Revista RACING Digital Especial - Guia da F1 2025 by BRB

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Sauber C45
Ferrari • SF-25
McLaren • MCL39 Red Bull • RB21
Mercedes • W16
Aston Martin • AMR25
Alpine • A525 Haas • VF-25
Racing Bulls • VCARB 02 Williams • FW47

AAinda é 2025, mas uma nova F1 está aí!

inda falta 1 ano para que a F1 faça a estreia do regulamento para os novos carros da categoria, mas muitas novidades já apareceram nesta temporada. A primeira e uma das mais aguardadas é a dupla Ferrari/ Lewis Hamilton. Depois de uma carreira vencedora tendo como base a equipe e os motores Mercedes, Hamilton foi realizar o seu sonho (e o da maioria dos pilotos) de pilotar e competir com a Ferrari. Uma combinação que tem tudo para dar certo, mas que se não tiver a eficiência esperada, principalmente vindo da organização e do projeto de carro da Scuderia, pode se tornar um pesadelo. Lembrando que muitas das conquistas do piloto inglês foram obtidas pela metódica e rigorosa forma de trabalho dos alemães da Mercedes. Será que a Ferrari vai conseguir implementar este tipo de aplicação certeira, como na época de Michael Schumacher, para destronar a Red Bull, Max Verstappen e os concorrentes que vem forte?

Outra novidade - e que envolve a volta de um piloto brasileiro na F1 - é a renovação de boa parte dos competidores no grid. Dos 20 pilotos, 6 deles são considerados novatos e farão sua primeira temporada completa. Recém-chegados das categorias de base, eles prometem aplicar na Fórmula 1 o mesmo arrojo destemido que os levaram à categoria prin-

cipal. Isso pode fazer com que a temporada tenha momentos de adrenalina e disputas mais fortes e também riscos, em meio a um aprendizado que será adquirido na pista. E sabendo que precisam mostrar resultados (sem causar prejuízos) para não serem descartados.

Um dos estreantes é o piloto brasileiro Gabriel Bortoleto, que disputará a temporada 2025 pela equipe Sauber (futura Audi). Bortoleto traz em seu currículo os títulos da F3 e da F2, o que o credencia com boa performance para a F1. Ele sabe que há muito trabalho pela frente e que a construção de sua carreira na F1 deve ser lida a longo prazo, principalmente devido às grandes mudanças que virão na categoria no ano que vem. Assim, se conseguir fazer um campeonato constante (como mostrou saber fazer bem feito nas categorias de base) e demostrar ser rápido em ocasiões decisivas, pode recolocar o Brasil na frente na Fórmula 1 novamente. Nos bastidores, a F1 comemora 75 anos buscando manter o crescimento e relevância dos últimos 5 anos para se solidificar em um mercado global tão instável e marcado por incertezas. Mas se fizer o seu trabalho de conseguir mostrar show esportivo na pista, o sucesso e público estarão garantidos.

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Revista Racing ISSN 1413-8913. Publicação mensal da Motor Mídia © Direitos reservados.

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F1 promete temporada de

de emoções

Celebrando 75 anos, principal categoria do automobilismo mundial tem expectativa em alta por mudanças no grid e volta do Brasil à categoria

texto: Leonardo Marson / RF1 fotos: F1 Media / Formula 1 / divulgação editorial

FÓRMULA 1 2025 • INTRODUÇÃO

Atemporada 2025 da Fórmula 1 celebra 75 anos da categoria e vai começar com a expectativa de ser o campeonato mais disputado dos últimos anos. A mudança do regulamento prevista para 2026 fez com que as equipes apenas aprimorassem seus carros para este ano. Assim, todos esperam por corridas acirradas, com alternância de vencedores em um ano de grandes mudanças no grid.

A principal destas mudanças é a chegada de Lewis Hamilton à Ferrari, formando uma forte dupla com Charles Leclerc. A equipe italiana busca voltar a ser campeã, algo que não ocorre desde 2008 entre os construtores e desde 2007 entre os pilotos. Já o inglês, depois de três anos sofrendo com a Mercedes, quer voltar a brigar pelo título e se isolar como maior campeão da F1.

Mudanças também ocorreram na Red Bull. Sai o errático Sergio Pérez para a chegada de Liam Lawson, um estreante em temporadas completas que já tem 11 largadas na F1. Porém, a estrela da companhia segue sendo Max Verstappen, que buscará o quinto título consecutivo, algo que apenas Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher conseguiram.

Já na atual campeã de construtores, a McLaren, nada muda. O time, que quebrou um jejum de 26 anos sem conquistas na principal categoria do automobilismo mundial, manteve sua dupla e parte para 2025 com Lando Norris e Oscar Piastri e também entra como candidata ao título, tanto de pilotos quanto entre as equipes.

Na Mercedes, George Russell agora é o primeiro piloto, e passa a ter a companhia de Andrea Kimi Antonelli, novato de apenas 19 anos que debuta na F1 após ter uma carreira das mais fortes nas categorias de base, em que pese um ano de altos e baixos na Fórmula 2. Novatos, aliás, serão algo a ser observados ao longo do ano.

Nada menos que seis pilotos farão pela primeira vez a temporada completa na F1. Além dos já citados Lawson e Antonelli, formam esta lista Oliver Bearman, na Haas, Isack Hadjar, na Racing Bulls, Jack Doohan, na Alpine, e Gabriel Bortoleto, na Sauber.

E este último nome é o que nós, brasileiros, mais prestaremos atenção. Bortoleto recoloca o Brasil no grid da F1 como titular após oito anos. Nesta condição, Felipe Massa foi o último representante do País, em 2017, enquanto Pietro Fittipaldi disputou duas corridas pela Haas em 2020. Gabriel chega ao grid credenciado pelos títulos da F2 e da F3, ambos obtidos em seu ano de estreia.

