Revista Inspira #3

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inspira OUTUBRO 2019 EDIÇÃO #3 LEITURA SONORA DISPONÍVEL

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FOMO

Você está vivendo direito ou tem a sensação de estar perdendo alguma coisa? "Onipresença", inveja e insegurança são as marcas desse fenômeno da era digital. A corrida pelo planeta

Sagrada Medicina sagrada

Meu filho é autista

Plogging: exercício físico para o corpo e para o meio-ambiente

Conheça o milenar Ayurveda, o sistema médico que foca na alimentação

O diagnóstico não é o ponto final, mas o início de uma nova história


#SEMANADOAMORPROPRIOINSPIRA

GRÁTIS! ixar Veja como ba des em nossas re sociais


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Editorial

A Revista Inspira é uma publicação bimestral da Indominus Mídia. É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade, sem autorização prévia da Revista.

SOMOS TODOS DIFERENTES Nascer, estudar, depois trabalhar muito, casar, ter filhos, vê-los crescer e repetirem esse ciclo. Quem deleta alguma dessas etapas é enxergado como um ponto fora da curva. E esse é só um dos exemplos que poderíamos dar. A natureza nos fez diferentes uns dos outros, mas insistimos em tentar caber em caixinhas que, às vezes, não foram feitas para nós, e isso gera muita dor. A ciência mostra que cada pessoa tem um único DNA, digitais, forma de andar, batimentos cardíacos, olhos, cheiro e voz. Só para citar algumas das características exclusivas que cada um de nós possui. Fora isso, muitas coisas nos unem. Todos sentimos dor, alegria, medo e uma série de outras emoções universais. O que temos de igual é maravilhoso. Mas não deveríamos adotar como uma regra!

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Aprendemos a nos comparar e a comparar as outras pessoas por regras que, às vezes, nem fomos nós que criamos. E assim acabamos esquecendo um pilar básico da empatia: cada um tem seu mundo particular, sua própria história, sua jornada, corpo, modos de pensar e chegar às suas conclusões. Há alguns meses, um post na internet dizia algo como: a mesma energia que foi capaz de criar montanhas e oceanos, um dia parou e pensou em criar você. Você vale muito a pena e não é nem melhor, nem pior do que ninguém. Apenas diferente! Os textos da Revista Inspira desse bimestre vão te fazer despertar para esse sistema complexo de vida que é você. Respeitando a sua jornada, você instintivamente começa a valorizar a dos outros. Uma boa leitura!

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MEU FILHO É AUTISTA

Imagem: Rakicevic Nenad/ Pexels

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Imagem: Pim Chu/ Unsplash

Imagem: Shantanu/ Pexels

Imagem: Joanna Nix/ Unsplash

Imagem: Gary Chan/ Unplash

Sumário

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PLOGGING O AMOR E A MULHER-ESQUELETO

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AYURVEDA FOMO

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ASTROLOGIA VÉDICA



Foto: Haseeb Jamil/ Unsplash

"A bondade em palavras cria confianรงa; a bondade em pensamento cria profundidade; a bondade em dรกdiva cria amor." LAO-TSร


ÍNDICE Gira Mundo 8 Médico devolve visão a mais de 130 mil pessoas em situação de vulnerabilidade 9 É comprovado: os otimistas vivem mais! 10 Ter parceiro romântico por perto ajuda a reduzir a dor 11 Malala lança série no YouTube sobre garotas inspiradoras

Fitness 12 A corrida pela sustentabilidade Conheça o plogging, a prática de corrida que alia exercício físico com preservação ambiental

#desafioinspira 17 30 dias sem plástico

Relacionamentos 18 O amor nos tempos do imediato Fugindo da mulher-esqueleto

Alimentação 22 Ayurveda: a medicina sagrada A alimentação pelo olhar de uma medicina milenar

ASSINATURA GRATUITA REVISTA DIGITAL

Capa 32 FOMO: a fome da alma

Você é um caçador de sensações?

41 Autoconhecimento

Cultivando a presença

Histórias que inspiram 42 Meu filho é autista

Experiências de uma maternidade azul

Sua vida nas estrelas 50 Universo particular

Os chara karakas e os planetas que orbitam a sua vida

Geografando 52 O que eu aprendi com a minha primeira viagem sozinha?

5 dicas 54 5 dicas para organizar o seu tempo

Receita 58 2 em 1: Iogurte natural e Coalhada Seca

Inspirações do mês 61 Indicações de leitura, séries, aplicativos e muito mais para inspirar o seu mês

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ERRATA: Na edição anterior da Revista Inspira, a de número 2, cometemos um equívoco. Apresentamos a Dra. Paula Teixeira, na matéria sobre Mindful Eating como nutróloga. Na verdade, ela não é nutróloga. Ela possui pós-graduação em nutrologia. Em termos de medicina, é diferente. Pedimos desculpas!


Gira Mundo INSPIRAÇÃO

Médico devolve visão a mais de 130 mil pessoas em situação de vulnerabilidade Oftalmologista cria organização sem fins lucrativos e leva tratamento para vilas remotas no Nepal Foto: Divulgação

A falta de tratamentos médicos acessíveis não é exclusividade do Brasil. No Nepal, o médico oftalmologista Sanduk Ruit tomou a iniciativa e criou a organização sem fins lucrativos Tilganga Institute of Ophthalmology in Kathmandu, que já devolveu a visão a mais de 130 mil pessoas em situação de vulnerabilidade. O médico atende a pacientes com catarata, uma doença que pode levar à cegueira. Nascido em uma pequena vila do país, Ruit contou ao canal de YouTube Great Big Story que transformou isso em sua missão e viaja por regiões de difícil acesso com sua

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equipe a fim de fornecer esse tipo de cuidado aos necessitados. Dessa forma, o tratamento que custaria em média entre 250 e 300 dólares é reduzido para menos de 3 dólares. Melhor ainda é saber que Sanduk Ruit não está sozinho: 650 oftalmologistas já foram treinados por sua organização para levarem mais desse tipo de atendimento aos vilarejos do país. Se uma ideia é capaz de melhorar a vida de uma pessoa que seja, ela já mudou o mundo!


LONGEVIDADE

É comprovado: os otimistas vivem mais! De acordo com pesquisas, pessoas otimistas tem 15% de chances a mais de chegar aos 85 anos Foto: Suad Kamardeen/ Unsplash

Como você tem levado a vida? Reclamando de tudo ou sempre vendo os obstáculos como aprendizados sem deixar a esperança morrer? Se você é o segundo tipo de pessoa, saiba que as suas chances de chegar aos 85 anos (e até ultrapassar essa idade) são até 15% superiores às dos pessimistas. Um estudo conclusivo da Escola de Medicina de Boston, publicado no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences, chegou a esse resultado após analisar dados referentes ao humor e à

longevidade de 70 mil indivíduos ao longo dos anos 1986, 2004, 2014 e 2016. Os cientistas mencionam níveis “anormais” de longevidade em pessoas otimistas, mesmo levando em consideração fatores variáveis, como demografia e condições de saúde. As lentes com as quais enxergamos a vida realmente são importantes para que possamos não só viver mais, mas também com qualidade!

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Gira Mundo PESQUISA

Ter parceiro romântico por perto ajuda a reduzir a dor Pesquisa testou a resistência à dor de 48 casais e constatou que estar perto de quem se ama tem efeito analgésico Alguns poetas disseram que amar dói, mas pesquisas recentes têm comprovado que, na verdade, o amor é um excelente analgésico para o nosso organismo. Estar perto do seu companheiro(a) ajuda a reduzir a dor, até mesmo sem contato físico. Só de conversar com a pessoa amada já se consegue obter uma redução do estresse durante a exposição à dor, diminuindo a sensação de desconforto. É o que afirma Stefan Duschek, professor da Universidade de Ciências de Saúde, Informática Médica e Tecnologia (UMIT, Áustria), que assume a

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Foto: Sharon Mccutcheon/ Unsplash

autoria da pesquisa, junto à Universidade das Ilhas Baleares (Palma de Mallorca, Espanha). No estudo, foi medida a resistência à dor de 48 casais heterossexuais. Na companhia do parceiro, tanto homens quanto mulheres demonstravam um limite de tolerância mais alto e relataram sentir menos dor quando comparado com o momento em que estavam sozinhos. Seu parceiro(a) vai passar por algum exame invasivo? Ofereça-se para estar por perto, se possível!


EDUCAÇÃO É UM DIREITO

Malala lança série no YouTube sobre garotas inspiradoras ao redor do mundo Ativista paquistanesa continua lutando pela educação com microdocumentários no YouTube Foto: Reprodução

Apesar de nossas diferenças, no fundo somos muito parecidos. Essa é a mensagem que fica da série de vídeos Roll Call, produzida pelo Malala Fund, o canal de YouTube da fundação de Malala Yousafzai. Na série, que foi lançada em abril deste ano, meninas de oito países (Iraque, Índia, Japão, Síria, Brasil, México, Nigéria e Paquistão) contam suas histórias e a importância da educação em suas vidas e em suas comunidades: suas dificuldades, preconceitos que enfrentam, sonhos e superações. Os vídeos duram entre três e cinco minutos e o YouTube fornece uma tradução automática para quem ativa as Legendas em português. É uma espécie de microdocumentário carregado de significado.

Os episódios cumprem o papel de romper as barreiras sociais, culturais e geográficas, nos colocando em uma outra realidade por meio da identificação. Esse recurso nos aproxima dessas personagens e de suas respectivas sociedades, bem como nos inspira a acreditar em nossos sonhos, especialmente o público feminino. Uma iniciativa linda sobre o diferente e sobre os direitos das mulheres no mundo. Para quem não lembra, Malala é uma ativista paquistanesa, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, que ficou conhecida após ser baleada na cabeça por talibãs em 2012, quando tinha apenas 15 anos. O atentado veio em resposta ao fato da, então adolescente, se posicionar contra a proibição de estudos para as mulheres em seu país.

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Fitness

a corrida pela sustentabilidade Com que frequência você vê lixo jogado na rua ou descartado de forma incorreta? Pensando em dar passos em direção à sustentabilidade e à preservação ambiental, um novo esporte alia corrida e coleta de lixo. Conheça o Plogging!

Camila estava se recuperando de uma lesão, e por conta disso, não podia correr com a mesma intensidade de antes. Assim, resolveu reduzir o ritmo. Ao mesmo tempo que a quantidade de passadas diminuiu, a percepção do ambiente ao seu redor aumentou. O que antes passava por um relance no olhar, saltou aos olhos: lixos no percur-

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so da Avenida Sumaré, na região oeste da cidade de São Paulo. Com o incômodo causado pela sujeira no local, nas vezes seguintes, dois acessórios foram adicionados: sacos de lixo e luvas – por onde passava, recolhia os resíduos. Essa cena aconteceu com a engenheira mecânica Camila Alvarenga, logo após se mudar para São Paulo,


em março deste ano. “Minha iniciativa se deu a partir do meu inconformismo com o desrespeito das pessoas com a cidade e o meio ambiente”, esclarece. Algum tempo depois, enquanto corria e parava para recolher os resíduos que encontrava pelo percurso, um grupo de ciclistas foi em sua direção e a abraçou. “Não entendi naquele momento, pois como cidadã estava fazendo minha obrigação. Fui pra casa reflexiva pensando que se as pessoas estavam me parabenizando, havia algo de errado”, conta. Então, Camila teve a ideia de mobilizar mais pessoas para fazer o mesmo. Ao pesquisar na internet sobre o assunto, percebeu que sua ação, aliando corrida e coleta de lixo, era uma nova prática esportiva, chamada Plogging.

