%

FEV

2,48

-6,02%

-3,63%

2012

MAR

2,36

-12,57%

-4,86%

2013

R$ 2,47

ABR

2,20

-12,00%

-6,61%

2,37

-5,04%

7,91%

2014

R$ 2,42

MAI JUN

3,07

22,77%

29,29%

2015

JUL

3,00

20,00%

- 2,13%

2016

AGO

3,00

20,00%

0,00%

SET

3,19

27,65%

6,46%

OUT

3,19

21,12%

-0,11%

NOV

3,02

11,73%

-5,45%

Mai

Jun

Ago

R$ 2,08

R$ 2,62 R$ 2,89 R$ 2,58

2017

R$ 2,77

2018

2018 Média 1995/2017 (23 anos) 123,6

Set

Out

Nov

118,4

116,1 112,4

116,1

Jul

R$ 1,92

2011

116,4

Abr

106,2

118,7

Mar

101,7

93,4

95,3

91,9

Fev

85,2

Jan

91,4

95,9

100,0

105,3

99,5

102,4

Preço relativo em 2018 comparativamente à média de 23 anos (1995/2017) Média mensal do ano anterior = 100

R$ 1,65

2010

116,8

2,51%

R$ 1,63

2009

114,9

NOV

Média anual em 10 anos R$/KG

123,6

omo alcançou valor médio próximo de R$3,02/kg, o frango vivo comercializado no interior paulista registrou, em novembro, valorização de quase 12% sobre o mesmo mês do ano passado e queda próxima de 5,5% em comparação ao mês anterior. Tudo isso, porém, teoricamente. Porque, na maior parte do período, as transações efetivadas foram concretizadas com descontos que, inicialmente, situaram-se em torno dos vinte centavos, valor ampliado à medida que novembro avançava, a demanda encolhia e a oferta se ampliava. Em, praticamente, três quartos do mês os negócios foram fechados com até cinqüenta centavos de desconto. Inclusive porque atrasos na retirada dos lotes redundaram em grande aumento de peso e oferta de aves fora do padrão habitual. Impossível afirmar, com certeza, qual foi o preço médio efetivamente alcançado em novembro. Mas, tomando-se a média entre valores máximos e mínimos, chega-se a algo em torno dos R$2,83/kg, o que significa dizer que (1º) a variação negativa em relação ao mês anterior foi superior a 11%; (2º) o “ganho” em relação a novembro de 2017 não chegou a 5% e, assim, o valor médio do mês apenas acompanhou a inflação acumulada nos últimos 12 meses; (3º) o preço médio de novembro, habitualmente o segundo melhor de cada exercício (só fica aquém do valor alcançado em dezembro), retrocedeu ao menor nível dos últimos seis meses. Parte desse retrocesso teve por causa, como de hábito, o procedimento estratégico adotado pelas integrações com a finali-

115,5

C

Dez

A Revista do AviSite

67


Estatísticas e Preços Mercado

Desempenho do ovo em novembro e em 2018

Setor precipitou-se na expansão do plantel produtor

MÉDIA R$/CXA

VARIAÇÃO % NO ANO

NO MÊS

2009

NOV

66,00

-3,00%

-4,40%

DEZ

64,36

-13,03%

-2,48%

JAN/18

53,92

-12,21%

-16,22%

2011

FEV

71,35

-15,54%

32,31%

2012

MAR

79,08

-10,59%

10,83%

ABR

67,75

-25,66%

-14,32%

MAI

62,84

-24,57%

-7,25%

2014

JUN

80,23

-7,40%

28,26%

2015

2010

JUL

63,12

-24,52%

-21,33%

60,70

-24,35%

-3,72%

SET

58,21

-21,85%

-4,11%

2017 2018

OUT

50,12

-27,41%

-13,90%

56,71

-14,08%

13,61%

R$ 37,93 R$ 44,61 R$ 49,11 R$ 57,86

2013

AGO

NOV

R$ 38,63

R$ 52,70 R$ 59,47 R$ 75,43

2016

R$ 77,78 R$ 63,98

68 A Revista do AviSite

Jun

Jul

101,6

112,3

74,8

Mai

2018 Média 2001/2017 (17 anos)

78.0

114,5

117,1

109,4

81,3

Abr

103,1

Mar

80,8

112,1

120,5

87,1

Fev

101,6

Jan

91,7

69,0

91,8

115,0

Preço relativo em 2018 comparativamente ao período 2001/2017 (17 anos) Média mensal do ano anterior = 100

Ago

Set

Out

110,4

MÊS.