Nas outras equipes, chamam atenção Carlos Sainz na Williams. O espanhol foi o piloto mais rápido da pré-temporada, e Jack Doohan, que embora estreante na F1, chega pressionado dentro da Alpine, que tem como reserva o argentino Franco Colapinto, que entre altos e baixos na parte final de 2024, deixou uma boa impressão com a Williams e migrou para o time francês.

No calendário, nenhuma novidade. Serão as mesmas 24 corridas do ano passado, sendo que seis GPs, incluindo o de São Paulo, contarão com as Sprints, corridas de 100 quilômetros realizadas aos sábados. Em termos de pontuação, a única alteração é de que não haverá mais o ponto de melhor volta, impedindo a manobra de pilotos irem aos boxes nas voltas finais para tentar este ponto.

Com tudo isso, a expectativa é de um ano dos mais agitados na F1. O primeiro capítulo será o GP da Austrália, no próximo dia 16 de março, enquanto o encerramento ocorre já em dezembro, em Abu Dhabi. Resta aguardar todos os 24 episódios para saber quem terá um final feliz na temporada de 2025.

MELHORES TEMPOS DE CADA PILOTO NOS TESTES PRÉ-TEMPORADA

Igual para seguir grande

Campeã de construtores em 2024, McLaren segue com Norris e Piastri e busca mostrar que pode continuar entre as principais forças da F1

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: McLaren / Divulgação

AS EQUIPES •

Em time que está ganhando, não se mexe. A máxima do esporte mundial foi seguida pela McLaren, que após vencer o Mundial de Construtores em 2024 e quebrar um jejum de 26 anos sem títulos, foi, ao lado da Aston Martin, um dos times que manteve sua dupla de pilotos. Assim, Lando Norris e Oscar Piastri seguem como pilotos dos carros laranjas da equipe inglesa.

Em 2024, o time passou a mostrar força a partir do GP da Emilia Romagna, em Ímola, quando Norris não venceu, mas pressionou Max Verstappen até o final. A partir daí, o inglês venceu quatro corridas e chegou a se colocar, ainda que de forma tímida, como candidato ao título. A campanha terminou com o vice-campeonato mundial para o inglês.

Piastri também fez uma temporada de 2024 das mais fortes. O australiano terminou seu segundo ano na categoria com duas vitórias, uma delas na Hungria, quando Norris pediu de todas as formas a troca de posições, e mesmo com uma queda de rendimento na parte final do campeonato, foi o quarto colocado na tabela de pontos.

Sem grandes mudanças no regulamento para 2025, a expectativa é de que a McLaren siga disputando vitórias com o carro para este ano, o MCL39. Mais do que brigar pelo

bicampeonato de Construtores, a equipe de Woking espera que Norris e Piastri possam acabar com o jejum de títulos de pilotos. A McLaren não tem um piloto campeão desde 2008, com Lewis Hamilton, na agônica decisão em Interlagos, quando bateu Felipe Massa.

Joga a favor do time dos carros laranjas o fato de, nos últimos anos, a McLaren ser o time que mais avança no grid durante a temporada. Já havia sido assim em 2023 e este fator fez com que o time pudesse garantir o título das equipes. Por outro lado, o início dos campeonatos é onde a McLaren tem pecado, já que começa sempre um pouco atrás dos adversários.

Na pré-temporada realizada no Bahrein, ainda em fevereiro, a McLaren foi a sétima equipe com mais voltas, somando 381 giros ao longo de três dias de atividades. Norris até liderou o primeiro dia de ação de pista, mas foi Piastri quem garantiu a melhor volta da equipe inglesa nos testes, ficando com o oitavo posto no combinado das atividades.

Além de lutar por vitórias e títulos, a McLaren tenta provar que a reestruturação promovida por Zak Brown vai manter o time entre os grandes da Fórmula 1. Para isso, é importante que o time siga brigando nas primeiras posições.

O australiano parte para a terceira temporada na F1 credenciado por duas vitórias em 2024 e a quarta posição no campeonato. Além disso, por vezes Piastri se colocou como um piloto até mais capaz de lutar com rivais do que Norris.

O final de temporada do australiano não foi dos mais fortes, muito também por conta da preferência por priorizar Norris, então candidato ao título. Mas, com um novo campeonato, Piastri tenta mostrar que também pode ser um candidato ao título de 2025.

O inglês chegou a se colocar como um dos candidatos ao título de pilotos em 2024. Se faltou força para brigar com Max Verstappen diretamente, Norris venceu quatro corridas e garantiu o vicecampeonato, resultado importante para que a McLaren conquistasse o título entre os construtores. Partindo para 2025 já como candidato ao título desde o início da temporada, o inglês tenta agora ter um bom início de temporada para confirmar a expectativa de que, de fato, é um desafiante ao campeonato de pilotos.

OSCARPIASTRI LANDONORRIS

O campeão chegou!

Ferrari inicia 2025 com expectativas em alta pela chegada de Lewis Hamilton, mas conta também com um forte Charles Leclerc para voltar a ser campeã

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Ferrari / Divulgação

AS EQUIPES

Se tem uma equipe que chega para 2025 com o moral em alta na Fórmula 1, esta é a Ferrari. O motivo, claro, é a chegada de Lewis Hamilton à Maranello, que marca o início da trajetória de um campeão mundial ao time pela primeira vez desde 2015, quando Sebastian Vettel desembarcou na escuderia dos carros vermelhos. Mas a expectativa em alta não se dá apenas pela chegada do heptacampeão.

A Ferrari teve uma boa temporada em 2024, ano em que saiu com o vice-campeonato mundial de Construtores e viu Charles Leclerc, que segue na equipe, acabar com o terceiro lugar entre os pilotos. O monegasco venceu três das cinco vitórias obtidas pela equipe do cavalinho rampante no ano passado, e tem a vantagem de ser o veterano no time, enquanto Hamilton chega agora após 13 anos de Mercedes.