Origem Plogging é a junção da palavra sueca Plocka upp (recolher) e Jogging (correr). Essa nova prática esportiva teve início em 2016, quando o ambientalista Erik Ahlström se mudou para Estocolmo, na Suécia. Assim como Camila, Erik se incomodou com a quantidade de lixo que havia na natureza local. Foi o ponto de partida para começar a incluir na sua rotina de corrida paradas para coletar o lixo que encontrava pelo caminho. Para atrair mais pessoas, o ambientalista criou um grupo no Facebook. Hoje, três anos depois, com a repercussão dada ao movimento, a prática não só conquistou a região escandinava, como também conseguiu adeptos em vários

países. No Instagram, a hashtag #Plogging já ultrapassa 90 mil publicações e ilustra como a internet pode unir pessoas com a mesma vontade, a de cuidar do meio ambiente com pequenos passos.

Movimento em direção à sustentabilidade Foi também pelas redes sociais que Camila decidiu movimentar mais pessoas e criou o perfil Plogging SP, que há 8 meses dissemina a ideia de correr em direção à sustentabilidade e à preservação ambiental. O Plogging SP foi criado “com a ideologia de praticar um corre sustentável. Não somos um grupo, e sim um movimento”, pontua. E como movimento, a intenção é influenciar as pessoas pelo exemplo: “Todas as vezes que saio para praticar, saio com o propósito de que grandes mudanças acontecem

O Plogging é uma prática esportiva que alia corrida e coleta de lixo.

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através do exemplo. Eu percebo que as pessoas se sensibilizam com a ação, então de certa forma, eu tenho a certeza que estou plantando uma semente de reflexão. E no final das contas, volto com a sensação de missão cumprida!”, argumenta.

a mão na consciência quanto ao meio ambiente, e descarta irregularmente o lixo, pode ter que colocar a mão no bolso para pagar multa de até R$ 15 mil. A cidade gera, em média, 20 mil toneladas de lixo diariamente.

Em 2018, na cidade de São Paulo, onde Camila mora, as multas por descarte irregular de lixo triplicaram, em comparação aos dois anos anteriores. No município, quem insiste em não pôr

Durante a coleta, a principal dificuldade é em destinar o lixo. “A falta de ilhas de coleta seletiva é a maior dificuldade. As lixeiras distribuídas pela cidade não comportam a quantidade de resíduo ge-

Com luvas e sacos de lixo, os praticantes do PlogAo ser Camila Alvarenga (@ploggingsp) ging se deperguntaparam com da sobre vários tipos a frequde materiais ência de descartados enconirregulartrar lixo mente – de nos loembalagens cais onde plásticas a pratica o eletrodoPlogging, mésticos. Camila é “Infelizenfática: mente, não “Todas as recolhemos vezes!”. E todo tipo complede resíduo, ta: “Isso pois correa co n te ce mos o risco em todas de contamias regiões nação. Nosem que sa vontade pratico; Foto: Reprodução é recolher muitas vetudo, mas nos limitamos em recolher zes presencio o ato do descarte. Se eu plásticos, papéis, microlixos (resíduos pudesse, aplicaria uma multa para esse secos)”, observa. tipo de comportamento”.

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rado, desta forma as lixeiras atingem sua capacidade rapidamente. Esse fato também contribui para que as pessoas joguem lixo no chão”, argumenta Camila.

Benefícios para além da saúde

gera, compensa qualquer cansaço. Outro ponto que gosto de enfatizar, é que o Plogging aumenta o nível de foco e concentração, pelo fato de precisarmos ficar atentos ao cenário em busca do resíduo’, defende Camila. Segundo aplicativo para smartphone, 30 minutos de Plogging queimam 377 calorias.

Além dos benefícios à saúde quanto à prática da corrida, como melhora Quem quiser correr em direnos níveis de colesterol, dição à sustentabilidade e à minuição do estresse, preservação ambienTodas aumento da capacital, basta se muas vezes que dade cardiorresnir, primeirasaio para praticar, piratória, oumente, de boa saio com o propósito de tro elemento vontade. Inque grandes mudanças aconé incluído clua outros tecem através do exemplo. Eu no Plogacessórios, percebo que as pessoas se sensiging, que como têbilizam com a ação, então de certem efeito nis, luvas, ta forma, eu tenho a certeza que não só para saco de lixo estou plantando uma semente de a saúde de e garrafa quem o prareflexão. E no final das contas, com água. tica: a prevolto com a “Gostaservação da sensação de ria de convinatureza e do missão cumprida! dar as pessoas ambiente públiCamila Alvarega para participar co – o que influenPlogging SP do Plogging SP, e se cia em toda a sociedavocê for de outra cidade local. Com a prática, de, mobilize uma ação ou é comum um sentimento de procure uma liderança local. Exispertencimento e de realização. “O fato tem muitos grupos espalhados pelo de praticar corrida, parar, agachar e reBrasil que precisam de voluntários. Me tomar a corrida, potencializa a prática. coloco à disposição para apoiar grupos Percebo que o desgaste físico no final e pessoas com vontade de fazer a difeda ação é grande, porém, a sensação de rença!”, finaliza Camila. bem-estar e missão cumprida que isso

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Foto: Sylwia Bartyzel

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desafio

Sacolas de pano Quando for ao mercado, feira ou até mesmo lojas de departamento. Substitua as sacolas plásticas pelas de pano, as famosas ecobags. Além de serem mais bonitas, você está educando o comércio para uma cultura de menos plástico e diminuindo o impacto ambiental desse plástico.

LEVE SUAS CANECAS E TALHERES Sempre que souber que vai comer ou beber fora (mesmo que seja água ou só um cafezinho), leve suas próprias caneca e talheres para não precisar usar os descartáveis. Muita gente já faz isso!

empreste, reuse, CONsuma menos Essa é uma das dicas mais legais! Consumir menos plástico não significa ter menos opções. Promova trocas, empreste, pegue emprestado. Faça arte e recicle os materiais. Dê nova vida a eles transformando-os em novos utensílios e até em arte!

Se desafiar de vez em quando é parte de uma rotina saudável de se enxergar de maneira mais consciente, reconhecendo nossos limites e alargando nossas possibilidades. É por isso que resolvemos trazer aqui para a Revista Inspira um projeto que já utilizamos em nossas redes sociais: os desafios.O desse bimestre pode parecer impossível.

Ficar um mês sem usar plástico?

Tudo bem. Você não precisa ficar totalmente sem plástico. Mas se desafie a diminuir ao máximo o consumo e utilização desse material. Sabe por que você consegue? Foi só em 1907 que foi inventado o primeiro plástico sintético e viável para ser utilizado comercialmente. O poliéster, o PVC, o náilon e o poliuretano surgiram todos apenas na década de 1930. Isto é, essa onipresença do plástico em nossas vidas existe há menos de 100 anos. Antes disso, as pessoas viviam sem ele. O que quer dizer que, provavelmente os seus pais ou avós viviam uma vida sem plástico naturalmente. Sem pensar que estava faltando algo!

Mas por que estamos pedindo que você tome essa atitude?

Bem, não é coisa da nossa cabeça. De acordo com um estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos em 2016 estima-se que, no ano de 2050, os oceanos terão mais plásticos do que peixes. Outra pesquisa, sinaliza que 90% das aves marinhas já ingeriram plástico ao longo de sua vida, o que pode causar inanição e levá-las à morte. Mas o dano não se restringe apenas às aves, toda a vida marinha é ameaçada por essa substância intrusa em seu ecossistema.

Se você já assistiu ao Rei Leão, sabe que “Tudo o que vês existe num delicado equilíbrio”. Respeitar todas as criaturas é uma lei de sobrevivência para nossa sociedade! Além disso, o plástico é uma tecnologia química, derivada do petróleo. Quando dividida pela ação do tempo, seus pedaços se tornam microscópicos, e carregados pelo vento intoxicam o solo (de onde vem nossa comida e também nossa água – não se esqueça que os lençóis freáticos ficam debaixo da terra) e, assim, toda a nossa existência. As soluções parecem muito pequenas perto de toda uma estrutura que produz lixo aos montes, mas algumas pequenas atitudes são: levar seu próprio copo, canudo de vidro e talheres sempre que souber que vai se alimentar fora de casa; reutilizar as sacolas de sua última compra ou (melhor ainda) utilizar ecobags de pano; não ser irresponsável com o seu lixo; praticar a coleta seletiva; dar novas funcionalidades aos objetos que você está prestes a se desfazer. No box ao lado ilustramos algumas atitudes. Como dizia Mahatma Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo”.

Imagem: Pikisuperstar/ Freepik

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Relacionamentos

O amor nos tempos do imediato

Fugindo da Mulher esqueleto Por que os relacionamentos modernos duram tão pouco? A escritora e psicanalista Clarissa Pinkola Estés nos dá a receita para um relacionamento duradouro e profundo entre duas almas. Já adiantamos: você tem que parar de fugir dos esqueletos que guardou no fundo do armário. Mas será que estamos abertos a isso?

Era uma vez, em uma pracinha de bairro não muito distante. Um casal trocava carinhos e beijinhos de amor, enquanto uma senhora e sua neta passavam pelo caminho. A senhora perguntou há quanto tempo o casal estava junto. Eles responderam, com a ternura do momento, que havia alguns meses, ao que ela rebateu, voltando-se para a neta: “Está vendo? É por isso! Espere passar alguns anos para você ver”. E lançado o mau agouro, se afastaram para sempre! Esse não é um conto de fadas, e nem pretende ser. Mas você já parou para pensar em como rejeitamos culturalmente a possibilidade de um “final feliz”? A provocação da mulher amarga da historinha é um retrato expressivo das crenças impregnadas em nossa cultura a respeito do amor. O relacionamento piora com o tempo? Toda união está fadada ao fracasso e ao fim? O que essa fala da senhora provoca na visão do amor que ela oferece a sua neta? E, ainda, essa crença de que o amor tem data de validade nos leva a algum lugar que vale a pena? Com o tempo, entrei em contato com diversas leituras que me entregaram duas respostas, as mesmas que tenho aprendido com a própria vida. A primeira coisa que devemos ter em mente é que o amor não tem data de validade para quem pode e sabe reaproveitá-lo. É como aquela fruta já madura que ainda pode virar um bolo gostoso! Ou como o mel: que pode mu-

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dar de cor, cristalizar, e ainda assim conseguir adoçar a sua vida. E assim ao infinito! A máxima de Lavoisier se aplica perfeitamente aqui: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. E se aplica perfeitamente porque nós, assim como nossos corpos, mentes e sentimentos, não estamos separados da natureza. A psicanalista junguiana Clarissa Pinkola Estés, autora do best-seller e cartilha de vida para várias gerações de mulheres Mulheres que correm com os lobos, chama esse processo de natureza da vida-morte-vida. “A natureza da vida-morte-vida é um ciclo de animação, desenvolvimento, declínio e morte que sempre se faz seguir de uma reanimação. Esse ciclo afeta toda a vida física e todas as facetas da vida psicológica. Tudo – o Sol, as estrelas novas e a Lua, assim como as questões dos seres humanos e as das menores criaturas, como células e átomos – possui essa característica de agitação, hesitação e novamente agitação”, explica a autora. Há um capítulo de seu livro que traz uma história do povo inuit, a história da Mulher-esqueleto. Uma história de caça a respeito do amor, que vale muito a leitura. Esquisito isso? Bem, Clarissa explica que para os povos do norte não existe uma visão muito romântica do amor. Eles enxergam o amor entre duas pessoas como a ponte para um outro mundo, o mundo da alma, atra-


Para a psicanalista, todo relacionamento duradouro tem algo em comum, o fato de haver um terceiro parceiro na relação: a tal da

mulher-esqueleto. A mulher-esqueleto é um avatar da natureza vida-morte-vida, uma faceta da morte. Mas não deve ser encarada como um Mal encarnado, e sim como uma Deusa da transformação. De acordo com Clarissa, não devemos temê-la, “pois, quando se perdeu a fé na transformação, os ciclos naturais de progresso e de desgaste também são temidos”. É preciso compreender o movimento, o es-

Imagem: colagem com a obra de René Magritte, Os Amantes (1928)

vés do qual “os poderes que existem” se tornam conhecidos aos dois indivíduos. Dessa forma, amar é um treinamento, uma tarefa de dissecação que demanda o amadurecimento das almas, e portanto é uma tarefa para pessoas providas de uma natureza profunda e selvagem.