Média anual em 10 anos R$/CAIXA

100,4

Média mensal e variações anual e mensal em treze meses

72,9

OVO BRANCO EXTRA

Evolução de preços no atacado paulistano R$/CAIXA DE 30 DÚZIAS

ano. Aliás, terceira pior em mais de três anos, ou seja, desde outubro de 2015. A esta altura de 2018 é pouco provável que o valor médio do produto no ano ultrapasse os R$64,00/caixa (preço aplicável a cargas fechadas de ovo branco extra comercializado no atacado da cidade de São Paulo). Quer dizer: deve alcançar, no exercício, valor inferior ao dos dois anos anteriores. E por quê? Porque, sobretudo, estimulado pelo aumento do consumo observado dois anos atrás, o setor precipitou-se na expansão do plantel produtor. Para confirmar, basta observar que a média mensal de alojamento dos 10 primeiros meses de 2018 é quase 25% superior à de 2016. Junte-se a isso o habitual incremento de produtividade das linhagens em criação e uma retração de consumo que até agora não deu mostras de reversão e têm-se todos os ingredientes para colocar a atividade em xeque. Em situações anteriores de fraco andamento do mercado, era suficiente descartar as poedeiras mais velhas ou menos produtivas e as condições do mercado se revertiam. Essa receita, agora, não tem o menor efeito. Pois, independente dos descartes que sejam efetuados, mais e mais poedeiras iniciam a produção. Uma situação que somente será minimizada com o aumento do consumo e das exportações.

99,7

epois de fechar o décimo mês de 2018 com o pior resultado do ano e registrar o menor preço do último quadriênio para um mês de outubro, o ovo iniciou novembro sinalizando recuperação, porquanto obteve reajustes da ordem de 33% apenas nos oito primeiros dias de negócios do mês. Mas essa recuperação foi efêmera. Pois sucedida por brevíssimo período de estabilização. E, já na passagem da primeira para a segunda quinzena, os preços do produto voltaram a refluir. Quase no mesmo espaço de tempo do ganho anterior, o produto perdeu 17% de seu preço. Com tal desempenho, os resultados do mês foram pífios. Pois ainda que o preço médio tenha correspondido a um incremento de mais de 13% sobre outubro de 2018, comparativamente ao mesmo mês do ano passado prevaleceu redução superior a 14%. Com isso, a média alcançada em novembro, embora superando a do mês anterior, permanece como a terceira pior do

64,4

D

Nov

Dez


Milho e Soja Milho registra queda ínfima no preço médio

Farelo de soja registra queda em novembro

O preço do milho registrou queda mensal ínfima em novembro. O preço médio do insumo, saca de 60 kg, interior de SP, fechou o mês cotado a R$38,48, valor 0,1% abaixo da média alcançada pelo produto em outubro último, quando ficou em R$38,52. Porém, a disparidade de preço do milho em relação ao ano anterior ainda permanece na casa dos dois dígitos. O valor atual é 16,3% superior, já que a média de novembro de 2017 foi de R$33,08 a saca.

O farelo de soja (FOB, interior de SP) registrou queda em novembro de 2018. O produto foi comercializado pelo preço médio de R$1.278/t, valor 6,8% inferior ao praticado no mês de outubro quando atingiu R$1.372/t. Em comparação com novembro de 2017 – quando o preço médio era de R$1,000/t – a cotação atual registra alta de 27,8%.

Valores de troca – Milho/Frango vivo Valores de troca – Farelo/Frango vivo

No frango vivo (interior de SP) o preço médio de novembro, alcançou R$3,02 kg, atingindo índice de desvalorização mensal de 5,5%. Assim, com a desvalorização do frango vivo e a manutenção na cotação do milho, piorou o poder de compra do avicultor. Nesse mês, foram necessários 212,4 kg de frango vivo para se obter uma tonelada de milho, considerando-se a média mensal de ambos os produtos. Este volume representa cerca de 5,2% de perda no poder de compra em relação ao mês anterior, pois, em outubro, a tonelada do milho “custou” 201,3 kg de frango vivo. Já em relação a novembro do ano passado, a perda chega a 3,8%.

A maior queda verificada na cotação do farelo de soja em relação ao frango vivo em novembro fez com que fossem necessários 423,2 kg de frango vivo para adquirir uma tonelada do insumo, significando melhora de 1,6% no poder de compra do avicultor em relação a outubro, quando 430,1 kg de frango vivo foram necessários para obter uma tonelada do produto. Na comparação em doze meses houve piora de 12,5%, pois, lá, foram necessários 370,4 kg para adquirir o cereal.

Valores de troca – Milho/Ovo

Valores de troca – Farelo/Ovo

O preço do ovo, na granja (interior paulista, caixa com 30 dúzias), obteve valorização em novembro e fechou à média de R$50,71, valor quase 15% superior ao alcançado no mês anterior, quando o produto foi negociado por R$44,12. Com a valorização no preço médio dos ovos e a manutenção no preço do milho, houve melhora no poder de compra do avicultor. Em novembro foram necessárias 12,6 caixas de ovos para adquirir uma tonelada do cereal. Em outubro, foram necessárias 14,6 caixas/t, um ganho de 15,1% na capacidade de compra do produtor. Entretanto, em doze meses, a perda no poder de compra ainda é grande, atingindo 27,3%.