Leclerc, aliás, teve vitórias marcantes em 2024. Pela primeira vez triunfou em casa, em uma corrida que, se teve poucas emoções em Mônaco, ficou marcada pela efusiva comemoração do piloto após cruzar a linha de chegada. O triunfo em Monza também foi dos mais emocionantes, e fez os tifosis se emocionarem como se fosse um título. O monegasco também venceu nos Estados Unidos, em Austin.

Apesar disso, a estrela do time é Hamilton. O inglês busca com a equipe italiana seu oitavo título mundial. As atenções estão todas voltadas ao veterano, responsável por levar milhares de pessoas a Fiorano apenas para ver seus testes ao longo do período sem corridas. Hamilton também mostrou em 2024 ainda estar em boa forma, vencendo duas corridas com a Mercedes, que não tinha o melhor dos carros.

O carro da Ferrari para 2025 é o SF-25, uma evolução do equipamento do ano passado. Desta forma, o time de Maranello espera seguir brigando pelas primeiras posições, como ocorreu ao longo de 2024. Na pré-temporada no Bahrein, a Ferrari viu Hamilton ser o segundo piloto mais rápido, sendo seguido exatamente por Leclerc. Os dois completaram, juntos, 382 voltas, sexto maior número entre as equipes.

O fator Hamilton e o bom desempenho na última temporada colocam a Ferrari como uma das postulantes aos títulos de pilotos e construtores para 2025. O Calcanhar de Aquiles do time de Maranello segue sendo as estratégias, que por vezes mais atrapalham seus pilotos do que ajudam. Se conseguir corrigir isso, os italianos começam o ano com boas chances.

LEWISHAMILTON

O principal nome do grid da F1 nos últimos anos chega para a equipe mais icônica da categoria com a expectativa de voltar a brigar por títulos, algo que não consegue desde a emocionante temporada de 2021. Hamilton mostrou força ao vencer duas corridas e ter boas atuações com a Mercedes em 2024, e com um carro que promete ser mais forte, quer lutar pelo campeonato. O desempenho na pré-temporada também empolga. Além de um grande número de voltas, Hamilton fez a segunda melhor volta dos testes realizados no Bahrein. Se tempos não podem ser tão levados em conta nos testes, pelo menos indicam que o carro pode ser rápido nas mãos do inglês.

CHARLESLECLERC

Leclerc chega em alta na temporada sob a sombra de Hamilton, mas não deverá ser um segundo piloto, pelo menos em um primeiro momento. O monegasco é o veterano na equipe e vem de um 2024 forte, com três vitórias e o terceiro lugar entre os pilotos, ajudando na campanha do vice-campeonato entre os construtores. O monegasco também demonstrou um bom desempenho na pré-temporada, anotando o terceiro melhor tempo dos testes realizados em Sakhir. Assim, pelo menos no início de campeonato, Leclerc deverá entrar em igualdade de condições com seu novo companheiro de equipe.

Qual é a sua?

Red Bull tem Verstappen em busca do penta consecutivo e trouxe Lawson, mas a dúvida está no desempenho do RB21 para brigar entre os construtores

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Red Bull / Divulgação

AS EQUIPES • RED BULL

ARed Bull entra na temporada de 2025 da Fórmula 1 precisando dar respostas aos seus torcedores e ao seu principal piloto. Max Verstappen segue sendo o homem a ser batido e busca o quinto título consecutivo, algo que só foi obtido por Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher. Por outro lado, a equipe austríaca ficou para trás entre os construtores, terminando o Mundial apenas na terceira posição, mesmo tendo o piloto campeão. Isso não quer dizer que o time baseado em Milton Keynes tenha ficado parado. Verstappen terá um novo companheiro de equipe: sai Sergio Pérez, que teve um ano muito abaixo da média em 2024, e chega Liam Lawson, que fará sua primeira temporada completa na F1 após ter disputado 11 GPs entre 2023 e 2024, sempre pela hoje chamada Racing Bulls. Verstappen não chegou a ser seriamente ameaçado na disputa pelo título de 2024, muito graças as sete vitórias nas dez primeiras corridas do campeonato. Porém, não fosse uma alternância entre os vencedores nas outras provas e atuações dignas de prêmio do holandês, como no GP de São Paulo, o título poderia ter se tornado ainda mais complicado de ser obtido.

No outro carro da equipe, Lawson ganhou a chance da carreira para não apenas disputar uma temporada completa, mas também de estar em uma das principais equipes do grid. O neozelandês substituiu Daniel Ricciardo durante a temporada em 2024 e garantiu dois nonos lugares com a problemática Racing Bulls. Isso lhe garantiu uma chance na equipe principal da fabricante de energéticos.

A dúvida de todos está no carro da equipe: o RB21 será um carro capaz de fazer com que Verstappen e Lawson possam lutar constantemente por vitórias? Se levarmos em conta a pré-temporada realizada no Bahrein, os tempos de volta mostram que o carro é rápido, como o quinto melhor tempo do tetracampeão mostra. Mas a Red Bull foi quem menos andou nos testes, com 304 voltas.

Se o carro corresponder às expectativas durante o ano, as chances da equipe entre os construtores caem sobre o que Lawson poderá fazer, já que ninguém duvida da capacidade de Verstappen. Se o neozelandês desempenhar um papel melhor do que o feito por Sergio Pérez em 2024, o time do touro vermelho poderá brigar com seus principais adversários.

O holandês vem de um título em que teve o melhor carro apenas no primeiro terço da temporada passada, e buscará seu quinto título consecutivo, algo que ocorreu apenas duas vezes na F1. Além disso, quando não teve o melhor dos carros, Verstappen mostrou atuações em que maximizou pontos, o que lhe permitiu não ser seriamente ameaçado pelos adversários.