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pírito da transmutação que permeia tudo e todos. É preciso abraçar a Mulher-esqueleto. Entender as "trocas de pele" de cada momento da relação. Compreender isso, junto com a constante análise de se ainda há amor e respeito, faz com que o relacionamento dure, na certeza de que alguns aspectos serão constantemente modificados, repaginados. Aceitar isso é vital para relações de qualquer natureza. No entanto, tememos a mudança! A segunda resposta que encontrei para a crença de os relacionamentos estarem fadados ao fracasso vem em forma de análises sociológicas. Acontece que nessa sociedade de consumo, o reinventar, reciclar, reutilizar e preservar se tornaram práticas ultrapassadas. A inovação é a palavra da vez. E isso se reflete na maneira como nos relacionamos. A pesquisadora Eva Illouz, em seu livro O amor nos tempos do capitalismo, reflete que “repertórios culturais baseados no mercado moldam e impregnam as relações interpessoais e afetivas”. Em outras palavras, nos relacionamos com as pessoas assim como nos relacionamos com produtos à venda em uma gôndola de supermercado. Se achamos legal a embalagem, útil o conceito, compramos. Usamos algumas vezes e logo o descartamos, prontos para conhecer uma nova marca ou produto que prometa solucionar aquele mesmo problema. Afinal, para quê insistir em um produto que não atende a 100% das minhas queixas? Argumento perfeito, né? Seria. Se você quisesse se relacionar com produtos de limpeza e utensílios domésticos. Estamos falando de humanos. Acontece que fomos educados a acreditar em uma versão distorcida do amor, amparada em contos de fada surreais de Walt Disney. Nem mesmo nos contos originais dos irmãos Grimm o amor era tão idealizado, mas na versão que consumimos desde a infância existem o príncipe e a princesa encantados.

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E algumas pessoas passam a vida esperando que essa pessoa “encantada” se materialize em algum instante da sua vida. Descartando todas as que aparecem com “defeitos de fábrica”, por mais mínimos que sejam. Como seria encantada uma pessoa que não pode preservar sua identidade e espontaneidade em detrimento do que seu parceiro idealiza dela? Ninguém pode ter a aura do encanto enquanto insistir em se encaixar nos moldes criados pelo outro. Por outro lado, não conseguiremos ver encanto em alguém enquanto perseguirmos um padrão que só existe em nossas idealizações. O filósofo e psicanalista esloveno Slavoj Žižek diz sempre que amar de verdade é reconhecer a imperfeição. Aceitar a pessoa com todas as suas falhas. E não é a mais pura verdade? Enquanto insistirmos em usar o véu de Maya, o véu da ilusão, estaremos longe de atingir a real maturidade e felicidade dentro de uma relação. Pois, segundo Žižek, é o amor que nos conecta à realidade. E a realidade às vezes vai doer. Quem ama é capaz de dizer ao amado o que pensa, dizer o que dói, cutucar a ferida, se abrir para a verdade e ainda assim, se há verdadeiro amor e respeito, tudo há de continuar bem. Como afirma Clarissa Pinkola Estés, “o milagre que estamos procurando leva tempo”. E é preciso desbravar a monstruosidade submersa do outro (seus demônios escondidos) para que possamos construir um amor real, espontâneo e duradouro com base em respeito e amor em seu mais puro significado. Aquele mesmo casal que iniciou o texto, mesmo depois de anos, compartilha o afago um com o outro nos bancos das praças. Qual seria, então, a exclamação da senhora para a neta ao saber que anos se passaram e a demonstração de amor e carinho continuaram?


Foto: Javardh

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Foto: Calum Lewis/ Unsplash


Alimentação

Ayurveda a medicina sagrada O sistema medicinal indiano Ayurveda existe há 7 mil anos. Nele, a alimentação é uma das bases da saúde. Cada corpo tem seus remédios, venenos e antídotos específicos, e todos eles vêm da natureza. Entrevistamos o professor e terapeuta ayurvédico Edson Osório e ele explicou muita coisa interessante que você vai amar aprender e aplicar na sua vida. Salgado, doce, salgado, doce, salgado (e uma pimentinha, de leve), doce de novo. Essa costuma ser a nossa rotina de alimentação diária. Já parou para pensar que a maioria de nós nem consideramos (e, às vezes, nem saberíamos onde encontrar) outros sabores? O amargo, o ácido, o adstringente e o picante são bastante negligenciados na dieta do brasileiro. Mas, de acordo o Ayurveda, você pode estar fazendo muito mal em ignorar alguns desses sabores. Eles poderiam estar atuando para o seu bem-estar mental, físico, social e espiritual. O Ayurveda é o milenar sistema medicinal indiano. Medicina, sim. Mas não no conceito que conhecemos. Não a medicina que devemos procurar só quando estamos doentes. Mas também uma medicina que enxerga saúde como se sentir bem, em todos os aspectos que orbitam nossa vida.

Para o professor e terapeuta ayurvédico Edson Osório, que estuda esse sistema medicinal há 10 anos: “A base do Ayurveda é o sistema digestivo, e se sua digestão não vai bem, é a porta de entrada para o adoecimento”. Convidamos o Edson para falar um pouco sobre essa medicina natural, que em sânscrito é lida como a Ciência da Vida. Sabe aquela frase que diz que o seu corpo é o seu templo? Nas próximas páginas, você vai entender direitinho o que ela quer dizer: as conexões entre nosso corpo, a natureza e sua abundância. Além da importância de cultivar a introspecção nesse templo. Introspecção no sentido de refletir sobre o que ocorre em nosso íntimo, e também sobre nossas experiências. Uma vez que se observar e entender melhor as singularidades de nós mesmos é o que nos leva a compreender o que é melhor para nós.

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Essa também é uma apresentação para uma coluna sobre o tema, que lançaremos já na próxima edição da Revista Inspira. Como o Ayurveda entrou na sua vida?

Sempre busquei seguir o conceito de "vencer na vida". Como bom ariano, fui criado com esse pensamento de vencer, até quando não havia competições. Esse pensamento me levou, aos 19 anos, a trabalhar com bolsa de valores como analista gráfico. Essa busca me trouxe o capital que eu almejava, mas também agravou minha ansiedade e agitação, e com o tempo fui diagnosticado com TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) e comecei a fazer um tratamento com remédios para esse problema. Foi aos 22 anos, depois de discutir com meu médico, que eu comecei a entender que meu corpo não tinha uma doença, mas um desequilíbrio. E apenas compreendendo a raiz desse problema eu teria uma boa resposta no tratamento. Entendi, naquele momento, após três anos confiando minha saúde ao meu médico, que a melhor pessoa para me cuidar seria eu mesmo. Mas me

Edson Osório:

faltava informação. Minha primeira formação na área holística foi em Reiki, o que me abriu as portas para um campo energético, e para a compreensão de que eu sabia pouco sobre essa vida. Ora pois, se minhas mãos se energizavam e auxiliavam na cura de enfermidades, o que mais eu poderia aprender? Comecei então, em 2009, meu primeiro curso de formação em Ayurveda, com o intuito de entender um pouco sobre essa ciência ainda desconhecida. Como adotar essa prática proporcionou mudanças na sua saúde?

Compreender que nosso corpo é feito da matéria que ingerimos e digerimos. E tudo aquilo que não digerimos vira toxina, e essas toxinas se alojam em tecidos enfraquecidos, criando então processos de adoecimento. A base do Ayurveda é o sistema digestivo, e se sua digestão não vai bem, é a porta de entrada para o adoecimento. Entendendo as bases do Ayurveda, pude entender que minha vida agitada nos anos anteriores me trouxe ansiedade, reduziu minha camada protetora do sistema nervoso (bainha de mielina) e trouxe, então, esse infame TDAH. Mas compreendendo essa

"Compreender que nosso corpo é feito da matéria que ingerimos e digerimos. E tudo aquilo que a não digerimos vira toxina, e essas toxinas se alojam em tecidos enfraquecidos, criando então processos de adoecimento." Edson Osório

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Ciência Milenar pude entender que eu poderia encontrar a cura repondo a bainha de mielina com gorduras complexas e de alta qualidade, como Ghee, sementes, oleaginosas e muito mais. Foi então que comecei a me cuidar efetivamente com Ayurveda. Somente após entender a fonte do meu adoecimento eu pude tomar a direção certa no meu tratamento.

de doenças. Para o Ayurveda é o bem-estar mental, físico, social e espiritual. Quais princípios norteiam esse conhecimento?

A base da compreensão do Ayurveda é o sistema de Doshas, os humores biológicos. São 3 grandes humores, Vata-Pitta-Kapha. Vata é o movimento, Pitta é o metabolismo e Kapha é a nutriO que é ção. Minha voz saúde de se move até acordo você, você com o metaboliAy u r za o que veda? eu digo Saúcom seu de para discero Ayurnimento veda é mental e, você ter amanhã, a mente você lemsaudável bra ou não com boa lembra do que criatividade, foi dito com a raciocínioe menutrição da memória; ter o corpo mória. Então, esses 3 limpo e em equilíbrio conceitos se aplicam em com o meio; é sair de casa todas as para ver Agni é o deus do fogo hindu. formas. os ami- Agni também representa o fogo digestivo ou o poder de digerir. Seja no gos, para Ele nos lembra que é preciso digerir tudo que passa por nós. sutil, com Não se prenda ruminando nada! encontrar no exema família. plo acima, E, por fim, ou no físico falando de saladas (movise sentir bem consigo mesmo, se amar e mento), pimentas (metabolismo) e gorse cuidar. Saúde não só como a ausência duras (nutrição). Cada um aumentan-

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mos 7 tecidos que dão suporte a vida. Um desses tecidos é o "Tecido Nervoso". Daí então podemos comer alimentos que são tonificantes do tecido nervoso ou que danificam o mesmo. O café por exemplo causa danos ao sistema nervoPara quem é o Ayurveda? so, reduzindo a camada isolante O Ayurveda é uma ciênda bainha de mielina. Já as cia que atende a todas castanhas, em sua maioas pessoas que busria, são repositoras cam entendimento dessa camada. Um sobre quem são outro exemplo seria e como regerem oferecer a alguém sua própria saúo prato preferide. Estudei aldo dessa pessoa. gumas técnicas E, assim que ela alternativas de for dar a primeimedicina dura garfada, trazer rante esses anos uma notícia trágide estudo e o única sobre a vida desse co local onde enindivíduo. O apetite contrei linearidade e some na hora, por mais respostas para todas as que o alimento seja magníperguntas foi com o Ayurfico. Quando veda. O AyurveO tradicional cafezinho estamos sem da te possibilicausa danos no sistema nervoso. cabeça para diAlém disso, ingerir café sempre traz ansiedade e ta cuidar do seu gerir a matéria, a necessidade do sabor doce. corpo aprena fome some. Foto: Valeria Aksakova/Freepik dendo a obserPor esse exemvá-lo. Todos plo podemos entender como o mundo podemos cuidar de nossa saúde, basmental altera nosso apetite físico, e da ta conhecer o sistema e entender o mesma forma nosso alimento físico almundo com esse olhar ayurvédico. tera nosso estado mental. Alimentos A conexão alimentação e saúde frescos, não requentados, recém-premental existe nessa ciência? parados, frutas frescas e maduras, uso constante de castanhas e especiarias, A alimentação está diretamente ligatudo isso tende a promover a saúde da à mente. Para o Ayurveda, nós sinmental. Em oposição: as carnes, os alitetizamos o alimento ingerido e formado ou diminuindo as características do outro humor. É um sistema de balanças que leva em conta seu corpo, a estação do ano, o meio em que você vive etc. Tudo influi para entender como agir.