De acordo com os preços médios dos produtos, em novembro foram necessárias aproximadamente 25,2 caixas de ovos (valor na granja, interior paulista) para adquirir uma tonelada de farelo de soja. O poder de compra do avicultor de postura em relação ao farelo registrou ganho mensal de 23,4%, já que, em outubro, 31,1 caixas de ovos adquiriam uma tonelada de farelo. Em relação a novembro de 2017 houve piora de 33,9% no poder de compra, pois naquele período a tonelada de farelo de soja custou, em média, 16,7 caixas de ovos.

novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro

53,00 53,00 51,00 51,00 49,00 49,00 47,00 47,00 45,00 45,00 43,00 43,00 41,00 41,00 39,00 39,00 37,00 37,00 35,00 35,00 33,00 33,00 31,00 31,00 29,00 29,00 27,00 27,00

2017 2017

2018 2018

MédiaNovembro Novembro Máximo MínimoMédia Mínimo Máximo 34,50 42,00 R$R$34,50 R$R$42,00

38,48 38,48

Fonte das informações: www.jox.com.br

Preçomédio médioFarelo Farelode desoja soja Preço R$/toneladaFOB, FOB,interior interiordedeSPSP R$/tonelada

1600 1600 1500 1500 1400 1400 1300 1300 1200 1200 1100 1100 1000 1000 950 950 900 900 850 850 800 800 750 750

novembro novembro dezembro dezembro janeiro janeiro fevereiro fevereiro março março abril abril maio maio junho junho julho julho agosto agosto setembro setembro outubro outubro novembro novembro

Preçomédio médioMilho Milho Preço

R$/sacadede60kg, 60kg,interior interiordedeSPSP R$/saca

2017 2017

2018 2018

MédiaNovembro Novembro Mínimo Média Máximo Mínimo Máximo 1.250,00 R$ 1.320,00 R$ R$ R$ 1.250,00 R$ R$ 1.320,00

1.278,00 1.278,00

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Pesquisa e Saúde Única A pesquisa na área de saúde animal e a atenção a Saúde Única (One Health) são estratégias que a defesa sanitária do Brasil e do mundo precisam considerar como estratégicas

Janice Reis Ciacci Zanella, Ph.D. Chefe Geral da Embrapa Suínos e Aves

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saúde humana e animal está sempre sendo revistada do ponto de vista de desafios sanitários com o surgimento de doenças emergentes e re-emergentes. Sabe-se que 75% dessas doenças são zoonoses, ou seja, que podem ser transmitidas do homem para o animal e vice-versa. Vários fatores de risco estão relacionados à essas emergências, como o aumento da população e urbanização. Porém, fatores como as mudanças climáticas, alterações nas práticas de manejo em criações animais, aquisição de fatores de

É necessária uma excelente vigilância sanitária que acompanhe os rebanhos e áreas de risco. Além da investigação é preciso treinamento de resposta aos surtos e uma rede de laboratórios para identificar e diagnosticar o agente envolvido; a formulação de estratégias para estudar o comportamento das doenças e estar preparado para sua contenção e controle; estudos de epidemiologia molecular são estratégicos

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virulência e adaptação do patógeno à outras espécies hospedeiras também são fatores que devem ser vistos como alerta para a situação. A pesquisa na área de saúde animal e a atenção a Saúde Única (One Health) são estratégias que a defesa sanitária do Brasil e do mundo precisam considerar como estratégicas. Há muitas formas de prevenção do surgimento de epidemias e pandemias. É necessária uma excelente vigilância sanitária que acompanhe os rebanhos e áreas de risco. Além da investigação é preciso treinamento de resposta aos surtos e uma rede de laboratórios para identificar e diagnosticar o agente envolvido; a formulação de estratégias para estudar o comportamento (fatores de risco) das doenças e estar preparado para sua contenção e controle; estudos de epidemiologia molecular são estratégicos. Também é necessário um levantamento se determinados vírus ou bactérias em dadas populações estão evoluindo e mudando ou se tornando resistentes à antimicrobianos, se as vacinas estão ou não funcionando ou, ainda, se é o caso de uma amostra nova que está circulando naquela região. A pesquisa, capaz de gerar conhecimento e ferramentas, aliada a parcerias, é a solução de problemas sanitários para as cadeias de produção animal do Brasil. Nós temos as ferramentas, o conhecimento e parceiros. Que essas forças se unam para poder estudar uma estratégia e evitar que o Brasil seja berço de uma doença emergente, o que pode prejudicar nossa economia e saúde.


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