Para este ano, porém, caso o RB21 não se mostre um carro pelo menos capaz de fazer frente aos adversários, Verstappen terá que tirar ainda mais coelhos da cartola, como o da vitória em Interlagos. E isso poderá colocar em risco a hegemonia construída desde a polêmica decisão do campeonato de 2021.

O neozelandês finalmente vai ter a primeira chance de disputar uma temporada completa na F1, e por uma das principais equipes do grid. Lawson, contudo, não é um novato, ou pelo menos não na concepção da palavra. São 11 largadas na F1, sempre pela Racing Bulls, por quem tem três nonos lugares como melhores resultados. Se o desempenho parece fraco, é preciso levar em conta que o carro da Racing Bulls não era dos mais fortes nos últimos dois anos. Na Red Bull, porém, o sarrafo é mais alto e o mínimo que o time espera é que Lawson tenha um desempenho melhor do que o demonstrado por Pérez no último ano.

Mercedes vai à luta com essa juventude

Equipe alemã tem, em Russell e o novato Antonelli a dupla mais jovem do grid da F1 em 2025, e busca voltar a brigar por títulos

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Mercedes / Divulgação

AS EQUIPES • MERCEDES

Uma das equipes que mais atrai atenções na Fórmula 1 para 2025 é a Mercedes. Pela primeira vez desde 2013, o time da estrela de três pontas não terá em um de seus carros Lewis Hamilton, já que o inglês se transferiu para a Ferrari. O que não quer dizer que o time será ignorado por conta de seus pilotos. George Russell segue no time, mas terá como companheiro Andrea Kimi Antonelli, substituto do heptacampeão. Ambos formam, ao lado da Racing Bulls, a dupla mais jovem do grid, com média de idade de 22 anos.

Antonelli, que tem o “Kimi” de seu nome como uma homenagem a Kimi Raikkonen, tem uma carreira vitoriosa na base, com títulos na F4 Italiana e na FRECA, a Fórmula Regional Europeia, sempre apoiado pela Mercedes. Isso rendeu um salto direto para a Fórmula 2, onde até venceu duas vezes, mas passou longe de brigar pelo título. E a dúvida que segue sobre como vai ser o desempenho do italiano na categoria máxima do esporte a motor mundial.

No outro carro, Russell parte para sua quarta temporada com a equipe alemã, mas pela primeira vez inicia o ano

como piloto principal, já que não terá mais Hamilton ao seu lado. O piloto venceu duas corridas em 2024, e teve uma desclassificação em prova em que terminou na primeira posição na pista. Mas a Mercedes teve um carro abaixo das adversárias e o inglês não passou da sexta posição do campeonato.

O carro da Mercedes em 2025 é o W16, e no que diz respeito a quilometragem, o time não pode reclamar, já que foi quem mais completou voltas nos testes realizados no Bahrein. Foram 458 voltas completadas por Antonelli e Russell, e o inglês foi o quarto mais rápido no combinado dos tempos dos testes, ficando atrás apenas da dupla da Ferrari e de Carlos Sainz, que neste ano defenderá a Williams.

Com tudo isso, as dúvidas com relação a Mercedes são sobre se o carro será capaz de brigar consistentemente por vitórias, algo que não ocorre com o time da estrela de três pontas desde 2021, e o desempenho de Antonelli. Se o italiano for o mesmo da F4 e da FRECA, poderá rivalizar com Russell. Se o desempenho, porém, for o mesmo da Fórmula 2, as coisas podem se complicar para a equipe alemã.

GEORGERUSSELL

Um dos melhores pilotos da atual geração, Russell inicia uma temporada como o piloto principal da Mercedes pela primeira vez na carreira. O inglês vem de um bom ano, dentro do possível, em 2024, quando venceu duas vezes com um carro que não era exatamente candidato a vitórias. Para este ano, o piloto tem como trunfos o fato de a Mercedes ter tido a maior quilometragem dos testes de pré-temporada. Mais do que isso, Russell esteve entre os mais rápidos dos testes. Pode ser um alento para a disputa do campeonato deste ano.

Mais jovem piloto do grid, o italiano chega à F1 sob desconfiança. Ninguém duvida da capacidade de Antonelli, campeão da F4 Italiana e da FRECA. O salto direto para a F2, porém, o fez não passar nem perto de disputar o título da principal categoria de acesso. Antonelli alternou entre boas atuações, como as duas vitórias obtidas ao longo de 2024, com exibições erráticas, e terminou com a sexta posição do campeonato. Resta saber se a preparação com a Mercedes vai render na principal categoria do esporte a motor mundial.

ANDREAKIMIANTONELLI

AS EQUIPES • ASTON

Vai subir ou vai descer?

Aston Martin tem sido a melhor equipe do segundo pelotão, mas precisa reagir para não cair no grid

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Aston Martin / Divulgação

AS EQUIPES • ASTON MARTIN

AAston Martin chega em dúvidas para a temporada 2025 da Fórmula 1. O time se mostrou a principal força do segundo pelotão do grid nos últimos anos, terminando na quinta colocação do Mundial de Construtores. Mas, se em 2023 o time de Fernando Alonso e Lance Stroll brigava por pódios, em 2024, sofreu no pelotão intermediário e não ameaçou as quatro principais equipes do grid.

A equipe vem trabalhando em contratação de pessoal, vide a chegada de Adrian Newey, seja na construção da nova fábrica, na região de Silverstone. Alonso é quem tem obtido os melhores resultados da equipe. Mesmo com um carro mais fraco em relação a 2023, o espanhol terminou o ano com a nona posição no Mundial de Pilotos, com um quinto lugar como melhor resultado.