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mentos requentados, congelados, pré-prontos, refrigerantes, álcool, todos esses elementos danificam a mente. O Ayurveda tem um lado espiritual que se reflete na alimentação? Poderia nos explicar como isso funciona?

Para o Ayurveda, somos um Espírito que já viveu muitas vidas, evoluiu de acordo com essas vidas, e está tão evoluído que, hoje, ele gera energia suficiente para habitar um corpo humano, controlar 7 chákras, uma mente, ter discernimento e livre-arbítrio. Compreender que todo o ser é Espiritual, a diferença são os graus de evolução, é a porta de entrada para se devocionar a todos os seres. Quando falamos em não comer carne para proteger a vida de um animal, devemos também considerar que toda planta está viva. Levando isso em conta, da mesma forma como deveríamos "sacrificar" o animal na hora de utilizá-lo para alimentação (coisa que não existe mais nos tempos de hoje), deveríamos ter a compreensão de que nosso arroz, nosso alface, nosso feijão, cada um desses elementos é um

ser vivo. E a partir do momento em que cozinhamos/ingerimos ele, estamos impedindo que aquela planta, aquele grão, aquela semente, possa seguir seu processo evolutivo, possa se tornar uma planta e gerar novos frutos, ter novas experiências. A base para a refeição no Ayurveda é agradecer a todos os seres que deixaram de viver para que nós pudéssemos nos alimentar. Não como um pensamento mórbido, mas no sentido de honrar a presença daquele elemento, trazer a consciência ao alimento e agradecer a abundância desse planeta. "A todo ser vivo é garantida a morte e a todo ser morto é garantida a vida." Essa continuidade não deve ser vista com morbidez, mas como o processo natural da vida, incluindo também nossos alimentos.

"A base para a refeição no Ayurveda é agradecer a todos os seres que deixaram de viver para que nós pudéssemos nos alimentar. Não como um pensamento mórbido, mas no sentido de honrar a presença daquele elemento, trazer a consciência ao alimento e agradecer a abundância desse planeta." Edson Osório

Qual seria a melhor forma de se alimentar de acordo com essa sabedoria milenar?

"Nem tudo é bom para todo mundo, principalmente o tempo todo". "A diferença de remédio e veneno é a dose".

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Com base nessas duas máximas, podemos ver, por exemplo, que o café é bom quando você está precisando ficar desperto. Mas se você sempre ingerir café, com certeza ele vai trazer ansiedade e a necessidade do sabor doce. O alimento adequado não existe, ou melhor: ele existe e muda o tempo todo. Para o brasileiro, o alimento adequado está bem próximo de arroz e feijão, enquanto que para o peruano já seria milho. Em cada local temos a cultura local, e a dieta adequada está sempre ligada ao que é de costume e abundante na região. Se formos morar com os índios, vamos comer muito inhame, que inclusive é purificante do sangue e alivia alergias de mosquitos. Se formos para a Bahia, vamos comer tanta pimenta que teremos que colocar o coentro junto, que é antídoto da pimenta. Em cada local, a própria cultura já se adapta um pouco, basta aprendermos a nos observar melhor. A dieta adequada requer também entender quem somos e a partir desse conceito, o que falta ou sobra em nossa fisiologia.

e as emoções. A base do Ayurveda é digerir tudo que passa por você, seja um alimento, um pensamento, uma emoção. Se você não digere algo que passou por você, ficamos ruminando aquilo, seja pensando demais sobre um problema, ou seja pesados demais por ter comido de forma inadequada. O mais importante para essa ciência é você respeitar sua fome. Não comer em horários malucos, dormir adequadamente, não inventar muita moda. Nossa avó, que acordava 6h da manhã e dormia depois do Jornal Nacional, que acabava 21h, e nesse meio tempo plantava, cozinhava, bordava, fazia chá, essa sim sabia se cuidar adequadamente. Hoje em dia vemos cada vez mais rotinas malucas, jejum dia sim dia não, comidas mágicas que prometem resolver sua vida.

"Acumular dejetos é a primeira etapa para começar o processo de adoecimento!" Edson Osório

Em que consiste a rotina do tratamento Ayurvédico?

O principal conceito do Ayurveda se chama Agni - poder de digerir. Podemos traduzir agni como "fogo digestivo", mas também impera sobre a mente

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Não existe fórmula mágica além de sabedoria, discernimento e escolhas adequadas. O que são os doshas? Existe uma forma simples de se descobrir o nosso dosha e se ele está em desequilíbrio?

Como citei antes, os Doshas são humores biológicos que habitam em todos os elementos. Todos nós temos todos os Doshas, mas em geral a gente tende a ser mais um ou outro. Quando recebi o convite para essa entrevista, fiquei super


animado e entusiasmado. Isso é do morar, comer algo mais denso e talvez até vimento, do Vata. Mas fiz muitas coisas meditar para acalmar a mente. Todos e acabei por esquecer o convite! Daí pedi somos os 3 Doshas e eles trabalham para reenviarem o e-mail, isso é coisa de aumentando e diminuindo o dia todo, Vata, de movimento, de esquecimento. todos os dias! Aprender o sistema dos Mas quando recebi o e-mail, fiquei tão Doshas requer uma boa base e em sefeliz com a profundidade das perguntas guida tempo de observação. que meu Pitta imperou e vim de forO Ayurveda cura doenças? Se sim, ma quente e determinada responder a quais doenças? todas as perguntas. Como é da minha O Ayurveda é um grande sistema natureza de Pitta-Vata (quente e rápimedicinal. Estudamos que as do), estou quase no fim das doenças têm origem no perguntas, mas não me trato digestivo e elas lembro de forma seguem um grancerteira todas as de processo de perguntas já adoecimento feitas e nem em 6 etaas respospas, sentas! Com do elas: excesso 1 . de Vata Acúmu(movilo - Você mento) c o m e e Pitta mal e (metaacumula bolismo), gases, por a tendêne xe m p l o. cia é que me falte 2. AgraKapha (nuvamento trição e estabiVocê não parou lidade). Dessa forde comer mal e ma quando eu acabar agora esses gases são de responder as perguntas, gerados v o u Os doshas são a base da compreensão do Ayurveda. natubusSão 3 humores biológicos que habitam todos os elementos: r a l Vata (movimento), Pitta (metabolismo) e Kapha (nutrição e car me mena t e r - estabilidade). Todos nós temos todos os doshas, mas em geral a gente te por tende a ser mais um ou outro. Foto: Creativeart/ Freepik

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aquilo que você comeu há dias atrás e não eliminou. 3. Transbordamento - Agora a toxina não consegue mais ficar no trato digestivo e passa para os seus tecidos. 4. Circulação - Essas toxinas circulam pelo sistema sanguíneo e linfático. 5. Alojamento - Buscando um órgão que esteja enfraquecido naturalmente, pode ser seu fígado porque seu pai era alcoólatra, ou sua perna porque você quebrou quando era novo. Não importa o motivo, mas todo mundo tem um órgão mais fraco, e esse órgão recebe as toxinas por ser enfraquecido e começa ali um alojamento, a base para o adoecimento.

as doenças, mas muitas vezes encontramos uma pessoa que teve hábitos inadequados por décadas, e pouco disposta a fazer as mudanças necessárias para desfazer esse nó fisiológico. Então, a capacidade de cura do Ayurveda está atrelada a capacidade de mudança do paciente. A alimentação brasileira mais se aproxima ou mais se afasta da ayurvédica?

A grande questão são os sabores. Existem 6 sabores no mundo, sendo eles "amargo, adstringente, picante, ácido, doce e salgado". Aqui no Brasil a gente vive de sabor doce e salgado. O picante é só do molho de pimenta. Claro que no público mais conectado com a vida, vemos o uso dos sabores amargo/adstringente nas saladas e frutas, do picante das especiarias. Mas, generalizando, podemos dizer que no Brasil vivemos uma cultura alimentar muito pobre, com muitas farinhas, açúcar, café, gorduras, frituras. Quando recebo algum professor de fora pra vir dar aula no Brasil e, às vezes, precisamos comer na rua, sempre recebo um comentário "Nossa! Mas vocês só tem opções fritas

" Hoje em dia o chique não é ter dinheiro, não é ser vegano e crudívoro, não é ter a cobertura e a casa na praia. Luxo hoje em dia é você dormir contente com o que você realizou durante seu dia, almejando a oportunidade de fazer melhor no dia seguinte." Edson Osório

6. Fixação Agora, com as toxinas alojadas em um órgão enfraquecido, elas começam um processo de adoecimento intenso, podendo causar tumores, câncer, doenças autoimunes

etc.

Conseguimos tratar muito bem até o quarto estágio de adoecimento, mas quando há alojamento e fixação, é indispensável o auxílio de um médico da área, muitas vezes já sendo necessário um oncologista. O Ayurveda cura todas

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no cardápio!". E assim é. Aqui no Brasil, a gente tem um Agni (fogo digestivo) bom até, por ser um país tropical, agitado, quente e intenso. Mas com esse excesso de dieta "americanizada", de gorduras, carnes e industrializados, não sei até onde nosso Agni aguenta! Você poderia compartilhar com nossos leitores algumas dicas básicas para integrar o Ayurveda na rotina independente do dosha?

Para todo mundo é legal tomar um copo de água morna/quente pela manhã. Pode ser só a agua quente mesmo, sem pensar muito em sal ou limão. Tudo que você ingeriu ontem precisa sair hoje de manhã do seu corpo. Se você deixar seu almoço no prato, jogar umas enzimas digestivas lá (pode ser um pouco de saliva), tampar o prato e esperar até o dia seguinte, tudo vai estar podre e pré-digerido, gerando gases e fermentação. Agora, imagina o que acontece dentro do nosso corpo, com a abundância de enzimas e calor de 37ºC. É a base para você digerir e transformar tudo! Mas se você, no dia seguinte, não eliminar seus dejetos, eles começam a gerar intoxicação. Ir ao banheiro todos os dias, eliminando os dejetos, principalmente pela manhã, é o primeiro passo para você se sentir bem a cada dia. Não é à toa que o termo para alguém muito nervoso é "enfezado", cheio de fezes. Acumular dejetos é a primeira etapa para começar o processo de adoecimento!

Aprender Ayurveda é para todos! Estou cada dia mais vendo a grande aceitação do público para uma ciência que, quando eu comecei a estudar, ninguém nem imaginava o que era. Hoje receber um convite legal desses com perguntas tão dinâmicas e bem selecionadas, é a prova de que o Ayurveda está pouco a pouco entrando na vida das pessoas. Aprenda, mire alto, sinta-se bem. Não há nada melhor na vida do que se sentir em dia com suas funções físicas, mentais, sociais e principalmente espirituais. Plante uma semente sem a intenção de colher seus frutos. O resultado pode te surpreender. Na dúvida, plante várias sementes! Só assim poderemos dormir em paz, sabendo que estamos fazendo o melhor que podemos a cada dia de nossas vidas. Hoje em dia, o chique não é ter dinheiro, não é ser vegano e crudívoro, não é ter a cobertura e a casa na praia. Luxo, hoje em dia, é você dormir contente com o que você realizou durante seu dia, almejando a oportunidade de fazer melhor no dia seguinte. Para mais informações vocês podem acessar o site www.samkhya.com. br e acompanhar as lives diárias do Instagram todos os dias da semana na hora do almoço! @edson_ayurveda

Gostaria de comentar mais alguma coisa?

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FOMO:

Ilustração: Freepik

a fome da alma A inveja sempre existiu, mas, com a ascensão das redes sociais, ela se repaginou e se tornou um mal-estar coletivo. O fato de você checar o seu celular o tempo todo pode estar fazendo com que você acredite que tem uma vida vazia e sem graça. Pode ser que você esteja vivendo o FoMO, um fenômeno típico da contemporaneidade.

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Matéria de Capa Você tem medo de não estar vivendo “direito”? Essa pode ser uma grande questão filosófica. Mas, na maioria das vezes, não passa de comparação entre a sua vida e a das pessoas com quem você se conecta. Acontece que, com as redes sociais, as pessoas com as quais nos conectamos não se apresentam em sua inteireza. As vulnerabilidades e os dias nublados são deletados, e ficam apenas os registros do tipo “as 100 coisas para fazer antes de morrer”: pessoas comendo nos melhores restaurantes, indo ao festival de música mais famoso do momento, explorando países exóticos, fazendo as declarações de amor mais apaixonadas e construindo carreiras de sucesso. Em resumo, parece que todo mundo vive na euforia de uma sexta-feira à noite, e nunca na monotonia de um domingo ou com o senso de responsabilidade de uma segunda-feira de manhã. E é assim que temos nos acostumado a pensar que a vida deve ser. No Poema em Linha Reta, de um dos heterônimos de Fernando Pessoa, está escrito: “Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”. E nisso somos levados a crer que nossa vida é diminuta demais. Devemos estar perdendo algo e uma atitude precisa ser tomada! Essa apreensão de que os outros possam estar tendo experiências gratificantes das quais não fazemos parte é um fenômeno que desde o início do século tem ganhado corpo. É conhecido pelo acrônimo FoMO (Fear of Missing Out

– ou em tradução livre: “medo de estar perdendo algo”, “medo de ficar de fora”) e uma pesquisa da Universidade de Essex apontou que mais de 75% dos adultos conectados à internet já passaram por isso. Pelo dicionário de Cambridge, FoMO é descrito como “a ansiedade causada pela sensação de estar perdendo eventos emocionantes que outras pessoas estão vivendo, e que é agravada por coisas que vemos nas redes sociais”.

CONECTADO 24/7 Uma das manifestações do FoMO é o desejo de permanecer conectado ao que os outros estão fazendo. Essa é uma forma de não perder nada. Ainda que digitalmente. De acordo com pesquisa recente realizada pela Hibou e divulgada este ano, 91% dos brasileiros não conseguem ficar longe do celular por mais de uma hora. Além disso, 60% dos entrevistados afirmaram que perdem a noção do tempo vendo posts e vídeos no celular e são 66% os respondentes que afirmaram dar uma olhada no celular caso acordem no meio da noite. Dificilmente estamos concentrados na realização de uma única atividade por vez, presentes no momento. Acordamos e vamos dormir tendo o smartphone como primeira e última imagens do nosso dia. Mexemos nele enquanto comemos e tem gente que o carrega até mesmo para o banheiro. Às vezes, assistimos à televisão com uma segunda tela, o celular, comentando tudo em nossas redes sociais ou mes-

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mo entrando em contato com outros tópicos de assunto ao mesmo tempo. Rolamos os infinitos feeds até que não tenhamos mais atualizações (o que é quase impossível) e checamos o celular a todo tempo só para ter a certeza de que não recebemos alguma notificação, por mais insignificante que fosse.

SER e SER PERCEBIDO O termo FoMO foi utilizado pela primeira vez pelo estrategista de marketing norte-americano, Dan Herman. Não, ele não surgiu na área da psicologia, como você pode ter imaginado. Ele está inserido no campo do consumo. Afinal, quer gatilho de vendas maior do que mexer na ferida do pertencimento? Todos queremos ser incluídos, fazer parte de algo. E é como se acompanhar a vida dos outros e também ser visto por eles originasse sensações que confirmariam a nossa existência. "Não vai ficar de fora dessa, vai?". Essa é uma frase que, com certeza, você já ouviu ou leu em alguma peça publicitária. Acontece que estamos vivendo como se estivéssemos dentro de um comercial e ninguém quer ficar de fora. Inclusive, foi usando esse gatilho que os organizadores do Fyre Festival – um pretensioso festival de música nas Bahamas que virou tema de documentário da Netflix – venderam 95% dos ingressos disponíveis para o evento em menos de 48 horas de divulgação. Com o tempo, o festival demonstrou ser uma tremenda fraude, mas também uma prova legítima do poder de persuasão dessa tática.

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A onipresença do celular em nossas vidas nos dá a ilusão de que somos onipresentes. Por que nos alimentamos das sensações e excitações que esse aparelho pode oferecer? Foto: Hugh Han / Unsplash

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Você vive o momento ou apenas registra para os seus seguidores? O FoMO é um fenômeno típico da sociedade em rede. Foto: Gian Cescon/ Unspash

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Desse modo, uma outra manifestação do FoMO consiste na busca – quando possível – de uma pseudo-onipresença: estar em todos os lugares, o tempo todo, fazendo tudo o que a vida tem a oferecer, aceitando todos os convites e fazendo check-in em tudo o que for possível! O filósofo alemão Christoph Türcke, já em 2010 – antes da febre das redes sociais – disserta sobre isso em seu livro Sociedade Excitada. Para o acadêmico, o quadro geral vai muito além de ficar ligando o celular toda hora para checar se recebemos alguma notificação, a fim de receber novas sensações e mostrar que permanecemos “existindo”. Essa estrutura se manifesta também na busca tátil e sensitiva que vai parar nas mesas de cirurgia plástica, nas tatuagens, nos piercings e no alto das montanhas, com os esportes radicais. Tudo faz parte de uma tentativa de causar e receber aquelas sensações que se vê na TV (as imagens, cores, cortes e recursos linguísticos eletrizantes e prazerosos que nos afetam de alguma forma) e, agora, também nas redes sociais. Seguindo a linha de pensamento do marketing de Dan Herman, o que Türcke sugere é que a publicidade é uma forma que invadiu a vida: “Todas as instâncias da sociedade devem se comportar como a propaganda, isso é fazer sensação” e, em adendo, estar sempre emitindo para existir. Segundo ele, ao mesmo tempo em que as mídias nos ditam um estilo de vida sensacional, rico em experiências, cores, imagens e sensações, mais

nos damos conta de termos uma vida “vazia”. E assim surge o chamado sensation seeking, a busca por sensações, uma verdadeira compulsão em se misturar ao universo das sensações e poder mostrar que se “vive”. Nas próximas páginas, você encontra um teste para medir se você está se comportando como um caçador de sensações. O mostrar que se vive é muito importante para quem está inserido em comportamentos do tipo FoMO. Quantas vezes você já foi a um show, batizado ou festa de aniversário e viu as pessoas com seus celulares gravando uma experiência que elas jamais poderão repetir e, nem tampouco, voltarão a assistir em seus dispositivos? E aí surge novamente a pergunta: “Será que você está vivendo ‘direito’?”, dessa vez explorando uma camada mais profunda. Quem perde o momento presente em virtude de uma digitalização do real está, de fato, vivendo? Tudo consiste em “viver” para o olhar do outro? Estamos sendo sugados para uma realidade digital. Pesquisadores falam inclusive de uma nova territorialidade que se constrói a partir dessa vivência na internet. A vida off-line não importa tanto?

O QUE FAZER? Se você detectou que esse tipo de sensação tem habitado integralmente seu modo de ser e existir, é necessário que se faça uma autoanálise. Alguns lançam mão de um movimento em resposta ao FoMO, o JoMO (Joy of

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TES Missing Out, em tradução livre: “prazer em ficar de fora”). Como o nome já diz, esse contramovimento propõe silenciar a vida nas redes sociais, utilizando a internet de forma mais inteligente, sem ficar se comparando. A filosofia de vida do JoMO tem a ver com aceitação da vida como ela é e viver o momento presente. A internet nos apresentou diversas possibilidades de ser e estilos de vida. Mas você não precisa ser nada além de você mesmo, e isso é bem simples, provavelmente você já está fazendo isso agora. O que precisamos é saber eleger. O que significa saber escolher as experiências que realmente queremos viver, aquelas que realmente tem a ver com o nosso projeto de vida. É como afirma o escritor Lee Jampolsky: “Pergunte a si mesmo o que é importante. Então, tenha coragem e sabedoria para construir a sua vida dentro da sua resposta”. Na página 41 trazemos um exercício de meditação para que você possa se conectar com o momento presente e, aos poucos, ir aprendendo a ouvir a si mesmo, desconectado das vozes alheias e das ideias de comparação e competição. Como dizia a sua mãe, “você não é todo mundo”. E não é mesmo. Descubra o que seu repertório de vida pode lhe oferecer e não se compare mais. Se você se identificou com as características do FoMO ou dos caçadores de sensações, procure um psicanalista ou psicólogo que possa lhe ajudar a ressignificar esses sentimentos.

VOCÊ É UM CAÇADOR VOCÊ UM CAÇADOR DE ÉSENSAÇÕES? Marque aDE a caixa caixaSENSAÇÕES? se aa afirmação afirmação for for pelo pelo memeMarque se

nos um um pouco pouco verdadeira verdadeira para para você. você. Deixe Deixe nos Marque a caixa se anão afirmação for verdadeiro pelo medesmarcada se isso isso for muito muito desmarcada se não for verdadeiro nos um pouco verdadeira você. Deixe você.para ou não for para verdadeiro para você. desmarcada se isso não for muito verdadeiro não for verdadeiro você. de Se ou fosse seguro, eupara gostaria

Se fosse seguro, eu gostaria de usar uma uma droga droga que que me me causasse causasse usar Se fosse seguro, eu gostaria de experiências novas ee estranhas. estranhas. experiências novas usar uma droga que me causasse Algumas conversas conversas podem me me Algumas podem experiências novas e estranhas. deixar quase quase que que dolorosamente dolorosamente deixar Algumas conversas podem me entediado. entediado. deixar quase que dolorosamente Prefiro ir ir para para um um novo novo lugar lugar Prefiro entediado. do qual qual talvez talvez não não goste goste do do que que do Prefiro ir para um novo lugar voltar para um um lugar lugar que que sei sei que que voltar para do qual talvez não goste do que gosto. gosto. voltar para um lugar que sei que Eu gostaria gostaria de de experimentar experimentar Eu gosto. um esporte esporte que que cria cria uma uma excitaexcitaum Eu gostaria de experimentar ção física, física, como como esqui, esqui, escalada escalada ção um esporte que cria uma excitaou surf. surf. ou ção física, como esqui, escalada Fico inquieto se se ficar ficar em em casa casa ouFico surf.inquieto por muito muito tempo. tempo. por Fico inquieto se ficar em casa Eumuito não gosto gosto de esperar esperar sem sem Eu não por tempo.de nada para para fazer. fazer. nada Eu não gosto de esperar sem Eu raramente raramente assisto a a um um filfilEu nada para fazer.assisto me mais mais de de uma uma vez. vez. me Eu raramente assisto a um filEumais gosto do desconhecido. Eu gosto desconhecido. me dedo uma vez. Se eu eu vir do algo incomum, farei farei o o Se vir algo incomum, Eu gosto desconhecido. possível para para verificar. verificar. possível Se eu vir algo incomum, farei o possível para verificar.