O mesmo não pode ser dito de Stroll. O canadense, filho do dono da Aston Martin, Lawrence Stroll, só pontuou em

seis das 24 corridas de 2024, e teve atuações desastrosas, como a do GP de São Paulo. Ainda assim, Stroll já demonstrou bons desempenhos sempre que teve um carro minimamente competitivo, e ainda pode ajudar o time inglês neste caso.

A Aston Martin parte para a temporada de 2025 da F1 com o AMR25, carro que não demonstrou força nos testes coletivos realizados no Circuito Internacional do Bahrein, em Sakhir. O time completou apenas 306 voltas, número maior apenas que o da Red Bull. Stroll foi o mais rápido da dupla e terminou com a décima posição no combinado dos tempos.

O trabalho da Aston Martin tem sido para a equipe avançar e, no futuro, brigar por vitórias. Porém, o desempenho do carro e as atuações de Stroll precisam ser melhores para o time poder, pelo menos, seguir como principal força do segundo pelotão. Caso isso não ocorra, há o risco real de a equipe dos carros verdes ficar cada vez mais para trás no grid.

O espanhol segue como o principal nome da Aston Martin. E mais do que isso, Alonso é o responsável pelos melhores resultados da equipe nos últimos anos, situação que deve ser mantida na temporada deste ano. O bicampeão busca voltar a brigar por pódios, o que não ocorreu em 2024.

FERNANDOALONSO LANCESTROLL

O canadense já demonstrou bons desempenhos, mas vive uma longa fase ruim, que pôde ser comprovada pela desastrosa atuação no GP de São Paulo. Sem a pressão de deixar o grid, cabe a Stroll tentar retomar os resultados positivos para que a Aston Martin seja mais competitiva entre os construtores.

Com quem eu vou?

Alpine terminou em alta 2024 e tem Pierre Gasly como primeiro piloto. Doohan inicia ano como titular, mas sofre com a sombra de Colapinto

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Alpine / Divulgação

Se tem uma equipe que mostrou poder de recuperação em 2024, essa é a Alpine. O time passou boa parte da temporada nas últimas posições, mas conseguiu um pódio duplo em Interlagos e fechou o ano na sexta colocação entre os construtores. Agora, o time da marca esportiva da Renault, que deixa de ter um time 100% francês, busca seguir avançando, ainda que o clima para um de seus pilotos não seja exatamente dos melhores.

Pierre Gasly vai ser o cara da equipe. O décimo colocado do campeonato de 2024 foi quem mais se mostrou sólido ao longo da temporada passada, mesmo quando o carro mal tinha condições de brigar por pontos. Sem Esteban Ocon, que foi para a Haas, o francês ganha de vez o cargo de primeiro piloto do time azul e rosa.

Jack Doohan, teoricamente, fará sua primeira temporada completa na F1. Teoricamente, pois o australiano passa a conviver com a sombra de Franco Colapinto, agora reserva da Alpine e “queridinho” do consultor Flavio Briatore.

A impressão deixada na estreia, em Abu Dhabi, não foi das melhores, mas agora o filho do multicampeão de motovelocidade, Mick Doohan, precisa de bons resultados para não ser substituído.

O A525 será o carro da Alpine para o campeonato deste ano, e a equipe francesa foi uma das que mais completou voltas ao longo dos testes de pré-temporada, no Bahrein, com 405 giros completados. Gasly foi o responsável por conseguir a melhor volta do time nas atividades, ficando com a nona melhor marca no combinado dos três dias de ação de pista em Sakhir.

Dificilmente a Alpine vai brigar pelas primeiras posições, mas o time tem como objetivo seguir avançando no grid da F1. A recuperação tardia impediu os franceses de brigarem com a Aston Martin por uma posição ainda melhor no campeonato. Resta saber se o carro e as dúvidas internas sobre o companheiro de Gasly permitirão o time a avançar na F1.

Pela primeira vez desde que chegou a Alpine, Gasly começará a temporada da F1 sabendo que é o primeiro piloto. Foi o francês quem obteve os melhores resultados do time em 2024, o que lhe dá moral para o início do campeonato deste ano. O piloto precisará, contudo, de um carro que permita brigar no grupo dos dez melhores sempre.

Como iniciar a carreira na F1 sem que a própria equipe confie em seu trabalho? É desta forma que o australiano vai começar a carreira como titular na categoria. Doohan sabe que Franco Colapinto está pronto para assumir sua vaga, e por isso precisará demonstrar bons desempenhos logo de cara para seguir em sua temporada de estreia.

PIERREGASLY JACKDOOHAN

Mudar para melhorar

Haas troca dupla de pilotos e aposta em Ocon e Bearman para fincar os pés definitivamente no pelotão intermediário da F1

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Haas / Divulgação

AS EQUIPES • HAAS

Atemporada 2025 da F1 tem na Haas uma das grandes incógnitas. A única equipe americana do grid vem de um 2024 em que teve seu melhor desempenho entre os construtores nos últimos anos, terminando com a sétima posição, mas mudou seus dois pilotos para o campeonato deste ano: saem Nico Hulkenberg, que migrou para a Sauber, e Kevin Magnussen, agora piloto da IMSA, e chegam Esteban Ocon, vindo da Alpine, e Oliver Bearman, formado pela Ferrari.

Ocon teve uma temporada complicada na Alpine, mas o surpreendente segundo lugar em Interlagos ajudou na recuperação do time francês entre os construtores, mesmo não correndo a última etapa, em Abu Dhabi. Em uma nova equipe, o piloto, que chega para ser o principal nome da escuderia de Kannapolis, busca mostrar que pode voltar a melhor forma em um time que está em ascensão.

Bearman, por sua vez, é um novato que tem três largadas na F1 e pontos por Ferrari e pela própria Haas. Ape-

sar de uma temporada abaixo da expectativa na Fórmula 2, onde terminou apenas na 11ª posição mesmo vencendo três corridas, o inglês chega para sua primeira temporada como titular na categoria máxima do esporte a motor mundial com moral em alta.