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Fonte: criadopela pelaDra. Dra.Elaine ElaineAron Arone efoitraduz Fonte: criado tradu


STE Fico entediado em passar tempo com as mesmas pessoas todos os dias. Meus amigos dizem que é difícil prever o que vou querer fazer. Eu gosto de explorar uma nova área. Eu evito ter uma rotina diária. Sou atraído pela arte que me proporciona uma experiência intensa. Eu gosto de substâncias que fazem eu me sentir "alto". Eu prefiro amigos que são imprevisíveis. Estou ansioso para estar em um lugar novo e estranho para mim. Para mim, se estou gastando dinheiro para viajar, quanto mais exótico o país, melhor. Eu gostaria de ser um explorador. Gosto quando alguém faz uma piada ou comentário sexual inesperado que faz todo mundo rir um pouco nervosamente.

zido uzidodedeseu seusite siteThe TheHighly HighlySensitive SensitivePerson. Person.

RESULTADOS PARA MULHERES Se você marcou 11 ou mais itens, provavelmente é uma caçadora de sensações. Se você marcou 7 ou menos itens, provavelmente não é. Se você pontuou 8, 9 ou 10 dos itens, provavelmente está na busca por sensações. PARA HOMENS Se você marcou 13 ou mais itens, provavelmente é um caçador de sensações. Se você marcou 9 ou menos itens, provavelmente não é. Se você marcou 10, 11 ou 12 dos itens, provavelmente está em algum lugar na busca de sensações.

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Autoconhecimento

presença

Cultivando a

Ilustração: biggorilla298/ Vecteezy

Quando você vive com medo de estar perdendo algo, é sinal que você já está perdendo. Perde-se o momento que se oferece no presente, idealizando um presente que não existe.

Conecte-se com o seu corpo

Vivemos cercados por estímulos que surgem de toda parte. Isso acaba nublando nossos pensamentos e sentidos, nos impedindo de refletir e viver no presente. Por isso, observe o que lhe rouba a presença e tente criar limites. Se esses estímulos não estiverem lhe colocando no aqui e no agora, não dê tanto poder a eles. Afinal, só aproveitamos a vida quando estamos presentes e participativos no agora.

3. Escolha partes diferentes do corpo para dirigir a sua atenção por alguns momentos (mais ou menos 15 segundos cada): mãos, pés, braços, pernas, abdômen, peito, cabeça etc. Sinta o campo de energia dessas partes tão intensamente quanto puder!

As redes sociais podem ser ladras de presença. Por isso, a nossa dica inicial é que você utilize aplicativos como o Forest, que calcula o tempo diário gasto no aparelho e lhe estimula a ficar longe das telas por meio de uma estrutura de game. O Instagram tem um mecanismo parecido, basta ativá-lo. Para desenvolver a presença, o silêncio, a atenção plena, práticas meditativas e sensoriais são sempre uma boa escolha. Vamos ao exercício?

1. Deite-se em um lugar onde possa se concentrar. 2. Inspire e expire profundamente quatro vezes.

4. Deixe sua atenção percorrer o corpo, como uma onda, dos pés à cabeça e da cabeça aos pés. Perceba o seu corpo como uma unidade. Mantenha o foco nessas sensações. 5. Se a mente, ocasionalmente, conseguir desviar a sua atenção para fora do corpo e se você se perder em algum pensamento, não se preocupe. Apenas retome a atenção na sua respiração e permita que ela lhe direcione para dentro do seu corpo novamente. 6. Abra os olhos. 7. Torne isso parte da sua rotina.

dica de leitura!

tempo de duração De 3 a 5 minutos. Ou o quanto for necessário.

por quê fazer?

Com o tempo, essa prática proporciona maior serenidade, paz, sentido e presença. Além do fortalecimento do sistema imunológico.

O exercício do cultivo da presença foi extraído do livro “O Poder do Agora”, de Eckhart Tolle (Editora Sextante)

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Meu fil ho ´e aut ista

Experiências de uma maternidade azul

Ilustração: Freepik

O que você faria se recebesse o diagnóstico de que seu filho tem autismo? Se essa pergunta te deu um aperto no coração, é sinal de que precisamos falar sobre isso. Entrevistamos uma mãe azul e ela vai te dar uma aula sobre resiliência, reinvenção e empatia.

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Histórias que inspiram O que você sabe sobre o autismo? Agatha tinha 27 anos quando ficou grávida do seu segundo filho. Ela não sabia nada sobre esse assunto – ou sabia, o mesmo que estamos acostumados a ver na televisão: aquela ideia de que o autista é uma pessoa agressiva e debilitada. Arquiteta de formação, nessa época, Agatha Manhanhães tocava seu próprio negócio, trabalhando com papelaria personalizada. Um negócio promissor e que já estava alcançando uma boa repercussão. No dia 22 de agosto de 2016, o Hugo nasceu. E a família de Agatha, Roger e Pietro aumentou de tamanho. Mas não foi só isso que aumentou. A partir daí Agatha também vivenciou uma expansão do seu poder pessoal. Um ano e cinco meses depois, vinha a confirmação do autismo de Hugo. No início, houve luto e incerteza ao pensar sobre o futuro do filho. Em seguida, crescimento e a redescoberta de um lugar de força, resiliência, determinação e reinvenção. Tudo acessado pela fonte do amor! “Com a descoberta do autismo, me senti paralisada em toda a atividade que eu fazia, engordando 30kg. Nessa jornada, sempre soube que precisava fazer algo que realmente tivesse um significado maior para o mundo e assim tenho percorrido meu caminho no ano de 2019. Emagreci 20 kg, perdi o medo de dirigir... tudo para poder gerar uma melhor qualidade de vida para minha família”, nos contou ela na entrevista inspiradora e es-

clarecedora que você vai ler nas páginas seguintes. O diagnóstico de Hugo também criou uma nova área de interesse para Agatha, que agora estuda pedagogia, a terapia ABA (que pode ser traduzida para o português como Análise do Comportamento Aplicada) e intervenção precoce. É também mediadora escolar. “Pretendo me especializar mais e começar a atuar em 2020. Tudo que puder me fazer ajudar ao meu filho e seus amiguinhos”, revela a mãe do Hugo e do Pietro. O autismo é uma condição crônica que costuma ser diagnosticada na infância. Normalmente afeta a comunicação, a capacidade de aprendizado e adaptação do indivíduo. O que causa o autismo ainda é motivo de muita discussão científica, com alguns falando sobre genética, outros sobre infecções durante a gravidez e também há aqueles que responsabilizam a poluição com a qual convivemos. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, aproximadamente 70 milhões de pessoas no mundo têm o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como a nomenclatura já diz, trata-se de um “espectro”, uma série de elementos distintos que formam um todo. Portanto, nenhum autista é igual ao outro, assim como eu não sou igual a você. Todos somos diferentes e precisamos respeitar e aprender a amar isso! Respeitar o que não é espelho é o primeiro passo para amadurecermos enquanto humanos e, consequentemente, enquanto sociedade.

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Histórias que inspiram Inspira: Antes do Hugo, qual era a sua visão sobre o autismo? Agatha Manhanhães: Juro! Nem fazia ideia do que se tratava. Como a maioria da população usava isso como um adjetivo para aquela pessoa que está fora de si. Não fazia ideia alguma mesmo! Soube por uma reportagem no Jornal Hoje, no dia 02/04/2018, em que se falava todos os “sintomas” que Hugo apresentava e dava o nome de autismo. Digitei no Google o que era isso e meu mundo caiu. Inspira: Conte-nos um pouco sobre a sua gravidez do Hugo, até o momento do diagnóstico do autismo.

Não é ter um presente, ser merecedora ou ter um anjo azul. Não é nada disso. Hoje vejo como uma missão de vida. Agatha Manhanhães sobre a maternidade azul

marcos esperados. Virou, rolou, engatinhou e, ainda aos 8 meses, começou as primeiras palavras. Sempre teve interesse no outro, sempre sorriu muito.

O Hugo não foi planejado, mas muito amado desde o primeiro momento. Até então, eu morava com meu pai e o Roger com a mãe dele. No dia seguinte da descoberta da gravidez, nos casamos e começamos a planejar nossa casa, nossos sonhos e tudo mais. Logo no início surgiu uma dor de dente muito forte e descobri que necessitava fazer um canal. O siso começou a doer ao mesmo tempo. Fui a mais de 10 dentistas e nenhum quis se responsabilizar em mexer no meu dente. Mesmo com pedido da obstetra, com a indicação da anestesia específica. Passei a gravidez à base de amoxicilina e dipirona. Um dia, lá pelo oitavo mês, precisei ir à emergência clínica e ser medicada na veia de tanta dor, com o remédio mais forte que tinha. Ele nasceu no tempo certo, 39 semanas, com todos os exames saudáveis. Se desenvolveu muito bem! Era uma criança fofa e risonha. Ele se desenvolveu com todos os

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Agatha, seu marido Roger e o filho Pietro esperando o Hugo. Ao lado: o nascimento e Hugo, aos 6 meses, risonho no colo da mãe.


Sempre foi muito responsivo, interagia conosco. Sem conhecimento, eu nunca iria perceber pequenos e sutis sinais que ele tinha, como: gostar muito de ficar no berço do que no colo, a busca sensorial do dedo na boca, sempre estar segurando um objeto aleatório. Até que, com 1 ano e 5 meses, ele teve a poda neural e regrediu. Tudo que ele sabia, ele deixou de fazer. Deixou de falar, parecia surdo, não nos ouvia, não respondia a comandos básicos. Tentava fazer tudo sozinho, acessar brinquedos. Começou a ficar muito hiperativo, correr de um lado a outro, começou a falar as letras e números em outros idiomas, rasgava livros e papéis em minipedacinhos e colocava em ordem. Também colocava batata frita, biscoitos e carrinhos um do lado do outro. Nem com as minhas suspeitas a pediatra desconfiou de autismo. Disse que era um jeitinho dele e que deveria ser porque ele seria muito organizado no futuro. Esbarrei com profissionais incapazes pelo plano de saúde até que fui descobrindo o caminho das pedras e achei o melhor tratamento possível, que ele faz até hoje. Hoje, ele tem um desenvolvimento igual ao de

uma criança da sua idade. O momento mais difícil, com certeza, foi a desconfiança. Foram uns cinco meses de muita tristeza e sofrimento pra mim como mãe. Inspira: Qual foi a sua primeira reação diante desse diagnóstico?

O medo me paralisou nesse momento. Só pensava no que ele não teria, no futuro, nos amigos... A imagem que eu tinha do autis-

O momento mais difícil, com certeza, foi a desconfiança. Foram uns cinco meses de muita tristeza e sofrimento pra mim como mãe.

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ta era da pessoa extremamente debilitada, sem conseguir se comunicar com o mundo. Inspira: Vimos que você chegou a pesar 105 kg depois da sua segunda gestação (tendo engordado 30 kg). O que você acredita que tenha te levado a esse peso e o que lhe ajudou a se recuperar disso?

Eu não tinha mais tempo para me cuidar. Me afundei no diagnóstico. Tive um luto muito forte, sofri muito e descontava a ansiedade na comida. Quando percebi o sobrepeso, sentia fortes dores nas pernas, não dormia direito... Eu iniciei 2019 determinada a ser melhor. Eu precisava disso para me reerguer, estava no processo de recuperação. Então decidi revolucionar minha vida. Segui os passos dos 21 dias: se eu fosse 21 dias direto para a academia, sem faltar, ia se tornar um hábito e seria mais fácil. Assim foi, depois de um tempo passou a ser algo que eu gostava de fazer. Junto da dieta, fui a um nutricionista que me acompanha até hoje nessa jornada. Troquei hambúrguer por roupas de academia. Saí do manequim 50 para o 42. Inspira: Como você enxerga, hoje, a experiência de ter um filho autista?

Precisei passar por tudo isso para me tornar uma pessoa mais empática e humilde. Não é das mais fáceis...não é ter um presente, ser merecedora ou ter um anjo azul. Não é nada disso. Hoje vejo como uma missão de vida. Não posso passar por essa experiência em silêncio! Sinto que preciso fazer algo por

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outras mães e famílias que se descobrem nesse novo mundo. É resiliência, força e determinação. É acordar todo dia esperando um dia melhor. Hoje acredito mais no mundo, é capaz de mudá-lo. Precisamos dar voz às crianças que não falam, às mães que não tem força para gritar. Precisamos mostrar que não há problema em ser diferente, não há problema em ser autista. Pra mim foi um divisor de águas. Inspira: O que mudou entre a Agatha antes e depois dessa maternidade azul? Que lições de vida você pode compartilhar conosco? A maior lição que tenho hoje é não julgue a mãe do lado. Como essa frase é importante! Como as crianças autistas, na maioria, têm questões sensoriais, esterioti-


Histórias que inspiram pias (movimentos repetitivos como pular, girar, bater as mãos), têm seus barulhinhos e hábitos diferenciados, nós esbarramos diariamente com os olhares e comentários (na maioria maldosos). Antes, eu, de fato, iria falar: “Nossa! Como essa mãe deixa essa criança fazer isso?” ou “Por que essa criança não para?”. Hoje, eu olho, respeito e penso: E se fosse comigo? Será que essa mãe precisa de ajuda? Precisei passar por tudo isso para me tornar uma pessoa mais empática e humilde. Inspira: Como é a sua rotina? Você trabalha fora? Como gerencia seu tempo? Teve que re-arranjar a vida financeira drasticamente?

Hoje eu não trabalho fora. O papai do Hugo trabalha embarcado e fica até 35 dias

O peso de esconder um diagnóstico é muito grande para a mãe. fora. Minha rede de apoio se estende a algumas vezes a minha sogra ou minha mãe. Então a maior sobrecarga fica nos meus ombros. Pelas manhãs, diariamente, o Hugo tem atendimento em casa com uma psicóloga, assistente terapêutica que trabalha os objetivos do modelo Denver com ele por 3 horas. Após, vamos para a escola, de ensino regular, e depois tem o esporte e voltamos para casa. Nas segundas, temos fono também. Quando o Hugo volta para casa, na

Foto de família: Hugo já com 1 ano e 4 meses. Na foto da página anterior, uma de suas brincadeiras. "Mesmo tendo varios brinquedos, preferia ficar dentro das caixas e com objetos que não eram brinquedos", lembra Agatha.

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Histórias que inspiram maioria das vezes, já vem dormindo, e assim fica até o outro dia. Ele fica bem cansado, mas adora as terapias. Ele deveria fazer mais tratamentos, porém não temos mais como arcar financeiramente e o plano de saúde não reembolsa nada. Então precisamos optar pelo essencial! Aqui, o dia precisa ser mega planejado! Temos um enorme quadro na sala para organizar a rotina da casa, pois senão nos perdermos. Tenho um filho de 8 anos, o Pietro, que também precisa de atenção e carinho. Além da rotina com os meninos, tem o meu tempo pessoal e as rotinas de casa. Tenho uma ajudante 1 vez por semana. Fora isso, comida, roupas, é tudo comigo! Tem dias que não sei se aguento.

to! Bato perna por aí, assisto um filme, leio um livro...é quase uma religião! Preciso desse tempo para me encontrar nesse caos. Inspira: A sociedade ainda tem muito a evoluir em termos de estrutura, recepção e empatia ao autista? Gostaríamos de saber seu ponto de vista.

Muito tem sido feito! Na maioria, essas mudanças vêm acontecendo por trabalho árduo de mães, pais, famílias de crianças autistas inconformadas com tudo que acontece. Falta, sim, muita informação! Na minha opinião é esse o problema. O autismo não tem cara, não tem uma característica física explícita. Por muitos anos, pessoas autistas eram taxadas de choronas, mimadas, preguiçosas, tímidas ou mal-educadas. As pessoas não conseguem perceber as diferenças que essas crianças apresentam! Precisamos levar informação para a sociedade e tirar o estereótipo do autista ultradebilitado.

Precisamos mostrar que não há problema em ser diferente, não há problema em ser autista.

Nossa vida financeira mudou drasticamente! Tentamos fazer os tratamentos pelo plano de saúde, porém eles não têm uma rede capacitada com o tratamento proposto pelo neurologista e por isso precisamos nos sacrificar para dar a ele as melhores oportunidades de vida. O tratamento intenso e precoce é a chave para um futuro mais independente para as crianças autistas. De certo que essa foi a melhor escolha que fizemos! Hoje, os atrasos globais do Hugo são mínimos! Aqui, no Rio de Janeiro, esse tratamento custa em média de 3500 a 4000 reais. Inspira: Como você fortalece a sua saúde mental para “não entregar as pontas”?

Dedico uma hora do meu dia (no mínimo!) para coisas que gosto. É meu momen-

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Inspira: Houve algum episódio envolvendo falta de empatia e desrespeito em relação a você e ao Hugo? Se sim, poderia nos contar?

Diversos. Há poucos dias estávamos em uma fila preferencial. No local, não havia indicação do símbolo do autismo, porém, sabendo do direito do meu filho, fomos. Pouco depois, ouvi uma mulher na fila me criticar, falar que eu não deveria estar ali, palavras grosseiras...Mesmo tentando me controlar, não consigo aceitar esse tipo de pessoa! Isso faz com que muitas mães fiquem acuadas e


com medo de utilizar o direito dos seus fi-

Eu não tenho problemas, pois meu filho é autista e será sempre. Quanto mais falarmos abertamente a respeito será melhor. lhos, às vezes até prejudicando a criança. Outras, não usam para não taxar a criança de deficiente. Enfim, eu não tenho problemas, pois meu filho é autista e será sempre. Quanto mais falarmos abertamente a respeito será melhor. Os casos de suicídio entre os autistas na adolescência são consideravelmente altos, visto que eles não entendem o porquê de serem diferentes e de não se adequarem à sociedade. Nesse episódio, eu precisei discutir com a mulher, que não parava de falar a nosso respeito aos quatro ventos. É humilhante e ultrajante ser tratado assim. É aquela: empatia, é difícil de se ver por aí...

sado um tempo, aceitando melhor o autismo, eu já tinha ideia de abrir a conta no Instagram, porém tinha medo de estigmatizar meu filho. Um dia passei um preconceito muito grande por uma atendente de um cinema aqui no RJ. Saí do caixa, chorei, chorei e me prometi que nenhuma mãe mais iria passar pelo que passei. Conversei com meu marido e disse que precisava contar a todos sobre o autismo e ajudar mães que passam diariamente pelo que passei e não tem forças de gritar pelos direitos dos seus filhos. O peso de esconder um diagnóstico é muito grande para a mãe. Ter que justificar atos "estranhos" do seu filho, não habituais, como ficar colocando coisas em ordem, girando, andando na ponta dos pés, birras, com "Ah! É porque ele tá com sono", "Ah! É porque ele está irritado" é muito, muito, cansativo!

Inspira: O que te motivou a criar o perfil @mmaternidadeazul no Instagram?

Logo que descobri o autismo, criei o perfil só pra mim, como um diário que meu filho pudesse ver no futuro. Depois adicionei apenas amigos próximos e familiares, quando decidi mostrar para eles o autismo, era mais fácil explicar por ali. Pas-

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Sua vida nas estrelas

Universo particular os chara karakas e os planetas que orbitam a sua vida Escrito por Vanessa Lôbo Uma das vertentes mais conhecidas e utilizadas na Astrologia Védica são Charas Karakas. São utilizados para nomear características fundamentais sobre uma área específica da vida do nativo. São eles: Atma Karaka: É o planeta com maior grau no mapa astral, mostra as lições a serem aprendidas nessa vida e o profundo desejo da alma de aprender sobre os assuntos que aquele planeta rege. O signo e a casa em que o Atma Karaka é colocado revelam mais características sobre o propósito da alma ter encarnado. É como se este planeta fosse o Rei/Rainha do Mapa astral. Particularmente, em minhas pesquisas, considero o Atma Karaka como também um significador das características do pai da natividade. Tenho aplicado e visto resultados neste método. Amatya Karaka: É o planeta com segundo maior grau no mapa astral. Revela as características sobre a carreira profissional da natividade. Se o Atma Karaka é Rei/Rainha, o Amatya Karaka é o ministro. Bhratri Karaka: É o planeta com terceiro maior grau no mapa astral. Refere-se a irmãos, e as influências sobre este planeta dirão quais potencialidades e desafios no relacionamento com eles. Matri Karaka: É o planeta com quarto maior grau no mapa astral. Mostra as características da Mãe e o relacionamento com ela.

Putra Karaka: É o planeta com quinto maior grau no mapa astral. Revela as características dos filhos e se a natividade terá crianças nesta vida. Gnati Karaka: É o planeta com sexto maior grau no mapa astral. Os assuntos que este planeta rege serão responsáveis pelos obstáculos que a natividade enfrentará nesta vida. Dara Karaka: É o planeta com menor grau no mapa astral. Revela as características e detalhes sobre o cônjuge. Karaka significa “aquele que causa”, ou seja, cada astro é responsável por estes assuntos apresentados. Os planetas considerados como Karakas são: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Vênus, Júpiter e Saturno. Cada área da sua vida estará sendo regida por estes planetas, e se estiverem bem posicionados no mapa astral trarão grande satisfação e alegria. Um Mercúrio como Dara Karaka indica que o cônjuge será comunicativo e de personalidade jovial. Marte como Atma Karaka mostra uma alma que veio para aprender sobre coragem, estratégia e lidar com sentimentos de raiva. Estes são breves exemplos de como os Charas Karakas atuam em sua vida. @astrologiaecura

Vanessa Lôbo é criadora do projeto Astrologia e Cura e tem como propósito trazer consciência, poder de escolha e paz de espírito através da Luz da Astrologia Védica.


Foto:: 3Motional Studio - Pexels


Geografando

O que eu aprendi com a minha primeira viagem sozinha? Desapegar e conviver é bonito no discurso, na prática é duro. Mas na coluna Geografando dessa edição, você vai entender porque vale tanto a pena se jogar nesse mundo e aprender com tudo o que ele tem a oferecer. Escrito por Geovana Chrystêllo um pouco desse luxo. Beleza! Afinal de contas estava frio e nem dava pra suar. Mas e quando na Brasileiro que é brasileiro, hora reservada para o seu banho, adora um chuveiro. E eu juro que surge a oportunidade de ir em tentei encaixar minha rotina de uma festa, clandestina, com todos os seus mais novos amigos de infância, no meio do deserto do Atacama? É claro que não dá pensar duas vezes. Vai sem banho mesmo! A questão era que no dia seguinte, por volta das 5h30 da manhã, eu já deveria estar pronta esperando a van para o próximo pasNa minha priseio, mas, por meira viagem soziAntes de ir para à Playta, festa clandestina no meio do motivos de frio nha, eu aprendi muito Deserto do Atacama. Temperatura de -8 graus Celsius. + horário + não a exercitar: atrapalhar a ga1. Desapego pelo menos dois banhos ao dia lera que dividia o quarto comigo, A prática do desapego co- no corre e corre dos passeios. Mas alguém obviamente nem chegou meçou na arrumação da mala. quando você está em uma tem- perto do banheiro. Viajar sozinha(o) é um dos itens de “coisas a se fazer antes de morrer”, que tem que estar na lista de todo mundo. Todo aquele papo de autoconhecimento, apesar de parecer muito clichê, é verdade! Talvez não role de cara, logo na primeira viagem, mas pode ter certeza que até chegar lá, tudo o que você viver vai contar, e muito, para o seu aprendizado pessoal, afinal de contas, como diz o ditado “Aquele que volta de viagem, certamente não é o mesmo que vai”.

maquiagens e acessórios foi até fácil, mas lidar com a falta de banho…

Quanto menos peças, melhor. Assim evitava pagar com despacho e consequentemente, o peso de carregar a mala pra cima e pra baixo. Desapegar das roupas,

peratura de mais ou menos 8°C, em um hostel onde, pra ajudar, o banheiro era em um ambiente externo, pegando toda friaca possível, você acaba abdicando

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Uma contextualização: não era uma festa normal. Era uma festa improvisada, chamada pelos locais de Playta, no meio do nada, em torno de uma fogueira,


que era a única alternativa possível pra espantar o frio. Frienta que sou, só não cheguei mais perto para preservar a minha segurança. O resultado foi um dia inteiro com um cheiro insuportável de fumaça, e mais de 24h sem saber o que era um sabonete. No final das contas, mesmo fedida, eu estava plena de ter vivido aquela experiência toda, que contava mais que qualquer banho.