Nos testes de pré-temporada da F1, em Sakhir, a Haas trabalhou muito na quilometragem, sendo o segundo time com mais voltas, 457 giros, apenas um a menos que a Mercedes. O time, porém, não se preocupou com tempos de volta. Ocon foi o 17º mais veloz na folha de tempos, enquanto Bearman fechou a tabela de classificação combinada com a 20ª marca.

A missão da Haas na temporada é deixar definitivamente as últimas posições, e a troca total de pilotos mostra que o time quer mais. Se o carro ajudar, o time pode até almejar repetir a quinta posição entre os Construtores, posição que a equipe americana obteve na já distante temporada de 2018.

O francês é um dos pilotos mais promissores da F1, mas vem de uma temporada ruim na Alpine, mesmo com o pódio em Interlagos. Com a mudança de equipe, Ocon passa a ser o primeiro piloto da Haas, e tem a missão de manter a evolução do time de Kannapolis.

O inglês chega em alta pelos bons desempenhos nas corridas que fez como reserva, tanto pela Ferrari quanto pela Haas. Ainda assim, trata-se de um novato e, pelo menos em um primeiro momento, se conseguir pontuar, ainda que no final do top-10, vai conseguir ajudar os americanos a avançar entre os Construtores.

ESTEBANOCON OLIVERBEARMAN

Velozes e furiosos

Racing Bulls mantém Tsunoda e pesca Hadjar da Fórmula 2 para formar uma das duplas mais jovens do grid – e a mais arisca também

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Racing Bulls / Divulgação

AS EQUIPES • RACING BULLS

Segunda equipe da Red Bull na Fórmula 1, a Racing Bulls tem novidades para a temporada 2025. O time manteve por mais um ano Yuki Tsunoda, que mostrou bons desempenhos nos últimos anos, e tem como novidade a chegada de Isack Hadjar, vice-campeão da Fórmula 2 em 2024, após travar um interessante duelo com Gabriel Bortoleto. Os dois formam, ao lado da Mercedes, a dupla mais jovem do grid, com média de idade de 22 anos, mas com um tom acima no nervosismo durante as corridas.

Tsunoda chegou a ser cotado para assumir a vaga deixada por Sergio Pérez na Red Bull após apresentar, dentro do que era possível com o problemático carro da então RB em 2024, quando fechou o campeonato na 12ª posição, melhor colocação da carreira. Preterido por Liam Lawson, o japonês, também conhecido pelo temperamento forte, parte para sua quinta temporada na equipe como principal piloto e ainda buscando um lugar em um time de ponta.

No outro carro do time estará Hadjar, francês que mostrou muita velocidade na última temporada da F2, vencendo

quatro corridas na campanha que rendeu o vice-campeonato. Mas o piloto se mostrou destemperado por diversas vezes, especialmente nas conversas com engenheiros durante as corridas da categoria de acesso. Essa característica deixa dúvidas sobre como vai ser o desempenho e o relacionamento do piloto agora, na F1.

A Racing Bulls parte para a temporada de 2025 com o VCARB 02, carro que teve uma boa quilometragem nos testes realizados no final de fevereiro em Sakhir, no Bahrein. O time viu Tsunoda e Hadjar completarem 454 voltas ao longo de três dias de atividades, terceira melhor marca entre as equipes. Entre os pilotos, o japonês foi dois décimos mais rápido que o novato, mas ficou com o 14º melhor tempo no combinado das atividades.

Com Tsunoda em boa fase e Hadjar empolgado pela estreia na categoria, a Racing Bulls espera voltar a brigar no meio do pelotão da F1. Para isso, porém, é necessário que o carro mostre alguma velocidade para que seus pilotos possam brigar por pontos mais constantemente, o que não ocorreu ao longo do ano passado.

O japonês parte para o quinto ano na categoria vivendo um de seus melhores momentos, ainda que isso não apareça tanto em uma equipe de fundo de pelotão. Se a vaga na Red Bull não veio, Tsunoda será o principal piloto da Racing Bulls e, julgando pelo desempenho em 2024, tem condições para ter um ano ainda melhor em 2025. Mas precisa de um carro com alguma velocidade para isso.

Se o francês mostrou velocidade na F2, também exibiu um nervosismo capaz de desestabilizá-lo. Hadjar chega à F1 com merecimento pelo desempenho na categoria de base – foi o maior vencedor da temporada mesmo derrotado por Bortoleto no campeonato. Se tiver um bom carro e controlar os nervos, poderá fazer um bom ano de estreia.

YUKITSUNODA ISACKHADJAR

Quero ser grande de novo

Williams mantém Albon e traz Sainz para 2025, formando uma das duplas mais interessantes do grid da F1

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Williams / Divulgação

AS EQUIPES • WILLIAMS

Se tem uma equipe em que todos ligados à Fórmula 1 vão olhar com muita atenção nesta temporada é a Williams. Nem tanto por uma improvável luta por vitórias e pódios, mas sim pela dupla formada para 2025. O time manteve o confiável Alexander Albon e trouxe da Ferrari o espanhol Carlos Sainz, formando uma dupla das mais promissoras em um time que já foi grande e quer voltar aos bons tempos.

Albon mais uma vez se mostrou rápido ao longo da temporada passada, somando pontos importantes para a equipe, ainda que os ingleses tenham terminado na penúltima posição entre os construtores. Mesmo quando mostrou alguma instabilidade, no momento em que a Williams substituiu Logan Sargeant por Franco Colapinto, o tailandês se recuperou para ser o melhor piloto do time.

Sainz, por outro lado, chega ao time instalado na cidade inglesa de Grove credenciado por uma passagem interessante pela Ferrari. Só no ano passado, o espanhol venceu

duas corridas e terminou o ano com a quinta colocação, isso tudo depois de passar o ano inteiro sabendo que seria trocado por Lewis Hamilton, que trocou a Mercedes pelo time italiano.

Mas a expectativa da Williams com Sainz não recai apenas no desempenho com a Ferrari. O espanhol foi o piloto mais rápido da pré-temporada com um tempo obtido no segundo dia com o FW47. Albon foi o sexto mais veloz. A dupla completou 395 voltas ao longo dos três dias de testes no circuito de Sakhir, quinto melhor número das atividades.

Se a pré-temporada empolga e a dupla é promissora, é preciso dizer que não se pode levar tempo de volta em teste tão a sério. Mas por outro lado, pode ser um alento para que a Williams tenha um desempenho melhor em relação a 2024, quando somou apenas 17 pontos na temporada e terminou somente com a penúltima posição entre os construtores. Se o carro for minimamente bom, o time tem tudo para avançar.

ALEXANDERALBON

Pela primeira vez desde que chegou à Williams, Albon terá um companheiro de equipe reconhecidamente a altura. Por outro lado, o tailandês se mostrou um piloto frio e capaz de sempre maximizar o desempenho do carro. Desta forma, o que se espera é que, se o carro der alguma condição, o que pareceu ser o caso nos testes, o piloto conseguirá pontuar de forma mais constante.

O espanhol chega à Williams para trabalhar no desenvolvimento da equipe, algo que não é exatamente novo para Sainz, que fez a mesma coisa na Renault e na McLaren. E essa experiência pode garantir aos ingleses um desempenho que, se não deverá ser pelas primeiras posições, poderá tirá-los do fim do grid, onde se encontra desde a temporada de 2018.

CARLOSSAINZ

Brasil de verde... e preto!

Sauber recoloca o País no grid com Gabriel Bortoleto, e traz Nico Hulkenberg visando deixar a rabeira do Mundial de Construtores em sua despedida

texto: Leonardo Marson / RF1 | fotos: Sauber / Divulgação

AS EQUIPES • SAUBER

ASauber vai ser a equipe que o público brasileiro mais estará atento na temporada de 2025 da Fórmula 1. E o motivo é Gabriel Bortoleto, piloto que recoloca o País no grid na condição de titular após oito anos. A equipe, que faz seu ano de despedida da categoria, já que se tornará a Audi em 2026, também terá Nico Hulkenberg no outro carro, formando uma parceria nova depois de trocar de uma vez só Valtteri Bottas e GuanYu Zhou.

A expectativa em cima de Bortoleto não se dá apenas pelo público brasileiro. O piloto venceu em seu ano de estreia os campeonatos da Fórmula 3, em 2023, e da Fórmula 2, em 2024. Apenas Charles Leclerc, George Russell e Oscar Piastri conseguiram este feito antes. Mas se a capacidade do paulista é indiscutível, a preocupação está no carro e no companheiro de equipe, um veterano dos mais rápidos. Hulkenberg é taxado como “piloto sem pódio”, mas vem de um 2024 dos mais interessantes com a Haas. O alemão foi 11º colocado entre os pilotos depois de passar boa parte do campeonato no top-10. Mais do que isso, “Hulk” está

mais do que acostumado em atuar por equipes que buscam recuperação, caso da Sauber, lanterna entre os construtores em 2024.

O carro da despedida da Sauber da F1 será o C45, que não teve grande quilometragem nos testes de pré-temporada. Foram 354 voltas do equipamento verde e preto ao longo de três dias de atividades no Bahrein, com algumas horas parado no último dia após um problema no assoalho enquanto Bortoleto estava na pilotagem. O brasileiro foi o mais rápido da dupla por exatos quatro décimos, terminando com o 18º tempo no combinado dos tempos dos três dias.

Para o torcedor brasileiro, se Bortoleto andar na frente de Hulkenberg será uma vitória, pequena, mas importante. A Sauber não deu mostras de que poderá avançar em relação a 2024, quando somou apenas dois pontos, mas ao menos montou uma dupla interessante já pensando em 2026, quando se tornará uma equipe de uma das fabricantes mais vitoriosas do automobilismo mundial, vide desempenhos no WEC e na Fórmula E.

O brasileiro chega com moral após os títulos seguidos na F3 e na F2, e inicia sua trajetória na F1 por um time que, se não tem o melhor dos carros, também lhe permite ter mais liberdade. Com uma boa adaptação, se o C45 confirmar a tendência de avanço mostrada pelo carro antecessor no final de 2024, terá alguma chance de brigar por pontos com alguma constância.

Dentro das possibilidades da Haas em 2024, foi um dos destaques da F1. Agora, o alemão chega para a Sauber, onde iniciará sua segunda passagem, buscando fazer o time suíço avançar tal qual fez com os americanos no último campeonato. Assim como Bortoleto, precisará que o carro corresponda para ter alguma chance de igualar a temporada anterior.

GABRIELBORTOLETO NICOHULKENBERG

Confira uma conversa com Gabriel Bortoleto sobre as expectativas para a sua primeira temporada na Fórmula 1

texto: Assessoria Sauber F1 | edição: Venício Zambeli

fotos: Sauber F1 / Divulgação

Gabriel, bem-vindo à sua primeira temporada como piloto na Fórmula 1! Você venceu o campeonato de Fórmula 2, depois de vencer a F3 — ambos no seu primeiro ano. Como você se sente?

Estou me sentindo muito bem. É minha primeira temporada na Fórmula 1, e é um sonho que se tornou realidade. Quando você é jovem, sonha em chegar à F1, mas não sabe quais são as chances reais. Você só precisa ter um bom desempenho nas categorias de acesso e esperar ganhar seu lugar. Acho que fiz um bom trabalho na base, vencendo os campeonatos de F3 e F2. Agora, estar na Fórmula 1 é uma grande conquista, mas é realmente apenas o começo. É aqui que o verdadeiro trabalho começa. Estou competindo com os melhores, com os grandes, e tenho que trabalhar incrivelmente duro para estar no nível deles.