2. Compartilhar espaços Se hospedar em um hostel é saber que o que é seu, na verdade é de todo mundo. Claro, existe o controle das suas coisas pessoais, mas jamais o seu quarto será de fato o seu quarto. Além de você, existem outras pessoas com hábitos, culturas e rotinas diferentes. Pode ser que naquele lugar, tenha só a galera de férias, como você. Mas pode ser que não, e pode ser que você também não faça parte da galera de férias. Independente do lado que estiver, nessas horas, bom senso e respeito pelo seu roommate, mesmo que você não faça ideia de quem ele seja, são essenciais. Uma dica: não seja a pessoa que chega acendendo a luz e falando alto, independente da hora do dia. No quarto onde eu estava, tinha um iraniano que estava a estudos no Chile. Logo, o nosso time para as coisas era muito diferente. Enquanto eu chegava de um rolê, ele se preparava para dormir e assim encarar mais um dia normal na vida dele. E principalmente, não seja a pessoa que se troca em um quarto compartilhado! Pode parecer

absurdo, mas eu mesma já tive que esperar do lado de fora, até que um dos meus “colegas” se vestisse por completo.

3. Orgulho nacional Eu sempre fui apaixonada pelo Brasil, mas viajar para lugares com cultura forte, e conhecer novas culturas, é um exercício tremendo para que a gente olhe para nossa terrinha e veja o quão importante e maravilhosa ela é.

"No final das

contas, mesmo fedida, eu estava plena de ter vivido aquela experiência toda, que contava mais que qualquer banho.

"

Viajando pelo Chile, percebi o quanto eles são patriotas, mas não de um jeito superior. São patriotas porque reconhecem e valorizam a história que tiveram, história essa que teve períodos de colonização, independência, conquistas e ditadura, assim como a nossa. Por isso é fundamental respeitar, reconhecer e nunca esquecer o que foi vivido até agora.

sanduíches. Depois de alguns dias variando entre macarrão e “italiano”, um tipo de cachorro quente com abacate (lá, palta) muito famoso no Chile, e uma das opções mais baratas, por sinal, veio a vontade de comer comida de verdade, daquelas com cheiro de casa e tempero de mãe. Foi nessa hora que eu conheci a minha espécie de mãe do hostel, que pelo sotaque, já me puxou pelo braço pra cozinha carinhosamente nomeada por ela de cozinha Brasil, onde todos os brazucas compartilhavam arroz, feijão, farofa, ovo, e muito carinho uns com os outros. Disparado, foi a melhor janta.

4. Autoconfiança Talvez esse tenha sido o aprendizado mais significativo. Reconhecer os nossos limites, nossas forças e sobretudo, nossas qualidades, muda a gente. Sempre fui bem sociável, mas confesso que bateu o medinho de não fazer amigos. Acontece que para minha surpresa, eu fiz amizade com os mais variados tipos de pessoas, desde a “patricinha” até o mochileiro raiz. A questão é que, independente do grupo social o qual você se classifica (se é que ainda tem isso), sempre vai ter gente disposta a trocar ideia e literalmente, experiências, que vão te fazer sentir a pessoa mais legal do mundo, porque você realmente é.

Fora os brasileiros, que em qualquer lugar do mundo que você estiver, sempre vão te abraçar e oferecer um prato de feijão com arroz pra acaGeovana Chrystêllo, lentar o coração, o que faz 26 anos, apaixonada muita diferença quando por praia, viagens e você faz viagens low costs sempre em busca e tem uma dieta a base de de bons momentos

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5 Dicas

5

COMO ORGANIZAR O SEU

TEMPO

dicas

Os segundos formam os minutos. Os minutos formam as horas. As horas formam um dia. Os dias formam a semana. E assim, os meses, os anos..., a vida! Tempo não é apenas dinheiro. Segundo o crítico literário Antonio Candido, tempo é o "tecido da nossa vida". Se organizar o seu tempo direitinho, dá pra viver tudo o que você sonhou!

meiro existiu na imaginação. Então, imagine-se daqui a 5 anos. Como você planeja estar física, emocional e profissionalmente? Que sonhos pretende ter realizado? A primeira dica é que você reflita e escolha o destino para onde você quer embarcar. Porque como diz a frase: “Para quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve”. Saber o que quer molda como você organiza seu tempo com sentido. Defina o destino.

2 Um passo após o outro. É as-

sim que a gente chega ao nosso destino. Seja ele estudar mais, ler um livro por mês ou comprar uma casa. O que você pode fazer hoje que vai te colocar mais perto do que você quer? Quebre a sua meta em dezenas de pequenos passos que você possa executar diariamente. Crie o seu mapa!

3 Tenha uma agenda. Um dia tem

24 horas. O indicado é que você durma oito horas por dia. Ainda sobram 16 horas para você administrar de acordo com os seus deveres e anseios. Se você trabalha oito horas por dia, ainda há oito horas para dedicar a outras atividades. Faça bom proveito delas! Uma agenda (de preferência de papel), pode te ajudar a tomar consciência do seu tempo e dividi-lo de maneira correta, desde que reconhecendo que você não é uma máquina. Toda vez que você cumprir um objetivo do

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dia, risque-o da agenda. Isso dá uma sensação maravilhosa de movimento!

é estabelecer limites e cuidar de si. Fuja dos ladrões de tempo!

4 Defina prioridades. Aquilo que é

Volte à página 41, onde falamos sobre cultivar a presença. As redes sociais podem ser maravilhosas (a gente também está lá!), mas é preciso colocar limites ou você será sugado pela vida digital. Aprenda a usá-las com moderação. Existe vida além do smartphone!

prioridade deve ser prioridade, portanto, feito primeiro. Estamos falando da sua vida, então, não foque apenas em quem você quer ser profissionalmente. Estabeleça suas prioridades também de acordo com o que considera uma vida feliz e plena: tempo para a família, para dormir, para se exercitar, para ver Netflix. Essas não são tarefas menos importantes. No fim, são elas que fazem tudo valer a pena!

5 Você não precisa fazer tudo em um único dia. Ok! Algumas prá-

ticas você deve e quer fazer todos os dias, mas nem todas precisam ser encaixadas dentro das 24 horas. Assistir um filme, lavar os banheiros e fazer comida são coisas que, por exemplo, você pode tirar apenas um dia da sua semana para fazer. Não se sobrecarregue! Viajante com muitas bagagens não consegue sair do lugar.

Bônus! Aprenda a dizer NÃO. Aprender a dizer não para aquilo que não corresponde ao que você deseja

Ilustração: Pikisuperstar/ Freepik

1 Eu futuro. Tudo que existe, pri-


"Nรฃo abandone um sonho sรณ porque vai demorar a acontecer. O tempo vai passar do mesmo jeito."

Foto: Matt Seymour/ Unsplash

Foto: jeremy Bishop/ Unsplash

H. JACKSON BROWN




Foto: topntp26/ Freepik



Foto: Scott Serhat Duygun


INSPIRAÇÕES DO MÊS PARA CRIAR BONS HÁBITOS Loop - Acompanhador de Hábitos | Play Store Como estão os seus hábitos? Se você não sabe muito bem como acompanhá-los, o aplicativo para celular Loop – Acompanhador de Hábitos pode ser uma boa ferramenta para organizar o que deseja fazer. Com uma interface simples e funcional, o app possibilita criar uma lista de tarefas para os dias e monitorar estatisticamente como está sua frequência. Quando chega a hora marcada de cada hábito listado, você é informado por meio de lembretes. Além de ser gratuito, o Loop é livre de propagandas. “Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência não é um feito, e sim, um hábito”, defendeu Aristóteles. Cuide de seus hábitos!

UM FUTURO SEM LIVROS? Fahrenheit 451 | 1966 Imagine um mundo sem livros e onde toda forma de leitura é proibida. Pouco a pouco, muitos dos nossos conhecimentos seriam perdidos. Para guardar as histórias e as informações, voltaríamos à oralidade – tempos em que o conhecimento era passado boca a boca. Adicione a esse cenário bombeiros que, ao invés de apagar o fogo, incendiam cada página escrita. É nessa ambientação que se passa o filme Fahrenheit 451, dirigido por François Truffaut. Lançado em 1966, o longa é uma adaptação cinematográfica do livro homônimo de Ray Bradbury. Essa ficção distópica dialoga com os nossos dias. O que será do futuro sem os livros? E o que será do presente sem eles?

Só Freud explica! Provavelmente você já deve ter ouvido a expressão “Freud explica”, mas pode ser que ainda não saiba quem foi Sigmund Freud. Nascido numa família judaica, na região onde hoje é a República Checa, foi na Universidade de Viena, na Áustria, onde se formou em medicina. Anos mais tarde, Freud cria a psicanálise e se dedica a examinar e a sistematizar a psique humana. O método psicanalítico, grosso modo, toma como base a linguagem – a partir dos sonhos, dos atos falhos, dos chistes, dos gestos etc. -, para investigar o inconsciente. Isto é, no desenvolver do processo analítico-terapêutico entre

UM OUTRO OLHAR SOBRE O BRASIL Brasil, País do Futuro | Stefan Zweig O livro que cunhou um sobrenome para o Brasil, foi publicado pela primeira vez em 1941. À ótica de um estrangeiro que escolheu o país para fugir dos regimes totalitários da Europa, a obra mostra as impressões causadas no Brasil do começo da década de 1940. Para pesquisar e conhecer os costumes brasileiros, Zweig passou por alguns estados, como Rio de Janeiro, Recife, Bahia, São Paulo e Amazonas. Na narrativa, além das previsões de um possível futuro que saltaram aos olhos de um estrangeiro, o leitor é conduzido a uma volta ao passado, a partir de análises da história e da economia brasileira. Stefan Zweig via no Brasil a possibilidade de um país se desenvolver sem a necessidade de passar por guerras e por explorações territoriais.

Nem sempre estamos livres de cometer erros que ridicularizamos nos outros. SIGMUND FREUD

o psicanalista e o analisado. As obras de Freud identificam e descrevem com genialidade, dentre muitas coisas, a incongruência entre o ser humano, atravessado por instintos e por pulsões, na vivência em sociedade, organizada por leis e por restrições. Caso você tenha se interessado, indicamos a leitura do livro O Mal-estar na Civilização, de Freud. Não deixe essa dica escapar!


Compartilhe a sua história com a gente! Quem sabe ela inspira alguém que está passando pela mesma situação? Escreva para a Revista Inspira!

Foto: Neel/ Unsplash

E-mail: movimentoinspira@gmail.com ASSUNTO: MINHA HISTÓRIA INSPIRA


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