Como é dar o salto para o auge do automobilismo e se juntar à equipe? Quais emoções você está experimentando enquanto se prepara para sua temporada de estreia?

O maior desafio para mim na Fórmula 1 é que tudo é novo. Há tanta coisa acontecendo, e o aprendizado é completamente diferente do que eu estava acostumado. Há muito mais membros da equipe envolvidos — cerca de 1.000 pessoas trabalhando nos bastidores para manter apenas dois carros funcionando na pista. É incrível quanto esforço é colocado em cada detalhe, e às vezes, como piloto, você nem vê tudo. Para mim, é sobre entender o que cada parte da equipe faz, me envolver com eles e trabalhar o máximo que puder. A Fórmula 1 é mais complexa do que a F2 e a F3, com mais ferramentas e sistemas para gerenciar. Você tem que brincar muito mais com a configuração do carro e desenvolver um entendimento técnico mais profundo. Isso é algo em que tenho me concentrado desde o primeiro teste, me esforçando para estar o mais preparado possível para o início da temporada.

Para os fãs que talvez ainda não o conheçam, como você se descreveria como piloto? Quais qualidades você traz para a equipe e o que espera provar na pista nesta temporada?

Eu trabalho muito duro para atingir meus objetivos e tudo o que quero alcançar. Dou tudo o que tenho porque correr é minha vida. Honestamente, é tudo em que penso — nunca há realmente uma pausa. Mesmo nas férias, meu foco ainda está em correr, melhorar a mim mesmo e desenvolver minha direção. Eu me descreveria como uma pessoa muito dedicada, sempre me esforçando para fazer mais. Mas, ao mesmo tempo, não sou complicado, sou simples. Eu apenas tento fazer o meu melhor, todos os dias.

Com sua primeira temporada de F1 pela frente, quais objetivos você definiu para si mesmo este ano e como você está planejando equilibrar o aprendizado com a obtenção de resultados fortes?

Obviamente, é minha temporada de estreia, e há mui-

to desenvolvimento acontecendo na Fórmula 1 — tanto nos testes quanto ao longo da temporada. Você nunca sabe realmente o quão boas as outras equipes serão, então é difícil definir um resultado específico como meta. Claro, eu adoraria lutar com os caras da frente, mas sabemos como é difícil vencer corridas ou subir ao pódio. No momento, essa provavelmente não é uma expectativa realista, mas vou dar o meu melhor para progredir o carro e a mim mesmo. Meu principal objetivo é me adaptar o mais rápido possível, acelerar e continuar aprendendo ao longo da temporada. Há pilotos no grid com mais de 20 anos de experiência — algo que ainda não tenho. Sei que não consigo igualar isso da noite para o dia, mas preciso recuperar o atraso de qualquer maneira que puder. Quanto aos resultados, acredito que se você fizer tudo certo — se concentrar em melhorar, continuar progredindo e trabalhar no desenvolvimento — eles virão naturalmente como consequência desse esforço.

Como um novo piloto, você trabalhará ao lado de um companheiro de equipe altamente experiente, Nico Hulkenberg. Como você vê essa parceria evoluindo e o que espera aprender com ele durante sua primeira temporada?

Nico é claramente um piloto muito bom com ampla experiência na Fórmula 1, tendo feito parte do esporte por muitos anos. Sua riqueza de conhecimento, particularmente sobre manuseio e melhoria do carro ao longo da temporada, é algo que estou ansioso para aprender. Quero obter insights dele e estou curioso para ver o quanto ele pode compartilhar para me ajudar a desenvolver e crescer como piloto.

Entrar para a equipe durante um período tão emocionante de transição com o Projeto Audi F1 no horizonte deve ser especial. O quanto a perspectiva de fazer parte dessa transição influenciou sua decisão e o que mais o entusiasma sobre o futuro?

Quando a chance de entrar na Fórmula 1 aparece, você a aproveita. Mas quando a Sauber e a transição para o Projeto Audi F1 se tornaram uma opção, parecia um sonho se tornando realidade. Não estou apenas tendo minha primeira oportunidade na Fórmula 1, mas também estou me juntando a uma equipe com uma forte visão para o futuro. A Audi tem um histórico de sucesso em todas as séries de automobilismo em que participou, e suas ambições na Fórmula 1 não são diferentes. Ser um dos primeiros pilotos neste novo capítulo é uma honra incrível, e sou realmente grato pela confiança que depositaram em mim. Este é um projeto emocionante — tudo será novo para eles, e desempenhar um papel nesse desenvolvimento é algo especial. A ideia de alcançar grandes resultados com uma empresa como a Audi, e talvez até lutar por grandes coisas no futuro, é incrivelmente motivadora.

Gabriel, sua entrada na Fórmula 1 também é um retorno de um piloto brasileiro na categoria depois de alguns anos. Você faz isso em uma equipe com uma

orgulhosa tradição de pilotos brasileiros. O que isso significa para você e para o Brasil também?

Juntar-se à Stake F1 Team KICK Sauber é uma oportunidade incrível para mim. Ao longo dos anos, vimos muitos pilotos brasileiros se juntarem a esta equipe e seguirem carreiras notáveis — Felipe Massa é um excelente exemplo, e o que Felipe Nasr conquistou aqui também foi impressionante. Representar meu país depois de uma longa espera por um piloto brasileiro na Fórmula 1 é algo de que tenho muito orgulho. Já faz oito anos que Massa deixou o grid, e agora, ter a chance de carregar a bandeira brasileira enquanto piloto por uma equipe tão icônica é realmente especial. Parece o início de uma jornada emocionante.

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